CAPÍTULO 11OBSESSÃO E
DESOBSESSÃO
Na primeira linha das dificuldades
práticas do Espiritismo deve-se colocar
necessariamente a obsessão.
Obsessão é o “domínio que alguns Espíritos podem adquirir sobre
certas pessoas”, como bem o conceituou Allan Kardec em O Livro dos Médiuns,
Cap. XXIII, item 237.
Trata-se, portanto, de problema crucial no
campo da fenomenologia
espírita, no que diz respeito à influência oculta dos Espíritos.
A influência oculta dos Espíritos sobre os nossos pensamentos e as nossa
ações, produzem um conjunto de fenômenos
designado genericamente por obsessão.
A obsessão consiste na tenacidade de um
Espírito do qual não se consegue
desembaraçar.
Esse domínio parte sempre de Espíritos inferiores, já que os bons nunca exercem
nenhum tipo de constrangimento sobre
os demais.
“Os bons aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os
escutam, preferem retirar-se. Os maus,
pelo contrário, agarram-se aos que
conseguem prender.
Se chegam a dominar alguém, identificam-se
com o Espírito da vítima e a conduzem
como se faz com uma criança.”
Não se trata de um problema novo, visto que a Bíblia, no Velho
e no Novo Testamentos, registra casos dessa natureza
em seus livros.
Em virtude do grau de constrangimento e da
natureza dos efeitos que este produz, podemos
classificar esse conjunto de fenômenos como:
obsessão simples, fascinação e subjugação.
No primeiro caso, o Espírito malfazejo impõe-se a um médium, de forma desagradável, dificultando as comunicações com os Espíritos sérios ou com
os de nossa afeição.
Na fascinação, as conseqüências são muito
mais graves, levando a vítima a aceitar as
doutrinas mais absurdas e as teorias mais falsas, como sendo as únicas
expressões de verdade.
Além disso, pode arrastá-la a ações
ridículas, comprometedoras e até mesmo bastante perigosas (L.M., Cap.
XXIII, item 239).
Finalmente, na subjugação ocorre “um envolvimento que produz a paralisação
da vontade da vítima, fazendo-a agir malgrado
seu.
O obsediado se encontra, numa palavra, sob um
verdadeiro jugo”, que pode ser
moral ou corpóreo.
O obsessor pode levar o médium a atitudes
absurdas ou aos atos mais ridículos que se possa imaginar, bem como a movimentos
involuntários.
A obsessão, via de regra, tem como causas gerais:
problemas reencarnatórios;
tendências viciosas; egoísmo excessivo;
ambições desmedidas; aversão a certas pessoas;
Ódio; sentimentos de vingança; discussões e irritações; futilidades;
apego ao dinheiro, também são causas de
obsessão.
Apesar do perigo da obsessão, que pode ser reconhecida por várias características, Kardec
observa que não há nenhum inconveniente em
ser médium.
Kardec observa que o Espiritismo pode servir de
controle e preservar o médium do risco
incessante a que se expõe.
Assim é que, uma vez verificado o problema, há diversos meios de combatê-lo, variando
de acordo com as características de que se revista a obsessão.
Para a obsessão simples, que não passa de um fato
desagradável para o médium, Kardec
aponta duas medidas essenciais:
provar ao Espírito que não foi enganado por
ele e que será impossível deixar-se
enganar.
Deve-se, além disso, “apelar fervorosamente ao seu bom anjo e aos
bons Espíritos que lhes são simpáticos, suplicando-lhes
assistência” (L.M., Cap. XXIII, item 249).
É preciso, para tanto, estudo e observação de
certos cuidados para evitá-la ou tratá-la convenientemente, conforme o caso.
Na fascinação, há uma só coisa a fazer: convencer a vítima de
que foi enganada e reverter a sua
obsessão ao grau de obsessão simples,
o que nem sempre é fácil, senão
impossível, dada a própria postura do
obsedado, refratário a qualquer conselho ou
orientação.
É preciso, para tanto, estudo e observação de
certos cuidados para evitá-la ou tratá-la convenientemente, conforme o caso.
Quanto à subjugação corpórea, não se trata
senão mediante a intervenção de uma terceira pessoa, por
meio do magnetismo ou pela força da sua própria
vontade.
Em todos os casos, as imperfeições morais do
obsedado é que são freqüentemente um
obstáculo à sua libertação. São elas que
dão acesso aos Espíritos obsessores.
“O meio mais seguro de livrar-se deles é atrair os bons pela prática do bem”.
(L.M., Cap. XXIII, item 252).
A cura da obsessão, assim,
revela-se uma auto-cura, que
implica: confiança no Pai Celestial
Para a cura da obsessão devemos ter vigilância dos
pensamentos, dos sentimentos e das
palavras;
Para curar a obsessão é necessário haver uma mudança na
maneira de encarar os semelhantes;
Jesus, advertia o beneficiado: “Vá e não peques mais, para que te não
suceda coisa pior” (Lc 5:14).
“Buscai e achareis; pedi e obtereis; batei e abrir-se-vos-á”, enfatizava o Divino Mestre (Mt 7:7),
sintetizando nossa absoluta necessidade de
oração e de vigilância permanentes.
PERDÃO DAS OFENSAS
Os ensinamentos de Jesus tinham um endereço certo:
o coração humano. Mais do que à inteligência, o Divino Mestre falava ao
sentimento.
A resposta do Cristo a Pedro deve aplicar-se
a cada um de nós, indistintamente:
“Perdoarás, mas sem limites; perdoarás
cada ofensa, tantas vezes quantas ela
vos for feita;
Ensinarás a teus irmãos o esquecimento de si
mesmos, que nos torna invulneráveis às
agressões, aos maus tratos e às injúrias;
Serás doce e humilde de coração; farás, enfim, para os outros, o que
desejas que o Pai celeste faça por ti.
Não tem Ele de te perdoar sempre, e
acaso conta o número de vezes que o seu
perdão vem apagar as tuas faltas?” (E.S.E., Cap. X, item 14).
É essencial a prática do perdão irrestrito, da
indulgência sem limite, da caridade
desinteressada, da renúncia de si mesmo;
Em última análise, o exercício do amor ao
máximo que pudermos, para que estejamos em condição de receber o perdão a que Jesus se
refere na oração dominical.
Ide, meus bem-amados, estudai e
comentai essas palavras que vos
dirijo.
Perdoai, pois, aos vossos irmãos, como tendes necessidade
de serdes perdoados.
O mérito do perdão é
proporcional à gravidade do mal.
De fato, o Cristo recomendou o perdão também aos nossos
inimigos, o que representa uma superação das
próprias imperfeições.
Se desejamos que nossas ofensas sejam
perdoadas, não podemos ser
intransigentes, duros, exigentes.
Mesmo porque se fizermos um exame sincero de
consciência, talvez cheguemos à conclusão de
que fomos nós mesmos que provocamos a ofensa.
Muitas vezes, uma palavra mal empregada, uma opinião dada em momento inoportuno, uma reação mais ríspida, um gesto mal recebido, pode degenerar
numa antipatia, numa inimizade, numa aversão ferrenha.
“Mas há duas maneiras bem diferentes de
perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão
do coração. Muitos dizem o adversário:
Eu lhe perdôo, enquanto, interiormente,
experimentam um secreto prazer pelo mal que lhe
acontece, dizendo-se a si mesmo que foi bem
merecido.
Quando dizem: ‘Perdôo’, e acrescentam: ‘mas jamais
me reconciliarei; não quero vê-lo pelo resto da vida!’
É esse o perdão segundo o
evangelho?
Não.
O verdadeiro perdão, é aquele que lança um véu
sobre o passado. É o único que vos será levado em
conta, pois o Pai Celestial não se contenta com as
aparências;
Deus sonda o fundo dos corações e os mais
secretos pensamentos e não se satisfaz com
palavras e simples fingimentos.
O esquecimento completo e absoluto das ofensas é
próprio das grandes almas; o rancor é sempre um sinal de baixeza e de
inferioridade.
Não esqueçais que o verdadeiro perdão se reconhece pelos atos,
muito mais do que pelas palavras.”, conforme a
sábia mensagem do Apóstolo Paulo (E.S.E., Cap. X, item 15).
Portanto, é preciso saber perdoar, principalmente
com sinceridade e gestos largos, para que nenhum resíduo de mágoa possa
resistir ao impulso de bondade do coração.
AVISOS