Material Auxiliar de Anlise de Projetos
Autores: Csar de Oliveira Frade e Marcelo de Oliveira Frade
Ol pessoal!
Inicialmente, gostaria de esclarecer estarei sempre preocupado em
traduzir a matria para o seu cotidiano, para torn-la de mais fcil
compreenso.
Vamos comear a falar sobre Anlise de Projetos. O que , na verdade,
a anlise de projetos, quais as premissas bsicas que devemos levar em
considerao e como vamos desenvolver nossos estudos nesta matria?
Essas so perguntas que tentarei responder nessa introduo, antes de
comearmos as explanaes propriamente ditas.
Toda empresa quando vai efetuar um investimento est atrs de um
aumento em seu capital, ou seja, est querendo investir uma
quantidade de recursos, produzir determinado produto, comercializ-lo
e, em ltima instncia, fazer com que seu dono tenha mais recursos do
que tinha inicialmente, antes de comear com a empresa.
Logo, a idia bsica e original que as pessoas desejam com dinheiro,
fazer mais dinheiro. Entretanto, essa no uma tarefa trivial. Se fosse
no estaramos aqui escrevendo e estudando, mas sim j faturando,
concordam? Pois bem, para se ganhar mais recursos ou conseguir uma
remunerao acima de uma taxa bsica1, necessrio que se assuma
determinados nveis de risco. O retorno de um investimento estar
intimamente ligado ao nvel de risco que se est incorrendo.
1 Podemos considerar como um valor fcil de ser obtido, uma remunerao idntica Taxa Selic. A Taxa Selic nada mais do que a taxa pela qual o Governo Federal capta recursos no mercado financeiro para financiar a sua prpria dvida.
Por exemplo, muitas pessoas aplicam em determinados produtos que se
chamam derivativos2. Um dos derivativos mais importantes a opo. O
potencial de ganho quando se tem uma opo e ocorre uma
movimentao no mercado financeiro favorvel ao seu posicionamento,
gigantesco.
Para se ter uma idia, no dia em que o Governo Federal anunciou a
descoberta do Campo de Tupi pela Petrobrs, enquanto as aes da
empresa se valorizaram algo em torno de 16%, as opes cresceram
1000%3. Isso significa que uma pessoa que aplicou R$ 1.000,00 em
opes de Petrobrs no incio do dia poderia chegar em seu fim com R$
11.000,00. Mas como o retorno foi grande, o prejuzo tambm poderia
ter sido enorme, dado o nvel de risco que estava correndo.
Os empreendedores so as pessoas (empresrios) que esto buscando
aumentar a taxa de remunerao de seus recursos, mas sempre com a
idia fixa de minimizar o risco a ser tomado. Lembre-se que ningum
deve dizer que aplicou os recursos em uma empresa porque acha que
ele tem tudo para dar certo. Essa no uma forma correta de aplicar.
Sempre h um trade-off a ser considerado, ou seja, devemos sempre
pesar e fazer trocas para podermos decidir sobre algo.
claro que um empresrio possui diversas alternativas de investimentos
alm de seu possvel empreendimento, tais como, investir em outras
empresas por meio do mercado acionrio, emprestar dinheiro para o
Governo Federal com a aquisio de Ttulos Pblicos Federais4,
emprestar dinheiro para Bancos com a compra de CDBs, adquirir
debntures de empresas, entre vrias outras formas.
2 Estudaremos esse produto com profundidade nas aulas de Finanas. 3 Esse valor a valorizao das opes em um nico dia. 4 Devemos ressaltar que na maioria das vezes que investimos em um fundo de investimento de renda fixa, o administrador do fundo est pegando nosso recurso e emprestando para Governo Federal. Dessa forma, nos cobra uma taxa de administrao para fazer a gesto deste emprstimo.
Assim, voc deve compreender que o interesse desse empresrio no
que ele, ao final do perodo, possua mais recursos do que tinha antes de
comear o investimento. Seu real objetivo ter mais recursos caso faa
o investimento em um processo produtivo do que poderia vir a ter se
tivesse aplicado aquele dinheiro em algumas das formas possveis
citadas acima. Como se chama isto que ele est incorrendo? Ele incorre
em um custo de oportunidade ao optar pelo projeto X ao invs de
investir seus recursos da forma Y.
No entanto, ele precisa tomar uma deciso de onde colocar os seus
recursos antes mesmo de iniciar o perodo em questo. Dessa forma,
necessrio que seja feita uma minuciosa anlise das condies de
mercado para aquele determinado produto, que seja verificada a
possvel demanda e ainda a elaborao de um fluxo de caixa possvel e
hipottico com diversas variveis sendo alteradas nos vrios cenrios
traados. Efetuando inclusive alguns cenrios de stress no mercado e
no deixando nunca de computar a reao de seus concorrentes.
No entanto, podemos dividir essa anlise em dois grandes grupos: os
projetos que esto em andamento e sero reformados e os projetos que
sero construdos.
Nos projetos que sero construdos, aps o levantamento do potencial
fluxo de caixa de investimentos e retiradas da futura e hipottica
empresa necessrio e fundamental que seja feita uma anlise
econmico-financeira do projeto. Para isto, deve-se trazer o fluxo de
caixa final obtido a valor presente descontando-o a uma determinada
taxa de juros, que poderia ser o custo de oportunidade de capital da
empresa/empresrio.
Como resultado final, devemos aprovar ou no o projeto comparando-o
s outras possibilidades de investimento que o empresrio possua.
Metodologia semelhante deve ser feita para os projetos que esto em
andamento e necessitam de modernizaes, melhorias ou alteraes em
seu processo de produo.
No entanto, para analisarmos um projeto ou mesmo acompanharmos a
maturao de algum projeto, propondo solues de melhoria
necessrio que seja compreendido todo o processo de produo, todas
as etapas e retrabalhos que possam estar ocorrendo, eliminando gastos
suprfluos entre outros itens.
Um dos maiores problemas em uma anlise de projeto a determinao
da taxa de juros que o fluxo de caixa gerado dever ser descontado.
Essa determinao pode acontecer de n formas, algumas sendo mais
utilizadas outras menos.
Outro problema existente a deciso sobre qual o melhor ferramental
matemtico a ser utilizado. Sem sombras de dvida, o Valor Presente
Lquido o principal instrumento utilizado, mas para fazer isto,
passamos pelo grave problema de determinao da taxa de desconto.
Uma alternativa interessante seria a utilizao da Taxa Interna de
Retorno, no entanto, ela possui alguns problemas que podem te levar a
erros grandes e no tem como resolver os problemas que ela impe e
que sero descritos oportunamente.
A matria passa por toda a gerao do fluxo de caixa e pela discusso
de qual seria a melhor forma de decidir. Alm disso, solicita a
compreenso de um ferramental de Finanas utilizado para fazer a
proteo de um investimento, para captar recursos e gerar processos de
alavancagem, alm de mostrar o grau de risco que est sendo corrido
pelo empreendedor neste projeto.
dessa forma, e sempre utilizando de analogias com o nosso cotidiano
que pretendemos desenvolver o curso. Mostrando a voc a lgica que
est por trs de uma anlise de projetos, os vrios passos at a
chegada ao processo de deciso, as vrias suposies e as falhas
existentes no projeto.
1. Anlise e Projees de Demanda
Uma de nossas preocupaes iniciais consiste em determinar a
quantidade potencial de demanda que ser criada pela nova empresa ou
pela ampliao e modernizao da atual5.
Em um primeiro momento existe a necessidade de uma pesquisa de
mercado acerca do potencial de venda do produto, do local da instalao
da empresa e dos custos que porventura possam decorrer com essas
decises, tais como, custos com transporte.
Entendido o funcionamento do mercado em que est querendo entrar,
necessrio listar os pontos fracos existentes, criar cenrios de
pessimismo nos quais esses pontos fracos sero apontados e
pressionados por agentes externos, interessados ou no no seu
fracasso.
necessrio compreender bem os itens que podem alterar a demanda,
tais como alteraes no preo do seu produto, alteraes na renda dos
potenciais consumidores, alteraes nos preos de produtos
5 Como mencionado anteriormente, existem duas formas de anlise. Uma delas quando vai haver a criao de uma empresa, a outra seria para uma modernizao ou ampliao de uma empresa existente. No entanto, as metodologias so muito parecidas e por motivos didticos, optaremos em sempre estar falando na criao de uma nova empresa. Em um determinado aspecto os dois itens se diferem e, neste momento, estaremos mostrando as diferenas existentes.
relacionados, alteraes nos gostos das pessoas e expectativas geradas
no mercado.
Em geral, a demanda por qualquer bem se relaciona negativamente com
o seu preo. Ou seja, imagine que o preo do feijo sofreu uma alta, o
que aconteceria com a demanda por feijo? Inicialmente, a demanda
por feijo seria reduzida, dado o aumento nos preos. A exceo ocorre
se as pessoas forem infinitamente inelsticas em relao ao preo do
feijo, ou seja, no se importam com as alteraes de preos, pois
continuam comprando a mesma quantidade do produto6.
Normalmente, quando as pessoas gostam de um produto, mas possuem
uma demanda reprimida em relao a ele, quando h um aumento em
sua renda, ela aumenta a quantidade consumida daquele bem. No
entanto, a pessoa pode consumir determinado bem porque a sua
condio financeira no permite que ela consuma outro melhor. Neste
caso, um aumento na renda dessa pessoa faz com que ela reduza o
consumo deste bem e transfira os recursos para o consumo de outro
bem que melhor se encaixa sua atual necessidade.
O preo de um produto relacionado pode alterar a demanda pelo seu
produto. Imagine o caso de dois produtos que so substitutos, onde as
pessoas consomem apenas um deles e, nunca os dois simultaneamente.
O aumento no preo do produto concorrente pode fazer com que a
demanda pelo seu produto aumente e, analogamente, uma reduo no
preo do produto concorrente pode fazer com que a demanda pelo seu
produto seja reduzida. No entanto, se dois produtos forem
complementares o movimento pode ser o mesmo entre os produtos. Por
exemplo, suponha que o brasileiro s gosto de pipoca com guaran e
sempre que toma guaran come pipoca. Se houver um aumento no
6 Os produtos nos quais a populao, de forma geral, inelstica em relao ao seu preo so os melhores para se investir, pois sero os ltimos produtos que a populao ir deixar de comprar.
preo do guaran, a demanda por guaran ser reduzida e,
conseqentemente, a demanda por pipoca tambm ser reduzida.
Expectativas... Essa a parte mais complicada de ser explicada.
Atualmente (janeiro de 2008), estamos vivendo um momento
conturbado na economia mundial. As economias americana e europia
tiveram sinais de recesso. A China conduziu o mundo a uma
recuperao mas esta recuperao ainda no totalmente consistente.
Recentemente, rumores que a economia da Grcia e da Espanha no
estavam bem afetaram bastante os mercados acionrios. Isso pode
fazer com que as pessoas tomem decises de consumo ou mesmo de
investimento, no com base no que elas esto vendo, mas sim
utilizando expectativas que esto sendo geradas com as vrias medidas
adotadas pelo Governo americano, Banco Central Americano (FED),
Banco Central Europeu (BCE) e os agentes de uma forma geral.
Para um projeto de grande porte, at questes relativas a grandes
eventos esportivos tm que ser levadas em conta. Teremos no Brasil,
em 2014, a Copa do Mundo que necessitar de grandes investimentos
tanto em estdios como em infra-estrutura (hotis, aeroportos,
rodovias, ferrovias, etc). Os Jogos Olmpicos de 2016 no Rio de Janeiro
consumiro uma grande quantidade de mo de obra tambm.
Especialmente quando se fala em construo civil, o aumento na
demanda por este tipo de servio pode fazer com que projetos de
grandes empresas tornem-se inviveis, devido tendncia de aumento
de preo deste tipo de servio e exigncia que algumas obras
aconteam dentro de um prazo estabelecido j que a Copa do Mundo e
os Jogos Olmpicos tm uma data para ocorrerem.
Portanto, esses so os itens capazes de alterar a demanda por
determinado produto. Eles devem ser analisados e verificada a potencial
perda/aumento de demanda com o acontecimento em conjunto de
alguns deles.
2. Anlise e Projees de Oferta
Uma outra preocupao que deve existir com relao quantidade
ofertada neste mercado e a quantidade que ainda seria suportada
quando houvesse um aumento de produo e/ou incio de produo do
novo negcio. Ou seja, necessrio que seja estudada a concorrncia
existente e o espao que ainda possvel ocupar.
Para isso, devemos compreender todo o processo de produo das
empresas que sero as concorrentes, qual a capacidade delas e o
quanto cada uma delas ainda poderia aumentar a produo por estar
com capacidade ociosa.
Aliado a isto, precisamos estressar o modelo que est sendo
desenvolvido, criando cenrios pessimistas como feito na demanda. E
em um estudo de estresse, deve se levar em conta tambm a mo de
obra que est envolvida e disponvel para aquele projeto. Em um
mercado altamente demandado por projetos, pode ser que a oferta de
mo de obra ou a falta dela tragam resultados impactantes em uma
anlise de projeto.
Sabemos que mudanas no mercado sero acompanhadas de reaes
por parte de todas as empresas. Uma alterao no preo dos produtos
poder fazer com que as empresas ofertantes modifiquem a quantidade
ofertada. Um aumento nesse preo faz com que essas tenham incentivo
a majorar a quantidade ofertada caso ainda tenham capacidade
produtiva ociosa e uma reduo nos preos faria com que as empresas
tambm reduzissem sua oferta.
Outro item que pode alterar a quantidade ofertada dos bens o preo
das commodities. Uma alterao no preo da matria-prima utilizada
pela indstria para fabricar o seu produto modifica o interesse da
mesma na quantidade a ser produzida. Se houver um aumento do preo
da matria-prima, a tendncia que a empresa reduza a quantidade
que est sendo produzida dado que houve uma reduo significativa em
sua margem de lucro. Isso pode no ocorrer se esse aumento puder ser
repassado ao consumidor. Mas isto, bastante raro porque se houver o
repasse, significa que no h uma grande concorrncia no setor e que
no existe praticamente nenhum produto que possa substituir este.
Dessa forma, muitos empresrios j devem estar olhando com outros
olhos para esse setor e isto no dever durar ainda muito tempo.
Uma mudana na tecnologia de produo tambm altera a quantidade
que est sendo ofertada e setores ricos em tecnologias so muito mais
complexos de serem invadidos a menos que se tenha uma idia
inovadora e de baixo custo.
Por fim, um ltimo item que altera a quantidade ofertada de um produto
a expectativa que se tem. Essa expectativa pode estar relacionada a
aspectos macroeconmicos, tanto regionais quanto mundiais, com o
potencial de crescimento de demanda acerca daquele produto ou ainda
com o aumento ou diminuio do poder aquisitivo das pessoas que iro
consumir o produto.
Com base nessa anlise de oferta e demanda, estressando o modelo
proposto, iremos conseguir uma melhor adaptao do estudo
realidade e aos revezes que podero surgir no meio desta rdua
caminhada.
Essas so as anlises necessrias para quantificar a quantidade a ser
ofertada e a quantidade que ser demandada daquele produto que
estamos querendo fornecer. Alm disso, lembrem-se que estressar o
modelo e se possvel utilizando dados estatsticos que levam em
considerao uma distribuio (assim poderamos assumir a
probabilidade de algo ocorrer), pode melhorar em muito a sua anlise,
mas para essa prova, isto no ser objeto de anlise nossa.
No captulo anterior buscamos entender um pouco sobre o que ser o
nosso curso e como devemos determinar dois elementos bsicos para o
bom entendimento de qualquer mercado Oferta e Demanda.
Uma vez entendido estes dois conceitos, vamos buscar entender o
mercado em que estaremos envolvidos, os preos do mesmo, como e
onde devemos investir e prever possveis receitas e custos de nosso
projeto.
3. Tendncia de Preos
importante, antes de tentar identificar tendncias, compreender
algumas das diversas maneiras que existem para precificar um produto
de uma empresa. Vocs vero que tentaremos explicar a matria nos
utilizando de exemplos prticos e ilustrativos, que facilitaro a
compreenso.
Existem trs nveis de precificao para qualquer produto ou servio que
seja ofertado por uma determinada empresa, qualquer que seja o ramo
de atividade que exera.
O primeiro nvel de precificao seria compreender o nvel de preo da
indstria que compreende todos os fatores que podem afetar o preo do
produto a ser produzido, mesmo antes de se iniciar a produo. Mas
voc deve estar se perguntando, o que significa nvel de preo da
indstria, certo?
Imagine que estejamos planejando investir no mercado de bebidas,
mais especificamente no mercado de cerveja, por exemplo. Para isso, os
capitalistas7 devem entender como funcionam todos os aspectos
relevantes da oferta e demanda de cerveja no local onde pretendem
construir a fbrica e/ou os potenciais locais em que podem distribuir o
produto.
No entanto, os empresrios no necessitam apenas desenvolver estudos
acerca do mercado de cerveja mas tambm de seus insumos, como eles
afetam o preo deste mercado, a regulao deste mercado, o que uma
mudana nas tendncias pode impactar, qual o efeito de alteraes e/ou
reaes de competidores no mercado de cerveja ou em outros mercados
que sero afetados com essa deciso, variaes de custos e
sazonalidade, entre outras.
Peguemos como exemplo o mercado de bebida da Rssia. A Rssia um
mercado promissor, at certo ponto, para os produtores de cerveja dado
o fato que est havendo uma migrao de pessoas que bebem
destilados para bebidas mais leves, como a cerveja. Ao mesmo tempo
existe uma oferta bastante reduzida de cevada8, matria-prima para
produo da cerveja.
Ao estudarmos o que pode ser feito para minimizar este impacto da
reduzida oferta deste insumo to importante, chegamos a outros dois
problemas de ordem conjuntural.
Em primeiro lugar, o clima bastante frio existente na maior parte do
territrio da Rssia faz com que o cultivo da cevada seja restrito a uma
pequena parcela do solo e a uma parte do ano apenas.
7 Deve-se entender como capitalistas as pessoas que esto dispostas a colocar parte de seus recursos em um novo empreendimento com o objetivo de auferir lucro e procurar uma taxa de retorno mais vantajosa do que a obtida com ativos livre de risco. 8 A cevada o principal insumo utilizado na produo de cerveja.
Em segundo lugar, dada as dimenses continentais do Pas (o Brasil
tambm sofre seriamente com este tipo de problema), a recente alta
dos preos de petrleo, provocou uma mudana considervel no preo
do frete. Isto se deve, alm da alta dos preos de Petrleo, tambm ao
monoplio deste mercado no pas e s distncias existentes entre o
fornecedor de cevada e as fbricas. Isto posto, tem-se uma elevao no
preo do insumo e, conseqentemente, um considervel impacto no
potencial preo final da cerveja.
Dessa forma, devemos adotar como varivel de sensibilidade, no caso
da fbrica de cerveja, alteraes considerveis no preo da cevada e em
todos os insumos que podem fazer com que este produto chegue at a
fbrica com preos mais altos. Alm disto, no podemos desconsiderar
em nossas anlises as possveis reaes dos concorrentes no que tange
compra do insumo ou mesmo na precificao do produto deles.
Tal fato pode ser minimizado se o produto a ser desenvolvido pela
empresa em questo for nico ou uma grande inovao. Entretanto, isso
no ocorre no exemplo que estamos elaborando.
Posteriormente, passamos ao segundo nvel de precificao, nvel este
que mais voltado para o servio/produto que se est estudando
investir. Voltemos ao exemplo do mercado de bebidas da Rssia, e
ainda temos alguns pontos que devem ser analisados. Devido s
dimenses continentais do Pas e, conseqentemente, das grandes
distncias existentes entre as importantes cidades, podemos tratar as
diversas regies como mercados diferentes. Ou seja, por exemplo,
podemos tratar a Sibria9 como sendo um mercado, a regio de Moscou
9 Apesar de parecer que a Sibria um local onda no h grandes cidades, existem duas grandes cidades com populao em torno de 1,5 milho de habitantes em cada uma delas. No entanto, a densidade populacional nesta regio pequena.
como outro mercado, So Petersburgo10 um terceiro mercado diferente,
alm de outras importantes regies com densidade populacional elevada
como sendo mercados diferenciados.
Quando falamos do mercado da Sibria, por exemplo, a oferta de
cevada mais restrita que a existente no mercado de Moscou. Dessa
forma, se a empresa optar por ofertar cervejas mais nobres no
mercado da Sibria, possvel que seja cobrado preos mais elevados
em comparao aos preos praticados em Moscou. Isto se deve,
basicamente, pelo fato de que a implantao da fbrica na regio da
Sibria reduziria o valor gasto com fretes, que deveriam ser pagos caso
a produo fosse feita em Moscou.
Voc pode estar pensando, mas seria necessrio o frete para diversos
insumos necessrios para a produo e que a regio no consegue
suprir a fbrica. Se pensou isto, voc est certo, mas a montagem da
fbrica na Sibria se torna interessante desde que a quantidade desses
insumos os quais devemos transportar no tenha impacto to grande no
preo.
notrio que sempre mais interessante tentarmos fazer o transporte
de produtos acabados ou semi-acabados em detrimento de matrias-
primas, ou seja, que sejam transportados produtos com maior valor
agregado. Mas se a quantidade de matria-prima que necessita de
transporte for, relativamente, pequena e se o transporte dessa no
influenciar muito no preo, pode ser interessante optar por isto.
Isto quer dizer que, como o preo deste produto acabado (cerveja) no
to grande, mas o mesmo ocupa um espao relativamente grande em
termos de volume a partir do momento em que est acabado, o custo
de transporte no pode ser desprezado. Logo, pode ser mais 10 So Petersburgo uma importante cidade da Rssia que fica h mais ou menos 1.000 km ao norte da capital Moscou.
interessante montarmos as fbricas prximas dos seus centros
consumidores, pois a gua necessria para a produo, entre outros
produtos, podem ser retirados da prpria regio e o preo ficar mais
competitivo.
Antes de continuarmos pense na situao do Brasil acerca desse
produto. Temos fbricas de cerveja em vrios estados brasileiros e como
a gua um insumo importante, no difcil quando samos de um
estado e entramos em outro a qualidade de um mesmo produto mudar
radicalmente. No entanto, mesmo assim, as empresas optaram pela
montagem de vrias fbricas com o objetivo de reduzir o valor
destinado distribuio do produto.
Voltando ao exemplo original, podemos concluir que como a oferta do
produto cevada na regio da Sibria escassa e tambm que o frete
componente importante na precificao do produto, possvel cobrar
um preo com um diferencial maior em relao ao preo do mercado de
Moscou. Isto possvel porque as importaes para a capital russa
existem com maior freqncia, provocando uma maior concorrncia com
as cervejas de outros pases da Europa, principalmente Repblica
Tcheca, Alemanha e Blgica, tidos como os grandes produtores.
Um outro fator importante o clima extremamente frio e o gosto das
pessoas por bebidas mais fortes11. Portanto, os consumidores teriam um
apelo maior para as cervejas mais fortes, escuras e com um grau de
teor alcolico mais elevado. Essas caractersticas fazem com que a
empresa possa vir a ter um diferencial de preo em relao s blond
beers (nossas cervejas loiras).
11 A Rssia conhecida no mercado de bebidas por suas excelentes vodkas.
O ltimo nvel de precificao seria dentro de um mercado propriamente
dito, onde voc vai definir quem ter desconto, quem so suas grandes
contas, dentre outras caractersticas.
Passemos agora a tomar como base apenas o mercado da Sibria. Este
mercado pode ser subdividido em diversos segmentos para a
implantao de uma poltica de preos e fidelidade. claro que o
estabelecimento que exclusivo, ou seja, que vende apenas produtos
de determinada empresa tem vantagens em relao a outros que so
multimarcas.
Os bares que so exclusivos de uma marca podem ter um pequeno
ndice de desconto em relao aos que vendem diversas marcas. Ou
ento, pode-se dar um prazo maior para pagamento pela aquisio do
produto, podem ser ofertados freezers, banners, mesas e cadeiras com
a marca da empresa.
Na verdade, esse terceiro nvel de precificao tem a ver com o preo de
venda do produto dentro do mercado e com estratgias para disseminar
o produto neste mercado, dando a ele maior nvel de competitividade
em relao concorrncia.
Entendido o processo de precificao, podemos estudar possveis
tendncias do mesmo analisando cada um destes nveis de precificao
ditos acima. Porm, quanto mais prximos do cliente final, maior o
nmero de variveis que temos em mo para saber qual a tendncia
deste preo.
4. Dimensionamento e Localizao
O dimensionamento/localizao de um projeto est intimamente ligado
s variveis descritas no item tendncias de preos.
Quando fazemos um estudo de anlise de demanda, como foi enfocado
no incio do material, temos que tentar dimensionar no apenas a
demanda como tambm o local de instalao de nosso projeto, a
viabilidade de construo em determinado local12, dentro outros
aspectos; pois isto tem um impacto direto nos nossos custos, como
vimos anteriormente.
Vamos utilizar como exemplo, neste item, uma usina siderrgica situada
na regio central do Canad. Assim como a Rssia, o Canad um pas
com dimenses continentais, com uma grande parte da populao
concentrada em seus extremos13 e uma regio central com baixa
densidade populacional e longe dos grandes centros. Esta regio no
possui nenhuma cidade de populao superior a 200 mil habitantes em
um raio de 500km. Logo, est localizada em uma regio erma e que se
no forem tomadas providncias, incorrer em um grande custo de
insumos e de frete para seus produtos de venda.
Porm, em meio a um mercado em alta demanda, em meados da
dcada de 80, decidiu-se focar em um produto com um maior valor
agregado, mais especializado e com pouqussimos concorrentes no
mundo.
Para tal instalao, no seria necessria uma capacidade produtiva
muito grande, logo, os insumos principais da usina poderiam ser
encontrados em regies adjacentes. Ou seja, para se instalar uma
grande usina siderrgica em um lugar como esse, a grande dificuldade
seria a chegada da grande maioria dos insumos, pois ocorreriam em
12 Principalmente por causa do encarecimento do produto devido ao fator frete/transporte. 13 A maior parte da populao canadense est concentrada prxima aos grandes lagos, na regio oeste do pas em cidades como Otawa, Montreal ou no lado oposto do pas em cidades como Vancouver.
volumes considerveis e o frete seria extremamente alto. Porm, para
uma usina de pequeno porte, pode-se conseguir insumos em sua
redondeza.
Alm disto, devemos considerar que esta uma das regies mais frias
do mundo14, chegando a temperaturas, no inverno, de - 45C. Dessa
forma, seria impossvel suprir a fbrica com matria-prima em uma
parcela considervel de tempo durante o ano. Com isso, alm do
problema do frete, temos que considerar no estudo a necessidade de
armazenamento dos insumos como se fosse um estoque de passagem15.
Tal fato gera a necessidade de locais de armazenamento, incorrendo em
altos custos de oportunidades.
Deste modo, a opo vivel para a instalao de uma usina siderrgica
no local seria uma fbrica que produzisse produtos de alta tecnologia,
que fosse necessria uma grande especializao, que tivesse um alto
valor agregado e que no necessitasse de matria-prima em grande
quantidade, tudo isso pelos motivos expostos anteriormente.
Alm disto, seria interessante um estudo junto s grandes empresas
consumidoras do mercado no qual deseja ingressar, a possibilidade de
instalar suas fbricas de transformao prximas a esta usina, em troca
de, por exemplo, ceder terrenos, minimizar custos de frete e possibilitar
uma maior interface entre cliente e fornecedor.
Ou seja, um processo de induo do consumidor16 para prximo de sua
fbrica poderia aumentar ainda mais o valor agregado do produto que
seria transportado posteriormente. Para isso, alguns incentivos
14 Nesta parte do Canad est localizada a cidade de Winninpeg que a cidade com mais de 100 mil habitantes mais fria do mundo. 15 Entende-se por estoque de passagem, o estoque necessrio para suprir empresas ou mercados de determinados insumos durante o perodo da entressafra. 16 Neste caso dos produtos siderrgicos produzidos o consumidor so outras indstrias e estas poderiam tambm construir suas fbricas nas adjacncias da usina siderrgica.
deveriam ser conseguidos, para que houvesse vantagens para que as
empresas se instalassem neste local.
Ao mesmo tempo, existe a necessidade de um dimensionamento ideal
da fbrica para evitar que este mercado se tornasse interessante para a
concorrncia, possibilitando a compra de insumos a preos compatveis
e atrativos. Ou seja, uma fbrica sub-dimensionada poderia atrair
concorrentes que teriam sua disposio um plo de consumidores ao
redor, sem que fizessem qualquer tipo de esforo para atra-los. Ao
mesmo tempo, uma fbrica super-dimensionada poderia estar propensa
ao fracasso, incorrendo em enorme prejuzos, tendo em vista a
dificuldade que teria em repassar seus produtos.
Aliado a isso, quando qualquer possvel concorrente for analisar um
projeto de instalao de uma planta semelhante, ter que conversar
com os fornecedores que j se encontram instalados prximos
fornecedora atual.
5. Tecnologia
Como j mencionado, a tecnologia um dos elementos que provocam
um deslocamento na curva de oferta. Quando falarmos mais a frente de
custos, veremos em detalhes que a tecnologia muito ligada a este item
tambm.
Para um estudo simples de tecnologia vamos pegar a hiptese de dois
investimentos, sendo um deles com alto ndice de automatizao de
processos e outro com um ndice muito baixo do mesmo.
Observe que as diferentes tecnologias adotadas dentro de um mesmo
processo produtivo podem ser cruciais no resultado encontrado para a
indstria em questo.
No primeiro caso, ou seja, no caso de uma empresa com alto ndice de
automatizao, teremos a presena de um Custo Fixo(CF) muito alto
devido a este grau de automatizao de processo. Apesar de s vermos
posteriormente os custos que compem um projeto, necessrio
explicarmos que o custo fixo aquele que independe da quantidade que
ser produzida. o custo no qual a empresa ir incorrer
independentemente de produzir ou no. Como o gasto com produtos
ricos em tecnologia alto, h a necessidade de um alto investimento e
tambm da manuteno de custos que no so proporcionais
produo.
No segundo caso, ou seja, quando h um reduzido grau de automao
no processo de produo teremos um custo varivel muito alto e um
custo fixo relativamente baixo. Entendemos como custo varivel a
parcela do custo que depende da quantidade produzida, ou seja, os
insumos utilizados na produo de cada um dos produtos, a mo-de-
obra de cho de fbrica, entre outros itens importantes.
A segunda estratgia, ao mesmo tempo que diminui o risco inerente ao
projeto, minimiza os seus ganhos. Minimiza o risco porque caso
estejamos falando de um projeto de pouco sucesso, h a necessidade de
se pagar apenas um custo fixo baixo, que seria o valor a ser pago
mensalmente, de forma obrigatria.
Porm, se temos um custo varivel(CV) alto, temos uma contribuio
marginal (CM) diminuda.
CM = Preo CV
Vamos comparar a partir das tabelas e dos grficos abaixo, uma viso
mais arrojada de um projeto e uma viso mais conservadora. A viso
mais arrojada, como j foi dito acima, tem um custo fixo mais alto, logo,
um CV menor, como se segue. Digamos que cada um dos produtos
fabricados tem CV de $0,80/unidade, preo de venda de $2,00/unidade
e CF de $60.000,00.
Unidades Vendidas
CV CF Custo Total Receita Lucro
Operacional
0 0 60.000 60.000 0 (60.000)
20.000 16.000 60.000 76.000 40.000 (36.000)
40.000 32.000 60.000 92.000 80.000 (12.000)
50.000 40.000 60.000 100.000 100.000 0
60.000 48.000 60.000 108.000 120.000 12.000
80.000 64.000 60.000 124.000 160.000 36.000
100.000 80.000 60.000 140.000 200.000 60.000
Agora vamos mostrar a viso mais conservadora. Digamos que cada um
dos produtos fabricados tem CV de $1,60/unidade, preo de venda de
$2,00/unidade e CF de $12.000,00.
Unidades Vendidas CV CF Custo Total Receita
Lucro Operacional
0 0 12.000 12.000 0 (12.000)
20.000 32.000 12.000 48.000 40.000 (8.000)
30.000 48.000 12.000 60.000 60.000 (0.000)
40.000 64.000 12.000 84.000 80.000 4.000
60.000 96.000 12.000 108.000 120.000 12.000
80.000 128.000 12.000 140.000 160.000 20.000
100.000 160.000 12.000 172.000 200.000 28.000
Analisando as tabelas e os grficos acima podemos ver claramente porque um investimento tido como conservador e o outro arrojado. Na hiptese de no ser vendida nenhuma unidade do produto fabricado, no investimento conservador o prejuzo da empresa seria de apenas R$ 12.000,00, muito mais baixo se comparado ao prejuzo de R$ 60.000,00 do investimento tido como arrojado.
Quando o resultado positivo, porm, o investimento conservador gera um ganho limitado. Isto pode ser visto atravs da anlise das tabelas acima. Quando a empresa vende 100 mil unidades, no investimento conservador, ela tem um ganho de apenas R$ 28.000,00, enquanto teria um ganho bem maior no investimento arrojado, R$ 60.000,00.
Quando comparamos os dois tipos de investimentos, vemos que se forem vendidas acima de 60.000 unidades, o resultado do investimento arrojado melhor que o do investimento conservador. Logo, a deciso
de qual investimento fazer pode ser feita em cima desta anlise, ou seja, da anlise de projeo de venda.
Outra maneira de analisar estes investimentos atravs da leitura dos grficos.
6. ECONOMICIDADE E ESCALA DE PRODUO
Tendo em vista a estrutura de custos disponveis para as empresas, a escala de produo pode se tornar de fundamental importncia para o sucesso de um empreendimento.
Vamos agora dar um exemplo prximo de todos ns, um curso para concurso ou mesmo um cursinho para vestibular. Imagine o caso de um curso presencial para concurso ou mesmo um curso transmitido pela net. Uma pessoa deve ser contratada, professor, para ministrar as matrias. Em geral, essa pessoa tem uma formao slida em alguma matria, estudou muitos anos para poder chegar a um nvel que o desse credibilidade para entrar em sala de aula e ministrar aula para vrios alunos dos mais diversos nveis.
Dessa forma, com as aulas, o professor est tentando transformar em recursos monetrios as vrias horas de estudo que ele se dedicou no passado. Entretanto, ainda tem um custo adicional, o custo de abrir uma janela de seu horrio e entrar em uma sala de aula para dar as aulas.
Esse custo se chama custo de oportunidade, pois apesar de ele no ter gasto nenhum recurso financeiro adicional para ministrar as aulas, ele deixou o lazer de lado e se dedicou ao trabalho. O custo de oportunidade dessa pessoa se torna ainda maior se ele j possui um trabalho, j tem um salrio e/ou se as horas de lazer so escassas.
Por outro lado, o proprietrio do curso que est contratando um professor para dar aula acaba de assumir um compromisso financeiro. Logo, ele dever buscar escala em sua venda, caso contrrio poder amargar um prejuzo. Ou seja, o proprietrio do curso dever definir um nvel de preo para o produto de tal forma que consiga pagar o seu custo e ainda auferir uma parcela de lucro. Deve lembrar sempre que o maior preo nem sempre a melhor estratgia, pois as pessoas podem optar por no fazer o curso.
No entanto, existe um outro item que deve ser considerado nessa anlise. Imagine a situao de um concurso no qual as pessoas esto se dedicando h muito tempo. No entanto, quando sai o edital, este aparece com uma matria nova e que no possui histrico em concursos passados.
Dessa forma, fica muito complicado encontrar professores para ministr-la. Logo, a oferta pelo produto bastante escassa. Por outro lado, os alunos esto necessitando da matria em demasia porque j gastaram muitos recursos financeiros estudando algumas matrias para esse concurso. Alm disso, tambm possuem um alto custo de oportunidade dado que j gastaram muito tempo estudando as matrias que caam no concurso em questo.
Assim sendo, h a necessidade de se ter escala de produo para se conseguir produzir um produto relativamente barato, caso contrrio, o proprietrio do cursinho, assim como o professor, podero estar incorrendo em um custo de oportunidade relativamente alto e optaro por no atender demanda, que se encontra relativamente baixa.
O mesmo problema pode-se encontrar na edio de livros. Se os usurios transgredirem a lei e optarem, ao invs de comprar os livros, de tirarem xerox, os recursos auferidos pelo autor sero
demasiadamente pequenos e, no valer a pena para ele reorganizar o livro, editar outros, atualiz-lo. Assim, a falta de escala de produo acaba gerando um custo adicional para os usurios desses livros. Mas nesse exemplo, o autor pode ter uma outra inteno alm da receita monetria gerada pelo livro, como por exemplo, promover o seu nome, que pode ser comparado criao de uma marca.
A escala de produo algo fundamental, pois nos auxilia a reduzir o custo fixo destinado a cada um dos produtos individualmente, fato que pode trazer uma reduo significativa de preos e dar competitividade ao produto.
7. PADRO DE CONCORRNCIA
Existem vrias formas possveis de concorrncia no mercado e tudo vai depender do nmero de fabricantes e consumidores que esto dispostos a comprar/vender o produto e tambm ao grau de inelasticidade ou elasticidade de cada um dos agentes.
Retomemos o caso de um concurso pblico onde uma matria que nunca havia cado passa a fazer parte do Edital. Vocs concordaro comigo que se no houver escala de produo, o preo pode tender a aumentar ou mesmo sequer haver aula, dado o reduzido nmero de alunos que fizeram a aquisio do curso.
Entretanto, tambm temos que considerar que no caso em tela, aps os alunos estudarem vrios meses para vrias outras matrias e o Edital colocar uma matria nova, haver uma grande demanda por este novo produto e as pessoas que desejam o produto pensam que podem jogar vrios meses de estudo e inmeros recursos financeiros fora caso no iniciem seus estudos nessa nova matria. Isso as faz ser bastante inelsticas e, independentemente do preo, estaro dispostas a comprar o produto.
Logo, a venda de um produto neste estilo pode ser feita por um preo mais elevado, dado o alto nvel de procura e o custo de oportunidade que as pessoas podem incorrer caso no estejam dispostas a pagar um pouco mais caro para cursar a matria. Portanto, para analisarmos o padro de concorrncia, devemos pensar tambm no nvel de necessidade por parte dos compradores e vendedores.
Faamos um contra-exemplo. Caso voc venha a se preparar em um momento em que no tenha muitos concursos previstos, o preo da sua preparao dever cair radicalmente. Isto ocorre, porque o empresrio incorre em um custo fixo e verificando a falta de compradores para seu produto, coloca-os em promoo para que pelo menos o custo fixo seja arrecadado com aquelas vendas.
Independentemente de tudo isto, o mercado ainda pode se subdividir em 6 classes e cabe ao empresrio definir em qual das classes de concorrncia o produto dele vai se enquadrar.
So elas:
Concorrncia Perfeita; Monoplio; Monopsnio; Oligoplio; Oligopsnio; Concorrncia Monopolstica.
Na concorrncia perfeita, temos a presena de um grande nmero de ofertantes e um grande nmero de demandantes. Desta forma, ambos
so tomadores de preo17, sendo bastante pequenos para influenciar o preo de mercado. O mercado de bares de Belo Horizonte bem prximo de uma concorrncia perfeita. O mineiro tido como uma pessoa que gosta muito de bares, portanto, existe um grande nmero de demandantes. Acompanhado disto, Belo Horizonte tida como a cidade com maior nmero de bares per capita, logo, este mercado prximo de uma concorrncia perfeita.
No monoplio, h a presena apenas de um ofertante e de vrios demandantes. Para que um agente seja configurado como monopolista, no pode haver nenhum outro que produza exatamente o mesmo produto ou algum outro produto que possa substitu-lo. Em geral, o monopolista possui um alto grau de poder de mercado, mas desde que seu produto seja essencial. Caso isto no ocorra, ele no pode usufruir desta sua condio de monopolista com aumentos de preos, pois as pessoas tenderiam a reduzir o consumo deste bem. Resumindo, o monopolista tem um alto poder de mercado se as pessoas que consomem o seu produto forem inelsticas em relao a ele.
O monopsnio um mercado bastante parecido com o monoplio, entretanto, ao invs de existir apenas um produtor e vrios consumidores, temos o inverso desta situao, ou seja, um consumidor e vrios produtores. Da mesma forma, h um poder de mercado que o consumidor pode exercer sobre o produtor, dado que a produo ser toda destinada a uma nica empresa ou pessoa.
No oligoplio, temos o caso em que existem alguns produtores e muitos consumidores. Dependendo da forma como os oligopolistas agirem, eles podem passar a ter um grande poder de mercado (no caso de combinarem preo e formarem um cartel) ou nenhum poder de mercado (no caso de brigarem em preo).
17 Entende-se como tomadores de preos as empresas ou clientes que no conseguem influenciar o preo do produto com as suas demandas ou ofertas. Em geral, eles negociam os produtos pelo preo que este est valendo no mercado.
Com relao ao oligpsnio, temos o caso em existem alguns demandantes do produto e vrios ofertantes. Da mesma forma que o oligoplio, o oligopsionista pode ter poder de mercado (quando houver por parte dos compradores do produto um acordo sobre quanto e como devero pagar) ou pode no ter nenhum poder de mercado (isto ocorre quando os compradores do produto competem entre si, aumentando os preos oferecidos aos produtores). O mercado de minrio de ferro, por exemplo, no momento de crise em meados de 2008 at incio de 2009, sofreu bastante. Com isto o nmero de demandantes diminuiu consideravelmente e os grandes demandantes (basicamente chineses), passaram a ter um poder de barganha muito grande. Isto fez com que diversos ofertantes sofressem bastante, especialmente aqueles que no possuam um minrio de boa qualidade, advindos de mercados que no so tipicamente produtores, como os indianos.
Por fim, devemos falar no mais comum dos mercados, que a concorrncia monopolstica. Este mercado algo intermedirio entre a concorrncia perfeita e o monoplio. Enquanto que na concorrncia perfeita todos os produtores produzem exatamente o mesmo bem, no monoplio no existe nenhum bem que substitua aquele produto oferecido. Logo, na concorrncia monopolstica as empresas produzem bens diferenciados, mas esses bens possuem vrios substitutos prximos.
o caso do mercado de roupas. As diversas lojas em um shopping no vendem os mesmos produtos, mas vendem produtos que so substitutos.
O mesmo fato ocorre com os cursinhos para concursos. Os produtos
oferecidos so diferentes, apesar de substitutos. Exatamente pelo fato
de terem qualidade diferenciada que eles possuem preos diferentes.
Nos captulos anteriores, tratamos de Oferta e Demanda, elementos
formadores de nossos custos como Dimensionamento, Escala de
Produo e Tendncia de Preos.
Agora vamos entender como estes elementos comeam a se juntar e
fazer parte de nossa anlise de projetos. Uma boa anlise de projetos
tem que ter como base uma projeo de receita e custos bem
fundamentada.
8. Previso de Custos
Este item fundamental na anlise de projetos porque ser, junto com
a previso de receitas itens de maior importncia no fluxo de caixa do
investimento em estudo.
Para que se possa entender melhor todos os exemplo abaixo, tem-se
que entender, primeiramente, cada um dos tipos de custos existentes.
a) Custo Fixo: aquele que no depende do montante de bens ou
servios produzidos durante o perodo. Eles so geralmente medidos por
unidade de tempo. Independente do nvel de atividade da empresa,
produzindo qualquer quantidade, a empresa incorrer neste custo e ele
ser o mesmo. Para um cursinho, o aluguel de um imvel o exemplo;
b) Custo Varivel: aquele que altera com a variao da quantidade
produzida, e so iguais a zero quando a produo nula. Custos de
mo-de-obra direta e matria-prima so geralmente variveis. Para um
cursinho, o professor somente ser pago se um determinado curso for
viabilizado, logo, este professor um custo varivel18. Cada aluno
18 A partir do momento em que o curso for viabilizado, o professor passa a ser tratado como um custo fixo porque existe um compromisso firmado do dono do cursinho com os alunos para que esta aula ocorra. Logo,
receber um material do cursinho, logo, este tambm um custo
varivel;
c) Custo Total: o custo total incorrido pelo empreendimento, logo, a
soma dos custos fixos e variveis;
d) Custo Fixo Mdio: o custo fixo dividido pelo nmero de unidades
produzidas pelo empreendimento. Para um cursinho, por exemplo, caso
o aluguel do imvel seja $100,00 e ele tem 100 alunos, o custo fixo
mdio do aluguel do imvel $1,00. Outro exemplo cabvel seria o caso
em que o cursinho tenha 3 salas e 5 diferentes concursos com edital
lanado. Caso existam matrias comuns a estes concursos, o cursinho
pode ofert-las de modo a captar o maior nmero possvel de alunos.
Logo, se o cursinho captar 200 alunos, apesar de seu custo fixo se
manter em $100,00, o custo fixo mdio cair para a metade, $0,50;
e) Custo Varivel Mdio: o custo varivel total dividido pelo nmero de
unidades produzidas. Vocs devem estar se perguntando se o custo
varivel j no caracterstico de cada unidade produzida, correto?
Correto. Porm, caso ocorra, durante um mesmo perodo contbil, o
aumento no preo de qualquer dos insumos utilizados para produzir
determinado produto, faz-se necessrio clculo do custo varivel mdio.
Portanto, em um restaurante, se gasta apenas leo e batata para
produzir batata frita. Consome-se 5kg de batata por ms e 10 litros de
leo. O litro de leo custa $3,00. A batata, porm, tem seu preo
renegociado a cada 15 dias. Logo, foi comprada batata por $3,00/kg nos
primeiros 15 dias e $4,00/kg nos outros quinze dias, sendo 2kg nos
primeiros 15 dias e 3kg nos outros 15. Logo, o custo varivel da batata
frita calculado da seguinte forma:
$3,00 x 5 + $2,00 x 2 + $3,00 x 3 = $28,00 mesmo que alguns alunos deixem o curso e recebam parte de seu dinheiro de volta, o professor continuar recebendo o mesmo pelos servios prestados.
Considerando que foram vendidas 100 pores de batata, o custo
varivel mdio da poro de batata de $0,28. Porm, se calcular-se o
custo varivel mdio da batata frita nos primeiros 15 dias do ms, tem-
se um valor diferente do custo varivel mdio nos ltimos 15 dias do
ms. Esta , portanto, a funo do custo varivel mdio, retirar da
anlise estas mincias;
f) Custo Mdio: o custo total dividido pelo nmero de unidades
produzidas;
g) Custo de Oportunidade: aquele em que se incorre por deixar de
fazer uma ao em detrimento de outra. Quando est se estudando a
abertura de uma lanchonete e o terreno de posse do possvel dono do
estabelecimento. Caso ele abra a lanchonete em seu terreno, ele
deixar de alugar este terreno e ter uma renda com ele. Logo, ele
tomou a deciso de abrir a padaria em seu local, em detrimento de
alugar o imvel. Logo, o ganho que ele teria com o aluguel do imvel
deve ser considerado como um custo de oportunidade que ele est
incorrendo.
h) Custo Marginal: aquele em que se incorre quando se quer produzir
mais uma unidade de seu produto. No necessariamente igual ao
custo varivel mdio porque pode haver mudana no preo dos insumos
de acordo com a quantidade que voc o adquire.
i) Custo Afundado ou Irrecupervel: aquele custo j ocorrido e que
no tem como ser recuperado. Independente do projeto em estudo ser
vivel ou no, este custo no ser recuperado. Um exemplo claro disso
uma pesquisa de marketing para quantificar o tamanho do mercado
em que se quer atuar. Uma vez feita a pesquisa, este custo no deve
ser levado em conta na tomada de deciso de viabilidade do projeto
porque caso se decida por no fazer o projeto, este custo no
desaparecer.
Uma boa previso de custos s feita com um bom nvel de
entendimento de oferta e demanda de insumos e mo-de-obra; um
entendimento de qual deve ser a melhor tecnologia a ser adotada para o
investimento; dimensionamento e localizao do projeto e a gesto de
desempenho da operao do projeto e o impacto de cada um destes
custos descritos acima no investimento.
8.1. Oferta e Demanda x Aumento/Diminuio CV
Oferta e Demanda so itens muito importantes na previso de custos de
investimentos, como j foi explorado em aula anterior quando foi dito o
exemplo da cevada, matria-prima para a produo de cerveja.
Se existe uma oferta escassa de um determinado insumo no mercado e
ele muito importante para o investimento, tem-se que entender qual
a tendncia de seus preos para quantificar de maneira correta este
item e no atrapalhar a anlise de projetos, uma vez que um aumento
no preo deste insumo tem impacto direto no custo final do produto.
O mercado siderrgico est passando por um grande processo de
expanso em todo o mundo, principalmente o mercado chins. Isto faz
com que a demanda por insumos cresa bastante, conseqentemente o
custo deles, componentes importantes do custo varivel do ao. O
minrio de ferro e o carvo so dois dos principais componentes deste
custo varivel.
As empresas Gerdau Aominas e USIMINAS, dois dos grandes players
do mercado nacional siderrgico esto em plena expanso. Em busca de
minimizar o impacto do preo do minrio mundial em seus custos de
produo, a empresa USIMINAS, acaba de adquirir uma mineradora
(Mineradora J. Mendes), dependendo assim o menos possvel da
variabilidade de preos do mercado deste insumo. Claro que ao utilizar
este minrio em sua produo por um custo menor que o valor de
mercado do minrio, ela deixa de vender este minrio e incorre em um
custo de oportunidade que esta operao est gerando. Porm a
empresa continua tendo um ganho, pois sabe que sempre ter aquela
oferta disponvel e sabe onde est localizado seu fornecedor, portanto,
uma das componentes do custo varivel do insumo, frete, conhecida
e pequena.
Um exemplo que pode ser dado relativo a mo-de-obra est
acontecendo hoje no mercado brasileiro. Existe uma escassez de mo-
de-obra, principalmente engenheiros no mercado de trabalho.
Provavelmente, alguns de vocs que me lem, so engenheiros e esto
em busca de vagas fora deste mercado. Eu e meu irmo somos
engenheiros e no estamos diretamente no mercado de engenharia. E
vrios outros exemplos podem ser encontrados. Diante deste cenrio de
escassez de engenheiros que trabalham no mercado de engenharia, as
grandes empresas brasileiras que esto passando por um momento de
expanso no encontram mo-de-obra qualificada o suficiente no
mercado e quando encontra, uma mo-de-obra bem cara,
aumentando assim seus custos.
8.2. Tecnologia x Aumento/Diminuio de CV e CF
A tecnologia, como j foi vista anteriormente, est bastante ligada
previso de custos de um determinado investimento. Pode-se optar por
um projeto com utilizao intensiva de tecnologia ou mo-de-obra.
Quando falamos dos grandes produtores de cereais em pases
desenvolvidos, como os EUA e Canad, por exemplo, encontramos
fazendas muito grandes, substanciais investimentos de capital em
edificaes e maquinrio, com pouca utilizao de mo-de-obra, custo
fixo bastante elevado e custo varivel pequeno. No entanto, quando
falamos dos produtores dos mesmos cereais em pases em
desenvolvimento, existe o uso de pouco capital (poucas mquinas),
pouca tecnologia e grande quantidade de trabalho, portanto, um custo
fixo baixo e um custo varivel bastante elevado.
Logo, podemos prever, assim, qual ser o custo de cada um dos
investimentos. vlido lembrar, que alguns bens adquiridos tem uma
vida til e fazer-se- necessria substituio deles em seu fim e este
custo tem que ser contabilizado no fluxo de caixa do projeto.
8.3 Dimensionamento e Localizao x Aumento/Diminuio de CV
A localizao de um empreendimento e seu dimensionamento faz com
que ele prospere ou deixe de prosperar em um mercado altamente
competitivo como pode ser encontrado nos dias atuais. Pequenos erros
podem gerar um custo bastante elevado que devem ser detectados
nesta fase de anlise e previso de custos.
A China, diferentemente do Brasil, encontra-se em uma posio
geogrfica no muito favorvel produo de ao por estar longe de
grandes minas de minrio de ferro, grande componente do custo
varivel do ao. H pessoas que dizem, por exemplo, que o mercado
siderrgico chins est crescendo demais, porm, a escassez deste
insumo prximo a ele causar grandes problemas para o mesmo no
futuro. Portanto, hoje um mercado que cresce mal dimensionado e em
uma localidade no privilegiada para a otimizao dos custos
necessrios para a sobrevivncia do empreendimento.
Por ora, grande parte do ao produzido pela China para consumo
interno, o que elimina a componente frete em seu produto acabado.
Porm, quando no houver espao para o consumo interno e ocorrer um
aumento da oferta deste produto no mercado mundial, o preo tender
a cair e os chineses, segundo alguns estudiosos, no tero grande
vantagem competitiva devido a sua localidade.
Com o exposto acima, vimos como importante se fazer um estudo
aprofundado na previso de custos do mercado e sua interao com
componentes j estudados anteriormente porque nem sempre o cenrio
que temos hoje desenhado ser o mesmo encontrado quando o
investimento encontrar-se em atividade. E, se os devidos cuidados no
forem tomados, projetos que parecem ser muito viveis, em uma
anlise mais aprofundada tornam-se inviveis devidos aos altos custos
que incorrero.
Vamos agora fazer um exerccio que ilustra muito bem uma deciso que precisa ser tomada com a aplicao dos conceitos ora apresentados.
1 (Cesganrio Transpetro Administrador Pleno 2006) A SEG Ltda. fabricante de sinalizadores de emergncia para navios. O gerente de produo precisa decidir qual o processo de produo mais econmico dentre as cinco possibilidades identificadas na planilha de custo a seguir.
Processo Custo Fixo Anual (R$)
Custo Varivel (R$ por unidade)
I 220.000,00 5,00
II 170.000,00 8,00
III 70.000,00 11,00
IV 50.000,00 13,00
V 125.000,00 9,00
Para um volume de 30 mil unidades por ano, o processo mais econmico :
(A) I (B) II (C) III (D) IV (E) V
Resoluo:
Devemos encontrar qual o custo total para produzir estas 30 mil toneladas para cada um dos 5 casos e encontrar o mais econmico. Como vimos, para encontrar o Custo Total (CT) devemos somar Custo Fixo (CF) e Custo Varivel (CV). O CV deve ser ponderado pelo nmero de unidades produzidas, no caso 30 mil.
Logo, para o Processo I temos:
CF = 220.000,00
CV = 5,00 x 30.000 = 150.000,00
CT = 370.000,00
Processo II:
CF = 170.000,00
CV = 8,00 x 30.000,00 = 240.000,00
CT = 410.000,00
Processo III:
CF = 70.000,00
CV = 11,00 x 30.000,00 = 330.000,00
CT = 400.000,00
Processo IV:
CF = 50.000,00
CV = 13,00 x 30.000 = 390.000,00
CT = 440.000,00
Processo V:
CF = 125.000,00
CV = 9,00 x 30.000 = 270.000,00
CT = 395.000,00
A melhor alternativa a 1, que tem o maior custo fixo e o menor custo varivel. Este exemplo tpico de um investimento de alta tecnologia em que o custo fixo alto a melhor escolha para a empresa e gera o menor custo total no processo produtivo.
9. Previso de Receitas
Em conjunto com os custos, as receitas a serem dimensionadas sero de vital importncia para a correta anlise de investimentos. Em mercados que esto em crescimento, deve-se ter em mente no apenas o aumento da demanda pelo produto como tambm o aumento do investimento neste mercado em virtude da procura maior pelo produto.
Para uma boa previso de receitas, faz-se necessria quantificao de trs itens nesta pesquisa de mercado. So eles:
- Tamanho do mercado;
- Participao no mercado; e,
- Preo de cada unidade a ser vendida.
Pela multiplicao destes elementos, calculamos a nossa previso de receitas. Faz-se necessrio um clculo no apenas no incio da operao do investimento, como tambm no decorrer do seu tempo til porque efeitos colaterais aparecero.
A Costa do Saupe, por exemplo, foi feita para ser um lugar referncia de turismo no Nordeste brasileiro. Ocorreu um investimento muito grande naquela localidade. Porm, como um efeito colateral a isso, alguns outros resorts j foram criados (expanso do Club Med) e outros esto sendo criados, como no Rio Grande do Norte. Portanto, o que no princpio era nico, dividir o seu pblico com outros concorrentes e estes ainda tero alguma vantagem sobre o primeiro.
Os resorts que esto sendo criados no Rio Grande do Norte - cujos investidores so o jogador de futebol Ronaldinho Gacho e o ator Antonio Banderas - esto situados em uma regio mais prxima da Europa e dos EUA, o que caracteriza um diferencial para os clientes no que tange a preo de passagens areas.
Outro item que tem que ser levado em considerao a anlise de itens substitutos. Quando est se estudando desenvolver um novo carro, parte dos clientes que comprariam este carro, seriam clientes de um modelo da mesma marca. Portanto, este cliente j foi contabilizado na anlise de projeto anterior, no contabilizando a receita novamente. S deve-se contabilizar a receita adicional.
Portanto, quando a montadora de automveis Fiat desenvolveu o Fiat Punto, digamos que a expectativa de vendas do Punto no ano de 2008 de 50.000 unidades a um preo mdio de $40.000,00. Porm, 20% destes clientes comprariam um Fiat Palio anteriormente, a um preo mdio de $30.000,00 e outros 20% compraria um Fiat Stilo a um preo
mdio de $50.000,00. Logo, a receita que deve ser contabilizada para anlise deste projeto no ano de 2008 deve ser dada por:
(50.000 x 40.000) (10.000 x 30.000) (10.000) x (50.000) = 2.000.000.000 300.000.000 500.000.000 = 1.200.000.000
Diante disso, pode-se ver a importncia de uma pesquisa de mercado bem executada e a correta identificao de seu pblico alvo. Se o pblico consumidor for identificado erroneamente, o projeto pode transparecer ser vivel, porm, o que est se fazendo simplesmente, tirando o dinheiro de um bolso e colocando no outro, no tendo nenhuma receita adicional.
Suponhamos que um cursinho que tenha um pblico limitado, duas salas de aula e abra quatro possibilidades de cursos diferentes. As quatro, porm, tem pblicos alvo semelhantes. Apenas duas dessas turmas se viabilizaro, logo, seria uma melhor estratgia, oferecer apenas duas das quatro turmas. Com esta oferta, o dono do cursinho no perderia os alunos que matricularam-se nas duas turmas que no foram viabilizadas porm tambm tinham interesse nas duas turmas que se tornaram viveis.
10. Ponto de Nivelamento
Ponto de Nivelamento ou break even quando a empresa no realiza nem lucros nem perdas. o ponto em que h um equilbrio entre despesas e receitas. Ele determina as vendas necessrias para que o projeto fique em equilbrio, ou seja, com receitas iguais aos custos.
Existem duas vises diferentes de ponto de nivelamento, uma em termos do lucro contbil e outra de valor presente. Para o estudo de anlise de projetos especificamente, o enfoque de valor presente o de maior importncia. O enfoque de VPL leva em considerao o custo de
oportunidade de um determinado investimento enquanto o de lucro contbil, leva em conta apenas a depreciao do investimento.
Mais adiante em nosso curso, vocs vero o porqu de se falar de VPL e no de lucro contbil em maiores detalhes. Por ora, melhor entender o conceito de break even e que para clculo do mesmo, em anlise de projetos, deve-se ter o enfoque de VPL.
11. Investimento Fixo
Existem duas modalidades de custo de investimento. Uma o investimento fixo e a outra, que ser enfoque de aula posterior o investimento de giro.
Por investimento fixo entende-se todo o investimento feito em equipamentos, instalaes industriais para operao dos equipamentos (rede de energia, gua, gs, etc.), a montagem de toda a planta industrial e/ou escritrio, o investimento feito no projeto do mesmo e toda a parte civil.
O investimento fixo, tipicamente, feito na data 0 do investimento pois contempla todos os itens estritamente necessrios a operao da planta e/ou escritrio que se est investindo. Quando h um planejamento de um cursinho, por exemplo, investe-se em um projeto das salas de aula, se a edificao necessitar de adaptaes civis, elas tero que ser feitas antes do incio da operao do cursinho, investe-se em estantes para livros, cadeiras, quadro, projetores. Tudo isso pode ser chamado de investimento fixo.
Como ser visto posteriormente na montagem de um fluxo de caixa para um investimento, estes custos sero imputados ou na data 0 ou na data 1 do investimento, dependendo da grandiosidade do mesmo. Eles so normalmente de grande vultuosidade.
12. Introduo Matemtica Financeira
Faremos agora uma pequena pausa no assunto anlise de projetos para falarmos de matemtica financeira, pois, mais a frente, ser necessrio um bom entendimento de matemtica financeira para que possam ser feitas avaliaes de diferentes projetos.
Iniciaremos a aula falando de alguns conceitos bsicos de matemtica financeira, depois falaremos de capitalizaes simples, composta e finalizaremos nossa aula com a apresentao de mtodos para avaliao de projetos, mostrando o benefcio de cada um deles e suas deficincias.
O primeiro conceito a entender em matemtica financeira o juro. O que seria o juro? Juro a remunerao paga a algum quando ela cede o seu capital para utilizao de outra pessoa. Nem sempre, quando se empresta algum dinheiro, recebe-se ele de volta, logo, o juro tem que cobrir este risco que a pessoa tem de no receber.
O dinheiro tem uma desvalorizao no tempo, logo, no pode-se esquecer que a inflao tem que estar no juro. E, alm disso, a pessoa deve receber um lucro sobre este emprstimo para que valha a pena conceder este capital a um terceiro. E, com isso, chegamos a definio de outro termo importante, Capital. Capital a quantidade de dinheiro disponvel para emprstimo em um tempo determinado. E, que somado aos Juros, leva a quantidade de dinheiro disponvel em um tempo futuro, chamada de Montante.
Por fim, chega-se a definio de taxa de juros que a razo entre os juros recebidos ao final de um determinado perodo de tempo e o capital emprestado no incio deste perodo. Temos que ressaltar que para
calcular uma taxa de juros, temos que determinar um perodo de tempo e entenderemos mais a frente o porqu disto.
Portanto, o diagrama abaixo ilustra o que estamos dizendo.
+ Juros
Existem duas maneiras distintas de se fazer o clculo destes juros. Pode-se fazer atravs de Capitalizao Simples ou Composta.
12.1. Capitalizao Simples
Neste tipo de capitalizao, a taxa de juros incide somente sobre o capital inicialmente emprestado. Suponhamos um emprstimo de $100,00 em regime de capitalizao simples, a uma taxa de juros de 5% ao ms. No primeiro ms, os juros referentes a este emprstimo so de $5,00 e o saldo devedor passa a ser $105,00. No segundo ms, o clculo continua a ser feito em cima do capital inicialmente emprestado, $100,00, logo, paga-se os juros referentes ao segundo ms, idnticos ao primeiro ms, $5,00.
Vemos, portanto, que no obstante o perodo, os juros so constantes. Logo, para se encontrar os Juros ao final de um nmero n de perodos, basta-se multiplicar o Capital, a rentabilidade do emprstimo (taxa de juros) e o nmero de perodos.
Portanto,
J = C . i . n onde: J = valor dos juros; C = capital inicial; i = taxa de juros e n = nmero de perodos
MontanteCapital
Suponha que um investidor far uma aplicao durante 40 anos, de $2.000,00 por ano e com um rendimento a uma taxa de 5% ao ano, utilizando capitalizao simples. Qual o Montante que o investidor ter daqui 40 anos?
J = $2.000,00 x 5% x 40 = $4.000,00
Os Juros recebidos sero de $4.000,00 que somados ao Capital inicialmente aplicado, perfazem o Montante de $ 6.000,00.
12.2. Capitalizao Composta
Neste tipo de capitalizao, as taxas de juros incidem no apenas sobre o Capital inicial como tambm sob os juros acumulados at o perodo imediatamente anterior. Portanto, no caso anterior em que um emprstimo de $100,00 em regime de capitalizao simples, a uma taxa de juros de 5% ao ms, gerava juros de $5,00 no segundo ms, no regime de capitalizao composta, geraria juros de 5% sobre $105,00 - capital inicial somado aos juros acumulados at o perodo imediatamente anterior. Portanto, geraria juros no segundo ms de $5,25.
Portanto, no primeiro perodo de capitalizao, os juros so iguais para as capitalizaes simples e compostas, porm, a partir do segundo perodo, os juros para capitalizaes compostas so sempre maiores.
J vimos que para o primeiro perodo de capitalizao, temos:
00,10505,000,10000,100 =+=+==
+=
MiCCMiCJ
JCM
Para o segundo perodo, temos:
25,11005,000,10500,105 =+=+==
+=
MiCCMiCJ
JCM
E como, 105,00 igual ao capital inicial somado ao produto entre o capital inicial e a taxa de juros, temos:
25,110)05,01(00,10025,110)05,01()]05,01(00,100[
25,110)05,01(00,10525,11005,000,10500,105
2 =+==++=
=+==+=
MMMM
Dessa forma, podemos ver que para determinarmos o montante a juros compostos deveremos utilizar a seguinte equao:
( )niCM += 1 onde,
M = montante composto; C = capital inicial; i = taxa de juros; n = nmero de perodos