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1 O Cidadão 3 LEI MARIA DA PENHA 5 MORADOR DA MARÉ DISCUTE MAIORIDADE PENAL 6 MEDALHA VÊM PARA MARÉ 19 ALIMENTO TAMBÉM É SAÚDE RIO DE JANEIRO • ANO IX • Nº52 • SETEMBRO/OUTUBRO 2007 www.jornalocidadao.net Aborto Aborto O que os mareenses pensam sobre o assunto
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o cidadão 52

Jan 29, 2016

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jornal comunitário da Maré
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Page 1: o cidadão 52

1O Cidadão

3 LEIMARIA DA PENHA 5 MORADOR DA

MARÉ DISCUTE MAIORIDADE PENAL6 MEDALHA

VÊM PARAMARÉ 19 ALIMENTO

TAMBÉM ÉSAÚDE

RIO DE JANEIRO • ANO IX • Nº52 • SETEMBRO/OUTUBRO 2007www.jornalocidadao.net

AbortoAbortoO que os mareenses pensam sobre o assunto

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2 O Cidadão

EDITORIAL

A vida nas linhas do jornal

ELES LÊEM O CIDADÃO

À esquerda, Uilian Gonçalves, de 35 anos, pre-sidente do COMOVIP, acima, Tatiane Santos, de 19 anos, atriz da peça “Qual é a nossa cara”

O Cidadão é uma publicação do CEASMCentro de Estudos e Ações Solidárias da Maré

Sede Timbau: Praça dos Caetés, 7 - Morro do TimbauTelefones: 2561-4604

Sede Nova Holanda:Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 - Nova HolandaTelefone: 2561-4965

DireçãoAntonio Carlos Vieira • Cláudia Rose Ribeiro

Edson Diniz • Eliana Souza SilvaMaristela Klem • Lourenço Cezar

Coordenadora Geral: Rosilene MatosEditora: Cristiane BarbalhoCoordenadores de Edição:

Flávia Oliveira • Aydano André MottaCoordenadora de Reportagem: Carla Baiense

Revisão: Viviane Couto e Audrey BarbalhoAdministrador: Hélio Euclides

Reportagem: Cristiane Barbalho • Gizele Martins • Hélio Euclides • Renata Souza

Rosilene Matos • Silvana Sá Colaborou nesta edição:

Rede MemóriaJornalista Responsável:

Ellen de Matos (Reg. 27574 Mtb)Ilustrações:

Jhenri • Carlos Contente • Damião BritoPublicidade: Elisiane Alcantara

Projeto Gráfico e Diagramação: José Carlos BezerraDiagramação: Fabiana Gomes

Criação do Logotipo: Rosinaldo LourençoFoto de Capa: Hélio Euclides

Repórter Fotográfi co: Hélio Euclides Distribuição: Maria Matilde (coordenadora)

Ana Carla • Charles AlvesGivanildo Nascimento • Regiane de Matos

José Diego • Rosilene Ferreira Luiz Fernando

Fotolitos / Impressão: EdiouroTiragem: 20 mil exemplares

Correio eletrônico: [email protected]@yahoo.com.br

Página virtual: www.ceasm.org.br

FOTOS DE HÉLIO EUCLIDES

O CIDADÃO abre a discussão so-bre a legalização do aborto den-tro da Maré, após o governo fe-

deral ter levado esse assunto à mídia. Esse fato causou muita polêmica entre grandes entidades, inclusive igrejas. Mas como o assunto chegou na Maré? Esse era o ques-tionamento jornalístico que desejávamos descobrir. Então buscamos a resposta ouvindo moradores, representantes reli-giosos e especialistas. E principalmente a mulher, que por diversos motivos, algu-mas vezes procura clínicas de “fundo de quintal”, para interrupção da gestação.

O nosso papel como comunicado-res é o de nunca interferir no tema, não sendo a favor ou contra. Nas entrevistas realizadas para a matéria muitas pessoas expressaram-se a favor do aborto quando ele é resultado de estupro ou quando a mãe corre risco de morte. Isso mostra um posicionamento diferente do religioso ou dos que defendem radicalmente a lega-lização do aborto. Os mareenses, princi-palmente as mulheres, demonstraram-se

a favor em certos casos, como já citado, porém os homens, em sua maioria, colo-caram-se contra a interferência na gesta-ção. Sabemos que cada pessoa tem a sua opinião, por isso, buscamos produzir uma matéria que faça ambos os lados pensa-rem nas conseqüências e motivações para a realização do aborto.

O jornal também trás reportagens leves que buscam informar o morador sobre assuntos pertinentes à sua vida. Esse é o caso da matéria das frutas, verduras e legumes que mostra a im-portância do consumo desses alimen-tos para a saúde. A ginástica na terceira idade também está presente em nossas páginas, mostrando que a prática do exercício não está limitada aos jovens e que é essencial em todas as fases da vida. Mas nem tudo é maravilhoso na vida, por isso tocamos no assunto da maioridade penal que atinge a todos, principalmente os nossos jovens da Maré. Boa Leitura!

Rua Nova Jerusalém, 345 BonsucessoTel:3882-8200 / Fax:2280-2432

A impressão deste Jornal foi possível graças ao apoio da

O Programa de Criança Petrobras atende a diversas escolas públicas da maré.Promove ofi cinas e atividades que se tornam extensão da sala de aula.

Uma conquista dos moradores da Maré

O CIDADÃO recebe o apoio do

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3O Cidadão

CIDADANIA

A mulher e o sistemaPara vivência pacífi ca é preciso lei que proteja o sexo feminino dentro da residência

No conceito da justiça, o homem e a mulher têm direitos iguais. Mas na realidade isso não é tão fácil, ainda

existe cônjuge que se acha dono da compan-heira, causando até lesões corporais. Por isso foi aprovada a lei de proteção a mulher, mais conhecida como Lei Maria da Penha. Ela de-termina a detenção, que antes era de no máx-imo um ano, agora, pode chegar a três. Outro avanço foi a proibição do pagamento de multas ou de cestas básicas como forma de punição. Segundo a Advogada do Centro de Referência à Mulher da Maré (CRMM), An-dréa Ferreira, de 34 anos, a lei é um avanço, mas ainda encontra-se em fase de mudança no judiciário. “A lei tem que pegar pelo cará-ter. Superar problemas, como a insufi ciência do número de defensores público. E tem que se mudar a cultura, mas isso é um processo”, comenta Andréa. A agente de saúde, Luzine-te Casimiro, de 49 anos, já pesquisou sobre o assunto. “Sei que é a lei de proteção da vio-lência contra a mulher. E também que ainda está sendo respeitada em parte, tem que ter mais rigor”, coloca Luzinete.

Para a Assistente Social do CRMM, Adriana Dutra, de 30 anos, qualquer lei tem restrições e provoca a ilusão de que bateu o martelo está pronto, criando expectativas. “Não devemos parar por aí com a lei, esse deve ser o ponta-pé inicial para igualdade da mulher. E os juízes e defensores têm que se incorporar a lei”, ela vai mais além, e diz que a melhora depende de toda sociedade. “A lei

não vale nada se não garantir o direito hu-mano. Não é só o direito à vida, mas a algo social. Englobar emprego e moradia. Não só para a mulher, mas para a população em ge-ral”, desabafa.

As mulheres do bairro que passam por essa situação são encaminhadas ao CRMM, um posto de extensão do Centro de Filosofi a e Ciências Humanas, da UFRJ. Lá recebem assistência jurídica, psicológica e social, além de palestras que ajudam na conscientização. “Mostramos que é um ciclo, o homem agri-de e dá carinho, ou seja, bate e no outro dia envia fl ores. Porém quando está nervoso não bate no patrão”, fi naliza Andréa.

LEI nº 11.340, de 07 de agosto de 2006

Segundo o artigo 1º: Esta Lei cria meca-nismo para coibir, prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher; como Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e também, estabelece medidas de assistência e proteção as mulheres.

O caso Maria da Penha Maia Fernandes

Em 29 de maio de 1983, a biofarmacêuti-ca Maria da Penha recebeu um disparo quan-do dormia, praticado pelo seu ex-marido. A tentativa de homicídio deixou seqüelas per-manentes: paraplégica nos membros inferio-res. Ainda durante o período de recuperação, Maria da Penha sofreu um segundo atenta-do contra a sua vida: seu ex-marido, tentou eletrocutá-la enquanto se banhava. Ela lutou durante 20 anos para ver seu agressor conde-nado, sendo a precursora da lei, e a partir daí conseguiu a cidadania, virou símbolo contra a violência doméstica.

Informações:CRMM: Rua 17 na Vila do João (ao lado

do posto de saúde). Aberto de 2ª a 6ª das 8h às 17h. Tel.: 3104-9896 ou www.cfch.ufrj.br/crmm.

CIAM (Centro Integrado de Atendimen-to à Mulher): 2299-2122 / 2299-2125.

FOTOS DE HÉLIO EUCLIDES

Placa que mostra as entidades que apoiam o trabalho realizado pelo CRMM, na Vila do João, junto as mulheres

Equipe do Centro de Referência à Mulher da Maré, com Adriana Dutra e Andréa Ferreira à frente do grupo

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4 O Cidadão

GERAL

Senado aprovou a redução daDefensores da juventude exigem o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente

HÉLIO EUCLIDES

Redução da idade penal é vista como a solução para a diminuição da violência: crianças tratadas como adultos

“Há um certo oportunismo em reduzir a idade penal”Ignácio CanoPesquisador do Laboratório de Análise da Violência

A polêmica está posta na sociedade: pôr ou não os menores de idade que cometeram crimes no banco

dos réus? Diante da pressão social, a Co-missão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, presidida por Antônio Car-los Magalhães, aprovou no fi nal de abril, com 12 votos a 10, a Proposta de Emen-da Constitucional (PEC) que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal. A de-cisão ainda passará por outras instâncias. Os defensores desta iniciativa alegam que a medida é capaz de diminuir os índices de violência. Já para os que são contra a

redução da maioridade, as leis impostas pelo Estatuto da Criança e do Adolescen-te (ECA) devem ser cumpridas ao invés de pôr a juventude na prisão.

Segundo o pesquisador do Laborató-rio de Análise da Violência da Uerj, Igná-cio Cano, o pico de violência é praticada pelos jovens ocorre entre os 20 e 24 anos, portanto crimes cometidos por pessoas maiores de idade que respondem penal-mente por suas ações. “Há um certo opor-tunismo em reduzir a idade penal. Que-rem levar o debate sobre a violência para a redução da maioridade e uma coisa não tem nada a ver com a outra. Para diminuir a criminalidade entre os jovens temos que ter políticas de inserção social como edu-cação, saúde, lazer e esporte”, diz.

Sistema não recuperaNa Maré, muitos jovens que comete-

ram crimes já passaram pelo sistema só-cio-educativo, que visa reabilitá-los para o convívio em sociedade. Este é o caso

de Jorginho, de 18 anos, morador do Par-que Maré. Segundo sua mãe Denise, de 34 anos, Jorginho já teve 15 passagens por roubo. “Quando ele foi para Instituto Padre Severino fi cou pior. Ele saiu de lá muito revoltado porque apanhava todos os dias. Quando ia visitá-lo, o encontrava com o olho roxo. Ele entrou com 17 anos para o Departamento Geral de Ações Só-cio-educativas (Degase) e saiu aos 18. Queria que ele arrumasse um empre-go, mas as coisas estão muito difíceis. Jorginho ainda não parou de roubar, se droga o tempo inteiro e está viciado em crack”, afi rma.

De acordo com o ex-diretor do De-gase, Sidney Teles, de 49 anos, o sis-tema sócio-educativo não consegue reabilitar os jovens, porque não res-peita suas individualidades e ataca a conseqüência e não a causa do proble-ma. “A maioria dos jovens que estão cumprindo medidas sócio-educati-vas praticaram roubo ou tráfi co de drogas. Os que praticam atos vio-lentos é uma ínfi ma minoria. Ao invés de se criar instrumentos que privem a liber-dade, o Estado deveria criar serviços de atendimento aos jovens envolvidos com drogas e cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente”, afi rma.

Teles acredita que a iniciativa de re-duzir a maioridade penal faz parte do his-tórico de penalização da juventude, prin-cipalmente àquela que não serve para o atual modelo econômico e são excluídos.

“Responsabiliza-se os jovens pelas maze-las dos adultos. Não há uma cultura dos direitos humanos. É fundamental que se

compreenda que direitos humanos não é coisa só para bandido, pois todos têm o direito de ser

humano”, diz.

De acordo com a vice-coordenadora do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social (LI-

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5O Cidadão

da maioridade penal

“Responsabiliza-se os jovens pelas mazelas dos adultos”Sidney Telesex-diretor do Degase

FOTOS DE HÉLIO EUCLIDES

O que você acha da redução da maioridade penal?Diante da polêmica que gira em torno da redução da maioridade penal, O CIDADÃO foi às ruas para saber o que os mareenses acham dessa medida.

“Eu sou completa-mente contra. Acho

que todo mundo tem direito a uma segunda

chance. Os lugares onde são levados

os jovens deveriam dar meios para eles

estudarem e aprender uma profi ssão. Mas

é justamente o contrá-rio, eles saem de lá pior do que entraram”.

Sônia Ferreira, de 43 anos, Baixa do Sapateiro.

“Acho que não deve reduzir a idade penal. Um jovem com 16 anos tem que ser recupera-do e não levado direto para a prisão. O sis-tema sócio-educativo deveria oferecer meios para que o jovem tenha acesso à educação e

saia pensando em fazer o bem para a sociedade”.Paulo Henrique Costa, de 15 anos, Salsa e Merengue

“Acho certo reduzir a maioridade penal. A partir do momento em que fez algo de

errado a pessoa tem que pagar, não

importa a idade. Aqui tinha que ser igual

aos Estados Unidos, onde os menores pagam pelos seus crimes

independente da idade que tenham”.Carmem Trindade, de 31 anos, Vila do João.

“Já deveriam ter reduzido a maiori-dade penal há muito tempo. O menor tem que pagar pelo seu crime. Mas ele não pode fi car junto com os outros presos maiores senão sairá

da prisão pior do que entraram, porque estarão na verdadeira escola do crime.Valmir Gomes, de 46 anos, Conjunto Pinheiro.

“Sou contra. Os Padres Severi-

nos da vida não conseguem fazer

com que os jovens saiam da criminali-

dade. Eles saem de lá revoltados, pois

são tratados como animais. Agora, imagine se esses adolescentes são colocados em presídios

comuns? Sairão uns verdadeiros monstros!”Adriana Ferreira, de 32 anos, Bento Ribeiro Dantas.

“Não adianta reduzir a maioridade penal. Se os jovens estão assim hoje é porque o governo dei-xou de investir neles. É tudo culpa do governo! Como eles querem re-

duzir a maioridade penal se não dão escolas e

emprego para a garotada? O governo deveria inves-tir nos jovens ao invés de colocá-los na cadeia!”

Carlos Henrique Martins, de 32 anos, Marrocos.

PIS) da PUC-Rio, Maria Helena Zamora, o sistema brasileiro como um todo é inade-quado tanto às exigências constitucionais quanto ao seu próprio objetivo “sócio-edu-cativo”. “É preciso desconstruí-lo como par-te do modelo repressivo que coloca pobres

e negros no ‘seu lugar’, na marginalidade. É preciso abdicar do regime da vingança que desconta no infrator pobre todo o ódio por um sistema social absolutamente injusto. É possível também investir nos laços familia-res e comunitários, numa educação de qua-

lidade e na construção e reativação de equi-pamentos sociais que promovam cultura, lazer e esportes”, diz. Para Zamora, todos esses direitos garantidos pela constituição não signifi ca deixar de responsabilizar o jo-vem por sua conduta.

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6 O Cidadão

ESPORTE

Pan-americano e azul da Samsung vem para a MaréCarateca Priscila supera obstáculos e recebe duas medalhas por mérito esportivo

WALDELAMIR GOMES

Priscila posa já com a medalha no peito ao lado dos representantes da ACB, Confederação e de seu treinador

“Eu vi um brilho interno muito grande nela. Se tivesse que fazer tudo de novo, faria, pois valeu a pena”Igo MagalhãesTreinador de Priscila

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Segundo Christian, do estado de Salvador, Priscila deu um ip-pon no preconceito, um nihon

nas dificuldades da vida, e um sanbon nas barreiras. Isso resume o que a fai-xa roxa, Priscila Xavier da Silva al-cançou no mês de agosto. No dia 25, ela conquistou a Medalha Azul da Sa-msung, concorrendo com mais dois atletas após concurso realizado na in-ternet para escolha do melhor espor-tista. E na noite de 29, a menina da Vila do João, recebeu na Câmara Mu-nicipal do Rio de Janeiro, a Medalha de Mérito Esportivo Pan-americano.

Apesar de em quatro anos de car-reira já acumular cerca de 60 meda-lhas e dois títulos internacionais, a vida da garota mareense só mudou após a aparição no quadro Minha Pe-

r i f e r i a d o Fa n t á s -t i c o , apresentado por Regina Casé. Onde mostrou seu esforço para trei-nar. Contudo seu

treinador, Igo M a g a l h ã e s , não deixou de acreditar nela. “Eu vi um bri-

lho interno muito gran-de nela. Se tivesse que fazer tudo de novo, fa-

ria, pois va-leu a pena”, confessa.

No con-curso promovi-do pela empresa de eletrônicos, o objetivo foi incentivar jo-vens promes-sas do esporte Olímpico na-cional, atra-vés do pa-

trocínio a três atletas mirins visando proporcionar melhores condições de treinamento e incentivo em suas carrei-ras. E a carateca da Maré levou o títu-lo, com 47,32%. “Agradeço a todos que votaram e divulgaram, e os que me aju-daram de todas as formas até em pensa-mento e principalmente a Deus. Estou super emocionada com tudo.”, revela Priscila, de 13 anos.

Na solenidade para entrega da Me-dalha do Mérito Pan-americano, foi explicado que a nova comenda mu-nicipal foi criada com o objetivo de fortalecer o esporte brasileiro e in-tensificar a discussão sobre o espor-te. Após votação em plenário, o nome de Priscila foi aceito, e no recebimen-to a atleta não se conteve, a emoção fez surgir lágrimas. “Não acredito que cheguei tão longe. Dedico a minha fa-mília que sempre me apoiou nas der-rotas e vitórias. Passamos por diver-sas dificuldades, mas não foi em vão, estou aqui”, discursa.

O momento também foi de co-brança. O mobilizador social da Ação Comunitária do Brasil, da Vila do João, Sérgio Carlos, desa-bafou. “Vivenciamos um paradig-

ma social. Um momento econômico que massacra o povo brasileiro. Os representantes precisam dar espa-ço para as classes populares”. Esse pensamento foi compartilhado pela vereadora Andréa Gouvêa. “É difí-

cil de ouvir que, para Priscila via-jar, é necessário passar o pires. O Pan gastou muito, mas precisa gerar conseqüência. Com inclusão via es-porte”, completa. Os próximos pas-sos para Priscila de 1,59m de Altu-ra e pesando 56 quilos, é a disputa do campeonato brasileiro e ano que vem o mundial.

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7O Cidadão

Baú literário da Ação ComunitáriaBaú Literário da ACB é reformado na Vila do João

AÇÃO COMUNITÁRIA DO BRASIL Rua 11, na quadra 5 – Vila do João. Tel: 3868-7056 www.acaocomunitaria.org.br RIO DE JANEIRO Sede: Rua da Candelária, 4, Centro – Tel/fax: 2253-6443

apoio do Programa Fundo Canadá de Apoio a Iniciativas Locais.

Mais do que um incentivo o Baú Literário é também reforço escolar den-tro das atividades do projeto Ação Escola, patrocinado pela Fundação Joaquim. Em parceria com escolas locais, a ACB/RJ recebe alunos com defi ciência no apre-ndizado, ou seja, alunos atrasados em relação à idade e a série que cursam. A ofi cina é aberta à Comunidade, ou seja, basta procurar a ONG e fi car a par dos procedimentos para inscrição. Só no úl-timo ano as atividades do Baú chegaram a atingir mais mil crianças, dentro e fora das instalações da Ação Comunitária.

Assim que as crianças viram o es-paço renovado fi caram espantadas e fe-lizes. Fizeram muitas perguntas e a mais repetida era, “A sala é nossa?”. A res-posta, em forma de negociação, insinua que sala é de todos, desde que cuidem.

Texto: Cris Araujo Todo mundo fi cou feliz com o novo

visual e os materiais novos da sala do Baú Literário da Ação Comunitária do Brasil/RJ (ACB/RJ). O espaço é desti-nado à contação de histórias e ao es-tímulo à leitura. As novas instalações ganharam ainda computadores com impressora, DVD e muitos brinquedos, que deixaram a sala com ar alegria e conhecimento. Tudo com isso com o

A coordenadora pedagógica Ana Paula Degane afi rma que o intuito é:

- Fazer com que as crianças ten-ham amor pelo espaço e assim com-preendam que também é delas e por isso deve ser cuidado. Desde os livros até os brinquedos e móveis. O objetivo é despertar o hábito da leitura nelas e fazer com que vejam o espaço como algo a ser passado para outras crian-ças conforme forem crescendo.

Daniela Pinto, coordenadora do Fun-do Canadá e protagonista na reforma do Baú Literário da Vila do João, elogia o espaço de conhecimento e diversão:

- Estou muito impressionada com o trabalho de vocês. Ver a participação das crianças me deixou muito emocio-nada. A sala fi cou linda e a gente fi ca muito feliz de ver o resultado do trabal-ho feito com a nossa apoio. Vocês estão de parabéns!

Foto: Ronaldo Breve

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8 O Cidadão

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9O Cidadão

NAS REDES DO CEASM

Ceasm comemora dez anosAgosto marca o início das atividades da ONG que visa a transformação da Maré

Em agosto de 1997 surgiu o Cen-tro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm) com o objetivo

de realizar uma transformação política na comunidade. Sua principal frente de atua-ção na época era incluir os moradores da Maré nas universidades públicas. E para comemorar seus dez anos, a ONG organi-zou quatro dias de festas para moradores e colaboradores. As festividades tiveram início no dia 14 de agosto com o “Café com Memória”, no Museu da Maré, que contou com a presença dos moradores mais antigos da comunidade. No segun-do dia foi organizado um debate com os alunos do curso pré-vestibular, do Ceasm Timbau, com o tema Educação, Comu-nicação e Cultura. Atividades culturais, exposições, música e almoço comunitário aconteceram no dia 16, na Casa de Cul-tura da Maré. As atividades foram encer-radas no sábado, com uma festa.

Antonio Carlos Vieira, diretor do Ceasm, iniciou a festa às 20h falando

do grande sonho que era o Ceasm. E que depois de algum tempo tornou-se realidade. Pontuou a importância das pessoas que estudaram e colaboram hoje com a instituição e com o desen-volvimento da Maré. Falou também da importância do centro para os morado-

res da Maré. Em seus dez anos, mais de oito mil pessoas passaram pela ONG e 600 foram aprovadas no vestibular.

Para o ex-aluno do pré-vestibular e atual aluno de matemática da Uerj, Eral-do Carlos, de 34 anos, o Ceasm é muito importante para a comunidade. “Eu acho que é uma instituição que colaborou com muitas pessoas que estavam para-das, sem objetivos. Hoje, elas estão na universidade vendo um mundo diferente daqui. O Ceasm nos ajudou a ampliar nossos horizontes, ideais e fi losofi a de vida”, relata.

A moradora Marilene Rodrigues, de 39 anos, que também estava pre-sente na festa, falou da importância do Ceasm para os moradores da Maré. “Tenho certeza que o Ceasm ajudou muito a todos, principalmente através dos cursos que tem. Porque muitos de nós não temos condições de pagar um outro, e isso aqui vale muito. Minha filha, por exemplo, faz o curso prepa-ratório aqui”, diz.

CURSOS

O Cidadão dá dicas de cursos

NutriçãoA Nutrição é reconhecida como o

campo de conhecimento que investiga a relação homem-alimento mediada por si-tuações historicamente determinadas que envolvem aspectos biológicos, sociais e econômicos e o estudo dos processos decorrentes da ingestão de alimentos, da

biodisponibilidade de nutrientes, bem como da produção, distribuição e con-sumo desses alimentos.

Duração: 8 semestres.

Curso: Pode ser encontrado na UFRJ, UERJ e UFF.

Jovens se encontram em instalações do Ceasm Timbau e conversam sobre a tragetória da ONG dentro da Maré

FOTOS DE PROJETO NIC/CEASM

A mesa estava farta de comida, numa comemoração que agradou a todos os convidados presentes no evento

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10 O Cidadão

Maré no Festival do RioO bairro mostrou presença no encon-

tro internacional de cinema. O longa-me-tragem ‘A Grande Família’ abrilhantou o espaço da Lona Cultural Herbert Vianna,

com direito à pi-poca. Em outro pon-to foram realizadas

exibições do ‘Maré, Nos-sa História

de Amor’, que conta a tragédia de Romeu e Ju-lieta nos dias de hoje, que tem como cenário

Marcílio Dias. O grupo Nação Maré organizou a trilha sonora do fi lme. “É maravilhoso mostrar o nosso trabalho. E ajudar na composição dessa fi cção. É uma trama legal, que busca a realida-de, fazendo pensar”, comenta o músico, MS Bom, de 26 anos.

E POR FALAR EM ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAISREPRODUÇÃO

APAR – Associação Patrulha Jovem do RJ

Endereço: Rua Luiz Ferreira, 217 (na sede da igreja de Nossa Sra. dos Naveg-antes) Morro do Timbau – Maré CEP: 21042-210Tel.: 2560-4804 / 2560-3467 / 2560-4943Natureza da instituição: Projeto do Rotary Club – entidade sem fi ns lucra-tivos.Fundação: 1986 – atua na Maré desde 2000Principais atividades:a - Curso de iniciação ao mercado de trabalho: preparação de jovens de 14 a

16 anos, que estejam cursando no mínimo a 5ª série do Ensino Fundamental, para o mercado de trabalhob - Curso de informática comercial e op-erador de telemarketing (complementar ao curso de iniciação ao mercado de trabalho)Abrangência do atendimento: somente para moradores da Maré

CAMEP – Centro de Apoio ao Me-nino Patrulheiro

Endereço: Via A-1, 150 – Vila do Pin-heiro - Maré – CEP: 21042-020Telefone: 9854-6729

E-mail: [email protected] da instituição: AssociaçãoFundação: 2003Principais atividades:a - Curso de informáticab - Estágio para adolescentesc - Refl exão sobre cidadania e saúdeAbrangência do atendimento: mora-dores prioritariamente da Maré.

Entidades não-governamentais no Catálogo de Instituições da Maré

Nocaute na exclusão social

Centro Esportivo e Educacional Luta Pela Paz comemorou seus sete anos de ação. O espaço localizado na Nova Holanda atende 360 inscritos, de sete a 25 anos, que realizam aulas de boxe, capoeira e luta livre. Com um quadro de 15 profi ssionais, sendo a maior parte da Maré. “Me sinto grata com essa equipe de base comunitária. Depois dessa festa estaremos dando início para uma nova jornada”, afi rma a coordenadora Leriana Figueiredo, de 37 anos. O evento do dia 22 de agosto contou com apre-sentações teatrais, e ao fi nal um grande bolo.

Vila apaga as velinhasA primeira fase do Projeto Rio foi ini-

ciada em 1982. Com a remoção, nascia o primeiro conjunto habitacional, batizado de Vila do João. No feriado da indepen-dência a comunidade comemorou os seus 25 anos de fundação. A associação de moradores fechou a Rua 14 e organi-zou diversas brincadeiras, com direito a bolo para os cidadãos presentes.

Qual é a nossa cara?Esse é o título da peça que foi apresen-

tada na Casa de Cultura da Maré. Reunindo sete jovens moradores do bairro, a Compa-nhia Marginal interpreta vários fatos do dia-a-dia da Nova Holanda. “É uma peça sobre a memória dos moradores e dos próprios atores. É um retalho dos fatos, após capta-ção das histórias”, comenta a diretora Isabel Penoni, de 28 anos. Em umas das cenas a atriz Priscilla Andrade abre uma caixa com artigos de recordações. Entre eles O CIDA-DÃO, número 27, e fala de seu artigo sobre valorização de ser mareense. “Ela abre os guardados e relata o que faz parte da his-tória da Maré”, diz a diretora. O grupo foi contemplado pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz.

Quase dois irmãosEsse foi o fi lme apresentado na Rua Sar-

gento Silva Nunes, para a comunidade da Nova Holanda, na noite de 19 de setembro. O evento foi promovido pela Pró-Reitoria de Extensão, da UFRJ, com fi nalidade de mo-bilizar moradores, estreitar laços e divulgar ações dessa instituição na localidade. “Essa é a primeira exibição, e foi legal. O objetivo foi de perceber os projetos da faculdade no bairro Maré. Como o laboratório de inclu-são digital, musicultura, alfabetização para jovens e adultos e o Núcleo Interdisciplinar de Ações para Cidadania (NIAC)”, diz o Coordenador do Núcleo de Comunicação, Alexandre Bortolini, de 27 anos. A estudante do pré-vestibular do Ceasm Nova Holanda, Luciana Alves, de 22 anos, gostou do tema exposto no fi lme. “Interessante como foi a divisão da violência, e o apoio dos crimi-nosos políticos no início. Isso refl ete o que vemos hoje”, afi rma Luciana.

JOÃO PENONI

Companhia Marginal em cena na Casa de Cultura

Lula na FioCruzO Presidente Luiz Ignácio Lula da

Silva, na manhã do dia primeiro de Out-ubro, inaugurou o Centro de Produções de Antígenos Virais (CEPAV), na Fundação Oswaldo Cruz. Essa foi a sua segunda visita, em menos de um ano no local.

ACONTECEU NA MARÉ

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11O Cidadão

HÉLIO EUCLIDES

Jovem ao computador acessando o orkut, página de relacionamento virtual, que tem milhares de pessoas cadastradas

GERAL

Orkut gera confusão na MaréTudo fi ca à mostra, sua identidade e sua vida. O tumulto está formado

LucratividadeEnquanto isso, a febre das pá-

ginas de relacionamentos virtuais já rende muito aos seus criadores. Só o Brasil corresponde a cerca de 60% do volume de tráfego do siste-ma, com mais de 20 milhões de usu-ários do orkut. “No meu trabalho eu tenho acesso livre à internet, então fi cava conectada praticamente o dia inteiro, é muito tempo desperdiça-do. É muito viciante, quanto mais você sabe das coisas mais você quer saber. Lá em casa tenho o plano que custa R$ 70” , conta Viviane. A estudante decidiu que não vai fi car perdendo horas do seu tempo para fi car sabendo da vida alheia. “Vou aproveitar o meu tempo com coisas mais produtivas”, completa.

O turco-alemão Orkut Buyukkokten, engenheiro de software que in-ventou o site de relacionamentos

batizado com seu prenome, não imagina a confusão que está arrumando na Maré. A ga-rotada, para participar da página virtual, anda inventando a idade, namorando escondido, arquitetando fofocas e gastando dinheiro “a torto e à direita”. “Todo dinheiro que minha fi lha pega ela gasta na lan-house. Já dei uma surra nela porque fi quei sabendo que ela es-tava arranjando namoradinho pelo orkut. Ela tem apenas 12 anos, não tem idade para na-morar. Ela está proibida de entrar nesta pági-na virtual”, diz Marlene Albuquerque, de 45 anos, moradora da Nova Holanda.

Mas o que é uma simples surra da mãe comparada a destruição de um lindo roman-ce? Isso quase aconteceu com a viciada em páginas de relacionamentos virtuais, Viviane Oliveira, de 24 anos, moradora da Vila do João. “Eu invadi demais a privacidade alheia e acabei me aborrecendo. Briguei com meu namorado por causa de um scrap (recadinho) que uma menina mandou para ele pergun-tando se ele ia a um show na praia. Apesar de não ter nada demais, acabei me chatean-do muito e quase que o namo-r o

terminou”, disse. Segundo Viviane, esse tipo de desentendimento é muito freqüente

entre casais que usam a página, por-que sempre há mensagens e fotos

trocadas que podem gerar con-fusão.

Depois de todo esse tu-multo, Viviane saiu dos

sites de relacionamentos que participava: orkut, msn e google talk. “Eu sempre odiei a invasão de privacidade, muitos detalhes fi cam expostos

e com o orkut não precisa de detetive para saber da

vida de todos sem sair de casa. Quando pensei em sair do site as coisas

boas que ele trazia para mim pesaram. É muito bom encontrar e trocar mensa-

gens com muitos amigos que não estão tão pró-ximos e tam-

bém participar de comunidades para

responder tópicos com assuntos polêmi-cos. Mas aquilo lá é uma ‘fofocaiada’ e as coisas ruins começaram a pesar mais, en-tão acabei me afastando dos contatos que mantinha através do orkut”, diz.

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O Cidadão12 O Cidadão

CAPA

Aborto estimula discusNos últimos meses o debate sobre a legalização do aborto voltou a ser assunto no Brasil

RATÃO DINIZ

O grande questionamento sobre a legalização do aborto coloca em xeque o valor da vida no ventre materno

“Sou contra o aborto. As pessoas são a favor porque a mãe deles não os abortou”Gilson Santosmorador do Morro do Timbau

Todos têm direito à

vida!

O dicionário defi ne aborto como a ex-pulsão do feto do ventre da mãe an-tes do nascimento. No Brasil, es-

sa prática que interrompe a gestação é proi-bida. De acordo com o artigo 128 do Código Penal, ela somente é permitida quando a ges-tante corre risco de morte ou quando a gravi-dez é conseqüência de estupro. Nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Sil-va foi questionado sobre o envio de um proje-to para a legalização do aborto, questão aberta pelo Ministro da Saúde José Gomes Tempo-rão, e afi rmou que não enviara nenhum proje-to ao Congresso. Mas não é de hoje que o te-ma suscita grande discussão. O assunto traz muita polêmica, uma vez que questões reli-giosas, econômicas e sociais estão por trás de cada opinião apresentada. E é por isso que a Maré, cujos índices de maternidade e gravi-

dez precoce são altos, não pode deixar de re-fl etir sobre a proibição ou legalização do abor-to. De acordo com o Censo Demográfi co de 2000, feito pelo Instituto Brasileiro de Pesqui-sa e Estatística (IBGE), a nupcialidade (matri-mônio) e a fecundidade, aumentaram entre os jovens de 15 a 19 anos, em dez anos.

O morador da Vila do Pinheiro, José Hé-lio, de 30 anos, não concorda com a possibili-dade de legalização. “Sou contra o aborto. As pessoas são a favor porque a mãe deles não os abortou”, afi rma. E Gilson Santos, de 28 anos, morador do Morro do Timbau reafi rma a posição de José. “Em qualquer momento eu serei contra o aborto. Minha mulher teve pro-blemas na gravidez os médicos me mandaram escolher entre a mãe e a criança, mas uma mé-dica disse que iria tentar salvar os dois. Hoje, meu fi lho está vivo, saudável”, fi naliza.

Mas nem todos são contra o aborto, como no caso de M., de 42 anos, moradora da Nova Holanda. Com apenas 21 anos, e grávida do seu segundo fi lho, ela decidiu abortar por não ter condições de criar e cuidar de duas crian-ças. “Eu não me arrependo de ter abortado porque eu sei que não teria condições de sus-tentar mais uma criança”, relata. E completa. “Sou a favor até que meninas de 13 e 14 anos também abortem. Sei que nesta idade é muito complicado o aborto e que elas correm riscos de morte, mas elas não têm estrutura para criar um fi lho”.

A mora-dora do M o r -ro do T i m -bau, De-n i s e Brito, de 34 anos, é a fa-vor do abor to quando a criança pode nas-cer com al-gum proble-ma ou quan-do traz ris-co à saúde da mulher e da criança. “Abor-tar por abortar é crime e sou contra”, afi rma. Já S., de 28 anos,

alega ser contra o aborto, mas ressalta que ca-da um tem sua consciência e por isso a lega-lização é importante. “Acho que deve legali-zar porque serve de proteção as mulheres, já que quando está na ilegalidade os médicos são precários e colocam a vida da mulher em ris-co”, completa.

O pastor Antonio Ildefonson Neto, de 64 anos, da Assembléia de Deus Caetés localiza-da no Morro do Timbau, afi rma que a Igreja é contra o aborto. “Deus diz na bíblia: ‘cres-cei e multiplicai-vos e enchei a terra’ (Gen 1, 26-28.31a), ‘os fi lhos são as bênçãos do Se-

nhor’ (Salmo 127 126,3). Is-so vai contra a vontade De-le e a bíblia afi rma que só Deus tem o direito de

tirar a vida. O ho-mem faz isso

por re-b e l -dia. A

posição da Igreja é sempre de acordo com o que está na palavra de Deus”, afi rma.

Mesmo que a proibição do

aborto tenha um cunho religioso, al-guns movimentos surgidos na Igreja se mostram par-

tidários da idéia. De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pú-blica e Estatística (Ibope), a pedido da

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O Cidadão 13

ussão entre mareenses

O ginecologista e obstetra Dernival da Silva Bandão considera a falta de dinheiro uma das causa do aborto

CRISTIANE BARBALHO

“Eu não me arrependo de ter abortado porque eu sei que não teria condições de sustentar mais uma criança”M.Moradora da Nova Holanda

Ela tem o direito de decidir sobre o seu corpo!

organização Católica pelo Direito de Decidir (CDD), 76% dos católicos entrevistados são favoráveis a prática do aborto em hospitais público e 75% é a favor da legalização.

Joice Monteiro, de 21 anos, moradora da Baixa do Sapateiro e membro da Segun-da Igreja Batista de Bonsucesso que fi ca na Maré, não se mostrou a favor da legalização. “Sou contra a qualquer tipo de aborto, mesmo naqueles casos da mulher ser violentada, ou quando os médicos sabem que a criança vai nascer com problemas de saúde. Sou contra porque é Deus quem dá a vida e apenas Ele pode tirar. E sabemos que tudo o que aconte-ce, mesmo que pareça ruim aos nossos olhos é por vontade Dele. Somente Ele tem o direito de tirar a vida de alguém”, diz.

CausasSaindo da questão religiosa, segundo pes-

quisas feitas nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, o número de mulheres que abortam é conseqüência da falta de planejamento familiar. Para o estu-dante de enfermagem

Tiago Canellas, de 20 anos, uma das grandes cau-sas do aborto é a desigualdade social. “O

mundo capitalista difi culta as pessoas de te-rem uma renda que ajude na criação de uma criança”, diz.

O ginecologista e obstetra Dernival da Silva Bran-dão, membro emérito da

Academia Fluminense

de Medicina, também con-sidera a questão econômica uma

das causas da prática do abor-

to. “Acredito que a pressão econômica, de certa for-ma, faz as mulheres optarem por não ter fi lhos, mas acredito que isso não é a única coisa”, afi rma.

Outra questão é a pílula do dia seguinte que para alguns é abortiva, mas para outros somente previne a gravidez. Para Pedro Me-

nezes, de 23 anos, morador da Baixa do Sapateiro o uso da pílula não é abortiva. “Não considero por-que quando você toma a pílula

do dia seguinte o feto ainda não existe, não aconteceu a divisão celular,

não houve a multiplicação das célu-las, ou seja, a vida ainda não existe”,

completa.

ConseqüênciasAo abortar, a mu-

lher pode correr sérios riscos, como a perda

da vida, infec-ções, hemorra-

gias, cancro de mama (tipo de câncer), dificulda-des futuras de engravi-

dar e até ris-cos psicológicos. “Há uma síndrome que é o conjunto de sintomas

e sinais nas mulheres que fazem o aborto, chamada de síndrome pós-aborto. Ocorre por-que a mulher tem a visão

de que ela matou o próprio

fi lho. Essa síndrome já foi muito estudada e tem conseqüência para o resto da vida da mu-lher”, afi rma o ginecologista.

O estudante de enfermagem Tiago Ca-nellas acha prejudical o aborto na saúde da mulher. “As tentativas de suicídio, problemas no relacionamento, alimentação desordenada e o consumo de álcool constituem o quadro. Além disso, o uso do tabaco e de outras dro-

gas podem compor o quadro clínico de uma mulher que fez aborto”, completa.

Segundo o ginecologista Brandão, Algu-mas mulheres praticam o aborto por acharem que o feto não sente dor. “Ele sente dor sim. Bernard Nathanson, um americano que foi responsável pessoalmente por milhares de aborto, durante uma curetagem, viu, através do ultra-som, como o feto se esquivava den-tro do útero. Isso mostra que ele sentia dor”, conclui.

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O Cidadão14 O Cidadão

Pílula anti-concepcional é um dos métodos para se

evitar a gravidez

CAPA

O aborto não é a única forma de evitar a gravidezInformação e planejamento familiar podem ajudar a evitar os casos de aborto

Para a mulher há diversos tipos de anticoncepcionais, mas é preciso que cada mulher procure um médico para que ele possa indicar qual o melhor procedimento

TIJMEN VAN DOBBENBURGH

O aborto é um assunto que des-encadeia muitas discussões. Em qualquer lugar, não só na

Maré, é possível encontrar pessoas que são a favor e contra a sua legalização.

Mas a interrupção de uma gestação não é a única solução para a mulher. Existem diversos métodos que podem ser utiliza-dos pelas mulheres para evitar a gravidez, como as cirurgias de vasectomia, para o

homem, e a laqueadura, para a mulher.A laqueadura ou ligadura de trompas,

esterilização defi nitiva da mulher, ocor-re quando o médico faz um corte na região abdominal, ao redor do umbigo ou próximo dos pêlos pubianos, locais em que estão localizado as duas trompas de falópio, canais que ligam o ovário ao útero feminino. A cirurgia consiste em um corte nas trompas que interrompe o caminho do óvulo. Esse método é irrever-sível, e recomendado para mulheres que tenham mais de 25 anos e pelo menos dois fi lhos. As mulheres que optarem por essa técnica passam por grupos educati-vos durante 60 dias. A laqueadura não é recomendada para mulheres que ainda querem ter fi lhos.

Já a vasectomia, procedimento cirúr-gico que faz a ligadura dos canais defe-rentes no homem, interrompe a circulação de espermatozóides. É um método seguro que faz com que o homem fi que estéril. Contudo, muitos se recusam a fazer por-que acham que a cirurgia pode provocar distúrbios de ereção, o que, segundo os médicos, não é verdade. A vasectomia não interfere no desempenho sexual e nem na produção de hormônios. Como tam-bém é uma cirurgia defi niti-va, o homem tem que estar seguro se quer realizar esse procedimento cirúrgico.

Outras formas de prevenção

Para a mulher há diversos tipos

de anticon-

cep-c i o -n a i s , mas é preciso que cada m u l h e r procure um médico para que ele possa indicar qual o melhor procedi-mento. É bom lem-brar que a maioria das técnicas usada para evitar a gravidez não pre-vine contra a AIDS e ou-

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O Cidadão 15

Tipos de aborto

Há diversos tipos de abor-

to, como o espontâ-

neo e o provoca-

do. O primeiro caso ocor-re involuntariamente devido a anoma-

lias orgânicas ou defeito do próprio óvulo. Normalmente acontece nos primeiros dias ou semanas de gravidez, com fl uxo igual ao menstrual. O segundo caso ocorre quando há interferência externa na gra-videz, seja por um profi ssional ou por al-guém que deseje interromper a gravidez..

O aborto provocado pode acontecer de diferentes formas, pela dilatação ou cor-te, utilizando uma faca em forma de foice, despedaça-se o corpo do feto para a sua retirada do útero materno.

Dilatação ou corteDilacera o corpo do feto, com uma

faca, que o retira em pedaços.

Sucção ou AspiraçãoConsiste em

ligar um apare-lho de sucção ao útero da ges-tante. Ele cria uma sucção que despedaça o feto e a placenta.

CuretagemÉ feita com a cureta, uma espécie

de colher, que retira a criança do útero.

Drogas e plantasExistem muitas substâncias que

quando tomadas causam o aborto, são tóxicos inorgânicos, como arsênio, an-timônio, chumbo, cobre, ferro, fósforo e vários ácidos e sais.

Mini-abortoLava-se a vagina com uma solução anti-

séptica, anestesia-se o útero em três pontos e introduz uma sonda de plástico fi no e fl e-xível no útero. A esta sonda liga-se um apa-relho de sucção e, desse modo, remove-se o endométrio e os produtos de concepção.

Envenenamento por salAplica-se

anestesia local entre o umbigo e a vulva, no qual irá ultra-passar a parede do abdômen,

do útero e do âmnio ( bolsa d’água). Com esta seringa aspira-se o fl uído am-niótico, o qual será substituído por uma solução salina.

Depois de 24 à 48 horas, o feto é expulso pela vagina, como num parto normal.

SufocamentoEste método de aborto é chamado de

“parto parcial”. Nesse caso, puxa-se o bebê pra fora deixando apenas a cabeça dentro, já que ela é grande demais. Daí introduz-se um tubo em sua nuca, que sugará a sua massa cerebral, levando-o à sua morte. Só então o bebê consegue ser totalmente retirado.

EsquartejamentoEsse tipo de

morte é a mais fria. Consis-te em esquar-tejar o feto ain-da dentro do ventre da mãe. Como qualquer ser humano, ele sente dor e medo. Um feto de apenas um mês ao ser perseguido por algum objeto in-troduzido dentro do útero tenta desespera-damente fugir, mas não tem escapatória.

Fonte: Wikipédia, Dr. Dernival Brandão, www.aborto.com, www.garo-tasadolescentes.hpg.ig.com.br

Aborto por esquartejamento

Aborto por sal

Aborto por sucção

(...)a maioria das técnicas usadas para evitar a gravidez não previne contra a AIDS e outras doeças sexualmetes transmissíveis

tras doenças sexualmente transmissíveis. Por isso, muitos médicos recomendam o uso de preservativos. O preservativo mas-culino, por exemplo, mais conhecido como camisinha, é um artifício que im-pede o esperma de alcançar o óvulo. O preservativo feminino segue a mesma lógica. Os dois têm lubrificante e po-dem oferecer proteção contra doenças sexualmente transmissíveis.

Já a pílula, usada por mulheres, contém hormônios, estrogênio e pro-gesterona. Ela é tomada todos os dias para impedir a liberação dos ovos pelo

ovário. Contudo, pode acarretar sé-rios problemas de saúde, como,

por exemplo, doenças cardíacas, pressão alta, entre outras. Seus

pontos positivos são que ela ameniza o fluxo durante a

menstruação e protege contra doenças inflamatórias prévias.

O DIU T de cobre é um dispositivo em forma de T, os braços dele contém cobre e é colocado no útero da mu-lher por um ginecologista. Sua dura-ção no corpo da mulher é de dez anos. Há também o DIU Progestasert que é colocado no útero da mulher por um profissional. Ele é um plástico em for-ma de T que contém progesterona, hor-mônio produzido pelo ovário durante o ciclo menstrual. E ele só pode ficar no útero por um ano. A mulher que utiliza o DIU T ou o DIU Progestasert deve ir ao médico frequentemente para saber se não há nenhum problema decorrente desse método.

Há também o diafragma, que fun-ciona no corpo da mulher como uma

“barreira” em que o esperma é impe-dido de alcançar o ovo. O diafragma tem tamanho variado, mas precisa de um profissional para escolher o que melhor se encaixa no útero da mulher.

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16 O Cidadão

“O idoso tem poucas opções de lazer e de inclusão di-gital”. Foi a partir desse

pensamento que o morador do Parque União Pedro Edson, de 48 anos, conse-guiu algumas parcerias com empresas e amigos para montar o grupo chamado Ginástica para todos. Ele funciona na quadra da Rubens Vaz, toda segunda, quarta e sexta, de 7h às 9h. Esse grupo começou há pouco mais de três meses e já possui cerca de 80 alunos, entre 11 e 80 anos, divididos em várias turmas.

O aposentado Rui Celsio, de 53 anos, morador do Parque Rubens Vaz, é um dos poucos homens que fazem ati-vidade física no local. Ele começou por

motivos de saúde, pois sua glicose não estava controlada. “Praticando exercí-cios físicos fi ca mais fácil ter uma vida saudável”, diz.

Iraci Maria de Oliveira, de 60 anos, moradora do Parque Rubens Vaz conta que a ginástica faz com que ela esque-ça os problemas com filhos e marido, além de melhorar a saúde. “Venho aqui para brincar, jogo bola e danço. Só

lembro das adversidades do meu dia quando saio daqui”, completa.

Para a professora de Educação Fí-sica Dione Brito, de 39 anos, ex-mora-dora da Baixa do Sapateiro, a evolução da turma é evidente. No início das ati-vidades, a professora encontrou muita resistência dos alunos, na interação e de comunicação, que estão sendo supera-dos. Os exercícios são voltados para a Terceira Idade, mas não há empecilho para que pessoas mais jovens partici-pem da ofi cina. “A fi nalidade principal é diminuir a ingestão de medicamentos e tem funcionado”, fi naliza.

O projeto conta ainda com dois es-tagiários e com equipamentos para ve-rifi car a pressão dos alunos. Há também colchonetes e bastões para os exercí-

cios.Quem estiver interessado em parti-cipar, é só aparecer no campo sintético do Parque Rubens Vaz, nos dias e horá-rios já informados, para preencher uma

fi cha de cadastro. É necessário apresen-tar um atestado médico autorizando o aluno a praticar exercícios físicos.

GERAL

Ginástica para todosIniciativa estimula moradores da Maré a praticarem exercícios físicos pela manhã

HÉLIO EUCLIDES

O projeto Ginástica para Todos incentiva a terceira idade a trabalhar o corpo todos os dias na Rubens Vaz

SABOR DA MARÉ

Suco de abacaxie morango

HÉLIO EUCLIDES

Morango e abacaxi uma união saborosa e saudavél

Ingredientes:- ½ abacaxi- 10 morangos- gelo - 200 milímetros de água (um copo)

Modo de preparo:Bata tudo no liquidificador e adoce a gosto (se possível utilize adoçante).

Fonte: Mural da Nutrição do Centro de Saúde Américo Veloso

“Praticando exercícios físicos fi ca mais fácil ter uma vida saudável”Rui CelsioAposentado

“A fi nalidade principal é diminuir a ingestão de medicamentos e tem funcionado”Dione BritoProfessora de Educação Física

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17O Cidadão

ANÚNCIOS

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18 O Cidadão

ANÚNCIOS

Ligue e Anuncie!

3868-4007

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19O Cidadão

Imaginemos um grupo musical. Ele nunca é formado apenas pelo vocalista. Em uma boa dieta não é diferente. Essa “banda” é

composta de frutas, legumes e verduras. Claro que seguido de outros alimentos, que conti-nuando a alusão à música, formariam o coral. Apesar do Brasil ser um país benefi ciado pelo clima, facilitando o plantio, muitos excluem do seu prato alguns componentes saudáveis. Seja pela situação fi nanceira, por falta de tem-po de comprar ou por não cultivar esse hábito e estar acostumado às opções apetitosas, mas pouco saudáveis, que nos são apresentadas pelo mundo moderno.

Nessa briga de consumo, muitas vezes as frituras e os carboidratos saem na frente. Mas os médicos dizem que essa preferência na mesa é prejudicial. “Temos que aprender a substituir o macarrão e a diminuir a fari-nha, a batata e o arroz. A maior parte dos pacientes que atendemos é de nordestinos, que não consomem legumes, frutas e verdu-ras, por falta de hábito. É necessário ter uma alimentação harmonizada, quanto mais co-lorida, mais saudável”, revela a nutricionista do Centro de Saúde Américo Veloso, Neide aparecida, de 39 anos.

As vitaminas são importantes para o bom funcionamento do organismo. Elas ajudam a evitar uma série de doenças. Para impedir a carência de qualquer um dos tipos de vitami-na, é indispensável manter uma alimentação equilibrada. “Sou apaixonada por legumes, só feijão e arroz não é comida. As frutas e le-gumes previnem o câncer. Se as pessoas sou-bessem o bem que esses alimentos fazem, não fi cariam sem eles em casa. Não deixo também de ingerir vegetal e cereal”, conta a proprietária do Sacolão Volante, Raphaella Pomponet, de 25 anos. O morador da Vila do Pinheiro, Sérgio Vozzoler, de 45 anos, gosta de voltar das compras com o carrinho cheio de frutas. “Consumo quase todas, pois fazem bem. Minha preferida é o Morango, que faço suco. Mas quando não tenho tempo, como ao natural”, comenta.

A alimentação é um direito humano universal, sendo uma das bases da própria existência. Dessa forma, todas as pessoas deveriam ter acesso, diariamente, a alimen-tos variados, em quantidades sufi cientes e de boa qualidade, necessários para ter uma vida ativa e saudável. O morador da Nova Holan-da, Anderson Felipe, de 24 anos, concorda,

mas acha que falta diálogo sobre a importân-cia das frutas, verduras e legumes. “Quem não se alimenta desses produtos não sabe o valor. Dinheiro não é desculpa, pois é barato

e acessível. Minha mãe e meu irmão mais velho sempre recomendaram o uso, uma tra-dição que não é muito conservada. Hoje é o hamburguer”, diz ele.

SAÚDE

O equilíbrio que vem dos alimentosPara um dia-a-dia saudável é indispensável uma nutrição correta e balanceada

HÉLIO EUCLIDES

A comerciante Raphaella Pomponet exibe as frutas, que fazem bem a saúde, aos seus clientes do sacolão

Pirâmide AlimentarA Pirâmide Alimentar é o mais moderno Guia de Alimentação, aprovado pela

Organização Mundial da Saúde. Nela, os grupos de alimentos são subdivididos, para melhor garantir o consumo de todos os nutrientes nas quantidades adequadas.

Gordura: usar o mínimo possível

Leite, queijo e iogurte: comer no café da

manhã, lanche e ceia

Açúcar e doces: usar pouca quantidade

Carnes, ovos e legu-minosas: comer no

almoço e no jantar

Verduras e legumes: comer no almoço e no jantar

Frutas: comer em todas as refeições

Cereais, pães e batatas: escolher

um tipo para cada refeição

FONTE: ADAPTADO DE PHILIPI, S. T. E COL, 1996

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20 O Cidadão

A Rua Sargento Silva Nunes, na Nova Holanda, foge um pouco dos pa-drões de nomeação das ruas da

comunidade. Muitas são denominadas por números, fl ores, datas comemorativas e até nome de santo. Agora, homenagem militar é novidade. Nomes à parte, crescer e morar nesta rua é sinônimo de alegria para os seus moradores. De acordo com eles, os serviços oferecidos pela Cedae funcionam bem na Rua e a iluminação é boa. Mas, a saudade dos tempos antigos vem à tona.

“Aqui na rua tinha as coisas mais básicas como saúde e educação. Eu estudei na Esco-la Nova Holanda, que sempre foi referência de bom ensino e segurança, pelo fato de es-

tar ao lado de minha casa, e fazia tratamento hospitalar na antiga Golden Cross que infe-lizmente acabou”, disse Rodrigo Pereira, de 30 anos. Joaquim Severino da Silva, de 76 anos, também sente falta do posto de saúde próximo de casa. “A minha fi lha trabalhou ali durante muitos anos. E lá prestavam um serviço de muita qualidade. Foi uma gran-

de perda. Mas, mesmo assim, morar aqui é muito bom, pois tudo é próximo. Não tenho nenhum fi lho ou neto analfabeto. Todos estu-daram na Escola Nova Holanda, que ajudei a construir, e já estão encaminhados na vida. Gosto de morar aqui porque é a Rua menos zoada, é muito tranqüila”, afi rmou.

Mil e uma utilidadesMesmo não tendo um comércio tão

forte como o da Rua Teixeira Ribeiro, a Sargento Silva Nunes, que corta a Av. Brasil, se destaca pelo grande número de instituições governamentais e não-gover-namentais. É lá que se encontra a sede do Ceasm Nova Holanda e a Fundação Leão XIII, órgão do Estado responsável por emitir 2ª via de carteira de identida-de e certidão de nascimento entre outros. A rua também agrega templos católicos e evangélicos, além de padaria, sacolão,

campo da Paty, fábrica de macarrão, de-pósito de contêineres e muitos bares.

A diversão da rua, além do campo de futebol que enche nos fi ns de sema-na, fi ca por conta do badalado Rodrigo’s Bar, herdado por Rodrigo após a morte de seu pai. “Aqui o pessoal se sente se-guro e o atendimento, modéstia à parte, é da melhor qualidade. Virou o ponto de encontro e de referência dos amigos da Nova Holanda e de outras comunidades. Mas a melhor coisa que aconteceu aqui na rua foi a construção do Ceasm. Vários amigos que estudaram lá estão freqüen-tando a faculdade. Isso é uma alegria”, disse Rodrigo.

RUA

Rua Sargento Silva NunesMoradores elogiam a proximidade com comércio, iluminação e tranquilidade do local

FOTOS DE RENATA SOUZA

Trecho da rua Sargento Silva Nunes, na Nova Holanda

Joaquim ajudou na construção da E.M. Nova Holanda

COMO VOVÓ JÁ DIZIA Na gripe e resfriadoEvitar alimentos que diminuem a

imunidade:

Sal: comidas salgadas, enlatados, embutidos e sal adicionado às refeições desidratam o organismo;

Leite: produz secreções, coriza e catarro, podendo evoluir para uma sinus-ite; substitua-o pelo iogurte;

Doces: devem ser evitados, facilitam a proliferação de micróbios no organismo;

Alimentos gordurosos: diminuem a imunidade, pois prejudicam a absorção de vitaminas e minerais.

Fonte: Folhinha do Sagrado Coração de Jesus - Editora Vozes

“Aqui na Rua tinha as coisas mais básicas como saúde e educação”Rodrigo PereiraMorador

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21O Cidadão

Na edição passada, começamos a co-nhecer as histórias dos campos da Maré. Hoje vamos falar das arenas

da Nova Holanda. A começar pelo Campo da Paty, que existe a cerca de 45 anos. Ele tem esse nome por causa de uma fábrica de macarrão que se localiza ao lado do campo. No ano passado ela pegou fogo e não funcio-na mais na comunidade. A arena possui um administrador que é o Elson Rosa. Edmilson Joaquim da Silva cuida da manutenção há oito anos. Segundo ele, muitas pessoas acre-ditam que os campos de futebol só podem ser usados para o esporte. “ Já aconteceram missas aqui e veio bastante gente”, diz.

Rafael Pereira da Silva, morador da co-munidade, é visitante constante da arena e expõe sua felicidade ao lembrar dos vários torneios que já viu acontecer no campo. “É muito bonito ver as famílias reunidas ao re-

dor do campo para ver os jogos”, completa.Outro campo bem conhecido da comu-

nidade é o Mania de Bola, localizado atrás da Paróquia Sagrada Família. Ele recebeu esse nome porque a maioria dos atletas são veteranos. O responsável pelo campo é Remildo Alves, de 51 anos, mais conhe-cido como Nino. Os próprios jogadores contribuem para a manutenção do campo

e juntos conseguiram um container para servir de vestiário. Porém, a arena preci-sa de um cercado para impedir que a bola saia da quadra. “A bola já caiu várias vezes dentro do batalhão e da igreja. Uma vez ela caiu na hora da missa e bem no colo do padre que a abençoou e nos devolveu. Isso é chato, mas infelizmente não temos como colocar uma cerca”, afi rma Remildo.

ESPORTE

Campos da Maré Parte IIContos de Arenas das comunidades

HÉLIO EUCLIDES

Moradores da Maré se divertem jogando “pelada” no campo Mania de Bola, atrás da Igreja Sagrada Família

O dia-a-dia do mareense é trans-formado em poesia de protesto nas canções produzidas pela

Raça Humana. Com o estilo Rock, har-monizado com o pop, a banda, que tem 9 anos de estrada, junta elementos do Hip hop para garantir o mais perfeito acor-de. Eclética em suas temáticas a princi-pal inspiração da banda se encontra na “Legião Urbana” liderada pelo poeta Renato Russo. Foi com esse estilo que a banda abriu o show dos “Detonautas”, no início do ano, na Lona Cultural Her-bert Vianna. A Raça Humana é formada pelos moradores da Vila do João: o gui-tarrista Vagner Lima, de 23 anos, o bai-xista Anderson de Jesus, de 35 anos e o baterista Hugo Alexandre, de 23 anos. A

voz e violão fi cam por conta de Leonar-do Santos, de 33 anos, morador da Nova Holanda.

Foi preciso muita raça para conquistar um antigo sonho. Juntando grana daqui e dali a banda conseguiu o sufi ciente para cus-tear o primeiro CD independente “A mais pura realidade”. O disco que será lançado, ainda sem previsão, apresenta 11 músicas inéditas e conta com a participação especial do guitarrista Flitz, morador da Vila do João e grande parceiro da banda. As composições da banda variam de músicas extremamente críticas e politizadas a músicas românticas, recheadas de sensibilidade. “A banda é for-mada por pessoas com diferentes bases mu-

sicais e essa diversidade se refl ete no nosso trabalho. Isso faz com que a gente cresça a cada composição e harmonia”, disse Vagner.

O começo do trabalho foi difícil. “Lá na lage onde a gente ensaia tem um rato que odeia a nossa música. Ele passava ‘voando’ sempre que a gente tocava. Ago-ra, ele traz a sua família para assistir aos ensaios e ouvir a nossa música. Agora, até os vizinhos estão elogiando o nosso tra-balho”, disse Vagner.

A Raça Humana toca em todos os lu-gares em que for convidada. Ela também está no orkut: bandaraç[email protected]. Contatos: 3109-0935 (Anderson) e 9415-4724 (Vagner).

MUSICAL

Raça HumanaCom muita raça a banda de Rock pop lançará o seu primeiro CD independente

O Grupo Raça Humana que já abriu show dos Detonautas lançará em breve seu novo CD

ARQUIVO PESSOAL

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22 O Cidadão

As cartas ou sugestões para o jornal devem ser encaminhadas para o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré - Jornal O Cidadão (Praça dos Caetés, 7, Morro do Timbau, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 21042-050)

CARTASPÁGINA DE RASCUNHO

O jornal da Maré quer saber como ele é utilizado por você. Se você o aproveita,

nos diga como.

Telefone: 3868-4007E-mail:[email protected]

Como obter uma cidade idealIngredientes:2 xícaras de cidadãos / 4 colheres de paz / 3 xícaras de união / 1 colher de amor / 7 colheres de chá de respeito / 1 copo de paciência

Modo de preparo:Pegue um tabuleiro grande e coloque

as 2 xícaras de cidadãos e as 3 xícaras de união. Misture bem até você ver que os ci-dadãos estão unidos. Logo após, coloque as 4 colheres de paz e deixe descansar por 45 minutos, para que ela possa entrar na vida dos cidadãos. Após os 45 minutos, coloque 1 colher de amor e 7 colheres de chá de respeito. Misture bem até você ver que estão todos unidos, uns amando os outros e se respeitando. Não se esqueça de acrescentar 1 copo de paciência.

Natália Rodrigues de SouzaProjeto Preparatório do Ceasm

Meu Coração Parou...Eu queria não ter te conhecidomas é inevitável sentir o que sinto...chega a ser duvidoso!

Longe de você meu coração paroufi cou como uma ilha...é como se um labirinto entrasse dentro de mim...

pura loucura!

Amar é um verbo que não existe?O que sinto longe de você é febre!Porque você não voltae faz uma reviravolta no meu mundo?

Admilson Rodrigues Gomes

Longe de você o tempo paroue uma desordem se instalou em mim...é como se o meu relógio fi casse dese-quilibradoe as horas se soltassem pelos pontei-ros à fora.

Amar é esse deserto.

Caros amigos do CIDADÃOVim por meio desta chamar atenção sobre um assunto muito importante: a cons-

ciência no trânsito. As aulas voltaram em julho e é aí que mora o perigo. Pela lei de trânsito, no horário escolar, veículos em geral teriam que trafegar à 30 Km/h.

Mais não! O que vejo são kombis de lotada, moto táxi, carros e até caminhão passarem à 60 Km/h na frente das escolas (principalmente no CIEP Ministro Gustavo Capanema), buzinando para os alunos saírem da frente e acabam esquecendo que têm fi lhos, sobrinhos e até fi lhos de amigos nas escolas. Com objetivo de carregar o maior número possível de passageiros e obter lucros maiores, esquecem de tudo.

Então venho chamar atenção dos amigos do volante e moto táxi para consciência e cuidado com as crianças nas ruas. Paz no trânsito.

Jorge Luiz - Vila do Pinheiro

Medicina NaturalNa edição 50 publicamos reportagem

com Odilon Raiz sobre os benefícios de uma boa alimentação. Seu trabalho acon-tecia na Fiocruz. Após a matéria o espaço fi cou pequeno devido à procura. Para fa-cilitar o acesso dos moradores da Maré, Odilon conseguiu uma sala na Associação de Moradores da Vila do João onde haverá cursos. Os interessados devem entrar em contato com Odilon ou Declair.

ErrataNa edição 49 saíram alguns dados er-

rados sobre a Fundação Leão XIII. O tele-fone da instituição é 3105-9352, o atendi-mento é de 9h às 16h, não há mais entrega de leite. Os novos serviços são: alfabetiza-ção para adultos e exame de vista.

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23O Cidadão

PiadasPiadas

© Revistas COQUETEL 2007

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Solução

CAÇA-PALAVRAS

Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.www.coquetel.com.br

James BondOs galãs que viveram na telona o personagem 007.

• 1963 — 1967: Sean CONNERY • 1969: GEORGE Lazenby • 1973 — 1985: Roger MOORE• 1987 — 1989: TIMOTHY Dalton • 1995 — 2006: PIERCE Brosnan • 2007: DANIEL CraigBond girls (as principais)URSULA Andress — HONOR Blackman— Mie HAMA — GRACE Jones — MandAdams — MICHELLE Yeoh — Jill St. John— BARBARA Bach — Tanya ROBERTS— Teri Hatcher — HALLE Berry

Col

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K C T I M O T H Y GR M O O R E D H G ER G R A C E A D F O S D C V Q W F G XZ V S H G N N G H R B G R N C F B P BB N G F F V I B G G B R B C N P M Z KV B M B V F E Z C E X D M G M G H R BT A I G N T L N J O B H R F J Z U O DR R C G X B P R M D N N J M K G R B HT B H V V N I H H H B N F G N B S E XB A E J G N E A G A O B E C V B U R BR R L F D V R M V B L N H R R N L T JF A L Z F D C A T V N L O G Y H A S BB V E F X G E F Z B C G E R P V G Z B

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Juquinha e o dinnheiroA mãe: - Para que você quer dinheiro?Juquinha: - Para dar a um velhinho.Mãe: - Muito bem! E quem é esse velhinho?Juquinha: - É aquele que grita: “Olha a pipoca quentinha!”

O loucoO louco conversa com um visitante no sanatório. Conversa tão bem, com tal desembaraço, que o sujeito começou a duvidar da insanidade dele.- Mas você é doente mental mesmo? – perguntou o visitante.- Eu? Claro que não! Sou apenas surdo-mudo.

A morte no mundoUm viajante de ônibus fi ca impressio-nado com uma matéria que lê no jornal falando sobre o índice de mortalidade no mundo. Tentando puxar conversa com a passageira ao lado, diz:- A senhorita sabia que cada vez que eu digo uma palavra morre uma pessoa no mundo?- Você já experimentou escovar os dentes antes de falar?

As velhinhas e o guardaQuatro velhinhas estavam em um carro andando a 40 km/h, em uma estrada de 100 km/h. O policial pára o carro e diz para velhinha que dirigia o carro:- A senhora está atrapalhando o trânsito!- É a placa, diz a senhora.- Como a placa?- É que na placa está escrito, BR 40.O policial, então, olhou para o banco de trás e viu três senhoras brancas e tremendo.- O que aconteceu? – pergunta o policial.- Nada, diz a motorista. É que acabo de sair da BR 180.

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A peça pode possuir grande valor afe-tivo para quem conhece a sua histó-ria. Ela está exposta no barraco do

Museu da Maré, na varanda, como acontece nas casas do interior do Brasil. A escultura tem cerca de cinqüenta centímetros é de ma-deira e rústica e não tem o nome do autor. A carranca pertenceu a uma das primeiras moradoras do Morro do Timbau, Dona Oro-zina, que a trazia consigo há muitos anos e a manteve até sua morte, junto ao balcão da tendinha, como objeto de proteção ao seu comércio.

Dona Orozina chegou ao Rio no fi nal da década de 1930, de trem junto com o marido, da cidade de Ubá, no sul de Minas. No come-ço não tinha onde morar e fi cou em um quarto de casarão atrás da Central do Brasil. A cons-trução era muito antiga, segundo ela “cheio de goteiras” e muito ruim de viver. O marido, “fraco do pulmão”, precisava de um lugar melhor e foi num passeio de domingo que o casal conheceu uma praia tranqüila, num re-canto habitado por poucos pescadores, a Praia de Inhaúma. Ali o casal viu a possibilidade de refazer a vida. A madeira trazida

pela maré ofereceu o material para demar-car o terreno, a casa poderia ser construída aos poucos e morar num morro distante não seria problema, pois lembrava até a vida em Minas, com exceção da proximidade do mar. Anos depois o marido faleceu e o lugar rece-beu novos moradores. Orozina então instalou um pequeno comércio, primeiro uma barra-ca para vender frutas e legumes, depois uma tendinha. E repetiu uma prática comum em algumas regiões do interior do Brasil. No seu comércio colocou alguns objetos para dar boa sorte: uma ferradura, uma fi ga, um quadro de São Jorge, um vaso com comigo-ninguém-pode e guiné e uma carranca, a mesma que está hoje no Museu.

Originárias do Rio São Francisco, as carrancas, também chamadas pelos remeiros de fi gura, fi gura de proa e leão de barca, são objetos muito conhecidos em todo o Brasil, sendo vendidas em feiras e lojas de produtos artesanais das grandes cidades. As carran-cas são esculpidas em madeira e apresentam forma humana ou animal. Se para alguns tratam-se de mero objeto decorativo, para outros estão repletas de misticismo, tendo poderes de trazer boa sorte e afastar os maus espíritos.

Fixadas na proa dos barcos que navegam pelo Rio São Francisco, segundo alguns, inicialmente as carrancas eram usadas pe-los barqueiros que transportavam merca-dorias para chamar atenção da população ribeirinha, como uma espécie de chamariz comercial. E assim foram sendo esculpidas das mais diversas formas e tamanhos e eram pintadas com cores fortes, fazendo a diferen-ça nas embarcações. Com o tempo as escul-

turas na proa dos barcos passaram a ser um elemento importante para o barqueiro, que as viam como amuleto de proteção contra os maus espíritos do rio.

Aos poucos as carrancas deixaram os limites do rio e ocuparam outros lugares, mas sempre com a mesma função: proteger, afastar o mal e trazer o bem. Como sentine-las foram aparecendo na frente das casas, nas varandas, atrás das portas dos bares e arma-zéns. Para a sabedoria popular, se funcio-navam nos rios também poderiam cumprir essa mesma função em outros lugares. Essa prática foi cada vez mais utilizada nas cida-des e povoados no curso do São Francisco e ganhou o Nordeste e o Sudeste.

Vários artistas se destacaram e transfor-maram as carrancas em verdadeiras obras de arte, assim surgiram os mestres carranquei-ros, que imprimiam à sua obra características próprias, com cores, detalhes e estilos.

A carranca não esteve em uma embar-cação, mas traduz um Brasil que tem mui-tas identidades. E seu maior valor é o de ter pertencido a Dona Orozina primeira mora-dora da Maré. Ao conhecer a história desse objeto do acervo do Museu, você tem mais um motivo para visitar e encontrar parte de nossa história e patrimônio. Visite o Museu da Maré!

Este espaço representa a história dos moradores da Maré. Envie sua história, perguntas e suges-tões para a Rede Memória na Casa de Cultura da Maré. Endereço: Av. Guilherme Maxwell, 26, em frente ao SESI. Tel.: 3868-6748 ou para o e-mail: [email protected] matéria referente a esta página é de exclusi-va responsabilidade do projeto Rede Memória.

Do São Francisco para a MaréCarranca que pertenceu a Dona Orozina pode ser vista pelos mareenses no Museu da Maré

A carranca era utilizada por Dona Orozina para afastar maus espíritos, hoje está exposta no Museu da Maré

FOTOS DE REDE MEMÓRIA DA MARÉ

A mineira Dona Orizina foi a primeira moradora da Maré