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1 OBESIDADE INFANTIL: Uns quilos a mais hoje, uns anos a menos no futuro Ana Lidia Garcia Gomes Aluna concluinte do CEDF/UEPA [email protected] Ricardo Figueiredo Pinto Professor- orientador do CEDF/UEPA Doutor em educação [email protected] RESUMO Este artigo objetivou caracterizar a obesidade infantil, que vem ganhando atenção especial devido ao aumento significativo desta doença no panorama mundial. Buscou identificar os principais fatores que expõem as crianças a esta doença. Para a sua elaboração foi realizado uma pesquisa em artigos científicos através de dados eletrônicos Scielo, Abeso, artigos com a palavra-chave: elucidação, obesidade infantil. Foram ainda consultados os livros das disciplinas médica de Pediatria e Fisiologia na biblioteca Universitária e os dados estatísticos disponíveis na organização de referência como é o caso da Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No transcurso do estudo, constatou-se que vem aumentando o sedentarismo, consequência das comodidades da vida moderna colocando cada vez mais as crianças na frente de jogos eletrônicos em vez da prática de esportes. Verificou-se ainda que os alimentos ingeridos pelas crianças não são saudáveis. Tais fatores levaram à atual epidemia de obesidade. Palavras-chave: Elucidação. Obesidade Infantil. Etiologia. INTRODUÇÃO O presente estudo está inserido na área das Ciências Humanas, em particular, na área Biológica. O tema em questão faz parte de um estudo sobre a obesidade infantil e a crescente prevalência da obesidade no Brasil. Foi em 1997 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) soou o alarme sobre a “epidemia mundial” da obesidade, logo após uma estimativa que apontava 18 milhões de crianças em todo o mundo, com menos de cinco anos, enquadradas com sobrepeso. A OMS vem alertando acerca do aumento da obesidade infantil nos países desenvolvidos e em desenvolvimento; estes últimos passam por um processo de “transição nutricional” onde por um lado, observa-se que o quadro de desnutrição tem diminuído, mas por outro lado, o quadro de obesidade tem aumentado.
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OBESIDADE INFANTIL: Uns quilos a mais hoje, uns anos a ... · obesidade infantil e a crescente prevalência da obesidade no Brasil. Foi em 1997 que a Organização Mundial da Saúde

Nov 06, 2018

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OBESIDADE INFANTIL: Uns quilos a mais hoje, uns anos a menos no futuro

Ana Lidia Garcia Gomes

Aluna concluinte do CEDF/UEPA [email protected]

Ricardo Figueiredo Pinto

Professor- orientador do CEDF/UEPA Doutor em educação [email protected]

RESUMO Este artigo objetivou caracterizar a obesidade infantil, que vem ganhando atenção especial devido ao aumento significativo desta doença no panorama mundial. Buscou identificar os principais fatores que expõem as crianças a esta doença. Para a sua elaboração foi realizado uma pesquisa em artigos científicos através de dados eletrônicos Scielo, Abeso, artigos com a palavra-chave: elucidação, obesidade infantil. Foram ainda consultados os livros das disciplinas médica de Pediatria e Fisiologia na biblioteca Universitária e os dados estatísticos disponíveis na organização de referência como é o caso da Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No transcurso do estudo, constatou-se que vem aumentando o sedentarismo, consequência das comodidades da vida moderna colocando cada vez mais as crianças na frente de jogos eletrônicos em vez da prática de esportes. Verificou-se ainda que os alimentos ingeridos pelas crianças não são saudáveis. Tais fatores levaram à atual epidemia de obesidade. Palavras-chave: Elucidação. Obesidade Infantil. Etiologia. INTRODUÇÃO

O presente estudo está inserido na área das Ciências Humanas, em

particular, na área Biológica. O tema em questão faz parte de um estudo sobre a

obesidade infantil e a crescente prevalência da obesidade no Brasil.

Foi em 1997 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) soou o alarme

sobre a “epidemia mundial” da obesidade, logo após uma estimativa que apontava

18 milhões de crianças em todo o mundo, com menos de cinco anos, enquadradas

com sobrepeso.

A OMS vem alertando acerca do aumento da obesidade infantil nos países

desenvolvidos e em desenvolvimento; estes últimos passam por um processo de

“transição nutricional” onde por um lado, observa-se que o quadro de desnutrição

tem diminuído, mas por outro lado, o quadro de obesidade tem aumentado.

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Ao se analisar o aumento na prevalência da obesidade nas últimas décadas,

nota-se que um grande número de casos passa a ser um grave problema de saúde

pública, sobrecarregando o sistema de saúde em função do maior atendimento às

doenças crônicas decorrentes da obesidade (FERREIRA et al., 2006). A grande

preocupação é o impacto econômico global, que esses futuros adultos obesos

poderão causar (SILVA et al., 2007)

O resultado do número de crianças obesas é diretamente proporcional aos

alarmantes gastos públicos, sendo estes diretamente, relacionados com os cuidados

de saúde, como os custos indiretos, referentes à perda de produtividade (baixas

médicas, pensões antecipadas por incapacidade ou invalidez) (SILVA et al., 2007, p.

42).

Tais resultados estão ligados, em sua grande maioria, ao fenômeno do

mundo globalizado, o qual ocasionou transformações socioeconômicas nos

costumes do homem, implicando na diminuição de atividade física e uma

alimentação inadequada e com o avanço tecnológico de aparelhos modernos e

práticos tais como: celulares, computadores, automóveis, entre outros; o qual

contribuiu para o sedentarismo acarretando riscos à saúde e principalmente a

obesidade (UEHARA e MARIOSA, 2005).

As crianças estão inseridas em um contraste de uma sociedade inerte,

caracterizada pela pouca, ou ausência de atividade física, associada a uma

alimentação imprópria, como por exemplo, os fast foods que vêm incentivando o

consumo de alimentos não saudáveis, resultando em um aumento de peso, saúde

física e mental abalados. De contra partida, vivencia-se o auge da cultuação ao

corpo magro, símbolo de beleza e saúde, notada em capas de revista.

Como exemplo, um fato explícito no documentário “Super Size Me: a dieta do

palhaço” - o estudante canadense durante um mês se alimenta apenas de lanches

da rede de fast food McDonald’s, ao término da experiência, com a ingestão

exagerada de carboidratos e gordura, tem sua saúde comprometida.

O estilo de vida sedentário, facilitado pelo avanço da tecnologia, tem feito com

que as crianças passem a maior parte do tempo dentro de casa, normalmente com

um pacote de biscoito ou um sanduíche acompanhado de um refrigerante na frente

da televisão, jogando videogames, ou jogos em computadores; esse fato tem

ocorrido devido à violência, já banalizada, notada por um total descaso das

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autoridades públicas brasileiras.

Muito além de um estilo de vida sedentário associado a uma má alimentação,

existem outros fatores que determinam a obesidade infantil, como fatores genéticos,

fisiológicos, sociais e metabólicos.

A prática de atividade física é fundamental para crescimento e a saúde da

criança, tendo em vista que uma criança obesa, com frequência, tornar-se-á um

adulto obeso. De posse disso, surge o problema desta pesquisa: quais os fatores

que vem influenciando o crescimento da obesidade infantil no panorama brasileiro?

O objetivo geral deste estudo é caracterizar a obesidade infantil. Os objetivos

específicos são: classificar obesidade e excesso de peso infantil; identificar as

principais causas e consequências da obesidade infantil; e, explanar o crescimento

da obesidade infantil no Brasil.

Logo, busca-se através dessa pesquisa incentivar estudantes a realizarem

investigação, revisão e pesquisa de patologias que serão deparadas na vida do

profissional de Educação Física, de modo que possam acompanhar a evolução da

mesma no trato e/ou prevenção daquelas e se manterem como profissionais da

saúde atualizados.

A primeira seção trata dos aspectos metodológicos que norteia o estudo

vigente, indicando o delineamento da pesquisa bibliográfica, as formas de seleção e

busca dos conteúdos. Já o segundo expõe a discussão teórica sobre o conceito, às

causas e consequências da obesidade infantil, finalizando com a explanação a cerca

do crescimento da obesidade infantil no Brasil.

1 ASPECTOS METODOLOGICOS

A metodologia escolhida para o desenvolvimento desse estudo é a pesquisa

bibliográfica, tendo por base os acervos da biblioteca do Campi III do Centro de

Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da UEPA, localizado em Belém, na Avenida

João Paulo II.

Para o desenvolvimento da pesquisa, a metodologia adotada teve como base

um estudo retrospectivo nos anos 2000 a 2012, publicado nos bancos de dados da

Internet: ABESO; SCIELO utilizando as seguintes palavras-chave: elucidação e

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obesidade infantil.

Foram ainda consultados os livros de Pediatria e Fisiologia na biblioteca

Universitária e os dados estatísticos disponíveis na organização de referência como

é o caso da Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo exploratório teve por finalidade permitir um maior conhecimento

sobre o tema em questão e, por isso fez-se uma vasta pesquisa bibliográfica para

que todos os detalhes fossem devidamente expressos, haja vista que nenhuma

pesquisa começa sem embasamento, podendo sempre se achar relatos sobre o

assunto (GIL, 2008).

A abordagem da pesquisa foi qualitativa (GODOY, 1995), e analisada de

forma subjetiva, pois não houve mensuração e enumeração dos dados.

A pesquisa se deu através de um levantamento bibliográfico com a finalidade

de tomar posse dos conteúdos analisados no trabalho. As consultas feitas nas

fontes bibliográficas na área médica e da Educação Física foram relevante, pois

através desta, trouxeram itens que somaram com o assunto delimitado, sobre a

atuação de educadores físicos que vêm do decorrer dos anos, ganhando espaço na

área da saúde (LAKATOS e MARCONI, 2007).

A coleta de dados foi através da consulta às fontes bibliográficas por meio da

pesquisa exploratória de artigos especializados, livros, periódicos e em seguida foi

feita a separação dos temas que estavam a serem analisados. Segundo Vergara

(2007, p. 60):

Analisar dados é o mesmo que trabalhar com todo material coletado como relatos das observações, transcrições de entrevistas e questionários, informações obtidas de documentos e outros dados disponíveis.

De maneira geral, pode-se dizer que a análise refere-se a um esforço de

sumarização dos dados, para que os mesmos possibilitem o fornecimento de

resposta aos problemas.

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2 OBESIDADE INFANTIL: CONCEITO, CAUSAS E CONSEQUENCIAS

2.1 Conceito de obesidade infantil

Para o fomento da pesquisa a visão de obesidade adotada, corrobora com a

de Bouchard. Nesse sentido Bouchard (2003, p. 8) define peso corporal como:

Função do equilíbrio energético e de nutrientes por um longo período de tempo. Este equilíbrio energético é determinado pela ingestão de macronutrientes, pelo gasto energético e pela distribuição de energia ou de nutrientes. Quando o balanço energético positivo perdura por semanas ou meses, o resultado é um ganho de peso, enquanto que um balanço energético negativo exerce o efeito oposto.

Fez-se ainda a diferenciação dos termos sobrepeso e obesidade, onde

frequentemente são utilizados com o mesmo sentido, mas tecnicamente são

diferentes.

Bouchard (2003, p. 7), diferencia sobrepeso e obesidade, em três características:

a) maior porcentagem de massa corporal (como gordura) no obeso [...] a expansão

dos tecidos magros livres de gordura não foi acompanhada pelo crescimento de

tecido adiposo; b) no geral, o balanço energético positivo deve ser certamente mais

pronunciado e sustentado por um período mais longo de tempo no individuo obeso

do que no individuo com sobrepeso; c) relaciona-se ao gasto energético: são

indivíduos caracterizados por uma taxa metabólica, em repouso, mais alta,

resultante de uma massa maior de tecido respiratório e apresentam, também, um

gasto energético mais elevado, acima do gasto energético em repouso das pessoas

com peso normal. Este gasto energético “maior” é consequência da grande

necessidade de energia requerida pelo obeso para movimentar uma massa “maior”.

É com veemência que se destaca a existência de vários conhecimentos a

respeito da obesidade. Todavia, é necessário relatar conceituações teóricas que

correlacionem à linha de estudos vigente.

Para Marcondes et al., (2003, p. 359):

A obesidade é uma condição clínica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no organismo, causando prejuízos à saúde. É considerada uma doença genética, multicausal, na qual interagem fatores ambientais, psicossociais, culturais, hereditários, alimentares, hormonais e metabólicos, resultando em balanço energético no qual a retenção crônica é maior que a diária.

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Silva et al., (2007, p. 38), portanto, compreende obesidade como:

São varias as definições que ao longo dos últimos anos, retratam o conceito de obesidade, mas verificando alguns aspectos inerentes às definições apresentadas, podemos considerar que a ideia dominante quando se fala de obesidade é a acumulação de gordura para além da necessária ao equilíbrio funcional e morfológico do organismo saudável ou, por outras palavras, a hipertrofia patológica do tecido adiposo.

Para o diagnóstico do sobrepeso e da obesidade, a Organização Mundial da

Saúde (OMS) adotou como método de referência o Índice de Massa Corpórea ou de

Quetelet (IMC), calculado pela fórmula abaixo; este estabelece duas categorias para

a descrição da condição do indivíduo que está acima do peso considerado normal: o

sobrepeso e a obesidade.

Fórmula para o cálculo do (IMC): MC= peso(kg)

[estatura(m)]²

Tabela 1 - IMC no percentil 95 para idade e sexo:

Idade (anos)

Masculino Feminino

6 18,0 17,5

7 19,2 18,9

8 20,3 20,4

9 21,5 21,8

10 22,6 23,2

11 23,7 24,6

12 24,9 25,9

13 25,9 27,1

14 26,9 27,9

15 27,7 28,5

16 28,5 29,1

17 29,3 29,7

18 30,1 30,2

Fonte: Marcondes et al. (2003, p.361)

DEFINIÇÃO:

Índice de Massa Corporal (IMC) = Peso (Kg) Estatura (m)2

Excesso de peso – IMC entre o percentil 85 e 95 para a idade e sexo

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Obesidade – IMC acima do percentil 95 para a idade e sexo

Quadro 01 - Relação Percentil 95.

2.2 causas da obesidade

As causas da obesidade são de natureza multifatorial o que a torna complexa,

dificultando assim a sua identificação. Para tanto Borges-Silva (2011, p. 86), define a

causa da obesidade como:

A gênese da obesidade é estabelecida devido a sucessivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de ingestão energética é superior a quantia energética utilizada pelo organismo, levando-se em conta que outros fatores, tais como: genéticos, ambientais, comportamentais e hormonais ou químicos, também contribuem para sua origem.

Marcondes et al., (2003, p. 359), divide a obesidade em dois grupos: a)

Primária ou exógena, sendo esta multifatorial, corresponde a cerca de 95% dos

obesos decorrente da alimentação, dos hábitos sedentários de vida e da herança

genética; b) Secundária, responsável por cerca 5% das causas, devido a alterações

genéticas específicas, disfunções neurológicas, ou ingestão medicamentosa.

Etiologia Exemplos

Endócrinas Hipotireoidismo Síndrome de Cushing Deficiência do hormônio de crescimento Hipogonadismo Craniofaringeoma

Hipotalâmicas Síndrome de Pader-Willi Pseudo-hipoparatireoidismo Síndrome de Laurence-Moon-Biedi

Cromossômicas Síndrome de Down Síndrome de Klinefelter

Inatividade Distrofia muscular de Duchenne Espinha bífida com hidrocefalia

Causas esqueléticas Inespecíficas, com atraso grave do crescimento

Neurológicas Retardo mental inespecífico Traumatismo ou tumores com lesões hipotalâmicas

Medicamentosas Corticosteróides, valproato de sódio

Quadro 2 - Causas da obesidade secundária: Fonte: Marcondes et al., (2003, p. 359)

No que concerne à hereditariedade, entende-se que os fatores genéticos e

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ambientais misturam-se dificultando o entendimento de até onde os genes

influenciam a obesidade. Para tanto, ratificando tal entendimento, Whitaker (1997,

apud BOUCHARD, 2003, p. 95):

Relata que pais obesos mais do que dobram o risco de obesidade na vida adulta, entre crianças obesas e não obesas, de idade inferior a 10 anos, e que algumas destas influencias são provavelmente resultantes tanto de fatores ambientais quanto dos genéticos.

Na ocorrência do casal ser obesos, o(a) filho(a) tem possibilidade de 80%

para obesidade, na hipótese de somente um dos cônjuges ser obeso cai para 50% e

quando nenhum deles for obeso é de apenas 9% (MARCONDES et al., 2003, p.

360).

Creff e Herschberg (1983, p. 96) afirmam que “além das síndromes genéticas

raras que acompanham a obesidade (doenças d’Alström, síndrome de Laurence-

Moon-Bar-det-Biedl), não se pode afirmar com certeza se há hereditariedade na

obesidade”.

Os estudos que têm sido empreendidos correlacionando fatores genéticos à

ocorrência de obesidade, não têm conseguido ratificar a interferência destes em

mais de um quarto dos obesos, levando a acreditar que o processo de acúmulo

excessivo de gordura corporal, em sua grande maioria, seja desencadeado por

fatores sócios ambientais. Bouchard (1991, apud MENDONÇA e ANJOS, 2004, p.

698).

Para tanto, Mendonça e Anjos (2004), comungam com Hall (2011), o qual

afirma:

A obesidade, definitivamente, ocorre em famílias. No entanto, tem sido difícil determinar o papel preciso da contribuição genética para a obesidade, uma vez que os membros de uma família, em geral, compartilham muitos dos mesmos hábitos alimentares e padrões de atividade física. Evidências atuais, todavia, sugerem que 20% a 25% dos casos de obesidade possam ser provocados por fatores genéticos.

Em estudo sobre gêmeos (uni- ou bivitelinos) descrito por Creff e Herschberg

(1983, p. 7) “não dá certeza sobre a hereditariedade, pois em geral tais crianças são

criadas da mesma maneira, no mesmo ambiente familiar e com mesma

alimentação”. Tais estudos permitiram notar a separação entre os fatores genéticos

dos ambientais, sendo os primeiros responsáveis, na grande maioria, pelas causas

da obesidade, enquanto os últimos apenas agravam a condição de obeso.

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Os estudos de segregação familiar revelam que a hereditariedade do índice

de Quetelet (peso/altura2) está na ordem dos 40%, enquanto que as investigações

com gêmeos estimam a contribuição genética em 70-80% Bouchard; Tremblay

(1997, apud MARQUES-LOPES, 2013).

Além dos fatores hereditários e genéticos existem ainda os comportamentais,

alimentares e os sedentários. É notório como o homem vem criando hábitos de vida

cada vez mais inerte, que afetam a criança desde a tenra idade Caballero (1995

apud SILVA et al., 2007).

Nesse sentido Hall (2011, p. 895) diz:

O rápido aumento na prevalência da obesidade nos últimos 20 a 30 anos enfatiza a função importante do estilo de vida e dos fatores ambientais, uma vez que as alterações genéticas não poderiam ter ocorrido tão rapidamente.

Para a Abeso - Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da

Síndrome Metabólica (2007) “as mudanças de comportamento alimentar e os

hábitos de vida sedentários atuando sobre genes de susceptibilidade, sejam o

determinante principal do crescimento da obesidade no mundo”. Nesse sentido, Hall

(2011, p. 895) sublinha:

Quando entram no corpo, quantidades de energia (em forma de alimento) maiores do que o gasto, o peso corporal aumenta e a maior parte do excesso de energia é armazenada como gordura [...] a adiposidade excessiva (obesidade) é provocada pela ingestão superior à demanda energética. Para cada 9,3 Calorias de excesso energético que entram no corpo, aproximadamente 1 grama de gordura é armazenada.

As características do tecido adiposo se configuram desde a infância. As

células que armazenam gordura se multiplicam nos dois primeiros anos de vida,

novamente entre os cinco e sete anos e mais uma vez durante o estirão de

crescimento, dessa maneira, tendo em vista que decorre um aumento do número de

células do tecido adiposo, a obesidade iniciada na infância é mais grave que a

surgida na idade adulta, pois nesta, a obesidade se dá pelo aumento do conteúdo

gorduroso e do volume celular (CHRISTÓFARO et al., 2011).

Além do estilo de vida inerte, observa-se paralelamente que os hábitos

alimentares têm agravado o contexto pandêmico da obesidade. Por isso, tanto a

própria sociedade quanto os órgãos governamentais vêm se preocupando com a

alimentação, não se tratando simplesmente do “comer muito”, antes, primeiramente

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“do que se come”. Como exemplo pode-se citar a Política Nacional de Promoção da

Saúde, implantada pelo Ministério da Saúde aprovada em 2006, e destacar o

Programa Saúde na Escola (PSE) que tem como objetivo as práticas de promoção,

prevenção da saúde e construção de uma cultura de paz, voltadas para as crianças,

adolescentes, jovens e adultos da educação pública brasileira.

Além do PSE, o Ministério da Saúde firmou um pacto que prevê a redução

gradual de sódio1 em 16 categorias de alimentos.

De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008/2009, há consumo excessivo de açúcares pela população brasileira (61%) devido à elevada ingestão de sucos, refrigerantes e refrescos, açucarados, aliado ao baixo consumo de frutas e hortaliças [...] a recomendação de sal não deve ultrapassar 5 g por dia (1,7 g de sódio). O consumo médio do brasileiro é de 12 g diárias, ou seja, mais que o dobro da recomendação máxima (BRASIL, 2012).

Não se pode desconsiderar o papel influenciador que a televisão e a internet

exercem na atualidade. As crianças são as que mais passam tempo na frente da

televisão, tornando-se alvo fácil das propagandas comerciais, onde são pensadas de

forma que acredite que aquele produto é o melhor, o mais saboroso, atraídos ainda

pelos “brindes” que se ganha com a compra do mesmo; é assim que os fast foods

vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado.

Como exemplo explícito pode-se citar a pesquisa feita no documentário Super

Size me: a dieta do palhaço, onde mostravam símbolos as crianças e a única

resposta unânime acertada pelas mesmas foi o do palhaço da McDonalds, este

conhecido pelo comercial e pelas vezes que em foi distribuído como “brinde” do

produto.

No indivíduo obeso é comum a indisciplina de horário e hábitos de consumo

alimentar, além do hábito de assistir à televisão por longos períodos consumindo,

com frequência guloseimas, tais como: salgadinhos de milho, batata frita, biscoitos e

maionese.

Entende-se que o estilo de vida sedentário e os hábitos alimentares estão

diretamente relacionados ao padrão de vida pertencente; tem-se encontrado uma

prevalência aumentada de obesidade em mulheres de classes sócio econômicas

menos favorecidas, talvez motivada por uma ingestão aumentada de alimentos ricos

1 O sódio está ligado principalmente ao aumento da pressão arterial.

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em hidratos de carbono, já que são alimentos economicamente mais acessíveis. Por

outro lado, tem-se encontrado maior prevalência de obesidade em homens de

classe social mais alta (DAMIANI D.; CARVALHO D. P. e OLIVEIRA R. G.; 2000, p.

8).

Fernandes et al. (2008, p. 337), nesse contexto:

Observaram que o ambiente escolar pode ser um fator determinante para a maior prevalência de sobrepeso e obesidade na classe econômica alta, em função do maior poder aquisitivo destes proporcionar maior consumo de alimentos industrializados dentro da própria unidade escolar.

Castro e Peliano (1985, apud MENDONÇA, 2004, p. 701) apontam que preço,

paladar e nutrição aparecem como critérios de decisão para a inclusão de alimentos

nas práticas alimentares, mas sempre intermediados por um filtro cultural. Não se

pode deixar de considerar que a falta de acesso adequado a alimentos mais

saudáveis como vegetais e hortaliças seja fruto da má distribuição de renda nas

camadas menos favorecidas (CHRISTÓFARO et al., 2011).

Como exemplo, aponta-se o bairro da Terra Firme-PA, sendo composta, em

sua maioria do êxodo rural (campo-cidade) e, por conseguinte o trabalho não formal

designa subserviência que segundo Marx, submete o sujeito a ser mercadoria ou

exército de mais-valia no setor de mercado (MARX, 1982). Nesse sentido, mesmo

no século XXI acentua-se uma escravização em que não é frisada a cor, mas sim a

classe, e quanto mais baixa for esta, menos acessos aos direitos humanos se tem

(COHEN, 2005), submetendo-se a condição que não permite uma alimentação

adequada, o que leva a uma precarização alimentar subsidiada na mortadela, ovo,

farinha e no açaí; tais fontes foram obtidas junto ao estudo do Grupo de Estudos e

Pesquisas em Educação do Campo da Amazônia - GEPERUAZ (2005), sobre a

população da Terra Firme.

2.3 Consequências da obesidade na infância

O que antigamente era visto como um problema meramente estético nota–se

hoje que a criança obesa fica propícia para ter distúrbios relacionados à sobrecarga

no esqueleto e no sistema circulatório, além daqueles relacionados ao metabolismo

dos carboidratos e à integridade de seu desempenho individual e social

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(MARCONDES et al., 2003, p. 362); os mais importantes são descritos no quadro

abaixo:

CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE INFANTIL

Persistência na adultícia Distúrbios psicossociais Dislipidemias Hipertensão e doenças cardiovasculares Intolerância à glicose (DMNID) Esteatose hepática e colelitíase Alterações esqueléticas Distúrbios respiratórios e de sono Lesões de pele Aumento da morbimortalidade

Quadro 2: Consequências à saúde da criança obesa em prevalência decrescente: Fonte: Marcondes et al.(2003,p.362)

Nesse aspecto a obesidade afeta diversos processos metabólicos, que

iniciados na infância, persistem na fase adulta, como exemplo pode-se citar a

antecipação da menarca2 nas meninas, sendo frequente distúrbios menstruais e um

baixo crescimento em altura.

Marcondes et al. (2003, p. 362) frisa que:

A criança obesa antes dos 6 anos de idade tem cerca de 25% de probabilidade de torna-se um adulto obeso,enquanto na adolescência o risco aumenta para 75% [...] atualmente, estão sendo diagnosticados com mais frequência problemas como hipertensão, dislipidemias e diabetes do tipo II na adolescência, acompanhando a prevalência aumentada da obesidade nessa faixa etária.

Explanando o quadro das consequências à saúde da criança obesa em

prevalência decrescente acima, os distúrbios psicossociais são aqueles que afetam

a autoestima, acarretando o isolamento, rejeição e depressão. As crianças obesas

são com frequência alvo de discriminação e insultos, ou ainda de bullying3, notando

distúrbios emocionais e infelicidade as quais podem agravar ou provocar maiores

excessos alimentares (LISSAUER e CLAYDEN, 1998).

2 Início da menstruação. 3 Termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e

repetitivas praticados por um único indivíduo ou por um grupo.

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Os efeitos do bullying na vida das crianças são negativos, tornando-as

deprimidas, antissociais, tendendo a não se relacionar bem com os demais, e em

casos extremos, chegam a desenvolver patologias psicológicas mais graves, que

acabam levando-as a atitudes de extrema violência.

Com relação às dislipidemias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) define como distúrbio que altere os níveis séricos dos lipídios (gordura).

Nesse contexto Marcondes (2003, p. 362) expõe:

Nas crianças obesas, o padrão sorológico geralmente observado é de fração LDL-colesterol e triglicerídeos (TGL) elevados, com fração HDL-colesterol baixa, principalmente nas meninas com distribuição central da gordura copórea. A hiperinsulinemia e a lipólise aumentadas nos adipócitos viscerais produzam elevação dos ácidos graxos circulantes, podendo promover a síntese hepática de TGL e LDL.

As crianças com sobrepeso geralmente apresentam pressão arterial elevada.

O sobrepeso e a hipertensão interagem em funções cardíacas. A obesidade afeta

diversos processos metabólicos. Nesse contexto, Mcardle et al (2003 apud ARAÚJO

2011) escreve:

A obesidade afeta as articulações (visto que favorece a predisposição a artroses, osteoartrites, dentre outras doenças), o sistema cardiovascular (sendo diretamente responsável por casos de hipertensão arterial sistêmica, hipertrofia cardíaca e mortes súbitas), expõe a pessoa a um maior risco cirúrgico, afeta o sistema metabólico do indivíduo (como predisposição ao diabetes 2, resistência à insulina, etc.), além da maior probabilidade de o paciente desenvolver câncer, problemas respiratórios.

As alterações esqueléticas advindas da sobrecarga de peso sobre as

articulações e ossos levam o indivíduo a frequentes traumatismos e graves

alterações de postura devido à lordose lombar, cifose dorsal e lordose cervical.

(MARCONDES et. al., 2003)

Os problemas descritos acima são os mais graves, entretanto a de ser

destacado o fator estético, que apesar de ter potencial menos grave afeta o

psicológico da criança. Segundo Silva et al., (2007, p. 40).

Esse fator é desencadeado por problemas dermatológicos tais como estrias, micoses, dermatites, além de a criança ser enquadrada fora dos padrões de beleza da sociedade, podendo estar relacionada com uma fraca imagem corporal, isolamento social, sentimentos de rejeição e depressão, associados a significativas depressões e fracasso escolar.

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O aumento da morbimortalidade dispõe que evidências de correlação direta

entre obesidade e as seguintes doenças: cardiovasculares, câncer de cólon nos

adultos, fraturas de quadril e artrite nas mulheres. A obesidade iniciada na infância

ou adolescência poderá potencializar os riscos da mortalidade (MARCONDES et. al.

2003).

Por último, nota-se as consequências relacionadas aos gastos públicos, onde

estima-se para um ano que o custo total, para o Sistema Único de Saúde (SUS) com

doenças relacionadas ao sobrepeso e a obesidade, câncer, diabetes e cardiológicas

no Brasil é de US$ 20.152.102.171. As hospitalizações custam US$ 1.472. 742.952,

e os procedimentos de ambulatório US$ 679.353.348, segundo a Associação

Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO, 2012).

2.4 Epidemiologia: o crescimento da obesidade infantil no Brasil

A prevalência da obesidade vem aumentando nas últimas décadas no panorama

mundial, e nos países em desenvolvimento, como o Brasil (BRASIL, 2006).

Gráfico 1 - Transição nutricional no Brasil (1975-2010) Fonte: PNDS, 2006; Boletim Carências Nutricionais – DDI, 2008; POF, 2010

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Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006), indicam

que há uma prevalência de 16,7% de adolescentes com excesso de peso, que se

apresenta, comumente, mais em meninos do que em meninas.

Há sinais da prevalência da obesidade nos adolescentes dos grandes centros urbanos, acompanhando uma tendência mundial, principalmente nos países industrializados, o respectivo diagnóstico na infância é fundamental para a prevenção do distúrbio e de suas complicações no adolescente e no adulto (MARCONDES, 2003, p. 359).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1997, a obesidade já

era considerada uma doença epidemiológica, que atinge milhões de crianças,

adolescentes e adultos em países desenvolvidos, assim como aqueles em

desenvolvimento (DÂMASO et al. 2003). No relatório da OMS (2002), sobre os

países desenvolvidos com taxas mais baixas passou o número de pessoas sub

nutridas com mais de 300 milhões de pessoas afetadas no mundo (contra 200

milhões em 1995). Mayo (2002, apud SILVA et al., 2007, p. 21).

Atualmente os dados são mais alarmantes, segundo a OMS em 2012, onde

afirma que:

O relatório “Estatísticas Mundiais de Saúde 2012”, da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que a obesidade é a causa de morte de 2,8 milhões de pessoas por ano. “Hoje, 12% da população mundial é considerada obesa”.

Em função da magnitude da obesidade e da velocidade da sua evolução em

vários países do mundo, este agravo tem sido definido como uma pandemia,

atingindo tanto países desenvolvidos como em desenvolvimento, entre eles o Brasil

(SWINBURN et al., 1999).

Com base nos dados retirados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2010), o quadro de desnutrição tem invertido o que pode ser

observado no Gráfico 1.

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0

5

10

15

20

25

30

35

Déficitaltura

Déficitpeso

Excesso depeso

Obesidade Déficitaltura

Déficitpeso

Excesso depeso

Obesidade

29,3

5,7

10,9

2,9

26,7

5,46,6

1,8

14,7

2,2

15

4,1

12,6

1,5

11,9

2,4

7,2

4,3

34,8

16,6

6,3

3,9

32

11,8

Masculino

1974-1975

1989

2008-2009

Feminino

Gráfico 1 - Evolução de indicadores antropométricos na população de 5 a 9 anos de idade, por sexo – Brasil – períodos 1974-75, 1989 e 2008-2009. Fonte: IBGE -Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010

CONCLUSÃO

Através deste trabalho pôde-se perceber que a prevalência da obesidade

infantil vem aumentando nas ultimas décadas. É uma patologia multicausal,

caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura estando diretamente relacionada à

obesidade na vida adulta. Filhos de pais obesos têm 80% de chances de se

tornarem crianças obesas, estas chances caem pela metade se apenas um dos pais

for obeso, e é apenas de 9% se nenhum dos pais for obeso. Sendo um dos maiores

problemas de saúde pública no mundo.

Os fatores que influenciam para o aumento da obesidade infantil é a genética

aliada à fatores sócio comportamentais sedentarismo a uma alimentação rica em

carboidratos entretanto pobre em proteínas e vitaminas, como é o caso dos fast

food.

Os principais riscos para a criança obesa são: a elevação dos triglicérides e

do colesterol, hipertensão, alterações ortopédicas, dermatológicas e respiratórias. O

fator psicológico também se destaca, a partir do momento que a criança obesa é

discriminada por seus pares não obesos, podendo sofrer alterações negativas, em

sua personalidade, levando à baixa autoestima e depressão.

A obesidade é um problema social e a prevenção é o melhor caminho. A

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escola tem papel fundamental ao modelar as atitudes e comportamentos das

crianças sobre atividade física e nutrição. Deve-se dar atenção à prevenção com

desenvolvimento de estratégias preventivas para todas as idades. De qualquer

forma a prevenção deveria começar na infância.

ABSTRACT The following article has the purpose to caracterize the childhood obesity – a disease which has been attracting special attention due to its significant global increase – by identifying the main factors responsible for exposing children to such condition. Research through scientific articles electronically available on databases like Scielo and Abeso has been carried out highlighting key-words such as elucidation and childhood obesity. Medical books related to Pediatrics and Physiology were also consulted as well as statistic data provided by the World Health Organization (WHO) and the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). Throughout the study, it was possible to notice that the sedentary lifestyle has been increasing as a consequence of modern life conveniences with more children playing video games rather than practicing sports. It was also verified that food consumed by children is not healthy. Such factors have led to the current obesity situation. Key-words: Elucidation. Childhood Obesity. Etiology.

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