Dois anos pós-desastre da barragem do Fundão: …...Dois anos pós-desastre da barragem do Fundão: perfil epidemiológico e toxicológico da população de Barra Longa-MG, 2018

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Dois anos pós-desastre da barragem do Fundão:

perfil epidemiológico e toxicológico da população

de Barra Longa-MG, 2018

Rodrigo Lins Frutuoso (adaptado de Luciana Nogueira de

Almeida Guimarães

rodrigo.frutuoso@saude.gov.br

Coordenação Geral de Emergências em Saúde Pública - CGEMSP

Brasília, 16 de agosto de 2019

Secretaria de Vigilância em Saúde

2015 2016 20182017

05/11

Rompimento da

barragem de

FundãoFonte: http://93fm.radio.br/ministro-nao-concede-volta-de-atividades-da-samarco/

Impacto1

663 Km – rios e córregos atingidos (Gualaxo do Norte,

Carmo e Doce)

35 municípios – Minas Gerais

4 municípios – Espírito Santo

1.430 ha – vegetação comprometidos

1.200 pessoas desabrigadas

19 mortos – 14 trabalhadores da mineradora e 5 civis

1,2 milhões de

pessoas sem água

1 – Minas Gerais. Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana (2016)

Antecedentes

Adaptado de: https://organicsnewsbrasil.com.br/meio-ambiente/barragem-mg/lama-que-agoniza-o-rio-doce-sera-tema-na-cop-21/

663

Fonte: http://93fm.radio.br/ministro-nao-concede-volta-de-atividades-da-samarco/

Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/desastre-em-mariana-e-o-maior-acidente-mundial-com-barragens-em-100-

anos,874a54e18a812fb7cab2d7532e9c4b72ndnwm3fp.html

Fonte: http://felipevieira.com.br/site/mp-cobra-cumprimento-de-medidas-de-reparacao-a-atingidos-por-tragedia-de-mariana/

Fonte:http://g1.globo.com/minas-gerais/desastre-ambiental-em-mariana/noticia/2016/02/justica-bloqueia-r-500-milhoes-da-samarco-

vale-e-bhp-diz-mp.html Fonte: http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2015/11/lama-no-rio-doce-saiba-o-impacto-na-vida-na-economia-e-na-natureza.html

Barra Longa

Centro coberto pelos rejeitos

Processo de limpeza

Lama, caminhões e máquinas

5.745 afetados

140 desabrigados

400 desalojados

250 feridos

55 enfermos

Convivência com poeira dos rejeitos

Antecedentes

2015 2016 20182017

11/07

EpiSUS

Perfil epidemiológico

da população

pós-rompimento1

05/11

Rompimento da

barragem de

Fundão

1 – Adriana Lucena

Antecedentes

2015 2016 20182017

11/07

EpiSUS

Perfil epidemiológico

da população

pós-rompimento1

05/11

Rompimento da

barragem de

Fundão

2015

Casos suspeitos de dengue

2016

↑ suspeita/diagnósEco

↑ infecções de vias aéreas

Transtornos psicossociais

→ Reaplicar o estudo realizado em longo prazo

Podem estar relacionados

ao desastre de 2015

1 – Adriana Lucena

Antecedentes

2015 2016 20182017

11/07

EpiSUS

Perfil epidemiológico

da população

pós-rompimento1

28/03

Estudo de análise de

metais pesados2 -

Instituto Saúde e

Sustentabilidade – SP

05/11

Rompimento da

barragem de

Fundão

1 – Adriana Lucena2 – Evangelina Vormittag

Antecedentes

2015 2016 20182017

11/07

EpiSUS

Perfil epidemiológico

da população

pós-rompimento

28/03

Estudo de análise de

metais pesados2 -

Instituto Saúde e

Sustentabilidade – SP

05/11

Rompimento da

barragem de

Fundão

15 indivíduos convidados

11 participantes – amostras de sangue e cabelo

Laboratório de Toxicologia e Essencialidade de Metais da

Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto

→ Alumínio, Arsênio, Bário, Cádmio, Chumbo, Cobalto,

Cobre, Ferro, Manganês, Níquel, Selênio, Urânio e Zinco

10 - ↓zinco

11 - ↑níquel

3 - pequeno ↑ arsênio

5 - arsênio no limite superior

1 – Adriana Lucena2 – Evangelina Vormittag

Antecedentes

2015 2016 20182017

11/07

EpiSUS

Perfil epidemiológico

da população

pós-rompimento1

22/05

EpiSUS3+CGVAM4

→ SES/MG528/03

Estudo de análise de

metais pesados2 -

Instituto Saúde e

Sustentabilidade – SP

05/11

Rompimento da

barragem de

Fundão

1 – Adriana Lucena2 – Evangelina Vormittag

3 – Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS

4 – Coordenação Geral de Vigilância Ambiental5 – Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais

Antecedentes

2015 2016 20182017

11/07

EpiSUS

Perfil epidemiológico

da população

pós-rompimento1

22/05

EpiSUS3+CGVAM4

→ SES/MG5

23/05

EpiSUS+CGVAM+SES/MG

→Barra Longa/MG

28/03

Estudo de análise de

metais pesados2 -

Instituto Saúde e

Sustentabilidade – SP

05/11

Rompimento da

barragem de

Fundão

1 – Adriana Lucena2 – Evangelina Vormittag

3 – Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS

4 – Coordenação Geral de Vigilância Ambiental5 – Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais

Antecedentes

Estudo Descritivo

Descrever os atendimentos ambulatoriais por demanda espontânea da população

de Barra Longa, no período de julho de 2016 a maio de 2018

Objetivo

Desenho do estudo

Estudo Descritivo

Período do estudo

01 de julho de 2016 a 09 de maio de 2018*

Período da investigação

22 de maio a 09 de julho de 2018

*01/01/2014 a 31/06/2016 – dados do estudo realizado em 2016

Métodos

Barra Longa-MG - Características

Situada na região da Zona da Mata

175km de distância da capital do Estado

6.143 habitantes

Integra a microrregião de Ponte Nova

1 Policlínica e 1 UPA1

100% de cobertura de ESF2

Local do estudo

1 – Unidade de pronto atendimento

2 – Estratégia de saúde da família

Métodos

População do estudo

Indivíduos atendidos nas unidades de saúde do município de Barra Longa-MG

Fonte e coleta de dados

Fichas de atendimento individual – Policlínica e UPA

Instrumento – variáveis, data de atendimento, diagnóstico médico e

manifestações clínicas

Critérios de exclusão

Registros ilegíveis ou sem informação de data de atendimento

Registros de procedimento

Métodos

Resultados

Fluxo de registro dos atendimentos

8.264 fichas

digitadas

7.727

consultas

537

procedimentosExcluídas

Resultados

Distribuição dos atendimentos segundo ano de ocorrência, Barra Longa-MG, 2014 a

2018

2583

2983

3355

4142

2175

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

2014 2015 2016 2017 2018

me

ro d

e a

ten

dim

en

tos

Anos

15%

12%12%

23%

12%

Resultados referentes ao estudo de Adriana Lucena, 2016

2018 – dados parciais, até 31 maio

(N= 7.727)

Resultados

Características demográficas segundo sexo e faixa etária, Barra Longa-MG, 2016 a

2018

Variáveis2016 (N=1.403) 2017 (N=4.075) 2018 (N=2.068)

n % n % n %

Sexo

Feminino 869 61,6 2661 64,2 1391 64,1

Faixa etária (anos)

0 – 9 238 17,0 601 14,8 96 4,6

10 – 19 179 12,8 438 10,8 116 5,6

20 – 29 158 11,3 331 8,1 171 8,3

30 – 39 173 12,3 419 10,3 161 7,8

40 – 49 192 13,7 557 13,7 284 13,7

50 – 59 203 14,5 713 17,5 427 20,7

≥ 60 260 18,5 1.016 24,9 813 39,3

IdadeMediana (intervalo interquartil)

46 anos (23 a 61)2018 – dados parciais, até 31 maio

Resultados

Distribuição dos atendimentos segundo zona de residência, Barra Longa-MG, 2016 a

2018

Zona de residência 2016 (N=1.401) 2017 (N=4.121) 2018 (N= 2.131)

n % n % n %

Rural 850 60,5 2163 52,59 812 38,1

Urbana 554 39,5 1958 47,5 1319 61,9

Total (N=7.727) n %

Rural 3.825 49,5

Urbana 3.831 49,6

Sem registro 71 0,9

2018 – dados parciais, até 31 maio

Resultados

Características dos atendimentos segundo motivo do atendimento, Barra Longa-MG,

2014 a 2018

*Resultados referentes ao estudo de Adriana Lucena, até 30/06/2016

**Infecção de Vias Aéreas Superiores

Diagnósticos2014 (N=449)* 2015 (N=2.167)* 2016 (N=2.824)* 2017 (N=4.124) 2018 (N=2.175)

n % n % n % n % n %

IVAS** 92 18,4 331 15,3 600 21,2 619 15,0 84 5,9

Parasitoses 4 0,8 192 8,9 268 9,5 490 11,8 83 5,8

Hipertensão 16 3,2 187 8,6 120 4,2 379 9,2 250 17,5

Dermatite 4 0,8 33 1,5 54 1,9 97 2,3 21 1,5

Causas externas - - - - 26 1,8 38 0,9 13 0,9

Diabetes 5 1 54 2,5 49 1,7 188 4,5 211 14,8

Diarreia/Gastroenterite 6 1,2 68 3,1 60 2,1 26 0,6 5 0,4

Doenças do aparelho respiratório 0 - 13 0,6 19 0,7 73 1,8 14 1,0

Depressão 2 0,4 4 0,2 20 0,7 131 3,2 9 0,6

Transtorno mental 1 0,2 11 0,5 14 0,5 524 12,7 102 7,2

Asma 1 0,2 11 0,5 24 0,8 31 0,7 31 0,7

Mordeduras e picaduras 5 1 9 0,4 17 0,6 14 0,3 14 0,3

Dengue 0 - 4 0,2 125 4,6 1 0,1 1 0,1

Outros - - - - 633 22,3 1556 37,6 1562 37,7

2018 – dados parciais, até 31 maio

Resultados

Características dos atendimentos segundo sinais e sintomas, Barra Longa-MG, 2016

a 2018

2018 – dados parciais, até 31 maio

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Manifestações hemorrágicas

Mialgia

Náusea/vômitos

Epigastralgia

Diarreia

Artralgia

Lesão de pele

Colica abdominal

Coceira

Coriza

Cefaleia

Febre

Dor de garganta

Tosse

Percentual

Sin

ais

e s

into

ma

s

2016 (N=1.410) 2017 (N=4.142) 2018 (N=2.175)

Resultados

Considerações

Aumento nos atendimentos

Inversão das zonas de atendimento, de rural para urbana

Pode estar relacionado à exposição aos rejeitos

IVAS – principal causa de atendimentos

Semelhante ao estudo anterior - ↑ infecções de vias aéreas

Transtorno mental, parasitoses, depressão e diabetes – maior incremento

Exposição à poeira – acometimento de vias aéreas superiores

IVAS, alergias e depressão – piora da doença após o rompimento

IVAS, dermatite/dermatose e alergias – mais diagnosticadas após o rompimento

IVAS, alergia e depressão foram os mais relatados com piora nos últimos 2,5 anos

em Barra Longa e podem estar relacionados ao desastre ocorrido em 2015

Considerações

Transtornos psicossociais e comportamentais, doenças cardiovasculares,

desnutrição e agravamento de doenças crônicas - consequências dos impactos de

um desastre sobre a saúde a longo prazo

→ Os resultados encontrados no estudo apontam para esse cenário

2,5 anos após o rompimento da barragem, a situação encontra-se semelhante à

encontrada no estudo realizado em 2016, com 9 meses de desastre

Considerações

Obrigado!

rodrigo.frutuoso@saude.gov.br

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