ANDRE TADEU GOMES
DIEGO LUIZ ORO
GUILHERME ALVES BORGES
HELDER WAKABAYASHI
OLIVIA CHAVES
ESTABILIDADE EM TALUDES:
PRINCIPAIS PROBLEMAS E TECNICAS DE CONTENÇÃO
ITABIRA
2012
ANDRE TADEU GOMES
DIEGO LUIZ ORO
GUILHERME ALVES BORGES
HELDER WAKABAYASHI
OLIVIA CHAVES
ESTABILIDADE EM TALUDES:
PRINCIPAIS PROBLEMAS E TECNICAS DE CONTENÇÃO
PROJETO DE PESQUISA AO CURSO DE
METODOLOGIA CIENTIFICA DE PESQUISA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
ITAJUBA – CAMPUS ITABIRA PARA
AVALIAÇÃO E CONCLUSÃO DA
DISCIPLINA
PROF: GERALDO FABIANO DE SOUZA
MORAES
ITABIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
2012
RESUMO
Cada vez mais, o estudo dos processos de instabilizarão de taludes e
suas formas de contenção tornam-se necessários, devido a desastrosas
consequências que os escorregamentos acarretam tanto em peritos urbanos
ou não, abortando riscos correspondentes e medidas de prevenção do controle
de movimentos de terra que possam acontecer.
Em paralelo, este trabalho tem como objetivo abortar os problemas que
envolvem estabilidade de taludes e formas de contenção, a fim de fornecer
uma panorâmica geral das técnicas usadas para este tipo de problema, com
intuito de prevenção de futuros desastres de grandes magnitudes.
PALAVRAS-CHAVE: Taludes, Técnicas de Contenção, Erosão,
Deslocamentos, Encostas.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Ilustração geral de um talude e sua terminologia empregada. 3
Figura 2.1.a – Foto anterior à destruição na pousada em Angra dos
Reis/RJ..................................................................................................... 6
Figura 2.1.b – Foto da destruição na pousada em Angra dos Reis - RJ,
após deslizamento de terra...................................................................... 7
Figura 2.1.c – Foto de futuros deslizamentos na encosta em Angra......... 7
Figura 2.1.1.a – Ilustração de deslocamento rotacional........................... 8
Figura 2.1.1.b – Ilustração de tipos de escorregamentos........................ 10
Figura 2.1.2 – Ilustração de deslocamento translacional......................... 11
Figura 2.1.3 – Ilustração de deslocamento misto..................................... 11
Figura 2.1.4 – ilustração de expansão lateral de blocos.......................... 12
Figura 2.2 – Erosão em talude n rotatória Av. Eng. Pedro Guerra com
MG 129/ITABIRA-MG................................................................................ 13
Figura 2.2.1.a – Foto de um talude com erosão em sulcos..................... 14
Figura 2.2.1.b – Foto de erosão diferenciada em parque de Vila Velha no
Paraná...................................................................................................... 14
Figura 2.2.2 – Erosão causada por sistema de drenagem....................... 15
Figura 2.3 – lustração de queda de blocos.............................................. 16
Figura 2.4 – lustração de tombamento de um maciço rochoso................ 17
Figura 2.5 – lustração de movimento de rastejo...................................... 18
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Ângulo de um talude natural para tipos diferente de solo........ 4
Tabela 3. Representação dos agentes ativos e passivos.......................... 19
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 1
A. Rochas.................................................................................. 1
B. Solos..................................................................................... 2
C. Taludes................................................................................. 3
1.1 Objetivos.................................................................................... 4
1.2 Justificativa................................................................................ 5
2 PRINCIPAIS TIPOS DE PROBLEMAS ENCONTRADOS E
TALUDES............................................................................................. 5
2.1 Escorregamentos....................................................................... 5
2.1.1 Escorregamento Rotacional.......................................... 8
2.1.2 Escorregamento Translacional..................................... 10
2.1.3 Escorregamento Misto................................................... 11
2.1.4 Expansão Lateral de Blocos.......................................... 12
2.2 Erosão......................................................................................... 12
2.2.1 Erosão em taludes de corte ou aterro........................... 13
2.2.2 Erosão associada a obras de drenagem...................... 15
2.3 Queda de blocos......................................................................... 15
2.4 Tombamento............................................................................... 16
2.5 Rastejo......................................................................................... 17
3 CAUSA PARA A OCORRÊNCIA DESTE TIPO DE FENÔMENO....... 18
3.1 Agentes ativos........................................................................ 20
3.2 Agentes passivos................................................................... 21
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 23
1 INTRODUÇÃO
Atualmente a estabilidade de taludes é frequentemente objeto de estudo de
engenheiros e geólogos responsáveis por obras de construção civil. Este termo
toma força em emissoras de televisão e noticiários impressos principalmente
em períodos chuvosos do ano, como por exemplo, no mês de janeiro no ano de
2011 na região serrana do Rio de Janeiro, onde, por intensas e sucessivas
chuvas, resultou em uma grande massa de terra deslizante de encosta sobre
uma área habitada, causando centenas de mortes e severos danos materiais.
As inúmeras variáveis que diferenciam um talude, como composição,
teor de umidade, plasticidade, inclinação, cargas, enfim uma infinidade de
A. Rochas
Segundo CAPUTO (1988), a palavra rocha designa, apenas, os
materiais naturais consolidados, duros e compactos, da crosta terrestre ou
litosfera. Paro os fragmentos isolados reservam-se as denominações bloco de
rocha quando com diâmetro médio superior a 1m, matacão quando entre 1m e
25 cm e pedra entre 25 cm e 76 mm.
Na pratica geotécnica matacões correspondem a grandes blocos com
diâmetros médios variando de algumas dezenas de centímetro a vários de
metros.
Existem três tipos de diferentes de rochas, podendo dividi-las da
seguinte forma:
a. Rochas Ígneas ou Magmáticas: São rochas formadas a altas
temperaturas, a partir de material fundido em grandes
profundidades e que, às vezes, extravasa a superfície do planeta
através dos vulcões.
1
b. Rochas Sedimentares: São rochas formadas por materiais
derivados da decomposição e desintegração de qualquer rocha
pré-existente.
c. Rochas Metamórficas: São rochas formadas por uma rocha pré-
existente no estado solido onde passando por um processo de
transformação derivado de altas temperaturas e pressão.
B. Solos
Solo por definição é o material resultante da desintegração e
decomposição de rochas por agentes atmosféricos e biológicos, geralmente
não consolidados, variando de centímetros a dezenas de metros, sendo esta a
camada mais externa da Terra.
Dentre os principais tipos de solos existentes, citamos três:
a. Solos Residuais – são os que permanecem no local da rocha de
origem, observando-se uma gradual transição do solo ate a
rocha, denominadas de horizontes e podendo dividi-las em quatro
camadas distintas.
b. Solos Sedimentares – são os que sofrem a ação de agentes
transportadores, podendo ser aluvionares (transportados pela
água), eólicos (transportados pelo vento), coluvionares
(transportados pela ação da gravidade) e glaciares (transportados
pelas geleiras).
c. Solos de Formação Orgânica – são os de origem essencialmente
orgânica, seja de natureza vegetal (decomposição de plantas e
raízes) como de origem animal.
O compreendimento do solo quanto a sua formação, composição,
origem e características, como plasticidade e liquidez, são fatores que alteram
diretamente na escolha correta do procedimento adotada para prevenção,
contenção ou restauração de um talude.
2
Um dos principais agentes decisivos na escolha da técnica aplicada a
ser em um talude é o fator solo, principalmente a sua composição e limite de
plasticidade e liquidez (LP e LL). Esses limites são obtidos através
experimentos com intuito de conhecer o teor de umidade do solo em amostra.
C. Taludes
Segundo CAPUTO (1988), entende-se como talude qualquer superfície
inclinada que limita um maciço de terra, de rocha ou de rocha e terra.
Popularmente os taludes são chamados de barranco ou encosta, podendo ser
ele de formação natural, no caso encosta ou barranco, ou de formação artificial,
como os taludes de corte ou aterro.
A figura a seguir mostra um talude e sua terminologia empregada.
Figura 1 – Ilustração geral de um talude e sua terminologia empregada.
O ângulo da inclinação de um talude natural varia com a presença de
agua no solo, sendo este valor diferente para cada tipo de composição do
mesmo. O valor real de cada solo depende das condições locais especificas,
com o grau de compactação, homogeneidade do solo, permeabilidade da
camada superficial, presença de vibrações, existência de escavações
circunvizinhas, presença de sobrecargas adicionais, enfim uma variedade de
influencias.
3
Tabela 1 – Ângulo de um talude natural para tipos diferente de solo.
Fonte: Rousselet (1988).
A inclinação é crucial para obras de taludes artificiais de acordo com a
técnica de contenção e variáveis de influencia.
1.1 Objetivos
Este trabalho tem como objetivos evidenciar os principais problemas
encontrados nos taludes rodoviários e urbanos, sendo eles de origem natural
ou artificial, assim como as causas que dão origem a estes problemas.
4
1.2 Justificativa
Este trabalho possui uma importância relevante devido a catástrofes que
ocorrem principalmente em regiões serranas e em rodovias, onde a
compreensão do assunto ajuda a prevenir futuros desastres, evitando perdas
materiais e humanas.
2 PRINCIPAIS TIPOS DE PROBLEMAS ENCONTRADOS E TALUDES
2.1 Escorregamentos
Devido à força da gravidade, as velocidades de um escorregamento são
variáveis.
Ao longo plano de inclinação de uma vertente é um exemplo que esses tipos
de movimentos podem ocorrer. A causa desse movimento se justifica quando
existe um desequilíbrio na distribuição de forças ao longo de uma determinada
superfície, fazendo com que as forças atuantes, que favorecem o movimento,
sejam superiores às forças resistentes.
Embasado na geometria da superfície a que dão origem, os escorregamentos
podem ser classificados em rotacionais ou translacionais.
Abaixo fotos relacionadas ao acidente ocorrido na virada do ano de
2010/2011 em angra dos reis, região litorânea do rio de janeiro, onde por
deslizamento de encosta resultou em perdas materiais e de vidas humanas.
5
Figura 2.1.a – Foto anterior à destruição na pousada em Angra dos Reis –
RJ
Uma observação importante a ser notada na Figura 2.1.a, são os blocos
arredondados na parte inferior da pousada, onde podem ter sido de
deslizamentos antigos na região.
6
Figura 2.1.b – Foto da destruição na pousada em Angra dos Reis – RJ,
após deslizamento de terra.
Figura 2.1.c – Foto de futuros deslizamentos na encosta em Angra.
7
2.1.1 Escorregamento rotacional
Destaca-se pelo movimento de massas de solo ou rocha que deslizam
em relação ao substrato ao longo de uma ou várias superfícies de ruptura,
causadas por perda de resistência ao corte, com secção transversal curva com
concavidade voltada para cima, figura 2.3.
Esse tipo de escorregamento é um caso particular, pois ocorre
predominantemente em solos coesivos e homogêneos ou em maciços
rochosos muito fraturados.
Podendo ser superficial ou profunda, a ruptura desenvolve-se segundo
uma superfície curva originando a rotação da massa instável. Uma vez
desencadeado o movimento, a massa envolvida pode dividir-se em vários
blocos que deslizam entre si dando origem à formação de vários patamares em
escada com abertura de fendas.
Figura 2.1.1.a – Ilustração de deslocamento rotacional.
Movimenta-se em conjunto a uma velocidade variável, a massa de
material deslocado podendo envolver grande volume de material. Por vezes,
quando o material em movimento não atinge o equilíbrio no sopé da zona
instabilizada, por esta se encontrar em cima da base do talude, podem
alcançar velocidades elevadas, dando lugar a fluxos de terras ou detritos.
8
A superfície ou plano de ruptura é uma calota esférica mais ou menos
regular e determina uma topografia superficial côncava na zona superior e
convexa na inferior. A cicatriz em planta tem a forma de meia-lua.
Neste tipo de movimento, é possível distinguir as seguintes zonas:
a. Cabeceira do talude - limite a partir do qual o movimento teve início;
b. Escarpa do talude - exibe parcialmente a superfície côncava ao longo da
qual ocorreu o movimento;
c. Pé do talude - zona de acumulação do volume de material que sofreu o
movimento.
Os escorregamentos rotacionais podem ainda ser classificados em simples,
múltiplos ou sucessivos.
No caso de ser simples, o movimento é caracterizado por uma superfície de
deslizamento ao longo da qual a massa se move como uma única unidade.
Um escorregamento múltiplo desenvolve-se de modo análogo ao
escorregamento simples, à diferença reside no fato de existirem várias
unidades deslizantes, que se movimentam paralelamente à superfície de
ruptura inicial, tornando-se, por vezes, muito difícil de distinguir este movimento
do escorregamento simples uma vez que só é possível distinguir a parte
superior do bloco deslizante.
Num escorregamento sucessivo ocorrem roturas sucessivas de pequena
profundidade, mas com grande continuidade lateral. O movimento manifesta-se
predominantemente em argilas fissuradas quando a inclinação do terreno é
próxima do estado de equilíbrio limite, ou em argilas brandas onde o
desencadear do movimento provoca a acumulação de argila remoldada que
pode fluir ao longo da ruptura, dando origem a uma perda de suporte dos
materiais situados a montante na encosta.
9
Figura 2.1.1.b – Ilustração de tipos de escorregamentos.
2.1.2 Escorregamento translacional ou planar
A ruptura ocorre nesse tipo de escorregamento segundo superfícies de
fragilidade planas que coincidem com superfícies de estratificação, de
descontinuidades ou de contato entre diferentes tipos de materiais.
Os movimentos são comuns em solos ou rochas, ao longo de uma
superfície de ruptura coincidente com o limite inferior do nível constituído por
material meteorizado. O material em movimento apresenta grande deformação,
e abrange várias unidades semi-independentes, uma vez que a massa se
rompe por cisalhamento e progride sobre uma superfície plana, (motivo porque
também são designados como escorregamentos planares), (Figura 2.5).
Esses escorregamentos se destacam por serem normalmente mais
rápidos que os escorregamentos rotacionais, ocorrendo habitualmente numa
zona mais superficial do talude e não envolvendo geralmente grandes
espessuras de terreno.
10
Figura 2.2.2 – Ilustração de deslocamento translacional.
2.1.3 Escorregamento misto
Esse escorregamento é á combinação de dois ou mais dos tipos de
movimentos simples supracitados. A ocorrência desses movimentos são
comuns em maciços heterogéneos que sejam cobertos por solos homogéneos,
ou em bancadas rochosas cuja inclinação seja favorável ao movimento e que a
superfície de ruptura corte um plano de contato entre as formações e um leito
de argilas brandas ou muito plásticas. Origina na fase inicial uma superfície de
ruptura esférica e uma cicatriz em meia-lua, mas os socalcos formados após o
início do escorregamento planar deixam de ser compressivos passando a
existir um afastamento entre eles.
Figura 2.1.3 – Ilustração de deslocamento misto.
11
2.1.4 Expansão lateral de blocos
A expansão lateral de blocos ocorre por deslocação, extremamente
lenta, de blocos rochosos que já se encontravam separados entre si por
descontinuidades.
Este movimento desenvolve-se devido à existência de material
subjacente de elevada plasticidade que possibilita a subsidência dos blocos
superiores ficando estes susceptíveis a sofrerem movimentos de rotação de e
translação.
Figura 2.1.4 – ilustração de expansão lateral de blocos.
2.2 Erosão
O processo erosivo acontece devido a destruição da estrutura do solo e sua
remoção, principalmente pela ação das águas de escoamento superficial,
depositando-os em áreas mais baixas do relevo. A erosão pode acontecer
tanto em encostas naturais como em taludes de corte e de aterro, pode se
apresentar por escoamento laminar, lavando a superfície do terreno como um
todo, sem formar canais definidos. Outra forma é por escoamento concentrado,
formando as ravinas e podendo chegar à configuração de voçorocas, à medida
12
que atinge o lençol freático. Apesar da velocidade lenta, porém contínua e
progressiva ao longo do tempo, tem elevado poder destrutivo.
De maneira geral, a erosão é responsável por grande parte dos problemas
que ocorrem ao longo das rodovias da malha estadual, principalmente quando
se formam as ravinas ou voçorocas, que chegam a atingir os terrenos
adjacentes. Sua ação pode se dar sobressaindo-se aos demais processos ou
combinada a outros eventos, tais como escorregamentos, cabendo-lhe o papel,
muitas vezes, de agente predisponente à ocorrência destes escorregamentos.
Figura 2.2 – Erosão em talude n rotatória Av. Eng. Pedro Guerra com MG –
129 – ITABIRA-MG
2.2.1 Erosão em taludes de corte ou aterro
Em sulcos (taludes em cortes e aterro) – correspondem a sulcos
aproximadamente paralelos, presentes normalmente nos taludes de
maior declividade e sem proteção superficial, formados pelo escoamento
de água superficial. De um modo geral este tipo de problema é comum
em solos saprolíticos, intensificando-se naqueles com predominância de
material siltoso.
13
Como medida preventiva para esse tipo de fenômeno, temos
implantação de sistema de drenagem superficial ou regularização do
talude, com implantação de proteção superficial.
Figura 2.2.1.a – Foto de um talude com erosão em sulcos.
Diferenciada (taludes em cortes) – processos erosivos que ocorrem em
taludes de corte constituídos por materiais com diferentes
suscetibilidades à erosão. Devido ao diferente avanço da erosão, é
comum ocorrer o descalçamento das partes superiores mais resistentes,
em consequência de uma erosão mais intensa na camada inferior.
Figura 2.2.1.b – Foto de erosão diferenciada. (Esta foto foi tirada em Vila
Velha no Paraná).14
2.2.2 Erosão associada a obras de drenagem
Geralmente localizada no final de canaletas, valetas e saídas de linhas
de tubo. Erosão ocorrida quando as obras de drenagem responsáveis por
conduzir as águas superficiais para fora dos limites do corpo da estrada são
executadas de forma inapropriadas, sem as medidas necessárias para a
dissipação de energia.
Figura 2.2.2 – Erosão causada por sistema de drenagem.
2.3 Queda de blocos
Corresponde à queda livre de blocos de rocha, de detritos ou solo,
favorecida por superfícies de descontinuidade pré-existentes. Uma massa de
qualquer tamanho, de solo e/ou rocha é destacada de um talude muito
inclinado verificando-se que o deslocamento cisalhante ao longo da superfície
de rotura é mínimo ou nulo, (Figura 2.1). O deslocamento ocorre principalmente
por queda livre, por rolamento ou saltação do material, caracterizando-se estes
movimentos por serem rápidos a extremamente rápidos.
15
Este tipo de movimento ocorre frequentemente em formações de
características resistentes bem diferenciadas. A ação diferencial da erosão
origina uma diferença na saliência das camadas ficando os trechos mais
resistentes em forma de consola, que ao atingirem determinadas espessuras
podem colapsar por ação gravítica.
Figura 2.3 – lustração de queda de blocos.
2.4 Tombamento
Este tipo de movimento tem origem na ação de forças que impulsionam
colunas ou painéis de rocha para o exterior do maciço.
O destaque destas cunhas rochosas deve-se:
Existência de descontinuidades que, ao favorecerem a infiltração
de água para o interior do maciço, promovem o desenvolvimento
de pressões hidrostáticas elevadas;
Diferença entre as características de resistência do material que
constituí a parte superior da escarpa e o terreno subjacente,
induzindo esforços de tração na zona menos dúctil por cedência
progressiva da base de apoio dos blocos.
16
As camadas não estão sujeitas de um modo uniforme aos efeitos da
alteração, sendo a área mais externa a mais afetada. Este facto traduz-se
numa variação lateral da compressibilidade da camada o que origina
assentamentos diferenciais na camada superior. Estes deslocamentos serão
máximos na parte mais externa da camada e mínimos na parte interna, sendo
este facto, só por si suficiente para desencadear movimento. Na figura 2.4,
apresenta-se um esquema deste tipo de movimento.
Figura 2.4 – lustração de tombamento de um maciço rochoso.
2.5 Rastejo
O Rastejo (Creep), ainda que não seja habitualmente considerado um
movimento de vertente, constitui uma outra situação particular de fluxo, que se
caracterizada por um movimento ocorrer a uma taxa extremamente lenta. O
rastejo é imperceptível, sendo deduzida por meio da instrumentação ou com
base em indícios que provoca no meio.
Este tipo de movimento afeta maciços terrosos, provocando deformações
contínuas que se manifestam ao longo do tempo através da progressiva
inclinação de árvores ou postes existentes nos taludes.
17
Figura 2.5 – lustração de movimento de rastejo.
3 CAUSA PARA A OCORRÊNCIA DESTE TIPO DE FENÔMENO
O balanço entre as forças internas e forças externas que atuam sobre os
taludes determinam nas situações de instabilidade que as forças
destabilizadoras superaram as forças estabilizadoras, ou resistentes,
resultando deste fato o movimento. Os movimentos de terreno nos taludes são
controladores por diversos fatores que influenciam as forças internas e
externas atuantes.
Nesta secção são abordados e desenvolvidos os conceitos de agentes
desencadeadores, e de agentes controladores, bem como os seus efeitos e
influências nos maciços.
Os agentes ativos ou eletivos (fatores desencadeantes) são os fatores
externos responsáveis pelo desencadear do movimento, colocando o talude
num estado de instabilidade ativa;
Os agentes passivos ou predisponentes (causas ou fatores condicionantes),
dependem da natureza, estrutura e morfologia do maciço que controlam e
determinam as características do movimento (geometria, velocidade e duração)
a partir do momento em que este se inicia. Os agentes controladores com base
nas propriedades físicas e resistentes dos materiais relacionados estritamente
com a sua litologia, e nas suas características morfológicas e geométricas,
determinam a predisposição de um talude à instabilidade
18
Tabela 3. Representação dos agentes ativos e passivos
Agentes Influencias e Efeitos
Agentes
Ativos
Precipitação
Variações nas pressões intersticiais.
Saturação do solo.
Erosão.
Modificações nas
condições
hidrogeologicas
Variação na distribuição do peso dos
materiais e do estado de tensão do
talude
Aumento das pressões intersticiais.
Aplicação de cargas
estáticas
ou dinâmicas.
Variação na distribuição do peso dos
materiais e do estado de tensão do
talude;
Aumento das pressões intersticiais.
Modificações
morfológicas ou
geométricas dos
taludes.
Variação das forças devidas ao peso
Modificações no estado de tensão.
Erosão
Variações geométricas do talude
Alteração na distribuição do peso dos
materiais e no estado de tensão do
talude
Ações Climáticas
Alteração da percentagem de água no
terreno
Ocorrência de fendas e planos de
instabilidade
Diminuição das propriedades
resistentes
Agentes
Passivos
Relevo Distribuição do peso do terreno
Litologia (composição
mineralógica e
textura)
Densidade
Resistência
Comportamento Hidrogeológico
Estrutura geológica e
estado de tensão
Resistência/deformidade
Comportamento descontinuo e 19
anisotrópico
Zonas de fraqueza
Comportamento Hidrogeológico
Geração de pressões intersticiais
Desflorestação
Modificações no balanço
hidrogeológico
Alteração
Modificações físicas e químicas
Erosão externa e interna
Fonte: Lina Manuela Pereira de Matos, (2008).
3.1 Agentes Ativos
A influência das condições climáticas nos movimentos de terreno
relacionam se fundamentalmente com o volume, intensidade e distribuição da
precipitação. A presença de água diminuiu a resistência dos materiais,
nomeadamente por modificação de estado físico dos solos argilosos,
proporcionando o incremento das pressões intersticiais e favorecendo
processos de erosão interna e externa. A água pode igualmente promover
alterações mineralógicas ao nível dos materiais constituintes.
A infiltração de água origina fluxos superficiais e subterrâneos que
conduzem ao aumento do volume de água na zona saturada e consequente
subida do nível freático, assim como a geração de forças de percolação que,
caso se orientem paralelamente ou em direção ao exterior do talude
contribuem para a sua instabilização. A quantidade de água que se infiltra no
terreno depende da água pré-existente (posição do nível freático e grau de
saturação), da permeabilidade e transmissividade do terreno, da topografia e
de outras características externas como a densidade de vegetação.
Dependendo destes fatores podem gerar-se estados de desequilíbrio que dão
origem a instabilidades nos taludes. O comportamento hidrogeológico dos
materiais depende de parâmetros intrínsecos, tais como a litologia e grau de
fraturarão, e extrínsecos, relacionados com as condições climáticas regionais,
que influenciam o grau de alteração.
20
Em zonas de baixas temperaturas, os processos de gelo-degelo são
igualmente responsáveis por fenômenos de instabilidade de taludes. No caso
do processo de gelo- degelo se desenvolver período curto, ocorre um aumento
repentino do teor em água, o que em materiais soltos, conduz facilmente ao
desequilíbrio.
Os sismos também podem estar na origem de movimentos de vertente e
mesmo reativar antigos escorregamentos em estado de equilíbrio limite.
A ação humana assume um papel fundamental entre os fatores que modificam
as condições de estabilidade de um talude. As terraplenagens (escavações e
aterros) efetuadas na modelação do terreno para implantação de uma obra
modificam o estado de tensão do maciço, devido a alterações na geometria e
nas condições hidrogeológicas.
As propriedades geomecânicas controlam a resistência ao corte do
material. Os solos, devido ao seu caráter homogêneo e isótropo, apresentam
menor complexidade na sua caracterização, enquanto nos maciços rochosos, a
sua resistência e comportamento resulta das propriedades da matriz rochosa e
das descontinuidades.
O relevo assume um papel importante verificando-se que é necessário
existir uma inclinação mínima que desencadeie o movimento gravitacional.
Regiões com relevo mais acidentados (montanhosos) são potencialmente mais
propícias à ocorrência de movimentos de terrenos designadamente de alguns
dos seus tipos. No entanto, este fator não deverá ser considerado
determinante, dado que podem ocorrer instabilizações de grande dimensão em
zonas com pendentes suaves.
3.2 Agentes Passivos
A estrutura geológica, estratigrafia e litologia controlam a potencialidade
dos movimentos nos diferentes tipos de materiais. A existência de superfícies
de fraqueza (descontinuidades e contactos entre diferentes materiais), a
constituição mineralógica, a resistência e a deformabilidade, o grau de
alteração e fratura, a porosidade e a permeabilidade são fatores, que
favorecem a rotura do material, podendo ser responsáveis pelo desencadear
do movimento.
21
A existência de água assume uma ação primordial por diminuir as
características de resistência dos materiais, designadamente:
Reduzindo a resistência ao corte, por geração de pressões intersticiais e
anulamento de tensões neutras negativas;
Aumentando os esforços de corte por incremento do peso do terreno e
formação de forças instabilizadoras em descontinuidades.
A influência dos agentes controladores nos aspectos relacionados com o
comportamento geomecânico dos solos e das rochas revelam-se
essencialmente na redução da resistência ao corte e no aumento dos esforços
de corte.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
22
NILSSON, Thomas (2010). Uma metodologia preventiva e multidisciplinar
para prevenção de taludes rodoviários, COMBRAMSEG 2010. Jundiaí/ SP,
Brasil. 8 p.
M. LINHARES, Raquel, (2011). Analise de Estabilidade de Talude
Rodoviário em Solo Residual. UFRJ, Rio de Janeiro/ RJ, Brasil. 46 p.
M. MARINHO, Fernando, (2010). Conceitos sobre Estabilidade de Taludes. USP, São Paulo/SP, Brasil. 58 p.
M. M. JUNIOR, Dirceu,Taludes Rodoviários – Orientação para Diagnósticos
e Soluções de Problemas. IPT/Instituto de Pesquisa Tecnológica. 58 p.
ROSSI MANHAGO, Simone, (2008). Técnicas de Revegetação de Talude de
Aterro Sanitário. UFRRJ, Rio de Janeiro/RJ, Brasil. 18p.
F. CARDOSO, Dr. Francisco. (2002). Sistema de Contenção. USP, São
Paulo/SP, Brasil. 31p.
M. P. MATOS, Lina, (2008). Estabilidade de talude em rochas silto-argilosas. Técnicas de remediação para rotura superficiais. Lisboa – Portugal, 180.p.
23