Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
Professora Dra. Daniela Caetano Gonçalves
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Introdução à Fitoterapia 3Interações 4
Fitoterapia avançada 4
Prescrição Nutricional Aplicada 5
Legislação em fitoterapia e suplementação nutricional 5Avaliação e prescrição nutricional 6
Definições importantes de termos usados na prescrição nutricional e de suplementos
nutricionais 6
Legislação sobre suplementação nutricional 7
Legislação aplicada à fitoterapia 8
Fitoterápicos que necessitam de prescrição médica 9
Avaliação do Estado Nutricional 15Anamnese 16
Avaliação dietética 16
Avaliação bioquímica 20
Avaliação bioquímica do metabolismo de carboidratos 20
Avaliação bioquímica do metabolismo de lipídios 21
Avaliação antropométrica 21
Técnicas de tomada de medida, índices e indicadores 22
Necessidades e recomendações nutricionais 32Necessidades Energéticas 32
Nutrientes 33
Guias alimentares 36
Pirâmide alimentar adaptada à população brasileira 37
Nova pirâmide alimentar 38
Bases da nutrigenômica 41O que é nutrigenômica? 41
Mecanismos de transcrição gênica 41
Função dos fitoterápicos e suplementação nutricional na nutrigenômica 42
Referências bibliográficas 43
SUMÁRIO
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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INTRODUÇÃO À FITOTERAPIA
A fitoterapia é um ramo da ciência médica que se utiliza de plantas, drogas vegetais e preparados delas obtidos para o tratamento de doenças e problemas de saúde. Esta ciência tem sido utilizada pelo homem há milhares de anos e há relatos da utilização de plantas com finalidades terapêuticas por volta de 3.000 a.C. na obra Pen Ts’ao do chinês Shen Nung.
Foram descritas 600 plantas medicinais no ano 78 d.C., pelo botânico grego Pedanius Dioscorides, em uma publicação denominada De materia medica. Esse tratado foi utilizado como referência para médicos do mundo inteiro por mais de catorze séculos (TUROLLA; NASCIMENTO, 2006).
Ao observar e experimentar, os povos primitivos descobriram as propriedades terapêuticas de determinadas plantas, propagando-as de geração em geração, o que faz parte da cultura popular.
No século XVI, foi desenvolvida a Teoria das Assinaturas, baseada no provérbio latino similia similibus curantur, “semelhante cura semelhante”. Pelo médico suíço Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, conhecido também como Paracelsus (1493-1541). Nesta teoria, Paracelsus defendia que a forma, cor, sabor e odor das plantas estavam relacionados às suas propriedades
terapêuticas, e poderiam ser utilizados como indícios de seu uso clínico. Algumas dessas plantas eram utilizadas nas farmacopeias alopáticas e homeopáticas a partir do século XIX, e nesta mesma época, suas bases terapêuticas começaram a ser investigadas.
O início do processo de extração de princípios ativos de plantas teve início com o isolamento da morfina da Papaver somniferum em 1803 pelo farmacêutico Friedrich Wilhelm Adam Sertürner. Na sequência, houve o isolamento da quinina e a quinidina, obtidas da Cinchona spp, em 1819, e a atropina da Atropa belladona, em 1831. A partir deste momento, todos estes extratos passaram a ser utilizadas em substituição aos extratos vegetais (TUROLLA; NASCIMENTO, 2006).
Apesar das descobertas importantes do século XIX, a ausência de comprovações científicas de efi-cácia das substâncias de origem vegetal, associado ao crescimento do poder econômico das indústrias farmacêuticas e aliados às dificuldades de controle químico, físico-químico, farmacológico e toxicológico dos extratos vegetais, impulsionaram a substituição destes por fármacos sintéticos (TUROLLA; NASCI-MENTO, 2006).
A facilidade em produção de substâncias sintéticas fez com que as empresas farmacêuticas e os institutos de pesquisa se desinteressassem pela busca de novas substâncias de origem vegetal. Além disso, acreditava-se que as principais substâncias ativas das drogas vegetais conhecidas já haviam sido isoladas, e que todas as possíveis modificações químicas de interesse destas substâncias já haviam sido realizadas.
Com os avanços tecnológicos e o desenvolvimento de novos métodos de isolamento de substâncias ativas a partir de fontes naturais desenvolvidas na década de 80, o interesse pela pesquisa dessas substâncias para o desenvolvimento de novos fármacos reiniciou, pois a identificação de substâncias em amostras complexas, como os extratos vegetais, agora se
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tornou mais fácil. Apesar da facilidade de isolamento destes compostos vegetais, a produção sintética de fármacos ainda permanece mais rápida e fácil, tornado a fitoterapia e o uso de plantas medicinais como forma alternativa de tratamento em várias partes do mundo.
Interações
Segundo a organização mundial da saúde, dentre os 252 fármacos essenciais, 11% são de origem exclusivamente vegetal e uma grande parcela é obtida a partir de precursores naturais.
Para a OMS, podemos definir plantas medicinais como: todas as plantas silvestres ou cultivadas, que são utilizadas como recurso para prevenir, aliviar, curar ou modificar uma condição clínica insatisfatória e/ou patologia.
Já os fitoterápicos são considerados produtos medicinais rotulados e etiquetados, cujos componentes ativos são formados por partes aéreas ou subterrâneas de plantas, ou outro material vegetal, ou combinações destes, em estado bruto ou em formas de preparações vegetais. Atualmente sabe-se que cerca de 25% dos medicamentos prescritos mundialmente são de origem vegetal (CORDEIRO et al., 2005).
As interações medicamentosas são observadas pela interferência de um fármaco na ação de outro, ou de um alimento ou nutriente na ação de medicamentos. Atualmente sabe-se que ocorrem interações medicamentosas benéficas ou desejáveis, pois podem reduzir efeitos adversos, prolongar a duração do efeito do fármaco, impedir o surgimento de resistência bacteriana, aumentar a adesão ao tratamento, incrementar a eficácia do fármaco ou permitir a redução de dose deste.
As interações indesejáveis geralmente causam redução do efeito ou resultado contrário ao esperado, aumento na incidência e na gama de efeitos adversos
e no custo da terapia, não produzem incremento no benefício terapêutico.
Alguns fatores são importantes para determinar estas interações, como: fatores genéticos, idade, condições gerais de saúde, consumo de álcool, tabagismo, dieta, entre outros fatores ambientais.
Os medicamentos à base de plantas, assim como na alopatia, também apresentam importantes interações medicamentosas que devem ser analisadas e avaliadas quanto à segurança na administração conjunta com outros medicamentos.
O conhecimento sobre o mecanismo de ação do fitoterápico, bem como suas doses terapêuticas, previve eventos de interações medicamentosas e assegura a saúde do paciente e qualidade do tratamento.
Fitoterapia avançada
Dentro da fitoterapia, algumas plantas receberam especial atenção devido às suas propriedades farmacológicas e ao seu potencial na indústria farmacêutica. Tais plantas foram extensamente estudadas, seus componentes farmacológicos isolados e seu mecanismo de ação esclarecido de forma explícita. Dentre essas, podemos citar ao Ginkgo biloba, o Hipéricum, a Kawa-kawa, a Valeriana entre outros.
Cerca de 400 estudos foram realizados com os extratos de Ginkgo biloba, nos últimos 30 anos, entretanto somente os extratos padronizados comprovam os efeitos terapêuticos estudados. As folhas frescas ou os extratos em baixas concentrações, não produzem os efeitos descritos por esta planta.
O primeiro extrato intensivamente estudado quanto aos aspectos químicos, farmacológicos e toxicológicos do Ginko Biloba foi o EGb 761, desenvolvido por W.Schwabe Co., na Alemanha. Observou-se neste estudo que os ginkgolídeos, em especial o ginkgolídeo
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B, agem como potentes inibidores do Fator Ativador de Plaquetas. Desta forma, seu uso crônico está associado com o aumento no tempo de sangramento e com o risco de hemorragia espontânea (TUROLLA; NASCIMENTO, 2006).
Nesse contexto, os fitoterápicos apresentam diferenças importantes entre si, pois, se de um lado encontramos medicamentos cuja eficácia tem sido comprovada em estudos clínicos controlados (comparativo com placebo, duplo-cego, randomizado) e metanálises, como, por exemplo, o Hypericum perforatum (erva de São João) e o Piper methirsticum (kava-kava), de outro temos fitoterápicos como a Passiflora edulis e a P. incarnata, cujos estudos são bem limitados.
Prescrição Nutricional Aplicada
A prescrição de fitoterápicos e suplementos nutricionais deve estar embasada na legislação sanitária vigente para que seja feito de forma ética e baseada cientificamente, pois esta área de atuação é intensamente legislada e regulamentada para minimizar qualquer tipo de risco à saúde e integridade da população.
Sabe-se que as normas vigentes são elaboradas pelas entidades representativas da profissão do nutricionista (Conselho Federal de Nutricionistas) e sanitárias nacionais (ANVISA), as quais são fiscalizadas pelas suas representações regionais (Conselhos Regionais de Nutricionistas; Vigilâncias Sanitárias Estaduais).
Dessa forma, o profissional nutricionista deve estar atualizado sobre esta temática, para que com base na ética profissional e nos princípios técnico-científicos que regem a fitoterapia e a suplementação nutricional. Assim, critério e rigor científico direcionam a tomada da decisão clínica e intervenção nutricional, caso necessário.
LEGISLAÇÃO EM FITOTERAPIA E SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL
LEI nº 8.234/1991: Regulamenta a profissão de Nutricionista e determina outras providências. A prescrição de suplementação nutricional é direito do profissional nutricionista na regulamentação profissional como uma das atribuições profissionais, desde que esteja relacionada com alimentação e nutrição humana, e necessária à complementação da dieta.
RESOLUÇÃO CNE/CES nº 5/ 2001: Institui Dire-trizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Nutrição, as quais determinam que o Curso de Graduação em Nutrição deve ter como perfil profis-sional do formando, um nutricionista crítico em sua atuação profissional, que vise segurança alimentar e atenção dietética em todas as áreas de atuação relacionadas à alimentação e nutrição, objetivando promover, manter e recuperar a saúde, assim como prevenir doenças, seja no âmbito individual ou co-letivo, com base nos princípios éticos e levando em consideração as condições econômicas, políticas, sociais, culturais, considerando o estado nutricional do indivíduo ou população em questão, assim como planejar, prescrever, analisar, supervisionar e avaliar tanto a prescrição dietética como a de suplementa-ção nutricional.
RESOLUÇÃO CFN n° 334/2004: Dispõe sobre o Código de Ética do Nutricionista e dá outras providências. O Código de Ética deixa claro que o nutricionista como profissional da saúde, baseado nos princípios da ciência da Nutrição, deve contribuir
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para a saúde do indivíduo ou coletividade ao produzir conhecimento sobre a Alimentação e Nutrição nas diversas áreas de atuação profissional, buscando continuamente o aperfeiçoamento técnico-científico, pautado nos princípios éticos que regem a prática profissional e do pesquisador.
Com relação aos seus deveres, o nutricionista deve utilizar de todos os recursos disponíveis ao seu alcance, para diagnóstico e tratamento nutricional em benefício do indivíduo ou coletividade sob sua responsabilidade profissional. Assim como encami-nhar a outros profissionais legalmente habilitados os indivíduos sob sua responsabilidade profissional, quando identificar que são necessárias atividades as-sistências que fujam às suas atribuições.
Avaliação e prescrição nutricional
RE CFN nº 306/2003: é da competência do nutricionista a solicitação de exames laboratoriais necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional do cliente-paciente, levando em consideração os critérios técnicos e científicos de sua conduta, estando ciente de sua responsabilidade frente aos questionamentos técnicos decorrentes. Assim como considerar diagnósticos, laudos e pareceres dos demais membros da equipe multiprofissional, definindo com estes, sempre que necessário, outros exames laboratoriais. E cujos métodos e técnicas tenham sido aprovados cientificamente.
RE CFN nº 417/2008: estabelece os procedimentos nutricionais para atuação do nutricionista, devendo ser adotada os procedimentos e respectivas definições que constam na “Referência Nacional de Procedimentos Nutricionais do Sistema CFN/CRN” e nos temos a aprovação da “Tabela Nacional de Procedimentos Nutricionais do Sistema CFN/CRN” de acordo com a área de atuação profissional.
Segundo o Código de Ética do nutricionista, este só poderá prescrever tratamento nutricional após a avaliação pessoal presencial do indivíduo sob sua
responsabilidade profissional. É fundamental que o profissional nutricionista analise, com rigor técnico e científico, qualquer tipo de prática ou pesquisa, podendo recusar sua utilização se não estiver convencido de sua eficácia.
Além disso, este profissional deve assumir total responsabilidade de qualquer ato profissional que tenha praticado ou delegado, mesmo com solicitação ou consentimento do indivíduo.
Não é permitido ao nutricionista divulgar, fornecer, anunciar ou indicar produtos, ou marcas alimentares de empresas, atribuindo a estes produtos benefícios para a saúde, sem que os mesmos tenham os devidos fundamentos científicos ou de eficácia comprovada, mesmo que atendam à legislação de alimentos vigentes ou produtos de fornecedores que não atendam às exigências técnicas e sanitárias cabíveis (CÓDIGO DE ÉTICA, Resolução CFN N. 334/2004).
RESOLUÇÃO CFN nº 380/2005: Dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições, estabelece parâmetros numéricos de referência, por área de atuação e dá outras providências.
Definições importantes de termos usados na prescrição nutricional e de suplementos nutricionais
Complemento Nutricional: produto que possui a função de complementar a dieta regular de uma pessoa saudável, que apresenta algum déficit de nutrientes, e espera alcançar os valores da dose diária recomendada (DDR).
Necessidades Nutricionais Específicas: quantidade de nutrientes e de energia nos alimentos que indivíduos saudáveis devem ingerir para satisfazer suas necessidades fisiológicas, assim como prevenir doenças ocasionadas por possíveis deficiências, ou para recuperar um estado de saúde dependente de fatores nutricionais.
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Suplementos Nutricionais: alimentos que podem complementar com calorias, ou outros nutrientes, a dieta diária de uma pessoa saudável, quando sua ingestão, por meio da alimentação, é insuficiente, ou quando suas necessidades encontram-se tão elevadas que a dieta necessitará de suplementação (Resolução CFN N. 380/2005).
Suplementos são alimentos que podem complementar com calorias, ou outros nutrientes, a dieta diária de uma pessoa saudável, quando sua ingestão, por meio da alimentação, é insuficiente, ou quando suas necessidades encontram-se tão elevadas que a dieta necessitará de suplementação de micronutrientes.
Devem conter no mínimo 25% e não devem ultrapassar 100% da ingestão diária recomendada (IDR) de vitaminas e/ou minerais, mas não devem ser utilizados como substitutos dos alimentos ou utilizados de forma exclusiva.
Legislação sobre suplementação nutricional
RESOLUÇÃO CFN nº 390 de 27 de outubro de 2006: Regulamenta a prescrição dietética de suplementos nutricionais pelo nutricionista e dá outras providências. Esta resolução regulamenta a prescrição dietética, pelo nutricionista, de suplementos nutricionais.
Deve-se respeitar os níveis máximos de segurança, regulamentados pela ANVISA e na falta destes, os definidos como “Tolerable Upper Intake Levels (UL)”, também conhecidos como limite de Ingestão Máxima Tolerável, ou seja, a quantidade máxima diária de um nutriente que pode ser ingerida sem causar efeitos adversos à saúde da maioria da população.
Dessa forma, a prescrição de suplementos nutricionais, quando houver indicação de uso, deverá ser realizada nos seguintes casos com base no diagnóstico nutricional:
I - estados fisiológicos específicos;
II - estados patológicos;
III - alterações metabólicas.
O diagnóstico nutricional deve estar fundamentado numa prévia avaliação nutricional sistematizada que envolve critérios objetivos e/ou subjetivos que permitam a identificação ou risco de deficiências nutricionais.
O profissional nutricionista, ao realizar a prescrição dietética de suplementos nutricionais, deverá:
» Considerar o indivíduo integralmente e respeitar fatores como: condição clínica, fatores socioeconômicos, cultura e religião;
» Considerar os diagnósticos, laudos e pareceres realizados pelos profissionais da saúde que avaliaram este indivíduo, levando em consideração os diagnósticos e condutas em questão.
» Avaliar as carências nutricionais que podem ocorrer por deficiência de consumo ou distúrbios na biodisponibilidade;
» Considerar que, após a correção de hábitos alimentares, este indivíduo pode necessitar de suplementação nutricional para suprir possíveis deficiências nutricionais
» Considerar que, alguns indivíduos possuem algumas patologias em que há a necessidade de restrições alimentares, ou de uma necessidade aumentada de determinados nutrientes
» Respeitar os princípios da bioética e das atribuições do profissional nutricionista;
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» Definir o período de utilização do suplemento nutricional, bem como realizar periodicamente reavaliações do estado nutricional e do plano alimentar.
Fonte: http://brazil.indymedia.org/content/20 09/03/443802.shtml (Acesso em: 27 mai. 2014).
Legislação aplicada à fitoterapia
A Fitoterapia é um ramo da ciência que utiliza como medida terapêutica o uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, porém sem o isolamento de substâncias ativas, ainda que de origem vegetal, pela qual o nutricionista pode utilizá-la como ferramentas no tratamento de doenças que estejam associadas à sua área de atuação profissional. Estas ferramentas são classificadas em duas formas: como alimentos, na forma de plantas medicinais na forma in natura (a) e como droga vegetal (b) e como medicamentos, na forma de manipulados (c) e industrializados (d).
O Consolidado de Normas da Coordenação de Fitoterápicos, Dinamizados e Notificados da ANVISA é um documento que contém todas as legislações sanitárias do Brasil sobre fitoterápicos e plantas medicinais.
Existem duas formas de obtenção dos fitoterápicos: manipulados ou industrializados. A manipulação de fitoterápicos é feita em farmácias com autorização da Vigilância Sanitária, a partir de preparações magistrais (elaboradas a partir de prescrições médicas, de nutricionistas, dentistas ou veterinários) ou oficinais (inscrita no Formulário Nacional ou em Formulários Internacionais reconhecidos pela ANVISA).
A resolução de Diretoria Colegiada n. 67/07 é a norma que regulamenta a manipulação e define as Boas Práticas de Manipulação de preparações
magistrais e oficinais. A Portaria 22, que foi seguida pela Portaria 6, publicada em 1995, RDC 17, publicada em 2000, a RDC 48, publicada em 16 de março de 2004 e a norma vigente RDC 14/2010, publicada em 05 de abril de 2010 registra os medicamentos fitoterápicos, que possui regulamentação específica desde 1967.
A Resolução do CFN nº 402/2007, que regulamenta a prescrição pelo nutricionista de plantas in natura frescas ou como droga vegetal nas diferentes formas farmacêuticas, além de prover inteira liberdade constitucional para o exercício das suas atividades profissionais legalmente fixadas em lei, estabelece:
» Art.3º: o conteúdo obrigatório da prescrição Fitoterápica, tais como: nomenclatura botânica, dosagem e frequência de uso e o parágrafo único estabelece as formas farmacêuticas, exclusivamente de uso oral (infusão, decocção, tintura, alcoolatura e extrato).
» Art.6º: o nutricionista não poderá prescrever aqueles produtos cuja legislação vigente exija prescrição médica.
» Art.7º: o nutricionista somente poderá prescrever aqueles produtos que tenha indicações terapêuticas relacionadas ao seu campo de atuação.
Fonte: http://www.cfn.org.br/novosite/pdf/res /2007/res402.pdf (Acesso em: 27 mai. 2014
Para dar base legal à prescrição de medicamentos fitoterápicos pelo nutricionista, é orientada pelo CFN a utilização da Instrução Normativa n. 5, de 11 de dezembro 2008, da ANVISA, que determina a Lista de Medicamentos Fitoterápicos de Registro Simplificado, com 36 medicamentos industrializados e estabelece
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quais são os de venda sob prescrição médica e sem prescrição médica. Cabe ressaltar que, com base nesta resolução, não é permitido ao nutricionista prescrever os fitoterápicos (sejam industrializados ou manipulados) que estão classificados nesta legislação sanitária como “venda sob prescrição médica”.
Assim, sendo de uso oral e estando relacionado com a área de atuação do nutricionista, podem ser prescritos os demais, como prática complementar à atividade dietoterápica, desde que possuam comprovação de eficácia e segurança em humanos e em condições clínicas relacionadas com a área de atuação do nutricionista.
Por tratar-se de uma prática recente à formação do nutricionista, é importante que o profissional busque capacitação complementar específica para adoção da fitoterapia como ferramenta terapêutica, e assim, obter conhecimentos técnico-científicos sobre sinônimos de plantas, nomenclatura botânica, partes utilizáveis da planta, constituintes químicos/metabólitos secundários, tipos de extratos vegetais, formas farmacêuticas, indicações de uso, dosagens, posologia, mecanismo de ação, precauções, advertências, contraindicações, interações com nutrientes e medicamentos, reações adversas e toxicidade.
Para que seja feita a prescrição de forma racional de fitoterápicos, o profissional nutricionista deve-se certificar da eficácia e da segurança em humanos na condição clínica em questão e que pode ser feita através da:
» Existência de ensaios clínicos em publicações indexadas, em ordem decrescente de grau de evidência: estudos de revisão sistemática com ou sem meta-análise (nível I de evidências); ensaios clínicos com mais de 1.000 pacientes (nível II de evidências); ensaios clínicos com menos de 1.000 pacientes (nível III de evidências); estudos de coorte – não-randomizados (nível IV de evidências), estudos de caso-controle (nível V de evidências); séries de
casos (nível VI de evidências), relatos de caso (nível VII de evidências), devendo-se preferir por estudos entre nível I e nível III de evidências;
» Documentações técnico-científicas oficial-mente reconhecidas, relacionadas na Instrução Nor-mativa n. 5 de 2010;
» Levantamentos bibliográficos etnofarmacoló-gicos;
» Informações presentes na Lista de Registro Simplificado na Instrução Normativa n. 5 de 2008.
Fitoterápicos que necessitam de prescrição médica
Tabela I - Lista de Registro Simplificado de Fitoterápicos
Nomenclatura botânica
Aesculus hippocastanum L.
1
Nome popular Castanha da Índia
Parte usada Sementes
Padronização/Marcador Escina
Formas de uso Extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Fragilidade capilar, insuficiência venosa
Dose Diária 32 a 120 mg de escina
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Allium sativum L. 2
Nome popular Alho
Parte usada Bulbo
Padronização/Marcador Aliina ou Alicina
Formas de uso Tintura, óleo, extrato seco
Indicações / Ações terapêuticas
Coadjuvante no tratamento da hiperlipidemia e hipertensão arterial leve; prevenção da aterosclerose
Dose Diária Equivalente a 6-10 mg aliina
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
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Nomenclatura botânica
Aloe vera ( L.) Burm f. 3
Nome popular Babosa ou áloe
Parte usada folhas - gel mucilaginoso
Padronização/Marcador 0,3% polissacarídeos totais
Formas de uso Creme, gel
Indicações / Ações terapêuticas
Tratamento de queimaduras térmicas (1º e 2º graus) e de radiação
Dose Diária Preparação com 35 a 70% do gel duas vezes ao dia
Via de Administração Tópico
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Arctostaphylos uva-ursi Spreng.
4
Nome popular Uva-ursi
Parte usada Folha
Padronização/Marcador Quinonas calculadas em arbutina
Formas de uso Extratos, tinturas
Indicações / Ações terapêuticas
Infecções do trato urinário
Dose Diária 400 a 840 mg quinonas (arbutina)
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sob prescrição médica; não utilizar continuamente por mais de 1 semana nem por mais de 5 semanas/ano; não usar em crianças com menos de 12 anos
Nomenclatura botânica
Calendula officinalis L. 5
Nome popular Calêndula
Parte usada Flores
Padronização/Marcador Flavonoides totais expressos em quercetina ou hiperosídeos;
Formas de uso Tintura, extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Cicatrizante, anti-inflamatório
Dose Diária 8,8-17,6 mg de flavonoides
Via de Administração Tópico
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Centella asiatica (L.) Urban, Hydrocotile asiatica L.
6
Nome popular Centela, ?Gotu kola?
Parte usada Caule e Folhas
Padronização/Marcador Ácidos triterpênicos (asiaticosídeos, madecassosídeo)
Formas de uso Extrato seco
Indicações / Ações terapêuticas
Insuficiência venosa dos membros inferiores
Dose Diária 6,6-13,6 mg de asiaticosídeos
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sob prescrição médica
Nomenclatura botânica
Cimicifuga racemosa (L.) Nutt.
7
Nome popular Cimicífuga
Parte usada Raiz ou rizoma
Padronização/Marcador 27-deoxyacteína ou ácido isoferúlico
Formas de uso Extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Sintomas do climatério
Dose Diária 1-8 mg de 27-deoxyacteína
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sob prescrição médica
Nomenclatura botânica
Cynara scolymus L. 8
Nome popular Alcachofra
Parte usada Folhas
Padronização/Marcador Cinarina ou Derivados do ácido cafeoilquínico expressos em Ácido Clorogênico
Formas de uso Tintura, extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Colerético, colagogo
Dose Diária 7,5 mg a 12,5 mg de cinarina ou derivados
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
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Nomenclatura botânica
Echinacea purpurea Moench
9
Nome popular Equinácea
Parte usada Caule e Folhas (partes aéreas)
Padronização/Marcador Derivados do ácido cafeico - ác. Clorogênico, ác. Chicórico
Formas de uso Extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Preventivo e coadjuvante na terapia de resfriados e infecções do trato respiratório urinário
Dose Diária 12-31 mg de ácido Chicórico
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sob prescrição médica
Nomenclatura botânica
Ginkgo biloba L. 10
Nome popular Ginkgo
Parte usada Folhas, partes aéreas (caule e flores)
Padronização/Marcador Extrato a 24% ginkgoflavonoides (Quercetina, Kaempferol, Isorhamnetina), 6% de terpenolactonas (Bilobalide, Ginkgolide A,B,C,E)
Formas de uso Extrato
Indicações / Ações terapêuticas
Vertigens e zumbidos (tinidos) resultantes de distúrbios circulatórios; distúrbios circulatórios periféricos (claudicação intermitente), insuficiência vascular cerebral
Dose Diária 80-240 mg de extrato padronizado, em 2 ou 3 tomadas ou 28,8-57,6 mg de ginkgoflavonoides e 7,20-14,4 mg de terpenolactonas.
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sob prescrição médica
Nomenclatura botânica
Hypericum perforatum L.
11
Nome popular Hipérico
Parte usada Partes aéreas
Padronização/Marcador Hipericinas totais
Formas de uso Extratos, tintura
Indicações / Ações terapêuticas
Estados depressivos leves a moderados, não endógenos
Dose Diária 0,9 a 2.7 mg hipericinas
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sob prescrição médica
Nomenclatura botânica
Matricaria recutita L. 12
Nome popular Camomila
Parte usada Capítulos
Padronização/Marcador Apigenina -7 - glucosídeo
Formas de uso Tintura, extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Antiespasmódico, anti-inflamatório tópico, distúrbios digestivos, insônia leve.
Dose Diária 4 a 24 mg de Apigenina -7 - glucosídeo
Via de Administração Oral e tópico, tintura apenas tópico
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss.
13
Nome popular Espinheira-Santa
Parte usada Folhas
Padronização/Marcador Taninos totais
Formas de uso Extratos, tintura,
Indicações / Ações terapêuticas
Dispepsias, coadjuvante no tratamento de úlcera gástrica
Dose Diária 60 a 90 mg taninos / dia
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Melissa officinalis L. 14
Nome popular Melissa, Erva-cidreira
Parte usada Folhas
Padronização/Marcador Ácidos hidroxicinâmicos calculados como ácido rosmarínico
Formas de uso Tintura, extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Carminativo, antiespasmódico, distúrbios do sono
Dose Diária 60-180 mg de ácido rosmarínico
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
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Nomenclatura botânica
Mentha piperita L. 15
Nome popular Hortelã-pimenta
Parte usada Folhas
Padronização/Marcador Mentol 30%-55% e mentona 14%-32%
Formas de uso Óleo essencial
Indicações / Ações terapêuticas
Carminativo, expectorante, cólicas intestinais
Dose Diária óleo 0,2g a 0,8 g
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Panax ginseng C. A. Mey.
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Nome popular Ginseng
Parte usada Raiz
Padronização/Marcador Ginsenosídeos
Formas de uso Extratos, tintura
Indicações / Ações terapêuticas
Estado de fadiga física e mental, adaptógeno
Dose Diária 5mg a 30 mg de ginsenosídeos totais (Rb1, Rg1)
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica (utilizar por no máximo 3 meses)
Nomenclatura botânica
Passiflora incarnata L. 17
Nome popular Maracujá, Passiflora
Parte usada Folhas
Padronização/Marcador Flavonoides totais expressos na forma de isovitexina ou vitexina
Formas de uso Tintura, extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Sedativo
Dose Diária 25mg a 100 mg de vitexina/isovitexina
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Paullinia cupana H.B.&K.
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Nome popular Guaraná
Parte usada Sementes
Padronização/Marcador Trimetilxantinas (cafeína)
Formas de uso Extratos, tinturas
Indicações / Ações terapêuticas
Astenia, estimulante do SNC
Dose Diária 15 a 70 mg de cafeína
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Peumus boldus Molina 19
Nome popular Boldo, Boldo-do-Chile
Parte usada Folhas
Padronização/Marcador Alcaloides totais calculados como boldina
Formas de uso Tintura e extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Colagogo, colerético, tratamento sintomático de distúrbios gastrointestinais espásticos
Dose Diária 2 a 5 mg de boldina
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Pimpinella anisum L. 20
Nome popular Erva-doce, Anis
Parte usada Frutos
Padronização/Marcador Trans-anetol
Formas de uso Tinturas, extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Antiespasmódico, carminativo, expectorante, distúrbios dispépticos;
Dose Diária 0-1 ano: 16-45mg de trans-anetol; 1-4 anos: 32-90 mg de trans-anetol; adultos: 80-225mg de trans-anetol
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
13
Nomenclatura botânica
Piper methysticum Forst. f.
21
Nome popular Kava-kava
Parte usada Rizoma
Padronização/Marcador Kavapironas Kavalactonas
Formas de uso Extratos, tintura,
Indicações / Ações terapêuticas
Ansiedade, insônia, tensão nervosa, agitação
Dose Diária 60-120 mg de kavapironas
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sob prescrição médica - utilizar no máximo por 2 meses
Nomenclatura botânica
Rhamnus purshiana DC.
22
Nome popular Cáscara Sagrada
Parte usada Casca
Padronização/Marcador Cascarosídeo A
Formas de uso Extratos,Tintura
Indicações / Ações terapêuticas
Constipação ocasional
Dose Diária 20-30 mg cascarosídeo A
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Salix alba L. 23
Nome popular Salgueiro branco
Parte usada Casca
Padronização/Marcador Salicina
Formas de uso Extratos,
Indicações / Ações terapêuticas
Antitérmico, antiinflamatório, analgésico
Dose Diária 60-120 mg de salicina
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Senna alexandrina Mill.
24
Nome popular Sene
Parte usada Folhas e frutos
Padronização/Marcador Derivados hidroxiantracênicos (calculados como senosídeo B)
Formas de uso Extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Laxativo
Dose Diária 10-30 mg de derivados hidroxiantracênicos (calculados como senosídeo B)
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Serenoa repens (Bartram) J.K. Small
25
Nome popular Saw palmetto
Parte usada Frutos
Padronização/Marcador Ácidos graxos
Formas de uso Extrato
Indicações / Ações terapêuticas
Hiperplasia benigna da próstata
Dose Diária 272mg a 304 mg de ácidos graxos
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sob prescrição médica
Nomenclatura botânica
Symphytum officinale L.
26
Nome popular Confrei
Parte usada Partes aéreas e raízes
Padronização/Marcador Alantoína
Formas de uso Extrato
Indicações / Ações terapêuticas
Cicatrizante
Dose Diária Preparação com 5% a 20% da droga seca
Via de Administração Tópico
Restrição de uso Venda sem prescrição médica. Utilizar por no máximo 4-6 semanas / ano
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
14
Nomenclatura botânica
Tanacetum parthenium Sch. Bip.
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Nome popular Tanaceto
Parte usada Folhas
Padronização/Marcador Partenolídeos
Formas de uso Extratos, tintura
Indicações / Ações terapêuticas
Profilaxia da enxaqueca
Dose Diária 0,2-1 mg de partenolídeos
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sob prescrição médica
Nomenclatura botânica
Zingiber officinale Rosc.
28
Nome popular Gengibre
Parte usada Rizomas
Padronização/Marcador Gingerois (6-gingerol, 8-gingerol, 10-gingerol, 6-shogaol, capsaicin)
Formas de uso Extratos
Indicações / Ações terapêuticas
Profilaxia de náuseas causada por movimento (cinetose) e pós-cirúrgicas
Dose Diária Crianças acima de 6 anos: 4-16mg de gingerois; adulto: 16-32mg de gingerois
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Valeriana officinalis 29
Nome popular Valeriana
Parte usada Raízes
Padronização/Marcador Sesquiterpenos (ácido valerênico, ácido acetoxivalerênico)
Formas de uso Extrato, tintura
Indicações / Ações terapêuticas
Insônia leve, sedativo, ansiolítico
Dose Diária 0,8-0,9 mg de sesquiterpenos
Via de Administração Oral
Restrição de uso Venda com prescrição médica
Nomenclatura botânica
Mikania glomerata Sprengl.
30
Nome popular Guaco
Parte usada Folhas
Padronização/Marcador cumarina
Formas de uso Extrato, tintura
Indicações / Ações terapêuticas
Expectorante, broncodilatador
Dose Diária 0,525-4,89 mg de cumarina
Via de Administração oral
Restrição de uso Venda sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Hamamelis virginiana 31
Nome popular Hamamelis
Parte usada Folha
Padronização/Marcador Taninos
Formas de uso Extrato, tintura
Indicações / Ações terapêuticas
Hemorroidas - uso interno; hemorroidas externas, equimoses - uso externo
Dose Diária 160-320 mg taninos
Via de Administração Oral e tópica
Restrição de uso Venda com prescrição médica
Nomenclatura botânica
Polygala senega 32
Nome popular Polígala
Parte usada Raízes
Padronização/Marcador Saponinas triterpenicas
Formas de uso Extrato, tintura
Indicações / Ações terapêuticas
Bronquite crônica, faringite
Dose Diária 18-33 mg de saponinas triterpenicas
Via de Administração Oral
Restrição de uso Sem prescrição médica
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Nomenclatura botânica
Eucalyptus globulus 33
Nome popular Eucalipto
Parte usada Folhas
Padronização/Marcador Cineol
Formas de uso Óleo , extrato, tintura
Indicações / Ações terapêuticas
Antisséptico e antibacteriano das vias aéreas superiores; expectorante
Dose Diária 14 - 42,5 mg cineol
Via de Administração Oral
Restrição de uso Sem prescrição médica
Nomenclatura botânica
Arnica Montana 34
Nome popular Arnica
Parte usada Sumidades floridas
Padronização/Marcador Lactonas sesquiterpênicas totais
Formas de uso Extrato, tintura
Indicações / Ações terapêuticas
Equimoses, hematomas, contusões em geral
Dose Diária Tintura: 1 mg/ml de lactonas sesquiterpênicas, diluir de 3 a 10x; Cremes e pomadas : 0,20-0,25 mg/mg de lactonas sesquiterpênicas;
Via de Administração Tópica
Restrição de uso Venda sem prescrição; não usar em ferimentos abertos
Fonte: Adaptado da resolução – RE n° 89, de 16 de março de 2004.
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
Avaliação do estado nutricional é caracterizada, segundo a American Dietetic Association (1994), como a abordagem completa para determinar o estado nutricional de um indivíduo. Os principais objetivos desta avaliação são:
» Identificar os indivíduos que necessitam de intervenção nutricional;
» Identificar as intervenções nutricionais e médicas necessárias para recuperar ou manter o estado nutricional adequado do indivíduo;
» Monitorar a eficácia das intervenções.
Para a realização desta avaliação, são necessárias 4 etapas diferentes:
» Anamnese – dados pessoais, histórico clínico, comportamental, fatores socioeconômicos, culturais etc.;
» Avaliação Bioquímica – exames laboratoriais;
» Avaliação Dietética ou consumo alimentar;
» Avaliação física, antropométrica e de composição corporal;
O estado nutricional expressa o grau no qual as necessidades fisiológicas por nutrientes e energia estão sendo alcançadas. É considerado estado nutricional adequado quando há o equilíbrio entre ingestão e necessidades nutricionais mantendo a composição e funções adequadas do organismo. A alteração do estado nutricional contribui para o aumento da morbimortalidade dos indivíduos.
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
16
Estado nutricional não adequado pode ser dividido de duas formas:
» Desnutrição: tendências a infecção, defici-ência de cicatrização, falência respiratória, insuficiên-cia cardíaca etc.
» Obesidade: hipertensão, doenças cardiovas-culares, diabetes, hérnia de hiato etc.
Desta forma, deve-se seguir todas as etapas da avaliação nutricional para um melhor diagnóstico do estado nutricional e identificação dos principais problemas nutricionais do indivíduo, no intuito de reverter, a partir da elaboração do plano nutricional, todos os erros alimentares.
Anamnese
A anamnese consiste em entrevista em que se procura levantar a história clínica e alimentar do indivíduo, levando em consideração fatores familiares, hábitos de vida, costumes religiosos, culturais e regionais. Algumas das informações importantes para a anamnese estão listadas abaixo:
» Dados de identificação
» Objetivos
» Quadro de atividades
» Dados clínicos
» Antecedentes familiares
» Fármacos em uso
» Suplementos em uso
» Hábito intestinal e urinário diário
» Uso de bebida alcoólica, refrigerantes e outros líquidos
» Ingestão de água
» Avaliação do consumo alimentar
» Avaliação corporal
» Observações relevantes
Avaliação dietética
A avaliação dietética é realizada afim de se obter informações sobre o consumo alimentar de uma pessoa. Na prática clínica, a avaliação dietética é realizada por meio de inquéritos alimentares, ferramentas que consistem em entrevistas e questionários para detecção de consumo alimentar em quantidades e qualidade da alimentação.
Os inquéritos alimentares oferecem algumas desvantagens como: Falta de confiabilidade (subestima ou superestima); Os métodos geralmente não avaliam o habitual; a escolha errada do método pode atrapalhar a avaliação; em todos os métodos existem erros de mensuração. Além disso, pacientes podem sentir dificuldades em responder aos questionamentos relativos à sua própria alimentação por motivos como:
» Falta de conhecimentos sobre os alimentos e as medidas normalmente utilizadas para o consumo destes;
» Inexperiência com o preparo dos alimentos;
» Pouca familiaridade com os ingredientes de preparações consumidas;
» Desinteresse pelos aspectos da própria alimentação;
» Falta de tempo e atenção ao responder o inquérito;
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
17
Podemos dividir os métodos de avaliação dietética em:
» Métodos Retrospectivos: Avaliam o con-sumo alimentar do passado imediato ou de longo prazo. Vantagens: Fácil aplicação, pois exige pouco tempo do entrevistado (10 a 30 minutos), não inter-fere (modifica) o hábito alimentar, fácil treinamen-to do entrevistador e compreensão do entrevistado. Desvantagens: A qualidade da informação depende da memória do entrevistado, muitos indivíduos têm dificuldades em estimar a porção consumida, não ca-racteriza a dieta habitual do indivíduo, não podendo estabelecer a relação de causalidade.
» Métodos Prospectivos: Registram o con-sumo alimentar do presente. Vantagens: Medem o consumo atual, são mais indicados para avaliar con-sumo individual e não dependem muito da memória do entrevistado. Desvantagem: Omissão de dados dos pacientes, pode induzir à modificação do hábito alimentar.
Método de AvaliaçãoRetrospectivo ProspectivoRecordatório 24 horas Registro alimentar
História alimentar Métodos de pesagem
Questionário de frequência de consumo alimentar
Análise em duplicata
Estes métodos podem se classificados também em qualitativos e quantitativos
Recordatório 24h (método quantitativo)
O recordatório 24h consiste em definir e quantificar todos os alimentos e bebidas ingeridas no período anterior à entrevista (24 horas precedentes, ou o dia anterior). Desenvolvido por Bertha Burcke (1947), Mc Henry (1939) e Kruse et al (1940). Trata-se de uma entrevista pessoal, em que um indivíduo treinado questiona sobre o consumo alimentar do dia anterior, assim como horário das refeições e local.
Exemplo:
H
Horário e Local 7:00hsCasa
Alimentos ou preparações
Pão de forma 7 grãos
Quantidade 2 fatias
Marca Comercial Wickbold
Observação Pão de forma sem casca
Orientações de preenchimento:
No início do recordatório, o entrevistador deve perguntar ao entrevistado: Por favor me descreva todos os alimentos que você comeu ontem, desde o momento que você acordou até a hora que você foi dormir.
Não esquecer de sempre questionar sobre açúcares, balas, doces, bebidas (água e café), bebidas alcoólicas, forma de preparo das carnes, tipos de leite (integral, tipo B), adição de temperos à salada.
História alimentar (método quantitativo)
A história alimentar consiste na descrição de todas as refeições e alimentos normalmente consumidos pelo paciente em dias passados não consecutivos. Trata-se de um método de avaliação da dieta usual, sendo eliminadas as variações do dia a dia. Este instrumento é pouco difundido, mas com uma boa utilização na prática clínica permite conhecer o padrão alimentar do indivíduo e servir de base para a definição de planos de orientação dietética. Difícil aplicação, pois a maioria dos pacientes não possui lembrança exata de suas refeições de dias de semanas passadas.
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Refeições Horário/ Local Alimentos/Preparações/Quantidades
Café da manhã
Lanche
Almoço
Lanche
Jantar
Ceia
Orientações de preenchimento:
No início da história alimentar, o entrevistador deve perguntar ao entrevistado: Por favor me descreva o que você normalmente come ao acordar. Qual a quantidade? Mais alguma coisa? E depois?
Questionário de frequência alimentar (QFA) (Método qualitativo)
O QFA é um inquérito alimentar também desenvolvido por Bertha Burke (década 40). Foi criado para obtenção de informação qualitativa ou semiquantitativa sobre o padrão alimentar e a ingestão de alimentos ou nutrientes específicos dos indivíduos.
Exemplo:
Fonte: retirado de http://www.gac-usp.com.br/resources/QFA%20-%202013.pdf. Acesso em 28/04/2014.
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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O QFA apresenta como principais vantagens poder ser utilizado para avaliação da relação entre dieta e doença, permitir avaliar o consumo habitual do indivíduo sem alterar o padrão de consumo alimentar e é um método de baixo custo. As principais desvantagens do QFA são: depender da memória do entrevistado, necessita de tempo (30 minutos mínimo), não permite avaliação da adequação do consumo alimentar em quantidade, exige processos de validação, calibração e reprodutibilidade para aplicação em diferentes populações e deve ser específico para idade e condições fisiológicas e patológicas.
Registro alimentar (método quantitativo)
O registro alimentar é um instrumento de avaliação do consumo alimentar muito utilizado na prática clínica. Para sua realização, o próprio indivíduo entrevistado deve registrar durante alguns dias (3, 5 ou 7 dias) os alimentos consumidos com as respectivas quantidades (em gramas ou medidas caseiras). O preenchimento do registro alimentar deve ser realizado em dias não consecutivos e deve constar pelo menos um dia do fim de semana para se aumentar a acurácia da avaliação.
Exemplo:
ESTE É O FORMULÁRIO DE REGISTRO ALIMENTAR QUE VOCÊ PREENCHERÁ DURANTE 3 DIAS, SENDO 1 DIA DE FINAL DE SEMANA E 2 DIAS DURANTE A SEMANANeste formulário coloque todos os alimentos e bebidas que você ingerir no decorrer de cada dia, inclusive balas, chicletes, refrigerante, suco. Sugerimos que, tenha esse formulário sempre a mão durante todo o dia para facilitar as anotações e nenhum dado ser perdido, pois o preenchimento correto deste registro é imprescindível para que sua avaliação nutricional seja completa.
DIA HORA LOCAL (Ex: casa, escola, trabalho, restaurante)
QUANTIDADE (Ex: colher de sopa, copo, concha, unidade, prato, mL, grama, pacote, dose, escumadeira, xícara etc..)
NOME DO ALIMENTO E TIPO DE PREPARAÇÃO (Ex: bife à milanesa, macarrão com molho branco, brócoli refogado com manteiga etc..)
OBSERVAÇÕES (Ex: se é light ou diet e marca do produto quando possível)
As principais vantagens do registro alimentar são: O consumo é anotado pelo próprio paciente e não depende necessariamente da memória deste. As desvantagens encontradas neste método são: O consumo pode ser alterado, pois o indivíduo sabe que está sendo avaliado, depende mais da dedicação do entrevistado, muitos encontram dificuldade em estimar porções e sobras, indivíduos analfabetos são impossibilitados de preencher o inquérito.
Método de pesagem e análise de duplicatas
O método de pesagem e análise de duplicatas são métodos utilizados normalmente na pesquisa científica e muito difíceis de realização na prática clínica. O método de pesagem consiste em pesar todos os alimentos consumidos para estabelecer o consumo alimentar exato e a análise de duplicatas consiste em analisar bromatologicamente todas as refeições, coletando exatamente a mesma quantidade de tipo de alimento para a análise.
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Avaliação bioquímica
A avaliação bioquímica é realizada a partir de exames laboratoriais que podem indicar problemas de saúde ocasionados por carências nutricionais. Os exames laboratoriais mais solicitados na prática clínica são os relacionados ao metabolismo de carboidratos e lipídios.
Avaliação bioquímica do metabolismo de carboidratos
Os exames relacionados ao metabolismo de carboidratos incluem dosagens sanguíneas de glicose, hemoglobina glicosilada e insulina e são utilizadas na
detecção de diabetes, resistência à insulina e doenças relacionadas ao metabolismo da glicose.
Glicose Sanguínea em Jejum
A glicemia de jejum serve para diagnóstico e moni-toramento terapêutico de Diabetes Mellitus. Também pode ser utilizado para diagnóstico diferencial das aci-doses metabólicas, desidratações e hipoglicemias.
Glicose pós-prandial
Coleta de sangue e dosagem da glicemia 2 horas após a ingestão de 75g de dextrosol ou do consumo de dieta padrão definida pelo médico.
Valores de glicose plasmática (mg/ dL) para diagnóstico de DM e seus estágios pré-clínicos.
CATEGORIA JEJUM 1 PÓS PRANDIAL
CASUAL2
GLICEMIA NORMAL < 100 < 140 ---------
TOLERÂNCIA À GLICOSE DIMINUÍDA
110 a 126 ≥ 140 a 200 ---------
DM ≥ 126 ≥ 200 ≥ 200 (com sintomas clássicos 3)
1. Jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8hs.2. Glicemia plásmatica casual é definida como aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição3. Os sintomas clássicos de Dm incluem poliúria, polidispsia e perda enexplicável de peso.Nota: o diagnóstico de DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensão metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM.
Hemoglobina Glicosilada
Reflete a concentração média de glicose circulante nos últimos 2 a 3 meses que precedem o exame. Não deve-se utilizar em pacientes com Hemoglobinopatias. Valores de referência (WALLACH, 2003) ―› 5,0 a 8,0% da hemoglobina total.
Frutosamina
A dosagem de frutosamina no sangue pode ser utilizada como monitoramento a curto prazo do controle da glicemia em diabéticos. Pode ser utilizado por pacientes com hemoglobinopatias. Valores de referência (WALLACH, 2003) ―› 1,8 a 2,8mmol/L.
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Teste de tolerância oral à glicose (Curva Glicêmica)
A curva glicêmica deve ser utilizada em pacientes que encontram-se com glicemia de jejum no limite estabelecido e apresentam sintomas clássicos associados. O objetivo deste exame é: confirmar ou excluir diagnóstico de DM, explorar glicosúria sem hipoglicemia, oferecer diagnóstico de DM gestacional. Para realização deste exame, o paciente deve estar em jejum mínimo de 10 horas, consumir dieta rica em carboidratos 3 dias antes. Curvas anormais (não crescentes e posteriormente decrescentes) podem indicar distúrbios como Síndrome de Cushing, feocromocitoma ou acromegalia.
Coleta de amostras de sangue conforme tipo de curva glicêmica:
Curva Glicêmica Tempos de ColetaClássica Basal, 30, 60, 90
e 120 minutos
Simplificada em gestantes Basal e 60 minutos
Clássica em gestantes Basal, 60, 120 e 180 minutos
Variada Tempo conforme pedido médico
Prolongada Basal, 30, 60, 120, 180, 240 e 300 minutos
Fonte: Adaptado de Lima (2001)
Avaliação bioquímica do metabolismo de lipídios
A avaliação bioquímica de lipídios séricos está relacionado diretamente com o diagnóstico ou risco para doenças cardiovasculares (DCV) e dislipidemias. As principais determinações bioquímicas realizadas são:
» Colesterol total (CT)
» Colesterol ligado à HDL ou HDL - colesterol (HDL-C)
» Triglicerídeos (TG)
» Colesterol ligado à LDL ou LDL-colesterol (LDL-C)
Classificação das Dislipdemias:
a) Hipercolesterolemia isolada: Elevação isolada do LDL-C (≥ 130 mg/dL).
b) Hipertrigliceridemia isolada: Elevação isolada dos TG (≥ 130 mg/dL).
c) Hiperlipidemia mista: Valores aumentados de ambos LDL-C (≥ 130 mg/dL) TG (≥ 130 mg/dL).
d) HDL-C baixo: Redução do HDL-C (homens < 45 mg/dL e mulheres < 50 mg/dL) isolada ou em associação com aumento de LDL-C ou TG.
Fonte: Rossi (2009).
Para a coleta de sangue para determinação destes parâmetros, deve-se observar as seguintes recomendações:
» Jejum de 12 a 14 horas
» 72 horas sem ingestão de álcool
» 24 horas sem atividade física vigorosa
Avaliação antropométrica
A avaliação antropométrica é caracterizada como a medida do tamanho corporal e suas proporções. As principais medidas utilizadas para esta avaliação são: peso, estatura, dobras cutâneas e circunferências. Essas medidas em conjunto são utilizadas para cálculo de índices e indicadores que são importantes para a avaliação final do estado nutricional.
» ÍNDICES ―› combinações de medidas.
» INDICADORES ―› “interpretação dos índi-ces”.
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Técnicas de tomada de medida, índices e indicadores
Peso
Peso: somatória de todos os componentes corporais, reflete o equilíbrio proteico energético do indivíduo
» Equipamento: balança calibrada de plata-forma ou eletrônica.
» Técnica: Indivíduo posicionado em pé, no centro da balança, descalço e com roupas leves.
» Peso Usual ou Habitual: utilizado como referência na avaliação das mudanças recentes de peso e em casos de impossibilidade de medir o peso atual.
» Peso Ideal ou Desejável: Peso utilizado para estimar um peso ideal do indivíduo. Para estabelecer o peso ideal, utiliza-se o IMC ideal como base. Exemplo:
Homens = 22 kg/m2. Para o cálculo do peso ideal, utiliza-se a seguinte fórmula: 22 X Altura2
Mulheres = 21 kg/m2. Para o cálculo do peso ideal, utiliza-se a seguinte fórmula: 21 X Altura2
» Peso Ajustado: Utilizado para a determinação da necessidade energética e de nutrientes. Deve ser utilizado quando a adequação do peso encontra-se inferior a 95% ou superior a 155%.
ADEQUAÇÃO DO PESO (%) = (PESO ATUAL X 100) PESO IDEAL
PESO AJUSTADO = (PESOIDEAL - PESOATUAL) x 0,25 + PESOATUAL
ADEQUAÇÃO DE PESO (%)
ESTADO NUTRICIONAL
< 70 Desnutrição grave
70,1 – 80 Desnutrição moderada
80,1 – 90 Desnutrição leva
90,1 – 110 Eutrofia
110,1 – 120 Sobrepeso
> 120 Obesidade
Fonte: Blackburn e Thorton (1979)
» Perda de peso involuntária: Indicador im-portante para avaliar a gravidade de um problema de saúde.
Significado da perda de peso em relação ao tempo
PERDA DE PESO (%) = (PESO USUAL – PESO ATUAL) X 100 PESO USUAL
TEMPO PERDA SIGNIFICATIVA DE PESO
PERDA GRAVE DE PESO
1 semana 1% a 2% > 2%
1 mês 5% > 5%
3 meses 7,5% > 7,5%
6 meses 10% > 10%
Fonte: Blackburn e Thorton (1977)
Estatura
A estatura reflete inadequações nutricionais de caráter crônico.
» Equipamento: Estadiômetro ou antropôme-tro ―› crianças > de 2 anos, adolescentes e adul-tos. Infantômetro ―› comprimento ―› criança até 2 anos.
» Técnica: Descalço, vestindo roupas leves ―› visualização do contorno do corpo evitando possíveis desvios.
Pés paralelos com a parte interna dos calcanhares e joelhos se tocando ―› distribuição do corpo em ambos os pés.
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Corpo ereto com os braços relaxados.
Posicionar 5 pontos anatômicos na superfície posterior do estadiômetro ou na parede ou no mínimo 3 pontos.
Cabeça posicionada pelo plano de Frankfurt ―› margem inferior da abertura do orbital e margem superior do condutor auditivo externo em uma mesma linha horizontal.
IMC
Índice de massa corpórea, reflete a quantidade de massa por metro quadrado de um indivíduo.
IMC (kg/m2) = PESO ALTURA2
Classificação do estado nutricional segundo IMC e riscos de doenças crônicas
IMC (kg/m2) Estado Nutricional
Risco de Doenças Crônicas
< 18,4 Baixo peso Baixo risco
18,5 – 24,9 Eutrofia Sem risco
25 – 29,9 Pré Obesidade ou Sobrepeso
Risco aumentado
30 – 34,9 Obesidade Grau I Moderado
35 – 39,9 Obesidade Grau II Severo
>40 Obesidade Grau III Muito Severo
Adaptado de OMS (2000)
O IMC é o índice mais utilizado na atualidade para avaliação do estado nutricional. Entretanto, possui limitações e pode sub ou superestimar o resultado em algumas situações. Abaixo, listamos as principais vantagens e desvantagens do IMC:
Vantagem:
» Não invasivo
» Baixo custo operacional
» Execução fácil
» Diagnóstico rápido
» Alta correlação com massa corporal
Desvantagem:
» Não distingue peso associado com a massa magra e massa gorda.
Circunferências e perímetros
As circunferências ou perímetros corporais indi-cam a junção de massa adiposa, massa muscular e tamanho ósseo.
» Equipamento: Fita antropométrica inelástica flexível.
» Técnica geral:
• Exercer leve pressão sobre a pele.
• Não deixar o dedo entre a fita e a pele.
• Sempre que possível medir sobre a pele nua.
Circunferência do punho:
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
24
» A circunferência do punho é um importante Indicador de crescimento e seu valor aliado à estatura fornece o tamanho da ossatura a partir da compleição física.
Técnica:
» Braço em posição supina
» Punho direito ―› medir na região imediata após os processos estilóides da ulna e do rádio.
Compleição Óssea
Compleição = Altura (cm) Circ punho (cm)
Circunferência do Braço:
Representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseos, muscular e gordura do local.
Técnica:
» Em pé, braço fletido em direção ao tórax, formando um ângulo de 90º;
» Marcar o ponto médio entre o acrômio e o olécrano;
» Relaxar o braço e circundar o perímetro com a fita, sem comprimir as partes moles.
Adequação da circunferência do braço (CB)
ADEQUAÇÃO DA CB (%) = CB obtida (cm) x 100 CB percentil 50* (cm)
Estado nutricional segundo circunferência do braço
DESNUTRIÇÃO GRAVE < 70%
DESNUTRIÇÃO MODERADA
70% – 80%
DESNUTRIÇÃO LEVE 80% – 90%
EUTROFIA 90% – 110%
SOBREPESO 110% – 120%
OBESIDADE > 120%
Circunferência Muscular do Braço (CMB):
Avalia a reserva de tecido muscular ―› sem correlação da área óssea.
CMB (cm) = CB (cm) - π X DCT(mm) 10
< 5 Déficit de massa magra
p5 - p10 Risco de déficit de massa magra
p10 - p90 Normalidade
> p90 Musculatura desenvolvida
Fonte: Frisancho (1990)
Adequação da CMB
ADEQUAÇÃO DA CMB (%) = CMB obtida (cm) x 100 CMB percentil 50 (cm)
COMPLEIÇÃO PEQUENA MÉDIA GRANDEHOMENS > 10,4 9,6 A 10,4 < 9,6
MULHERES >10,9 9,4 A 10,9 < 9,4
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
25
Estado nutricional segundo circunferência do braço
Desnutrição Grave
Desnutrição Moderada
Desnutrição Leve
Eutrofia
< 70% 70% - 80% 80% - 90% 90% - 110%
Fonte: Black e Thorton (1979)
Circunferência do Quadril:
Dado utilizado para a identificar o tipo de distribui-ção de gordura na razão cintura quadril.
Técnica:
» Indivíduo em pé, lateralmente em relação ao avaliador;
» Circundar o perímetro com a fita no nível de maior protuberância posterior dos glúteos.
Circunferência do Abdômen:
Técnica:
» Indivíduo em pé, de frente ao avaliador;
» Circudar o perímetro com a fita na altura da cicatriz umbilical ou ponto de maior perímetro do tronco.
Circunferência Abdominal:
Valor absoluto ―› sugerido como forma de avaliar risco para saúde devido acúmulo de gordura na região central do corpo.
Classificação de risco de obesidade associada com complicação metabólicas ―› OMS (1997)
Risco de obesidade associada com complicações metabólicas a partir da circunferência abdominalSexo Aumento Muito Aumentado
Homens > 94 cm > 102 cm
Mulheres > 80 cm > 88 cm
Fonte: OMS (1997)
Risco de doenças cardiovasculares segundo a circunferência abdominalRisco DCV Circunferência (cm)
Homens Mulheres
Sem risco < 94 < 80
Risco aumentado > 94 > 80
Risco muito aumentado
> 102 > 88
Fonte: OMS (2000)
Circunferência da Cintura:
Acompanha as variações na distribuição de gordura corporal.
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Técnica:
» Indivíduo em pé, de frente ao avaliador.
» Marcar o ponto médio entre o último arco costal e a crista ilíaca.
» Circundar o perímetro com a fita e fazer a leitura no final de uma expiração normal.
Relação ou Índice Cintura Quadril (RCQ):
Identifica a deposição de gordura corporal na região central do corpo;
Vantagens ―› medida simples, baixo custo e alta predição de doenças crônicas não transmissíveis (enfermidades cardiovasculares, cerebrovasculares, diabetes mellitus e alguns tipos de câncer).
Tipos físicos baseados na distribuição da gordura corporal:
Tipo Andróide (Maça): Obesidade central ou visceral.
• Acúmulo de gordura na região abdominal locali-zada entre os órgãos e tecido subcutâneo.
• Reflete um perfil metabólico alterado associado à maior ocorrência de doenças crônicas.
Tipo Ginóide (Pêra): Obesidade de membros inferiores ou periféricos.
• Acúmulo de gordura na região glúteo-femoral (quadril, nádegas e pernas) ―› mais observado no sexo feminino.
RCQ = circunferência da cintura (cm) cirunferência do quadril (cm)
Valores de referência que indicam risco: Bray e Gray (1986)
Risco de alterações metabólicas segundo a relação cintura e do quadril (RCQ)
SexoRisco de alteração MetabólicaIdade Baixo Moderado Alto Muito Alto
Homens
20-29 < 0,83 0,83 - 0,88 0,89 - 0,94 > 0,94
30-39 < 0,84 0,84 - 0,91 0,92 - 0,96 > 0,96
40-49 < 0,88 0,88 - 0,95 0,96 - 1,00 > 1,00
50-59 < 0,90 0,90 - 0,96 0,97 - 1,02 > 1,02
60-69 < 0,91 0,91 - 0,98 0,99 - 1,03 > 1,03
Mulheres
20-29 < 0,71 0,71 - 0,77 0,78 - 0,82 > 0,82
30-39 < 0,72 0,72 - 0,78 0,79 - 0,84 > 0,84
40-49 < 0,73 0,73 - 0,79 0,80 - 0,87 > 0,87
50-59 < 0,74 0,74 - 0,81 0,82 - 0,88 > 0,88
60-69 < 0,76 0,76 - 0,83 0,84 - 0,90 > 0,90Fonte: Bray e Gray (1986)
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Circunferência da Coxa:
Coxa proximal - Técnica:
» Indivíduo em pé, circundar o perímetro da coxa, imediatamente abaixo da prega glútea.
Coxa Medial - Técnica:
» Indivíduo em pé, com os pés levemente afastados e peso distribuído entre eles.
» Marcar o ponto médio entre a linha inguinal e a borda superior da patela e circundar o perímetro com a fita.
Circunferência da perna ou panturrilha:
Técnica:
» Indivíduo em pé, com as pernas levemente afastadas.
» Circundar a fita no maior perímetro da perna.
Dobras cutâneas
As dobras cutâneas são utilizadas para estimar a quantidade de gordura corporal subcutânea, a partir de equações de regressão propostas. Também podem ser indicadores individuais, levando em consideração parâmetros já estipulados de dobras de acordo com o percentil para idade e gênero.
Vantagens: Não invasivo, relativo baixo custo operacional, correlação com a reserva de gordura local e total.
Desvantagens: Grande variabilidade existente inter e intra-avaliador e não são consistentes em situações de obesidade mórbida e edema.
EQUIPAMENTO: adipômetro, plicômetro ou compasso de dobras cutâneas.
TÉCNICAS GERAIS:
» Indivíduo em pé, com os braços relaxados e estendidos ao longo do corpo
» Identificar e marcar o local a ser medido hemicorpo direito ou no não dominante.
» Segurar firmemente a dobra formada pela pele e pelo tecido adiposo com os dedos polegar e indicador da mão esquerda a 1 cm do ponto marcado.
» Pinçar a dobra com o adipômetro exatamente no local marcado, formando um ângulo de 90º, perpendicular à dobra.
» Manter a dobra entre os dedos até o término da aferição.
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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» Soltar a pressão das hastes do compasso lentamente.
» A leitura deverá ser realizada em 2 a 3 segundos no milímetro mais próximo. Manter a dobra pressionada durante a aferição.
» Realizar a tomada das dobras no mínimo 3 vezes, não consecutivas, isto é, mensurar de forma rotativa.
Dobra Cutânea Tricipital (DCT):
Técnica:
» Paciente em pé, braço fletido em direção ao tórax, formando um ângulo de 90º;
» Marcar na parte posterior do antebraço, sobre o músculo tricipital, o ponto médio entre o acrômio e o olécrano;
» Paciente deverá relaxar o braço ao longo do corpo;
» Segurar a dobra 1cm acima do local marcado;
» Pinçar a dobra, no local marcado, com adipômetro;
» Realizar a leitura.
Dobra Cutânea Biciptal (DCB):
Técnica:
» Paciente em pé, com a palma da mão voltada para fora;
» Marcar na parte anterior do antebraço, na linha da marcação para a dobra tricipital;
» Segurar a dobra 1cm acima do local marcado;
» Pinçar a dobra, no local marcado, com adipômetro;
» Realizar leitura.
Dobra Cutânea Subescapular (DCSE):
Técnica:
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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» Paciente em pé, de costas para o avaliador, com os braços e ombros relaxados;
» Marcar o local logo abaixo do ângulo inferior a escápula;
» Segurar a dobra 2 cm do local marcado de tal forma que se possa observar um ângulo de 45º entre a dobra e a coluna vertebral;
» Pinçar a dobra, no local marcado, com o adipômetro;
» Realizar a leitura.
Dobra Cutânea Suprailíaca (DCSI):
Técnica:
» Marcar o local obliquamente em relação ao eixo longitudinal, no ponto médio entre o último arco costal e a crista ilíaca, sobre a linha axilar medial;
» Afastar o braço do paciente para trás para permitir a execução da medida;
» Segurar a dobra 1 cm do local marcado;
» Pinçar a dobra, no local marcado, com o adipômetro;
» Realizar a leitura.
Dobra Cutânea Abdominal (DCA):
Técnica:
» Marcar o local 2 cm à direita da cicatriz umbilical, paralelamente ao eixo longitudinal;
» Segurar a dobra 1 cm acima do local marcado;
» Pinçar a dobra, no local marcado, com o adipômetro;
» Realizar a leitura.
Dobra Cutânea da Coxa (DCC):
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Técnica:
» Deslocar o membro inferior direito do paciente à frente, com uma semi-flexão do joelho, mantendo o peso do corpo no membro esquerdo;
» Marcar o local paralelamente ao eixo longitudinal sobre o músculo reto femoral:
• Guedes (1985) ―› DCC Proximal ―› 1/3 da distância do ligamento inguinal e a borda superior da patela.
• Pollock e Wilmore (1993) ―› DCC Medial ―› 1/2 da distância do ligamento inguinal e a borda superior da patela.
» Segurar a dobra 1 cm acima do local marcado;
» Pinçar a dobra, no local marcado, com o adipômetro;
» Realizar a leitura.
Dobra Cutânea da Torácica (DCTc):
Técnica:
» Marcar obliquamente em relação ao eixo longitudinal:
• Mulher ―› 1/3 da distância entre a linha axiliar anterior e o mamilo.
• Homem ―› 1/2 da distância entre a linha axiliar anterior e o mamilo.
» Segurar a dobra 1 cm acima do local marcado;
» Pinçar a dobra, no local marcado, com o adipômetro;
» Realizar a leitura.
O cálculo do percentual de gordura corporal a partir das dobras cutâneas pode ser estimado por equações que levam em consideração a densidade corporal. Duas fórmulas são capazes de fazer a estimativa:
SIRI (1961) ―› % G = ( 4,75 – 4,5) X 100 D
BROZEK et al (1963) ―› % G = ( 4,75 – 4,242) X 100 D
O cálculo de densidade corporal pode ser estabelecido por meio de diversas fórmulas que utilizam diferentes dobras cutâneas.
A seguir segue alguns exemplos de dobras cutâneas:
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Cálculo da densidade corporal (mulher adulta)
a) D = 1,0994921 - 0,0009929 (X1) + 0,0000023 (X1)2 - 0,0001395 (X2)b) D = 1,21389 - 0,04057 (log X1) - 0,00016 (X2)c) D = 1,1466399 - 0,0009300 (X1) + 0,0000028 (X1)2 - 0,0006171 (X3)d) D = 1,23824 - 0,03248 (logX1) - 0,00067 (X3)e) D = 1,1470292 - 0,0009376 (X1) + 0,0000030 (X1)2 - 0,0001156 (X2) - 0,0005839 (X3)f) D = 1,23530 - 0,03192 (log X1) - 0,00013 (X2) - 0,00062 (X3)
D: densidade corporalX1: soma das dobras cutâneas (mm) tricipital, supra-ilíaca e coxaX2: idade (anos)X3: circunferência do quadril (cm)
Fonte: Jackson; Pollonck; Ward 1980.
Cálculo da densidade corporal (homem adulto)
a) D = 1,1093800 - 0,0008267 (X1) + 0,0000016 (X1)2 - 0,0002574 (X2)b) D = 1,0990750 - 0,0008209 (X1) + 0,0000026 (X1)2 - 0,0002017 (X2) - 0,005675 (X3) + 0,018586 (X4)c) D = 1,18860 - 0,03049 (log X1) - 0,00027 (X2)d) D = 1,15737 - 0,02288 (log X1) - 0,00019 (X2) - 0,0075 (X3) + 0,0223 (X4)
D: densidade corporalX1: soma das dobras cutâneas (mm) coxa, tóxax e abdomenX2: idade (anos)X3: circunferência da cintural (cm)X4: circunferência do antebraço (cm)
Fonte: Jackson; Pollonck 1978.
Classificação da porcentagem de gordura por quaisquer equação ―› Lohman et al (1992)
Valores de referência para percentuais de gordura corporal para homens e mulheres adultos
CLASSIFICAÇÃO HOMEM (%) MULHER (%)Risco de doenças e desordens associada à desnutrição ≤ 5 ≤ 5
Abaixo da média 6 - 14 9 -22
Média 15 23
Acima da média 16 - 24 24 -31
Risco de doenças associadas à obesidade ≥ 25 ≥ 32
Fonte: Lohman et al, (1992).
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NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
Para melhor elaboração de um plano alimentar, devemos calcular as necessidades energéticas e de nutrientes para cada indivíduo. Atualmente temos várias referências que nos indicam como calcular as necessidades. Para este capítulo, utilizamos as referências propostas pela FAO/OMS e pelas DRIs.
Necessidades Energéticas
Os métodos disponíveis para medir o gasto de energia de forma precisa geralmente não são viáveis na prática clínica, pelo seu acesso e custo. Desta forma, para cálculo das necessidades energéticas totais, utiliza-se na prática clínica fórmulas que contribuem para estipular a necessidade de energia.
As necessidades energéticas totais são compostas pelos valores da Taxa Metabólica Basal (TMB), o gasto energético promovido pelas atividades físicas diárias e o efeito térmico dos alimentos. Desta forma, podemos caracterizar estes itens da seguinte forma:
Taxa Metabólica Basal (TMB)
“Quantidade de energia necessária para manutenção das funções vitais do organismo, sendo medida em condições padrão de jejum, repouso físico e mental em ambiente tranquilo com controle de temperatura, iluminação e sem ruído” (Harris & Benedict, 1919).
*Principal componente do gasto energético diário*
50 - 70% do total de energia gasta diariamente
Efeito Térmico dos Alimentos
―› Elevação da TMB ocorrida após a ingestão de uma refeição.
5 - 10% do gasto energético total de energia
Fator Atividade
Conjunto de atividades físicas diárias que incluem desde tarefas domésticas até exercícios físicos intensos: mais variável, pois pode contribuir com 5 a 40% do consumo energético diário. Desta forma, o cálculo utilizado para estimar as necessidades energéticas diárias é:
Para cálculo da TMB, encontram-se à disposição fórmulas que são estimadas por meio do peso corporal dos indivíduos, entretanto algumas delas levam em consideração também a estatura, a idade e o gênero.
A fórmula abaixo foi extraída segundo recomendação das DRIs, para cálculo da TMB:
VCT = TMB X FA + EFT (10% do TMB)
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EQUAÇÃO DA TMB PROPOSTA PELO COMITÊ DA DRI DE ENERGIATMB HOMENS COM IMC ENTRE 18,5 E 40Kg/m2
TMB (Kcal/dia) = 293 – 3.8 X idade (anos) + 456.4 X estatura (m) + 10.12 X peso (Kg)
TMB MULHERES COM IMC ENTRE 18,5 E 40Kg/m2
TMB (Kcal/dia) = 247 – 2.67 X idade (anos) + 401.5 X estatura (m) + 8.6 X peso (Kg)
Após o cálculo da TMB, deve-se determinar o melhor NAF (nível de atividade física) para cada indivíduo, de acordo com suas atividades diárias:
Nível de atividade física (NAF) Atividade físicaSedentário(≥ 1 < 1,4)
Trabalhos domésticos de esforço leve a moderado, caminhadas para atividades relacionadas com o cotidiano, ficar sentado por várias horas.
Leve(≥ 1,4 < 1,6)
Caminhadas (6,4 km/h), além das mesmas atividades relacionadas ao NAF sedentário.
Moderado(≥ 1,6 < 1,9)
Ginástica aeróbica, corrida, natação, jogar tênis, além das mesmas atividades relacionadas ao NAF sedentário.
Intenso(≥ 1,9 < 2,5)
Ciclismo de intensidade moderada, corrida, pular corda, jogar tênis, além de atividades relacionadas ao NAF sedentário.
Nutrientes
Após a determinação das necessidades energéticas diárias, deve-se distribuir as calorias por macronutrientes de forma balanceada. Os intervalos de distribuição aceitáveis dos macronutrientes (AMDR) – carboidratos, proteínas, gorduras totais, ácido linoleico e ácido linolênico – para indivíduos foram estabelecidos, segundo tabela abaixo:
Nutriente AMDR %Carboidratos 45 a 65
Proteínas 10 a 35
Gorduras Totais 20 a 35
Ômega 6 5 a 10
Ômega 3 0,6 a 1,2
Em relação à necessidade de micronutrientes, as DRIs podem ser utilizadas para estabelecer o planejamento de dietas para indivíduos, afim de atender suas necessidades nutricionais.
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Valores de Ingestão Dietética de Referência (Dietary Reference Intakes - DRIS) - Vitaminas Lipossolúveis
Idade (anos)
Vitamina A (mcg/dia) Vitamina D (mcg/dia) Vitamina E (mg/dia) Vitamina K (mcg/dia)
EAR RDA UL AI UL EAR RDA UL AI UL
Homens
19 a 30 625 900 3.000 5 50 12 15 1.000 120 ND
31 a 50 625 900 3.000 5 50 12 15 1.000 120 ND
51 a 70 625 900 3.000 10 50 12 15 1.000 120 ND
71 e mais 625 900 3.000 15 50 12 15 1.000 120 ND
Mulheres
19 a 30 500 700 3.000 5 50 12 15 1.000 90 ND
31 a 50 500 700 3.000 5 50 12 15 1.000 90 ND
51 a 70 500 700 3.000 10 50 12 15 1.000 90 ND
71 e mais 500 700 3.000 15 50 12 15 1.000 90 ND
Gestantes
19 a 30 550 770 3.000 5 50 12 15 1.000 90 ND
31 a 50 550 770 3.000 5 50 12 15 1.000 90 ND
Lactantes
19 a 30 900 1.300 3.000 5 50 16 19 1.000 90 ND
31 a 50 900 1.300 3.000 5 50 16 19 1.000 90 ND
Valores de Ingestão Dietética de Referência (Dietary Reference Intakes - DRIS) - Vitaminas HidrossolúveisIdade (anos)
Tiamina (mg/dia) Riboflavina (mg/dia) Niacina (mg/dia) Vitamina B6 (mg/dia) Folato (mcg/dia)
EAR RDA UL EAR RDA UL EAR RDA UL EAR RDA UL EAR RDA UL
Homens
19 a 30 1 1,2 ND 1,1 1,3 ND 12 16 35 1,1 1,3 100 320 400 1.000
31 a 50 1 1,2 ND 1,1 1,3 ND 12 16 35 1,0 1,3 100 320 400 1.000
51 a 70 1 1,0 ND 1,1 1,3 ND 12 16 35 1,4 1,7 100 320 400 1.000
71 e mais 1 1,2 ND 1,1 1,3 ND 12 16 35 1,4 1,7 100 320 400 1.000
Mulheres
19 a 30 0,9 1,1 ND 0,9 1,1 ND 11 14 35 1,1 1,3 100 320 400 1.000
31 a 50 0,9 1,1 ND 0,9 1,1 ND 11 14 35 1,1 1,3 100 320 400 1.000
51 a 70 0,9 1,1 ND 0,9 1,1 ND 11 14 35 1,3 1,5 100 320 400 1.000
71 e mais 0,9 1,1 ND 0,9 1,1 ND 11 14 35 1,3 1,5 100 320 400 1.000
Gestantes
19 a 30 1,2 1,4 ND 1,2 1,4 ND 14 18 35 1,6 1,9 100 520 600 1.000
31 a 50 1,2 1,4 ND 1,2 1,4 ND 14 18 35 1,6 1,9 100 520 600 1.000
Lactantes
19 a 30 1,2 1,5 ND 1,3 1,6 ND 13 17 35 1,7 2 100 450 500 1.000
31 a 50 1,2 1,5 ND 1,3 1,6 ND 13 17 35 1,7 2 100 450 500 1.000
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Valores de Ingestão Dietética de Referência (Dietary Reference Intakes - DRIS) - Vitaminas Hidrossolúveis (continuação)Idade (anos)
Vitamina C (mg/dia)
Vitamina B12 (mcg/dia)
Ácido Pantotênico (mg/dia)
Biotina (mcg/dia)
Colina (mg/dia)
EAR RDA UL EAR RDA UL AI UL AI UL AI UL
Homens
19 a 30 75 90 2.000 2 2,4 ND 5 ND 30 ND 550 3.500
31 a 50 75 90 2.000 2 2,4 ND 5 ND 30 ND 550 3.500
51 a 70 75 90 2.000 2 2,4 ND 5 ND 30 ND 550 3.500
71 e mais 75 90 2.000 2 2,4 ND 5 ND 30 ND 550 3.500
Mulheres
19 a 30 60 75 2.000 2 2,4 ND 5 ND 30 ND 425 3.500
31 a 50 60 75 2.000 2 2,4 ND 5 ND 30 ND 425 3.500
51 a 70 60 75 2.000 2 2,4 ND 5 ND 30 ND 425 3.500
71 e mais 60 75 2.000 2 2,4 ND 5 ND 30 ND 425 3.500
Gestantes
19 a 30 70 85 2.000 2,2 2,6 ND 6 ND 30 ND 450 3.500
31 a 50 70 85 2.000 2,2 2,6 ND 6 ND 30 ND 450 3.500
Lactantes
19 a 30 100 120 2.000 2,4 2,8 ND 7 ND 35 ND 550 3.500
31 a 50 100 120 2.000 2,4 2,8 ND 7 ND 35 ND 550 3.500
Valores de Ingestão Dietética de Referência (Dietary Reference Intakes - DRIS) - MineraisIdade (anos)
Cálcio (mg/dia)
Fósforo (mg/dia) Magnésio (mg/dia)
Ferro (mg/dia) Iodo (mcg/dia) Zinco (mg/dia)
AI UL EAR RDA UL EAR RDA UL EAR RDA UL EAR RDA UL EAR RDA UL
Homens
19 a 30 1.000 2.500 580 700 4.000 330 400 350 6 8 45 95 150 1.100 9,4 11 40
31 a 50 1.000 2.500 580 700 4.000 350 420 350 6 8 45 95 150 1.100 9,4 11 40
51 a 70 1.200 2.500 580 700 4.000 350 420 350 6 8 45 95 150 1.100 9,4 11 40
71 e mais 1.200 2.500 580 700 3.000 350 420 350 6 8 45 95 150 1.100 9,4 11 40
Mulheres
19 a 30 1.000 2.500 580 700 4.000 255 310 350 8,1 18 45 95 150 1.100 6,8 8 40
31 a 50 1.000 2.500 580 700 4.000 265 320 350 8,1 18 45 95 150 1.100 6,8 8 40
51 a 70 1.200 2.500 580 700 4.000 265 320 350 5 8 45 95 150 1.100 6,8 8 40
71 e mais 1.200 2.500 580 700 3.000 265 320 350 5 8 45 95 150 1.100 6,8 8 40
Gestantes
19 a 30 1.000 2.500 580 700 3.500 290 350 350 22 27 45 160 220 1.100 9,5 11 40
31 a 50 1.000 2.500 580 700 3.500 300 360 350 22 27 45 160 220 1.100 9,5 11 40
Lactantes
19 a 30 1.000 2.500 580 700 4.000 255 310 350 6,5 9 45 209 290 1.100 10,4 12 40
31 a 50 1.000 2.500 580 700 4.000 265 320 350 6,5 9 45 209 290 1.100 10,4 12 40
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Valores de Ingestão Dietética de Referência (Dietary Reference Intakes - DRIS) - Minerais (continuação)Idade (anos)
Selênio (mcg/dia) Cobre (mcg/dia) Flúor (mg/dia)
Manganês (mg/dia)
Molibidênio (mcg/dia)
Cromo (mcg/dia)
EAR RDA UL EAR RDA UL AI UL AI UL EAR RDA UL AI UL
Homens
19 a 30 45 55 400 700 900 10.000 4 10 2,3 11 34 45 2.000 35 ND
31 a 50 45 55 400 700 900 10.000 4 10 2,3 11 34 45 2.000 35 ND
51 a 70 45 55 400 700 900 10.000 4 10 2,3 11 34 45 2.000 30 ND
71 e mais 45 55 400 700 900 10.000 4 10 2,3 11 34 45 2.000 30 ND
Mulheres
19 a 30 45 55 400 700 900 10.000 3 10 1,8 11 34 45 2.000 25 ND
31 a 50 45 55 400 700 900 10.000 3 10 1,8 11 34 45 2.000 25 ND
51 a 70 45 55 400 700 900 10.000 3 10 1,8 11 34 45 2.000 20 ND
71 e mais 45 55 400 700 900 10.000 3 10 1,8 11 34 45 2.000 20 ND
Gestantes
19 a 30 49 60 400 800 1.000 8.000 3 10 2 11 40 50 2.000 30 ND
31 a 50 49 60 400 800 1.000 8.000 3 10 2 11 40 50 2.000 30 ND
Lactantes
19 a 30 59 70 400 1.000 1.300 10.000 3 10 2,6 11 40 50 2.000 45 ND
31 a 50 59 70 400 1.000 1.300 10.000 3 10 2,6 11 40 50 2.000 45 ND
Guias alimentares
Os guias alimentares são instrumentos utilizados na prática clínica, pois fornecem informações básicas sobre a alimentação para a população, de forma simples e de fácil entendimento. Os guias são baseados nos hábitos e comportamentos alimentares, disponibilidade de alimentos, assim como recomendações nutricionais estipuladas e informam os indivíduos sobre quantidade, forma e seleção de alimentos que devem ser consumidos de diferentes grupos populacionais. Muitos destes guias são ilustrados em representações gráficas para facilitar o entendimento da população. Abaixo, alguns exemplos destas ferramentas desenvolvidos:
A roda dos alimentos Meu prato
Introdução à Fitoterapia e Suplementação Nutricional
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Pirâmide alimentar adaptada à população brasileira
A pirâmide dos alimentos é atualmente a representação gráfica do guia alimentar utilizado que melhor cumpre este papel, considerado um instrumento de fácil utilização tanto para os profissionais de saúde, quanto para a população.
A pirâmide dos alimentos foi elaborada por Welsh et al., 1992 e foi adaptada à população brasileira em 1999 por Philippi et al. Esta adaptação levou em consideração os costumes alimentares dos brasileiros e se tornou o mais importante guia alimentar nacional.
Abaixo a pirâmide alimentar adaptada à população brasileira:
A pirâmide de alimentos divide os alimentos em andares, aonde cada andar é representado por alimentos de mesma função (Energéticos, reguladores, construtores e energéticos extras). Alguns andares são subdivididos em grupos de alimentos que, apesar de exercerem a mesma função, oferecem características nutricionais diferenciadas.
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1° Andar – Energéticos
Grupo composto por Cereais e tubérculos. Encontram-se na base, pois este grupo representa os alimentos de maior necessidade de consumo. Este grupo é caracterizado pelo fornecimento de carboidratos (amido) e vitamina B1. A recomendação de consumo de alimentos deste grupo é de 5 – 9 porções por dia, sendo que cada porção possui 150 Calorias.
2° Andar – Reguladores
Grupo composto por frutas, verduras, legumes e hortaliças. Este andar é caracterizado pelo fornecimento de vitaminas, minerais e fibras. É subdivido em dois grupos: O grupo dos legumes e verduras e o das frutas, que oferecem além de fibras, vitaminas e minerais, a frutose, uma importante fonte de energia. A recomendação de consumo de alimentos deste grupo é de 4 – 5 porções por dia de legumes e verduras, sendo que cada porção possui 15 Calorias e 2 – 4 porções por dia de frutas, com 70Kcal cada.
3° Andar – Construtores
Grupo composto por carnes, ovos, lácteos e leguminosas. Este andar é caracterizado pelo fornecimento de proteínas. É subdivido em três grupos: O grupo das carnes e ovos (fontes de ferro e vitamina B12), o grupo dos lácteos (Fontes de cálcio e vitamina D) e o das leguminosas (fontes de fibra e vitaminas do complexo B). A recomendação de consumo de alimentos é de 1 – 2 porções por dia de carnes e ovos, sendo que cada porção possui 190 Calorias; 3 porções de lácteos, com 120Kcal cada; e 1 – 2 porções por dia de leguminosas, com 55Kcal cada.
4° Andar – Energéticos extras
Grupo composto por açúcares, gorduras e doces, que possuem valor energético alto e não possuem nutrientes específicos associados. Este andar é caracterizado pelo fornecimento de energia. É subdivido em dois grupos: O grupo das gorduras e o grupo dos açúcares. A recomendação é de consumo esporádico destes alimentos pois uma porção de açúcar contém 110Kcal e uma porção de gordura contém 73Kcal.
Nova pirâmide alimentar
Os guias alimentares são instrumentos que visam dar informação à população sobre alimentação, assim como estilos de vida saudáveis. O primeiro guia elaborado surgiu no início da década de 1990, a partir da publicação do guia alimentar americano. Este guia trouxe a divisão dos alimentos em grupos alimentares, o que permitiu uma melhor relação entre saúde e doença. Em 1992, a United States Department of Agriculture (USDA) adotou como ícone o formato de pirâmides.
A pirâmide dos alimentos atualmente é um instrumento de orientação nutricional utilizado por profissionais com o objetivo de promover mudanças de hábitos alimentares, visando a saúde global do indivíduo e a prevenção de doenças. A pirâmide dos alimentos foi considerada uma representação gráfica que facilitava a visualização dos alimentos, assim como a sua escolha nas refeições do dia a dia. Em 1999, foi publicada a adaptação brasileira da pirâmide por Philippi et al.
Em 2001, Willet propôs um novo modelo de pirâmide alimentar, baseada não apenas nos grupos alimentares, mas na qualidade dos alimentos de cada grupo.
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Base da pirâmide: Ingestão de água e exercícios físicos diários.
1° Andar: Cereais integrais e óleos vegetais (consumir na maioria das refeições).
2° Andar: Hortaliças, verduras (consumir em abundância) e frutas (2 a 3 Xs dia).
3° Andar: Leguminosas, legumes, castanhas e olivas (1 a 3Xs ao dia).
4° Andar: Carnes de frango, peixes, frutos do mar e ovos (0 a 2 Xs ao dia).
5° Andar: Laticínios, leites, iogurtes, queijos (1 a 2 Xs dia)
6° Andar: Açúcares, gorduras, doces, cereais refinados, batata e refrigerantes (consumo esporádico).
» A pirâmide ainda prevê 1 taça de vinho tinto diária para a promoção da saúde e suplementação de cálcio e vitamina D caso seja necessário (baixa ingestão).
Esta pirâmide sofreu adaptação do Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard em 2008, e sua nova versão está disponível no site, e pode-se visualizá-la no seu formato original abaixo.
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Fonte da imagem: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/c/c8/Harvard_healthy_eating_pyramid.jpg (Acesso em: 26 mai. 2014).
Poucas mudanças foram propostas da pirâmide original de Willet, conforme as descritas abaixo:
1° Andar: Na base da pirâmide preconiza-se medidas saudáveis de estilo de vida, como exercícios diários, controle de peso e alimentação saudável.
2° Andar: Neste andar temos 3 grupos: cereais integrais, óleos vegetais e frutas e hortaliças.
3° Andar: Este andar é dividido em 2 grupos: Grupo das proteínas de origem animal, como peixes e aves e grupo das proteínas de origem vegetal como leguminosas e oleaginosas.
4° Andar: Andar do grupo dos laticínios, ou ingestão de cálcio e vitamina D na ausência destes alimentos.
5° Andar: O topo da pirâmide é composto de alimentos como carne vermelha, gordura saturada, manteiga, doces, carboidratos refinados, sal, batatas, pães e macarrão, biscoitos, arroz branco.
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BASES DA NUTRIGENÔMICA
Após a decodificação do genoma humano, cien-tistas do mundo inteiro iniciaram muitos estudos que relacionam os fatores ambientais com o funcio-namento do nosso DNA. A maioria destes estudos aponta fatores nutricionais como os principais fato-res moduladores dos processos de expressão gênica, desencadeando alterações metabólicas e fisiológicas importantes em um indivíduo. A partir destas desco-bertas, surgiu o conceito da nutrigenômica.
O que é nutrigenômica?
Os avanços e investigações científicas do século passado levaram a humanidade a importantes des-cobertas no campo da biologia molecular. O mapea-mento do genoma humano e o aprimoramento das técnicas de biologia molecular moderna propiciaram o surgimento de uma nova ciência, a nutrigenômi-ca, que conjuntamente com as pesquisas recentes na área de alimentos funcionais e nutracêuticos, são responsáveis pelo desenvolvimento de uma nutrição individualizada e específica.
A Nutrigenômica estuda nutrientes e substâncias alimentares capazes de modular a expressão gênica, levando a modificações metabólicas de um indivíduo. A nutrigenética, por sua vez, estuda a susceptibilidade genética do indivíduo em relação à ingestão calórica e ao comportamento alimentar. Os nutracêuticos são qualquer substância que pode ser considerada um alimento ou parte dele e proporciona benefícios médicos e na saúde, incluindo o tratamento e a prevenção de doenças.
A nutrigenômica é baseada em três conceitos básicos para entender como um nutracêutico pode agir na alteração metabólica:
• Transcriptônica – Esta ciência estuda a interferência do nutracêutico na modulação da expressão gênica, ou seja, como uma substância alimentar pode interferir no funcionamento do DNA.
• Proteômica – Após comprovada a modulação da expressão gênica no DNA por um determinado nutracêutico, qual o impacto desta modulação na síntese e ativação de proteínas.
• Metabolômica – Esta ciência estuda se a alteração da síntese ou a ativação de novas proteínas é suficiente para determinar uma alteração metabólica importante, com o intuito de promover a saúde do indivíduo, prevenindo ou até mesmo agindo como agente terapêutico.
Mecanismos de transcrição gênica
Os genes são estruturas componentes do DNA e responsáveis pela informação genética dos seres vivos, pois nos genes estão contidas as receitas da composição e sequência de aminoácidos de todas as moléculas proteicas de um ser vivo.
O DNA se comporta como um grande livro de receitas, pois é formado por um conjunto de genes que codificam a sequência de aminoácidos necessária para a formação de todas as proteínas, peptídeos e compostos proteicos do organismo. Existem no DNA humano cerca de trinta mil genes diferentes. Fatores de transcrição são peptídeos ou proteínas que se ligam a uma região do DNA contido nas células para permitir que o processo de transcrição gênica, ou seja, a formação de um RNA mensageiro (cópia do gene) que iniciará o processo de tradução (formação de proteína a partir da leitura do RNA mensageiro pelo ribossomo).
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Os nutracêuticos agem como fatores de transcri-ção, modulando a expressão gênica (a quantidade de RNAs mensageiros produzidos). Os fatores de transcrição se ligam ao promotor do gene, iniciando o processo de transcrição gênica (confecção de RNA mensageiro).
Função dos fitoterápicos e suplementação nutricional na nutrigenômica
Os nutrientes e substâncias alimentares desempe-nham papel fundamental na regulação da expressão de genes. O controle da transcrição gênica, como abordado, está diretamente com a produção de pro-
teínas pelas células. As proteínas possuem diversas funções, como função estrutural, hormonal, enzimá-tica, regulatória, sistema imune, sinalizador, entre outras.
Todas as funções do metabolismo, dependem do funcionamento e da expressão dessas proteínas e esses fatores são definidos por fatores genéticos associados principalmente aos fatores ambientais. O estilo de vida é um dos mais importantes componentes das características metabólicas do indivíduo, e de todos eles a alimentação é o fator mais importante, podendo alterar a expressão gênica e proteica em até 60%.
Os alimentos funcionais, nutracêuticos, fitoquí-micos e nutrientes em geral, atuam em várias fun-ções diferentes do metabolismo e, por esta razão, atualmente estão relacionados à prevenção e tra-tamento de várias doenças. As principais funções destas substâncias alimentares ou fitoterápicas es-tão relacionadas ao aumento da expressão ou da atividade de enzimas antioxidantes, diminuição de proteínas inflamatórias e aumento das pró-infla-matórias, aumento de peptídeos sinalizadores da saciedade e da oxidação de gordura e diminuição de proteínas relacionadas ao acúmulo de gordura, entre outros.
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