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_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento Childhood Obesity: Critical Periods for the Development Mafalda Conceição Mota Quintas Ferreira Orientada por: Prof. Dra. Carla Rêgo Monografia Porto, 2009
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Jul 14, 2020

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_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

Childhood Obesity: Critical Periods for the Development

Mafalda Conceição Mota Quintas Ferreira

Orientada por: Prof. Dra. Carla Rêgo

Monografia

Porto, 2009

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 i

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

Agradecimentos

Gostaria de deixar um especial agradecimento a todas as pessoas que

contribuíram para a realização deste trabalho.

Aos meus pais e irmã pela disponibilidade.

À Prof. Dra. Carla Rêgo, pela orientação desta monografia, pela apresentação

deste tema que até então me era desconhecido, e pela disponibilização de ajuda

sempre que necessário.

Aos meus colegas de estágio, à Mestre Diana Silva e à Dra. Carla Vasconcelos.

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ii Mafalda Ferreira – 2008/2009

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

Índice

Agradecimentos ................................................................................................ i

Índice ................................................................................................................ ii

Lista de Abreviaturas ....................................................................................... iv

Resumo: ........................................................................................................... v

Abstract ............................................................................................................ vi

Palavras-Chave /Keywords .............................................................................. vi

Objectivos ........................................................................................................ 1

1.Introdução ..................................................................................................... 2

1.1)Definição, prevalência e consequências da obesidade em idade

pediátrica ......................................................................................................... 2

1.2)Características do crescimento somático e psicológico, ao longo da

idade pediátrica. ............................................................................................... 6

1.3)Referência aos pontos do crescimento com maior vulnerabilidade à

ocorrência de obesidade. ................................................................................. 8

2. Desenvolvimento........................................................................................ 10

2.1) Período Intra-uterino ..................................................................... 10

2. 1. 1) Recomendações Nutricionais e de Actividade Física ........ 15

2.2) Ressalto Adipocitário ................................................................... 17

2.2.1) Recomendações nutricionais e de Actividade física. .......... 20

2.3) Adolescência ............................................................................... 22

2.3.1) Recomendações Nutricionais e de Actividade Física ......... 26

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 iii

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

3. Conclusão .................................................................................................. 28

Referências Bibliográficas ................................................................................ I

Índice de anexos ............................................................................................. IX

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iv Mafalda Ferreira – 2008/2009

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Lista de Abreviaturas

IMC – Índice de Massa Corporal

DCV – Doença(s) Cardiovasculares

RA – Ressalto Adipocitário.

IOTF – International Obesity Task Force

OMS – Organização Mundial de Saúde

DM II – Diabetes Mellitus tipo II

BMI – Body Mass Index

DXA – Dual X-ray Absorptiometry

TAC – Tomografia Computorizada

RM – Ressonância Magnética

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 v

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

Resumo:

A obesidade e o excesso de peso, são definidas como o excesso de gordura

corporal que acarreta problemas para a saúde do indivíduo. A obesidade é

considerada hoje em dia uma epidemia global, registando a nível mundial um

aumento em prevalência e severidade em todas as faixas etárias. Este trabalho

aborda exclusivamente a obesidade em idade pediátrica, tentando associa-la a

períodos sensíveis ao seu desenvolvimento. O conceito de períodos críticos é

baseado na noção de que exposições ambientais durante certas fases do

desenvolvimento irão resultar em mudanças permanentes no funcionamento do

organismo. O primeiro período crítico do desenvolvimento é a vida intra-uterina e

os primeiros meses de vida, uma vez que influenciam a predisposição, entre

outras, para obesidade futura do feto. O estado nutricional materno influencia o

peso à nascença da criança. Crianças nascidas com baixo peso, resultante de

desnutrição materna, e com peso excessivo, resultante de alimentação excessiva

durante a gestação, estão mais predispostas a obesidade futura. Na sequência da

experiência fetal, o primeiro ano de vida é também considerado um período

crítico, de extrema sensibilidade ao desenvolvimento da obesidade. A duração do

aleitamento materno, a diversificação alimentar desadequada e um crescimento

acelerado são factores que aumentam o risco de obesidade. O segundo período

crítico é o período do ressalto adipocitário, que corresponde ao segundo aumento

de IMC, após um decréscimo que se verifica até aos 3-7 anos de idade. Verifica-

se que um ressalto adipocitário precoce e um IMC elevado na 1ª e 2ª infâncias,

são preditivos de obesidade futura. O último período crítico trata-se da

adolescência, na qual ocorrem várias mudanças a nível fisiológico e

comportamental no indivíduo, havendo evidências que as raparigas têm maior

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vi Mafalda Ferreira – 2008/2009

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probabilidade de desenvolver obesidade nesta fase. Estudos indicam também que

a obesidade desenvolvida durante esta fase para ambos os sexos, tem maior

probabilidade de se manter até à idade adulta, assim como de se associar a

comorbilidades.

Conclui-se assim que a promoção de um adequado estado nutricional da grávida

e de um padrão de crescimento equilibrado durante a idade pediátrica suportado

por um estilo de vida saudável desde idades precoces, será a forma mais eficaz

de reduzir o risco de expressão de obesidade.

Abstract

Overweight and obesity are defined as an excess of body fat that results in health

problems for the individual. This is considered a global epidemic, rising in

prevalence and severity at all ages. This paper focuses in childhood obesity, trying

to associate it to the periods sensible to its development. The concept of critical

periods is based in the notion that environmental exposures in certain phases of

the development will result in permanent changes in metabolobic and physiologic

functions. The first critical period concerns the intra-uterine environment, once that

it influences the predisposal to future obesity of the fetus. The nutritional status of

the mother influences the child's birth weight. Therefore, low birth weight resultant

from maternal undernutrition, or high birth weight resultant from maternal

overnutrition, both predispose the child to future obesity. Following the intra-

uterine experience the first year of life is also a very sensitive period for the

development of obesity. The duration of breastfeeding, wrong food transition and

catch-up growth are risk factors. The second critical period is the Adiposity

Rebound that corresponds to the second rise in Body Mass Index, after a

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continuous decrease till 3 to 7 years of age. An early adiposity rebound as well as

a high BMI in early infancy, predicts future obesity. The last critical period is the

adolescence, in which many changes occur at physiological and behavioural level.

There are evidences that girls are at higher risk for developing obesity in this

phase. Obesity developed in the adolescence, raises the risk of obesity

prevalence to adulthood and to develop its associated comorbilities.

In conclusion, the promotion of a good nutritional state in pregnancy and of a

balanced pattern of growth during pediatric ages, supported by a healthy way of

living since early ages, is the most efficient way to reduce the risk of expressing

obesity.

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viii Mafalda Ferreira – 2008/2009

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Palavras-Chave: Obesidade Infantil; Ambiente Intra-uterino; Crescimento de

recuperação; Ressalto Adipocitário; Adolescência; Períodos Críticos;

Keywords: Childhood obesity; Intrauterine Environment; Catch-up growth;

Adiposity Rebound; Adolescence; Critical Periods.

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Objectivos

Com a seguinte monografia tenho como objectivos:

� Aprofundar os meus conhecimentos acerca do desenvolvimento da

obesidade em crianças até aos 18 anos de idade, assim como as

repercussões que essa tem para o seu futuro

� Estudar os factores que influenciam o desenvolvimento de obesidade em

idade pediátrica.

� Identificar e descrever os períodos críticos do crescimento para o

desenvolvimento de obesidade.

� Referir as recomendações nutricionais e de actividade física aplicáveis as

faixas etárias de cada período critico, como método preventivo do

desenvolvimento da obesidade.

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1.Introdução

1.1) Definição, prevalência e consequências da obesidade em idade

pediátrica

Obesidade e excesso de peso são habitualmente definidos como uma

acumulação anormal ou excessiva de gordura corporal, que apresenta riscos para

o estado de saúde do indivíduo. (1)

Para avaliar o estado nutricional de populações adultas é frequentemente

utilizado o Índice de Massa Corporal (IMC). O IMC é calculado pela divisão do

peso em kg com o quadrado da altura em metros – Peso (kg)Altura (m)2

. A Organização

Mundial da Saúde (OMS) define excesso de peso como um IMC igual ou superior

a 25kg/m2 e obesidade como um IMC igual ou superior a 30 kg/m2. O cálculo do

IMC é simples e prático, no entanto, trata-se de um parâmetro que não permite a

avaliação da gordura corporal, muito embora apresente uma forte correlação com

a magnitude da adiposidade. Tem no entanto algumas limitações, como por

exemplo, não distingue o peso proveniente de massa gorda e de massa magra.

Existem pois, outros métodos para conhecer a percentagem de gordura corporal

de um indivíduo, (2) tais como a Impedância Bioeléctrica, o Dual X-ray

Absorptiometry (DXA), a tomografia computorizada (TAC) e a Ressonância

Magnética (RM). São no entanto pouco práticos, apresentam custos mais

elevados e alguns deles não isentos de riscos (TAC, RM).(3)

A avaliação da obesidade em idade pediátrica torna-se mais complicada uma vez

que ocorrem um grande número de mudanças, a nível de tamanho e composição

corporal, durante o crescimento.(1, 4) A caracterização de obesidade, com

especificação da percentagem de massa gorda individual, é impraticável em

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termos epidemiológicos. Assim, e à semelhança do adulto, a medida mais

correntemente usada é o IMC. Não existem pontos de corte fixos de IMC

definidos para a idade pediátrica como existem para os adultos. A avaliação

pediátrica passa então pela comparação do IMC da criança com os valores

médios de uma população de referência, em função da idade e do sexo. (4-7)

Segundo a OMS, define-se excesso de peso quando o IMC se encontra um

desvio padrão acima da média para a idade e obesidade quando se encontra 2 ou

mais desvios padrão acima da média.(6) A Internacional Obesity Task Force (IOTF)

desenvolveu pontos de corte baseados nas curvas de percentil de IMC para a

idade, com base num estudo realizado em 6 países. Estes pontos de corte de

IMC específicos para o sexo e idade, são bastante úteis em termos

epidemiológicos, uma vez que podem ser aplicados internacionalmente,

permitindo a comparação de populações a nível mundial. (7-8) Assume-se assim

que valores de IMC entre o percentil 85 e 95 são considerados excesso de peso,

e maior que 95 obesidade (7, 9)

A obesidade é considerada hoje como uma epidemia global, uma vez que, a sua

prevalência e severidade, em todas as faixas etárias, tem aumentado a ritmos

alarmantes. Este crescimento da taxa de obesidade ocorre não só nos países

desenvolvidos mas também nos em desenvolvimento. (1, 10-12) Estima-se que os

custos da obesidade em países desenvolvidos sejam cerca de 2-7% dos custos

totais com a saúde, o que representa uma parte significativa do orçamento total

nacional para a saúde. (2)

Em todo mundo, as crianças encontram-se mais vulneráveis ao desenvolvimento

de obesidade e excesso de peso. Segundo a IOTF, cerca de 22% dos rapazes e

27,5% das raparigas, entre os 2 e os 15 anos de idade apresentam excesso de

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peso, e destes 5,5% dos rapazes e 7,2% das raparigas foram considerados

obesos. (13)

Segundo o relatório da IOTF, “Obesity in children and young people: A crisis in

public health”, uma em cada 10 crianças tem excesso de peso, um total de 155

mil. Destas 155 mil, 30 a 45 mil são obesas, o que corresponde a 2-3% das

crianças entre os 5 e 7 anos de idade em todo o mundo. (13-14) Segundo os

NHANES I e II (National Health and Nutrition Surveys), em 2001 nos Estados

Unidos 8% das crianças entre os 4 e 5 anos são obesas. No período entre o

NHANES I e o III, aproximadamente 20 anos, houve um aumento para o dobro

tanto em rapazes como em raparigas com mais de 6 anos. (11)

Assim, a obesidade está a tornar-se na doença nutricional infantil mais prevalente

em todo o mundo, com severas consequências para a vida, a curto e longo prazo.

(2, 12)

As consequências do excesso de peso e obesidade em idade infantil são tanto

médicas como psicossociais. Tendo em conta que a persistência da obesidade

até à idade adulta está a aumentar, a obesidade em idade pediátrica passa a

contribuir para as taxas de morbilidade e mortalidade mundiais. (11-12)

A nível psicossocial sabe-se que as crianças frequentemente enfrentam

discriminação e estigmatização(12, 15), que começa nos últimos anos de infância e

se vai tornando habitual ao longo da vida.(16) Esta descriminação tem como

resultado um comprometimento do seu bem-estar psicológico. Contudo, estudos

em comunidades sugerem que apesar do moderado nível de insatisfação

corporal, poucas crianças obesas se encontram deprimidas ou possuem baixa

auto-estima.(15) Como o crescimento longitudinal é maior em crianças com

excesso de peso e obesidade, estas experimentam uma maturação precoce e

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uma idade óssea avançada. A interacção inapropriada resultante de uma

aparência mais madura, pode levar a problemas de socialização futura.(12, 16)

Outros aspectos de diferenciação corporal em relação a crianças

normoponderais, tal como o pseudohipogonadismo nos rapazes, podem ter

consequências psicológicas adversas e afectar a auto estima.(12)

As consequências médicas mais frequentes da obesidade em idade pediátrica

estão associadas à ocorrência de factores de risco para Doença Cardiovascular.

Nestes incluem-se a dislipidemia, a intolerância à glicose, a hipertensão arterial e

o estado antioxidante. O aumento do número de factores de risco para DCV

presentes numa criança aumenta consideravelmente o risco destes indivíduos

para episódios de DCV precoces da vida adulta.(11, 17)

Outra consequência da obesidade é a esteatohepatite não-alcoolica que pode

evoluir para cirrose(12), a colelitiase, o pseudotumor cerebral, a acanthosis

nigracans, a apneia do sono, as disfunções do sistema músculo-esquelético e

complicações ortopédicas tais como a Doença de Blount.(11-12, 16)

Aproximadamente 50% dos adolescentes obesos tornam-se adultos obesos(18) e

foi estimado que cerca de 2/3 do total de crianças obesas mantêm obesidade na

idade adulta. O risco de persistência de obesidade aumenta com o aumento da

idade da criança, o grau de obesidade e a presença de obesidade familiar.(12, 19)

Independentemente dos problemas que possa trazer durante a adolescência, a

persistência de uma obesidade infantil até à idade adulta está associada com um

maior risco de morbilidade e mortalidade.(12, 18) Nos homens verifica-se um

aumento do risco de DCV e cancro do cólon e para as mulheres um aumento de

perturbações do comportamento psicossocial, tais como menos anos de

escolaridade, níveis mais acentuados de pobreza, e taxas menores de

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casamentos. Em ambos os sexos, a prevalência de DCV e Diabetes Mellitus tipo

II aumentou.(18)

1.2) Características do crescimento somático e psicológico ao longo da

idade pediátrica.

O crescimento, desenvolvimento e maturação normais de uma criança saudável,

desde a vida intra-uterina até à idade adulta, são processos contínuos e

dinâmicos. A sequência de processos fisiológicos e químicos é semelhante em

todas as crianças e pode ser avaliada tendo em conta alguns marcadores, tais

como:

� O crescimento físico

� A locomoção

� O comportamento adaptativo

� A comunicação

� O desenvolvimento pessoal e social

Estas dimensões podem variar consideravelmente durante a vida intra-uterina, a

primeira e segunda infância, a adolescência e ainda idade adulta.

O crescimento, desenvolvimento e maturação são o resultado da interacção entre

factores genéticos hereditários (que condicionam o sexo, raça e características

físicas) e o ambiente envolvente, que determina a expressão de todo o potencial

genético do indivíduo.(20-21)

Dentro deste ambiente, vários factores influenciam o crescimento saudável da

criança, podendo ser enumerados o estado nutricional, o estado de saúde físico e

psicológico da criança e da família, o estado socioeconómico da família, factores

culturais e micro-ambiente a que é exposto, como por exemplo os laços que

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 7

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estabelece com a mãe após o nascimento e as mudanças a que é sujeito entre a

vida intra-uterina e os primeiros 36 meses de vida.(20-21) O crescimento físico é

avaliado maioritariamente através de 3 parâmetros: o comprimento (estatura), o

peso e o perímetro cefálico. Existem ainda referências internacionais com a

relação entre peso e altura ao longo da infância.(5) Tal como referido

anteriormente, estes parâmetros individuais são comparados posteriormente com

valores de referência. Existem tabelas e gráficos de valores standard que

possibilitam esta avaliação, sendo os mais utilizados na prática clínica e

epidemiológica os gráficos da National Center for Health Statistics (NCHS) e da

OMS.(5-6)

Na criança normal, os valores para a estatura, peso e perímetro cefálico tendem a

seguir sempre o mesmo caudal de percentil antes da puberdade, ou valores

próximos da mesma linha de percentil, sendo o valor médio da população

avaliada correspondente ao percentil 50.(20)

Percebendo como se pode avaliar o crescimento físico, falta ainda ter em conta o

crescimento psicológico de uma criança e as diferentes fases por que pode

passar.

No período intra-uterino é importante perceber que o ambiente está já a exercer

influencia sobre o futuro comportamento psicossocial da criança. Factores como a

personalidade da mãe, a sua reacção à gravidez, as suas expectativas quanto à

criança, o papel do pai e da restante família na gravidez, estão a interactuar com

a componente genética da criança e serão responsáveis pelo desenvolvimento

pleno da mesma.(21)

O desenvolvimento desta criança, após o nascimento, vai envolver um processo

de aprendizagem de comportamentos e atitudes.(22) O comportamento diz respeito

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8 Mafalda Ferreira – 2008/2009

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à forma como o sujeito se relaciona com o ambiente e depende da aprendizagem,

da personalidade e de outros aspectos socio-culturais.(23) Neste processo é de

salientar a importância do contexto familiar, a influência dos companheiros, a

experiência de vida, os conhecimentos escolares e a informação obtida através

dos meios de comunicação.(22)

O desenvolvimento saudável da criança vai estar assim dependente da aquisição

de comportamentos, pois estes vão influenciar directa ou indirectamente o seu

funcionamento biológico.(23)

1.3) Referencia aos pontos do crescimento com maior vulnerabilidade à

ocorrência de obesidade.

O conceito de pontos críticos é baseado na noção de que exposições ambientais

durante certas fases do desenvolvimento irão resultar em mudanças permanentes

no funcionamento do organismo.(24)

O primeiro período crítico no desenvolvimento de uma criança é a sua vida intra-

uterina. A explicação mais simples para os efeitos do ambiente nutricional in utero,

reside no facto de a regulação do seu apetite e do número de adipócitos que

possuirá ser codificado neste período. A exposição in utero a uma alimentação

deficiente ou excessiva pode afectar a diferenciação dos centros hipotalâmicos

responsáveis pelo aporte alimentar.(25) O tamanho à nascença parece ser o

parâmetro mais apropriado para avaliar a que ambiente esteve exposto o feto

durante a gestação.(26) O tempo de gestação desempenha um papel importante

no estado de saúde futuro da criança(24). Na sequência do período fetal, o primeiro

ano de vida é um período de rápido crescimento e ganho de peso, no qual os

mecanismos de balanço energético são bastante importantes. É por isso um

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 9

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período determinante no desenvolvimento de obesidade na infância e

adolescência.(27)

O segundo período crítico será o período do ressalto adipocitário. Durante o

desenvolvimento da criança, o IMC aumenta no decorrer do primeiro ano de vida,

sendo que depois começa a decrescer. Entre os 3 e 7 anos de idade, o IMC volta

aumentar, e a este segundo aumento corresponde o ressalto adipocitário. Este é

considerado um período crítico do crescimento uma vez que foi provado que um

ressalto adipocitário precoce é preditivo de posterior obesidade.(28)

O terceiro período crítico é a adolescência, uma vez que se trata de um período

no qual ocorrem mudanças na distribuição da gordura corporal, com aumento de

deposição de gordura central (visceral) nos rapazes, e deposição nas ancas para

as raparigas. Ocorre também um aumento de massa gorda total nas raparigas,

enquanto que, nos rapazes ocorre um aumento de massa magra. O risco de

desenvolver obesidade durante a adolescência é maior para as raparigas, no

entanto o risco de desenvolvimento de comorbilidades relacionadas com a

obesidade é elevado para ambos os sexos. Por último, está também provado que

um adolescente obeso tem mais probabilidade de se tornar um adulto obeso,

contribuindo assim para a taxa de mortalidade.(25, 27)

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2. Desenvolvimento

2.1) Período Intra-uterino

Como referido anteriormente, o primeiro período crítico para o desenvolvimento

de obesidade é o ambiente intra-uterino a que a criança está exposta durante o

seu crescimento fetal. O normal desenvolvimento de um organismo multicelular a

partir de uma célula estaminal envolve uma série de processos sincronizados, que

ocorrem de acordo com as instruções genéticas adquiridas durante a concepção.

Durante este período o organismo tem também a capacidade para responder a

mudanças ambientais que lhe são estranhas com adaptações a nível celular,

molecular e bioquímico.(29)

Nesta fase de vida intra-uterina, o crescimento fetal está dependente das

características maternas e da gestação, uma vez que só a mãe pode suprir as

necessidades energéticas e nutricionais do feto.(30-31) Como vários estudos

comprovaram, os comportamentos da mãe durante a gestação, se

desadequados, vão trazer consequências nocivas para o feto. Filhos de mães

fumadoras nascem com peso mais baixo comparativamente a filhos de mães não

fumadoras, e com maior risco de morte perinatal; a desnutrição materna também

prejudica o crescimento fetal, tanto em peso como comprimento, e aumenta o

risco de mortalidade e morbilidade perinatais; de referir ainda que o ganho de

peso excessivo durante a gestação, está relacionado com maior peso à

nascença.(29)

Geralmente, eventos que ocorrem na infância podem influenciar o

desenvolvimento e futuro da criança de 3 maneiras: 1) dano directo 2) indução,

depleção ou dessincronização do desenvolvimento de uma estrutura somática

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 11

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resultante de um estimulo durante um período critico 3) alteração fisiológica,

determinada por um estimulo durante um período critico, com consequências a

longo prazo na sua função. Lucas (1991) sugeriu o termo programming a ser

aplicado aos dois últimos pontos nos quais o estimulo de programação provoca

efeitos a longo prazo quando aplicado num período critico ou sensível. Vários

exemplos indicam que programming na vida fetal e pós-natal podem resultar na

iniciação de processos do desenvolvimento normal, ou podem resultar numa

resposta duradoura a um estímulo ambiental. Pode ainda ter-se em conta,

contudo, que alguns estímulos ambientais podem desencadear mecanismos de

programming não adaptativos e adversos.(32) Os processos que estão

relacionados com estas modificações programadas na estrutura e função do

organismo, incluem a redução do número de células, alterações na distribuição de

tipos celulares, e adaptações no feedback hormonal.(26, 33)

O programming é um fenómeno fisiológico bem estabelecido e provado. Existem

boas evidências experimentais que a nutrição pode ser um factor muito

importante e possivelmente um determinante central da programação do feto.(30,

33) O peso à nascença é uma medida indirecta para avaliar a programação fetal a

que este esteve sujeito.(26)

O estado nutricional materno, aquando da gestação, condiciona o peso à

nascença do feto. Assim vários estudos indicam que a desnutrição materna

prejudica o crescimento do feto, tanto em peso como comprimento, tal como filhos

de mães obesas ou que ganharam muito peso durante a gravidez têm tendência a

ser maiores que a média.(31)

Barker foi o primeiro a estudar a relação entre o peso à nascença e o

desenvolvimento de comorbilidades futuras, tais como a obesidade, a DMII, a

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hipertensão e DCV. As suas descobertas resultaram na teoria fetal origins, que dá

ênfase à importância da adequação nutricional da dieta materna durante a

gestação.(25, 29) Vários estudos se seguiram com resultados consistentes com a

teoria de Barker.(24, 26, 32, 34-35)

Segundo estes achados, as crianças expostas a desnutrição durante os 2

primeiros semestres de gestação tem aproximadamente o dobro da prevalência

de obesidade aos 18 anos de idade, e os expostos a desnutrição no 3º trimestre

apresentam uma diminuição na taxa de obesidade.(24) Assim, as crianças

expostas desde cedo a desnutrição mostram uma predisposição para a obesidade

futura. Ainda há evidencias que crianças que nascem com baixo peso possuem

um risco aumentado de possuir tensão arterial elevada, alteração da tolerância à

glicose e aumento de mortalidade por DCV.(25-26) Por outro lado, filhos de mães

diabéticas ou obesas, tem tendência a serem maiores à nascença, a terem uma

velocidade de crescimento maior, assim como apresentarem uma elevada

prevalência de obesidade ao longo da vida.(24-25, 36)

A exposição in utero quer a desnutrição ou a nutrição excessiva parece afectar a

diferenciação dos centros hipotalâmicos responsáveis pelo controlo da ingestão

alimentar.(24-25, 37)

No que diz respeito à desnutrição esta afecta o desenvolvimento das células

pancreáticas ou a proliferação adipocitária. O facto da criança estar exposta in

utero a subnutrição programa o seu metabolismo para uma vida com pouca

disponibilidade energética, estando por isso mais aptas a armazenar mais energia

para sobreviver nessas condições. Quando expostas, após o nascimento, ao

ambiente actual de elevada disponibilidade alimentar estes indivíduos não estão

aptos para regular o seu ganho ponderal, resultando em excesso de peso.(27)

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 13

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

Estudos demonstram que crianças que nasceram com baixo peso apresentam no

futuro resistência à glicose, e alterações metabólicas de modo a poupar o máximo

de energia, tais como taxas de glicose reduzidas.(24, 26-27) O facto de estas

crianças experimentarem um crescimento compensatório, pode desencadear

processos que lhes aumentam o risco de ter hipertensão e DMII na vida futura.(33)

Ainda se pode considerar, que se um ambiente intra-uterino de subnutrição é

indicativo de subnutrição materna, esta mãe pode responder à sua alimentação

deficiente durante esse período, sobrealimentando os seus filhos.(24)

No que diz respeito à predisposição para a obesidade dos filhos de mães obesas

ou diabéticas, esta pode ser explicada pelas altas concentrações de aminoácidos

e glicose intra-uterinas a que o feto está exposto. A hiperglicemia fetal por sua

vez, leva a hiperinsulinemia, a hiperplasia adipocitária e a maior armazenamento

de glicogénio.(24-25) Esta também pode condicionar alterações permanentes na

actividade das células β pancreáticas e regulação do apetite.(24, 27) Ainda será de

ter em conta a carga genética que uma mãe obesa transmite à sua descendência,

sendo essa, um factor que afecta a sensibilidade da criança ao desenvolvimento

de obesidade.(38)

Na sequência da experiencia fetal, o primeiro ano de vida é referenciado em

vários estudos como um período determinante no desenvolvimento de obesidade

na infância e adolescência. É um período de rápido crescimento e ganho de peso,

dado que o peso da criança normalmente duplica nos primeiros 4-6 meses. Isto

significa que os mecanismos de balanço energético são bastante importantes

nesta fase.(27)

Estudos indicam a existência de diferenças no padrão de crescimento entre

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14 Mafalda Ferreira – 2008/2009

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

crianças amamentadas com leite materno e com fórmulas.(27, 39) Parece haver um

maior aumento de peso e comprimento nos primeiros 4 meses nas crianças

amamentadas com leite materno em relação aos alimentados com fórmulas.

Posteriormente verifica-se o efeito contrario, ou seja, entre os 4 e 6 meses as

crianças alimentadas com formula tendem a crescer mais rapidamente que as

amamentadas com leite materno. Após os 6 meses as crianças alimentadas com

leite materno tendem a ser mais magras.(40-41) O leite materno parece exercer um

efeito protector contra o desenvolvimento de obesidade.(12, 39) Existem algumas

explicações para estas diferenças no padrão de crescimento e para o papel

protector contra a obesidade que o leite materno parece desempenhar. As

crianças amamentadas com leite materno sabem regular melhor o seu aporte

alimentar, uma vez que a mãe não controla a quantidade de leite que a criança

está a beber, ao contrário do que acontece com as formulas administradas por

biberão. Paralelamente as crianças amamentadas com leite materno estão mais

dispostas a experimentar e aceitar novos alimentos, o que é importante para uma

dieta saudável no futuro. Além disto a amamentação com leite materno tem

efeitos diferentes dos das fórmulas no metabolismo e hormonas da criança, tais

como a insulina.(42) Há evidências de que crianças que experimentam um

crescimento mais acentuado nos primeiros 4-6 meses de idade, parecem estar

mais predispostas a obesidade futura(43) e, aumento do risco de DCV na idade

adulta se nasceram com baixo peso.(27, 44) Assim torna-se uma questão pertinente,

averiguar qual a melhor estratégia de nutrição no que diz respeito a crianças que

nascem com baixo peso e o seu catch-up de crescimento, uma vez que nem

sempre é benéfico.(36, 45)

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 15

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

2. 1. 1) Recomendações nutricionais e de actividade física

Tendo assim em conta que o período intra-uterino, como período crítico no

desenvolvimento da criança, condiciona o futuro da mesma, é necessário que a

alimentação materna durante a gestação seja adequada.

Assim existem recomendações para o ganho de peso total e a taxa de ganho de

peso durante a gravidez, de acordo com o IMC pré-gestacional materno. Para

atingir estas recomendações de ganho de peso é necessário a adopção de uma

alimentação saudável e uma prática regular de exercício físico antes, durante e

depois da gravidez.(46)

Ingestão Diária Recomendada pela Food and Nutrition Board:

� Proteínas: 71 g/dia;

� Gordura: 20-35% do total da ingestão calórica por dia;

o Ácidos gordos n-6: 13g/dia;

o Ácidos gordos n-3: 1,4 g/dia;

� Hidratos de Carbono: 175g/dia;

� Fibras: 28g/dia;

� Energia: Não é necessária ingestão acrescida de calorias durante o

primeiro trimestre; Aumento de 340 Kcal por dia no segundo trimestre;

Aumento de 452 Kcal no último trimestre de gravidez; Para calcular a

ingestão calórica adequada para os 3 trimestres, é necessário calcular as

necessidades energéticas estimadas e acrescer do valor calórico

recomendado para um ganho de peso saudável ao longo da gravidez.(47-48)

No que diz respeito ao primeiro ano de vida, o leite materno, porque fornece às

crianças todos os nutrientes que precisam para um crescimento saudável, é

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_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

recomendado pela OMS como alimento exclusivo até aos 6 meses de vida.(40) A

American Pediatrics Association recomenda que os responsáveis pela criança

apenas introduzam alimentos complementares ao leite materno a partir dos 4

meses e o mais próximo possível dos 6 meses de idade.(49)

Recomendações de Actividade Física pela American Dietetic Association:

� Após as 20 semanas, evitar praticar exercícios deitada de costas que pode

impedir a circulação sanguínea;

� Evitar exercícios violentos em locais húmidos e quentes.

� Evitar pratica de exercício se temperatura corporal elevada;

� Consumo de muita água para evitar desidratação

� Manter a frequência de batimentos cardíacos a 60-80% da frequência

cardíaca máxima (maximo=220- idade).(50)

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 17

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2.2) Ressalto Adipocitário

O desenvolvimento do tecido adiposo é regulado por uma extensa quantidade de

hormonas que determinam o seu crescimento e função. Na espécie humana, a

diferenciação de pré-adipócitos em adipócitos começa antes do nascimento, mas

ocorre maioritariamente no período pós-natal. Durante os primeiros 18 meses de

vida, o número de adipócitos aumenta marcadamente, e depois aumenta mais

lentamente durante o resto da infância. Ao longo do resto da vida a reserva de

pré-adipócitos pode dar origem a novos adipócitos em qualquer altura da sua

vida.(27) A normal evolução do tecido adiposo compreende várias fases. Durante

os primeiros 18 meses de vida a percentagem de massa gorda aumenta

rapidamente devido ao aumento do número dos adipócitos. Enquanto o

crescimento de tecido adiposo está mais lento depois desta fase, o peso corporal

continua a aumentar. Este desenvolvimento reflecte-se pelo aparente

emagrecimento da criança. O segundo período de rápido crescimento em gordura

corporal começa por volta dos 3-7 anos de idade e é designado ressalto

adipocitário.(28, 51) A partir desta fase, tanto o tamanho como o número de

adipócitos aumenta.(51) Este curso de desenvolvimento pode ser demonstrado

pelas curvas de IMC para a idade, apesar da existência de uma variação

interindividual no que diz respeito à distribuição da gordura e à idade de

ocorrência do ressalto adipocitário.(51-52) Tendo em conta que o ressalto

adipocitário é determinado usando varias medições do IMC, as mudanças reais

na composição corporal que ocorrem neste período são difíceis de avaliar. Dados

recentes mostram que a mudança do IMC durante o ressalto adipocitário é devido

a uma deposição de peso maior que o normal, e que este aumento ocorre devido

à rápida deposição de gordura em detrimento de massa magra.(53)

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18 Mafalda Ferreira – 2008/2009

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

Existem diferenças significativas, que podem ser vistas no gráfico em anexo

(anexo 1), no que diz respeito ao crescimento das crianças com um ressalto

adipocitário precoce e aquelas em que este ocorre por volta dos 7 anos de idade.

Pode ver-se rapidamente que aquelas que passam pelo ressalto adipocitário mais

cedo seguem as curvas de percentil mais elevadas, sendo que ganham peso a

uma maior velocidade que as crianças com ressalto adipocitário mais tardio.(51, 53-

54)

Rolland_cachera et al sugeriram que o ressalto adipocitário possa constituir um

marcador geral para a aceleração no crescimento e hiperplasia.(51) Vários estudos

indicam que um ressalto adipocitário precoce é preditivo de posterior obesidade,

sendo por isso considerado um ponto crítico do desenvolvimento.(28, 52, 55-57) Um

estudo verificou que um IMC de 18 kg/m2 aos 4 anos de idade está associado

com 70% de risco de ter um IMC de 23 kg/m2 aos 18 anos, ou seja, excesso de

peso(58), e outro que o IMC na idade do ressalto adipocitário parece ser a medida

que melhor prevê o estabelecimento de obesidade futura.(55) Investigações em

vários países confirmaram que um ressalto adipocitário precoce aumenta o risco

de ter pressão arterial elevada e obesidade, e está também relacionado com

alterações na tolerância à glicose e o desenvolvimento de DMII na idade

adulta.(53)

Os mecanismos que desencadeiam um ressalto adipotário precoce são incertos.

Parece haver uma correlação entre este e uma maior velocidade de

crescimento(59), sendo que crianças com uma IMC maior, experimentam um

ressalto adipocitário mais cedo. Vários factores foram estudados como

determinantes do ressalto adipocitário precoce, como o tempo a ver televisão e

baixos níveis de actividade física, obtendo resultados quanto a níveis de

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 19

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

adiposidade maiores nas crianças em ressalto adipocitário mais sedentárias, mas

sem conclusões quanto à determinação do ressalto adipocitário.(60-61) Outros

estudos foram realizados quanto à ingestão aumentada de proteínas e de outros

macronutrientes, mas nenhum foi conclusivo quanto ao desencadeamento de um

ressalto adipocitário precoce.(61-62) Os mecanismos para o ressalto adipocitário e

os seus determinantes mantêm-se desconhecidos, pelo que mais estudos são

necessários para averiguar as razões para um ressalto adipocitário precoce.(27, 53)

Quanto ao efeito de um ressalto adipocitário precoce na obesidade futura, Dietz e

colaboradores sugeriram uma explicação assente no facto das crianças que

passam por ressalto adipocitário mais cedo aumentam a sua massa gorda

durante mais tempo até chegarem à idade adulta.(25) Estudos mais recentes

mostram que o IMC no ressalto adipocitário parece influenciar o IMC da idade

adulta, independentemente da idade em que este ocorre.(55) Alguns investigadores

consideram o ressalto adipocitário um epifenómeno, em detrimento de ser

considerado um ponto critico do desenvolvimento, pelo facto de tanto o IMC no

ressalto adipocitário como a idade de ressalto adipocitário afectar o IMC na idade

adulta.(28, 61) A investigação levada a cabo por Cole e colaboradores, explica a

associação entre ressalto adipocitário e obesidade futura, tendo em conta que o

IMC no ressalto adipocitário identifica as crianças já com IMC elevado ou a

aumentar o valor de IMC mais rapidamente que o normal. Isto é um exemplo do

horse racing effect de Peto. Este considera uma analogia entre a infância e uma

corrida de cavalos, em que o valor de IMC corresponde à posição do cavalo na

corrida. É facilmente compreensível assim, que tanto um cavalo já próximo da

meta, ou um que esteja a ultrapassar todos os outros na corrida, tem mais

hipóteses de ganhar, ou seja, ter um IMC mais elevado. Este estudo também

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20 Mafalda Ferreira – 2008/2009

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

evidencia o facto de o ressalto adipocitário não poder ser considerado um ponto

crítico do desenvolvimento.(28)Neste trabalho, apesar da prova científica

evidenciada, é considerado um ponto crítico do desenvolvimento, por razões de

referência.

2.2.1) Recomendações nutricionais e de actividade física.

Tendo em conta a complexidade deste período, é necessário ter cuidados

nutricionais específicos para a faixa etária em questão. Segundo a Food and

Nutrition Board, as doses diárias recomendadas de macronutrientes são as

seguintes:

� Energia total: O requerimento energético estimado (EER) é a ingestão

energética média prevista para manter o balanço energético em indivíduos

saudáveis e de peso normal para a idade. Nas crianças inclui as

necessidades associadas ao crescimento a taxas consistentes com uma

vida saudável. As equações necessárias para calcular o EER são

disponibilizadas pelo Institute of Medicine of the National Academies.(63)

� Proteínas: 13g/dia para crianças de 1 a 3 anos; 19g/dia para crianças de 4

a 8 anos;

� Gordura: 30-40% da ingestão energética diária para crianças de 1 a 3

anos; 25-35% da ingestão energética diária para crianças de 4 a 8 anos.

o Ácidos gordos n-6: 7g/dia para crianças de 1 a 3 anos;

10g/dia para crianças de 4 a 8 anos;

o Ácidos gordos n-3: 0.7g/dia para crianças de 1 a 3 anos;

0.9 g/dia para crianças de 4 a 8 anos;

� Hidratos de Carbono: 130 g/dia

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 21

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� Fibras: 19 g/ dia para crianças de 1 a 3 anos; 25g/dia para crianças de 4 a

8 anos.(48)

Recomendações de Actividade Física:

Actividade física nas crianças promove a saúde e uma composição corporal

favorável. (64) É importante para controlar o peso, reduzir a tensão arterial,

aumentar o colesterol HDL, reduzir o risco de DMII e alguns tipos de cancro e

melhorar o bem-estar psicológico, incluindo o aumento de auto-estima e auto-

confiança. (65)

A American College of Sports Medicine recomenda a prática de 60 minutos, no

mínimo, de exercício físico de intensidade moderada por dia. É sugerida a

realização de actividades lúdicas com ênfase na diversão, exploração e a

aquisição de novas experiências para as crianças de 4 a 6 anos. Actividades

apropriadas podem incluir a natação, caminhar, correr, etc. Devem ser

encorajadas as caminhadas com familiares. Para crianças dos 6 aos 9 anos de

idade, deve continuar a ser encorajada a prática de actividades lúdicas, no

entanto privilegiando agora actividades que fomentem a aquisição de novas

capacidades com maior precisão de movimento, tais como dançar e saltar à

corda. Desportos organizados podem ser iniciados nesta fase. (66)

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22 Mafalda Ferreira – 2008/2009

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

2.3) Adolescência

Outro período sensível para um ganho de peso acentuado é a adolescência. (27) A

OMS define a adolescência como o período entre os 10 e 19 anos de idade. (67)

Mudanças importantes na composição corporal ocorrem durante o período de

desenvolvimento pubertal.(27) A puberdade começa com mudanças subtis nos

processos neuro-endócrinos, concentrações hormonais e características físicas

morfológicas, e culmina na maturidade reprodutiva.(68) A adolescência é um

período de crescimento muito acentuado apenas superado pelo crescimento dos

primeiros anos de vida. Neste período de transição entre a infância e a vida

adulta, os adolescentes passam também por vários desafios a nível social e

emocional.(69) É considerado assim um período de complexidade bio-social

profunda.(68)

O desenvolvimento pubertal é um continuo do desenvolvimento que começou

antes do nascimento, e envolve uma serie de mudanças hormonais e físicas

interconectadas que resultam na capacidade reprodutiva e aparência adulta.(69)

Estão identificadas 5 áreas gerais de mudanças internas e externas na

puberdade:

1) aceleração seguida de desacelerarão do crescimento esquelético (growth

spurt);

2) aumento e/ou redistribuição de massa gorda e tecido muscular;

3) desenvolvimento do sistema circulatório e respiratório, e daí aumento da

força e resistência física;

4) maturação de caracteres sexuais secundários e dos órgãos reprodutores;

5) mudanças nos sistemas hormonais/endócrinos que regulam e coordenam

os outros eventos pubertais.

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 23

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

Todos estes processos pubertais são influenciados por factores genéticos,

hormonais e nutricionais.(69)

Como é de esperar, verificam-se diferenças no decorrer da adolescência na

composição corporal entre rapazes e raparigas.(27, 69) No período pré-pubertal,

ambos possuem uma composição corporal semelhante no que diz respeito à

massa muscular, massa óssea e massa gorda. Contudo, após a puberdade os

rapazes têm habitualmente mais massa muscular e óssea que as raparigas, e as

raparigas cerca de duas vezes mais massa gorda que os rapazes. Estas

diferenças parecem ser devidas a um maior número e tamanho das células

musculares masculinas, e a um aumento do tamanho das ancas e das mamas

das raparigas.(69) Os rapazes parecem experimentar uma deposição de gordura

visceral e subcutânea, e as raparigas na zona das ancas.(27) Estudos sugerem

que este aumento de massa gorda nas raparigas seja necessário para o

estabelecimento e manutenção de uma função reprodutora normal.(69) Estas

mudanças são provavelmente mediadas por alterações das concentrações

hormonais.(27)

A adolescência é considerada um período crítico, uma vez que o risco de

desenvolvimento e manutenção de obesidade a longo-prazo para raparigas, e

tendo em conta as mudanças que ocorrem na localização da gordura corporal,

também é um período de aumento das comorbilidades associadas à obesidade

para ambos os sexos.(18, 25)

Estudos indicam que obesidade na adolescência é preditivo de obesidade e

mortalidade na idade adulta.(70) A presença de obesidade na adolescência parece

ser mais importante para o futuro risco de obesidade que a presença de

obesidade nos outros períodos de desenvolvimento.(27) A maturação precoce está

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24 Mafalda Ferreira – 2008/2009

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associada a obesidade no adolescente e jovem adulto.(9, 69) A obesidade na

adolescência tem tendência a persistir até à idade adulta, e prevê um leque

alargado de comorbilidades associadas.(70-71) Estima-se que 80% dos

adolescentes obesos serão adultos obesos. A obesidade presente na

adolescência está associada a aumento de morbilidade devido a DMII e DCV, e

aumento de mortalidade.(27) As raparigas parecem ter um maior risco de serem

obesas na adolescência comparativamente aos rapazes, e dessa persistir até

idade adulta.(25, 27) Contudo, a deposição e distribuição de gordura, tanto em

rapazes como raparigas, parece aumentar a predisposição para comobilidades

associadas à obesidade.(9, 27) Os rapazes com obesidade na adolescência tendem

a sofrer mais as comorbolidades associadas na idade adulta.(25)

Os mecanismos que levam ao aumento de risco de comorbilidades e persistência

de obesidade até à idade adulta devido a obesidade na adolescência não são

claros. Uma potencial explicação para o desenvolvimento das comorbilidades

pode ser o padrão de deposição de gordura que ocorre nesta fase.(25) Muito

embora ao longo da idade pediátrica a ocorrência de obesidade curse com uma

deposição selectiva de gordura intra-abdominal, nas raparigas dá-se um aumento

da massa gorda até aos 17 anos, e nos rapazes diminui a partir dos 13 anos,

atingindo um mínimo aos 15 anos de idade. Estas mudanças tendem a atenuar o

desenvolvimento de obesidade nos rapazes, e a exacerba-la no caso das

raparigas. Paralelamente a estas mudanças as necessidades energéticas

também sofrem alterações, aumentando mais nos rapazes que nas raparigas.

Estas alterações predispõem as raparigas a obesidade na idade adulta, e apesar

de nos rapazes esta tendência ser menor, o seu padrão de distribuição de gordura

com acumulação de gordura abdominal, está relacionado com hiperinsulinemia e

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 25

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

DCV que se verifica a longo-prazo.(72)

Ainda será necessário ter em conta, a mudança de comportamentos que se

verifica nesta fase. Na infância, a família é de grande importância no estilo de vida

e ambiente envolvente. A família é responsável pelo controlo dos alimentos

disponíveis e de quando são ingeridos, assim como pela pratica regular de

exercício físico. Também é decisiva no modo como a criança se correlaciona com

o meio à sua volta. Durante a adolescência ocorre um processo de liberalização

natural da influência familiar, dando mais importância ao seu grupo social. Nesta

fase torna-se importante a aceitação por parte do seu grupo, torna-se importante

o seu aspecto físico.(72) Ocorrem mudanças na sua ingestão alimentar e padrões

de exercício físico. Tendo em conta que passam mais tempo com o seu grupo de

amigos, alimentando-se fora do ambiente familiar, isto pode ser reflectido num

aumento da ingestão calórica, particularmente proveniente de gordura e açúcares.

A actividade física também pode mudar drasticamente durante a adolescência,

sendo observado um decréscimo significativo principalmente em raparigas.

Claramente, com o cessar do crescimento, a falta de actividade física leva a uma

alteração no balanço energético levando a um aumento de peso, mesmo que a

ingestão energética se mantenha estável.(27) Estudos indicam que a omissão de

refeições é comum nos adolescentes, maioritariamente nas raparigas, para

prevenir o ganho de peso.(73) Os comportamentos radicais para controlo de peso,

sintomas depressivos, binge eating, e a falta de exercício físico nesta fase, são

factores de risco para a obesidade.(72, 74)

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26 Mafalda Ferreira – 2008/2009

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

2.3.1) Recomendações nutricionais e de actividade Física

Tal como nos restantes pontos críticos do desenvolvimento, são necessárias

estratégias de prevenção da obesidade. Na adolescência será necessária a

mudança dos mecanismos comportamentais, sendo importante mantê-los no seu

contexto social original. Será necessário apoio psicológico, social e educação

nutricional para prevenir e tratar a obesidade nesta fase.(72)

As recomendações da Food and Nutricion Board para esta faixa etária são as

seguintes:

� Energia: As equações utilizadas para calcular a EER de cada indivíduo dos

9 aos 18 anos de idade são disponibilizadas pelo Institute of Medicine of

the National Academies.(63)

� Proteínas: Rapazes de 14 a 18 anos: 52g/dia; Raparigas de 14 a 18 anos:

46g/dia;

� Gordura: 25-35% da ingestão energética diária para ambos os sexos;

o Ácidos Gordos n-6: Rapazes de 14 a 18 anos: 16g/dia;

Raparigas de 14 a 18 anos: 11g/dia;

o Ácidos Gordos n-3: Rapazes de 14 a 18 anos: 1,6 g/dia;

Raparigas de 14 a 18 anos: 1,1 g/dia.

� Hidratos de Carbono: 130g/ dia para ambos os sexos;

� Fibra: Rapazes de 14 a 18 anos: 38 g/dia; Raparigas de 14 a 18 anos: 26

g/dia.(48)

Guidelines para actividade física:

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos recomenda:

Pratica de actividade física diária por 60 minutos ou mais

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 27

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

� Aeróbia: A maior parte dos 60 min por dia deve ser ocupada com actividade

física aeróbia de moderada ou vigorosa intensidade, e deve incluir

actividade de intensidade vigorosa pelo menos 3 vezes por semana.

� Fortalecimento Muscular – Como parte dos 60 min ou mais da actividade

física diária, devem ser incluídas actividades de fortalecimento muscular

em pelo menos 3 dias por semana.

� Fortalecimento Ósseo – Como parte dos 60 min ou mais da actividade

física diária, devem ser incluídas actividades de fortalecimento ósseo em

pelo menos 3 dias por semana.

� É importante encorajar a prática de actividades físicas apropriadas para a

idade, que sejam agradáveis e que ofereçam variedade.(64)

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28 Mafalda Ferreira – 2008/2009

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

3. Conclusão

À luz do conhecimento actual torna-se essencial a prevenção da obesidade desde

o período pré-natal, tendo por base uma avaliação adequada dos hábitos

alimentares e de actividade física maternos, garantia de um crescimento fetal

pleno e equilibrado.

É de referir ainda, que se deve ter em atenção a existência de vários períodos

críticos bem como as mudanças específicas que os caracterizam, de modo a

reduzir precocemente a expressão individual de susceptibilidade a risco de

obesidade. Tal atitude é ainda mais importante quando se trata quer a associação

de obesidade a comorbilidades que à sua estabilidade ao longo da vida. A

intervenção nutricional e a actividade física, ambas adequadas à idade, devem

ser usadas como método preventivo do desenvolvimento de obesidade em

qualquer período de vida da criança, sendo de especial importância durante os

períodos de maior sensibilidade já referidos.

Por fim, atingi os objectivos a que me propus no inicio da realização deste

trabalho, aprofundando os meus conhecimentos na área do desenvolvimento

pediátrico, e das particularidades dos períodos críticos para o desenvolvimento da

obesidade.

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Mafalda Ferreira – 2008/2009 IX

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

Índice de anexos

Anexo 1…................................................................................................................X

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X Mafalda Ferreira – 2008/2009

_______________________________________ Obesidade Infantil: Períodos Críticos do Desenvolvimento

Anexo 1

Fig. 1 – Gráfico de IMC para a idade de raparigas britânicas em 1990.

Identificação dos percentis e da idade em que passaram pelo ressalto

adipocitário.