CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV/WYDEN
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL - MPGE
Gilvan Florêncio da Silva
PRÁTICAS DE GESTÃO AMBIENTAL NO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO
IPOJUCA (UNIFAVIP) EM BUSCA DA CERTIFICAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO
SOBRE A PERCEPÇÃO DE ALUNOS DE CURSOS DE GRADUAÇAO.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Janaina de Holanda Costa Calazans
RECIFE
2018
Centro Universitário UNIFBV - WYDEN
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE
CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES
Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso
à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - do Centro Universitário
UniFBV é definido em três graus:
Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);
Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em consequência, restrita
a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;
Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o
texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou
custódia;
A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.
Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as
condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.
TÍTULO DA DISSERTAÇÃO
PRÁTICAS DE GESTÃO AMBIENTAL, NO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO IPOJUCA
(UNIFAVIP) EM BUSCA DA CERTIFICAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A PERCEPÇÃO DE
ALUNOS DE CURSOS DE GRADUAÇÃO.
Nome do(a) autor(a): Gilvan Florêncio da Silva
Data da Aprovação: 21 de junho de 2018
Classificação conforme especificação acima:
Grau 1 x
Grau 2
Grau 3
Recife, 15 de janeiro de 2019
Assinatura do autor
GILVAN FLORÊNCIO DA SILVA
PRÁTICAS DE GESTÃO AMBIENTAL NO CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO
IPOJUCA (UNIFAVIP) EM BUSCA DA CERTIFICAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO
SOBRE A PERCEPÇÃO DE ALUNOS DE CURSOS DE GRADUAÇAO.
Nenhuma entrada de sumário foi encontrada.
RECIFE
2018
Catalogação na fonte -
Biblioteca do Centro Universitário UniFBV | Wyden, Recife/PE
S586 Silva, Gilvan Florêncio da.
Práticas de gestão ambiental no Centro Universitário do Vale do
Ipojuca (UNIFAVIP) em busca da certificação: um estudo de caso
sobre a percepção de alunos de cursos de graduação. / Gilvan
Florêncio da Silva. – Recife: UniFBV | Wyden 2018.
84 f.
Orientador(a): Janaína de Holanda Costa Calazans.
Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Centro
Universitário UniFBV | Wyden.
1. Sustentabilidade. 2. Gestão ambiental. 3. Consciência
ecológica. 4. Responsabilidade social. I. Título.
DISS 658[18.1]
Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.
RESUMO
Este trabalho analisa a visibilidade por parte dos alunos dos cursos de gestão, em relação aos
procedimentos e ações de sustentabilidade desenvolvidas no Centro Universitário do Vale do
Ipojuca (UNIFAVIP), buscando descobrir a existência de uma consciência ecológica naqueles
discentes. O objetivo é identificar e avaliar, se essas práticas ditas sustentáveis pela IES, podem
servir de parâmetros e requisitos para um Sistema de Gestão Ambiental apto para se obter uma
certificação ambiental. O estudo visa contribuir com soluções para o desenvolvimento
sustentável das organizações corporativas com ênfase nas Instituições de Ensino Superior. O
referencial teórico utilizado sustenta que o ambiente desenvolvido nas instituições de ensino
superior, com várias iniciativas para difundir as normas e princípios sustentáveis, possibilita
conhecimentos para a sociedade, por envolver alunos, professores e funcionários em torno da
sustentabilidade. O tema tem se tornado recorrente no mundo acadêmico, diante da
preocupação com o meio ambiente, que despertou no meio social o interesse por novos saberes
como forma de minimizar os impactos causados pela ação humana. A educação socioambiental
tem papel fundamental para conscientizar os discentes de sua responsabilidade com o meio
ambiente e com a sociedade, no entanto, esses estudos se apresentam ainda de forma tímida.
Nesta pesquisa foi realizado um estudo de campo, com a identificação e investigação do
posicionamento dos alunos acerca do nível de responsabilidade sustentável na instituição
selecionada, analisando-se qualitativamente os dados que foram coletados por meio de
observações, entrevistas individuais e aplicação de um grupo focal. As interpretações dos dados
apontaram para uma inquietação comum entre os alunos pesquisados, perante a forma como a
instituição pensa a sustentabilidade, possibilitando descobrir, que a consciência ecológica dos
discentes, encontram-se condicionadas a diversos fatores que ainda não foram trabalhados pela
instituição.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Consciência Ecológica. Gestão Ambiental.
Responsabilidade Social. Educação Ambiental.
ABSTRACT
This work analyzes the students' visibility of the management courses, in relation to the
procedures and actions of sustainability developed in University Center of the Ipojuca Valley
(UNIFAVIP), seeking to discover the existence of an ecological awareness in those students.
The objective is to identify and evaluate if these practices are sustainable by the IES, can serve
as parameters and requirements for an Environmental Management System able to obtain an
environmental certification. The study aims to contribute with solutions for the sustainable
development of corporate organizations with an emphasis on Higher Education Institutions.
The theoretical framework used supports the fact that the environment developed in higher
education institutions, with several initiatives to disseminate sustainable norms and principles,
provides invaluable gains to society by involving students, teachers and employees around
sustainability. The theme has become recurrent in the academic world, in the face of concern
for the environment, which has aroused in the social environment the interest for new
knowledge as a way to minimize the impacts caused by human action. Socio-environmental
education has a fundamental role to make students aware of their responsibility to the
environment and society, however, these studies are still presented in a timid manner. In this
research, a field study was carried out, with the identification and investigation of the students'
position on the level of sustainable responsibility in the selected institution, analyzing
qualitatively the data that were collected through observations, individual interviews and
implementation of a focus group. The interpretations of the data pointed to a common concern
among the students surveyed, considering the way in which the institution thinks sustainability,
allowing to discover, that the ecological awareness of the students, are conditioned to several
factors that have not yet been worked by the institution.
Keywords: Sustainability. Ecological Consciousness. Environmental Management. Social
Responsibility. Education Environmental.
Primeiro foi necessário civilizar o homem
em relação ao próprio homem. Agora é
necessário civilizar o homem em relação
à natureza e aos animais.
Victor Hugo.
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor Deus, companhia inseparável em todos os momentos da minha vida, o meu
sustento, a minha força, minha esperança, a minha gratidão por conduzir meus passos, por ser
a minha fortaleza, pela saúde e por permitir a realização pessoal e profissional. A Nossa
Senhora, o meu reconhecimento como intercessora, santa protetora, por renovar a minha fé.
Aos meus pais, Luiz e Maria, que acreditaram nos meus sonhos, por ainda, serem
exemplos de caráter e dignidade, aos meus irmãos e minhas irmãs Abigail e Salete, e aos meus
sobrinhos, por todo o apoio e incentivo. Que o amor de vocês esteja sempre presente em minha
vida.
À minha orientadora, Profa. Dra. Janaina de Holanda Costa Calazans, por quem tenho
grande admiração e carinho. Obrigado por ter compartilhado o conhecimento, pelo
enriquecimento científico, por ter acreditado no meu potencial, e por ter me proporcionado esta
oportunidade. Agradeço pelo carinho, amizade e dedicação.
Aos colegas da Instituição UNIFAVIP, companheiros fiéis e atenciosos, que muito me
incentivaram e contribuíram com suas experiências, aos meus amigos de escritório de
advocacia, que compartilham a labuta diária, contribuindo para o meu saber. Aos meus amigos
de mestrado, Beth, Bianca, Jonatha, Edna, Edivânia, e Inayan, companheiros no trilhar de um
sonho realizado, parceiros de estudos e alegrias.
Aos demais colegas, professores e funcionários do MPGE pelas lições de vida e pelas
experiências compartilhadas, especialmente aos alunos que disponibilizaram o seu precioso
tempo, para serem partícipes na construção desse projeto.
A todos os funcionários da Instituição onde foi realizada a pesquisa, pelo apoio, presteza
e compromisso profissional.
Aos professores componentes da banca examinadora e à Coordenação do MPGE.
Aos demais amigos, familiares e colegas de trabalho, o meu sincero agradecimento.
LISTA DE QUADROS
Quadro 2 – Tipos de indicadores Ethos de responsabilidade social ......................................... 35
Quadro 3 – Indicadores Ethos de responsabilidade social referentes ao meio ambiente ......... 35
Quadro 4 – Sujeitos da pesquisa ............................................................................................... 49
Quadro 5 – Categorias temáticas .............................................................................................. 55
Quadro 6 – Extensão do conceito de Sustentabilidade ............................................................. 56
Quadro 7 – Possibilidade de desenvolvimento econômico sustentável ................................... 58
Quadro 8 – Ações e práticas sustentáveis desenvolvidas pelo UNIFAVIP ............................. 61
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASPROMA Associação dos Protetores do Meio Ambiente
CF Constituição Federal
CMMAD Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CNUDN Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Natural
EA Educação Ambiental
GA Gestão Ambiental
IES Instituições de Ensino Superior
LDB Lei de Diretrizes e Bases
MEC Ministério da Educação
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
PNEA Política Nacional de Educação Ambiental
PPC Projeto Pedagógico de Curso
PPI Projeto Pedagógico de Instituição
PRONEA Programa Nacional de Educação Ambiental
RSC Responsabilidade Social Corporativa
RSE Responsabilidade Social Empresarial
SGA Sistema de Gestão Ambiental
UNESCO Organização das Nações Unidas Para Educação Ciência e Cultura
UNIFAVIP Centro Universitário do Vale do Ipojuca
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................14
1.1 Objetivos da pesquisa.............................................................................................17
1.1.1 Objetivo geral........................................................................................................17
1.1.2 Objetivos específicos.............................................................................................17
1.2 Justificativas da pesquisa..........................................................................................18
1.2.1 Justificativa teórica................................................................................................18
1.2.2 Justificativa prática................................................................................................18
2 FUNDAMNTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................21
2.1 Sustentabilidade e sua Relação com as Instituições de Ensino Superior ................23
2.2 A Gestão Ambiental nas Instituições de Ensino Superior........................................27
2.3 A Responsabilidade Social nas Instituições de Ensino Superior..............................32
2.4 A Educação Ambiental e a Obediência Normativa nas Instituições de Ensino
Superior...........................................................................................................................36
2.5 A Afirmação Jurídica da Política Nacional de Educação Ambiental........................39
2.6 As Ações de Sustentabilidade Desenvolvida por uma IES no Agreste Pernambucano
.........................................................................................................................................43
3 METODOLOGIA.......................................................................................................46
3.1 Método.......................................................................................................................46
3.2 Locus da pesquisa......................................................................................................48
3.3 Sujeitos da pesquisa...................................................................................................49
3.4 Técnica de coleta de dados........................................................................................50
3.4.1 Fase de planejamento .............................................................................................51
3.4.2 Fase de Condução das Entrevistas..........................................................................53
3.4.3 Fase de Análise de Dados.......................................................................................53
3.5 Técnica de análise dos dados.....................................................................................53
3.6 Limitações da pesquisa..............................................................................................54
4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA
PESQUISA.....................................................................................................................54
4.1 Abrangência do Conceito de Sustentabilidade..........................................................55
4.2 Possibilidade de Práticas Empresariais Sustentáveis.................................................57
4.3 Existência de Ações Sustentáveis no UNIFAVIP.....................................................60
4.4 Processo de CONSCIENTIZAÇÃO Ecológica pelo UNIFAVIP.............................63
5 CONCLUSÕES...........................................................................................................68
5.1 Sugestões para a Instituição.......................................................................................71
5.2 Sugestões para estudos futuros..................................................................................72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................74
APÊNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO....80
APÊNDICE B- QUESTIONÁRIO...............................................................................81
APÊNDICE C- ROTEIRO GRUPO FOCAL ............................................................82
APÊNDICE D- REGRAS PARA APLICAÇÃO DE GRUPO FOCAL .................83
APÊNDICE E- AUTORIZAÇÃO DO REITOR RICARDO CÍRIACO.................84
14
1 INTRODUÇÃO
A sustentabilidade ambiental tem sido assunto recorrente para as organizações que querem se
posicionar como empresas candidatas a uma certificação ambiental, assumindo
responsabilidades para com a sociedade e o meio ambiente. Esse tem sido um assunto de
relevância também para as universidades, que, enquanto instituições de ensino e pesquisa,
atuam como protagonistas nas mudanças de paradigmas sociais, por serem instituições de
ensino e de pesquisas. Quando tratamos das instituições de cunho privado, esta preocupação
vai além, uma vez que, a adoção de uma gestão sustentável, se torna um dos elementos
estruturantes da própria imagem do fornecedor, que é evidenciado através dos serviços
prestados para o consumidor. Em razão disso, estas instituições têm fomentado políticas
voltadas para a causa ecológica, assumindo responsabilidades e efetivando ações sustentáveis.
Segundo Dias (2015), o dilema de como se encontrar alternativas para a preservação do meio
ambiente evidenciou-se a partir da década de 1960, quando se percebeu as consequências do
uso em excesso dos insumos esgotáveis, sem qualquer ação para minimizar ou compensar os
danos causados.
Nas décadas seguintes cresceu o interesse pelo tema, uma vez que, ao mesmo tempo em que
países ricos e emergentes se desenvolviam economicamente, ficava mais evidente a degradação
ambiental, causando preocupações ao Poder Público, que devido aos danos ambientais em
virtude do desenvolvimento econômico sem previsão dos impactos ambientais, começou a
sofrer pressão de vários setores da sociedade civil organizada, exigindo-se das corporações um
maior respeito com o meio ambiente, bem comum da coletividade. Entende-se como gestão
ambiental um conjunto de ações e atividades no âmbito administrativo e prático voltado à
obtenção de efeitos positivos perante ações humanas diretamente relacionadas ao meio
ambiente.
Um olhar diferenciado para o meio ambiente, estruturante do próprio conceito de gestão
ambiental, deixou de se restringir a pequenos grupos de estudiosos e passou a pautar discussões
em âmbito global (BARBIERI, 2011).
Na atual conjuntura mundial, a realidade fática e a mídia têm mostrado que os recursos naturais
não são infinitos. A crise ambiental vivenciada hodiernamente já alcançou proporções não
vistas anteriormente ao longo de toda a história da humanidade, e grande parcela disso é
resultado da intervenção do próprio homem, agente modificador do meio (DIAS, 2015).
15
Em busca de manter um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação
ambiental, o governo em comunhão com a sociedade civil, tem elaborado novas propostas para
a efetiva preservação do meio ambiente, bem como, tem procurado avaliar as iniciativas até
então existentes para buscar formas de enquadramento destas no objetivo de minimização dos
impactos ambientais.
Na tentativa de elaborar um conceito genérico de sustentabilidade, a Comissão Mundial Sobre
o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), presidida em Estolcomo no ano de 1987 pela
então primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, culminou com o relatório
Brundtland ou Nosso Futuro Comum, que determinou sustentabilidade como sendo um
processo transformativo voltado à harmonização da exploração dos recursos, do
direcionamento econômico, do desenvolvimento tecnológico e da mudança institucional como
forma de reforço da atenção às necessidades humanas, no que corresponde aos resultados de
uma organização medida em termo socioambiental, onde se atenda as necessidades do presente,
sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas necessidades
(CMMAD, 1997).
Segundo Moreira (2013), o relatório elaborado pela CMMAD foi essencial para a inserção no
mundo empresarial do debate acerca da realidade dos problemas ambientais, sendo responsável
pela introdução do caráter de finitude conferido aos recursos naturais enquanto perspectiva a
pautar o pensamento mercadológico.
Várias conferências mundiais sobre o meio ambiente ainda surgiram - a exemplo da ECO 92,
realizada em 1992; e da RIO + 20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Natural (CNUDN), realizada em 2012, ambas no Rio de Janeiro (RJ), e por último no mês de
março do ano corrente o Fórum mundial da Água realizado em Brasília, todos esses encontros,
com a finalidade de encontrar uma harmonia entre o desenvolvimento econômico e ambiental
que viabilize a sustentabilidade, já que estudos apontam para um decaimento na qualidade de
vida das pessoas, bem como para a extinção de determinadas espécies de seres vivos, havendo
uma necessidade de ações urgentes em busca do reequilíbrio do planeta. Nesses encontros,
apontou-se a educação ambiental como um caminho viável e essencial para atingir o objetivo
de harmonizar a tríade do desenvolvimento sustentável, qual seja aquela composta pelos eixos
de desenvolvimento ambiental, econômico e social.
16
Diante desse debate sobre o meio ambiente, as instituições superiores de ensino (IES) tornaram-
se instrumentos de mudanças nas práticas de preservação ambiental, por discutirem saberes nas
disciplinas de gestão ambiental e correlatas, em observância ao requisito de nº 16 disposto no
formulário do Ministério da Educação (MEC), que trata acerca da sustentabilidade enquanto
meio para a efetivação de uma Política de Educação Ambiental. A busca por novas diretrizes
de conscientização para práticas mais sustentáveis passou a embasar o discurso de várias IES
nas últimas décadas (RYAN et al., 2006).
Geralmente, Instituições de Ensino Superior, no seu mister de educar, se propõem a
disponibilizar conhecimentos e recursos tecnológicos para a formação de futuros profissionais,
podendo ainda, por meio de ações de responsabilidade socioambiental no âmbito de sua
extensão, aproximarem-se da comunidade onde atuam. Assim, se mostra possível unir a teoria
e a prática como forma de encontrar meios de preservação do meio ambiente.
Além disso as IES possuem enquanto razão de existência, ainda que teoricamente, oferecer aos
alunos os instrumentos intelectuais capazes de aprofundar o pensamento crítico e a capacidade
de confronto da realidade na qual estão inseridos (ENGELMAN, et al., 2009). A materialização
deste objetivo seria fundamental no fomentar de atitudes responsáveis por parte dos discentes
e futuros profissionais do ponto de vista socioambiental, não só no ambiente público, como
também nas relações de cunho privado, inserindo comportamentos ecológicos no entremeio da
convivência e do cotidiano humano.
Tendo em vista a importância dos estudos em educação ambiental inseridos aos poucos nas
universidades, bem como, a necessidade da adoção por parte delas, de uma gestão sustentável,
este trabalho se propõe a analisar o reconhecimento das práticas ambientais desenvolvidas no
campus do Centro Universitário do Vale do Ipojuca - UNIFAVIP, pelos alunos de graduação,
matriculados nos cursos de Gestão, aqui consideradas as graduações em Administração,
Logística, Recursos Humanos e Ciências Contábeis, haja vista que contam com a oferta de uma
grade curricular que contempla as disciplinas de Gestão Ambiental e correlatas.
Assim, a proposta deste estudo se volta a analisar se os alunos dos cursos de Gestão ofertados
pelo UNIFAVIP, o reconhecem como sendo uma IES aderente a práticas sustentáveis e mais,
se essas práticas ajudam a formar uma consciência ecológica, pautada no conhecimento da
responsabilidade socioambiental para sua vida prática, possibilitando o desenvolvimento de um
Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que é um conjunto de funções, desenvolvidas nas
17
organizações, de forma programada, envolvendo vários setores, com objetivo de diminuir os
impactos negativos sobre o meio ambiente gerados pela atuação das próprias empresas,
preenchendo requisitos satisfatórios para obtenção de certificação ambiental.
Dessa forma, nos propomos a responder ao seguinte problema de pesquisa: De que maneira os
alunos têm percebido as práticas de Gestão Ambiental desenvolvidas pelo Centro Universitário
do Vale do Ipojuca que possibilite a certificação ambiental? Para a consecução desta proposta,
identificaremos a priori quais as práticas ambientais apontadas pelo setor de operações e
marketing do UNIFAVIP – Centro Universitário do Vale do Ipojuca para, em seguida, analisar
se este estão de acordo com o Sistema de Gestão Ambiental e se os alunos dos cursos de
graduação reconhecem essas práticas como sendo sustentáveis e, em caso afirmativo, se essas
práticas são capazes de auxiliar na construção de uma consciência ecológica, que possibilite um
SGA apto para obter a certificação ambiental.
1.1 Objetivos da pesquisa
Os objetivos propostos pelo presente trabalho representam os pontos basilares que nortearam
a pesquisa, seja em fase de investigação bibliográfica para estruturação do referencial teórico,
seja na coleta de dados propriamente dita.
1.1.1 Objetivo geral
Analisar a percepção dos alunos de cursos de graduação a respeito das práticas de Gestão
Ambiental desenvolvidas pelo Centro Universitário do Vale do Ipojuca, em busca da
certificação.
1.1.2 Objetivos específicos
1. Identificar a existência de ações ambientais promovidas pelo UNIFAVIP e percebidas pelos
alunos;
2. Investigar a percepção dos alunos acerca do nível de responsabilidade sustentável do
UNIFAVIP a partir das práticas de gestão ambiental percebidas;
3. Avaliar, a partir dos indicadores previstos na ISO 14.001, a possibilidade de obtenção pelo
UNIFAVIP de um certificado ambiental;
18
4. Analisar os reflexos das ações ambientais promovidas institucionalmente pelo UNIFAVIP
nos alunos
1.2 Justificativas da pesquisa
1.2.1 Justificativa teórica
Os estudos que contribuem com soluções para o desenvolvimento sustentável das organizações,
têm nas Instituições de Ensino Superior importantes aliadas, em virtude das mesmas
desenvolvem pesquisas, aproximando-se das abordagens e definições existentes, enquanto
realidade tangível e aplicável. “Essas instituições de ensino superior assumem um papel
primordial na sustentabilidade, já que suas atividades, incluindo pesquisas, ensino e
engajamento social são de extrema importância para um aprendizado de toda uma sociedade”
(LADEIRA et al, 2012).
O ambiente desenvolvido nas instituições de ensino, com várias iniciativas para difundir as
normas e princípios sustentáveis, possibilita ganhos inestimáveis para a sociedade, com o
envolvimento de alunos, professores e funcionários em torno da Sustentabilidade, unindo a
teoria e a prática como forma de conscientização e preservação do meio ambiente. “A cultura
intrínseca das instituições de ensino parece ser benéfica para as causas ambientais, uma vez que
estas instituições são estáveis, possuem perspectivas de longo prazo, fazem pesquisa, e os
objetivos educativos são bem recebidos por quem frequenta este ambiente” (GRAEDEL apud
LADEIRA et al., 2012).
O termo sustentabilidade vem sendo objeto de estudo de diversos pesquisadores ao longo dos
anos, como por exemplo, Cavalcanti (2003); Canepa (2007); Barbierie (2011); Tachizawa,
(2011); Dias (2015); Pontes (2015). No início, as pesquisas acadêmicas buscavam discussões
sobre a proteção ambiental, cujo foco era o ambiente natural, mas os estudos foram evoluindo
e se expandindo, abrangendo cada vez mais horizontes.
Para alguns autores como Cavalcanti (1994, p. 99) Sustentabilidade “significa a possibilidade
de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas
e seus sucessores em dado ecossistema”.
A Sustentabilidade é um conhecimento que envolve reconhecer a complexidade do sistema
dinâmico, a robustez social, as mais diversas culturas e a incorporação de critérios normativos,
19
que podem ser adaptados e alterados em diferentes contextos (MILLER et al. apud LADEIRA
et al., 2012).
A seguir apresentaremos informações acerca do trajeto realizado preliminarmente de
exploração bibliográfica, onde fora feito um levantamento sistematizado da literatura na
coleção de periódicos científicos, sobre os temas centrais: sustentabilidade em instituições de
ensino superior, gestão ambiental em instituições de ensino superior, responsabilidade social
em instituições de ensino superior e educação ambiental e instituições de ensino superior, se
obtendo a seguinte resposta:
Quadro 1 – Registros de trabalhos científicos encontrados nos portais da Scielo, da Capes, da
Ebsco e da Spell
TEMA SCIELO CAPES EBSCO SPELL
Sustentabilidade em IES 6 196 767 0
Gestão Ambiental em IES 5 207 1745 0
Responsabilidade social em IES 3 448 27 0
Educação ambiental em IES 7 193 707 0
Fonte: O Autor Acesso: 24/10/2017
A preocupação com o meio ambiente despertou a sociedade para o debate acerca da
sustentabilidade, buscando novos saberes como forma de minimizar os impactos causados pela
ação humana, surgindo uma discussão sobre uma tríade sustentável que é o desenvolvimento
econômico, o ambiental e o social. Para Elkington (1994), criador do termo Triple Bottom Line1,
“a sustentabilidade é o equilíbrio entre os três pilares: ambiental, econômico e social”.
As Instituições de Ensino Superior com suas ações e práticas respaldada nos pilares ambientais,
oferecem uma Educação Ambiental fundada no diálogo, no estudo e na pesquisa, se
consolidando como instrumentos de preservação do meio ambiente para presentes e futuras
gerações. Canepa (2007) corrobora com essa afirmação, quando alega que:
O desenvolvimento sustentável depende diretamente do equilíbrio entre o
comportamento social, nossa relação com o meio ambiente e o processo de mudanças
na exploração dos recursos naturais, também está relacionado com o bom
1 Triple Bottom Line – o tripé da Sustentabilidade – expressão também conhecida como os “Três Ps” (people,
planet and profit) ou, em português, “PPL” (pessoas, planeta e lucro). Segundo esse conceito, para ser sustentável
uma organização ou negócio deve ser financeiramente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável.
Disponível em www.filantropia.ong. Acesso em 26.10.17.
20
gerenciamento dos investimentos tecnológicos, promovido pelas instituições públicas
e privadas. (CANEPA, 2007, p. 68)
A Educação Ambiental tem papel fundamental para conscientizar os discentes de sua
responsabilidade com o meio ambiente e com a sociedade, principalmente nos cursos de gestão.
Espera-se, portanto, que esses alunos, por ter em sua grade curricular disciplinas que abordam
as questões sustentáveis, apreendam os ensinamentos teóricos e transforme-os em ações
sustentáveis nos campus das instituições e fora deles, num elo de envolvimento de docentes,
discentes e colaboradores, com debate nos diversos ensinos.
No campo do marketing, Calomarde (2000) assim descreveu o marketing ecológico:
O marketing ecológico é um modo de conceber e executar a relação de troca, com a
finalidade de que seja satisfatória para as partes que nela intervêm, a sociedade e o
meio ambiente, mediante o desenvolvimento, valoração, distribuição e promoção por
uma das partes de bens, serviços ou ideias que a outra parte necessita, de forma, que,
ajudando a conservação e melhora do meio ambiente, contribuem ao desenvolvimento
sustentável da economia e da sociedade. (CALOMARDE, 2000, p. 22).
No campo da administração, a Sustentabilidade vem sendo foco de vários estudos com o
propósito de desenvolvimento econômico e bem-estar socioambiental, onde empregados,
fornecedores e insumos esgotáveis, estejam em sintonia com as práticas de Gestão Ambiental.
Assim, segundo Tachizawa (2011, p. 55) “A responsabilidade social e ambiental pode ser
resumida no conceito de “efetividade”, como o alcance de objetivos do desenvolvimento
econômico-social. Portanto, uma organização é efetiva quando mantém uma postura
socialmente responsável”.
No campo das ciências jurídicas, a Sustentabilidade ganha um papel relevante no estado
democrático de direito, quando se atribui a responsabilidade, aos poderes republicanos e a toda
coletividade, de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, para as
presentes e futuras gerações, conforme predisposição no art. 225, caput, da Constituição Federal
(BRASIL, 1988).
No campo da engenharia, a sustentabilidade vem com um conceito moderno de construção
sustentável, onde se procura usar tecnologias ecológicas nas obras, para preservar o meio
ambiente e poupar os recursos naturais. Conforme afirma Plessis apud Neto e Alcântara (2015),
a sustentabilidade na construção civil
é alcançada quando o conceito de desenvolvimento sustentável for inserido em todo
o ciclo de vida da construção. Sendo resultado de um processo multidisciplinar com
o objetivo de restaurar e manter a harmonia entre o ambiente natural e o ambiente
construído enquanto estabelece assentamentos que reafirmam a dignidade humana e
21
encorajam a igualdade econômica (PLESSIS apud NETO; ALCÂNTARA, 2015, p.
511).
Em outro aspecto, levanta-se como contribuição da pesquisa, agora no campo social, a
discussão sobre o quanto não só as IES, mas toda a comunidade ao redor, ganha com as práticas
ambientais desenvolvidas por ela, cujo foco é prestar um bom serviço de educação no ensino
superior, ao mesmo tempo, que presta um serviço de cidadania com responsabilidade social.
“A empresa deve reconhecer que sua responsabilidade para com a sociedade e para com o
público em geral vai muito além de suas responsabilidades com seus clientes”
(LONGENECKER apud DONAIRE, 1999, p. 20).
Deste modo, o presente trabalho tem uma importância para todas as instituições de ensino
superior, que poderão se beneficiar para uma implementação eficaz do Sistema de Gestão
Ambiental, desenvolvendo corretamente as suas ações e práticas sustentáveis, possibilitando
um retorno não só econômico, mas socioambiental.
1.2.2 Justificativa prática
No campo prático, esta pesquisa busca ofertar uma contribuição não apenas para a IES em
estudo, mas igualmente para outras, uma vez que, ao final, apresentará um diagnóstico da
efetividade das ações ambientais praticadas pela IES e o comportamento dos discentes. Assim,
será possível relacionar a consciência ambiental dos alunos e as práticas sustentáveis da IES,
possibilitando a implementação de Sistemas de Gestão Ambiental de forma adequada, dando
condições de pleitear uma certificação ambiental.
Diante de um contexto regional onde a maior parte das IES se localiza na capital do estado, o
UNIFAVIP se destaca enquanto referência na produção de conhecimento dentro do Agreste de
Pernambuco, tendo sido a primeira instituição do Município de Caruaru-PE a ser reconhecida
enquanto Centro Universitário pelo MEC. Nesse sentido, pensar em estratégias de melhoria
dentro da realidade vivenciada pelos alunos desta é também encontrar formas de promover uma
educação sustentável voltada à população do interior pernambucano.
O estudo ainda provoca nas demais IES, o interesse na busca da competitividade, ao
identificarem práticas sustentáveis na perspectiva de ampliação de mercados, terminando por
aderirem a ações promotoras de um ensino sustentável no campo do ensino superior.
É válido ressaltar, também, que segundo, a Agência Pernambucana de Aguas e Clima, o
Nordeste brasileiro vem vivenciando nos últimos três anos (2015-2017) um período de escassez
22
de recursos hídricos, resultando em mais um período de seca. Embora o clima predominante
nesta região, principalmente em sua porção central, seja o tropical semiárido, caracterizado pela
irregularidade de chuvas e por temperaturas elevadas, tem se aprofundado consideravelmente.
Essa realidade pode ser aferida por dados produzidos pelo Monitor de Secas do Nordeste do
Brasil, projeto piloto desenvolvido por entidades brasileiras, nos âmbitos federais, estaduais e
de ensino superior, em comunhão com a sociedade civil.
Comparado o mês de outubro nos anos de 2015 e 2017, conhecemos do seguinte cenário:
Figura 1 – Seca na Região Nordeste (outubro de 2015 – outubro de 2017)
Fonte: print screendo comparativo de mapas elaborado pelo Monitor de Secas entre outubro/2017 e
outubro/2015.2
Grande parte dos motivos que levam a esse descontrole climático diz respeito justamente à
ausência de uma utilização consciente do meio ambiente. Em razão disso, o estudo desta
temática, delimitado em uma instituição do Agreste pernambucano – mais especificamente em
Caruaru (PE), município que saiu da classificação de Seca Exterma (S3) para a de Seca
Excepcional (S4), mais gravosa – se mostra pertinente.
2Disponível em: <http://msne.funceme.br/map/mapa-monitor/comparacao>. Acesso em dez. 2017.
23
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Sustentabilidade e sua relação com as Instituições de Ensino Superior
A sustentabilidade tem sido assunto recorrente no meio acadêmico, onde a busca por
conhecimento acontece por diferentes caminhos, chamando a atenção tanto do poder público,
como das organizações, da sociedade e de instituições diversas.
Pontes et al. (2015) afirmam que, nos últimos tempos, os governos, as universidades e as
empresas têm percebido que o debate acerca da sustentabilidade se mostra essencial e que
pensar um desenvolvimento sustentável vai além de estratégias contemporâneas para
enquadramento do mercado na sociedade atual.
O conceito de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável pode ser pensado a partir de
diferentes óticas, comumentemente utilizado nos discursos político-ideológicos,
principalmente nos programas eleitorais e nos debates de cunho empresarial, que serão pauta
nas eleições próximas de outubro de 2018. Diegues (1992) alerta para a pluralidade de
entendimentos surgidos a partir do termo “desenvolvimento”. De forma sintática, pode estar
relacionado a uma maior obtenção de recursos naturais e, consequentemente, a uma maior
produção em massa; a um processo histórico, sucessivo, de transmutação das sociedades
tradicionais às sociedades consideradas como modernas; ou a um processo modificador de
estruturas políticas e sociais. O desenvolvimento a partir de uma ótica sustentável encontra
fundamento nas duas últimas vertentes, através de uma proposta de mitigação e conscientização
das ações desenvolvidas na primeira.
Aparecido pela primeira vez na Conferência de Estocolmo, em 1972, sob a nomenclatura de
“abordagem de ecodesenvolvimento”, o então Secretário Geral da Conferência, Maurice
Strong, apontou como sendo critérios a serem considerados neste processo: 1) a equidade social,
qual seja a proposição de ações voltadas ao combate das desigualdades presentes nas estruturas
da sociedade; 2) a prudência ecológica, através de uma produção pautada na utilização e no
consumo consciente dos recursos naturais; e 3) a eficiência econômica, não excluindo a ideia
de lucro da atividade produtiva (SACHS, 1993).
Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) publicou,
com a intitulação “Nosso Futuro Comum”, um relatório que tratou pela primeira vez acerca do
desenvolvimento sustentável enquanto conceito de natureza complexa. As premissas presentes
neste documento foram elaboradas a partir de duas definições basilares, quais sejam a de
24
necessidade e a de interferência tecnológica (DIAS, 2011). Nesse sentido, a efetivação de um
desenvolvimento sustentável pressupõe um processo onde as questões como a pobreza, a
hipossuficiência e as necessidades humanas devem ser prioridade na formulação de políticas
públicas por parte dos Estados, que, por sua vez, devem combater o crescimento tecnológico
não responsável para com o meio enquanto impeditivo para o atendimento dessas necessidades.
O Relatório da CMMAD estabelece que o desenvolvimento sustentável diz respeito a um
processo transformador, voltado à harmonia da produção, da exploração, dos investimentos, do
desenvolvimento tecnológico e das instituições perante as necessidades sociais, em uma
perspectiva temporal de realidade presente e futura (CMMAD, 1991). Adota, assim, uma ótica
de desenvolvimento descentralizada e solidária para com as gerações posteriores (PELICIONI,
1998).
A interpretação desses conceitos e a formulação de outros por parte dos teóricos que pesquisam
nesta temática, muitas vezes contraditórios e incapazes de atingirem um ponto consensual, é
alvo de críticas. Herculano (1992), Baroni (1992), Espinosa (1993), Minayo (1998) e outros
compactuam de um mesmo entendimento que os interesses estratégicos e econômicos acabaram
desvirtuando a ideia central da sustentabilidade, generalizada para tentar universalizar o que
deveria ser considerado de forma individual, regionalizada, em razão da multiplicidade de
contextos sócio-econômico-territoriais existentes.
No entanto, devido aos debates travados nas últimas décadas, tem-se evidenciado vários estudos
sobre o desenvolvimento sustentável, como forma de encontrar meios que minimizem os
impactos ambientais causados pela produção de bens. Discussões como essas provocaram o
surgimento de uma preocupação latente com o meio ambiente por parte de diversos segmentos,
inclusive de Instituições de Ensino Superior (PONTES et al., 2015).
Essa mudança se deu justamente pela percepção de que, para que os problemas ambientais
aprofundados nos últimos anos sejam reduzidos ou sanados, o posicionamento adotado por
gestores e administradores de empresas, cerne das sociedades capitalistas em desenvolvimento,
deve ser direcionado a uma consideração do meio enquanto pauta do desenvolvimento
econômico e empresarial (BARBIERI, 2007).
Embora por vezes haja o reconhecimento teórico, o desenvolvimento de uma responsabilidade
socioambiental das empresas ainda se mostra, na prática, muito aquém do desejado para a
obtenção de um desenvolvimento sustentável mínimo. Essa responsabilidade é pautada na
25
expansão da ótica empresarial, forçando as empresas e seus agentes a pensarem além das
relações societárias, para diante de um conjunto muito maior de pessoas que sofrem os efeitos
das suas escolhas (MORAES FILHO, 2009).
Esse cenário só pode ser alcançado mediante uma mudança considerável nas estruturas
administrativas. A perspectiva cartesiana, puramente mecanicista, que ainda vige em grande
parte das empresas e nos modos de gerenciamento dessas, não condiz com a necessidade latente
de se adotar uma responsabilidade social voltada à adoção da sustentabilidade enquanto
desenvolvimento holístico, avaliada a partir das relações entre os sistemas ambientais e os
sistemas sociais (ALMEIDA apud TINOCO, 2004).
Nesse sentido, a consecução de formas de desenvolvimento sustentável vai além e necessita,
inclusive, de uma fiscalização por parte dos organismos estatais e da própria sociedade
direcionada aos agentes da teia econômica, aferindo a responsabilidade empresarial com o
meio, apontando e punindo ações degradantes e contrárias à proposta da sustentabilidade
(GIACOMINI FILHO, 2008).
Outrossim, se pensarmos em relações de consumo pautadas em dois polos, quais sejam o
ocupado por quem produz (fornecedor/produtor) e o referente a quem consome (consumidor),
essa responsabilidade social se torna mais clara e mais latente. Sabe-se que grande parte dos
desgastes ambientais ocorridos nos últimos séculos se deu em razão do aumento desenfreado
do capitalismo e da produção irresponsável. Em contrapartida, a oferta cada vez maior de
produtos e inovações tecnológicas, obtidos geralmente a partir da exploração não sustentável
de insumos, gerou nas sociedades hodiernas uma espécie de consumismo igualmente
desenfreado. A lógica da exacerbação do consumo (MORAES FILHO, 2009), cotidianamente
instigada pelas estruturas midiáticas e pelas grandes empresas, tem praticamente extinguido a
preocupação com o meio ambiente nas relações interpessoais e comerciais.
Esse descontrole no consumo tem sido um dos grandes responsáveis no surgimento de
macroproblemas ambientais na atualidade. Tinoco (2004) alerta para alguns deles: 1) aumento
na temperatura global do planeta; 2) destruição gradativa da camada de ozônio e da
biodiversidade; 3) escassez de água potável; e 4) poluição industrial.
É nesse ponto que as IES alcançam um papel fundamental. Por consistirem em ambientes de
disseminação de conhecimentos, são essenciais na formação de cidadãos dotados de opiniões e
práticas sustentáveis. A atuação dessas instituições, através do desenvolvimento tecnológico e
26
do senso crítico, pode ser determinante no que tange à construção de uma consciência social
onde a preservação do meio ambiente é atingido a partir da atuação de diversos setores e agentes
da sociedade (TAUCHEN; BRANDLIN, 2006).
Nesse processo, em meio às discussões que envolvem todas as camadas de indivíduos, existem
as ações teóricas, geralmente imutáveis; porém outras tantas práticas passíveis de serem
adotadas de maneiras diferentes, podendo as IES desenvolverem estudos e pesquisas com o
propósito do desenvolvimento sustentável. Essas ações, enquanto práticas político-
pedagógicas, são capazes de auxiliar na efetivação de preceitos da cidadania e na melhoria da
qualidade de vida dos cidadãos (PONTES et al., 2015).
A chamada educação ambiental pode ser entendida como sendo o processo permanente de
conscientização das comunidades a respeito do meio ambiente e de difusão de conhecimentos,
de valores e de experiências capazes de potencializar a atuação individual na consecução do
desenvolvimento sustentável e na resolução dos dilemas ambientais (DIAS, 1992).
O objetivo maior desta modalidade educacional e da sua adoção pelas IES é justamente
proporcionar um cenário capaz de transformar a sociedade hodierna, não sustentável, em uma
sociedade voltada à preservação do meio ambiente e dos recursos naturais e que promova um
crescimento equitativo de seus membros (SADER, 1992).
Esse compromisso deve ser firmado inclusive e primordialmente no projeto político-
pedagógico dessas IES. Instituído enquanto obrigação a ser cumprida pelas instituições de
ensino a partir da Lei nº 9.394, de 1996, que dispõe sobre diretrizes e bases da educação
nacional, podemos definir dois tipos de projetos: 1) o Projeto Pedagógico de Curso (PPC),
voltado à determinada área do conhecimento; e o Projeto Pedagógico de Instituição (PPI), que
norteia as práticas da instituição como um todo (ALBERTO; BALZAN, 2008).
De acordo com Alberto e Balzan (2008), a escolha pela nomenclatura composta pelos termos
“pedagógico” e “político”, e não somente “projeto pedagógico”, tem uma razão de ser: além de
proporcionar uma formação do aluno voltada à inserção na sociedade, abrangendo os limites da
academia e compreendendo as relações intersubjetivas desenvolvidas nesse espaço (vertente
política), orienta a ação educativa com vistas a formar cidadãos críticos e dotados do
conhecimento necessário para exercer uma cidadania efetiva.
27
É com base na previsão destes documentos, bem como dos demais estruturantes das IES, que o
MEC avalia os cursos de graduação ofertados. O Instrumento de Avaliação de Cursos de
Graduação Presencial e à Distância (2016) institui as seguintes dimensões a serem tomadas
como diretrizes na avaliação: 1) Organização didático-pedagógica; 2) Corpo docente e tutorial;
e 3) Infraestrutura. Todas elas utilizam como base, além de outros documentos, o PPC.
Além dos fundamentos já expostos, a adoção de uma educação ambiental efetiva interfere
diretamente na nota final (de 1 a 5) obtida ao final do processo avaliativo da IES promovido
pelo MEC. Como subdivisão das dimensões, o mesmo documento prevê indicadores que
facilitam o direcionamento da análise. Entre esses, podemos destacar os indicadores de
contexto educacional (1.1), conteúdos curriculares (1.6), presentes na dimensão organização
didático-pedagógica. Os critérios de análise nestes pontos dizem respeito, respectivamente, à
verificação no PPC de demandas relacionadas à economia, ao social, ao cultural, ao político e
ao ambiental; e à previsão e implementação de conteúdos curriculares que possibilitem um
desenvolvimento profissional do aluno concluinte do curso, estando entre eles os conteúdos
relativos às políticas de educação ambiental (MEC, 2016).
2.2 A Gestão Ambiental nas Instituições de Ensino Superior
O debate sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável foi sendo aprofundado à medida
em que os impactos sobre o meio ambiente também se pronunciavam. Diante desse cenário,
uma vez que grande parte dos danos se mostravam oriundos da atividade
empresarial/industrial/comercial, às empresas passaram a se apresentar duas possibilidades: 1)
agir de forma repressiva, tomando medidas apenas quando os danos ambientais já houvesse
sido causados e fizessem surgir problemas para a empresa; ou 2) adotar um posicionamento
preventivo, pensando um processo de ações integradas para não acarretar danos ao meio e,
consequentemente, evitar problemas posteriores (MACHADO; OLIVEIRA, 2009).
A partir da segunda possibilidade, passou-se a compreender que ações isoladas não se
mostravam capazes de atingir positivamente esse cenário de degradação, sendo necessária a
elaboração de um conceito que representasse um conjunto encadeado de medidas a serem
tomadas com esse fim. Outrossim, a escolha dessas ações conexas deveria considerar os
critérios de custo-efetividade, possibilitando uma atuação efetiva a partir dos custos atribuídos
à sociedade para a obtenção desses resultados (GUIMARÃES et al., 1995).
28
Em razão disso, surgiu o chamado Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Denise Curi (2012) o
define como sendo um conjunto de funções, e não medidas isoladas, pensadas dentro do âmbito
empresarial para buscar diminuir os impactos negativos sobre o meio ambiente gerados pela
atuação das próprias empresas. Ou seja, se torna obrigação dessas a consideração da gerência
ambiental enquanto prioridade corporativa, necessária à consecução do desenvolvimento
sustentável e à prevenção de impactos negativos na saúde humana e no meio (SOUZA, 1993).
De igual forma, Perotto et al. (2008) afirmam que os SGAs são ferramentas aptas a para
identificar problemas ambientais e suas respectivas soluções com base na noção de melhoria
contínua e ininterrupta, mesmo após a implementação formal do sistema. Por isso, os
procedimentos operacionais traçados para a efetiva formalização dos SGAs devem ser
acompanhados por métodos de monitoramento, através da análise periódica da redução de
danos causados no meio ambiente e do menor consumo de recursos naturais pelas instituições
que os tem adotado (OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010).
Outrossim, para Barbieri (2007), a gestão ambiental representa um conjunto de direcionamentos
e atividades de cunho administrativo e operacional voltado à obtenção de efeitos positivos
perante ações humanas diretamente relacionadas ao meio ambiente, seja de forma preventiva
(evitando o surgimento de danos ambientais) ou repressiva (eliminando ou reduzindo os danos
ambientais).
Há diversas maneiras de estruturação de um SGA, a depender do contexto e dos objetivos
almejados com a adoção do sistema. Cada organização é livre para pensar uma gestão
sustentável que cumpra com as expectativas institucionais, ambientais e econômicas
(DONAIRE, 2014).
No entanto, no presente trabalho, adotaremos como base o entendimento de gestão ambiental
proposto pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através do Comitê Brasileiro
de Gestão Ambiental e pela Comissão de Estudo de Gestão Ambiental, na ABNT NBR ISO
14001, publicada pela primeira vez em 1996 e alterada pela última em 2004, em sua segunda
edição.
A ISO 14001 traz um dos SGAs mais adotado em todo o mundo e tem por escopo a definição
de requisitos abertos, ou seja, sem a especificação de ações a serem executadas, programáticos,
necessários à efetiva implementação. Esta norma define o SGA como sendo “a parte de um
29
sistema da gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua política
ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais” (ABNT, 2004, p. 2).
Didaticamente, podemos identificar dois elementos chave deste conceito: 1) É um sistema de
gestão; e 2) se volta à política ambiental e aos aspectos ambientais da atuação das empresas.
Ou seja, o SGA é formado por um conjunto de pontos inter-relacionados, incluindo aqueles
relacionados às atividades de planejamento, à estrutura organizacional e aos recursos de
natureza financeira (1), que intencionam o cumprimento de princípios e ações adotados pelas
empresas para alcançar um desempenho ambiental administrativamente delimitado (2) (ABNT,
2004).
A metodologia adotada para fundamentar esse sistema de gestão voltado à proteção ambiental
se deu através da consideração de quatro passos a serem seguidos no processo de adoção,
conhecidos como método POCA: 1) Plan, ou planejar; 2) Oc, ou executar; 3) Check-Act, ou
verificar e agir (ABNT, 2004).
De forma mais extensiva, Machado e Oliveira (2009) adotam o chamado ciclo PDCA, onde as
etapas Oce Check-Act sofrem alterações de nomenclatura e de organização. Enquanto que a
primeira passa a adotar o termo Do (implementar), a segunda se divide em duas ações distintas
(check, ou monitorar, e act, ou analisar criticamente). Isso faz com que a metodologia adote
quatro etapas, organizadas em formato de círculo, modificação que transmite o entendimento
de que o SGA não é temporário, e que as atividades que o compõe não consistem em etapas,
mas em elementares contínuas da materialização do sistema.
Em contrapartida, Oliveira e Pinheiro (2010) apontam para as dificuldades práticas enfrentadas
na adoção de SGAs, surgidas desde o nível de comprometimento assumido pelas instâncias
administrativas superiores até o próprio entendimento, por parte dos agentes, dos
procedimentos escritos, documentos e manuais que orientam as atividades.
Afora isso, é fato a crescente notoriedade que a gestão ambiental vem assumindo enquanto
medida capaz de fomentar instituições preocupadas com o desenvolvimento sustentável. No
ambiente educacional, essa realidade já pode ser percebida em algumas IES.
Atualmente, o estudo deste campo de interferência positiva nas instituições que ofertam cursos
de ensino superior se dá através de duas óticas de análise: 1) a partir da consideração de que a
inserção nos projetos pedagógicos de conteúdos programáticos relacionados às questões
30
ambientais são capazes de formar profissionais conscientes ecologicamente, conforme já
trabalhado; e 2) em relação à adoção de sistemas de gestão ambiental pela própria administração
das IES e da sua implementação nos campus universitários (TAUCHEN; BRANDLI, 2006).
Esta última merece uma atenção mais aprofundada.
Um Sistema de Gestão Ambiental propriamente dito só é alcançado através de um processo
desenvolvimentista da Gestão Ambiental (GA) isolada. Best e Thapa (2013) desenvolvem três
etapas a serem percorridas pelas instituições, a saber: 1) Gestão Ambiental Básica: adoção de
práticas ambientais simples, como a separação de resíduos para reaproveitamento ou
reciclagem, a instalação de equipamentos que reduzam o consumo de água e de energia elétrica
etc.; 2) Gestão Ambiental Avançada: formação de um Programa Ambiental, com ações
pensadas para todas as instâncias e agentes da instituição; e, finalmente, 3) Sistema de Gestão
Ambiental: quando, por meio da definição de metas, objetivos, planos e formas de
monitoramento, a instituição passa a adotar uma Política Ambiental e um Programa Ambiental
abrangentes, efetivos na redução do consumo de recursos e dos danos causados no meio
ambiente.
Essa consideração é importante quando especificamos o debate nas IES, uma vez que o
cumprimento ou não dessas etapas acarretará em uma responsabilidade maior ou menor das
instituições educacionais na formação ecológica dos seus discentes egressos, bem como na
estruturação de uma política administrativa interna que se paute no desenvolvimento
sustentável e na sustentabilidade. A inserção de melhorias isoladas não se mostra capaz de
concluir pela implementação de um SGA nessas instituições, como se tem pregado; ao
contrário, nada mais significa do que o primeiro passo na conscientização ecológica.
É interessante pensarmos nos campus universitários a partir da analogia que Tauchen e Brandli
(2006) elaboram a partir de um município de tamanho médio. Para eles, a geração de resíduos
sólidos e de efluentes líquidos e o consumo de recursos naturais são facilmente comparados aos
existentes nessas comunidades. Assim, as IES podem ser consideradas como fontes poluidoras
e não apenas as empresas de médio e grande porte, em razão do descaso com o meio tanto em
ambientes administrativos, como nos laborais (VIEBAHN, 2002).
Esse universo é composto por dois grupos de pessoas, formados por partes interessadas que se
encontram dentro da própria IES e pelas que se encontram fora, que são externas. Nas primeiras,
podemos encontrar os discentes, os docentes e o administrativo; na segunda, todo o setor
31
público e privado de gestão, as administrações públicas e locais, os sindicatos, o comércio, a
indústria e as organizações não governamentais (KUZU et al., 2013). Esses últimos sofrem
interferência direta dos primeiros, uma vez que a vida pessoal e profissional dos primeiros se
desenvolve primordialmente no ambiente externo às IES, principalmente dos alunos egressos.
Isso supõe dizer que, a adoção de um SGA por parte das instituições de ensino acaba gerando
um duplo efeito: além de assegurar a inserção destas, enquanto organizações, no conjunto de
estruturas sociais, políticas e econômicas empenhadas em contribuir para o desenvolvimento
sustentável em nível global, é essencial para a inclusão dessas práticas nas relações
interpessoais dos sujeitos, uma vez que os agentes individuais são peças-chave neste processo.
No entanto, criar um programa de gestão ambiental não é simples, envolve planejamento,
organização, e orienta a empresa a alcançar metas (ambientais) específicas, em uma analogia,
por exemplo, com o que ocorre com a gestão de qualidade (NILSSON, 1998).
Nas Instituições de Ensino Superior, a gestão ambiental se torna ferramenta para ações
planejadas que apresentem aquele ambiente educacional como propulsor de ideias e práticas
sustentáveis, que vão desde as disciplinas com base nas discussões ambientais - estas de
obrigação curricular - até as ações desenvolvidas em seu campus.
A partir da década de 90 no Brasil, a educação ambiental atingiu um patamar considerável,
onde o desenvolvimento de estudos teóricos e práticas renovadoras tem procurado vencer com
a concepção puramente naturalista das ciências naturais, ao mesmo tempo em que pressupõe
um exercício político voltado ao combate de políticas conservadoras existentes no cenário
brasileiro. Em razão disso, não raro percebermos desde então o surgimento de educadores e
pesquisadores comprometidos com uma educação ambiental que seja crítica, engajada com a
disseminação de uma cidadania responsável (LIMA, 2003).
O desenvolvimento sustentável tornou-se um negócio atrativo e rentável, onde os
consumidores, aos poucos, se mostram mais exigentes quanto as práticas ambientais adotadas
pelos fornecedores de bens ou de serviços. Dessa forma, tornou-se necessário que também as
IES se respaldassem no desenvolvimento de políticas ambientais, através de um sistema de
gestão ambiental que atendesse às novas necessidades sociais e econômicas (MOREIRA,
2013). O papel de destaque assumido pelas IES no processo de desenvolvimento tecnológico,
na preparação de estudantes e no fornecimento de informações e conhecimento pode ser
32
utilizado também para construir o desenvolvimento de uma sociedade sustentável e justa
(TAUCHEN; BRANDLIN, 2006).
Assim, as instituições, para consolidar a prática e a consciência sustentável, poderão assumir
um protagonismo socioambiental pautado nas seguintes ações: 1) transformar a educação
puramente informativa em um processo educacional que prepare os discentes para os desafios
surgidos no campo sustentabilidade, seja em meio às relações pessoais ou profissionais
(STERLING, 2005); 2) promover pesquisas de caráter inter e multidisciplinar (VAM DAM,
2006); 3) trazer os problemas sociais para discussões dentro da Academia (ADACHI et al.,
2008); 4) construir relações de rede, onde se mostre possível o compartilhamento de recursos e
de conhecimentos (ADACHI et al., 2008); e 5) buscar lideranças e administradores que se
comprometa a transformar a IES a partir de uma visão à longo prazo e com foco na
transformação social (LOSANO, 2006).
Entretanto, afora a inserção gradual do debate ambiental na Academia, esta não tem alcançado
o patamar necessário para se adequar plenamente à realidade – não tão recente - de proteção ao
meio (MOREIRA, 2013).
2.3 A Responsabilidade Social nas Instituições de Ensino Superior
No cenário empresarial, a adoção de medidas de sustentabilidade e a fiscalização dos processos
produtivos e comerciais com vistas a um desenvolvimento que considere a preservação do meio
ambiente está diretamente relacionada à importância atribuída ao outro polo da relação
empresarial, qual seja o destinatário e/ou consumidor. Essa importância é mensurada através da
preocupação em proceder a um relacionamento empresa-público engajado com padrões éticos
e de transparência, por meio de posicionamentos dispostos no âmbito de abrangência da
chamada responsabilidade social empresarial (RSE) (CUSTODIO; MOYA, 2007).
Em sua vertente corporativista, a responsabilidade social pressupõe um compromisso firmado
com a adoção e a difusão de medidas e pensamentos que, ao mesmo tempo em que estimulam
um contínuo aperfeiçoamento dos processos empresariais, também estabelecem parâmetros de
preservação e melhoria da qualidade de vida da população a serem alcançados, com base em
vertentes éticas, sociais e ambientais (TACHIZAWA, 2011).
A inserção deste conceito no meio empresarial se deu em razão do afastamento cada vez maior
do Estado nos processos econômicos, em comunhão ao aprofundamento dos problemas sociais
33
e à emergência de pensar alternativas para combatê-los (REIS, 2007), motivos pelo qual passou-
se a questionar os limites atribuídos pelos agentes e sociedades empresariais para nortear a sua
atuação e a pensar o interesse público e coletivo enquanto critério de observância necessária
(SERPA; FORNEAU, 2007) na definição dos objetivos, da missão e das políticas a serem
adotadas pelas empresas (MAKOWER, 1994).
Essa visão acaba por gerar dois entendimentos: ao tempo em que atribui às empresas uma
responsabilidade direta sobre os problemas sociais enfrentados pela sociedade (TOMEI, 1984),
retirando o mercado de um cenário isolado dos demais fatores e com reflexos puramente
econômicos, também abre espaço para o pensar métodos de cunho empresarial para o
enfretamento desses problemas (REIS, 2007).
Os administradores de empresas que se pautam em uma responsabilidade social devem adotar
orientações e agir de forma compatível com os fins e valores de uma sociedade (BOWER,
1957). Ashley et al. (2003) desenvolvem um conceito que culmina nos efeitos positivos
provocados perante toda a sociedade ou de forma pontual diante de comunidades menores, uma
vez que a RSE representa um compromisso assumido pelas organizações para com os seus
receptores externos.
Assim, acarreta uma obrigação para com a sociedade, com a devida observância do interesse
público, inclusive no que tange à proteção ecológica e ambiental, aos projetos sem fins
lucrativos, às ações educacionais, ao próprio planejamento da comunidade, ao trabalho humano
e à rede de assistência social (DONAIRE, 1995).
Internamente, descobre-se a dimensão estratégica da responsabilidade social, na medida em que
ela possa contribuir para maior competitividade, por implicar um ambiente de trabalho mais
motivador e eficiente, por contribuir para uma imagem institucional positiva e por favorecer o
estabelecimento de relacionamentos calcados em maior comprometimento com seus parceiros
de negócio (COUTINHO apud MARTINELLI, 1997).
No entanto, este representa apenas um dos enfoques dado à RSE, qual seja aquela classificada
como sendo a visão socioeconômica do conceito. Conforme prelecionam Forneau e Serpa
(2007), podemos pensá-la também através da ótica da economia clássica, que vincula a
responsabilidade social à ideia de maximização do lucro empresarial e de contemplação das
expectativas societárias. Dessa forma, o governo não só estaria legitimado, mas obrigado a
tratar das questões sociais surgidas no âmbito de atuação das empresas.
34
Em que pese a existência desta forma de pensar a RSE ainda na contemporaneidade, fato é que
as circunstâncias fáticas da economia, o surgimento de novos dilemas sociais e a perpetuidade
de outras exigências conceituais, torna este modelo econômico clássico de responsabilidade
social das empresas ultrapassado. Hoje, a produção de bens e a oferta de bens e serviços deve
levar em consideração outros fatores, sob pena de estarem em desacordo com os avanços
globais.
Essa realidade é muito bem percebida quando analisamos o papel assumido pelas empresas na
consecução de um desenvolvimento sustentável. Como visto, em razão do avanço capitalista
desenfreado e alheio aos efeitos negativos provocados, as empresas protagonizam os índices de
poluição e de utilização dos recursos naturais e contribuem em grande escala para a deterioração
do meio ambiente. Esse fator gera uma contrapartida na busca pela sustentabilidade, alcançada
somente através da atuação proativa e engajada em todos os níveis em conjunto com o governo
e a sociedade, devendo pensar em estratégias que aproximem esses agentes da busca por um
desenvolvimento sustentável efetivo.
Em um sentido corporativista, o envolvimento das organizações e das empresas com as questões
sociais prevalentes nos meios sociais que atingem e pelas quais são atingidas, pode resultar
também em uma oportunidade de negócio (DONAIRE, 2014), na medida em que contextualiza
a organização interna e a proposta de produtos e serviços ofertados pela empresa.
De forma complementar, devemos apontar para uma necessidade crescente de se considerar a
vertente social da sustentabilidade na adoção de medidas de proteção ao meio ambiente e de
redução do consumo de matérias naturais. A sustentabilidade social se volta à consideração dos
seres humanos enquanto sujeitos culturais, reconhecendo diferentes contextos socioculturais a
serem considerados nas medidas ecológicas (KRUSE, 1997).
No que tange à implementação dessa forma de responsabilidade no âmbito das IES, Silva e
Silva (2010) apontam para a utilização de sete temas de Responsabilidade Social Corporativa
(RSC) e respectivos indicadores delimitados pelo Instituto Ethos como forma de avaliar a
responsabilidade social dentro das organizações, a saber: 1) Valores, transparência e
governança; 2) Público interno; 3) Meio ambiente; 4) Fornecedores; 5) Consumidores e
clientes; 6) Comunidade; e 7) Governo e Sociedade.
A avaliação dos indicadores é obtida a partir da aplicação de questionários e representam os
seguintes pontos:
35
Quadro 2 – Tipos de Indicadores Ethos de Responsabilidade Social
TIPOS DE INDICADORES OBJETIVO (S)
Indicador de Profundidade
Avaliar o estágio da gestão da empresa em
relação à prática específica a partir de estágios
contíguos delimitados.
Indicador Binário
Qualificar a avaliação feita no indicador de
profundidade, com base em elementos de
validação e aprofundamento do estágio de
responsabilidade social.
Indicador Quantitativo
Quantificar, através do levantamento sistemático
de dados, questões úteis à aferição da RSE e ao
monitoramento interno da empresa.
Fonte: Instituto Ethos de Responsabilidade Social (2007) (adaptado)
A esses indicadores genéricos, vem sendo somados outros desenvolvidos pelo próprio Instituto
para proporcionar uma maior fidedignidade ao processo avaliativo, a exemplo dos chamados
Indicadores Ethos Setoriais. Pensados desde 2009, este tipo de indicador é elaborado a partir
das especificidades e dilemas de cada setor empresarial e complementam a avaliação principal
(ETHOS, 2007) e já se encontra disponível para determinados ramos.
Dentro de cada um dos temas propostos para avaliação, podemos encontrar indicadores que
especificam os pontos a serem obrigatoriamente identificados e mensurados para um relatório
final próximo ao estágio real em que a empresa se encontra.
No que tange à presente pesquisa, mister se faz especificar aqueles que dizem respeito às
questões acerca do meio ambiente que são relevantes na avaliação de RSE das instituições a
partir dos indicadores elaborados pelo Instituto Ethos.
Quadro 3 – Indicadores Ethos de Responsabilidade Social referentes ao meio ambiente
SUBTEMAS INDICADORES
Compromisso com a melhoria da qualidade ambiental
Educação e conscientização ambiental
Gerenciamento dos impactos sobre o meio ambiente e do
ciclo de vida dos produtos e serviços
Sustentabilidade da economia florestal
Minimização de entradas e saídas de materiais
TEMA: MEIO AMBIENTE
Responsabilidade com as
gerações futuras
Gerenciamento do impacto
ambiental
36
Fonte: Instituto Ethos de Responsabilidade Social (2007) (adaptado)
Quando tratamos da aferição destes indicadores em IES, especificamente, há de se verificar
dois pontos básicos: 1) Se o plano político-pedagógico e as ementas disciplinares da instituição
contribuem para a proposta medida nos dois primeiros indicadores do quadro, ou seja, se
possuem potencial suficiente para desenvolver um pensamento crítico e responsável acerca do
meio ambiente; e 2) Se a instituição em si, por meio da sua organização interna, da destinação
dos recursos econômicos, da construção e reforma de estruturas físicas e da autoavaliação
periódica tem instituído métodos práticos para preservação atual do meio ambiente e para a
redução e/ou extinção de atividades que vão de encontro ao desenvolvimento sustentável.
Esses resultados positivos, em comunhão àqueles obtidos a partir da aplicação dos demais
indicadores de medição da RPE, permitem uma reestruturação cada vez maior das instituições
de ensino, fazendo com que a ideologia clássica de ensino isolado ceda lugar a um modelo de
gestão institucional que pense na educação e na própria instituição enquanto empresa a partir
da responsabilidade social e ecológica que demanda o novo cenário global.
2.4 A Educação Ambiental e a obediência normativa nas Instituições de Ensino Superior
Ao propormos uma análise efetiva dos métodos educacionais que visam o entendimento
ambiental, faz-se necessário traçar um suporte teórico inicial acerca do que diz respeito à
educação enquanto termo sus generis, lato sensu, uma vez que aqueles se inserem nestes
enquanto ramificação dos objetos de ensino.
Contemporaneamente, a educação tem adquirido um contexto de inserção mercantil, uma vez
que o capital passou a ser o prioritário objetivo das sociedades humanas, em especial daquelas
que habitam os países ocidentais desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como de
organizações estatais que se fundamentam em ideologias de cunho neo-liberalista.
Assim, as instituições educacionais se atrelaram ao objetivo de preparar mão-de-obra
qualificada para o mercado de trabalho, não havendo margem para discussões consideradas
secundárias. A ressignificação e a revalorização dos instrumentos educacionais perpassa, assim,
pela modificação do seu próprio objetivo vigente, identificando as potencialidades humanas no
processo socioeducativo e se opondo a qualquer ótica que venha a reduzir os enquanto meros
sujeitos voltados à produção (MACIEL, 2011).
37
Essa proposta encontra forte fundamento na chamada Educação Popular, enfoque de estudo de
diversos teóricos, em especial do educador e pedagogo Paulo Freire. Segundo Karen Maciel
(2011, p. 328), a pedagogia freireana procurou vencer com os limites dos métodos clássicos de
educação e passou a considerar a própria sociedade como cenário para a construção do
conhecimento, reconhecendo as construções históricas e sociais como incluídas no processo
educativo.
Em contrapartida, esses tiveram um contato com conteúdos não tão rígidos e, por vezes,
perceptíveis na realidade cotidiana na qual estão inseridos. Outrossim, o considerar histórico e
político da educação trouxe à tona a necessidade de se reinventar e ressignificar temas até então
debatidos e de se discutir assuntos emergentes no cenário global, a exemplo da sustentabilidade
(GADOTTI, 2012, p. 20).
Segundo Mayor (1998), o desenvolvimento sustentável e de caráter autossuficiente só é
alcançável através da educação. É mediante a percepção da importância de se debater o meio
que os educadores considerados populares, conscientes da perspectiva freireana, vem adotando
nas últimas décadas duas posições: 1) Seguem na educação popular comunitária e 2) Promovem
a educação ambiental, também chamada de sustentável (GADOTTI, 2000, p. 6), desvinculadas
do Estado e voltadas às transformações.
Dentre as várias definições sobre o que é Educação Ambiental, destaca-se o conceito de Medina
apud Medina (2001), qual seja o que a considera como sendo um processo que se volta ao
desenvolvimento de uma compreensão crítica e global do ambiente, permitindo uma elucidação
de valores e uma tomada de atitudes que dizem respeito à conservação adequada dos recursos
naturais. Assim, o ensino é baseado em objetivos como a melhoria da qualidade de vida, a
eliminação da pobreza e a redução do consumismo desenfreado.
Essa definição traz a importância da Educação Ambiental, que deve ser enxergada de forma
ampla e global. Devendo ser trabalhada de forma crítica, estimulando a participação e
conscientização das pessoas para a cidadania e participação nas questões ambientais.
Os princípios estão contidos no artigo 4º da lei que se busca reforçar a
contextualização da temática ambiental nas práticas sociais quando expressam que ela
deve ter uma abordagem integrada, processual e sistêmica do meio ambiente em suas
múltiplas e complexas relações, com enfoques humanista, histórico, crítico, político,
democrático, participativo, dialógico e cooperativo, respeitando o pluralismo de ideias
e concepções pedagógicas (MELLO; TRAJBER, 2007, p. 26).
38
E nesse sentido, faz-se necessária uma abordagem interdisciplinar, ou seja, várias áreas de
conhecimento devem unir esforços para superar os mais diversos complexos dos problemas
ambientais criados pelo próprio homem. Neste enfoque interdisciplinar Dias (2003 p. 98)
conceitua educação ambiental como a “dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação,
orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques
interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da
coletividade”.
A educação ambiental está voltada para o desenvolvimento do senso crítico em relação ao
ambiente em que vivemos, relacionando aspectos socioambientais e cidadania, evidenciando,
assim, o caráter democrático que deve estar presente nas práticas de educação ambiental
Anteriormente presente apenas na economia e na ecologia, o desenvolvimento sustentável
passou a ser preocupação dos mais diversos campos, acabando por se inserir no contexto
educacional enquanto temática de ensino. Passou-se a perceber os efeitos do capitalismo
desenfreado no meio ambiente e, com isso, a necessidade de se proceder a modificação das
ciências e da forma como elas eram ensinadas, com vistas a evitar uma potencialização futura
da degradação ambiental (GADOTTI, 2000, p. 10)
Embora trabalhe os conceitos em uma perspectiva voltada às terras indígenas, Loureiro (2010)
debate a percepção da sociedade brasileira em relação ao meio, traçando dois posicionamentos
distintos: 1) Aqueles que são adeptos à racionalidade desenvolvimentista, onde a terra é
considerada simples objeto de exploração; e 2) Os que seguem a racionalidade de cunho
humanitário, onde os indivíduos pertencem ao meio e vice-e-versa. A proposta da educação
sustentável é, justamente, vencer com o primeiro posicionamento, fundamento da educação
clássica, e se pautar na coletividade como enfoco.
Em outro contexto, considerando a mutabilidade legislativa e jurídica como sendo resultado da
dinâmica social e do surgimento de novas demandas e/ou do reconhecimento daquelas já
existentes, porém ainda invisibilizadas nas pautas de debate, a inserção da sustentabilidade
enquanto objeto interdisciplinar de ensino deve muito às normativas criadas.
A educação ambiental se concretizou através de um recurso educacional focado nas questões
éticas e econômicas, evidenciando em uma questão equitativa entre vantagens e perdas em se
servir do meio ambiente.
39
Na esfera constitucional, a CF/88, em seu art. 225, caput, eleva a garantia comum a um meio
ambiente equilibrado à esfera de direito constitucionalmente protegido, atribuindo ao Poder
Público e à coletividade o dever de defesa e preservação do mesmo, com vistas às gerações
presentes e futuras (BRASIL, 1988).
Além disso, o artigo ainda possui sete parágrafos, que regem a atuação do Poder Público para
resguardar o meio ambiente, protegem o patrimônio nacional e trazem sanções cabíveis em
casos de atividades lesivas ao meio ambiente. Em outras palavras, tal dispositivo busca o
incentivo ao desenvolvimento sustentável e, ao mesmo tempo, garante o bem-estar da
coletividade.
O respeito ao meio ambiente representa, indiretamente, uma forma de preservação do direito à
vida (SILVA, 2000). Para a proteção deste, é essencial que não só o Poder Público, mas a
coletividade em si, busque os meios necessários para preservação do meio ambiente, mantendo
sempre um equilíbrio social e econômico, sendo a educação um espaço propício para a inserção
do debate na sociedade, para além das instituições de ensino.
Nesse ínterim, destacamos o dever destas instituições em zelar pela defesa ambiental,
incentivando seus membros ao controle, preservação, reciclagem, capacitação e ao mais
importante: o respeito às políticas ambientais. Aliás, não é só respeitar, há necessidade, por
parte das Instituições de Ensino Superior, de criarem políticas ambientais que estimulem
práticas positivas em prol do meio ambiente.
2.5 A Afirmação Jurídica da Política Nacional de Educação Ambiental
Não obstante a significação teórica que a inserção do debate sustentável nas instituições de
ensino possui, por si só válida, a Lei Federal nº 9.795/99, normativa que institui a Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA), formalizou em texto legal a necessidade de se
promover uma educação ambiental no Brasil em todos os níveis de ensino, de forma articulada,
através de métodos formais e informais (BRASIL, 1999). O objetivo desta proposta se pauta
justamente na formação comunitária ativa perante os problemas ambientais e as dificuldades
ecológicas que têm surgido descontroladamente.
Em seu artigo 1º, este instrumento normativo conceitua o termo “educação ambiental” como
sendo
40
[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem como de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999)
A estruturação de princípios básicos a serem seguidos pela educação ambiental se justifica pela
criação de um instrumento normativo capaz de orientar, através de normas abstratas, um sistema
educacional que consiga redefinir o entendimento ético e sociopolítico que fundamenta a
relação de dominação provocada pelos indivíduos e pelo capital perante o meio ambiente,
objetivo master da ideologia sustentável (ACSELRAD; LEROY, 1999). Exemplificadamente,
podemos citar a atribuição de um caráter humanista e democrático, com enfoque na participação
popular e na deselitização do sistema educacional (art. 4º, I); a consideração de um conceito
lato sensu de meio ambiente e de sustentabilidade, que englobe as perspectivas socioculturais,
econômicas e políticas (art. 4º, II); a interdisciplinaridade e a multidisciplinariedade no processo
de obtenção do conhecimento (art. 4º, III), indo ao encontro das próprias bases da Educação
Popular de Paulo Freire (BRASIL, 1999); dentre outros.
Uma vez que o ordenamento jurídico brasileiro não pode mais ser considerado de forma isolada,
consequência da internacionalização jurídica e da positivação de normas de proteção dos
direitos humanos em documentos, tratados e convenções oriundos de encontros internacionais
entre países, podemos facilmente correlacionar as diretrizes pensadas para o PNEA às ideias
trabalhadas em Conferências, Congressos, Fóruns e Encontros internacionais que o precederam.
Oportunamente, em trabalho que estuda a educação ambiental no Brasil, Victor Novicki e
Donaldo de Souza (2010) enfocam dois eventos importantíssimos a nível global no debate
acerca da educação ambiental, a saber a Conferência de Tbilisi, organizada pela Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura em 1997, e o Fórum das
Organizações das Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais de 1992.
Como fruto do primeiro, foram elaboradas uma série de recomendações acerca da
implementação de uma educação ambiental nos sistemas de ensino nacionais, estruturadas em
Declaração e sintetizadas genericamente nos seguintes pontos (UNESCO, 1997):
a) Recomendação nº 1: adoção de critérios orientadores da educação ambiental
Interpretação dos complexos fenômenos que configuram o meio ambiente; fomento dos valores
básicos da autodisciplina; imposição de um ensino menos distante da realidade; manutenção de
um processo contínuo e interdisciplinar; direcionamento a todos os grupos sociais, sem
41
distinções de qualquer natureza; aproveitamento pleno de todos os meios, sejam públicos ou
privados, destinados à educação; e comunhão com a legislação, as políticas públicas e as ações
pensadas pelo governo nacional no que tange ao meio ambiente.
b) Recomendação nº 2: determinação de finalidades, objetivos e princípios diretores da
educação ambiental
Finalidade: auxiliar no reconhecimento da interdependência existente entre as questões
econômicas, sociais, políticas e ecológicas; possibilitar que todos tenham acesso ao
conhecimento voltado à preservação do meio ambiente; desenvolver novas formas de
comportamento, conduta e ética que considere a proteção ambiental;
Objetivos: consciência, conhecimentos, comportamento, aptidões, e participação;
Princípios diretores: considerar o meio ambiente como um todo; construir um processo
educacional contínuo e permanente, em todos os níveis; pautar-se em um enfoque
interdisciplinar; examinar questões ambientais e geográficas de forma regionalizada e
contextualizada, além de analisá-las perante circunstâncias atuais e futuras; e explicitar, nos
planos de desenvolvimento nacional, os aspectos ambientais e estabelecer a necessidade de uma
cooperação entre entes, organizações e Estados, dentre outros.
Em cenário nacional, a criação da PNMA foi um passo importante no processo de
institucionalização da educação ambiental, tendo chegado ao Poder Legislativo Brasileiro a
necessidade de inclusão desta modalidade de ensino em todos os níveis educacionais (BRASIL,
2005). Iniciou-se, a partir deste fato, a inserção nos currículos escolares de conteúdos
relacionados à educação ambiental.
De acordo com a Lei Federal nº 9.795 de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre educação
ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, a educação ambiental deve
estar presente em todas as séries e em todas as disciplinas, bem como em todos os níveis de
ensino, desde a Educação Infantil ao Ensino Superior e Ensino Técnico (BRASIL, 1999).
Como forma de potencializar a sua eficácia, cumprindo com as diretrizes estipuladas
internacionalmente, a normativa ainda determina, nos incisos do seu art. 8º, a necessidade de
se firmar parcerias com instituições e segmentos sociais, integrando escolas, universidades e
sociedade.
42
Uma vez que a EA objetiva provocar uma mudança sócio-ideológica, e tendo como pressuposto
o caráter de continuidade e complexidade, a inserção do debate foi pensada ainda no Ensino
Fundamental, através da elaboração de Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que orientam
especificamente os conteúdos ambientais do primeiro ao quinto ano. Dessa forma, questões
envolvendo os pontos a serem tratados, os critérios de avaliação e as orientações didáticas são
previstas neste documento (BRASIL, 1997).
Os PCNs, formulados a partir da Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96), incorporam a
temática ambiental como um tema transversal. De acordo com os parâmetros, o meio ambiente
deve estar inserido nas escolas de maneira integrada, contínua, sistemática e abrangente,
permeando todos os campos do conhecimento, não se constituindo, portanto, como uma
disciplina específica no currículo (BRASIL, 1998).
É de se notar que a criação do PNEA se deu em virtude de mobilização nacional e de pressões
internacionais, além de ter sido elaborada em um momento em que questões ambientais
ganharam mais força e atenção no cenário global.
Necessário se faz, ainda, ilustrar que esta política pública não pretende implantar a disciplina
no currículo acadêmico, mas sim promover a educação de forma alternativa, com campanhas,
seminários e uma ampla conscientização acerca das modalidades de proteção ao meio ambiente
e da prática sustentável.
Além das leis de direito ambiental e políticas ambientais, a previsão da questão ambiental no
Código de Defesa do Consumidor se mostra um ponto importante a ser debatido, tendo em vista
a prestação de serviço educacional privado.
A lei consumerista, embora de maneira não muito aprofundada, visto tratar de matéria
específica de consumo, dedica-se à questão ambiental em alguns artigos do seu rol. Em especial,
podemos destacar o art. 4º, inciso III, que aduz:
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento
das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem
como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes
princípios:
[...]
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a
43
ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e
equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores.
O artigo supracitado cria um parâmetro entre as relações de consumo e as responsabilidades
perante o meio ambiente, referindo-se a manutenção e preservação do ambiente sustentável,
garantindo aos consumidores, de forma digna, o direito ao ambiente ecologicamente
equilibrado.
Complementando tal entendimento, Garcia (2010, p.126) destaca que “novos produtos com
tecnologias inovadoras somente serão aceitos no mercado de consumo se não apresentarem
riscos à saúde e à segurança dos consumidores, bem como se mostrarem eficientes”.
Esse parâmetro anteriormente tratado pode se aplicar perfeitamente no que tange às instituições
de ensino superior, uma vez que, materializada uma relação de consumo entre IES e aluno,
surgirá automaticamente a responsabilidade ambiental da primeira, considerando a dignidade,
a saúde, a segurança e a melhoria na qualidade de vida do segundo.
2.6 As ações de Sustentabilidade desenvolvidas por uma IES no Agreste pernambucano
Conforme exposto anteriormente, a educação é fundamental para a sustentabilidade.
Considerada uma das principais bases do desenvolvimento social, a educação deverá ser
transversal aos demais programas, estratégias e acordos, reconhecendo-se sua importância
como meio necessário para a sua aplicação (DIAS, 2015).
Algumas Instituições de Ensino Superior, de acordo com essa transversalidade de estratégias
da educação sustentável, passaram a promover ações práticas que as apresentem como
instituições modernas e ecologicamente sustentáveis. O encontro de novos caminhos para a
conscientização de práticas mais sustentáveis passou a ser um discurso presente em várias IES
na última década (GAZZONI et al. apud RYAN, 2010).
O Centro Universitário do Vale do Ipojuca (UNIFAVIP), IES privada localizada no agreste de
Pernambuco, na cidade de Caruaru, foi o cenário escolhido para o desenvolvimento do presente
trabalho. De acordo com o marketing institucional promovido digitalmente, o UNIFAVIP vem
promovendo ações sustentáveis em seu campus, configurando-se como sendo uma “instituição
de obediência à responsabilidade socioambiental”.3
3 Informação disponível em www.devrybrasil.edu.br/unifavip.
44
Esta instituição faz parte da Adtalem Educacional do Brasil, um grupo americano de ensino,
com mais de 85 anos de história em educação, presente em mais de 50 países e contando com
cerca 160 mil alunos matriculados.
O UNIFAVIP iniciou a sua trajetória acadêmica em 2001 e, hoje, conta com um extenso
portfólio de cursos nas áreas de Arquitetura, Comunicação, Design, Direito, Engenharia,
Gastronomia, Gestão e Negócios, Saúde, Tecnologia e Psicologia; além de ofertas na
modalidade de pós-graduação. No dia 31 de janeiro de 2014, tornou-se o primeiro Centro
Universitário do interior do Nordeste, por meio de credenciamento do Ministério da Educação
(MEC).
As ações de sustentabilidade apresentadas no UNIFAVIP envolvem diversos setores e
colaboradores da instituição, com práticas ditas ecológicas que buscam proteger o meio
ambiente, possibilitando que o marketing da instituição possa apresentá-la como organização
com responsabilidade socioambiental. Dentre as várias ações indicadas pelo setor de operações
do UNIFAVIP, podemos citar:
a) Uso racional de energia, onde são colocados avisos nas salas de aulas, advertindo ao aluno,
que ao sair, “lembre-se de desligar as luzes”;
b) Avisos nas salas de aulas para que os alunos tragam seu squeeze, com a finalidade de redução
dos copos descartáveis;
c) Ação de trocas das lâmpadas comuns por lâmpadas de LED, com a finalidade de reduzir o
consumo de energia elétrica;
d) Manutenção de uma parceria com a Associação dos Protetores do Meio Ambiente
(ASPROMA), que atua de maneira programada na coleta seletiva de materiais recicláveis como
papel, papelão, plástico, metal e vidro;
e) Incentivo da coleta seletiva do lixo, através de lixeiras em locais estratégicos do campus;
f) Difusão do uso racional do papel disponível na instituição, através de treinamentos
ministrados para o setor administrativo, buscando conscientizar seus colaboradores para
reutilização, a exemplo do aproveitamento como rascunho, e sua destinação final para a
reciclagem;
45
g) Promoção de ações para a redução e o uso racional de água, com torneiras inteligentes, que
liberam menos água em menos tempo;
h) Instalação de secadores de mãos, nos banheiros, para eliminação do uso do papel descartável.
Tendo em vista essa realidade, busca-se analisar se essas práticas e ações desenvolvidas pelo
UNIFAVIP representam elementos suficientes para a existência de um Sistema de Gestão
Ambiental eficaz na IES, a ponto dos discentes reconhecerem-nas como práticas sustentáveis,
opinando se influem para uma consciência ecológica e corroborando para a instituição avaliar
se suas ações e práticas estão no caminho ecologicamente pretendido.
46
3 METODOLOGIA
Neste capítulo, discorrer-se-á acerca dos aspectos metodológicos utilizados para a consecução
do objetivo de pesquisa pretendido neste trabalho. Com vistas a possibilitar uma descrição mais
complexa, dividimos o capítulo em seis tópicos, cada qual com um ponto essencial na
estruturação da metodologia: 1) Método; 2) Locus da pesquisa; 3) Sujeitos da pesquisa; 4)
Técnicas de coleta de dados; 5) Técnica de análise dos dados; e 6) Limitações da pesquisa.
3.1 Método
A pesquisa tem como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas
a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses, sendo necessário para isso a utilização de
métodos apropriados, delimitando apropriadamente os limites da pesquisa (GIL, 2016).
No que diz respeito à abordagem, o presente estudo de caso, se valeu do método qualitativo
para a consecução do objetivo pretendido com a pesquisa, qual seja o de analisar a percepção
dos alunos de cursos de graduação a respeito das práticas de Gestão Ambiental desenvolvidas
pelo Centro Universitário do Vale do Ipojuca, em busca da certificação.
De acordo com Stablein (2001), não há uma distinção hierárquica entre o método qualitativo e
o método quantitativo, quebrando com o paradigma científico ainda vigente de que o segundo
teria maior valor científico. Ao contrário, aponta para uma simples separação entre
representações numéricas e representações não numéricas, ou seja, entre aquelas que estudam
os fenômenos a partir dos dados números produzidos e aquelas que analisam os fenômenos a
partir das suas substâncias.
A escolha pelo método qualitativo em detrimento do quantitativo guarda relação com a natureza
do método, qual seja aquela que parte de um olhar próprio do sujeito, seja do próprio
pesquisador, seja dos colaboradores da pesquisa, acerca de fenômenos, fazendo com que a
análise dos dados se dê de forma complexa e pormenorizada (MALHEIROS, 2001).
47
Uma vez que este estudo parte da percepção de discentes dos cursos de Gestão do UNIFAVIP
a respeito das práticas ambientais desenvolvidas pela IES, aferida na experiência cotidiana no
campus, a análise do conteúdo das informações se mostra essencial, não sendo adequada a
redução dos discursos a dados numéricos.
Com relação aos objetivos, a pesquisa pode ser classificada como exploratória, uma vez que se
propõe a formular uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca das práticas ambientais na IES
privada estudada. Tendo em vista que ainda não existem hipóteses anteriormente formuladas
sobre o tema que possam ser perfeitamente aplicáveis à presente pesquisa, o método
exploratório auxilia na formulação de problemas precisos e de hipóteses aplicáveis em futuros
estudos (GIL, 2008).
Por fim, quanto ao procedimento técnico, optou-se pelo estudo de caso enquanto procedimento
de coleta de dados delineador da pesquisa. Segundo Gil (2008), o delineamento da pesquisa diz
respeito ao seu planejamento amplo, onde ocorre a confrontação dos elementos teóricos aos
dados da realidade. Neste sentido, distingue dois grandes grupos de delineamento, a saber: 1)
Os que se valem das fontes “de papel” e 2) Os que se valem dos dados fornecidos por pessoas.
O estudo de campo se localiza nesta segunda classificação.
Podemos citar enquanto características deste procedimento técnico a flexibilidade da pesquisa,
sendo possível inclusive reformular o seu desenho com a pesquisa já em fase de realização; e a
busca por um aprofundamento das questões propostas a partir de dados coletados em campo,
ou seja, dentro de um único grupo, com membros que interagem entre si e possuem elementos
comunicantes (GIL, 2008).
Outrossim, necessário se faz, ressaltar a importância que a epistemologia social e a localização
do pesquisador frente à pesquisa têm alcançado no cenário científico atual. Nessa perspectiva,
Silva et al. (2010) enfocam dois aspectos importantes complementares da redefinição do
conceito de objetividade científica: o distanciamento de quem pesquisa e a assepsia
metodológica perante os fenômenos reais se mostra impossível (1), uma vez que o pesquisador
compõe, necessariamente, parte daquilo que ele próprio analisa na pesquisa (2).
Tendo em vista esse aspecto, e considerando que no estudo de campo a maior parte do trabalho
é realizada pelo pesquisador, dado que se releva a experiência direta vivenciada por ele com a
situação de estudo (GIL, 2002), não podemos deixar de citar que o presente pesquisador compôs
o quadro de docentes do UNIFAVIP por um período de nove anos, de setembro de 2008 a
48
dezembro 2017, tendo ministrado neste percurso profissional aulas de disciplinas como Gestão
Ambiental, Direito Ambiental, Direito Empresarial e Ciências Sociais, dentre outras.
Além de possuir um conhecimento teórico prévio na temática ambiental, em razão do conteúdo
programático das disciplinas, o pesquisador esteve inserido diretamente no cenário da pesquisa,
em contato com os sujeitos colaboradores e com o próprio objeto de pesquisa, qual seja as
práticas ambientais desenvolvidas pela IES. Essa realidade não impossibilitou que a pesquisa
fosse dotada de cientificidade suficiente para que se tornasse válida no ambiente acadêmico;
antes, abriu espaço para a formulação do projeto e para uma análise ainda mais completa e
complexa dos dados obtidos.
3.2 Locus da pesquisa
Determinamos enquanto locus - ou cenário - para a realização da pesquisa, as práticas de gestão
ambiental, desenvolvidas no Centro Universitário do Vale do Ipojuca, Instituição de Ensino
Superior de natureza privada, localizada em Caruaru, cidade do Agreste de Pernambuco.
O UNIFAVIP iniciou a sua trajetória acadêmica em 2001 e, hoje, conta com um extenso
portfólio de cursos nas áreas de Arquitetura, Comunicação, Design, Direito, Engenharia,
Gastronomia, Gestão e Negócios, Saúde, Tecnologia e Psicologia; além de ofertas na
modalidade de pós-graduação. No dia 31 de janeiro de 2014, tornou-se o primeiro Centro
Universitário do interior do Nordeste, por meio de credenciamento do Ministério da Educação
(MEC).
A escolha por este locus de pesquisa pode ser justificada a partir dos seguintes pontos: 1) uma
vez que o pesquisador figurou enquanto membro do quadro de docentes da IES durante o
período de realização da pesquisa, o acesso aos discentes, bem como às informações
institucionais necessárias acerca das práticas ambientais inseridas no campus e à autorização
para prosseguimento da pesquisa foi facilitado para consequente consecução do seu objetivo;
2) a IES realiza um projeto de marketing institucional voltado à divulgação de realidades que
valorizam a instituição, primeiro Centro Universitário do interior do Nordeste, inclusive
atribuindo a ela o caráter de organização com responsabilidade socioambiental. A necessidade
de se aferir, na realidade prática dos discentes, se esse patamar formal é realmente alcançado
impulsionou esta pesquisa.
49
Dessa forma, e considerando os pontos anteriormente expostos, a autorização para a realização
da pesquisa no local foi dada em 04 de setembro de 2017, em documento assinado pelo então
Reitor do UNIFAVIP, Ricardo Ciriaco. A pesquisa de campo se procedeu nas próprias
dependências institucionais, no dia 02 de dezembro do mesmo ano.
3.3 Sujeitos da pesquisa
A presente pesquisa estruturou a partir de uma amostra do universo dos alunos matriculados
dos cursos de Gestão – sendo eles Recursos Humanos (RH), Administração, Logística e
Ciências Contábeis, escolha justificada em razão de suas grades curriculares requererem
disciplinas cujo conteúdo programático alude à Gestão Ambiental, o que de certa forma capacita
os alunos a avaliarem as ações perceptíveis de cunho sustentável da IES.
Neste estudo, foram selecionados discentes que, juntos, compartilhavam dos seguintes
aspectos: 1) todos se encontravam matriculados em cursos de Gestão ou correlatas no
UNIFAVIP, uma vez que nesses cursos são trabalhadas disciplinas voltadas a temática
ambiental; e 2) haviam demonstrado interesse na área de educação ambiental, informação
aferida a partir de avaliações periódicas realizadas em sala de aula e, no caso de determinados
alunos, de produções científicas dentro da temática onde figuravam como autores ou coautores.
Assim, o estudo de campo possibilitou uma avaliação complexa e interpessoal das subquestões
da pesquisa.
Embora tenham permitido expressamente, de forma verbal, durante a sessão de focus group
realizada em 02 de dezembro de 2017, a utilização dos seus nomes reais neste trabalho, foram
assinados termos de consentimento de participação como sujeitos da pesquisa, onde constava a
garantia de sigilo de identificação do sujeito pesquisado. Desta forma, e visando proporcionar
maior validade à presente pesquisa, a manifestação escrita prevalecerá e os nomes apresentados
aqui serão fictícios, mantendo a anonimidade dos sujeitos.
Neste sentido, e sabendo que todos afirmaram ter cursado alguma disciplina ligada ao tema da
Sustentabilidade, sintetizamos as informações dos participantes:
Quadro 4 – Sujeitos da pesquisa
50
NOME IDADE CURSO
Roberto 30 anos Administração
Jéssica 27 anos Ciências Contábeis
Ana 23 anos Administração
Sandra 27 anos Administração
Carolina 25 anos Administração
Jorge 23 anos Administração
Renata 38 anos Administração
Pedro 25 anos Administração
Fonte: Questionário realizado em 02 de dezembro de 2017.
3.4 Técnicas de coleta dos dados
Os dados obtidos na pesquisa foram produzidos a partir da aplicação de questionários, cujas
perguntas se encontram redigidas no Apêndice B do presente trabalho, bem como da técnica
conhecida como focus group, ou grupo focal
Sintaticamente, o focus group consiste em uma modalidade de entrevista estruturada de forma
profunda e realizada em grupos, que possui como objetivo aferir a interação dentro do grupo,
através da influência provocada entre os próprios participantes e identificada nas colocações e
respostas dadas (OLIVEIRA; FREITAS, 2010).
Segundo Oliveira e Freitas (2010), a utilização desta técnica é apropriada quando se objetiva
explicar a visão das pessoas a respeito de determinadas experiências, ideias ou eventos. Para
que o focus groups e torne viável, o pesquisador necessita definir um tópico relacionado ao
propósito da pesquisa, que norteará a entrevista e o debate (KRUEGER, 1994).
Vale instar que, além do objetivo da pesquisa em si, que se mostrou melhor cumprido desta
forma, a escolha do grupo focal enquanto técnica de coleta dos dados também sofreu influência
das características de praticidade que possui: além de ser recomendada em pesquisas de campo,
como é o caso desta, é aquela que, de forma mais rápida e com baixo custo, propicia um
aprofundamento dos conteúdos relacionados à temática que se pretende abordar (CHIESA;
CIAMPONE apud BOCCI et al., 2008).
A técnica aqui instada se mostrou essencial nesta pesquisa, uma vez que pretendeu analisar a
percepção grupal dos discentes já especificados acerca das práticas ambientais do UNIFAVIP.
Por compartilharem o mesmo ambiente de convivência, a saber o campus desta IES, cenário
que limita este trabalho, bem como por estarem matriculados em cursos de graduação que
51
compartilham semelhanças didáticas e por nutrirem interesses pelo tema em questão, o
compartilhamento de ideias durante a conversação.
O desenrolar do debate foi provocado por questionamentos descritos no Anexo II deste trabalho.
As respostas foram arquivadas a partir de filmagem permitida pelos entrevistados, mediante
termo de autorização, a fim de possibilitar uma transcrição fidedigna do conteúdo.
Para a realização do focus group, nos utilizamos das etapas sugeridas por SILVA et al. (2010),
quais sejam as de planejamento (1), de condução das entrevistas (2) e de análise dos dados (3).
3.4.1 Fase de Planejamento
a) Reflexão sobre o propósito da reunião: identificamos no convívio em sala de aula que os
sujeitos se destacavam enquanto formadores de opiniões, expressando os seus posicionamentos
de forma segura e fundamentada. Uma vez que cada um deles demonstrava deter um
conhecimento próprio e igualmente individual acerca de temas relacionados à Sustentabilidade,
ao meio ambiente e à Gestão Ambiental, pensamos em estruturar o projeto de pesquisa a partir
da interação entre esses posicionamentos diversos, porém em muitos pontos convergentes entre
si.
b) Detalhamento de aspectos relacionados com a sua realização: preliminarmente, foi criada
uma conversa coletiva – ou grupo – em aplicativo para smartphone denominado de Whatsapp.
Nele, os sujeitos mantiveram contato com o pesquisador e uns com os outros por um período
anterior à sessão, o que facilitou a combinação de detalhes como data, horário e local de
encontro.
Para o focus group, pessoas foram consideradas em categoria única. Não procedemos à divisão
em grupos a partir de critérios específicos porque o objetivo do trabalho não demandou tamanha
tarefa; ao contrário, determinamos os critérios genéricos de proximidade temática e matrícula
no UNIFAVIP em qualquer curso do ramo de Gestão apenas para a seleção dos colaboradores.
A pesquisa não envolveu nenhum tipo de custo para os participantes, nem ofertou qualquer tipo
de gratificação pela participação. Todos os sujeitos compareceram voluntariamente, fator que
corroborou o interesse dos mesmos na temática trabalhada e na própria pesquisa.
52
c) Formação de grupos de tamanho médio: o grupo que participou da sessão foi composto
por 8 (oito) membros, estando dentro da margem adequada prevista por Silva et al. (2010) para
esta técnica de coleta de dados, qual seja de 06 (seis) a 10 (dez) pessoas.
d) Escolha dos membros do grupo de acordo com o propósito da pesquisa: fora informado
o fato de os sujeitos da presente pesquisa terem sido determinados a partir da proximidade que
eles mantêm com o tema da Sustentabilidade, tendo todos eles afirmado já terem cursado
qualquer disciplina nesta área temática.
Outrossim, uma vez que objetivamos analisar de que maneira as práticas de Gestão Ambiental
desenvolvidas pelo UNIFAVIP têm contribuído na formação de uma consciência ecológica em
seus alunos, se fez necessário delimitar o universo da pesquisa aos estudantes que se encontram
matriculados nesta instituição e que, tendo conhecimento do que consiste a Gestão Ambiental,
saiba identificar práticas neste sentido dentro do campus.
e) Nível de envolvimento continnum do moderador: o próprio pesquisador figurou enquanto
moderador na sessão de grupo focal, porém não interferiu no debate de forma que minasse a
validade e a cientificidade dos dados obtidos. Ao contrário, se mostrou proativo apenas no início
da reunião, quando apresentou as diretrizes a serem seguidas pelos colaboradores, bem como
os objetivos geral e específicos do trabalho e a proposta do grupo focal. Após o início do debate,
veio a interferir de forma moderada, apenas controlando os tópicos e fazendo a discussão
progredir.
Para auxiliar no processo de filmagem, dois assistentes auxiliaram o moderador em questões
técnicas, não interferindo em momento algum no debate.
f) Tópicos da discussão cuidadosamente predeterminados e sequenciados: os tópicos foram
estruturados no formato de perguntas e elaborados a partir dos objetivos específicos da
pesquisa, de modo a iniciar o debate com perguntas genéricas e finalizar com perguntas mais
específicas, estratégia utilizada para não enviesar o trabalho e, consequentemente, tornar
inválidos os dados obtidos.
g) Seleção do local: a reunião foi realizada em sala cedida pelo próprio UNIFAVIP e localizada
dentro do campus, mais especificamente no bloco destinado às turmas de Pós-Graduação Stricto
Sensu. Os vidros das janelas do recinto eram adesivados com película de cor escura e não
translúcida; a porta continha, do lado externo, aviso informando sobre a necessidade de não
53
interrupção; e a reunião ocorreu em um dia de sábado, quando não havia qualquer atividade
sendo realizada na IES. Esses fatores propiciaram a realização do focus group sem qualquer
interferência externa.
Dentro da sala, as cadeiras foram organizadas em formato de semicírculo, onde o moderador
permaneceu sentado à frente e na linha de visão de todos os participantes. A gravação foi
realizada em duas câmeras, tendo sido uma delas posicionada em frente ao moderador e por
trás dos debatedores, e a outra por trás do moderador e com abertura para os participantes.
3.4.2 Fase de Condução das Entrevistas
a) Sessões curtas: uma vez que foi realizada uma única sessão, esta teve duração aproximada
de 4 h ininterruptas, não extrapolando o limite de 5 (cinco) horas semanais recomendadas por
Silva et al. (2010).
b) Habilidade do moderador: o fato de já existir contato anterior à reunião entre o moderador
e os participantes foi essencial para gerar um clima de conforto entre estes, com total liberdade
de opinião, não limitando o debate com fundamento nos prováveis efeitos que poderiam ser
gerados frente à IES.
c) Clareza na definição da proposta do grupo: no momento inicial, o moderador deixou claro
o objetivo da pesquisa, qual fosse aferir entre os participantes se os mesmos vislumbravam
práticas sustentáveis protagonizadas pelo UNIFAVIP e se estas influenciavam de alguma forma
em suas práticas cotidianas.
3.4.3 Fase de Análise dos Dados
A análise dos dados obtidos foi realizada através da identificação de similitudes entre as falas
proferidas na discussão em grupo, apontando posicionamentos comuns ao grupo. No entanto,
as especificidades não deixaram de ser analisadas, quando apropriadas ao objetivo pretendido
neste trabalho.
3.5 Técnica de análise dos dados
A técnica que se mostrou mais adequada à análise dos dados colhidos nesta pesquisa foi a
Análise de Conteúdo (AC), mais especificamente daquela proposta por Bardin (1977), que diz
respeito a um procedimento de análise das comunicações, objetivando descrever o conteúdo
das mensagens – ou seja, de qualquer ato enunciativo - transmitidas.
54
Para a consecução deste propósito, a AC se utiliza dos métodos de classificação das
informações e de criação de categorias apropriadas para (JANIS, 1982), através da análise dos
elementos que irão compô-las, descrever o conteúdo dos dados colhidos.
As categorias utilizadas no presente estudo serão apresentadas no tópico “Apresentação,
Análise e Discussão dos Resultados da Pesquisa”, bem como descrito o processo de formulação
delas.
3.6 Limitações da pesquisa
O fato da pesquisa ter sido iniciada próximo ao final do ano, período em que as atividades de
encerramento de semestre, especialmente as avaliações periódicas dos alunos, já se encontram
em andamento no UNIFAVIP, impossibilitou a realização de mais de uma sessão de entrevista
grupal e, consequentemente, da escolha por um número maior de participantes. Um universo
maior possibilitaria uma coleta de dados mais plurais, o que traria benefícios incontestáveis
para este trabalho.
No entanto, o fato de termos nos limitado a apenas uma reunião, com um total de 8 (oito)
participantes, não veio a interferir na validade que os dados obtiveram quando analisados a
partir da realidade vivenciada pelos discentes da IES em questão, como será visto mais adiante
nos resultados obtidos.
4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA
Quando nos propomos a utilizar a Análise de Conteúdo enquanto técnica para análise dos dados
colhidos, precisamos determinar enquanto parâmetro de categorização o nível de efetividade
que as categorias devem alcançar frente aos objetivos pretendidos com a pesquisa. Categorias
definidas como sendo apropriadas são aquelas que, em síntese de Márcio Carlomagno e
Leonardo Rocha (2016), atendem aos seguintes requisitos: 1) Objetividade; 2) Exclusividade;
3) Homogeneidade; e 4) Exaustividade.
Dessa forma, uma categoria devidamente estruturada deve possuir limites bem definidos,
pautados nos sinais e nos conteúdos que irão ser classificados a partir de regras previamente
definidas para inclusão (1), não podendo, sob hipótese alguma, haver um conteúdo passível de
classificação em mais de uma categoria (2). Para que isso se mostre possível, a abrangência da
categoria de análise não deve ser heterogênea, devendo abarcar conteúdos homogêneos entre si
(3) (CARLOMAGNO; ROCHA, 2016). Nessa mesma perspectiva, Malheiros (2011) identifica
55
os princípios da exclusão, da pertinência e da objetividade enquanto norteadores do processo
de Análise de Conteúdo. (4) Cada categoria se explica por si só, não é preciso de outra para
entender a sua explicação.
A categorização dos dados, de forma geral, pode se dar a partir de dois caminhos distintos:
pode-se desenhar as categorias a serem utilizadas antes mesmo da coleta dos dados, em uma
estrutura previamente definida que norteará a produção das informações; ou posteriormente,
quando conteúdo já se encontrar devidamente coletado, fazendo com que as categorias se
revelem a partir dos dados (MALHEIROS, 2011). Está segunda estratégia foi a utilizada neste
trabalho. Dessa forma, após a transcrição do grupo focal e a análise exaustiva dos dados
descritos, emergiram as seguintes categorias de análise e suas devidas unidades de registro:
Quadro 5 – Categorias Temáticas
CATEGORIAS TEMÁTICAS UNIDADES DE REGISTRO
Conhecimento da Gestão
Ambiental Empresarial
Abrangência do conceito de Sustentabilidade
Possibilidade de práticas empresariais sustentáveis
Conhecimento de Práticas
Sustentáveis na IES
Existência de ações sustentáveis no UNIFAVIP
Visibilidade das ações sustentáveis do UNIFAVIP
Processo de conscientização ecológica pelo UNIFAVIP
Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa, 2017.
As categorias temáticas acima expostas derivaram do objetivo geral pretendido com este
trabalho, qual seja analisar de que maneira as práticas de gestão ambiental desenvolvidas pelo
UNIFAVIP têm contribuído na formação de uma consciência ecológica em seus alunos. Assim
como as questões levantadas no grupo focal, as duas categorias representam agrupamentos de
dados em dois níveis distintos, respectivamente: um mais abrangente, voltado às questões
genéricas acerca da Sustentabilidade e do SGA nas empresas; e outro menos abrangente,
direcionado ao contexto prático da IES que contextualiza a presente pesquisa.
As informações agrupadas na primeira categoria abrem espaço à análise das diversas formas de
perceber – ou não - a Sustentabilidade dentro do UNIFAVIP pelos alunos, determinadas pelo
conhecimento preliminar e pela noção que estes têm acerca da temática.
Cada subtópico deste ponto faz referência às unidades de registro contempladas pelas categorias
temáticas, posto se tratarem da conjugação de unidades de sentido (MALHEIROS, 2011)
identificadas na transcrição do grupo focal, que sintetizam as semelhanças encontradas entre o
discurso proferido por cada um dos participantes.
56
4.1 Abrangência do conceito de Sustentabilidade
Quando questionados acerca da noção de Sustentabilidade na qual eles acreditavam ser a mais
adequada, os entrevistados formularam respostas que, mesmo indiretamente, formaram um
conceito pautado em ações individuais e coletivas voltadas à preservação do meio ambiente.
De forma didática, podemos destacar os seguintes pontos, distribuídos em dois níveis de
abrangência:
Quadro 6–Extensão do conceito de Sustentabilidade
Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa, 2017.
Das respostas obtidas com a pergunta “O que é Sustentabilidade para você?”, todas foram
estruturadas a partir de exemplificações e de ideias soltas que criaram dois níveis limítrofes,
quais sejam o de maior amplitude e o de menos amplitude, sendo possível a variância dentro
do espaço gerado. As unidades de contextualização selecionadas estavam presentes na fala de
diferentes participantes, intercaladas em respostas que atingiam um meio termo em relação aos
níveis delimitados. Foram comuns respostas que, ao mesmo tempo em que apontavam para
práticas sustentáveis – embora resumidas a ações individuais de consciência ecológica -
enquanto representações de Sustentabilidade, também vislumbravam a necessidade de um
pensamento além destas para a efetivação plena em âmbito empresarial e social.
Neste sentido, a fala do entrevistado Pedro representa perfeitamente esta aferição e localiza o
debate da Sustentabilidade nas organizações:
Níveis de abrangência Unidades de contextualização
MENOR nível de abrangência
"Logística reversa"; "reuso de uma água"; "bom uso da
energia"; "você educar aquela pessoa para não estar
jogando lixo"; "se todas as pessoas tivessem a
consciência de não estar jogando lixo, de não pegar e
jogar as coisas dentro do rio [...]"; "desenvolver isso
naturalmente dentro de nós, com ações pequenas,
começando em casa"; "reaproveitar alimentos"
(SANDRA).
MAIOR nível de abrangência
"Desenvolvimento ambiental é deixar o ambiente
pronto para as gerações presentes e futuras"
(ROBERTO); "quando a gente fala em questão de
Sustentabilidade das organizações, a gente tem ideia
dos processos fabris, de produção da própria empresa,
mas vai muito além disso [...]" (PEDRO).
EXTENSÃO DA SUSTENTABILIDADE
57
Mas onde entram as organizações aí? Quando a gente fala em questão de
Sustentabilidade das organizações a gente tem ideia dos processos fabris, de
produção da própria empresa, mas vai muito além disso, porque as empresas têm
por obrigação estimular, na cultura organizacional e pessoal dos seus
colaboradores, a ideia de preservação, a ideia de Sustentabilidade, de que não é um
processo obrigatório apenas durante a atividade fabril, que seja, mas precisa ser
inserida no cotidiano de cada um, entendeu?! É preciso que as empresas, como
garantia da economia, também têm que ser garantia da conscientização cultural, da
mudança de postura das pessoas, não só profissionalmente, mas no seu cotidiano
também. (grifos nossos)4
Esse posicionamento entende a Sustentabilidade enquanto processo de formação e modificação
cultural que, ao mesmo tempo em que pensa estratégias de produção sustentável, afeta
positivamente a vida de todos os agentes envolvidos, através da propagação de práticas
ecológicas, em um claro cumprimento da Responsabilidade Empresarial (GIACOMINI FILHO,
2008).
De forma complementar, Ana nos alerta que
[...] antes de a gente querer que as empresas sejam sustentáveis, a gente tem que ser
sustentável. Eu acredito muito que eu não posso exigir que uma instituição seja
sustentável se eu não sei o que é isso [...]. Então, assim, como é que as empresas
podem querer ser sustentáveis se a própria sociedade não é? Para uma empresa ser
sustentável, toda a sociedade precisa saber o que é sustentável.
O caráter de teia, onde todos os agentes econômicos e sociais detêm obrigações para com o
desenvolvimento sustentável, acaba formando uma espécie de responsabilidade vinculada, onde
um SGA em âmbito empresarial, bem como o reconhecimento deste e a exigência de
implementação, só é possível a partir da conscientização individual, e vice-e-versa.
4.2 Possibilidade de práticas empresariais sustentáveis
Adentrando nos requisitos para se afirmar um Sistema de Gestão Ambiental em determinada
organização, descritos no ponto 2.2 deste trabalho, questionamos aos entrevistados se as
organizações podem se desenvolver economicamente e, ao mesmo tempo, preservarem o meio
ambiente nestes moldes.
A análise das respostas deve ser feita a partir de duas óticas, ambas definidas por critérios
temporais. Foram apontadas duas realidades, uma futura – representada pela expectativa, pela
4As falas transcritas do Focus Group serão inseridas, quando em formato de citação direta, com fonte formatada
em itálico, com vistas a diferenciá-las das demais citações bibliográficas feitas no corpo do trabalho.
58
possibilidade vindoura e condicionada – e uma presente – voltada ao contexto atual -. Assim,
obtivemos as seguintes variações:
Quadro 7 –Possibilidade de desenvolvimento econômico sustentável
QUESTIONAMENTO VARIAÇÕES DA RESPOSTA REPETIÇÃO DA RESPOSTA
SIM1
NÃO0
SIM, PORÉM NÃO ATUALMENTE2
TALVEZ5
É possível que as empresas
promovam um
desenvolvimento
econômico de forma
sustentável?
Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa, 2017.
A entrevistada Sandra foi a única que não fez ressalvas à possibilidade de um desenvolvimento
ecológico concomitante à aferição de lucros pelas empresas, tendo embasado sua resposta na
experiência profissional que obtém em seu local de trabalho. Nesse sentido, ela afirmou que
[...] a Sustentabilidade pode, sim, ser vivida por uma organização e, ao mesmo tempo,
obter lucro sendo sustentável. Eu vivo dentro de uma organização que tem essa visão
[...]. Economicamente, a gente vê, como administradores de cursos de Gestão, que a
empresa visa diminuir seus custos, e com a Sustentabilidade ela pode fazer isso,
através de uma logística reversa, de um reuso de uma água, do bom uso da energia.
A gente sabe que a empresa pode se utilizar disso.
Dos participantes que vincularam a resposta positiva a uma necessidade de mudança no cenário
atualmente vivido, podemos destacar a fala de Roberto, que aponta para uma questão cultural
como sendo empecilho, no Brasil, para o desenvolvimento sustentável no contexto
mercadológico.
Eu acho possível essa questão ambiental, mas infelizmente o que restringe é a cultura;
eu acho que é um problema cultural. As empresas trabalham com marketing, em
questão de “nós trabalhamos com ecologia, com ecossistema” e tudo mais, mas não
passa de uma fachada. Eu acho que a questão é mais cultural, como por exemplo... É
possível isso acontecer, porque a gente vê países como a Dinamarca [...]. Então eu
acho que é mais uma questão cultural. A educação que nós temos aqui no Brasil levou
a todo esse patamar que estamos vivendo hoje e, para que isso possa ser revertido, o
problema é trabalhar a educação, a cultura. Se mudar a cultura, vai mudar tudo isso
e a gente vai poder ter uma qualidade de vida, e essas empresas vão passar a
trabalhar, a cuidar bem disso, como a gente vê em outros países que a coisa acontece.
59
Se faz interessante notar, nesta perspectiva, que as demais respostas que não se enquadraram
explicitamente nas categorias fechadas – enquadradas, em razão disso, na denominada “outras”
embora não tragam objetivamente uma resposta positiva ou negativa, apontam para a cultura e
a educação como espaços onde a mudança nos parâmetros ecológicos deve ser primariamente
realizada. Isso encontra direta relação com a natureza ideológica atribuída à educação
ambiental, onde a integração de conhecimentos, aptidões, valores subjetivos e ações individuais
com vistas às experiências educativas de Sustentabilidade possibilita, por meios formais e
informais de conhecimento, a construção de uma coletividade preocupada com a preservação
do meio (PELICIONI, 1998).
Assim, e entendendo que os aspectos culturais são passíveis de modificações, podemos
enquadrar os participantes que se pronunciaram neste sentido como crentes de uma
possibilidade futura de um efetivo desenvolvimento sustentável, devendo o processo iniciar-se
na atualidade. Essa vertente fundamenta a dimensão temporal da Sustentabilidade, qual seja
aquela que se vale de comparativos entre períodos históricos e contextos socioculturais,
construindo parâmetros de mudanças, conquistas e retrocessos (RATTNER, 1999).
Outra ressalva recorrente nas respostas dos entrevistados diz respeito à má utilização das mídias
de informações no tocante à propagação de noções de Sustentabilidade, fazendo com que a
realidade interna das empresas não seja transparecida para o público externo, em grande maioria
composto com consumidores. A variedade de elementos de marketing que as divulgam como
sendo referências no desenvolvimento sustentável, quando ações sustentáveis não são
notadamente postas em prática no cotidiano empresarial, acaba por gerar um aumento dos
lucros e dos benefícios econômicos das empresas, ao tempo em que mantém uma cultura de
produção desenfreada e desvinculada dos efeitos negativos ao meio e à coletividade. Essa
realidade vai de encontro ao princípio de responsabilidade social, uma vez que quebra com a
transparência que deve haver na relação empresa-consumidor-sociedade.
Rattner (1999) nos diz que o conceito de Sustentabilidade não se limita à mera explicação de
uma realidade; ao contrário, deve pôr em questão as práticas e ações desenvolvidas no cenário
da realidade frente ao discurso, transformando-o em realidade objetiva e legitimando os atores
sociais para comandar comportamentos direcionados ao desenvolvimento sustentável. A quebra
dessa relação inviabiliza a sua efetividade.
Neste sentido, destacamos uma das falas da participante Renata:
60
[...] Está em alta o marketing da empresa em relação à Sustentabilidade, mas eu acho
que - com exceções de algumas empresas - a prática efetiva disso dentro das
organizações, principalmente no polo que temos, é muito pequena. Eles trabalham
mais com marketing externo, mas quando você vai para dentro da instituição, eles
não fazem ou fazem muito pouco sobre Sustentabilidade dentro da empresa [...].
Então, assim, as empresas da nossa região têm aquela “capa” para a sociedade,
aquele marketing externo, porém dentro da empresa não existe. Quando se trata de
desenvolvimento social, aí é que cai mesmo, porque quase não se pratica isso nas
empresas atuais. É muito difícil!
Estamos diante, assim, de uma crise ética na forma como as empresas assumem uma postura
diferenciada, e geralmente negativa, frente às propostas difundidas pelos canais midiáticos nos
quais se promovem. D’Angelo (2003) aponta duas grandes categorias de questionamentos
éticos com os quais o marketing comumentemente se defronta, a saber: 1) Aquela relacionada
às características do sistema capitalista e aos estímulos de cunho materialista que são
despertados pela atuação do marketing; e 2) Aquela que diz respeito aos padrões de conduta
adotados nas relações das empresas com o consumidor final e demais agentes da máquina
econômica. Nesta segunda, está incorporada a veracidade das informações que são divulgadas
aos receptores do produto ou serviço, principal empecilho apontado pelo grupo quanto à
efetividade prática do desenvolvimento sustentável.
Por fim, também podemos perceber na fala de alguns dos participantes a crítica a uma
“Sustentabilidade forçada”, representada pela adoção de práticas e ações sustentáveis com
vistas a obter benefícios econômicos e fiscais, enquanto modelo vigente na maioria das
empresas que adotam parâmetros ecológicos na sua atuação.
Jorge deixa essa realidade bem clara ao dizer que
Todo esse conceito ambiental, todas essas questões são antigas em teoria, agora na
prática é algo novo, infelizmente. [...] Hoje em dia tem o marketing, é bonito, talvez
uma redução de impostos se a gente implantar determinados segmentos em nossa
empresa, mas é triste, porque é algo forçado, como esse caso: “ah, vamos colocar tal
coisa que aí a gente vai pagar menos imposto!”.
4.3 Existência de ações sustentáveis no UNIFAVIP
Tendo em mente a noção de Sustentabilidade e de práticas sustentáveis, adentramos no objeto
central deste estudo, iniciando a discussão a respeito da existência ou não de ações positivas
para o desenvolvimento sustentável realizadas pelo UNIFAVIP enquanto instituição. Como
forma de introduzir o debate, foi perguntado aos entrevistados se eles seriam capazes de
identificá-las, a partir da experiência cotidiana no campus.
61
Dos oito participantes, sete afirmaram com clareza que conseguiam ver neste cenário
determinadas práticas sustentáveis, ainda que de forma muito tímida e extremamente aquém ao
necessário. Apenas uma entrevistada expressou não conseguir vislumbrar essa realidade, porém
destrinchou, em sua fala, uma quantidade pequena de exemplos que podem ser classificados
como ações de natureza ecológica e que ela presencia existirem na instituição, embora não as
classifique como sustentáveis, adotando um conceito lato sensu de Sustentabilidade.
Desta forma, podemos afirmar que a resposta a esta pergunta foi positiva para grande maioria
dos membros do grupo focal, mas todos reconheceram problemas que merecem ser destacados,
a começar pela pequena quantidade de ações sustentáveis promovidas pelo e no UNIFAVIP.
Expressamente, apenas as seguintes foram identificadas pelos participantes:
Quadro 8 – Ações e práticas sustentáveis desenvolvidas pelo UNIFAVIP
AÇÃO SUSTENTÁVEL FREQUÊNCIA
Avisos com os dizeres "adote um copo" localizados próximos aos
bebedouros3
Lixeiras para coleta seletiva de materiais descartados 6
Espaço externo de convivência arborificado 1
Ação de coleta e distribuição de alimentos (Vertente da Responsabilidade
Social)1
Ação de reciclagem de papéis 1
Implementação do Programa 5S nos setores administrativos 1
Adoção de garrafas para preenchimento com água potável por parte do
corpo docente1
Instalação de secadores de mãos elétricos nos banheiros 3
Corredores arquitetados para entrada de iluminação natural 1
Recipiente para recolhimento de pilhas e baterias usadas 1
Diminuição da pressão da água encanada nos banheiros 1
Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa, 2017.
A primeira questão a ser apontada é que, ações com maior planejamento e considerados mais
complexos em relação às ações de fácil implementação, foram pouco percebidos pelos
62
membros do grupo. Do total, apenas uma entrevistada, Renata, afirmou a existência dos projetos
de coleta e distribuição de alimentos, de reciclagem de papéis e de implementação do Programa
5S5 nos setores administrativos. Esse conhecimento foi justificado pela atuação direta desta
estudante nestas ações: “[...] E, outra, muita coisa não é nem divulgada. Eu sei de algumas
coisas dessas porque estou envolvida em um projeto e em outro, então eu acabo tendo a
informação, mas um aluno que simplesmente não se envolve, que ele vem, estuda e sai, passam
desapercebidas”.
Os demais entrevistados, que não vieram a colaborar diretamente, afirmaram não terem tomado
conhecimento delas em momento algum. Ao contrário, a percepção de recipientes de coleta
seletiva, de secadores de mãos elétricos e de avisos próximos aos bebedouros foi
frequentemente encontrada nas respostas (6 vezes, 3 vezes e 3 vezes, respectivamente), o que
denota que ações de maior proximidade dos alunos – e, de igual forma, menos complexas - são
mais facilmente notadas.
Em questionário aplicado antes do início da discussão em grupo focal, os participantes
responderam, em um dos questionamentos, se existem recomendações e avisos na instituição
no sentido de orientar os alunos a adotarem medidas ecologicamente sustentáveis, como o uso
consciente da água, da energia, dos copos descartáveis etc. Como resultado, de modo similar
aos resultados obtidos no focus group, podemos perceber que as respostas recorrentes são as
sinalizações dos materiais a serem jogados em cada lixeiro (5 aparições) e a sinalização para
aproveitamento dos copos descartáveis (3 aparições).
Os entrevistados afirmam que essa realidade é consequência da omissão institucional em
promover estratégias de divulgação e difusão de tais práticas entre o corpo discente. Uma das
entrevistadas, Carolina, chegou a afirmar que, durante os quatro anos em que se encontra
matriculada na instituição, nunca chegou a conhecer da existência de grande maioria dessas
ações:
[...] O que eu vejo são esses lixeirozinhos[para coleta seletiva de resíduos]
que eles botam aí. Só tem aí, visível só aí na faculdade. Não sabia de ações
que ela fazia, como Renata acabou de falar, que recolhe papéis.Não sabia. Eu
acho muito fraco o marketing daqui, na parte de ambiente, porque eles não
focam em divulgar aos alunos; eles não têm a preocupação de colocar
informativos. E, assim, o que eles podem fazer?Porque isso é muito
importante, que todos os alunos tenham conhecimento das ações que eles
5O Programa 5S tem origem japonesa e diz respeito a um sistema organizador pautado na existência de cinco
sensos a serem cumpridos: 1) Senso de Utilização; 2) Senso de Organização; 3) Senso de Limpeza; 4) Senso de
Saúde; e 5) Senso de Autodisciplina (VANTI, 1999).
63
fazem, e a gente não tem. Faz 4 anos que eu estou na faculdade e não
sabia.(Modificado)
De igual forma, Ana trouxe uma crítica pertinente à forma como se deu a troca dos papéis
descartáveis utilizados na secagem das mãos pelos secadores eletrônicos dos banheiros no
campus. Para ela, a motivação não foi transmitida de forma adequada aos alunos, o que foi de
encontro ao próprio propósito da medida:
Em relação às ações que a instituição tem, consigo ver mínimas. A questão do
secador, realmente já vi, mas a mudança foi tão drástica que... Assim, saiu do
papel, não fizeram campanha nenhuma pro secador. Tá certo, pareceu que foi
por redução, só, mas não foi “ah, vou tirar o papel porque o papel demora
não sei quantos anos para ser depreciado, não sei o que, não sei o que”; não
teve a explicação do porquê foi para o secador, sabe?! Então, tem gente que
ainda não usa o secador, vai lá, pega um bocado de papel e seca a mão. Então,
assim, só fez “do sujo ao mal lavado”, porque não teve a conscientização de
que saiu do papel para o secador porque iria ajudar o meio ambiente; não
teve, sabe?! Então, sinceramente, não teve campanha, foi só uma redução de
custo.
Esse posicionamento omissivo do UNIFAVIP acaba gerando três consequências lógicas: 1) A
quantidade de alunos que tomam conhecimento das práticas sustentáveis existentes acaba sendo
pequena, condicionada ao nível de envolvimento com as questões institucionais, característica
que geralmente não é realidade dentro do corpo discente da instituição;2) Uma formação
pautada nos preceitos da educação ambiental é totalmente inviabilizada, uma vez que esta prevê
uma mudanças de natureza comportamental e cultura; e 3) A instituição acaba transmitindo,
através de um marketing externo, uma imagem que destoa da realidade vivenciada pelos alunos.
4.4 Processo de conscientização ecológica pelo UNIFAVIP
Consecutivamente, e tendo como embasamento a discussão travada anteriormente, levantou-se
no grupo focal a possibilidade ou não de influência dessas ações nas práticas cotidianas dos
participantes. Questionou-se se as ações vislumbradas e relatadas eram suficientes para
desenvolver uma consciência ecológica nos mesmos. As respostas para essa pergunta foram
unânimes, tendo todos os entrevistados respondido de forma negativa.
Essa insuficiência foi relatada diante de dois grupos de pessoas, referenciados pelos
participantes com base no critério de conhecimento e conscientização prévios. Dentro do grupo
genérico de alunos da instituição, pensou-se tanto a partir daqueles que já mantinham o hábito
de preocupação com o meio, incluindo os próprios entrevistados, quanto a partir dos que
desconheciam ou ignoravam a necessidade de um desenvolvimento sustentável e do fomento
de medidas ecologicamente corretas.
64
Embora essa distinção seja importante para entender o contexto de análise das práticas
desenvolvidas pelo UNIFAVIP, nota-se que, em ambos os casos, os participantes apontaram
não serem aquelas suficientes para a consolidação de uma consciência ecológica, ainda que por
motivos distintos.
Para fins didáticos, pensemos na seguinte realidade, elaborada com base nos pontos trazidos no
grupo focal: 1) O grupo A, composto por alunos que já efetivam práticas sustentáveis básicas
em seu cotidiano, adentram no ambiente institucional com essas práticas consolidadas na
formação cultural e axiológica previamente moldada, encontrando meios não desconhecidos de
continuidade em um novo cenário; e 2) O grupo B, composto por alunos que não mantém
qualquer contato com as noções de Sustentabilidade, ou, se mantém, que agem de encontro a
elas por não crerem serem necessárias ou não trazerem benefícios próprios. Ao serem inseridos
no ambiente institucional, encontram pequenas medidas ecologicamente pensadas, que ou serão
ignoradas, ou serão capazes de modificar o pensamento predominante através de uma mudança
de natureza cultural.
Nesses dois casos, os entrevistados apresentaram empecilhos não resolvidos pela instituição.
Na primeira, podemos apontar como fator principal para essa incapacidade o nível de
complexidade que as medidas adotadas pela instituição possuem, conforme apontado por
Pedro: “são ações muito básicas, que a gente já conhece: coleta seletiva de lixo, a questão do
copo, como foi bem frisada [...]. Então, para mim, não é suficiente, porque são ações que já
conheço, que já pratico”.
De igual forma, Ana concordou que
As ações atuais da instituição não acrescentam em nada naquilo que a gente já faz,
mas se a instituição se dispor a fazer campanhas, a instar discussões de como
podemos melhorar inúmeras coisas em casa, acredito que sim, a gente possa
melhorar. Agora hoje, atualmente, a forma de Sustentabilidade que o UNIFAVIP
disponibiliza, não.(grifos nossos) (modificado)
Mais uma vez, a necessidade de um cronograma administrativo que envolva a promoção de
campanhas de esclarecimento e de momentos de discussão acerca das práticas já implementadas
e daquelas a serem postas em prática dentro e fora do campus se mostra clara, assim como de
um canal de marketing interno que não contemple questões de natureza ecológico, conforme
opinou o entrevistado Roberto:
65
Marketing significa troca. Vou fazer um artigo com relação a isso, o marketing direto
e indireto, entre uma organização e seu cliente. Eu sou cliente da instituição, e nós
devemos manter uma interatividade, não direta – porque é quase impossível -, mas
indireta, através de plataformas digitais, mídias sociais, cartazes por aí espalhados
[...] A instituição tem muito mais visão do seu marketing próprio, e não há troca de
informação voltada para a questão ecológica, a questão do ambiente. Então, essas
ações são suficientes atualmente na faculdade? Não são.[...]Eu preciso, como
cliente, manter uma comunicação indireta com a instituição, para que o meu
conhecimento possa melhorar. Eu vejo direto nas redes sociais a publicação de tantas
outras coisas da instituição, mas a questão ecológica, não.(grifos nossos)
Quando nos voltamos ao outro grupo, formado pelos estudantes que desconhecem ou ignoram
a questão Sustentável, a possibilidade de desenvolvimento de uma consciência ecológica é
ainda mais inviabilizada. Para que isso seja possível, os espaços onde as relações sociais são
travadas, incluindo-se a Academia enquanto instituição com valor inigualável dentro das
propostas da educação ambiental, devem servir de cenário para a produção e difusão de
conhecimentos transdisciplinares no campo ecológico, bem como para a formação de uma
cultura ético-filosófica que reconheça os valores sustentáveis enquanto valores de formação
humana, democrática e cidadã (REIGOTA, 2007).
Ora, se as ações relatadas se mostram insuficientes perante agentes sociais que já conhecem
desses valores, não é inesperada uma mesma resposta negativa quando especificamos aqueles
que não detêm, ainda, desse conhecimento.
A importância que a educação e as instituições de ensino adquirem nesta tarefa de
conscientização fica clara na fala de Renata, a qual utiliza de um exemplo familiar para
demonstrar essa potencialidade:
Há duas instituições que trabalham na vida do ser humano com a conscientização
muito forte: a primeira, que é a família, e a segunda instituição que a gente passa a
maior parte do tempo da gente, é a escola, que hoje, a gente já numa idade mais
avançada, é a instituição da faculdade. Eu tenho um filho que estuda numa
determinada escola aqui e, desde as primeiras séries, já avisavam a questão da
garrafinha, do copo. Hoje o meu menino tem 15 anos e, pra onde ele vai, ele tem
várias garrafinhas [...], mas o colégio dele já vinha trabalhando questão de
alimentação, questão da garrafa, questão de roupa, questão de várias questões de
Sustentabilidade. Lá na escola que ele estuda é muito forte isso, coisa que aqui a
gente não vê esse trabalho forte da instituição, que de no mínimo 2 a 4 anos que cada
ser humano passa aqui dentro, fazendo algum curso, tecnólogo ou uma graduação,
com certeza a gente adotaria sim.(Modificado)
Para além do critério de proposta educacional ecológica, que já representa um motivo mais que
suficiente para se promover uma modificação na forma como o sistema administrativo se
66
pauta6, questões formais também são prejudicadas com a manutenção deste sistema
reducionista de gestão ambiental que se demonstrou atualmente existir. Destacamos a
dificuldade em se adquirir uma certificação ambiental, nos moldes da ISO 14001 nestes moldes.
Podemos destacar, dentre os vários requisitos relativos a um SGA, a adoção de uma política
ambiental que seja apropriada à natureza e aos impactos ambientais causados pela sua atividade
produtiva, que se paute em um estado de melhoria contínua, que atenda aos requisitos legais
cabíveis, que seja devidamente documentada e implementada, que seja difundida a todos que
trabalhem na organização e a todo o seu público (ABNT, 2004).
Com vistas a aferir o posicionamento dos alunos quanto a esse aspecto, questionamos aos
participantes do grupo focal se, nas circunstâncias atuais, o UNIFAVIP detém de indicadores
suficientes para pleitear uma certificação ambiental nos parâmetros apregoados por esta norma.
A resposta foi igualmente unânime entre os entrevistados: todos afirmaram não ser possível,
atualmente, que a instituição pleiteia tal certificação. No entanto, trouxeram uma possibilidade
futura para tanto, condicionada às mudanças na forma de pensar a Sustentabilidade
internamente, tendo, nos dizeres de Roberto, “todas as ferramentas necessárias”:
Ela tem a educação, ela tem um bom departamento de marketing e de mídias
sociais, [...].Então, ela pode utilizar os meios que ela tem para conseguir isso.
Eu acredito que em pouco tempo isso possa ser revertido, porque a imagem
que ela tem fora é muito forte. Ela pode induzir internamente. Então, isso é
possível.
O curto prazo apontado é justificado a partir das mudanças já provocadas com a implementação
de ações mais complexas nesta IES. Uma das entrevistadas, Renata, retoma a aplicação do
Regime 5S nos setores administrativos – com a qual ela colaborou enquanto atividade curricular
– para apontar mudanças significativas na forma como os profissionais realizavam as suas
atividades anteriormente:
Ela precisaria trabalhar muito ainda para conseguir uma ISO, a começar
pelos próprios colaboradores internos da instituição, porque veja: [...]
quando a gente aplicou o 5S nos setores, a gente teve vários relatos, inclusive
das pessoas do marketing, que tinha pessoas que tinha na mesa delas mais de
10 canetas, que disseram que, pra cada tipo de assinatura, era uma caneta
diferente [...]. Tinham 5, 8 copos em cima de uma mesa, que deu susto a mesa
quando viu. Então, depois que a gente aplicou o 5S, eles mesmos disseram que
6Alguns dos entrevistados expressaram, em determinados momentos, que o corpo discente da instituição detém
um certo conhecimento no tocante à Sustentabilidade. Os pontos de melhoramento apontados dizem respeito, em
sua maioria, a eixos de competência do setor administrativo, não excluindo a responsabilidade dos professores e
dos demais profissionais em auxiliar neste processo de divulgação das ações implementadas e de formação
consciente.
67
levaram para casa o que aprenderam com o 5S, e levaram para sua vida
pessoal. Depois que a gente passava nos setores, fazendo auditoria, a gente
tinha orgulho da mudança que viu nos setores. Então, a própria coordenação,
o reitor da época, até parabenizou a ação, porque viu resultados também em
relação aos setores, em termos de organização e economia de material [...]
(modificado).
Essa possibilidade deixa em aberto o dever institucional de pensar mudanças a serem
introduzidas para possibilitar o fortalecimento de um SGA que faça valer as propostas e os
objetivos inerentes a este modelo. A principal questão é adotar uma ótica extensiva acerca da
Sustentabilidade e dos caminhos apropriados para vencer com um conceito meramente
lucrativo de mercado. Enquanto Instituição de Ensino Superior, a obrigação de dialogar com os
alunos para além de uma relação empresa-consumidores é inquestionável, dada a posição que
a formação de uma consciência crítica assume no debate da educação ambiental. Como um
todo, não nos restam apenas pessimismos; se pensar Sustentabilidade é ir além do presente,
aprendendo com o passado e pensando em estratégias para o futuro, todos nós, docentes,
discentes, governo e sociedade, cremos estar no caminho certo.
68
5 CONCLUSÕES
Estando inserido durante muito tempo no quadro de discentes atuantes no Centro Universitário
do Vale do Ipojuca, Instituição de Ensino Superior localizada no município de Caruaru, no
Agreste Pernambucano, e empresa membro do Grupo DeVry Brasil de ensino, o presente
pesquisador sempre se viu diante de disciplinas que contemplavam o debate ambiental de forma
aplicada à gestão empresarial e às organizações lucrativas. A proximidade temática aprofundou
uma preocupação já anteriormente existente para com a relação entre os agentes sociais e o
meio ambiente, em suas mais diversas nuances e perspectivas.
A necessidade de se pensar estratégias para pôr em prática este debate dentro da instituição ao
qual se encontrava vinculado fez surgir a ideia proposta para este trabalho, pensada a partir da
colaboração direta dos alunos. Uma vez que estes vivenciam em outro polo as decisões, ações
e projetos oriundos do corpo administrativo da instituição, a sua participação nos resultados
desta pesquisa remete ao caráter mais prático da realidade vivenciada no cenário de referência.
No primeiro referencial teórico, realizou-se uma exposição de todo o contexto histórico que
culminou no conceito de Sustentabilidade que utilizamos como referência hoje, em grande parte
resultado do aprofundamento dos problemas climáticos e de natureza ecológica surgidos a partir
do desenvolvimento desenfreado do sistema capitalista e da lógica de lucro do mercado. Nesse
sentido, apontou-se a relevância que as Instituições de Ensino, desde as de ensino básico às de
ensino superior, alcançam enquanto instrumento de mudanças das práticas sociais, através da
chamada educação ambiental.
No entanto, a inserção de disciplinas deste grupo nas grades curriculares e nas atividades
pedagógicas não deve vir de forma isolada. No segundo referencial teórico, traçamos os
benefícios de se adotar um Sistema de Gestão Ambiental, ou SGA, no âmbito das organizações,
inclusive daquelas voltadas à oferta de planos de ensino. A ISO 14001, norma elaborada pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas, é referência neste campo, traçando parâmetros e
determinando requisitos para a implementação de um SGA eficiente, reconhecido através de
um modelo de certificação ambiental. A norma traz um dos SGAs mais adotado em todo o
mundo e tem por escopo a definição de requisitos abertos, ou seja, sem a especificação de ações
a serem executadas, programáticos, necessários à efetiva implementação.
As empresas certificadas de acordo com a ISO 14001 atingem um estágio de desenvolvimento
sustentável que vai além da adoção de ações isoladas e limitadas a pequenas mudanças
69
cotidianas, não descartando a importância destas, uma vez que são essenciais no processo de
educação cultural, mas afirmando que devem ser pensadas dentro de um processo mais
complexo.
No terceiro referencial teórico, aprofundamos a discussão e trouxemos à tona o conceito de
responsabilidade social das empresas, sintetizado pela busca na melhoria da qualidade de vida
dos agentes contidos no polo receptor da atividade empresarial, com a adoção de valores
compatíveis com os fins e objetivos pretendidos pela sociedade na qual a empresa se encontra
inserida. Dentro das IES, adotamos enquanto medida de responsabilidade social os Indicadores
Ethos e especificamos aqueles que tratam especificamente do meio ambiente, voltados à
formalização de uma educação ambiental no plano político-pedagógico de ensino adotado por
essas instituições.
Por sua vez, no quarto e quinto referencial teórico, trouxemos uma normativa e política da
educação ambiental no Brasil, contemplando temas como a Política Nacional de Educação
Ambiental e os princípios constitucionais basilares do ordenamento jurídico brasileiro que
fundamentam essa preocupação com o meio ambiente.
Por fim, no último referencial teórico, afunilamos o debate no locus escolhido para a presente
pesquisa, qual seja o Centro Universitário do Vale do Ipojuca, trazendo informações
importantes e introduzindo o que, posteriormente, veio a ser debatido nos resultados.
Para a consecução do objetivo, optados por uma metodologia baseada na técnica de coleta de
dados conhecida por grupo focal, escolha justificada a partir da proposta metodológica que esta
detém: analisar a interação entre os participantes e identificar as semelhanças nas diversas falas
proferidas durante o debate. A interação entre os sujeitos escolhidos se mostrou satisfatória, o
que resultou na quantidade considerável de dados obtidos. Por sua vez, estes foram analisados
sob os parâmetros da análise de conteúdo, sendo que, para se chegar ao objetivo proposto pelo
autor, o percurso metodológico desenvolvido contou com a adoção de múltiplas técnicas de
coleta de dados (pesquisa documental, observação, entrevista individual, grupo focal), através
da construção de categorias de análise que determinaram a realização de um estudo criterioso
para com os detalhes.
Os participantes do grupo focal foram todos selecionados dentro do quadro de matriculados nos
cursos de Gestão, em razão de possuírem, na grade curricular, disciplinas que debate a educação
ambiental a partir de conteúdos formais pré-determinados, bem como do interesse demonstrado,
70
ao longo do período de convivência com este pesquisador em sala de aula, aos assuntos
intrínsecos à pauta ecológica.
No tocante à dimensão técnica, percebeu-se que os entrevistados detêm familiaridade com o
tema pesquisado, que fazem questão de discutirem de forma dinâmica, contribuindo para o
estudo científico, o interesse dos pesquisados pela sustentabilidade chamou a atenção do
pesquisador.
Referente a dimensão ética e política, os alunos demonstraram ter consciência da importância
de praticas sustentáveis no ambiente acadêmico, local de encontro de vários saberes e de
pesquisa.
Os resultados aferidos a partir do grupo focal apontaram para uma inquietação comum perante
a forma como o UNIFAVIP pensa Sustentabilidade, onde foi possível verificar uma coerência
entre o que fora verbalizado pelos entrevistados (grupo focal), e a realidade como se apresenta
as práticas ambientais desenvolvidas naquela instituição privada de ensino superior, verificadas
através das observações, realidade materializada nas ações e nos projetos vislumbrados pelos
alunos na vivência cotidiana no campus considerada reducionista e baseada em ações básicas e
tímidas. Em comunhão à falta de preocupação institucional em promover projetos de
conscientização e em desenvolver estratégias de marketing que divulguem tais medidas, que
demonstrou que os alunos não são favorecidos com um processo de formação cognitiva e
axiológica que trabalhe a perspectiva sustentável, sendo insuficientes pelo menos no momento
para pleitear uma certificação ambiental.
Os entrevistados declararam que existe uma má utilização das mídias de propaganda no tocante
a divulgação de noções de sustentabilidade, onde a realidade interna das empresas não são
transparecidas para o consumidor, que a variedade de elementos de marketing divulgados como
sendo referências no desenvolvimento sustentável, quando ações sustentáveis não são
notadamente postas em práticas no cotidiano empresarial, que em relação a UNIFAVIP,
conseguiam ver determinadas práticas sustentáveis, mas, aquém ao necessário, principalmente
para uma instituição de ensino superior.
Assim, o posicionamento omissivo do UNIFAVIP acaba gerando três consequências lógicas:
1) A quantidade de alunos que tomam conhecimento das práticas sustentáveis existentes acaba
sendo pequena, condicionada ao nível de envolvimento com as questões institucionais,
característica que geralmente não é realidade dentro do corpo discente da instituição; 2) Uma
71
formação pautada nos preceitos da educação ambiental é totalmente inviabilizada, uma vez que
esta prevê uma mudanças de natureza comportamental e cultura; e 3) A instituição acaba
transmitindo, através de um marketing externo, uma imagem que destoa da realidade vivenciada
pelos alunos.
A possibilidade de uma conscientização ecológica oriunda das ações desenvolvidas pelo
UNIFAVIP, conforme apontado nas respostas proferidas durante o focus group, se encontra
atualmente condicionada a alguns fatores, entre eles a adoção de projetos mais complexos de
natureza sustentável, a divulgação mais comprometida dessas ações e a responsabilidade
institucional para com uma educação sustentável efetiva.
Ademais, a falta de um cronograma administrativo que envolva a promoção de campanhas de
esclarecimento e de momentos de discussão acerca das práticas já implementadas e daquelas a
serem postas em prática dentro e fora do campus se mostra clara, assim como de um canal de
marketing interno eficaz que contemple questões de natureza ecológico, que possibilite o
conhecimento das práticas ambientais adotadas pela instituição pelos discentes.
Pensar que esses resultados vão além dos posicionamentos adotados pelos oito sujeitos
colaboradores da pesquisa, tudo indica que acaba afetando os aproximadamente 6 mil alunos
que atualmente compõem o quadro de alunos matriculados no Centro Universitário do Vale do
Ipojuca fundamenta o caráter de necessidade atribuído aos pontos apresentados neste trabalho.
5.1 Sugestões para a Instituição
Os alunos que participaram da pesquisa sentem falta de um envolvimento maior da UNIFAVIP
com o tema sustentabilidade e por consequência uma divulgação eficaz por parte do marketing
daquela instituição, com o propósito de engajamento dos setores da diretoria, administrativo,
comercial, financeiro, recursos humanos, manutenção, discentes, docentes e demais
colaboradores, que proporcione uma consciência ecológica a fim de tornar perceptível as ações
e práticas desenvolvidas na UNIFAVIP, tornando-a apta a pleitear uma certificação ambiental,
apesar de reconhecerem que a instituição tem condições de futuramente pleitear o
reconhecimento de uma organização sustentável.
Os entrevistados apontaram que, as ações implementadas pela UNIFAVIP com maior
planejamento e consideradas mais complexas em relação aquelas de fácil implementação, foram
poucas percebidas pelos membros do grupo, apenas uma entrevistada declinou ter
72
conhecimento de coleta e distribuição de alimentos, de reciclagem de papeis e de
implementação do programa 5S, de origem japonesa pautados no senso de utilização, de
organização, limpeza, saúde e autodisciplina, o que se faz demonstrar que há uma tendência a
não reconhecer as práticas ambientais que não são divulgadas eficientemente pelo marketing
na instituição, pondo em risco aquela desenvolvida na UNIFAVIP pela ONG ASPROMA.
A adoção das ações por parte da UNIFAVIP de maior proximidade dos alunos, aquelas
entendidas de menos complexidade, são mais facilmente notadas, conforme indicação dos
entrevistados, que apontaram como exemplos, lixeiras inteligentes para coleta seletiva, de
secadores de mãos elétricos, e de avisos de uso consciente da água, da energia, de copos
descartáveis etc. Essas medidas, alinha-se ao propósito da instituição, que é de se apresentar
como uma organização de responsabilidade socioambiental, possibilitando que esta instituição
possa atingir seus objetivos de educação ambiental.
Como ações a serem desenvolvidas no âmbito institucional, sugere-se inicialmente a criação
de um departamento de SGA com ações sustentáveis efetivas e com ampla divulgação, com
envolvimento dos diversos setores da instituição, inclusive com pequenos grupos de discussão
com o tema sustentabilidade, acerca das necessidades percebidas pelos discentes e docentes de
várias áreas, para que a heterogeneidade do grupo enriqueça os debates.
Seria interessante que os discentes contassem com o apoio da tecnologia, inclusive com
informações no portal acadêmico, para conhecimento das ações e práticas desenvolvidas no
campus da UNIFAVIP, promovendo uma interatividade entre esses discentes e a instituição.
5.2 Sugestões para estudos futuros
Replicar esta pesquisa para averiguar se esse sentimento ou essa inquietude passada pelos
discentes são de igual forma percebidas pelos docentes.
Investigar quais são possíveis outros fatores que dificultam o reconhecimento da UNIFAVIP
como uma instituição de práticas ambientais sustentáveis, que possibilitem a pleitear uma
certificação ambiental.
73
A possibilidade de um estudo futuro, a fim de, analisar a percepção do consumidor em relação
a UNIFAVIP se apresentar como uma instituição sustentável, com a possibilidade de obter a
certificação ambiental, sendo escolhidos como sujeitos da pesquisa, um percentual dos
candidatos as vagas dos cursos ofertados pela instituição.
74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACSERALD, H.; LEROY, J-P. Novas premissas da sustentabilidade democrática. Rio de
Janeiro: FASE, 1999.
ADACHI, T.; HIRAKI, Y.; YAMAMOTO, K.; TAKAHASHI, Y.; FUKUNISHI, H.; HSU,
R-R.; SU, H-T.; CHEN, A. B.; MENDE, S. B.; FREY, H. U.; LEE, L. C. Electric fields and
electron energies in sprites and temporal evolutions of lightning change moment
measurements. Journal of Physcs, v. 41, n. 23, 2008.
ALBERTO, J. L. M.; BALZAN, N. C. Avaliação de projeto político-pedagógico pelos
funcionários: espaço e representatividade. Avaliação, v. 13, n. 3, p. 745-770, 2008.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO 14001. Sistemas da gestão
ambiental: requisitos com orientações de uso. 2 ed. 2004.
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2
ed.São Paulo: Saraiva, 2007.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
BARONI, M. Ambiguidade e deficiências do conceito de desenvolvimento
sustentável. Revista de Administração de Empresas, v. 32, n. 2, 1992, p. 14-24.
BEST, M.; THAPA, B. Motives, facilitators and constraints of environmental management in
the Caribbean accommodations sector. Journal of Cleaner Production, v. 52, 2013, p. 165-
175.
BOCCI, S. C. M.; JULIANI, C. M. C. M.; SPIRI, W. C. Métodos qualitativos de
pesquisa: uma tentativa de desmistificar a sua compreensão. Botucatu: FMB-UNESP,
2008.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da
República, 1988.
______. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Brasília: Presidência da República, 1999.
______. Programa Nacional de Educação Ambiental; Ministério do Meio Ambiente, Diretoria
de Educação Ambiental. Coordenação de Educação Ambiental. 3 ed. Brasília: Ministério do
Meio Ambiente, 2005.
CALOMARDE, J. V. Marketing Ecologico. Madrid: Piramide y ESIC Editorial, 2000.
CANEPA, C. Cidades Sustentáveis: o município como lócus da sustentabilidade. São Paulo:
Editora RCS, 2007.
CARLOMAGNO, M. C.; ROCHA, L. C. da. Como criar e classificar categorias para fazer
análise de conteúdo: uma questão metodológica. Revista Eletrônica de Ciência Política, v.
7, n. 1, 2016, p. 173-188.
75
CAVALCANTI, C. (org.). Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade
sustentável. Recife:INPSO/FUNDAJ, Instituto de Pesquisas Sociais, Fundação Joaquim
Nabuco, Ministério de Educação, Governo Federal, 1994, 262 p.
COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso
futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1991.
CURI, D. (org.). Gestão ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.
CUSTÓDIO, A. L.; MOYA, R. (coord.). Indicadores Ethos de Responsabilidade Social.
São Paulo: Instituto Ethos, 2007.
D’ANGELO, A. C. A Ética no Marketing. Revista de Administração Contemporânea, vol.
7, n. 4, Curitiba, 2003, p. 55-75.
CURI, D. (org). Gestão ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.
DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1992.
DIEGUES, A. C. S. Desenvolvimento sustentável ou sociedades sustentáveis: da crítica do
modelo aos novos paradigmas. São Paulo em Perspectiva, v. 6, n, 1, 1992.
DIAS, G. F. Sustentabilidade: Origem e Fundamentos, Educação e Governança Global,
Modelo de Desenvolvimento. São Paulo: Atlas, 2015.
DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas,
2011.
DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. São Paulo: Atlas, 2014.
ELKINGTON, J. Towards the sustainable corporation: Win-win-win business strategies for
sustainable development. California Management Review, v. 36, n. 2, p. 90-100, 1994.
ENGELMAN, R.; GUISSO, R. M.; FRACASSO, E. D. Ações de gestão ambiental nas
Instituições de Ensino Superior: o que tem sido feito. Revista de Gestão Social e Ambiental,
v. 3, n. 1, p. 22-33, jan./abr. 2009.
ESPINOSA, H. R. M. Desenvolvimento e meio ambiente sob nova ótica. Ambiente, v. 7, n.
1, 1993.
ETHOS. Instituto Ethos de Responsabilidade Social Empresarial. Indicadores Ethos de
Responsabilidade Social. São Paulo: Instituto Ethos, 2007.
GADOTTI, Moacir. Educação popular, educação social, educação comunitária: conceitos
e práticas diversas, cimentadas por uma causa comum. In: CONGRESSO
INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SOCIAL, 4., 2012, São Paulo. Disponível em:
<http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC00000000920120
00200013&lng=en&nrm=abn>. Acesso em: 21 de outubro de 2017.
GIACOMINI FILHO, G. Meio Ambiente e Consumismo. São Paulo: Senac, 2008.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
76
GUIMARÃES, P. C. V.; DEMAJOROVIC, J.; OLIVEIRA, R. G. de. Estratégias empresariais
e instrumentos econômicos de gestão ambiental. Revista de Administração de Empresas, v.
35, n. 5. São Paulo: 1995, p. 72-82.
HERCULANO, S. C. Do desenvolvimento (in) sustentável à sociedade feliz. In: VIOLA, E.
et al. Ecologia, ciência e política: participação social, interesses em jogo e luta de ideias no
movimento ecológico. Rio de Janeiro: Devan, 1992, p. 9-45.
JANIS, I. L. O problema da validação da análise de conteúdo. In: LASSWELL, H.;
KAPLAN, A. A linguagem da política. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1949.
KUZU, O. H.; GÖKBEL, H.; GÜLES, H. K. Developing Sustainable Relations with Internal
and External Stakeholders in Universities: Vision and Mission Views. Procedia –
Social and Behavioral Sciences, v. 103, n. 26, 2013, p. 281-289.
KRUEGER, R. A. Focus group: a practical guide for applied research. 2 ed. Thousand
Oaks: Sage Publications, 1994.
KRUSE, L. Envolving the Concept of Sustainability. In: CONFERENCE OF THE
INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR PEOPLE-ENVIRONMENT STUDIES, 14, 1997,
Stockholm. Proceedings… Estocolmo: Royal Institute of Technology (KTH),
The Departament of Architecture and Townplanning, 1997, v. 1, p. 10-12.
LADEIRA, W. J.; SANTINI, F. O.; ARAÚJO, C. F. Práticas sustentáveis nas Instituições de
Ensino Superior: uma proposta de taxonomia baseada na percepção ambiental dos alunos do
curso de administração. Administração: Ensino e Pesquisa, v. 13, n. 4, p. 735-761, 2012.
LIMA, G. da C. O discurso da sustentabilidade e suas implicações para a educação.
Ambiente & Sociedade, v. VI, n. 2, jul./dez. 2003.
LOSANO, R. Incorporation and institutionalization of SD into universities: breaking through
barriers to change. Journal of Cleaner Production, v. 14, n. 9-11, 2006, p. 787-796.
LOUREIRO, C. F. B. Educação ambiental no licenciamento: uma análise crítica de suas
contradições e potencialidades. Sinais Sociais, Rio de Janeiro, v. 5, n. 14, set./dez. 2010.
MACHADO, A. G. C.; OLIVEIRA, R. L. de. Gestão ambiental corporativa. In:
ALBUQUERQUE, J. de L. (org.). Gestão ambiental e responsabilidade social. São Paulo:
Atlas, 2009, p. 93-112.
MACIEL, K. de F. O pensamento de Paulo Freire na trajetória da educação
popular. Educação em Perspectiva, Viçosa, v. 2, n. 2, p. 326-344, jul./dez. 201.
MAKOWER, J. Beyond the bottom line: putting social responsibility to work for your
business and the world. New York: Simon & Schuster, 1994.
MALHEIROS, B. T. Metodologia da pesquisa em educação. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC,
2011.
MAYOR, F. Preparar um futuro viável: ensino superior e desenvolvimento sustentável.
In: Conferência mundial sobre o ensino superior. Tendências de educação superior para o
século XXI. Anais da Conferência Mundial do Ensino Superior. Paris: 1998.
77
MEDINA, N. M. A formação dos professores em Educação Ambiental. In: Panorama da
educação ambiental no ensino fundamental / Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília: MEC; SEF, 2001, p. 17-24. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/panorama.pdf>. Acesso em:
29/05/2018.
MELLO, S. S. de; TRAJBER, R. Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação
ambiental na escola. Brasília: Ministério da Educação, Coordenação Geral de Educação
Ambiental: Ministério do Meio Ambiente, Departamento de Educação Ambiental: UNESCO,
2007.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação
Presencial e à Distância. Brasília: 2016.
MORAES FILHO, R. A. de. Sociedade e Meio Ambiente. In: ALBUQUERQUE, J. de L.
(org.). Gestão Ambiental e Responsabilidade Social: conceitos, ferramentas, aplicações.
São Paulo: Atlas, 2009.
MOREIRA, M. S. Estratégia e implementação do sistema de gestão ambiental. Minas
Gerais: Falconi, 2013.
MINAYO, M. C. de S. Saúde e ambiente no processo de desenvolvimento. Ciência & Saúde
Coletiva, v. 3, n. 2, 1998.
NETO, P. G. S. N.; ALCÂNTARA, R. L. Ferramentas de Sustentabilidade em Edificações.
Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, Santa Maria, v. 19, n. 3,
p. 505-528, set./dez. 2015
NILSSON, W. R. Services instead of products: experiences from energy markets – examples
from Sweden. In: MEYER-KRAHMER, F. (Ed.). Innovation and sustainable development:
lessons for innovation polices. Heidelberg: Physica-Verlag, 1998.
NOVICKI, V.; SOUZA, D. B. de. Políticas públicas de educação ambiental e a atuação dos
Conselhos de Meio ambiente no Brasil: perspectivas e desafios. Ensaio: Avaliação e
Políticas Públicas em Educação, v. 18, n. 19. Rio de Janeiro: 2010, p. 711-736.
OLIVEIRA, M; FREITAS, H. Focus group: instrumentalizando o seu planejamento. In:
SILVA, A. B. da; GODOI, C. K.; BANDEIRA-DE-MELLO, R. (orgs). Pesquisa qualitativa
em estudos organizacionais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
OLIVEIRA, O. J. de; PINHEIRO, C. R. M. S. Implantação de sistemas de gestão ambiental
ISSO 14001: uma contribuição da área de gestão de pessoas. Gestão & Produção, São
Carlos, v. 17, n. 1, p. 51-61, 2010.
PELICIONI, M. C. F. Educação ambiental, qualidade de vida e sustentabilidade. Saúde e
Sociedade, v. 7, n. 2, p. 19-31, 1998.
PEROTTO, E.; CANZIANI, R.; MARCHESI, R.; BUTELLI, P. Environmentalperformance,
indicators and measurement uncertainty in EMS context: a case study.
JournalofCleanerProduction, v. 16, n. 4, p. 517-530, 2008.
78
PONTES, A. S. M.; CARNEIRO, C.; PETRY, D. R.; PILATTI, C. A.; SEHNEM, S.
Sustentabilidade e Educação Superior: análise das ações de sustentabilidade de duas
instituições de ensino superior de Santa Catarina. Revista de Administração da UFSM, v. 8,
p. 84-103, ago. 201.
RATTNER, H. Sustentabilidade – Uma Visão Humanista. Ambiente & Sociedade– Ano II,
nº 5, 1999, p. 233-240.
REIGOTA, M. A. do S. Ciência e Sustentabilidade: a contribuição da educação ambiental.
Revista de Avaliação da Educação Superior, v. 2, n. 2, 2007, p. 219-232.
REIS, Carlos Nelson dos. A responsabilidade social das empresas: o contexto brasileiro em
face da ação consciente ou do modernismo do mercado?. Revista de Economia
Contemporânea, v. 11, n. 2. Rio de Janeiro: 2007, p. 279-305.
RYAN, A.; TILBURY, D.; CORCORAN, P. B.; ABE, O.; NOMURA, K. Sustainability in
higher education in the Asia-Pacific: developments, challenges and prospects. International
Journal of Sustainability in Higher Education, v. 7, n. 2, p. 114-128, 2006.
SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio
ambiente. São Paulo: Studio Nobel: Fundap, 1993.
SADER, E. A ecologia será política ou não será. In: GOLDENBERG, M. (org.). Ecologia,
ciência e política: participação social, interesses em jogo e luta de ideias no movimento
ecológico. Rio de Janeiro: Revan,1992, p. 135-142.
SERPA, D. A. F.; FOURNEAU, L. F. Responsabilidade Social Corporativa: uma
Investigação Sobre a Percepção do Consumidor. Revista de Administração
Contemporânea, v. 11, n. 3, 2007, p. 83-103.
SILVA, A. B.; GODOI, C. K.; BANDEIRA-DE-MELLO, R. (orgs.). Pesquisa qualitativa
em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.
SILVA, J. A. da. Direito ambiental constitucional. São Paulo: Malheiros, 2000.
SILVA, V. A. da; SILVA, A. C. R. da. Responsabilidade Social das Instituições de Ensino
Superior – IES. Revista Cairu. Disponível em:
http://www.cairu.br/revista/arquivos/artigos/RESP_SOCIAL_INST_ENSINO_SUP.pdf>.
Acesso em: 29/05/2018.
SOUZA, M. T. S. de. Rumo à prática empresarial sustentável. Revista de Administração de
Empresas, São Paulo, v. 33, n. 4, p. 40-52, 1993.
STABLEIN, R. Dados em estudos organizacionais. In: CLEGG, S.
R. et al. (Orgs.). Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 2001.
STERLING, S. Higher education, sustainability, and the role of systemic learning. In:
BLAZE CORCORAN, P. B.; WALS, A. E. J. (orgs). Higher Education and the Challenge
of Sustainability: Problematics, Promise and Practice. Dordrecht: Kluwer Academic Press,
2005.
79
TACHIZAWA, T. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa. São Paulo:
Atlas, 2011.
TAUCHEN, J.; BRANDLIN, L. L. A gestão ambiental em instituições de ensino superior:
modelo para implementação em campus universitário. Gestão & Produção, v. 13, n. 3, p.
503-515, 2006.
TINOCO, J. E. P. Contabilidade e gestão ambiental. São Paulo: Atlas, 2004.
TOMEI, P. A responsabilidade social da empresa: análise quantitativa da opinião do
empresariado nacional. Revista de Administração de Empresas, v. 24, n. 4. Rio de Janeiro:
1984, p. 189-202.
VAM DAM, R. Learning for sustainable development: is it possible within the established
higher education structures? In: HOLMBERG, J.; SAMUELSSON, B. (orgs). Drivers and
Barriers for Implementing Sustainable Development in Higher Education. Paris: Unesco,
2006.
VANTI, N. Ambiente de qualidade em uma biblioteca universitária: aplicação do 5S e de um
estilo participativo de administração. Revista Ciência da Informação, v. 28, n. 3, Brasília,
1999, p. 333-339.
VIEBAHN, P. An Environmental Management Model for Universities: from Environmental
Guidelines to Staff Involvement. Journal of Cleaner Production, v. 10, 2002, p. 3-12.
80
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Alguns esclarecimentos:
A participação nesta pesquisa é livre, com a garantia de sigilo de identificação do sujeito
pesquisado, podendo o participante, a qualquer tempo, revogar o consentimento dado, sem qualquer
sanção.
A pesquisa não envolverá nenhum tipo de custo para os participantes, bem como não haverá
qualquer tipo de pagamento ou gratificação financeira pela sua participação.
A participação na pesquisa não ensejará constrangimentos, prejuízos ou riscos à integridade do
participante, por se tratar de um trabalho científico voltado para a melhoria da qualidade do ensino
superior, estando pautado em diálogos, entrevistas e no acompanhamento do cotidiano do aluno dos
cursos de gestão do UNIFAVIP.
Os dados coletados terão uso e destino apenas para os objetivos desta pesquisa. Os resultados da
pesquisa se tornarão públicos, sejam eles favoráveis ou não.
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO DA PESQUISA
Eu, ___________________________________________________________________, RG
__________________, CPF _______________________, abaixo assinado, tendo compreendido
perfeitamente tudo o que me foi informado sobre a minha participação no estudo intitulado
“ANÁLISE DA VISIBILIDADE POR PARTE DOS ALUNOS DOS CURSOS DE GESTÃO NOS
PROCEDIMENTOS E AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE EM UMA INSTITUIÇÃO PRIVADA
DE ENSINO SUPERIOR DO AGRESTE PERNAMBUCANO” e estando consciente dos meus
direitos, das minhas responsabilidades, compreendendo os objetivos do presente estudo, eu
concordo em dele participar e, portanto, DOU O MEU CONSENTIMENTO, SEM QUE PARA
ISSO EU TENHA SIDO FORÇADO OU OBRIGADO.
Local, data, mês e ano: ______________________________________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa: ____________________________________________________
______________________________________
Gilvan Florêncio da Silva
Pesquisador Responsável
Contato: número de telefone do pesquisador
Antecipadamente, lhe agradeço por participar desta pesquisa, que tem como objetivo analisar de que
maneira os alunos do curso de Gestão visualizam ou reconhecem as práticas e ações sustentáveis
desenvolvidas na UNIFAVIP
81
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO
1. Qual é o seu nome e a sua idade?
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
2. Qual seu curso?
_______________________________________________
3. Você já cursou alguma disciplina ligada à Sustentabilidade?
___________________________________________________________
4. Como é que você percebe a Sustentabilidade?
_______________________________________________________________________________
5. Você identifica ações institucionais na UNIFAVIP voltadas para a preservação do meio
ambiente? Em caso positivo, cite quais?
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
6. Existem recomendações/avisos na instituição no sentido de orientar os alunos do uso consciente
da energia, água, copos descartáveis, lixo, entre outros?
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
7. Você costuma seguir essas recomendações, assumindo na sua vida cotidiana atitudes de
consciência ambiental? Em caso positivo, quais?
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
8. Você visualiza na instituição algum planejamento como forma de estabelecer objetivos e
processos necessários para obtenção de uma certificação ambiental? Explique.
_______________________________________________________________________________
9. Na sua opinião, a instituição UNIFAVIP/DeVry é uma empresa com práticas e ações ambientais?
_____________________________________
82
APÊNDICE C – ROTEIRO DO GRUPO FOCAL
1) Apresentação da temática e dos conceitos básicos;
2) Leitura dos objetivos do trabalho;
3) Aplicação do questionário;
4) Leitura das regras para aplicação do grupo focal;
5) Primeiro questionamento: O que é Sustentabilidade para você? As organizações
podem se desenvolver economicamente e, ao mesmo tempo, preservarem o meio
ambiente?;
6) Segundo questionamento: As instituições de ensino superior têm um papel fundamental
nessa questão de Sustentabilidade, principalmente por serem objetos de pesquisa, de
estudos. Vocês conseguem identificar, aqui no UNIFAVIP, algumas ações que possam ser
consideradas sustentáveis?;
7) Terceiro questionamento: Essas ações são suficientes para trazer uma consciência
ecológica para vocês, a ponto de vocês usarem elas no seu cotidiano?;
8) Quarto questionamento: O UNIFAVIP, por conta dessas ações, tem indicadores para
pleitear, futuramente, uma certificação ambiental?
83
APÊNDICE D – REGRAS PARA APLICAÇÃO DO GRUPO FOCAL
Inicialmente quero agradecer a disponibilidade de vocês e o interesse em contribuir com a
minha pesquisa.
O tema central do meu trabalho é analisar de que maneira as práticas e ações sustentáveis
desenvolvidas no UNIFAVIP, tem contribuído na formação de uma consciência ecológica
em seus alunos, que possibilite um sistema de gestão ambiental apto para obtenção de
certificação ambiental.
Regras básicas:
1) Solicito que, por gentileza, mantenham seus celulares desligados durante a sessão.
2) Uma pessoa falará por vez.
3) Cada resposta deverá ter duração média de um minuto, para que todos possam se
pronunciar sobre todos os tópicos propostos.
4) Não deverão ocorrer conversas laterais (a discussão é em grupo)
5) Vamos estabelecer uma ordem para as respostas (seguiremos o sentido horário e a
cada nova pergunta um novo participante começa respondendo)
6) A sessão será gravada e filmada, para posterior transcrição e análise dos dados e
vocês serão identificados com nomes fictícios, garantindo-se assim o anonimato,
conforme descrito no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que vocês
assinaram.
84
APÊNDICE E – AUTORIZAÇÃO DO REITOR RICARDO CÍRIACO