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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV | WYDEN
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL
GLAYDSTON JAMES GOIZ MATEUS
RESHORING AOS ESTADOS UNIDOS E O SIGNIFICADO DO MADE IN USA:
UM ESTUDO DE CASO
RECIFE
2018
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GLAYDSTON JAMES GOIZ MATEUS
RESHORING AOS ESTADOS UNIDOS E O SIGNIFICADO DO MADE IN USA:
UM ESTUDO DE CASO
Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional
em Gestão Empresarial do Centro Universitário
UniFBV|Wyden, como requisito parcial com
vistas à obtenção do título de Mestre em Gestão
Empresarial.
Orientadora: Prof.ª Dr. ª Maria Auxiliadora Diniz de
Sá.
RECIFE
2018
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Catalogação na fonte -
Biblioteca do Centro Universitário UniFBV | Wyden, Recife/PE
M425 Mateus, Glaydston James Goiz.
Reshoring aos Estados Unidos e o significado do Made in
USA: um estudo de caso. / Glaydston James Goiz Mateus.–
Recife : UniFBV | Wyden, 2018.
120 f. : il.
Orientador(a): Maria Auxiliadora Diniz de Sá.
Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Centro
Universitário UniFBV | Wyden.
1. Reshoring. 2. Offshoring. 3. Estados Unidos. 4. Made
in USA. 5. Nearshoring. 6. Outsourcing. I. Título.
DISS 658[18.2]
Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.
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A Deus, pois, me permitiu viver este
momento, trazendo alegria a todos que
contribuíram para a realização deste
trabalho.
A minha esposa e filhas, que me
encorajaram e motivaram todos os dias
para que cumprisse mais uma etapa de
avanço em minha vida.
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AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus por ter me dado saúde, força, inteligência, perseverança para superar
todas as dificuldades e conseguir chegar ao final dessa jornada.
De forma especial a minha esposa Maraisa Amorim Goiz Mateus, pela paciência e
sacrifício durante essa etapa, abdicando de minha presença, corroborando sempre para
um ambiente onde eu pudesse produzir, abrindo mão de si própria em favor deste
objetivo.
As minhas filhas, Júlia Amorim Goiz Mateus e Isabella Amorim Goiz Mateus, por
servirem de inspiração e razão para enfrentar esse desafio acadêmico. Filhas que em todo
tempo abriram mão do tempo com “o papai”, mesmo sem entender, para que eu pudesse
avançar nesse sonho. Obrigado minhas filhas por me darem tanto amor e carinho, me
fortalecendo e encorajando a nunca desistir.
Agradeço a esta minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Maria Auxiliadora Diniz de Sá, pela
paciência, dedicação e ensinamentos que possibilitaram que eu realizasse este trabalho.
Sua dedicação e carinho jamais serão esquecidos, me inspirando a ser um professor de
excelência e ao mesmo tempo me ensinando a lidar com as fragilidades e inseguranças
que surgem no decorrer do caminho. Nunca esquecerei a frase ”confie em mim” e
“acredito em você”.
A esta instituição pelo excelente ambiente oferecido aos seus alunos, ao corpo docente
composto de profissionais qualificados que se dedicaram a nos orientar no caminho da
pesquisa acadêmica, além da direção e a administração, que realizam seu trabalho com
tanto amor e dedicação, trabalhando incansavelmente para que nós, alunos, possamos
contar com um ensino de extrema qualidade. Agradeço a minha mãe Maria de Fátima
Goiz Mateus e minha irmã Rita de Cássia Goiz Mateus Santos e a todos meus familiares
e aos meus amigos que me incentivaram a não desistir.
Em especial aos meus amigos Prof. Dr. Roniere Costa e sua esposa Profa. Dr.ª Ivna Costa,
dois dos principais motivadores para que enfrentasse mais essa etapa em minha vida,
obrigado por acreditar em mim.
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RESUMO
Estuda o fenômeno de reshoring, o retorno de empresas americanas aos Estados Unidos.
Possui objetivo principal de identificar os fatores motivadores para a mudança das
grandes cadeias de suprimento mundial para os Estados Unidos, em um movimento de
volta para casa ou de investimento estrangeiro direto. Analisar suas potencialidades,
ameaças nessa movimentação, assim como estudar o ressurgimento do selo Made in USA
e seu relacionamento com as cadeias de consumo americana. Buscou-se através da
abordagem qualitativa identificar e estudar a manifestação do fenômeno reshoring diante
de procedimentos e comportamentos diversos, não partindo de hipóteses definidas, não
se detendo a procurar subsídios que afirmem ou neguem indicações, buscando através do
estudo de caso, identificar e compreender as experiências vivenciadas. Visto que esse
método de Estudo de Caso, é uma forma de aprofundar no conhecimento de uma unidade
individual. É o mais adequado para responder questionamentos que o pesquisador não
tem muito controle sobre o fenômeno estudado, o estudo de caso traz condições para se
entender a forma e os motivos que levaram a determinadas decisões, por isso a definição
do tema se caracteriza como ponto de partida, definindo qual tipo de experiência vivida
será investigada. Pesquisar as relações entre o fenômeno de reshoring e a volta do Made
in USA trará significância e relevância sobre a compreensão das relações de consumo
como fatores influenciadores e identificação do valor agregado nas decisões corporativa
de mudança de suas instalações. Utilizou-se dados secundários para obtenção das
respostas necessárias para o atendimento ao problema de pesquisa, documentos, relatórios
elaborados por empresas especializadas no fenômeno reshoring e estudo das relações de
consumo, ligadas as mudanças da cadeia de suprimentos, a consideração documental é
uma técnica importante nos trabalhos acadêmicos qualitativos, tanto para finalização de
dados obtidos por outros instrumentos, como explorando novos enfoques de uma
problemática ou assunto, por intermédio da análise de conteúdo.
Palavras-chave: Reshoring. Made in USA. Nearshoring. Supply chain. Offshoring.
Outsourcing.
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ABSTRACT
It studies the phenomenon of reshoring, the return of American companies to the United
States. It has the main objective of identifying the motivating factors for the change of
the great world supply chains to the United States, in a move back home or of foreign
direct investment. Analyze potentialities, threats in this movement, as well as study the
resurgence of the Made in USA label and relationship with the American consumer
chains. It was sought through the qualitative approach to identify and study the
manifestation of the phenomenon reshoring before diverse procedures and behaviors, not
starting from defined hypotheses, not stopping to look for subsidies that affirm or deny
indications. A case study method is a way to deepen the knowledge of an individual
person, problem for responding questions to the researcher not too much control over the
study sample, the study case report the conditions to understanding the extreme effects
and led to simple decisions, so what is the will to investigate. Researching the relationship
between the phenomenon of reshoring and the return of Made in the USA will bring
significance and relevance to the understanding of consumer relations as influencing
factors and identification of added value in corporate decisions to change their facilities.
Secondary data were used to obtain the necessary answers to answer the research
problem, documents, reports elaborated by companies specialized in the phenomenon of
reshoring and study of consumer relations, related to changes in the supply chain,
documentary consideration is an important technique in qualitative academic works, both
for finalizing data obtained by other instruments and exploring new approaches to a
problem or subject, through the analysis of content.
Keywords: Reshoring. Made in USA. Nearshoring. Supply chain. Offshoring.
Outsourcing.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- TIPOS DE OFFSHORING. ................................................................................................... 22 FIGURA 2- ESTRUTURA DECISÓRIA PARA O OFFSHORING, SEGUNDO A ATIVIDADE E
LOCALIDADE ................................................................................................................................. 23 FIGURA 3- MOTIVOS PARA A TERCEIRIZAÇÃO .............................................................................. 26 FIGURA 4- RAZÕES NORTEADORAS DO RESHORING AOS EUA ................................................. 29 FIGURA 5 - FATORES MOTIVADORES DO RESHORING ................................................................. 30 FIGURA 6- RELAÇÃO ENTRE EMPRESAS, MERCADO E CONSUMIDORES AMERICANOS ..... 38 FIGURA 7 - DIMENSÕES DA PESQUISA ............................................................................................. 39 FIGURA 8- ENCENAÇÃO PELO PRESIDENTE DONALD TRUMP ................................................... 53 FIGURA 9- REPRESENTAÇÃO SOBRE A ANTIGA BUROCRACIA AMERICANA ........................ 54 FIGURA 10- CORTE DA FITA QUE REPRESENTOU A BUROCRACIA AMERICANA .................. 54 FIGURA 11- TRUMP CRITICA RELAÇÃO COMERCIAL DOS EUA COM O BRASIL .................... 59 FIGURA 12- LOGOMRCA DA AIRBUS ................................................................................................. 63 FIGURA 13- EMPRESA APPLE .............................................................................................................. 78 FIGURA 14-DADOS EXTRAÍDO SOBRE A EMPRESA GENERAL MOTORS .................................. 79 FIGURA 15- DADOS EXTRAÍDOS SOBRE A EMPRESA BOEING . .................................................. 80 FIGURA 16- DADOS SOBRE A EMPRESA FORD................................................................................ 80 FIGURA 17- DADOS EXTRAÍDOS SOBRE A EMPRESA GENERAL MOTORS. .............................. 81 FIGURA 18-DADOS EXTRAÍDOS SOBRE A EMPRESA DOW. ......................................................... 82 FIGURA 19- DADOS EXTRAÍDOS SOBRE A EMPRESA GENERAL ELETRIC ............................... 83 FIGURA 20- DADOS EXTRAÍDOS SOBRE A EMPRESA WHIRLPOOL ........................................... 84 FIGURA 21- DADOS DA EMPRESA CARTERPILLAR ...................................................................... 84 FIGURA 22- DADOS EXTRAÍDOS SOBRE A EMPRESA POLARIS .................................................. 86 FIGURA 23- DADOS EXTRAÍDOS SOBRE A EMPRESA SOLARCITY ............................................ 87 FIGURA 24- DADOS EXTRAÍDOS SOBRE A EMPRESA MERCK & CO., INC ................................ 87 FIGURA 25- DADOS EXTRAÍDO SOBRE A EMPRESA AMGEN ...................................................... 88 FIGURA 26- DADOS EXTRAÍDOS SOBRE A EMPRESA GENTEX ................................................... 89 FIGURA 27- DADOS EXTRAÍDOS SOBRE A EMPRESA INSULET CORPORATION ..................... 89 FIGURA 28- DISTRIBUIÇÃO DE EMPRESAS NOS EUA .................................................................... 94 FIGURA 29- FALA DE CONSUMIDOR(A) AMERICANO(A) ............................................................. 99 FIGURA 30- FALA DE CONSUMIDOR(A) AMERICANO(A) ........................................................... 100 FIGURA 31- FALA DE CONSUMIDOR(A) AMERICANO(A) ........................................................... 100 FIGURA 32- FALA DE CONSUMIDOR(A) AMERICANO(A) ........................................................... 101 FIGURA 33- FALA DE CONSUMIDOR(A) AMERICANO(A) ........................................................... 101 FIGURA 34- FALA DE CONSUMIDOR(A) AMERICANO(A) ........................................................... 102 FIGURA 35- SELO “MADE IN USA” ................................................................................................... 103 FIGURA 36- SELO “MADE IN USA” ................................................................................................... 103 FIGURA 37- SELO “MADE IN USA” ................................................................................................... 104
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1- ESTUDOS RELACIONADOS AOS TEMAS DE INTERESSE.......................................... 19 TABELA 2- COMPARATIVO ENTRE MOTIVOS AO OFFSHORING OU RESHORING .................. 49 TABELA 3- DADOS AIRBUS .................................................................................................................. 65 TABELA 4- DADOS DA AIRBUS-BOMBARDIER ............................................................................... 67 TABELA 5-FATORES DETERMINANTES PARA REALIZAÇÃO DO RESHORING OU FDI ......... 73
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1- EMPRESAS POR ESTADO AMERICANO ...................................................................... 45
GRÁFICO 2- EMPREGOS GERADOS POR EMPRESAS ...................................................................... 50
GRÁFICO 3- BALANÇA COMERCIAL BRASIL E ESTADOS UNIDOS ............................................ 61
GRÁFICO 4- EMPREGOS GERADOS NOS ÚLTIMOS 4 ANOS .......................................................... 68
GRÁFICO 5- RESHORING + FDI CRIAÇÃO DE EMPREGOS ............................................................ 70
GRÁFICO 6-DISPOSTO DE EMPREGOS POR ESTADO. ........................................................................
GRÁFICO 7- EMPREGOS NA INDÚSTRIA DE 1970 A 2014 ............................................................... 71
GRÁFICO 8-RESHORING X FDI - INVESTIMENTO ESTRANGEIRO DIRETO ............................... 72
GRÁFICO 9- NÚMERO DE EMPREGOS INDÚSTRIAIS NOS ESTADOS UNIDOS. ......................... 75
GRÁFICO 10- RESHORING + FDI POR TIPO DE INDÚSTRIA. .......................................................... 90
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ZEE´s Zonas Econômicas Especiais
JIT Just in Time
FEE Foreign Emergent Economy
DLE Desintegração, localização específica e externação
BCG Boston Consulting Group
ILGWU Sindicato internacional dos trabalhadores de confecção feminina
FTC Federal Trade Commission
FDI Foreign Direct Investiment
GE General Electric
ACC American Chenistry Council
CFPB Departamento de proteção financeira ao consumidor
MDIC Ministério da Indústria e Comércio
ITMS International Manufactoring Tecnology Show
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15
1.1 Objetivos da pesquisa .............................................................................................. 17
1.2 Objetivo geral ........................................................................................................... 18
1.2.1 Objetivos específicos ............................................................................................. 18
1.3 Justificativas da pesquisa ........................................................................................ 18
1.3.1 Justificativas teóricas ............................................................................................. 18
1.3.2 Justificativas práticas ............................................................................................. 19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 20
2.1 Reshoring .................................................................................................................. 20
2.2 Made in USA ............................................................................................................. 33
3 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................... 36
3.1 Caracterização da pesquisa .................................................................................... 36
3.2 Lócus da pesquisa .................................................................................................... 37
3.3 Dimensões da pesquisa ............................................................................................ 39
3.4 Sujeitos da pesquisa ................................................................................................. 39
3.5 Instrumentos de coleta dos dados .......................................................................... 40
3.6 Técnica de análise dos dados ............................................................................. 41
3.7 Limites e limitações da pesquisa ....................................................................... 41
4 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................ 43
4.1 Oportunidades para o reshoring, aos Estados Unidos. ........................................ 43
4.1.1 Oportunidades da indústria automotiva ................................................................. 45
4.1.2 Oportunidades do setor quimico ............................................................................ 46
4.1.3 Incentivos governamentais, manifestações políticas ....................................... 51
4.1.4 FDI-investimentos estrangeiros motivados pelo reshoring. .................................. 61
4.1.5 Oportunidades na geração de empregos ao reshoring. .......................................... 67
4.2 Ameaças ao reshoring .............................................................................................. 90
4.3 O significado do Made in USA para os Estados Unidos. ...................................... 93
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 107
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 112
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1 INTRODUÇÃO
Grandes empresas, em geral, em todo o mundo, sejam elas executoras de obras de
engenharia, fornecimento de serviços especializados, indústrias, produtos e máquinas, por
exemplo, estão cada vez mais em busca da permanência no mercado, de forma
competitiva; para tanto, precisam se manter em constante transformação, buscando
melhores oportunidades, práticas e estratégias.
Dentre essas, destaca-se a prática de produzir, em larga escala, com custo reduzido, por
meio de mão de obra qualificada, incentivos fiscais e diversas possibilidades de
terceirização - outsourcing dos serviços e etapas de produção. Nessa política que
empresas estadunidenses e europeias buscaram implantar suas fábricas e investimentos,
onde pudessem, de forma substancial, aumentar a sua produtividade, com baixo custo
(MIT FORUM, 2012).
As empresas envolvidas nesse processo, que buscaram alternativas para produção de
baixo custo, passaram a migrar, no processo chamado offshoring, que consiste na
transferência de etapas de produção, ou em sua integralidade, para outros países,
principalmente àqueles de economia emergente.
De sua parte, esses países procuraram oferecer vantagens, as mais diversas, como por
exemplo, a China que, no início dos anos 80, criou as Zonas Econômicas Especiais
(ZEEs), destinadas à indústria, localizadas, geralmente, em áreas costeiras, para
viabilizar, tanto a logística, quanto benefícios fiscais, além de outras vantagens, com o
intuito de atrair o capital estrangeiro (NONNENBERG; et al., 2009).
Nesse interesse, ainda, foi criado o programa de “Joint Venture”² que passou a exigir das
empresas que pretendiam se instalar nesses países, parcerias com empresas locais,
transferindo-lhes a tecnologia utilizada na produção. Na visão de Bresser-Pereira (2011)
esse modelo conseguiu atrair muitas empresas, por vários anos, as quais passaram a
oferecer produtos mais baratos e acessíveis, aos seus mercados consumidores.
Sendo assim, os países receptores, em sua maioria aqueles asiáticos, por sua vez, puderam
ver sua realidade socioeconômica mudar de forma crescente: criaram-se oportunidades
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de negócios e parques fabris. No caso da China, especificamente, esse fenômeno foi
responsável pela sua ascensão na economia mundial: da nona posição, à segunda.
Países como Taiwan e Índia, por exemplo, se destacaram, pelos diversos incentivos, tais
como: câmbio desvalorizado, vasta mão de obra barata, poucas garantias trabalhistas,
quase nenhuma restrição ou regulação das condições de trabalho ou jornada diária, boa
infraestrutura logística, impostos resumidos e simplificados, redução da burocracia e de
entraves, incentivos fiscais, dentre outros (GORYNIA; MROCZEK, 2013).
Essa relação perdurou durante vários anos como sendo a mais certa e competitiva das
formas de produzir barato - principalmente, para as empresas estadunidenses, japonesas
e europeias, que vendiam seus produtos e serviços, em suas moedas fortes e valorizadas,
quando produziam em moedas extremamente desvalorizadas (RAMAMURTI, 2012).
No entanto, esse cenário atraente e lucrativo começou a mudar na sua forma e no seu
resultado, desde quando os chineses passaram a dominar a forma de produção e
começaram a confeccionar alguns produtos, similares ou idênticos, de maneira
clandestina, ilegal, apoiados por uma cláusula sobre transferência de tecnologia, sem a
garantia de direitos de propriedade intelectual, que haviam incluído, nesses contratos. A
partir daí essa condição colocou as empresas estrangeiras em posição de desvantagem, as
quais passaram a competir, pelos mesmos clientes, no mercado internacional (BRESSER-
PEREIRA, 2011).
Nesse interim, também foram implantados alguns benefícios, tais como: aumento de
salário e garantias trabalhistas, redução da jornada de trabalho, entre outros, que levaram
empresas estrangeiras a buscar outras estratégias (NONNEMBERG, 2010).
Uma delas foi voltar para os seus países de origem, em um processo reverso, denominado
reshoring. Nesse caso, além de recuperarem condições e capacidade de operação e
competitividade, poderiam, ainda, contribuir para melhorar a economia local, por meio
da produção de bens de consumo que resultaria em riqueza, valores agregados, além do
crescimento do emprego e renda (ELLRAM, 2013).
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De fato, a volta de produtos de fabricação americana, nas prateleiras dos supermercados
e grandes varejistas, passou a ser notada, bem como uma propagação ou impulso
mercadológico, sugerindo uma possível preferência, por parte dos consumidores. Neste
sentido os grandes fabricantes passaram a considerar que a produção doméstica, reduziria
os erros de planejamento, devido à proximidade com o mercado consumidor e um melhor
gerenciamento da cadeia de suprimento, garantindo uma resposta mais rápida às
mudanças e aos clientes (YU et al., 2017).
Assim, com a volta do Made in USA, a estratégia de produção doméstica procurou, desde
então, atender a duas premissas para esse novo movimento das cadeias de suprimento
global: a primeira tentou reduzir os erros de forma a minimizar os riscos de um
planejamento mal sucedido, entre a produção e a entrega - o JIT ou Just in Time, que
procura realizar entregas menores em maior frequência, de maneira a reduzir a falta de
produto, remarcações, investimento em estocagem e armazenamento, taxa de
rotatividade, em contrapartida, aumentar a resposta e o lucro (KUNZ, 2010; SIRKIN et
al., 2011).
Já a segunda premissa, buscou munir consumidores de significância, ao adquirir produtos
de fabricação nacional, reacendendo, assim, o patriotismo americano e a criação de
empregos, no Estados Unidos (FRIEDMAN, 2012).
De fato, com a volta já de alguns dos produtos de fabricação nacional, em suas prateleiras,
vem-se notando que o planejado tem cumprindo seu propósito, pois pesquisas recentes
realizadas pelo Boston Consulting Group e o Reshoring Institute comprovam os valores
agregados ao selo Made in USA.
Diante dessa situação, surgiu o interesse em responder a seguinte questão: quais motivos
têm estimulado o reshoring, aos Estados Unidos e o significado do Made in USA para
eles? Para investigar essa questão, foram estabelecidos os seguintes objetivos, a seguir.
1.1 Objetivos da pesquisa
A seguir, estão apresentados os objetivos que vão conduzir esta pesquisa, tanto o geral,
quanto aqueles específicos.
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1.2 Objetivo geral
Investigar quais motivos têm estimulado o reshoring, aos Estados Unidos e o significado
do Made in USA para eles.
1.2.1 Objetivos específicos
a) Identificar oportunidades para o reshoring, aos Estados Unidos.
b) Identificar ameaças do reshoring, aos Estados Unidos.
c) Investigar o significado do Made in USA para os Estados Unidos.
1.3 Justificativas da pesquisa
Entende-se que a realização desta pesquisa esteja justificada, segundo os aspectos
teóricos e práticos, como se apresentam, a seguir.
1.3.1 Justificativas teóricas
Acredita-se que os fenômenos offshoring e o reshoring vivenciados pelos Estados Unidos
tenham trazido conhecimentos e experiências, tanto para a academia, quanto para
empresas, de um modo em geral. Entretanto, apesar de haver produções científicas
descrevendo-os, atualmente tem surgido um outro aspecto, o Made in USA, que tem
despertado o interesse de pesquisadores.
Nesse propósito, procedeu-se uma busca em periódicos dos Portais SPELL, SCIELO e
EBSCO, para averiguar o que já há publicado e quais as lacunas que ainda se apresentam.
Sendo assim, constatou-se que há vários artigos recentes, que tratam sobre o fenômeno
offshoring, em sua maioria referentes a estudos de casos específicos. Quanto ao fenômeno
reverso, o reshoring, há em quantidade inferior, o que é justificável por ser um fenômeno
relativamente recente.
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Sobre o Made in USA, as Referências tornam-se ainda mais escassas; em geral, todos
esses artigos referem-se a temas que pouco ou nada discorrem a respeito do tema em
pauta; mesmo assim, espera-se que sirvam de base para esta pesquisa.
Tabela 1- Estudos relacionados aos temas de interesse
Temas Quantidade de Referências
Termo Ebsco Scielo Spell Ebsco Scielo Spell
Offshoring 36 95 62 08 04 06
Reshoring 27 32 28 02 03 01
Made in USA 12 16 14 03 04 05
Made in America 18 06 11 03 02 03
Domestic Production 09 11 07 01 00 02
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
1.3.2 Justificativas práticas
Entende-se que um estudo sobre os fenômenos offshoring e o reshoring, ainda, sobre o
Made in USA, venha contribuir para decisões empresariais e governamentais, tais como:
a) Ferramenta para elaboração de políticas de estado, de modo estratégico e
direcionado para atração e permanência de empresas transnacionais, diante do modelo
atual ‘de volta ao país’.
b) Assessoramento a empresários, empreendedores e investidores, no
direcionamento de investimentos atraentes para organizações transnacionais, em acordo
com o mercado consumidor.
c) Desenvolvimento de pesquisas sobre movimento de cadeias de suprimento e
consumo, beneficiando estudiosos sobre esses temas abordados.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A seguir estão apresentados os dois construtos que fazem parte deste trabalho e que vão
apoiar a análise dos dados: reshoring e o significado do Made in USA.
2.1 Reshoring
Nos últimos anos, o fenômeno reshoring tem recebido atenção especial por parte da classe
política dos Estados Unidos. Na última eleição presidencial, esse assunto se tornou um
dos mais debatidos, por causa da desaceleração econômica, aumento da atenção a respeito
da sustentabilidade e maior expectativa de clientes, quanto à flexibilidade e diminuição
de custos. (GALLUP ECONOMY,2018).
O reshoring é entendido como o movimento de transferência de fabricação, de volta ao
país de origem e é resultado do fenômeno offshoring (ELLRAM, 2013).
Por sua vez, o offshoring surgiu a partir do fenômeno do outsourcing que compreende a
dinâmica de algumas empresas, que por meio de seu planejamnto estratégico, identificam
a necessidade de não apenas “comprar ou fazer”, mas fazer em conjunto, movimentando
sua planta fabril por completo, direcionando sua produção e estrutura, para países de
economia emergente. (MANNING, S., MASSINI, S.,; LEWIN, A. Y. ,2008).
Entende-se que as cadeias de suprimento procuram se manter em posições estratégicas de
competitividade, com a finalidade de garantir um legado maior, no nicho de mercado em
que atuam; procuram econtrar pontos de equilibrio entre o que pode ser feito ou comprado
e em que lugar. (ELLRAM, L. M., TATE, W. L., & BILLINGTON, C., 2008).
Em décadas passadas, autores como Coase (1937) e Williamson (1975; 1979) discutiram
a premissa make-or-buy, ou seja, faça ou compre, que sugere uma avaliação sobre fazer
no próprio país ou comprar em outro, ou seja, produzir bens, em sua totalidade ou uma
parte deles, na planta local ou comprar suprimentos de empresas diversas, em outro país.
A partir dessa decisão, inicia-se um processo de planejamento estratégico com a
finalidade de definição sobre qual a melhor forma de produção (BEUGRE; ACAR, 2008).
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Exatamente esse processo de terceirização de serviços ou de mão de obra que é chamado
de outsourcing, que, em sua maioria, tem sido firmado entre países e empresas de
economia emergente (em inglês identificadas pela sigla FEE). Esses, por poderem
proporcionar um custo menor, aos produtores, devido à abrangência de mão de obra mais
barata, captam empresas que queiram terceirizar totalmente ou parte de sua produção ou,
ainda, apenas algumas peças ou parte de um produto, (ELLRAM, L.M., ET AL., 2013A).
Um ponto a ser observado são os motivos que podem impulsionar uma empresa a migrar
sua produção para outro país: para algumas, a decisão pode vir pelo menor preço; para
outras, a qualidade desejada; ainda, o tempo gasto para a entrega. Entretanto, há um
esforço no sentido de reconsiderar se as instalações de fabricação de baixo custo atendem
às configurações de cadeia de suprimentos. Parece que esse é o momento de rediscutir a
decisão de localização de fabricação, por diferentes perspectivas ou pela observação de
outros fatores, que não simplesmente menor custo, como bem afirmam Ellram, Tate e
Petersem (2013).
Ellram (2013) vai mais além nessa análise, quando afirma que o intellisourcing será o
futuro das decisões de localização das fábricas; para ele, as organizações não mais
enfatizarão exclusivamente locais de baixo custo, uma vez que têm relevado a sua
imagem, por meio de uma visão mais equilibrada, transparente e ética, na escolha de onde
produzir.
Apte e Mason (1995) e mais recentemente Roy e Sivakumar (2011) ressaltam outro risco
do outsourcing, que pode, inclusive, afetar um negócio, é o fato do repasse da tecnologia
ou terceirização das operações, para empresas sem valores éticos, que podem se
aproveitar e plagiar o saber fazer; especialmente em países onde a legislação de direitos
autorais empresariais é mais frágil.
Nesse processo, o país que mais favoreceu o outsourcing, nesses últimos anos, foi a
China, que por meio do programa Joint venture, firmou parcerias entre empresas
migradoras e empresários chineses, a fim de trabalhar em conjunto, compartilhando,
sobretudo, tecnologias, dentre outros aspectos, ( ELLRAM, L.M., ET AL., 2013B).
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Oportuno é diferenciar esses dois fenômenos: o outsourcing, trata da geografia ou de uma
decisão estratégica de localização de produção, ou seja, da transferência de uma atividade
fabril, para outra localidade, fora de um país; quanto ao offshoring, refere-se a uma
decisão executiva de propriedade, (TATE, W. L.,2014).
Quanto ao fenômeno offshoring, foi mencionado, pela primeira vez, por Bernstein (2001);
segundo Amoribieta et al. (2001) referindo-se a um processo de gerenciamento e
atividades, negócios e sublocação (terceirização) de serviços fora das fronteiras de um
país (cf. Figura 1).
Figura 1- Tipos de offshoring.
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
O offshoring trás para a empresa um cenário garantidor de permanência no mercado, de
forma competitiva, por meio de acesso a mão de obra de baixo custo, recursos
tecnológicos mais acessíveis, às vezes de difícil acesso ou de elevado custo de aquisição,
nos países de origem do empreendimento, (TATE, W. L.,2014).
Boardman et al. (2008) depois de analisar 173 estudos acadêmicos, realizados nesses
últimos 25 anos, afirmaram ser possível compreender o fenômeno de offshoring, a partir
de dois modelos. Em primeiro lugar, por meio de uma estrutura decisória, foi
desenvolvida no processo de migração das cadeias de suprimento para países diversos
que o seu de origem.
•PRODUÇÃO IN HOUSE
•FORNECEDOR DE SI MESMO
OFFSHORECAPTIVE
•PRODUÇÃO FORNECEDOR
•TERCEIRIZAÇÃO DO SERVIÇO
OFFSHORE OUTSORCING
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Figura 2- Estrutura decisória para o offshoring, segundo a atividade e localidade
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
O segundo modelo trata-se de uma abordagem conceitual teórica, a qual caracteriza o
offshoring como suporte e apoio; nesse caso, a decisão para a mudança da localidade deve
levar em conta a disponibilidade para a execução das tarefas e a redução dos custos, ao
ponto de se constituir em vantagem competitiva, (ELLRAM, L. M., TATE, W.
L.; PETERSEN, K. J,2013).
Para Jensen e Pedersen (2011) o offshoring é a forma de aumentar, de forma geral, a
eficácia de todo o processo, uma maneira de otimizar o meio atual. Dessa forma Buckley
e Casson (1976) diferenciam internacionalização de offshoring, pois o primeiro é um
mecanismo de procura de mercado e o segundo foca na busca de recursos, como forma
de apoio às atuais operações, como opção de melhoria ou otimização da produção atual,
aproveitando vantagens competitivas, em comparação àquelas desfrutadas na localização
atual.
De suas partes, Albertoni et al. (2017) analisam o offshorring dos negócios, sob o foco
de três fatores principais: desintegração, localização específica e externização, que
formam a sigla DLE. Assim, a primeira busca direcionar seu foco para as competências
necessárias e maior flexibilidade, uma vez que a localização específica procura identificar
as vantagens de transferência de localização para outro país e podem ter como pricipais
fatores ou beneces: ingresso em novos mercados; redução de custos e, possibilidade de
acesso a novos recursos ou ativos estratégicos (DUNNING, 1993; 2000).
Tomada de decisão (offshoring)
Qual atividade será offshored
Qual localização se instalarDecisão executiva
(propriedade)
Qual parceiro escolher Controle e coordenação
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Finalmente, a externalização, inclui a decisão sobre fazer ou comprar fora do país, por
meio do outsourcing ou offshoring, levando em consideração argumentos tradicionais
de economia e os custos envolvidos (GRIFFITH, HARMANCIOGLU, DROGE, 2009;
ELLRAM, 2013).
Em termos mais específicos, entende-se a desintegração como a reestruturação das
cadeias de valores, tendo como vantagem a diminuição da complexidade por administrar
iniciativas estrangeiras e ganhar mais flexibilidade organizacional. Aprendendo de forma
mais célere e se adaptar mais rapidamente as mudanças do mercado e sua tecnologia
embarcada, de forma a reduzir os custos e aumentando a eficácia da transparência nas
relações entre as fronteiras (ALBERTONI et al., 2017).
Seguindo esta mesma compreensão, GOORIS; PEETERS (2016) entendem que ações
como a divisão de atividades conjuntas, em módulos menores, de forma a reduzir o acesso
de terceiros à propriedade intelectual, minimiza os riscos de apropriação indébita.
Manning (2013) de sua parte entende que a desintegração da cadeia de valor nas grandes
organizações, permite que a escolha de localização possa ser otimizada, de forma a definir
o local de produção, de cada módulo, de acordo com a vantagem competitiva, seja ela de
ordem geográfica, tecnológica, inovação, dentre outras. Essa estratégia requer, também,
o efeito contrário, isto é, de reintegração, de forma a restabelecer a junção dos módulos e
suas interconexões, recriando a cadeia de valor.
Algumas atividades possuem capacidade para divisão e subdivisão em módulos,
permitindo o offshoring; contudo, algumas delas, aquelas mais complexas podem exigir
mais esforço e custos, o que pode afetar, de forma negativa, os resultados efetivos dessa
operação (MANNING; PEDERSEN, 2013).
Como resultado, certas organizações conseguem obter vantagens competitivas e explorar
benefícios da desintegração, quando se tem em suas operações, atividades totalmente ou
facilmente divididas, em módulos.
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Ao que se refere à localização específica, segundo o modelo DLE, as vantagens estão
ligadas a três principais estratégias, de acordo com Lewin, Massini, Peeters (2009) e
Manning, Massini, Lewin (2008):
I. penetração em novos mercados (marketing seeking): empresas que procuraram estender
suas atividades por meio do offshoring, podem reconsiderar sua localização para atingir
novos mercados ou redirecionar seus clientes para outros locais;
II. competição de preços, tendo elevado controle sobre a eficiência e redução de custos
(eficiência e recursos): empresas que buscaram a redução de custos e o aumento da
eficiência por meio do offshoring, passaram a considerar o reshoring para seu próprio
país, de acordo com a requalificação das condições e do custo de produção, tendo como
aliada a tecnologia; ou para outros países, que pudessem oferecer condições favoráveis a
essa nova migração, de forma a garantir a continuidade do cenário de baixo custo de
produção, só que com fatores determinantes diferentes. Pode-se usar como exemplo
países africanos e países com a economia em desenvolvimento;
III. procura de bens e serviços de ordem inovadora, de forma a diferenciar-se das ofertas
concorrentes (procura de bens), que pudessem decidir pelo reshoring como forma de
aprimorar seus conhecimentos e talentos criados durante o offshore.
Finalmente, quanto à externização e as vantagens, referentes ao processo de reshoring,
identificam-se a redução de custos sinalizados pela economia de escala, tipo de serviço,
especialização de mão de obra e oferta de prestadores de serviços. As relações entre
empresas e seus fornecedores externos, estrangeiros, importam na relação de custos
envolvidos para as transações, ações como: negociação, barganha, contratos,
monitoramento, gestão. Esses podem afetar de forma crucial a movimentação e/ou
intenção de transferência das atividades da organização. As decisões voltadas a externar,
resultam de um balanço positivo entre os benefícios e os custos envolvidos nessa
terceirização. (COASE, 1937; WILLIAMSON, 1971; 1991).
Estudos têm demonstrado que a decisão de terceirizar serviços, se torna mais robusta
quando as relações de custos de transação são baixas, ou seja, quando as atividades a
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serem terceirizadas tem sua volatilidade de mercado estabilizada; menos incertezas,
(ELLRAM, TATE, BILLINGTON, 2008).
Surgem outros fatores importantes na decisão de terceirizar parte das operações para
outros países, esses são também relacionados aos objetivos organizacionais, voltados a
aprimoramentos e melhorias em áreas deficitárias (cf. Figura 3).
Figura 3- Motivos para a terceirização
Fonte: adaptado de Ghodswar, Vaidyanathan, 2008.
De acordo com essa premissa, afere-se que os motivos que levam à terceirização, ou seja,
aqueles que estimulam empresas a sair de seu país de origem (offshoring) podem
contrariamente, afetar as decisões em uma possível intenção de reshoring, conforme
descrito por (TATE E BILLINGTON 2008).
De outra forma, a empresa, ao invés de retornar ao seu país de origem, pode optar pela
continuidade da terceirização (offshorring/outsourcing), migrando as operações
modulares ou completas para essa outra localidade, desde que apresente o mesmo
potencial de continuidade das vantagens, outrora recebidas.
Este tipo de cálculo de custo associado, total, propicia mais possibilidades de realização
de negócios com um determinado fornecedor e região, de acordo com os riscos e
potencialidades, com a obtenção da composição de custo total, levando-se em conta
inúmeras variáveis. (ELLRAM, 1995). Com a composição de um custo total de produção,
permite uma maior clareza propiciando decisões mais precisas, lastreadas em uma
Desempenho operacional
Melhoria
Redução de custos
(Investimento em ativos)
FinanceiroAumento da
fatia do mercado
Receita
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operação mais enxuta e curta, aliada à inovação e mudança de produtos são mais fáceis
de se gerir (GRAYET et al., 2013).
Para as grandes empresas que não fabricam seus produtos e optam pela contratação de
outra empresa, as relações podem ser mais facilmente rompidas e revistas se essas forem
baseadas na terceirização, quando houver uma maior flexibilidade e liberdade para ajustes
na relação, diferentemente das relações contraídas ou constituídas através de subsidiárias,
onde uma empresa compõe parte da outra. (ALBERTONI; ELIA; MASSINI;
PISCITELLO (2017).
A Índia, por exemplo, oferece mão de obra, com custo reduzido que tem atraído empresas
de callcenter. A fluência em inglês e o custo reduzido da mão de obra fez com que
algumas dessas, de origem americana, transferissem suas localidades para esse país,
(ELLRAM, L. M.,2013)
Segundo os autores, Levy, (2005), Kenney, Massini ; Murtha (2009), Lewin, Massini ;
Peeters (2009), a grande maioria das empresas que resolveu fazer a realocação de suas
fábricas para países de salários mais baixos são empresas que têm em comum as
atividades de baixa necessidade de mão de obra qualificada e jornada de trabalho
extensiva.
Lewin e Manning (2008) reconhecem que essas razões são motivos para empresas
realizarem o offshore de suas atividades. Outros autores a exemplo de: Contractor,
Kumar, Kundu ; Pedersen (2010) e Mihalache, Jansen, Van den Bosch ; Volberda (2012),
ainda identificam o offshore como oportunidade para empresas terem acesso à tecnologias
e conhecimento que em seu país são mais escassas.
Entretanto, esse cenário de vantagens ou a ilusão de um paraíso, não se aplicou a todos
os processos e atividades de offshore; algumas empresas enfrentaram problemas, tendo
que modificar o seu planejamento estratégico. Assim, essas experiências mal sucedidas
chamaram a atenção para os riscos envolvidos.
Neste sentido, Mihalache et al. (2012) advertem sobre a possibilidade de empresas se
fragilizarem, quanto a capacidade de competição, em seu mercado de atuação. Algumas
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atividades podem perder sua produtividade ou não ser bem executadas, devido à sua
complexidade ou especificidade, ou até mesmo, à distância entre os polos.
Nessa perspectiva, que Maltz (2012) discute o caminho para futuras pesquisas e
construções, sobre como, por que e onde empresas possam decidir localizar suas
operações de fabricação. Para ele, o avanço do mundo tem sido, literalmente, impactado
pelas cadeias de suprimentos globais; sendo assim, a fabricação se move, se contrai e se
expande.
Nesse caso, essas empresas podem decidir pela continuação dos objetivos firmados,
anteriormente, aqueles que as fizeram optar pelo offshoring, mas também podem preferir
o reshoring, cujos motivos podem ser desde a busca pelo alcance dos seus objetivos
estratégicos (ou mudança dos mesmos) até fatores externos, como uma proposta de
acolhimento especial.
Segundo Larsen, Manning e Pedersen (2013) o fenômeno do reshoring é frequentemente
descrito como decorrência de fatores negativos ou desvantajosos, provenientes do não
alcance dos objetivos, alteração do curso natural e programado dos negócios, variação em
ambos os polos, crise financeira nos países receptores, instabilidade política, ou até
mesmo um desastre natural.
Já os erros de ordem gerencial, esses podem surgir diante de situações inesperadas, tais
como custos não previstos, quando da implementação de uma decisão ou movimentação
estratégica (LARSEN, MANNING, PEDERSEN (2013).
Neste estudo, especificamente, investiga-se quais motivos têm estimulado o reshoring,
aos Estados Unidos que, nas últimas décadas, reavaliaram seus locais de produção e
condições para garantia de suas expectativas econômicas (TATE et al., 2014) ou seja,
procuraram formas de produzir mais, por menos custo, em um país de economia
emergente (FEE) como foi o caso da China.
De fato, segundo Ellram et al. (2013a, 2013b) após a crise de 2008 nos Estados Unidos,
diversas empresas tiveram que reavaliar suas estratégias de produção global de cadeias
de suprimento. O aumento do risco em suas operações havia levado a rever suas
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estratégias de produção, sobre pontos específicos que poderiam impactar, de forma
crucial, os custos de produção.
Relata Sirkin (2013) que, nas últimas quatro décadas, os trabalhos de chão de fábrica, de
empresas americanas, independentemente do tipo de atividade, migraram para países que
ofereciam possibilidade de produção de baixo custo; entretanto, segundo esse autor, elas
começam a retornar aos Estados Unidos.
Assim, o desaparecimento ou enfraquecimento das razões que o criaram offshoring,
fomenta e impulsiona o avanço do reshoring, para isso precisa-se entender essa transição
e seus fatores determinantes. Sobre essa questão, vários autores (cf. Figura 4) indicam
razões que têm norteado essas empresas para um replanejamento estratégico de mudança
de localização de produção e retorno ao seu país de origem.
Figura 4- Razões norteadoras do reshoring aos EUA
Fonte: Dados da pesquisa,, 2018.
Compreende-se que o reshoring surgiu como consequência e alternativa à mudança de
cenário dos países receptores, agora com vantagens diferentes daquelas antes
estimuladoras, quando do momento da saída (offshored); tudo indica que o movimento
Behar; Venables (2010); Fishman, (2012)
• Aumento do preço do combustível, que ocasiona impacto nos custos de transporte
Anon (2012); Fishman (2012)
• Aumento do custo da mão de obra
• Aumento da produtividade nos Estados Unidos "dólar por hora
• Sentimento de recuperação mais célere no caso de rompimento na cadeia de suprimentoMueller et al ( 2011)
•Aumento da valorização das questões ambientais
Clarke (2012); Riley; Vance (2012)
•Aumento dos problemas relacionados à propriedade intelectual
Culp ( 2012)
• Problemas com a volatilidade das taxas de câmbio
Williamson (2012)
• Localização mais próxima do mercado consumidor, reduz o tempo de produção e custos de transporte
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das cadeias de suprimento que as permite se manter competitivas está favorável, no país
de origem. As empresas estadunidenses têm liderado esse movimento nas cadeias de
suprimento e têm chamado a atenção da imprensa e muitos estudos voltados a consultoria
(FRATOCCHI et al., 2014).
Vários motivos são indicados como orientadores da decisão de mudança de localização
industrial, nesses últimos anos. Entretanto, segundo Gray et al. (2013); Kinkel; Maloca
2009), ainda faltam mais estudos sobre sua sistematização e interpretação que,
geralmente, focam nas vantagens na mudança de localização geográfica ou como
retificação de uma escolha precedente (cf. Figura 5).
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Os fatores indicados acima correspondem a algumas das razões ao reshoring aos EUA,
logicamente variam entre as áreas de atuação, tipo de produto ou serviço em que a
organização atua. Uma das mais citadas tem sido a elevação do custo de mão de obra e
as garantias conquistadas pelos trabalhadores chineses. As movimentações das cadeias de
suprimento para os países asiáticos foram, de certa forma, vistas como exploradores
internacionais de mão de obra (MEYERS, 2007).
Para Tateet et al. (2012), os momentos de dificuldades e crises econômicas, sejam locais
ou globais, fomentam aos governantes, principalmente, nos ditos “países ocidentais”, a
utilização do reshoring, como parte da solução para problemas de emprego e renda, bem
como, para reindustrialização do país.
Aumento do custo de combustível
•Behar e Venables, 2010
•Fishman, 2012
Elevação do custo de mão de obra em países de baixo custo
•Anon, 2012
•Fishman, 2012
Crescimento da preocupação com as políticas ambientais
•Mueller et al., 2011
Localização mais proxima do mercado consumidor
•Williamson, 2012
Figura 5 - Fatores motivadores do reshoring
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Neste sentido que Anon e Fishman (2012), já alertavam que empresas estadunidenses
estavam reavaliando a sua permanência na condição de offshored e analisando a
possibilidade de reshoring. Segundo esses autores, essas organizações estavam revendo
razões que as fariam retransferir suas instalações de produção, em detrimento dos riscos,
custos e impactos, que antes não tinham tanta influência no fator de decisão.
Segundo GRAY et al. (2013) e Tate et al. (2014) vários desses fatores passaram a ser
objeto do planejamento estratégico de implantação de unidades de fabricação dessas
empresas tais como: aumento do petróleo, do custo do trabalho nos países em
desenvolvimento, dos transportes e desembarcados.
Assim, várias dessas empresas reavaliaram os diversos fatores que formaram o contexto
favorável para o offshoring para países em desenvolvimento e constataram não ser o
mesmo cenário de redução de custos que havia anteriormente. Diante dessa nova situação,
foram tomando a decisão de realizar o reshoring (NELSON, 2013).
Por outro lado, como indicam Bender (2012) e Neil (2013) outro fator importante é que
com o avanço da robótica e a redução do custo para a sua aquisição, pode-se dispor, nos
Estados Unidos, de empregos que admitam menor nível de qualificação das pessoas, o
que anteriormente era tido como dificuldade, quando do processo de offshoring; assim,
esses podem ser substituídos por sistemas automatizados.
Certamente por essas razões descritas, que os Estados Unidos têm se destacado quanto ao
reshoring, em razão do fortalecimento de políticas nacionalistas de repatriação de suas
empresas (GUENTHER, 2012; LIVESEY, 2012).
De acordo com uma pesquisa realizada junto a 320 empresas estadunidenses, que se
achavam fora do país, cerca de 40% dessas ficaram tendentes ao reshoring, a partir de um
Fórum, realizado na Casa Branca, denominado Insource, durante o inicio do segundo
mandato do Presidente Obama, o qual tinha como propósito, despertar empresas a
aumentar seus investimentos e oferta de empregos, nos Estados Unidos (TATE et al.,
2014).
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A intenção da Casa Branca era fortalecer esse movimento e incentivar as empresas a
investir, cada vez mais, no seu próprio país; ainda, utilizar essa oportunidade para
anunciar uma série de incentivos como forma de atratividade à migração aos estados
americanos, ao invés de migração para outros países (TATE et al., 2012).
Sendo assim, algumas dessas empresas passaram a notar a atenção de consumidores,
referente à exploração trabalhista e ao desrespeito ao meio ambiente, por ocasião da
fabricação de produtos em países estrangeiros, passando a buscar menos por esses
produtos, em troca daqueles produzidos no próprio Estados Unidos (HYLLEGARD et
al., 2012) esse aspecto, inclusive, tem estimulado o reshoring.
Adelmann (2013) inclusive, havia remarcado, naquela época, que alguns relatórios já
indicavam que o processo de reshoring vinha favorecendo o aumento da oferta de
empregos nesse país. Da mesma forma e de acordo com pesquisa realizada pelo Boston
Consulting Group, também nesse mesmo ano, mais de 50% dentre 200 empresas norte-
americanas que possuíam faturamento superior a a US$ 1 Bilhão, ou estavam em processo
de volta para os Estados Unidos ou em fase de planejamento para esse fim.
Segundo, ainda, essa última pesquisa, essa tendência vinha aumentado em velocidade e
publicidade, de maneira mais evidente, se comparada ao início desse processo, em
meados de 2005. Assim, em 2013, a expectativa era de uma redução de 2 a 3 pontos
percentuais no índice de desemprego norte-americano, o que corresponderia a cerca de 5
milhões de novos empregos que estavam sendo gerados, mediante o fenômeno do
reshoring.
Para Lyles e Park (2013) grandes empresas tentaram caminhar no fluxo do êxodo na busca
da produção de baixo custo, principalmente em relação à mão de obra e materiais. No
entanto, somente após uma década, que alguns desses países ditos low-cost, vieram a
conviver com uma situação inversa, além da diminuição da capacidade de resposta e
qualidade.
Ao final dessa saga, tem-se percebido que não somente tem sido política do atual
Presidente e do seu Governo, trazer de volta, pelo processo do reshoring, empresas
americanos, mas também tem-se percebido o comportamento de consumidores, dando
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preferência àqueles produtos que carregam a marca Made in USA, isto é, tudo indica que
há significado nessa marca simbólica. Sendo assim, a próxima Seção vai descorrer sobre
essa questão.
2.2 Made in USA
Estudos recentes têm tentado interpretar o comportamento de consumidores americanos,
quanto à preferência pela etiqueta Made in USA, indicativa da origem da fabricação
daquele produto, em seu próprio país.
Segundo Balabans e Diamantopoulos (2004) consumidores americanos têm apreciado
produtos de fabricação nacional, por associá-los a aspectos positivos, como a criação de
mais empregos diretos e indiretos, bem como o aquecimento econômico.
Há, ainda, outra explicação para o comportamento desses consumidores, que apoia-se na
psicologia da Gestalk, a qual defende que o tipo de impressão de um objeto está
diretamente ligado à avaliação de outro, explicado pela perspectiva da irradiação
(WEISS-RICHARD, 2003; USUNIER, 2006; DIAMANTOPOULOS et al., 2011;
WILCOX, 2015).
Semelhantemente, Rashid (2017), acrescenta que a literatura tem demonstrado que
consumidores têm comportamento de menor afeição a produtos fabricados em países
pouco desenvolvidos ou em desenvolvimento.
Porém, essa atitude pode ser compensada se essa marca trouxer em seus produtos,
mensagem de boas práticas e comércio justo, mesmo se eleve os preços (GOIG, 2007;
RODE et al., 2008; HERTEL et al., 2009; HUSTVEDT; BERNARD, 2010; CAMPBELL
et al., 2015).
Nessa mesma linha de raciocínio, Rashid (2017) entende que a avaliação que
consumidores fazem, em relação a produtos fabricados, em países em desenvolvimento,
leva em consideração a perspectiva de muito suor envolvido, como prática de fabricação
injusta. Segundo sua análise, produtos fabricados em países desenvolvidos, não devem
passar pelo mesmo preconceito.
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O fenômeno “Made in USA”, é relativamente novo, existem poucos estudos que se
direcionam a estudar sua etimologia e evolução no decorrer dos anos, porém, sabe-se que
a utilização de uma marca ou selo para reforçar valores americanos não são novos, a
registros de selos de fabricação utilizados como expressão de valores e de reforço do
estilo americano de viver, ou como expressão política, tem sido usado por empresas e
governos, em ações comerciais, bem como públicas e políticas, (CASTALDO, S.,
PERRINI, F., MISANI, N., TENCATI, A.,2009).
Na década de 50, nos EUA, foi criado um selo sindical que até então, faz parte do
imaginário político nacional: trata-se do Sindicato Internacional de Trabalhadores de
Confecções Femininas (ILGWU), um dos maiores, composto em sua maioria por
mulheres, (DANA FRANK, 2016).
A partir de 1959, os seus contratos contêm uma cláusula exigindo que um selo de união
seja costurado em todas as peças de roupas, fabricadas nas lojas participantes do sindicato.
Durante uma década, esse sindicato aconselhou e influenciou mulheres trabalhadoras, no
ramo da moda, sob a justificativa da promoção de um selo de união; ainda, campanhas
publicitárias nacionais foram criadas com a imagem de famosos e divulgadas em horários
nobres, enaltecendo esse selo, em coro real e multiétnico (DANA FRANK, 2016)
conforme segue:
Procure a etiqueta da união, quando você estiver
comprando um casaco, vestido ou blusa. Lembre-se de
algum lugar, nossa costura do sindicato, nosso salário vai
alimentar crianças e corra a casa. Nós trabalhamos duro,
mas quem está reclamando? Mas através do ILG,
estamos pagando nosso caminho. Então sempre procure
o selo da união. Diz que somos capazes de fazer isso, nos
Estados Unidos, (BOYLE, 1903; LEVINE, 1924)
(tradução do autor).
Ao final desse coro, pode-se aferir um estímulo nacionalista: ‘somos capazes de fazê-lo
nos Estados Unidos'. Durante a década seguinte, nos anos 80, os líderes máximos da
ILGWU associaram o Buy Union com Buy American, inserindo o selo Made in USA em
todas as etiquetas de roupas, como forma de provocar trabalhadores, na Ásia; esse
movimento enfrentou inúmeros desafios com outros sindicatos de relevância (DANA
FRANK, 2016).
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Percebe-se, de maneira em geral, que organizações têm expressado interesse em voltar a
produzir em seu país de origem ou empresas que por meio do FDI Foreign Direct
investment, escolheram o país americano para implantar suas fábricas, (LESTER,
REBECCA,2018)
Existem lacunas entre a concepção do que realmente está acontecendo com a relação entre
o consumidor americano e local de fabricação dos produtos. Aferir a percepção do
consumidor americano com o selo de fabricação tem se tornado um objeto de estudo
relevante para o planejamento estratégico das empresas de suprimento, (LESTER,
REBECCA,2018).
Muitos fabricantes vêm testando o mercado consumidor americano, apresentando-lhes
produtos de fabricação estrangeiras e os manufaturados em território nacional. Para esses,
a relação entre esses fatores, pode ser importante nas decisões de mudança de suas plantas
de fabricação. (RASHID, M. S., & BYUN, S.-E, 2018).
Há uma imagem supositiva que, para economizar algum percentual, consumidores
americanos não fazem distinção entre um produto de fabricação nacional Made in USA e
outro Made in CHINA, desde que esse último lhe devolva um benefício ou barganha
(SIRKIN; ZINSER; MANFRED, 2013).
O selo de fabricação “Made in USA”, passou a agregar valor, diante a popularização do
selo através de campanhas publicitárias que enaltecem e supervalorizam valores da
cultura americana, em uma tentativa de carimbar nos produtos de fabricação nacional,
todos esses valores agregados, (RASHID, M. S., & BYUN, S.-E, 2018).
Este estudo, tem o caráter exploratório, pois existem muito poucas pesquisas lastreadas
no selo Made in USA, todos os estudos mapeados tratam do fenômeno de forma pontual
e procuram aferir a percepção do consumidor em sua intenção de compra, decisão e
valores agregados, porém, não foi possível identificar pesquisas baseadas no
fortalecimento estratégico dos produtos de fabricação nacional, como forma de
impulsionar e dar sustentabilidade as empresas que decidiram voltar a produzir no país ,
ante o reshoring.
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3 METODOLOGIA DA PESQUISA
3.1 Caracterização da pesquisa
Esta primeira parte refere-se ao delineamento da pesquisa e procedimentos metodológicos
como forma de identificação dos dados necessários para obtenção da resposta a temática
sugerida e atendimento aos objetivos específicos.
A abordagem escolhida foi qualitativa, uma vez que não se apresenta de forma engessada
quanto à sua estrutura, permitindo ao pesquisador maior flexibilidade, quanto às suas
técnicas de coleta e análise dos dados (GODOY, 2012; LUDKE; ANDRÉ, 2012).
Para Merriam (2002), a abordagem qualitativa funciona como um “guarda-chuva” que
através de suas variadas formas de pesquisa contribui para uma maior compreensão do
fenômeno social, não se afastando de seu ambiente empírico.
Quanto ao método para esta pesquisa, entende-se que o estudo de caso seja o mais
apropriado, pois permite ao pesquisado investigar as razões e motivações para tomada de
decisão, visto que o pesquisador não tem controle sobre o fenômeno a ser investigado,
principalmente se este for amplo e complexo. Procura investigar uma situação específica,
visando encontrar características fundamentais que corroboram na busca de novas teorias
e indagações que servirão de base para estudos futuros, (LUDKE; ANDRÉ, 2012).
Dessa, forma as experiências vividas por empresas americanas, que optaram voltar a
produzir em seu país de origem são a principal fonte de dados, para esta pesquisa, além
da busca pelo significado do Made in USA.
Finalmente, esta pesquisa tem caráter exploratório, tendo em vista que há ainda escassez
de literatura (pelo menos até onde se constatou) e de resultados. Ela também tem caráter
descritivo sobre os fenômenos relacionados ao problema; isto é, pretende-se,
simplesmente descrever informações evidenciadas, sobre o tema escolhido
(TRIVIÑOS,1987).
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37
3.2 Lócus da pesquisa
Esta pesquisa tem como lócus os fenômenos offshoring e reshoring, além do significado
do made in USA, nos Estados Unidos. Esses dois fenômenos tanto são protagonistas no
movimento das cadeias de suprimento e estratégias de produção em larga escala, quanto
razões que levaram empresas a sair de seu país para produzir em outros, que apresentavam
menor custo de produção.
Essa prática tem impactado empresas, tanto de forma positiva, quanto negativa; no caso
dessas últimas, esse fenômeno tem procurado trazê-las de volta ao seu país de origem.
O motivo primordial que levou algumas empresas a sair de seu país, foi a busca por
menores custos de produção e, consequentemente, a baixa dos preços; entretanto, para o
alcance dessa estratégia, seria necessário a mudança dessa atividade, para outro país,
acreditando que o mercado consumidor visse vantagem nessa relação econômica.
No entanto, com a mudança do cenário, nos países receptores e o avanço tecnológico,
fatores motivadores que antes garantiam uma produção de baixo custo, agora não eram
relevantes, fazendo com que algumas empresas decidissem voltar. Como consequência,
ocorreu não somente uma maior incidência de produtos de fabricação nacional nas
prateleiras, mas, ainda mais pessoas empregadas.
Essa situação veio alterar as relações de consumo, de maneira a chamar a atenção de
diversos setores, que, a partir de então, passaram a valorizar os produtores manufaturados
nos EUA; a partir de então, Governo e empresas identificaram a necessidade de criar uma
marca que representasse esse movimento de volta ao país e agregasse valor a esse novo
fenômeno.
Essa movimentação em torno do fomento dessa marca, buscou influenciar o consumidor
americano a atribuir valor, quando da escolha por produtos nacionais. Esse movimento
ganhou volume de tal forma, que representa função dupla: primeiramente como selo de
significação e valor para as empresas que retornarem aos EUA e, ainda, contribuiu para
despertar mudança nas relações de consumo, dessa sociedade (cf. Figura 7).
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USA
Cenário local desfavorável
Atratividade Asiática
Offshore USA-CHINA
CHINACenário
desfavorável
Decisão de retornar
Reshore CHINA-USA
Figura 6- Relação entre empresas, mercado e consumidores americanos
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Pesquisar as relações entre o fenômeno de reshoring e a volta do Made in USA trará
significância e relevância sobre a compreensão das relações de consumo como fatores
influenciadores e identificação do valor agregado, nas decisões corporativas,
identificando como se correlacionam, o grau de influência de um sobre o outro e a
interferência do governo, impulsionando através de suas ferramentas de estado o
fenômeno de reshoring.
Alto custo de produção, perca
de competitividade
Mão de obra barata, baixo custo
de produção
Mudança do parque fabril para
o país receptor
|Mão de obra subindo, garantias trabalhistas,custo
de produção elevado
Maquinas reduzem
necessidade de mão de obra,
incentivos fiscais.
Mão de obra especializada,
proximidade da produção e
mercado consumidor
Pouca persepção das implicações
Sem Made in USA, produtos mais baratos, menos
emprego
Invasão de produtos estrangeiros, maior
desemprego
Demanda de mão de obra
especializada.
Produtos nacionais, maior oferta
emprego volta do Made in USA
Planejamento estratégico
das Cadeias de
suprimentos
Fatores
determinantes
Percepção nas relações
de consumo
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39
3.3 Dimensões da pesquisa
No quadro abaixo é possível ter uma visão gráfica das dimensões desta pesquisa.
Figura 7 - Dimensões da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Este estudo procurou identificar e interligar por meio da vinculação direta ou indireta, as
relações existentes entre os dois fenômenos Offshoring e Reshoring, extraindo conteúdo
de extrema relevância para compreensão dos processos de mudança das cadeias de
suprimento global.
3.4 Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos desta pesquisa estão divididos em três grupos:
a) Empresas americanas que decidiram regressar, (aquelas que já haviam concluído
projetos de offshoring significativos) e que decidiram voltar a produzir nos EUA.
b) Empresas não americanas que decidiram investir nos Estados Unidos, ao
perceberem o fenômeno do reshoring, através do FDI.
c) O governo americano, através de suas ações e políticas de fomento ao regresso
dessas empresas.
No tocante as empresas americanas e não americanas envolvidas no processo de
reshoring, esta pesquisa se baseou naquelas que compõem estudos já realizados a esse
respeito, devido sua importância e volume de investimentos. Instituições governamentais
e privadas que vivenciam o reshoring como ferramenta para reindustrialização do país e
fortalecimento da economia americana. Esta pesquisa buscou em seus registros e em
Offshoring
Fatores motivadores
Reshoring
Fatores influenciadores
Vinculação/Relevancia
Fatores influenciadores e Made in USA
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40
reportagens especializadas no assunto, documento e pesquisas de consultorias renomadas
e ou especializadas no tema, realizadas recentemente.
Esta pesquisa procurou registros oficiais de ações do governo americano no sentido de
fortalecer sua balança comercial impulsionando o reshoring como alternativa, analisando
os discursos de seu presidente, anúncio de medidas, registradas por sites especializados
no assunto, sites oficiais, relatórios e pesquisas recentes a respeito, vídeos e matérias
jornalísticas.
3.5 Instrumentos de coleta dos dados
Para Ludke e André (1986), a consideração documental é uma técnica importante nos
trabalhos acadêmicos qualitativos, tanto para a finalização de dados obtidos por outros
instrumentos, como para exploração de enfoques sobre uma problemática ou assunto.
Por ser uma pesquisa exploratória, se caracteriza por usar formas e métodos versáteis, por
intermédio de levantamentos e buscas de fontes secundárias, que podem ser
bibliográficas, documental entre várias outras. Visa a experiência, observação informal e
estudos de caso. (MATTAR,1996).
As informações exigidas para a realização deste estudo, foram extraídas da coleta de
dados secundários.
Para Mattar (1996) dados secundários já foram coletados, tabulados e devidamente
ordenados, as vezes já fruto de análise de outros estudos, já devidamente catalogados.
Tem como fonte de dados secundários: a unidade objeto de pesquisa.
Os dados secundários necessários para este estudo, foram obtidos através da busca em
bancos de dados, revistas, artigos, notícias de jornais, discursos políticos, anúncios
publicitários, documentos, depoimentos, fotos, imagens, dados baseados em anúncios e
comunicados à imprensa, anúncios pela mídia e relatórios oficiais, elaborados por
empresas especializadas no fenômeno reshoring e estudo das relações de consumo,
ligadas às mudanças da cadeia de suprimentos.
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41
3.6 Técnica de análise dos dados
Nesta pesquisa o objeto de pesquisa indicou pela Análise de conteúdo (BARDIN, 2011),
tendo em vista a característica dos dados e os seus objetivos. Esta define as etapas em três
fases: 1) pré-análise, 2) exploração do material e 3) tratamento dos resultados, inferência
e interpretação.
Esse tipo de análise prevê uma leitura aprofundada sobre mensagens (comunicação) com
o propósito de extrair as informações que permitam deduzir a realidade. Espera-se,
portanto, pode expressar a síntese lógica deste estudo, demonstrando os fatores
determinantes do movimento das cadeias de produção, a influência exercida sobre a oferta
de emprego e o planejamento estratégico decisório.
Os dados secundários serão tratados iniciando-se com a organização do material a ser
investigado através de:
I.Leitura flutuante: forma inicial de contato com os documentos quando da coleta de dados,
levante da relevância e ligação com o tema da pesquisa, e em que situação foram
redigidos;
II.Escolha dos documentos: resumo dos textos, destacando trechos principais - consiste na
definição do corpus da análise;
III.Formulação das hipóteses e objetivos: a partir da leitura inicial dos dados;
IV.Elaboração de indicadores: a fim de interpretar elaboração prévia dos dados obtidos.
3.7 Limites e limitações da pesquisa
Esta pesquisa se concentra nas experiências vivenciadas por empresas que realizaram
offshoring, em determinado momento e agora estão voltando para os EUA, país de
origem, bem como por aquelas que a partir do fenômeno de reshoring decidiram investir
diretamente nos Estados Unidos, reimplementando suas unidades de fabricação, por
intermédio do FDI – Foreign direct investiment.
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42
Algumas limitações, serviram de barreira para o avanço deste estudo, principalmente as
relacionadas a comunicação das empresas envolvidas no processo de reshoring, analisar
os discursos das empresas se tornou limitado, pois não é possível identificar em suas falas,
discursos, principalmente ao anunciarem decisões estratégicas, se o que estão falando
correspondem à realidade vivida pela empresa. As empresas utilizam de um discurso
otimista e totalmente comercial, como avanço e não como saída para uma situação
desfavorável atual, o que dificulta a análise, podendo abrir possivelmente um nome tema
de estudo e análise.
Outra limitação para essa pesquisa, é o fato de os Estados Unidos ser um país continental
e com leis e regulações específicas para cada estado, o que dificulta generalizar as
informações como sendo nacionais, caberia também um estudo individualizado,
diminuindo o tamanho do recorte para uma maior precisão, principalmente em relação
aos benefícios fiscais, ações governamentais locais, percepção consumerista regional,
entre outros.
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4 ANÁLISE DOS DADOS
Neste capítulo, concentram-se os achados frutos da pesquisa realizada em portais da
internet, em sua maioria, sites americanos de notícias. Os resultados obtidos vão no
sentido da confirmação do reshoring, aos Estados Unidos e do significado do made in
USA para americanos, segundo aspectos teóricos descritos, no Capítulo 3.
Esta pesquisa teve como questão identificar quais motivos têm estimulado o reshoring,
aos Estados Unidos e o significado do made in USA para eles. Para responder esta, foram
estabelecidos alguns objetivos, os quais servem de roteiro para a análise dos dados.
4.1 Oportunidades para o reshoring, aos Estados Unidos.
As informações que seguem, desde 2016, é que a indústria americana pode ser
revitalizada pelo fenômeno de reshoring, o que já vem acontecendo em alguns setores;
porém, em outros, esse processo ainda cauteloso, por diversos motivos, (VICKI, S., 2016).
Mais precisamente, os executivos corporativos estão
adotando uma estratégia de fluxo de produção
cuidadosamente considerada [...] As empresas estão
mudando estrategicamente os centros de fabricação por
vários motivos, incluindo acesso mais fácil a mercados
atuais ou emergentes e a fontes de inovação - por Morris
Cohen, professor de fabricação e logística do
Departamento de Operações, Informações e Decisões da
Wharton School da Universidade da Pensilvânia,
(VICKI, S., 2016), (tradução do autor).
Segundo essa reportagem, as decisões de realizar o reshoring estão pouco relacionadas a
redução de custos pontuais de algumas áreas como: mão de obra, produção de bens e
produtos de consumo e mais pela formação do custo total de produção, englobando
diversas variáveis, desde o planejamento estratégico e avaliações de risco da cadeia de
suprimento em geral à logística envolvida na movimentação da planta de produção,
proximidade do público consumidor entre outros fatores que podem impactar os valores
totais.
Certo que as unidades de análise têm focado no custo dos produtos, nas tendências da
tecnologia aplicada, na disponibilidade de fornecedores e demais fatores que lhes possam
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44
garantir competitividade, em cada local de operação, (BOSTON CONSULTING
GROUP,2013).
Estamos focados em moldar uma solução de cadeia de
fornecimento integrada e o fluxo otimizado inteligente
de mercadorias da fábrica para armazéns, centros de
distribuição e clientes [...] Isso inclui todos os aspectos
do fornecimento de produtos ou matérias-primas em toda
a cadeia de suprimentos, não apenas o transporte - por
Frank Guenzerodt, presidente e CEO da Dachser USA,
um provedor global de serviços de logística (VICKI, S.,
2016). (tradução do autor).
Segundo, ainda, essa pesquisa, dentre os motivos que têm aumentado em frequência e
diversidade, estão a automação, inovação e manufatura aditiva, imagem/marca de Made
in USA, prazo de entrega, proximidade de clientes, tarifas e impacto na economia
doméstica e Walmart. Esse último, após o anúncio de US$ 250 bilhões em compras
exclusivas de produtos de fabricação americana, tem sido responsável pelo reshoring de
parte das empresas de médio porte.
Essa matéria relata também que o mercado de manufatura vem sendo alterado de forma
substancial, devido ao maior enfoque no modelo estratégico de gestão de cadeias de
suprimento, no nível executivo, afirma a diretora do Reshoring Institute, um grupo de
pesquisa que visa dar suporte às empresas que queiram transferir suas instalações.
A decisão de fábricar em alto-mar, perto da costa ou em
alto-mar é mais cuidadosa hoje do que há 10 ou 15 anos
[...] No passado, muitas decisões foram reações
automáticas às ações dos concorrentes; havia pouca
evidência de que vários incentivos foram
cuidadosamente considerados. Hoje, os líderes
executivos estão analisando e medindo as compensações
com muito mais cuidado - por Rosemary Coates,
diretora do Reshoring Institute (VICKI, S., 2016).
(tradução do autor).
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45
4.1.1 Oportunidades da indústria automotiva
Para Cohen (2003), outro grupo que decidiu mudar sua base operacional de fabricação é
formado por fabricantes de automóveis, a partir do cenário de fluxo de produção, que se
espalhou por toda a indústria de manufatura, no mundo (COHEN, 2003).
Um caso específico é da fabricante americana Ford, que ao mesmo tempo em transferiu
a produção de três de seus modelos de caminhões de médio porte, do México para o
Estado de Ohio, anunciou outros três modelos que fariam o caminho inverso. Essa
movimentação é considerada moderada e tem como objetivo os interesses empresariais,
em movimentar as suas cadeias de suprimento:
Estamos comprometidos em alavancar nossa pegada de
fabricação global e continuaremos investindo onde ela
faz o melhor sentido para nossos negócios - por Karl
Henkel, porta-voz da Ford (VICKI, S., 2016). (tradução
do autor).
Essa reportagem revela ainda que outras grandes empresas transferiram ou transferirão
parte de sua produção ao seu país de origem. Dentre esses se destacam a fabricante de
aparelhos celulares, a Motorola - que transferiu sua produção da China para o Estado do
Texas e a GE (General Eletric) que foi para Kentucky, no gráfico 1 pode-se observar a
distribuição das empresas envolvidas no reshoring por estado.
Gráfico 1- Empresas por estado Americano
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
262 164
182
221
148157118
182
188
144
27
7772
47 97
EMPRESAS
1 Carolina do Sul 2 Tenessee 3 Minisota 4 Carolina do Norte
5 GA 6 Texas 7 Alabama 8 Ohio
9 Nova York 10 In 11 AZ 12 VA
13 MS 14 LA 15 KY
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46
4.1.2 Oportunidades do setor quimico
Como a indústria química americana leva em consideração o valor da energia elétrica,
evidentemente ela fica na dependência de buscar as oportunidade para instalar a sua
operação, (RESHORINGINSTITUTE,2016).
Na indústria química, tudo se resume aos preços da
energia, no momento [...] No passado, os fabricantes de
produtos químicos normalmente terceirizavam a
produção para aproveitar os baixos custos com energia e
mão de obra. Com a disponibilidade de energia de baixo
custo na forma de gás natural na América do Norte, a
maré industrial está mudando – por Glenn Riggs, vice-
presidente de logística corporativa e estratégia da
Odyssey Logistics & Technology Corporation (VICKI,
S., 2016) (tradução do autor).
A ACC - American Chemistry Council divulgou para o ano de 2015, cerca de 250 projetos
em potencial, que envolveriam investimentos de capital, na ordem de $ 153 bilhões de
dólares. Esse número corresponde a um aumento considerável, em relação aos números
obtidos no ano de 2013, que até então não passavam de 97 projetos e $72 bilhões de
dólares em investimento de capital (RESHONRINGINSTITUTE, 2015).
Um estudo realizado pela ACC, demonstra que este cenário de 2015, com investimento
direto de $153 bilhões de dólares, gerará até o ano de 2023 um aporte de $113 bilhões de
dólares em novas indústrias químicas, nesse país. É possível que se pergunte se há
relevância para o setor econômico como um todo, ou que impacto esse setor de indústrias
químicas possa causar, em plano geral, como um todo; principalmente na atração de novas
indústrias, no processo de reshoring mundial.
A verdade é que várias empresas são beneficiadas com a chegada de mais indústrias
químicas; itens como PVC, cloreto de vinila, etilenoglicol, estireno e poliestireno são
essenciais para a fabricação de uma variedade de produtos, desde a área de embalagens
de alimentos, ao setor calçadista, pneus entre outros. De acordo com este mesmo estudo,
a ACC descreve que mais da metade dos investimentos em projetos de capital, vem de
empresas de fora dos Estados Unidos.
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47
Um trabalho realizado pela Plant Moran, em parceria com o Reshoring Institute analisou
empresas que resolveram realizar o reshoring, explicitando, na sequência, possíveis
motivos que as levaram a tomar essa decisão. Notou-se que, normalmente, essas
empresas, ao realizarem seus anúncios de movimentação da planta de produção, preferem
ressaltar pontos positivos para o reshoring, que elencar aqueles que lhes fizeram desistir
do offshoring, a fim de passar a imagem de que a mudança se refere à questão estratégica
e não, necessariamente, por causa de um cenário desfavorável do local em que estavam.
Os fatores motivadores indicados neste trabalho, correspondem a um recorte situacional
das empresas que já se manifestaram e já realizaram o reshoring ou estão em pleno
processo. Sabe-se que as empresas preferem divulgar os motivos que as atraíram de volta
aos Estados Unidos, passando a imagem de que a mudança é estratégica e não por causa
de um cenário totalmente desfavorável em seu local atual de produção.
Outra pesquisa realizada pelo Reshoring Institute e em parceria com a Universidade de
San Diego, nos Estados Unidos, apresentou um ranking de citações, baseado em anúncios
de empresas, referentes aos principais fatores influenciadores na decisão de realizar o
reshoring e comparou com os motivos negativos do offshoring.
Sobre as razões que levaram empresas de manufatura, de volta para casa – o reshoring,
pode-se relacionar 20 principais:
01- Incentivos governamentais = 527 citações;
02- Proximidade com seu mercado consumidor = 493 citações;
03- Mão de obra qualificada/treinamento e disponibilidade = 446 citações;
04- Marca / imagem = 398 citações;
05- Sinergia com o ecossistema = 336 citações;
06- Tempo do mercado / (lead time) = 251 citações;
07- Infraestrutura = 239 citações;
08- Automação e tecnologia = 211 citações;
09- Fabricação/inovação em engenharia conjunta (R&D) = 155 citações;
10- Alta produtividade = 141 citações;
11- Impacto na economia doméstica = 139 citações;
12- Melhoria da capacidade de resposta do cliente =- 138 citações;
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48
13- Preço do gás natural/químicos/eletricidade nos Estados Unidos = 137 citações
14- Efeito Wal-Mart = 121 citações
15- Aprendizado de novas técnicas e procedimentos de negócios = 107 citações;
16- Customização e flexibilidade = 71 citações;
17- Custo de matéria-prima = 68 citações;
18- Capacidade subutilizada = 39 citações;
19- Concessões trabalhistas = 28 citações;
20- Custo de aluguel e de construção = 24 citações.
Referente às razões negativas do offshoring essa pesquisa indicou os 25 pontos mais
citados:
01- Qualidade/rede/garantia = 292 citações;
02- Custo de frete = 196 citações;
03- Custo total/global = 147 citações;
04- Entrega = 100 citações;
05- Dificuldades em estocagem = 91 citações;
06- Rising Wipes = 88 citações;
07- Risco de interrupção na rede de fornecedores/ risco de desastre natural/
instabilidade política = 78 citações;
08- Risco de propriedade intelectual = 64 citações;
09- Comunicação = 61 citações
10- Considerações ambientais = 53 citações;
11- Controle de perdas = 51 citações;
12- Variação cambial = 45 citações;
13- Custo de viagem = 42 citações;
14- Preço = 40 citações;
15- Dificuldade de inovação e diferenciação de produto = 28 citações;
16- Tarifas = 20 citações;
17- Responsabilidade do produto = 18 citações;
18- Considerações éticas e sociais = 13 citações;
19- Conformidade regulatória = 12 citações;
20- Frete aéreo emergencial = 9 citações;
21- Carga sob a equipe (Burden on Staff) = 8 citações
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22- Custo de auditoria local = 6 citações;
23- Rotatividade de mão de obra = 6 citações;
24- Risco pessoal = 6 citações;
25- Risco de reputação = 4 citações.
Ao serem comparadas as razões que levaram empresas ao reshoring com os fatores
negativos ao offshoring, identifica-se que não há ligação direta entre eles, ou seja, um
não deu origem ao outro, necessariamente (cf. Tabela 2).
Tabela 2- Comparativo entre motivos ao offshoring ou reshoring
Razões negativas Offshoring Citações Razões de reshoring Citações
01- Qualidade/rede/garantia 292 01- Incentivos
governamentais
527
02- Custo de frete 196 02- Proximidade com seu
mercado consumidor;
493
03- Custo total/global 147 03- Mão de obra
qualificada/treinamento e
disponibilidade
446
04- Entrega 100 04- Marca / imagem 398
05- Dificuldades em estocagem 91 05- Sinergia com o
ecossistema
336
06- Rising Wipes 88 06- Tempo do mercado /
(lead time)
251
07- Risco de interrupção na rede de
fornecedores/ risco de desastre natural/
instabilidade política
78 07- Infraestrutura 239
08- Risco de propriedade intelectual 64 08- Automação e
tecnologia
211
09- Comunicação 61 09- Fabricação/inovação
em engenharia conjunta
(R&D)
155
10- Considerações ambientais 53 10- Alta produtividade 141
11- Controle de perdas 51 11- Impacto na economia
doméstica
139
12- Variação cambial 45 12- Melhoria da capacidade
de resposta do cliente
138
13- Custo de viagem 42 13- Preço do gás
natural/químicos/eletricidad
e nos Estados Unidos
137
14- Preço 40 14- Efeito Wallmart 121
15- Dificuldade de inovação e
diferenciação de produto
28 15- Aprendizado de novas
técnicas e procedimentos de
negócios
107
16- Tarifas 20 16- Customização e
flexibilidade
71
17- Responsabilidade do produto 18 17- Custo de matéria prima 68
18- Considerações éticas e sociais 13 18- Capacidade
subutilizada
39
19- Conformidade regulatória 12 19- Concessões trabalhistas 28
20- Frete aéreo emergencial 9 20- Custo de aluguel e de
construção
24
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21- Carga sob a equipe (Burden on Staff) 8
22- Custo de auditoria local 6
22- Rotatividade de mão de obra 6
23- Risco de reputação 4 Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Gráfico 2- Empregos gerados por empresas
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
No gráfico acima, demonstra-se de quais país os Estados conseguiram recuperar mais
vagas de emprego.
Realmente, nesses últimos anos, as mudanças refletem tendências econômicas, políticas,
culturais e industriais, que talvez possam assegurar uma certa previsibilidade ao cenário
futuro, apesar de agentes imprevisíveis, como, por exemplo, políticas de governo que
possam influenciar a volta ao offshoring, (GALLUP ECONOMY,2013).
Atualmente, incentivos governamentais e a proximidade do mercado consumidor direto,
estão no topo dentre os fatores determinantes para a tomada de decisão ao reshoring.
Sobre esse último aspecto, há a vantagem de se reduzir o time frame de entrega, como
também possíveis riscos de perdas e atrasos. Entretanto, há um valor intangível que tem
sido considerado relevante, por americanos e um aspecto atrativo para empresas que
optaram pelo offshoring, na época: trata-se do fator identidade, o fato de marcar produtos
com o selo de fabricação nacional.
89988
6438354314
19964 15852 13020 11043 10173 8946 7305907 239 224 172 55 98 51 22 59 74
China Alemanha Japão Canadá Korea México Suiça Australia ReinoUnido
Italia
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Empregos Empresas
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51
O planejamento estratégico o equilíbrio na balança comercial tem avançado nas ações
governamentais dos Estados Unidos, principalmente nos anos de 2017/2018. Para o
alcance deste objetivo são usados discursos, decretos, anúncios de super tarifação de
produtos importados de determinados países, essa estratégia tem sido usada frequente,
principalmente entre países que tenham relações comerciais com os Estados Unidos que,
de certa forma, vendem mais que compram dos americanos, (LESTER,
REBECCA,2018).
O desgaste nas relações internacionais, provenientes dos anúncios feitos pelo governo
americano de super tarifação de produtos estrangeiros, não vêm se tornando grande
problema para os Estados Unidos, pois, por ser um dos maiores compradores mundiais,
dificilmente as relações são rompidas permanentemente, obrigando os países a
equilibrarem a balança comercial, comprando um pouco mais dos Estados Unidos. Em
outras palavras acaba por firmar a métrica de quem possui maior poder de compra, pode
exigir mais. Para Erdmann, da Plante Moran, essas tarifas não devem perdurar por muito
tempo, segundo ele
(...) O fim do atual governo não é manter altas tarifas,
mas trazer outros países para a mesa de negociação para
criar acordos de balança comercial”, para ele essas tarifas
não são necessárias a longo prazo, disse Erdmann,
(ADVANCED MANUFACTORING, 2018). (Tradução
do autor).
4.1.3 Incentivos governamentais, manifestações políticas
Segundo pesquisa realizada pelo grupo de consultoria Plant Moran, entre fabricantes,
durante o período compreendido entre julho de 2017 a fevereiro de 2018, os Estados
Unidos têm reduzido custos de fabricação, como incentivo fiscal, em termos de impostos
mais baixos, redução da regulamentação, com o objetivo de trazer empregos industriais
de volta (ADVANCED MANUFACTORING, 2018).
Essa pesquisa deu cobertura a diversas formas de produção e segmentos, a exemplo da
indústria do plástico, que têm similaridades com o arguido pelas empresas no relatório,
mesmo com um possível delay, devido à quantidade de fabricantes que fornecem peças
para empresas de grande porte.
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Nosso ponto é que já começamos na direção certa [...]
Eles não estão produzindo um produto final; eles
normalmente fazem um componente para o produto
final. As decisões sobre onde produzir esses
componentes é que eles tendem a ser colocados com a
montagem do produto acabado. Então, as pressões para
o trabalho a fim de ser vendida aos Estados Unidos seria
primeiramente sentida por seus clientes, o que os levaria
a trazer seus fornecedores de volta para apoiá-los - por
Tim Erdmann, diretor do grupo de consultoria de
fabricação da Plante Moran.(tradução do autor).
Esse estudo ressaltou que o preço mais baixo, no exterior, tem papel protagonista na
decisão de compra e produção, entre empresas americanas, e que várias delas estão
montando suas fábricas de linhas de suprimentos, em países como a China ou comprando
diretamente os produtos componentes de seu produto final desses países, para sua
produção doméstica.
O governo aparenta não estar negligente a esse movimento e procura trazer equilíbrio
para a balança comercial, bem como, tornar o país mais atraente para as empresas
manufatureiras que decidirem por permanecer ou migrar para o território americano.
Quanto aquelas empresas que produzem fora, o Presidente Donald Trump vem
anunciando medidas como forma de lhes garantir condição de competitividade global,
além do fortalecimento dessas indústrias e recuperação dos empregos perdidos, durante a
época do offshoring (ADVANCED MANUFACTORING, 2018).
Para confirmar as suas palavras, o Presidente iniciou uma encenação, quando se dirigiu à
uma pilha de papéis que representava a burocracia no país, até aquele momento e,
segurando em sua mão uma tesoura de ouro, de forma emblemática e icônica, representou
o corte da burocracia envolvida nas regulamentações e como o processo reverso
avançaria, em sua agenda de governo (BUSINESSINSIDER, 2017).
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53
Figura 8- Encenação pelo Presidente Donald Trump
Fonte: https://www.businessinsider.com/trump-stood-next-to-a-huge-pile-of-paper-showing-big-
government-2017-12
Hoje, nos reunimos na Sala Roosevelt por um único
motivo: para cortar a fita vermelha! [...] por muitas
décadas, um crescente labirinto de normas, regras e
restrições custou ao nosso país trilhões de dólares,
milhões de empregos, inúmeras fábricas americanas e
devastou indústrias inteiras – por Donald Trump.
(Tradução do autor).
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Figura 9- Representação sobre a antiga burocracia americana
Fonte: https://www.businessinsider.com/trump-stood-next-to-a-huge-pile-of-paper-showing-big-
government-2017-12
Então é isso que temos agora, e é onde estávamos em
1960, e quando terminarmos, o que não será em um
período de tempo muito longo, seremos menos do que
onde estávamos em 1960, e teremos um ótimo clima
regulatório [...] um, dois, três - por Donald Trump.
(Tradução nossa).
Figura 10- Corte da fita que representou a burocracia americana
Fonte: https://www.businessinsider.com/trump-stood-next-to-a-huge-pile-of-paper-showing-big-
government-2017-12
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Sabe-se que o caminho para essa desburocratização não é fácil, pois passa pelo
Congresso, que tem uma oposição firme. De fato, o Presidente Trump foi obrigado a
recuar um pouco, porém após a iminente renúncia de Richard Cordray, da diretoria do
Departamento de Proteção Financeira ao Consumidor, abriu-se uma via para o governo
avançar na agenda da desburocratização; isso porque o Presidente passaria a ter o controle
de todas as agências bancárias e supervisão de atividades financeiras, podendo inclusive
reformular o modal operacional das empresas (BUSINESS INSIDER, 2017).
Para o Presidente e sua administração, a desburocratização tem sido uma das principais
conquistas da Casa Branca, nos primeiros 10 meses do seu governo; acredita-se que essa
seja uma das ferramentas principais para impulsionar a economia, e revitalizar a indústria
e a oferta de emprego.
Desde janeiro deste ano de 2017, nós reduzimos a
burocracia em toda a nossa economia [...]. Paramos ou
eliminamos mais regulamentações nos últimos oito
meses do que qualquer presidente fez durante um
mandato inteiro. Não chegou nem perto disso - por
Donald Trump, em um discurso em outubro em
Harrisburg, na Pensilvânia. (Tradução do autor).
Sobre essa declaração, Seiberg expressou sua opinião sobre a oportunidade e poderio
que Trump teria, após seu time assumir:
Acreditamos que isso completará a aquisição da Team
Trump das agências reguladoras. Isso deve significar que
no verão há republicanos administrando todas as
agências bancárias - por Jaret Seiberg, analista do Cowen
Washington Research Group.(tradução do autor).
Boltansky afirmou que, em um prazo relativamente curto, a renúncia de Cordray iria
abalar alguns dos trabalhos atuais do escritório.
Após a saída do diretor Cordray, a agenda de
regulamentação do CFPB será paralisada e seu perfil de
fiscalização diminuirá drasticamente - por Issac
Boltansky, analista da firma de pesquisa Compass
Point.(tradução do autor).
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Em contraponto a Boltansk, Seiberg alegou que a partida do diretor Cordray e uma
possível indicação de Trump poderia ser positiva para muitos setores de empréstimos.
Deve haver menos foco nas violações técnicas e mais no
dano real ao consumidor [...] Isso poderia convencer os
credores a assumirem mais riscos e resultar em alívio
para agentes de empréstimos e cobradores de dívidas –
por Jaret Seiberg, analista do Cowen Washington
Research Group. (tradução do autor).
Em sua maioria, analistas acreditam que Trump fará do secretário do Tesouro, Steven
Mnuchin, o diretor interino do CFPB, já em 2018, um outro funcionário do Tesouro,
ficará imbuído das tarefas do dia a dia. Acredita-se que a maioria das substituições
possíveis, ainda seja mais favorável ao setor financeiro, disse Boltansky; mas eles não
podem deixar o CFPB sem dentes.
O CFPB enfrentará mudanças substanciais nos próximos
anos, conforme os formuladores de políticas; recalibram
o ambiente regulatório, mas o trabalho do diretor
Cordray garante que a Repartição continuará a
desempenhar um papel fundamental no ecossistema de
financiamento ao consumidor no futuro previsível – por
Jaret Seiberg, analista do Cowen Washington Research
Group. (Tradução do autor).
De acordo com os dados, esses expressam a atuação do governo anterior e demonstram
que a Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio dos Estados Unidos, onde a assessora
de Obama, Mary Jo White, deixou o cargo, no final de janeiro, apresentou apenas 612
ações de fiscalização, até agora este ano - o menor número em quatro anos. A SEC
também arrecadou apenas US $ 127 milhões em multas contra empresas, entre fevereiro
e setembro (2016), ante US $ 702 milhões no mesmo período, do ano passado.
Para o Presidente, os empresários passam por dificuldades por não conseguir auxílio por
meio de empréstimos bancários. "Tantas pessoas, meus amigos, que têm bons negócios e
não podem pedir dinheiro emprestado", disse Trump ao Presidente do JP Morgan, Jamie
Dimon, em uma reunião de executivos, em fevereiro.
A equipe do presidente segundo a reportagem já se encontrava nomeada ou aguardando
confirmação para assumir, imediatamente o controle da Comissão de Valores
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Mobiliários, o Escritório Controlador da Moeda e o Vice-Presidente de Supervisão
Bancária da Reserva Federal.
Conforme matéria de Cohen (2018) para o site usatoday.com, as decisões políticas podem
influenciar diretamente a relação entre as empresas e a oferta de novas vagas de emprego.
A abalança comercial entre os países envolvidos nas relações comerciais pode favorecer
um lado em detrimento do outro, resultando em um país que vende mais que compra e
outro que compra mais que vende, dessa forma os governantes têm demonstrado um
esforço substancial para trazer equilíbrio a essas relações.
A exemplo disso, quando o Presidente Donald Trump decidiu impor a elevação de tarifas
para o aço e alumínios importados, causou uma reação dos outros países que em forma
de reação direta, passaram a retaliar seus parceiros comerciais americanos, causando,
segundo o analista uma diminuição dos empregos americanos.
A Harley-Davidson manifestou a possibilidade de transferência de sua produção para o
exterior, como forma de blindagem para medidas de retaliação, impostas pela União
Europeia, motivadas pelas ações tarifárias impostas pelo governo Trump. Na contramão
dessa tradicional fabricante americana, que poderá subtrair empregos americanos,
empresas diversas estão lutando para superar tais percalços tentando manter e até mesmo
aumentar os empregos nos últimos anos (COEHN, 2018).
O governo americano vem fazendo pressão para que as empresas nativas, reduzam seus
investimentos fora do país e passem a focar no investimento e fortalecimento da indústria
local e geração de emprego. É o caso da Ford, sobre a qual analistas indicam que as
mudanças de planos na expansão das operações no México, foram reduzidas e transferidas
para estados americanos.
Alguns afirmam que essas ações são manifestações de apoio ou resposta aos esforços da
gestão Trump, para criação, manutenção e fomento de empregos domésticos. A base
dessa análise está ancorada em um acordo firmado entre o sindicato dos trabalhadores
automotivos dos Estados Unidos, o United Automobile Workers e os representantes da
Ford, trazendo a produção e oferta de modelos S.U.V da marca, para o mercado
consumidor americano.
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Outra empresa que restruturou suas estratégia de produção global pelos discursos e
manifestações do governo em relação as políticas e relações comerciais foi a Whrilpool.
Ela anunciou em 2010 o incremento de mais de 2000 empregos e em janeiro deste ano
(2018) anunciou a contratação de mais 200 funcionários, em tempo integral, para as suas
instalações, em Ohio.
Essa movimentação veio após o governo atual do Presidente Trump, ter anunciado a
aplicação de tarifas de salvaguarda, sobre máquinas de lavar, na tentativa de diminuir a
importação das concorrentes da fabricante americana, a exemplo da Samsung eletrônicos
e LG eletrônicos.
Em discurso a uma plateia de empresários, registrado e transmitido pela TV Americana,
o Presidente Donald Trump, em tom elevado, expressou razões para justificar suas
atitudes, em relação à balança comercial de outros países.
Nós amamos a união europeia nós vamos os países
da União europeia mas é claro que a união europeia
foi configurada para tirar vantagem dos Estados Nós
amamos a união europeia, nós vamos aos países da União
europeia, mas é claro que a união europeia foi
configurada para tirar vantagem dos Estados Unidos e
sabe que não podemos deixar isso acontecer, nós estamos
perdendo com a União Europeia em torno de 151 bilhões
de dólares nas relações comerciais entre os Estados
Unidos e a União Europeia [...] Ou seja, nós temos um
déficit de 151 bilhões de dólares nas relações comerciais
com a União Europeia [...] porque eles nos enviam seus
carros BMW, enviam seus produtos para os Estados
Unidos e quando tentamos enviar para eles nossos
produtos, eles dizem não, não queremos seus produtos,
essa não é a forma que funciona, não é assim que se
trabalha com todas as zonas livres de comércio, esta não
é uma zona livre de comércio, é uma zona estúpida de
comércio [...] Nós vamos realizar negócio justos e
recíprocos, você sabe o que isso quer dizer? Eles fazem
conosco, nós faremos com eles. Nós amamos o Canadá,
mas, eles estão tirando vantagem de nós, não podemos
deixar isso acontecer. A era do mundo tirar vantagem dos
Estados Unidos acabou - por Donald Trump.(tradução do
autor)
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Como sequência de seus atos voltados a garantir aos Estados Unidos um equilíbrio entre
sua balança comercial e aquela de outros países, o governo americano vem dando
prioridade às nações com as quais já possuem relações comerciais; porém com
desequilíbrio naquelas bilaterais. Neste caso o Brasil foi alvo de reclamações por parte
do Presidente Donald Trump, expondo que o país é um parceiro comercial de
comportamento desigual, para com os americanos.
Naime (2018) em reportagem ao Portal G1, da Rede Globo de Comunicação, em 01 de
outubro de 2018, relatou, de forma mais detalhada, essa manifestação. Segundo ela e
conforme os vídeos feitos no momento, o Presidente Donald Trump, em entrevista
coletiva realizada na Casa Branca, criticou as relações comerciais entre esses dois países,
afirmando que o Brasil trata os EUA com desigualdade e de forma injusta.
Segundo ainda essa reportagem, quando questionado sobre as relações com a Índia, ele
relatou que o país asiático cobra “tarifas tremendas” e criticou seus antecessores “eles
nunca falaram com a Índia”.
Fonte: Portal G1 - https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/10/01/trump-critica-relacao-comercial-dos-
eua-com-o-brasil.ghtml
Figura 11- Trump critica relação comercial dos EUA com o Brasil
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Sem ser provocado por pergunta alguma sobre o Brasil, o Presidente lhe fez referência,
demonstrando uma certa insatisfação:
O Brasil é outro caso. É uma beleza. Eles cobram de nós
o que querem. Se você perguntar a algumas empresas,
eles dizem que o Brasil está entre os mais duros do
mundo, talvez o mais duro. E nós não os chamamos e
dizemos: ei, vocês estão tratando nossas empresas
injustamente, tratando nosso país injustamente - por
Donald Trump. (Tradução do autor).
Mais uma vez o governo americano por meio do Presidente, chama países para a mesa de
negociação; nesse jogo de interesses e de discursos, o país vem aumentando a fatia do
mercado exterior, aumentando os números da balança comercial americana, mostrando
uma habilidade exitosa no poder de barganha.
Segundo a reportagem, o Palácio do Planalto foi consultado e não quis comentar a
declaração do Presidente americano, porém o Secretário de Comércio Exterior do
Ministério da Indústria (MDIC), Abrão Neto, disse que, segundo os dados do próprio
governo americano, os Estados Unidos estão em vantagem: exportam para o Brasil muito
mais do que importam.
Para esse Secretário, deve-se analisar com mais detalhe o discurso do Presidente. Segundo
Naime (2018), durante esse discurso, ele criticou inúmeras vezes o tratamento recebido
pelo Brasil, nas relações comerciais de bilateralidade, indicando que os Estados Unidos
vêm sendo tratado de forma "injusta" por muitos países.
Todos os acordos que temos é perdedor. Você pode olhar
para quase qualquer país no mundo. Quase qualquer país.
Nós temos um déficit comercial. Nós perdemos com
todos - por Donald Trump. (Tradução do autor).
Com uma habilidade de negociação trazida do mercado corporativo, de onde só se sai da
mesa com um acordo em que a premissa reinante seja o ganha-ganha, o Presidente
americano parece saber onde quer chegar, segundo suas considerações.
(...) é "um privilégio" fazer negócios com os Estados
Unidos, "E não estou falando só do México, estou
falando de todos” (...) "É de nós que as pessoas querem
vir e tirar. Estou falando sobre todos os países. E isso nos
dá uma vantagem tremenda para negociar, que nós nunca
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usamos antes com administrações passadas", afirmou
Trump. (Tradução do autor).
Gráfico 3- Balança comercial Brasil e Estados Unidos
Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/10/01/trump-critica-relacao-comercial-dos-eua-com-
o-brasil.ghtml Acesso em 01/10/2018.
4.1.4 FDI-investimentos estrangeiros motivados pelo reshoring.
Os Estados Unidos perderam entre os anos de 2000 e 2014 aproximadamente 5 milhões
de empregos, grande parte pelo movimento de offshoring, onde empresas manufatureiras
migraram suas plantas de produção, para outros países, principalmente os de economia
emergente que ofereciam vantagens significativas que garantiam às empresas migratórias
um melhor cenário de produção de baixo custo e aumento da lucratividade.
A indústria americana foi responsável em 2015 por uma contribuição superior a 2,17
trilhões de dólares a economia do país. Segundo o Institute Reshoring, para as empresas
da Europa, os Estados Unidos representam uma alternativa de produção de baixo custo e
com menor risco de comprometimento da operação domestica, além de oferecer a
vantagem competitiva de estar próximo ao mercado consumidor.
Como exemplo de empresas que resolveram migrar suas plantas de fabricação para os
Estados Unidos, pode-se citar a Airbus, que tem sua sede na Alemanha, inaugurou sua
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primeira fábrica na cidade de Mobile no Alabama. Ela estimava, já em 2018, estar
fábricando em torno de 50 aeronaves por ano.
Com a adição das nossas instalações nos EUA, a nossa rede de
produção na Europa e na Ásia, expandiu estrategicamente nossa
base industrial mundial [...] Isso nos permite aumentar nossa
presença já significativa nos Estados Unidos - o maior mercado
de aeronaves de corredor único no mundo - e estar mais próximos
dos clientes dos EUA e dos principais parceiros fornecedores –
por Fabrice Brégier, Presidente e CEO da Airbus.
Casos como estes vêm aumentando ano após ano, por vários fatores, como um movimento
em cadeia, em que ao chegar uma empresa, abre-se a possibilidade para outras, que vão
fornecer insumos ou serviços necessários. Empresas como a Innovate Manufacturing,
uma empresa chinesa, que renovou um local de 30.000 pés de área, com o intuito de dar
suporte às operações de moldagem, por meio de injeção, na cidade de Knoxville, estado
do Tennessee – sendo esta sua primeira em território americano.
Outra empresa a terceirizar sua produção, transferindo sua planta de produção, para os
Estados Unidos, foi a Nutec Group, que tem sua sede no México. Produz fibras de
isolamento de alta temperatura, que é utilizada nas indústrias de proteção contra incêndio,
metal, vidros, automóveis e petróleo. Como parte de seu planejamento estratégico a
empresa está construindo uma fábrica avançada na cidade Huntersville, no estado de
Carolina do Norte.
Escolhemos a Carolina do Norte por suas vantagens em
termos de utilidade e transporte e o estado contém uma
força de trabalho excepcional [...] Além disso, podemos
atender nossa base de clientes com mais rapidez e
fornecer transporte mais econômico - por Gerardo
Muraira, diretor de operações da Nutec.(tradução do
autor)
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Figura 12- Logomarca da Airbus
Fonte: https://pt.kisspng.com/kisspng-ristf8/
A Airbus é uma das organizações que dominam o mercado mundial de fabricação de
aeronaves comerciais, possui programas espaciais e é líder na fabricação de helicópteros
de uso civil e aviões comerciais. Sua atuação abrange mais de 170 países. A Airbus
atualmente entrega quase 800 aeronaves por ano e possui uma lista de espera de
encomendas, na ordem de 7.600 unidades, empregando atualmente mais de 60.000 mil
pessoas.
No ano de 2017, essa empresa anunciou um acordo com a Bombardier Aerospace,
visando a produção de aviões médios, se tornando o maior fabricante mundial desde então
(O GLOBO ECONOMIA, 2017). O faturamento anual dessa empresa foi triplicado e após
a junção das duas empresas, passou a girar em torno de 75,7 bilhões de euros e vem
aumentando seus ganhos de forma substancial, obtendo um lucro líquido de 2,87 bilhões
de Euros (UOL ECONOMIA, 2017).
A Airbus, tem suas plantas de fabricação situadas em vários locais do mundo, um dos
principais está localizado na França, havendo também na Alemanha e Espanha. Em 2009,
essa empresa decidiu mudar parte de seu polo de fabricação para fora da Europa; assim,
migrou a produção dos aviões A320 para a Àsia, mais precisamente a China e em 2016,
abriu uma planta dessa mesma aeronave, nos Estados Unidos.
A Airbus, como as outras empresas de grande porte, procura a todo momento, aumentar
sua participação no mercado ou manter sua posição, buscando alternativas para se manter
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competitivas e pujantes. Neste sentido, a empresa deu um grande passo nesta direção, ao
implantar uma fábrica no Estados Unidos, exatamente onde o seu maior concorrente
(Boeing) está localizado.
Em 2015, essa empresa inaugurou sua fábrica, com um investimento de aproximadamente
600 milhões de dólares. Passaram-se 3 anos, desde o anúncio de sua instalação, até a
implantação. Nesse início, ela detinha em torno de 20% do mercado, nos Estados Unidos,
enquanto sua concorrente, a Boeing, detinha 80%, após esse período, dobrou para 40%.
É um dia histórico [...] Ter uma linha de montagem nos
Estados Unidos aumentará nossa visibilidade- por
Fabrice Bregier, CEO da Airbus (tradução do autor).
O estado do Alabama foi o escolhido por algumas razões, entre elas está o valor do salário
mínimo, que é considerado um dos mais baixos, nos Estados Unidos, as raras
manifestações de trabalhadores por melhorias e os benefícios trabalhistas são em média
até 30% mais accessíveis, que nos países Europeus. Nessa época, essa empresa anunciou
a criação de mais de 1.000 empregos diretos; estimou-se encomendas na ordem de 5.000
novas aeronaves, para o mercado norte-americano, em um período de 20 anos, confiando
na renovação da frota americana que é uma das maiores do mundo.
Ao produzir em solo americano a Airbus afirmou que reduzirá os riscos financeiros com
variações cambiais entre o euro e o dólar. Segundo o que foi dito em uma reportagem,
pelo CEO, Fabrice Bregier, as instalações ocuparam uma antiga base aérea de Brookley,
onde inúmeros aviões haviam sido construídos quando da segunda guerra mundial e
possui uma área de 116 acres de terra, caso queira expandir suas operações.
Essa fábrica iniciou suas operações já produzindo 3 modelos de aeronaves: A319, A320
e A32. No ano de 2017, passou a produzir o quarto modelo: o A320 Neo, que se destaca
pela economia de combustível. Prevê também uma produção mensal de 4 aviões e 8 jatos,
já em 2018. Seu CEO Bregier salienta que o processo de montagem da aeronave
corresponde a apenas cerca de 10% do preço de composição.
Esta cidade faz três coisas para a Airbus [...] Isso lhes dá
uma maior presença industrial, o que poderia ser útil na
busca de contratos de defesa. Pressiona os sindicatos na
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Europa, porque o trabalho no Alabama custa menos. E
diversifica sua exposição cambial, o que poderia ser útil,
se o euro se fortalecesse novamente – por Richard
Aboulafia, da Teal Group Corporation. (tradução do
autor).
Diante dos sites pesquisados, pode se extrair uma síntese do externado pela imprensa,
dados que devem ser sintetizados compilados e segmentados, para uma maior
compreensão dos motivos que apoiaram a decisão do reshoring e seus impactos no
território americano.
Tabela 3- Dados Airbus
URL http://www.industryweek.com/competitiveness/airbus
Fonte dos dados Semana da Indústria
Data de publicação 14/09/2015
É um caso específico de
empresa de reshoring, de
offshoring ou de transplante?
Sim
Empresa/Organização Airbus
Tipo de trabalho Fabricação/Indústria
Se a fabricação, a empresa é um OEM? Yes
Categoria de reshoring: Transplante/Investimento estrangeiro
Número total de empregos (criados ou futuros): 1000
Ano do reshoring implementado ou a ser implementado: 2015
Domestico, o trabalho será feito: Planta local
Investimento de capital ($): 600 milhões
País (es) de origem: França
Cidade beneficiada reshoring: Mobile
Estado: Alabama
Indústria (s): Transporte Aéreo
Produto (s) vendido (s) Aeronaves
Quais fatores negativos não domésticos tornaram a
offshoring menos atraente? Variação cambial
Quais fatores positivos domésticos tornaram o reshoring
mais atraente?
Incentivos governamentais, Concessões
trabalhistas, Proximidade de clientes /
mercado, Outros, Pressão Sindicatos
europeus porque mão de obra mais barata
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Após 2 anos de atividade, em solo americano a Airbus anunciou novamente um acordo com a
empresa Bombardier, para fabricação da nova geração dos aviões Série C, em sua planta, na
cidade de Mobile, no Alabama, Estados Unidos. O acordo visou a aquisição de 50,01% de ações
do programa C Series da Bombardier; e permaneceriam no Canadá, os outros jatos dessa Série.
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Esse movimento mostrou-se como resposta à tarifação 299,45%, proposta pelo
Departamento de Comércio dos Estados Unidos, sobre um pedido de 75 jatos da Série C,
feito pela empresa aérea Delta Air 2, promovida por meio de uma queixa formal de sua
concorrente direta, a americana Boeing. A Airbus e a Bombardier creem que a
transferência da produção para esse país, contornará, de forma precisa, essa tarifação
imposta.
Isso parece um acordo questionável entre dois
concorrentes fortemente subsidiados pelo Estado, para
contornar as recentes descobertas do governo dos EUA
[...] Nossa posição é que todos devem seguir as mesmas
regras para que o comércio livre e justo funcione - pela
por Tom Enders, CEO da Airbus. (tradução do autor).
Este é um ganha-ganha para todos [...] A Série C, com
seu design de última geração e grande economia, é uma
excelente opção para nossa família de aeronaves, de
corredor único existente e amplia rapidamente nossa
oferta de produtos para um setor de mercado em rápido
crescimento - por Tom Enders, CEO da Airbus.
(tradução do autor).
Essa parceria não apenas garantirá a C Series e suas
operações indústriais no Canadá, no Reino Unido e na
China, mas também trará novos empregos para os EUA
[...] A Airbus se beneficiará do fortalecimento de seu
portfólio de produtos no mercado de alto volume de
corredor único, oferecendo valor superior aos nossos
clientes de linhas aéreas, em todo o mundo - por Tom
Enders, CEO da Airbus. (tradução do autor).
Porém os acordos anunciados por essa empresa, em 16/10/2017 e descritos nessa
reportagem, são esperados para que se concretizem até o segundo semestre de 2018. A
Boeing espera pelo julgamento de sua queixa como forma de obstáculo às pretensões da
Airbus e Bombardier.
A Comissão de Comércio internacional dos Estados Unidos promulgará decisão final
sobre as tarifas propostas pelo Departamento de Comércio, em 2018. De acordo com a
publicação a Boeing tenta arruinar os planos de sua rival para que sequer decole do chão,
sob a alegação de estar protegendo os empregos, na indústria americana.
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Tabela 4- Dados da Airbus-Bombardier
URL http://www.businessinsider.com/airbus-bombardier-c
Fonte dos dados Business Insider
Data de publicação 10/16/2017
Nome do autor Benjamin Zhang
É um caso específico de empresa de reshoring, de
offshoring ou de transplante?
sim
Empresa/Organização Airbus
Tipo de trabalho Fabricação/Indústria
If manufacturing, is the company an OEM? Yes
Categoria de reshoring: Transplante/Investimento estrangeiro
País de origem: França
Cidade beneficiada reshoring: Mobile
Estado: Alabama
Indústria (s): Transporte Aéreo
Produto (s) vendido (s) Aeronaves
Quais fatores positivos domésticos tornaram o
reshoring mais atraente?
Incentivos governamentais, proximidade com os
consumidores/mercado
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
Os baixos preços da energia estimularam o investimento
estrangeiro na fabricação de produtos químicos nos
EUA, como forma de desenvolver uma cadeia de
fornecimento confiável e regional para produção com
excesso para exportação por Glenn Riggs, vice-
presidente de logística corporativa e estratégia da
Odyssey Logistics & Technology Corporation. (tradução
do autor)
4.1.5 Oportunidades na geração de empregos ao reshoring.
Registros indicam que em 2014 foram criados 60.000 empregos, na indústria americana,
em função do fenômeno do reshoring ou investimento estrangeiro direto; esse número é
superior àqueles indicados no ano de 2003, quando não passavam de 12.000
(RECOD.NET,2017).
Segundo outra reportagem, em 2014, houve um aumento de 10.000 empregos, sendo este
o primeiro aumento líquido no período de duas décadas. Essa indicação está longe de se
comemorar, pois no ano de 2015 mais de 50.000 empregos foram terceirizados para fora
dos Estados Unidos, segundo a organização Reshoring Institute.
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Esses números provavelmente refletem a evolução das
estratégias da cadeia de suprimentos que os fabricantes
nos Estados Unidos, bem como as empresas estrangeiras,
estão colocando em ação - por Rosemary Coates,
diretora do Reshoring Institute.
Para alguns fabricantes norte-americanos, o patriotismo
econômico será um ponto de inflexão quanto à
reaproximação ou não. Os executivos reconhecem que
nos últimos 15 anos colocamos um buraco gigante na
classe média [...] Temos que consertar isso porque não é
sustentável. perfil econômico a longo prazo quem
disse?
".
Grandes empresas vêm tentando reparar o dano causado pela evasão de indústrias dos
Estados Unidos, pela política do offshoring, quando foram extirpados milhares de
empregos.
Gráfico 4- Empregos gerados nos últimos 4 anos
Fonte: Reshoring Institute,(2018).
Como forma de manifestação de apoio ao reshoring, o Walmart, maior rede varejista
mundial, anunciou que concentrará suas compras de forma a favorecer a produção
americana; estima-se que os números sejam na ordem de 250 bilhões de dólares, até o
ano de 2023.
Segundo Coates, a manifestação do Wallmart, sobre concentrar suas compras em
produtos de fabricação nacional é importante, devido à sua influência e volume.
O Walmart é a mãe de todas as cadeias de suprimentos. A
empresa influencia praticamente todas as partes da indústria de
transformação. Como resultado da iniciativa do Walmart,
plásticos, pequenos motores, vestuário e outros produtos estão
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voltando. A reconstrução desses setores indústriais terá uma lupa
efeito em todos os tipos de fabricação americana - e sabemos que
o Walmart é um criador de tendências de varejo, que outros
varejistas certamente seguirão - por Rosemary Coates, diretora
do Reshoring Institute.( Tradução do autor).
A prova de que a manifestação do Wallmart impulsiona o movimento de reshoring e
reforça campanhas de valorização de produtos de fabricação nacional é que inúmeras
empresas, após esse anúncio, passaram a migrar suas operações de volta ao seu país de
origem. Empresas como a Bell Sports, passaram a produzir os seus capacetes Made in
USA e a comercializá-los nessa mesma rede varejista.
As empresas K´nex, que atua na fabricação de brinquedos, a K-Force Build e Blast, na
fabricação de moldagem por injeção, a (GE) General Eletric, que abriu três fábricas nos
estados de Illinois e Ohio, para a fabricação de lâmpadas brancas, com eficiência
energética para fornecimento exclusivo às lojas Wallmart, a fabricante de pneus Chester
County, S.C, entre diversas outras que realizaram o reshoring aos EUA, a partir do
anúncio dessa rede varejista.
Em adição aos exemplos citados, tem-se também a fabricante de roupas para o público
masculino, Todd Shelton, que decidiu pelo reshoring, transferindo toda sua produção do
Japão. Ela buscou estratégias para compensar a diferença salarial existente entre esses
dois países, de maneira a reduzir os impactos negativos que o aumento traria; diante disso,
investiu em inovação e melhoria da qualidade do produto.
Os dados expostos aqui, contém informações sobre anúncios de empresas com sede nos
Estados Unidos e daquelas estrangeiras que resolveram mudar sua produção para o
território americano. Esses dados são relativos aos anos compreendidos entre 2010 e
2017. Acredita-se que essa movimentação foi impulsionada, de forma antecipada, devido
à promessa do governo, em sobretaxar empresas que estivessem fora dos Estados Unidos
e efetuar cortes na burocracia regulatória, após as eleições de 2016, conforme pode ser
visto no gráfico abaixo.
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Gráfico 5- Reshoring + FDI criação de empregos
Fonte: Dados da pesquisa https://data.bis.gov/timeseries/CES3000000001
De acordo com os dados governamentais, durante os últimos 20 anos, os Estados Unidos
foi perdendo uma quantidade maior de empregos do que retendo ou atraindo novos.
Estima-se que cerca de 5 milhões desses, 2,3 milhões correspondam à indústria americana
e somente 900.000 desses foram reestabelecidos.
Fonte: Elaborado pelo autor https://data.bis.gov/timeseries/CES3000000001
Em 2015, os números indicaram uma certa paridade, demonstrando que a sangria dos
empregos na indústria americana, havia estancado. O fenômeno de reshoring estava
sendo protagonista nessa recuperação, de certa forma estava ajudado a economia
americana a se fortalecer e crescer.
-2000
0
2000
4000
6000
8000
10000
2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020
Período de 2007 a 2017
Linear (Reshoring)
Gráfico 6-Disposto de empregos por estado.
73256
46572
35407
331983187730601
28225
26551
25025
19838
15908
14646 14068
1390312563
EMPREGOS
1 Carolina do Sul 2 Tenessee 3 Minisota 4 Carolina do Norte
5 GA 6 Texas 7 Alabama 8 Ohio
9 Nova York 10 In 11 AZ 12 VA
13 MS 14 LA 15 KY
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Segundo o Reshoring Institute, a revitalização e modernização da indústria americana tem
ganho importância e se tornado notória por causa dos investimentos das empresas que
regressaram.
Gráfico 7- Empregos na indústria de 1970 a 2014
Fonte: Site www.recod.net,(2018).
Já no ano de 2016, pela primeira vez, os empregos perdidos para o offshoring foram
menores que aqueles que retornaram pelo processo do reshoring e FDI. Desde 1970 os
empregos gerados ou atraídos não eram maiores que os perdidos pelo offshoring, saindo
da média de perda anual de 200.000 para geração de 30.000, líquidos.
Em coletiva de imprensa, durante o ITMS - International Manufacturing Technology
Show, em sua edição de 2018, um dos maiores eventos voltados a grandes fabricantes
mundiais, Harry Moser, fundador e presidente do reshoring Institute da organização que
pesquisa o fenômeno de reshoring nos Estados Unidos, sobre o aumento de cerca de 40%
na fabricação de produtos nos Estados Unidos, afirmou também que cerca de 500.000
empregos diretos foram adicionados a economia americana desde 2009, e expressou que
os números ainda crescerão, (CANDACE, R.,2018).
A adição de outro milhão exige decisões corporativas de
sourcing mais inteligentes e treinamento de força de
trabalho qualificada e a adição de outros três milhões
exige uma ação nacional importante para nivelar o
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campo comercial - por Moser ex-presidente da GF
Machine Solutions. (tradução do autor) O retorno real dos empregos para os EUA torna factível
que milhões mais possam retornar com as políticas
corretas em vigor, e que equilibrar o déficit comercial
fará com que as compras anuais de máquinas-
ferramentas e outras tecnologias de fabricação aumentem
em cerca de 25% por 20 anos, que pode superar o atual
atraso de produtividade e motivar o recrutamento de mão
de obra qualificada - por Moser ex-presidente da GF
Machine Solutions. (tradução do autor)
De forma simultânea ao aumento dos empregos em 2016 e ainda maior em 2017,
correspondeu a nove vezes, no biênio anterior; o numerário é considerável e corresponde
à quantia de US$ 91 bilhões de dólares.
Segundo o estudo feito pelo Reshoring Institute, a importação para os Estados Unidos
também aumentou de forma considerável, porém, nesse período, não foi observada uma
saída de empresas para produção desses produtos fora do território americano. Acredita-
se que esse aumento foi baseado no crescimento do consumo desses produtos,
impulsionando a importação direta de fornecedores estrangeiros e não do deslocamento
das plantas de produção para fora do país, (CANDACE, R.,2018).
Gráfico 8-Reshoring X FDI - Investimento Estrangeiro Direto
Fonte: Elaborado pelo autor, https://data.bis.gov/timeseries/CES3000000001
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018
Período de 2007 a 2017
Reshoring FDI
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Mais da metade das empresas afirmaram que quando decidiram realizar o offshore
focaram na comparação entre as bases salariais vigentes naqueles polos; entretanto,
quando se trata do reshoring, essas demonstram tendência a analisar diversos fatores que
englobam custos e riscos, até então não considerados relevantes, (BOSTON
CONSULTING GROUP, 2013)
Os fatores determinantes para realização do reshoring ou FDI, são muito semelhantes,
porém, existem exceções:
Tabela 5-Fatores determinantes para realização do reshoring ou FDI
Fonte: Dados da pesquisa, 2018.
A maioria das empresas que realizou reshoring, é proveniente de países que têm mão de
obra de baixo custo e para que haja a compensação, as empresas utilizam automação de
suas plantas fabris, o que traz equilíbrio aos custos de mão de obra doméstica.
O selo criado como forma de impulsionar o fenômeno de reshoring, o Made in USA, não
Tem o mesmo peso em empresas interessadas em realizar o investimento direto, o FDI.
Como a maioria dessas empresas são provenientes de países desenvolvidos, o valor
agregado desse selo não é tão diferente do selo Made in Germany, ou seja, a influência
do selo de fabricação americana se tornou um diferencial, quando comparado ao selo de
um país em desenvolvimento, a exemplo do Made in China.
Um fator notório é que a maioria das empresas que realizam o reshoring é que elas evitam
publicitar sobre o que deu errado na sua decisão de offshoring, mas antes buscam valorizar
as vantagens competitivas de voltar a produzir nos Estados Unidos.
•ênfase na imagem
•Automação
•Redesign produto Made in USA
Reshoring
•ênfase nos incentivos governamentais
•Mão de obra qualificada
FDI- Foreign Direct investiment
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Estima-se que a taxa recorde de mais de 170.000 novos postos de trabalho e investimentos
diretos estrangeiros (FDI) anunciados em 2017, não será sustentável, a menos que haja a
concientização que as políticas nacionais e corporativas devam ser alteradas para tornar
a produção norte-americana mais competitiva, segundo Moser fundador e presidente do
Reshoring Institute, (CANDACE, R.,2018).
Pergunta-se por que empregos nas indústrias então voltando, mesmo com a utilização de
robôs, nas fábricas; ainda, por quanto tempo ele estará assegurado. Essa dúvida tem
intrigado pesquiosadores; no entanto, existem algumas razões para se manter esse cenário
atual e futuro (GLASER, A. ,2017).
Faz parte das projeções futuras da sociedade, achar que, quanto mais a tecnologia robótica
avançar, menos empregos surgirão, vinculando diretamente uma ação e reação
automática. Imagina-se que os robôs irão substituir de forma definitiva uma porção
significativa ou a maioria dos empregos no setor industrial.
Esse cenário é realmente uma possibilidade real e que ja é realidade em alguns setores, o
industrial é um deles, porém, não é bem assim. Atualmente mesmo com as empresas
investindo na automação de suas plantas de produção, os empregos indústriais também
estão aumentando. Em abril do ano 2017, cerca de 18,4 milhões de norte-americanos
estavam trabalhando na indústria, baseado no que diz o Escritório de estatisticas
trabalhistas dos Estados Unidos , (GLASER, A. ,2017).
Este numerário representa cerca de 25.000 postos a mais de trabalho, neste setor em
relação ao ano anterior (2016) e se a comparação se estender a 2010, esse número
corresponde a quase um milhão de postos. Porém, este número ainda é 1/3 inferior aos
valores existentes a partir dos anos 1980, cerca de 6 milhões de postos de trabalho a
menos.
Uma razão para o aumento: no ano passado, pela primeira vez em décadas, mais empregos
indústriais voltaram aos Estados Unidos do que saíram, de acordo com dados compilados
pela Iniciativa de Recursos, uma empresa que trabalha para trazer empregos de volta aos
EUA. Em 2016, houve um ganho líquido de mais de 25.000 empregos. Isso reflete uma
perda de cerca de 50.000 empregos que deixaram o país, combinados com um ganho de
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cerca de 77.000 postos de trabalho que retornaram aos EUA ou resultam de empresas não
americanas investindo em fábricas dos EUA, de acordo com o relatório, (GLASER, A.
,2017).
Gráfico 9- Número de empregos industriais nos Estados Unidos.
Fonte: Reshoring Institute e Universidade de San Diego. https://data.bis.gov/timeseries/CES3000000001
A maior parte dos empregos, cerca de 60% de 2010 a 2016, veio da China, de acordo com
esse relatório da Plant Moran. O trabalho se tornou mais caro na China do que no passado,
com os salários subindo 12% a 15% ao ano, nos últimos 15 anos, de acordo com Harry
Moser, fundador da Iniciativa de Recursos Humanos.
Em pesquisa no portal da revista Forbes, este estudo identifica os impactos do reshoring,
na retomada da oferta de empregos para os americanos. Por meio de exemplos de casos
concretos pudemos identificar o volume de novos postos de trabalho trazidos de volta
para os Estados Unidos.
A indústria automotiva trouxe mais empregos para os EUA, seguidos pelos fabricantes
de componentes eletrônicos e eletrodomésticos. Essas são indústrias, de acordo com o
relatório da Plant Moran apresentado durante ITMS - International Manufacturing
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Technology Show em sua edição de 2018, focadas em produtos cujo tamanho e peso
sugerem que o offshoring nunca ofereceu economia de custos.
Mas ainda há a questão de como o crescente uso da automação poderia eventualmente
desempenhar um papel ainda maior nessas tendências. No primeiro trimestre de 2017, as
empresas norte-americanas compraram 32% mais robôs do que no mesmo período do ano
passado, segundo dados da Robotic Industries Association, pelo fato dos robôs terem-se
tornado mais baratos.
Embora agora os trabalhos humanos e a manufatura robótica estejam em ascensão, as
máquinas finais tiram empregos. Para cada robô trazido para a força de trabalho dos EUA
entre 1990 e 2007, seis desses foram perdidos (GLASER, A. ,2017).
Essa movimentação tem fortalecido organizações a regressarem e impulsionando-as a
fomentar o aumento dessa transferência de suas cadeias de suprimento, o que resultará no
aumento dos empregos aos norte-americanos (COHEN, 2018)
O presidente Moser, do Reshoring Institute Harry analisou os resultados de uma pesquisa
conjunta de seu instituto e a Plant Moran, que quantificou as razões para o offshoring, as
diferenças de preços e as mudanças políticas necessárias. Moser quebrou muitos mitos de
fabricação, tais como:
I. Não é possível trazer uma grande quantidade de empregos de volta para os Estados
Unidos, contra: “Há provas de que eles podem ser trazidos de volta”, disse Moser.
"Em 2017, foram anunciados 171 mil empregos para voltar - isso representa cerca
de 90% de todo o aumento do emprego industrial em 2017".
II. Os robôs estão assumindo muitos dos trabalhos de fabricação e devem ser
tributados, contra: "Se você taxar os robôs, não terá tantos robôs quanto deveria e
acreditamos que, se os EUA não adotarem a automação, os EUA poderão perder
mais empregos para a China"[...] "Se você automatizar, você tem o trabalho aqui
com a possibilidade de mais empregos".
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III. A maioria absoluta de todos os postos de trabalho perdidos na indústria, foram
por causa da produtividade, não ao offshoring, contra: "Entretanto, acreditamos
que 60% dos postos de trabalho perdidos foram devidos ao offshoring, não à
produtividade".
IV. O déficit comercial não é importante e não pode ser fixado de qualquer maneira,
contra: "Na verdade, o déficit comercial impulsiona a baixa taxa de poupança e
acreditamos que, como há um alto déficit comercial, a taxa de poupança é baixa".
V. O emprego manufatureiro continuará inevitavelmente a declinar como a
agricultura, contra: "A fabricação é o oposto da indústria agrícola - é mix alto de
baixo volume - tendendo a personalização e é muito mais difícil automatizar a
fabricação do que a agricultura, onde você tem um baixo mix de alto volume.
Segundo Cohen (2018) várias empresas têm expressado, em atitudes, suas pretensões de
manter os empregos em casa e até mesmo aumentar a oferta. Uma pesquisa realizada pelo
Reshoring Institute em inúmeros portais, identificou esse movimento das organizações,
dentre estas a pesquisa destaca algumas; a seguir.
Os dados abaixo foram selecionados através de reportagens e matérias jornalísticas a
partir da relação de empresas que anunciaram a geração de empregos diante o fenômeno
de reshoring. Essa relação está baseada em uma lista divulgada pelo Reshoring Institute
Iniciative, no período de 2010 até o primeiro trimestre de 2018.
Diante das empresas que estão acompanhando tal fenômeno, este estudo ressalta 15
fabricantes de grande porte.
A Apple anunciou no início deste ano de 2018, o interesse em investir nos Estados Unidos,
em torno de 30 bilhões de dólares americanos, em gastos de capital, sendo este numerário
previsto para concretização em até cinco anos. Como parte desse investimento, ela
expressou pretensão de aumentar o suporte ao seu fundo de fabricação avançada
(Advanced Manufacturing Fund).
O valor passará de 1 bilhão de dólares para US$ 5 bilhões. Esse capital é utilizado para
dar suporte à indústria americana, como forma de investir e dar condições ao setor
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Total de empregos
retidos22.200
Estados Beneficiados
Texa´s, TBD
IndustriaCurpertino, california
Figura 13- Empresa Apple
manufatureiro se modernizar e se fortalecer. Espera-se que essa movimentação possa criar
cerca de 20.000 novos postos de trabalho.
Fonte: Dados da pesquisa, (2018).
Esse anúncio e movimentação vem como reação da organização às críticas a ela,
direcionadas, sobre a sua terceirização de empregos, para países em desenvolvimento, em
especial a China. Dentre essas acusações, estão também aquelas que indicam uma
estratégia de pagamento de menos impostos, mantendo fora do país cerca de 250 bilhões
de dólares. Essa empresa americana divulgou em março de 2017 que daria suporte a cerca
de 4,8 milhões empregados chineses e somente 2,8 milhões nos Estados Unidos.
Na mesma direção aparece a General Motors, que fez vários anúncios de esforços, no
sentido de revitalizar e impulsionar o emprego, nas suas unidades de produção, mas
precisamente em Michigan, New York, Tennessee e Texas. No mês de janeiro de 2017
essa empresa fez seu maior anúncio: 7 mil empregos seriam gerados/mantidos nos
próximos anos e a transferência de aproximadamente 600 empregos de sua planta de
produção no México, para o estado de Arlington no Texas.
Esses esforços se contabilizados desde 2010, totalizam cerca de quase 13.000 empregos,
se tornando o segundo maior incentivador e investidor na criação e manutenção desses,
nos Estados Unidos, sendo superado apenas pela Trilhardária Apple.
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Fonte: Dados da pesquisa, (2018).
A empresa Boeing, vem expandindo suas operações nos Estados Unidos e ampliando sua
força de trabalho em toda Costa Leste. Sua nova fábrica localizada na Carolina do Sul,
produz sua linha de aviões 787 Dreamliner e transferiu a produção de novo modelo 777X,
para St. Louis, antes fabricado fora.
Essa empresa prevê que a primeira unidade de seu novo modelo seja concluída em 2019
e a Boeing estima que gerará aproximadamente 8.000 empregos, ficando atrás somente
da Apple e a General Motors, no ranking das empresas que mais estão empregando nesse
movimento das cadeias de produção.
Ela tem se destacado nos esforços para mobilização de suas plantas de produção para o
território americano, esta tem mudado a maneira de realizar seus planejamento estratégico
e composição de custos globais, observando outros itens que impactam a formação dos
custos.
Figura 14-Dados extraído sobre a empresa General Motors
Total de empregos retidos
12.988
Estados BeneficiadosMichigan, Nova York,
Tennessee, Texas
IndústriaVeículos a motor e
peças
Sede Detroit, Michigan
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80
Fonte: Dados da pesquisa, (2018).
A americana Ford, no ano passado (2017), apresentou plano de cancelamento de sua
expansão de cerca de US$ 1,6 bilhão, na sua unidade de produção, no país vizinho, o
México, transferindo as operações para o estado americano no estado do Michigan.
Estimasse a geração de cerca de 700 empregos e um investimento aproximado de US$
700 milhões. Quando ampliado o espectro de análise para os últimos oito anos, a
organização anunciou investimentos e ações similares que gerarão cerca de mais 4.200
postos de trabalho, beneficiando os estados de: Ohio, Nova York, Indiana, Illinois, além
de outras partes do estado de Michigan.
Fonte: Dados da pesquisa, (2018).
Figura 16- Dados sobre a empresa Ford.
Total de empregos
retidos4,200
Estados Beneficiados
Indiana, Illinois, Ohio, Michigan,
Nova York
IndústriaVeículos a motor
e peças
SedeDearborn, Michigan
Figura 15- Dados extraídos sobre a empresa Boeing .
Total de empregos
retidos7,725
Estados BeneficiadosMissouri, Montana,
Carolina do Sul
Indústria Aeroespacial e defesa
Sede Chicago, Illinois
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Esses anúncios foram feitos após pressão do governo americano para que empresas
nativas, reduzissem seus investimentos fora do país e passassem a focar no investimento
e fortalecimento da indústria local e geração de emprego.
Já para a empresa Intel, empresa que atua na fabricação de componentes eletrônicos e
semicondutores, anunciou em 2011 a intenção de contratar cerca de 4.000 trabalhadores
norte-americanos, além da construção de uma unidade de fabricação de
microprocessadores, sendo para isto estimado um investimento de aproximadamente US$
5 bilhões de dólares, no Arizona.
Espera-se com a Fab 42, nome dado pela organização a esta unidade, a produção de 7
nanômetros e foi planejada para se tornar a mais avançada fábrica desse seguimento, na
atualidade, tendo sua implantação finalizada no ano de 2013, devido a inúmeros
adiamentos na sua inauguração.
No ano de 2017, a Intel anunciou um investimento de US $ 7 bilhões de dólares e
contratação de 3.000 trabalhadores qualificados de alto nível, de forma direta com
remuneração diferenciada. A conclusão desse projeto está prevista para 2020 com a
estimativa de geração de 10.000 empregos, no estado do Arizona.
Fonte: Dados da pesquisa, (2018).
Figura 17- Dados extraídos sobre a empresa General Motors.
Total de empregos
retidos4.000
Estados Beneficiados
Arizona, Califórnia, Oregon
IndustriaSemicondutores e
componentes eletrônicos
SedeSanta Clara,
Califórnia
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Total de empregos retidos
2.900
Estados Beneficiados
Louisiana, Michigan, Texas
Indústria Químicos
SedeBoston,
Massachusetts
A busca pela redução de custos e melhor avaliação da composição geral na produção, fez
com que a Dow Chemical anunciasse, no ano de 2015, planos de investimento na ordem
de US$ 6 bilhões de dólares em suas fábricas, localizadas nos estados do Texas e na
Louisiana, como forma de redução dos custos compostos, aproveitando o baixo preço do
gás natural.
Os esforços da empresa em realizar o reshoring anunciados nos últimos anos, deverão
reter ou acrescer cerca de 2.900 empregos nas indústrias americanas, essa tendência tende
a impulsionar outras empresas a realizarem análises dos mesmos parâmetros para a
movimentação de planta de produção, seguindo a tendência atual.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
A General Eletric estima reter gerar de 2.700 empregos na indústria americana,
reforçando sua força de trabalho nos Estados Unidos, de acordo com anúncio realizado
pela empresa em 2010. Essas ações estão concentradas no seu Apliance Park, uma
unidade de produção que foi reformada recentemente no Kentucky, trazendo para os
Estados Unidos sua produção de máquinas de lavar de alimentação frontal e de
refrigeradores, que são produzidos na China e México, (BOSTON CONSULTING
GROUP,2013).
Figura 18-Dados extraídos sobre a empresa DOW.
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Figura 19- Dados extraídos sobre a empresa General Eletric
Total de empregos retidos
2.656
Estados Beneficiados
Alabama, Arkansas, Illinois, Kentucky, Carolina do Norte,
Nova York, Ohio
Indústria Máquinas industriais
Sede Boston, Massachusetts
A empresa aponta alguns fatores determinantes para sua decisão de mudança para os
Estados Unidos, estes compõem percentual relevante na formação do risco total e custo,
entre eles estão: custo de transporte reduzido, mão de obra mais bem qualificada além de
incentivos fiscais por parte dos governos estaduais e municipais.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
No mesmo sentido, a Whirlpool anunciou várias ações no sentido de fortalecer suas
operações nos Estados Unidos, trazendo operações para o país norte-americano. Estima-
se que desde 2010 a empresa tenha gerado em torno de 2.165 empregos para trabalhadores
no setor industrial. Após o anúncio do governo americano em aumentar a tarifação das
máquinas de lavar, importadas, como forma de proteção e redução das importações de
outras marcas, a exemplo da Sansung Eletronics e LG Eletrônics.
A Whirlpool anúncio no início deste ano a criação de mais 200 novos postos de trabalho
em suas indústrias, fortalecendo sua atuação nos Estados Unidos.
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Figura 20- Dados extraídos sobre a empresa Whirlpool
Total de empregos retidos
2.165
Estados Beneficiados Ohio
Indústria Eletrônica, equipamentos elétricos
Sede Benton Harbor, Michigan
Fonte: Elaboração própria, dados da pesquisa
De acordo com o Instituto Reshoring, a fabricante de máquinas agrícolas e de construção
Caterpillar, anunciou projetos de reshoring, direcionados aos estados do Texas, Indiana
e Illinouis, com geração de 2.100 empregos nos Estados Unidos.
No ano de 2012 essa empresa inaugurou uma de suas plantas de fabricação na cidade de
Victória no Texas. Com um investimento inicial foi de US$ 200 milhões de dólares,
transferiu a produção de suas escavadeiras hidráulicas de Akashi no Japão para os Estados
Unidos. Em 2015, a empresa anunciou novamente planos de expansão de seus
investimentos no solo americano, movendo suas operações de fabricação de caminhões
produzidos no México, para o estado do Texas.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Figura 21- Dados da empresa Carterpillar
Total de empregos
retidos2,100
Estados Beneficiados
Geórgia, Illinois, Indiana, Texas
IndústriaConstrução e máquinas
agrícolas
Sede Peoria, Illinois
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85
Em janeiro de 2015, a fabricante de veículos Polaris Industries, divulgou sua intenção de
construir uma unidade de produção de seus veículos off-road com um investimento de
aproximadamente US $142 milhões de dólares no estado do Alabama. A previsão é de
criação de 2.000 novos empregos industriais.
Essa empresa demonstra que tal investimento teve como principal fator influenciador, os
incentivos fiscais, estaduais e municipais. Ela receberá após a conclusão de suas
instalações, incentivos fiscais na ordem de US $ 80 milhões de dólares, disponibilizados
pela cidade de Huntsville, Alabama.
Este discurso vem como forma de contraponto e como respostas às críticas recebidas pela
empresa por ter reduzido seus investimentos e operações no estado de Wisconsin, EUA,
construindo novas plantas de produção na cidade de Monterrey no México ao custo de
US$ 150 milhões de dólares.
Em janeiro de 2015, a fabricante de veículos Polaris industries, divulgou sua intenção de
construir uma unidade de produção de seus veículos off-road com um investimento de
aproximadamente US $142 milhões de dólares no estado do Alabama. A previsão é de
criação de 2.000 novos empregos industriais.
A empresa demonstra que tal investimento teve como principal fator influenciador, os
incentivos fiscais, estaduais e municipais. A empresa receberá após a conclusão de suas
instalações, incentivos ficais na ordem de US $ 80 milhões de dólares, disponibilizados
pela cidade de Huntsville, Alabama.
Este discurso vem como forma de contraponto e como respostas as críticas recebidas pela
empresa por ter reduzido seus investimentos e operações no estado de Wisconsin, EUA,
construindo novas plantas de produção na cidade de Monterrey no México ao custo de
US$ 150 milhões de dólares.
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Total de empregos retidos
2.000
Estados Beneficiados
Alabama
Indústriaequipamentos de
transporte
Sede Deerfield, Illinois
Figura 22- Dados extraídos sobre a empresa Polaris
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
A empresa Solar City, passou por inúmeras dificuldades na operação em solo americano,
devido ao custo de produção de painéis solares residenciais. Os custos de mão de obra
eram relativamente altos em relação a outros países, o que dificultava sua operação e
competitividade.
Em 2014, anunciou um acordo com o estado américa de Nova York, que obriga a
fabricante investir cerca de US $ 5 bilhões de dólares, nos próximos 10 anos, para que
receba um incentivo fiscal generoso na quantia de US $ 750 milhões de dólares, onde
ambos esperam alcançar a marca de 1.900 novos postos de trabalho na indústria
estadunidense.
Esse investimento estará concentrado na construção de uma nova planta de fabricação em
South Buffalo. O projeto ficou paralisado durante um bom tempo e após reavaliação de
seu cronograma de execução e implantação e ter sido vendida a empresa Tesla, teve ano
passado (2017), o início de sua produção industrial de painéis solares já na nova fábrica.
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Figura 23- Dados extraídos sobre a empresa SolarCity
Figura 24- Dados extraídos sobre a empresa MERCK & CO., INC
Total de empregos retidos
1.900
Estados Beneficiados
Nova York
IndústriaProdução e
armazenamento de energia
Sede San Mateo, Califórnia
Total de empregos retidos
1.633
Estados Beneficiados
New Jersey, TBD
Industria Farmacêutica
Sede Kenilworth, New Jersey
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Em junho do ano passado (2017), foi anunciado pela Casa Branca que, a Merck & Co.
em consonância com grandes fabricantes farmacêuticos e a exemplo da Pfizer e Corning,
firmaram termo de compromisso de investimento em conjunto na ordem de US $ 4
bilhões de dólares, na produção de vidros farmacêuticos, nos Estados Unidos.
Espera-se devido o tipo de tecnologia empregada no armazenamento de medicamentos
injetáveis, frascos e cartuchos, a geração de cerca de 4.000 empregos se somado para as
três empresas. Já esse ano (2018), a empresa já havia criado 300 postos de trabalho na
indústria americana, como parte de suas ações e consolidação de suas operações no
exterior. Nos Estados Unidos esse esforço vem desde 2013, quando transferiu sua sede
da divisão de saúde animal de Boxmeer na Holanda, para Nova Jersey.
Fonte: Dados da pesquisa, (2018).
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Figura 25- Dados extraído sobre a empresa AMGEN
Total de empregos retidos
1.600
Estados Beneficiados
Rhode Island, TBD
Indústria Farmacêutica
Sede Thousand Oaks, Califórnia
Em janeiro deste ano (2018) a empresa Amgen através de seu CEO Robert Bradway,
juntamente com o presidente americanos Donald Trump, anunciaram que ela tinha
intenção de adicionar cerca de 1.600 empregos, na indústria americana. Esse anúncio vem
após muitos anos de redução de custos que diminuíram cerca de 15% da força de trabalho
em suas unidades, causando o fechamento de duas delas, no ano de 2014.
No mês seguinte de seu anúncio, em fevereiro de 2018 a empresa fez outro comunicado,
que realizaria um investimento de US $ 300 milhões de dólares na implantação de uma
nova fábrica de produtos biológicos, nos Estados Unidos. Estima-se a contratação de 300
empregados após sua conclusão. Em abril de 2018, a organização anunciou a cidade de
Greenwich, no estado de Rhode Island, para instalação dessa nova unidade.
Fonte: Dados da pesquisa, (2018).
A Gentex que fábrica espelhos havia fechado duas de suas unidades de fabricação, uma
na China e outra no México, como forma de concentrar suas atividades de produção no
Estado do Michigan, nos Estados Unidos. Essa empresa alega que apesar do custo de mão
de obra ser menor, com sua produção fora do território americano, a consolidação de
todas as etapas de produção, em um único local, reduz os custos com transportes e erros
de fabricação.
Em um estudo feito pelo Instituto Iniciativa de Reshoring, relata que desde o ano de 2010
para cá (2018) estimou-se a criação de cerca de 1.600 empregos para indústria americana.
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Figura 27- Dados extraídos sobre a empresa INSULET CORPORATION
Total de empregos
retidos1.500
Estados Beneficiados
Massachusetts
Indústria Biotecnologia
SedeBillerica,
Massachusetts
Figura 26- Dados extraídos sobre a empresa GENTEX
Gentex
Total de empregos retidos
1.600
Estados Beneficiados
Michigan
Indústria peças de veículos a motor
Sede Zeeland, Michigan
Fonte: Elaboração própria, dados da pesquisa (2018).
A fábrica de sistemas de insulina Insulet Corporation, no ano de 2017, anunciou a
transferência da produção de seu principal produto, a bomba de insulina “Omipod”, está
se destaca por ser à prova d´água, retirando da China para a cidade americana de Acton
no estado de Massachusetts.
A empresa alega que os motivos que a influenciaram a tomar essa decisão foram a força
de trabalho qualificada nesta área e o aumento crescente dos custos trabalhistas, na China
e caso a lucratividade prevista para os próximos anos seja atingida, a empresa acredita
poder chegar a contratação de 1.500 funcionários até 2021.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
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No ano de 2012, o BCG (Boston Consulting Group) identificou algumas áreas no setor
de manufatura que retornariam aos Estados Unidos, até o ano de 2015. O BCG indicou
as sete principais áreas da indústria e dessas, seis estão incluídas nas dez principais
indústrias dos EUA. Dentre elas estão a indústria de vestuário, produtos químicos,
equipamentos médicos e produtos de madeira/papel.
Estudos indicam quais setores da indústria são responsáveis pelo maior volume de
geração e manutenção de postos de trabalho nos Estados Unidos, para isso pode-se
mensurar de acordo com o ranking abaixo:
Gráfico 10- Reshoring + FDI por tipo de indústria.
Fonte: Dados da pesquisa, (2018).
4.2 Ameaças ao reshoring
Existe uma ameaça ao fenômeno de reshoring que vem se tornando uma realidade, a
ponto de se tornar ao que se chama de nearshoring - quando uma empresa decide mudar
sua planta de produção não propriamente para o seu país de origem, mas para um vizinho
ou mais próximo. Neste sentido, o México vem se destacando na captação dessas
empresas que queiram se aproximar do seu mercado consumidor, mas não
necessariamente permanecer em terras norte americanas, (VICKI, S., 2016).
208,747
56,515
48,525
45,210
38,170
37,421
21,653
20,736
616
295
952
241
298
209
202
79
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Equipamentos de transporte/locomoção
Equipamentos eletricos, componentes e eletro domesticos
Textil e Moda
Produtos eletrônicos e computadores
Produtos de elasticos e borracha
Produtos químicos
Maquinário
Produtos de papel e madeira
Periodo 2010-2017
Empresas Empregos
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91
Empresas passaram a enxergar as américas como um todo, a exemplo daquelas de
fabricação de automóveis, equipamentos e utensílhos médicos, entre outras.
Estamos vendo consideravelmente mais atividades de
nearshoring, ao contrário de reshoring [...] Grande parte
dessa tendência se origina no desaparecimento da
vantagem de custo de mão de obra, na Ásia em
comparação com áreas como o México, que aproxima
alguns fabricantes norte-americanos de seu principal
consumidor - por Guenzerodt, presidente da Dachser nos
Estados Unidos, (VICKI, S., 2016). (tradução do autor).
Baseado em acordos de reciprocidade e de livre comércio entre os países da América do
Norte, o México vem se destacando por se assemelhar à China, quanto aos atrativos
oferecidos à empresas estrangeiras e norte americanas, em termo de custos trabalhistas e
logísticos, além da vantagem de oferecer a proximidade do mercado consumidor
americano, (VICKI, S., 2016).
Para que se possa dimensionar esse crescimento, destaca-se o setor automobilístico: o
México atingiu a capacidade de produção de veículos, na ordem de 292.271 e desses
exportou 234.668, em agosto de 2015, de acordo com a Associação da Indústria
Automotiva Mexicana. Para dar suporte a esse crescimento, montadoras americanas e
estrangeiras estão aumentando sua capacidade de produção, (VICKI, S., 2016).
Empresas como Daimler e Renault-Nissan Alliance estão focadas no processo de
nearshoring: fabricantes construíram uma fábrica na cidade de Aguascalientes, no
México, para produção de veículos compactos da Mercedes-Benz e da Infiniti. Espera-se
com as novas fábricas, uma capacidade de produção anual de mais de 230.000 veículos.
Na mesma direção a fabricante Audi está atualmente construindo sua primeira planta, no
México; o mesmo fez a pneus Pirelli, há alguns anos, para suprir a demanda nas Américas;
ela calculou que até o ano de 2018 produziria em torno de 6,0 milhões de unidades,
(VICKI, S., 2016).
Sobre essa decisão, diversas outras fábricas automotivas estão manifestando esse mesmo
interesse ou já estão de fato, em plena movimentação em suas plantas de produção. Essa
ação acaba por impulsionar outras empresas que compõem o processo produtivo, nesse
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setor, ou seja, ao implantar uma nova montadora de veículos em uma região, uma serie
de outras pequenas e médias indústrias decidem pelo mesmo processo como forma de
redução de custos e proximidade do seu consumidor direto, (VICKI, S., 2016).
O setor automobilístico não é o único responsável por essa migração em cadeias, para o
México, este é apenas uma das molas propulsoras do crescimento da migração
manufatureira, nesse país, o qual vem se destacando também na produção de motores de
turbina a gás, para aviões. A Zenith Electronics Corporation anunciou seus planos de
interromper suas operações de tubos de imagem, atualmente produzidos no extremo
oriente e transferir para o México.
O setor de produtos médico-hospitalar que já tem uma atuação protagonista, projeta o seu
crescimento continuado, ampliando suas exportações para os Estados Unidos e Canadá.
Apesar do nearshoring estar em pleno crescimento, principalmente pelas ofertas de
redução de custos de mão de obra, no México e pela proximidade com o mercado
consumidor americano, porém, ele não contribui ou quase nada, para a reindustrialização
dos Estados Unidos:
Adoramos quando as empresas racionalizam sua
produção para o continente, onde vão vender seus
produtos [...] Mas o problema com a localização no
México é que não é a América. A criação de manufatura
no México não ajudará a reconstruir a economia
manufatureira dos EUA - por Coates, Diretora do
reshoring institute. (tradução do autor)
As empresas estão aplicando o conceito de custo total de
propriedade e risco e complexidade da cadeia de
suprimentos, de maneira muito mais estratégicas. Esses
fatores são muitas vezes intangíveis com custos ocultos,
como corrupção ou perda de propriedade intelectual - por
Joel Sutherland, diretor administrativo do Instituto de
Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos da Escola de
Administração de Empresas, da Universidade de San
Diego, (CANDACE, R.,2018). (tradução do autor).
As razões que influenciam e são norteadoras nas decisões de mudança de local para
produção de bens e serviços, são diversas: cada empresa analisa questões diferentes e
cada uma tem um fator decisivo que impacta seus custos de produção, dentre essas, a
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proximidade do mercado consumidor parece ser incomum entre elas, (CANDACE,
R.,2018).
Segundo esse raciocínio, faz sentido migrar uma planta de produção para a China, visando
produzir para seu mercado interno, porém a questão é saber se vale a pena essa decisão,
para produzir bens e serviços para outros países, a exemplo dos Estados Unidos.
Vivemos em um mundo de entregas just-in-time [...] O
sucesso dos negócios depende de um sistema eficaz de
cadeia de fornecimento, que considere vários fatores,
incluindo taxas de salário, disponibilidade de mão de
obra qualificada, custos de produção, regulamentações
governamentais, estabilidade econômica, riscos
controlados e muito mais - por Joel Sutherland, diretor
da Escola de Administração de Empresas da
Universidade de San Diego. (CANDACE, R.,2018).
(Tradução do autor).
4.3 O significado do Made in USA para os Estados Unidos.
As organizações têm expressado suas motivações para voltar a produzir em seu país de
origem ou as empresas que através do FDI, miraram no país americano para implantar
suas fábricas. Alguns dos motivos mais comuns citados para promover empregos na
indústria e atrair os fabricantes, são capitalizar o valor da marca do selo Made in USA,
sua proximidade com os consumidores dos EUA, a força da mão de obra qualificada do
país e os incentivos do governo.
Alguns dos motivos mais comuns citados para promover empregos na indústria e atrair
fabricantes, são: capitalização do valor da marca do selo Made in USA, aproximação com
consumidores dos EUA, força da mão de obra qualificada e incentivos do governo.
(LESTER, REBECCA,2018).
Estudos têm demonstrado que consumidores estão propensos a perceber o país de origem,
ou pais de fabricação, como fator diferenciador na hora de avaliar um produto.
(USUNIER, 2006; WILCOX, 2015). Para a psicologia de Gestalk defende que o tipo de
impressão de um objeto está diretamente ligado à avaliação de outro objeto, através da
perspectiva de irradiação. (WEISS-RICHARD, 2003).
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Segundo uma pesquisa realizada em 2012, pela Luxury Daily, foram entrevistados 5.000
consumidores dos Estados Unidos, Alemanha e França. O objeto dessa pesquisa era
identificar o comportamento de consumidores, no momento da compra e o valor agregado
ao selo Made in USA.
Ora, mais de 80% desses entrevistados, indicaram a disposição de pagar um pouco mais
por um produto que tivesse o selo de fabricação americana, contra outros com selo de
fabricação estrangeira, a exemplo do Made in CHINA. Os fatores impulsionadores dessas
respostas são a manutenção de empregos nos Estados Unidos e a qualidade dos produtos
(LUXURY DAILY, 2012).
Figura 28- Distribuição de empresas nos EUA
Fonte: http://bluesilkconsulting.com/american-companies-in-america/
Esta perspectiva de irradiação tem sido usada para a interpretação do comportamento dos
consumidores em relação ao país de origem de produtos, indicando a relação de que uma
etiqueta “Made in USA” indicativa do país de origem, pode criar um link subjetivo entre
produtos feitos em determinado país, consumidores e a avaliação desses produtos.
(DIAMANTOPOULOS ET AL., 2011; WEISS-RICHARD, 2003).
Seguindo a perspectiva de irradiação, o consumidor americano favorecera produtos de
fabricação nacional, por associar estes com aspectos positivos, como a criação de mais
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empregos diretos e indiretos e aquecimento econômico, (BALABANS E
DIAMANTOPOULOS, 2004).
Para Rashid, (2017), a literatura tem demonstrado que consumidores têm um
comportamento de menor afeição a produtos fabricados em países pouco desenvolvidos
ou em desenvolvimento. Essa atitude pode ser compensada se esta marca traz consigo
mensagens de boas práticas e comércio justo em seus produtos. Porém, adotar boas
práticas e um comércio justo, podem elevar os preços. (CAMPBELL ET AL., 2015;
HUSTVEDT E BERNARD, 2010).
Autores como Goig, (2007); Hertel et al., (2009); Rode et al., 2008; Hustvedt e Bernard,
(2010), têm indicado que as avaliações das marcas feitas pelos consumidores, pode mudar
de forma positiva pela propagação de boas práticas e comércio justo. Esses estudos
indicam também uma predisposição de consumidores em pagar um pouco mais por
produtos que reflitam boas práticas e comércio justo. (CAMPBELL ET AL., 2015).
Para Rashid (2017), a avaliação que os consumidores fazem em relação aos produtos
feitos em países em desenvolvimento, é diferente dos produtos manufaturados em países
desenvolvidos. Segundo o autor, os produtos feitos em países em desenvolvimento,
trazem consigo a perspectiva de muito suro envolvido, com práticas de fabricação
injustas. Segundo sua pesquisa, os produtos fabricados em países desenvolvidos, não
passam pelo mesmo preconceito.
Atribuir valor agregado a determinado selo ou marca, é usado por empresas para ações
comerciais e governos nas suas ações públicas e políticas há muito tempo. Na década de
1970, foi criado um selo sindical que entrou no imaginário político nacional. Uma
campanha do Sindicato Internacional de Trabalhadores de Confecções Femininas
(ILGWU), um dos maiores sindicatos americanos, composto em sua maioria por
mulheres, (BOYLE J.E. 1903; LEVINE L. 1924).
A partir de 1959, os seus contratos tinham uma cláusula exigindo que um selo de união
fosse costurado em todas as peças roupas fabricadas nas lojas participantes do sindicato
e durante uma década o sindicato aconselhou e influenciou mulheres trabalhadoras
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através da moda, sob a justificativa da promoção de um selo de união, (DANA FRANK,
2016).
Campanhas publicitárias nacionais foram criadas com famosos e divulgadas em horário
nobre, enaltecendo o selo da “união”, em coro real e multiétnico, (DANA FRANK, 2016).
Coro.
"Procure a etiqueta da união, quando você está comprando um
casaco vestido ou blusa. Lembre-se de algum lugar, nossa
costura do sindicato, nosso salário vai alimentar as crianças e
corra a casa. Nós trabalhamos duro, mas quem está
reclamando. Mas através do ILG, estamos pagando nosso
caminho. Então sempre procure o selo da união. Diz que somos
capazes de fazer isso nos Estados Unidos'. Tradução nossa.
No final deste coro, pode-se aferir uma pílula nacionalista, "somos capazes de fazê-lo nos
Estados Unidos'. Durante a década seguinte, dos anos 1970, o líder máximo da ILGWU
fundiu "Buy Union" com "Buy American". Inserindo o selo "Made in USA" em todas as
etiquetas de roupas, como forma de atacar os trabalhadores na Ásia, porém esse
movimento enfrentou inúmeros desafios com outros sindicatos de relevância, (DANA
FRANK, 2016).
As organizações têm expressado suas motivações para voltar a produzir em seu país de
origem ou as empresas que através do FDI “Foreign Direct investment”, miraram no país
americano para implantar suas fábricas. Alguns dos motivos mais comuns citados para
promover empregos na indústria e atrair os fabricantes, são: capitalizar o valor da marca
do selo Made in USA, sua proximidade com os consumidores dos EUA, a força da mão
de obra qualificada do país e os incentivos do governo.
Neste sentido o governo americano em cada estado passou a regulamentar o que pode
receber o selo de fabricação nacional, este que foi elaborado de forma publicitária para
representar o patriotismo americano, a valorização do produto nacional, incentivo ao
emprego e reindustrialização de cada estado americano.
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Para isso a “Federal Trade Commission” órgão federal de proteção ao consumidor
americano, exige que os produtos que serão objeto de publicidade com o selo de “ Made-
in-USA” tenham sido produzidos em território americano, em sua totalidade, com
algumas excessões. Significa que o produto não deve conter conteúdo estrangeiro ou se
o tem que seja de forma insignificante, dentro dos critérios do FTC, o mesmo vale para
os fabricantes que tem interesse de vender em mais de um estado no Estados Unidos,
(RESHORINGINSTITUTE,2018).
Por outro lado, os fabricantes vêm tentando aferir a relação consumerista dos americanos
com os produtos produzidos em território nacional versus os de fabricação estrangeira.
Para estes, identificar a verdadeira relação entre esses fatores, pode ser muito importante
nas decisões de mudança de suas plantas de fabricação.
Para Harold L. (2013), se existe uma certa duvida da indústria manufatureira, quanto ao
comportamento dos consumidores americanos, essa deverá ser revista. Para este, sua
pesquisa indica que o selo “Made in USA” tem um valor muito maior do que os varejistas
e fabricantes podem imaginar. A uma imagem supositiva que, para economizar algum
percentual, o consumidor americano, não faz distinção entre um produto de fabricação
nacional “Made in USA” versus o “Made in CHINA”, desde que este lhe devolva um
benefício (barganha), neste caso o valor menor em relação ao outro, (HAROLD L.
SIRKIN, MICHAEL ZINSER AND KATE MANFRED, 2013).
Pesquisa realizada em 2012 pela Luxury Daily, foram entrevistados 5.000 consumidores
dos Estados Unidos, Alemanha e França. O objeto da pesquisa era identificar o
comportamento dos consumidores no momento da compra e o valor agregado ao selo
“Made in USA”. Mais de 80% desses entrevistados, indicaram a disposição de pagar um
pouco mais por um produto com o selo de fabricação americana em relação a produtos
com selo de fabricação estrangeira, a exemplo do “Made in CHINA”. Os fatores
impulsionadores dessas respostas são a manutenção de empregos nos Estados Unidos e a
qualidade dos produtos, (LUXURY DAILY,2012).
A indústria manufatureira que decidiu migrar sua planta de produção para os Estados
Unidos, provavelmente está com vantagem competitiva em relação a empresas que
continuam fabricando produtos com selo “Made in CHINA”. Isto se dá provavelmente
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por a diferença do custo de produção entre os dois países está reduzindo rapidamente,
tornando desfavorável a manutenção da produção em outro país de forma competitiva,
(HAROLD L. SIRKIN, MICHAEL ZINSER AND KATE MANFRED, 2013).
A influencia que o selo “made –in-Usa” nas relações de consumo e nos benefícios diretos
indiretos aos fabricantes tem aumentado, e empresas tem se profissionalizado na oferta
de serviços de adequação e enquadramento dos produtos nos requisitos do “Federal Trade
Commission” para fabricantes que queiram usar o selo de fabricação nacional.
Algumas empresas têm propositalmente ou erroneamente colocado em seus produtos o
selo de fabricação nacional, mesmo contendo compentes principais ou todos produzidos
no exterior. A importância do selo ‘Made in USA” para os americanos é substancial, pois
este sela representa fatores agregados, sendo assim o Federal trade Comission que protege
os consumidores americano tem criado canais para denuncia de fabricantes que estejam
burlando tais regras,(CONSUMER.FTC.GOV,2017).
Alesha Hernandez, (2017), especialista em educação de consumo, relata no site da FTC,
caso de empresas que tentaram usar dessa prática, a exemplo da empresa Block Division,
Inc, que após uma ação judicial e acordo com a Federal Trade Commission, se
comprometeu a não mais utilizar o selo de fabricação americana em seus produtos. A
Block Division, utilizava em suas roldanas e equipamentos o selo “Made in USA” ,porém,
eram provenientes de outros países. A empresa foi ordenada pela FTC a descontinuar a
prática de alegar falsamente que seus produtos eram “Made in the USA” e garantir que
seus anúncios de publicidade, vendas, sistema de distribuição e rotulagem dos produtos
permanecessem em conformidade.
Na mesma reportagem publicada no dia 08 de março de de 2017 no blog oficial da FTC,
consumidores relatam casos semelhantes, onde empresas utilizam falsamente o selo
“Made in USA” tentando absorver tudo que vem agregado a este. A consumidora de
nome de usuária “Spark” fez um comentário no dia 08 de março de 2017, relatando:
“Isso é ótimo porque muitos suplementos alimentares de
óleo de peixe têm a bandeira dos EUA na garrafa e
orgulhosamente afirmam "Made in USA", quando na
verdade inteiramente feitos na China. Eu verifiquei a
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importação de alfândega dos EUA e muitos óleos de peixe
em cápsulas e garrafas são feitas na China, mas os
produtos dizem "Made in USA" e eles têm a coragem de
colocar o nosso símbolo lutou duro da bandeira americana
em suas garrafas.” “Compre americano.”( SPARK,2017),
(TRADUÇÃO NOSSA).
Figura 29- Fala de consumidor(a) americano(a)
Fonte: www.consumer.ftc.gov/blog/2017/03/made-usa-should-mean-it (2017).
No comentário da consumidora acima, trás um panorama de como o selo “Made in USA”
impacta as decisões dos consumidores na hora da efetivação de compra, a consumidora
ao final deixa um recado claro, “buy American”, sugerindo as pessoas a comprarem
produtos americanos. No mesmo dia, outro consumidor identificado como “Shirl B. em
resposta, fez comentário semelhante:
“Este é um ponto dolorido para mim. Eu gostaria de
lembrar quem eu perguntei sobre ser feito nos EUA. Eu ia
comprar alguma coisa. Eu perguntei se tudo foi feito nos
EUA porque foi carimbado dessa maneira. Adivinha o que
eles me disseram. Eles disseram que a maior parte era, mas
não todos. A desculpa era que pequenas partes eram feitas
no exterior e que não havia muito que pudessem fazer a
respeito. Eu não comprei o item. Me fez pensar em quantos
produtos fazem o selo Made in the USA. Eu imagino que
é incompreensível saber quantas empresas sabem o que
estão fazendo.”(SHIRL B.,2017), (tradução nossa).
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Figura 30- Fala de consumidor(a) americano(a)
Fonte: www.consumer.ftc.gov/blog/2017/03/made-usa-should-mean-it (2017).
Neste ultimo comentário, o consumidor deixou claro sua frustração em saber que o
produto de seu interesse não era totalmente de fabricação norte americana, este não
menciona preocupação com a qualidade do produto, se reportando única e exclusivamente
ao local de fabricação, como se o produto fosse totalmente americano, todos os requisitos
para tomada de decisão de compra estariam satisfeitos. Em sua fala o consumidor deixou
claro que não comprou o produto por este não genuinamente “Made in USA”.
Outro consumidor identificado como “Pattiblue” em continuidade aos comentários,
resumiu sua opinião expressando um sentimento de raiva por esta situação. Me deixa com
raiva! disse Pattiblue.
Figura 31- Fala de consumidor(a) americano(a)
Fonte: www.consumer.ftc.gov/blog/2017/03/made-usa-should-mean-it (2017).
Outros consumidores deram sua opinião sobre a problematização do selo “Made in USA”,
este acabam também por deixar claro em suas palavras e subentendido em cada expressão
o que o selo de fabricação norte americana influenci sua decisão de compra:
“Eu acho que mais trabalho deveria ser feito para proteger
o consumidor. Eu contratei um empreiteiro para reformar
minha cozinha. A razão pela qual eu contratei este
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empreiteiro não foi porque ele era mais barato. É porque
ele alegou que todo o material usado será MADE IN US.
Quando o inspetor da cidade inspecionou seu trabalho (em
outras questões defeituosas), o inspetor me disse que os
armários eram MADE IN CHINA. Quando eu enfrentei
este empreiteiro, ele disse que os materiais eram da China,
mas eles os colocaram juntos nos EUA !!!” (DANA
C.,2017, tradução nossa).
Figura 32- Fala de consumidor(a) americano(a)
Fonte: www.consumer.ftc.gov/blog/2017/03/made-usa-should-mean-it (2017).
“Acredito que TODOS os produtos vendidos na América,
seja em uma loja, on-line ou pelo correio; deve ser rotulado
com o país de origem. E isso deve ser rigorosamente
aplicado. Como devemos apoiar a indústria americana e os
trabalhadores americanos se não soubermos onde nossos
produtos são fabricados?” (DOUTOR D.,2017, tradução
nossa).
Figura 33- Fala de consumidor(a) americano(a)
Fonte: www.consumer.ftc.gov/blog/2017/03/made-usa-should-mean-it (2017).
Eu concordo com muitos desses comentários. Eu gosto
especialmente do comentário do Doutor D. Eu quero
comprar apenas americano. Qualquer empresa que tente
defraudar os americanos a acreditar que estamos
comprando produtos 100% americanos quando, na
verdade, não somos; as empresas que fazem declarações
falsas devem ser penalizadas com firmeza em seus
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produtos, obrigadas a pagar uma multa e serem expostas a
suas falsas alegações. Quem é responsável por proteger os
americanos por essas falsas alegações? ( ARCHIEBALD,
2017,tradução nossa).|
Figura 34- Fala de consumidor(a) americano(a)
Fonte: www.consumer.ftc.gov/blog/2017/03/made-usa-should-mean-it (2017).
Estudos mostram que o selo de fabricação nacional têm importância relevante nas
decisões de compra e podem sim, influenciar as relações de consumo. O “Made in Usa”,
representa para os norte-americanos, um selo de qualidade e de valor agregado,
imputando ao produto que o carrega, uma condição diferenciada de preferência em
detrimento dos produtos de fabricação estrangeira. Os consumidores americanos relatam
apoiar a indústria americana crendo que a fabricação de produtos nacionais é importante
para o crescimento na oferta de empregos a longo prazo e fortalece a área econômica.
(AAM, 2013).
Muitas campanhas tem sido criadas como forma de impulsionar o consumidor americano
a escolher produtos de produção nacional. Algumas empresas estão disponibilizando sites
que conglomeram a maioria das empresas e produtos de fabricação nacional, sugerindo
aos consumidores que antes de comprarem, ou se decidirem comprar algo, que o façam
decidindo por produtos americanos.
O site americano Sealgreen.com, publicou que se cada consumidor americano gastasse
um extra de US $ 3,33 dólares em produtos “Made in USA”, serão gerados
aproximadamente 10 mil novas vagas de emprego. E, se cada construtor usasse pelo
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menos 5% a mais de produtos de fabricação nacional, isso geraria em torno de 220.000
empregos.(SEALGREEN,2018).
Vários selos que remetem aos valores agregados ao “Made in USA” têm sido utilizados
como forma de estampar neste selo valores até então não contabilizados ou mensurados.
Abaixo, alguns selos “Made in USA” que rotulam e expressam essa intenção.
Figura 35- Selo “Made in USA”
Fonte: www.logolynx.com/topic/made+in+usa (2016).
Figura 36- Selo “Made in USA”
Fonte: https://sealgreen.com/made-in-usa/ (2018).
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Figura 37- Selo “Made in USA”
Fonte: http://www.johnsonlevel.com/C/222/MadeInUSA
Uma pesquisa publicada pelo Boston Consulting Group, em novembro de 2012, traz
como achado, a informação que 08 em cada 10 americanos estão dispostos a pagar mais
por produtos de fabricação nacional “Made in USA” do que em produtos de fabricação
Chinesa “Made in China”.Cerca de 1 em cada 5 americanos pagariam até 10 por cento a
mais por um produtos genuinamente americano.
Nesta pesquisa os consumidores americanos enalteceram a qualidade como fator
determinante para essa preferência, contudo, relataram também que compram produtos
de fabricação nacional para evitarem que esses empregos sejam gerados fora de sua
nação. A pesquisa procurou cobrir diversos setores, incluindo produtos infantis,
eletrônicos e eletrodomésticos e vestuário.
De acordo com a pesquisa publicada pelo Boston Consulting Group, os respondentes
foram indagados em 4 perguntas, estas levavam em conta a probabilidade de se pagar a
mais por produtos de fabricação nacional.
O percentual resultado da pesquisa foi o seguinte:
55% - Provavelmente pagariam a mais;
26% - Definitivamente pagariam a mais;
12% - Um pouco menos propensos a pagar mais;
06% - Definitivamente não pagariam a mais.
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A pesquisa demonstra a preferência pelos produtos “Made in USA”, porém identificar se
realmente os consumidores estão consumindo exclusivamente produtos americanos, se
torna mais difícil a comprovação. Alguns estudos demonstram que menos da metade dos
consumidores americanos, fizeram algum tipo de esforço para comprar um produto feito
nos Estados Unidos nos últimos meses. (GALLUP,2013).
A Gallup, Inc. empresa americana de consultoria em gestão de desempenho global
baseada em pesquisa e conhecida por suas pesquisas de opinião pública realizadas em
todo o mundo, realizou uma outra pesquisa em abril de 2013, nos 50 estados americanos.
Entrevistou por telefone 1.012 consumidores americanos aleatórios, com idade acima de
18 anos em 4 dias.
A pesquisa se concentrou no estudo da percepção do consumidor americano sobre os
produtos de fabricação nacional e seus fatores motivadores que diferenciam os produtos
“Made in USA” e os estrangeiros. Sendo assim, esta trouxe como recorte de seus
resultados, as razões mais comuns para o “buy american”expressão em inglês que
significa a compra exclusiva de produtos de fabricação nacional, (GALLUP,2013).
A pesquisa identificou que 32% dos adultos respondentes, mencionaram como razões
principais, o apoio aos Estados Unidos, ser patriótico, 31% disseram que a razão principal
era a criação e manutenção dos empregos em solo americano e 20% responderam que
comprar produtos de fabricação nacional era bom a economia americana como um todo.
Alguns consumidores foram mais específicos e 13% desses, indicaram a qualidade do
produto “Made in USA” como diferencial de melhor qualidade em relação aos
estrangeiros, (GALLUP,2013).
A Gallup,(2013). Relatou que existem grandes diferenças nos hábitos de consumo, que
variam de acordo com as gerações dos respondente. A pesquisa trouxe como um de seus
resultados que os mais velhos, estão muito mais propensos a comprarem exclusivamente
produtos de fabricação americana que os jovens, com uma proporção de 61% para os mais
velhos e 20% de mais jovens.
Os estudos realizados pela Boston Consulting Group e a GALLUP, Inc. trazem recortes
de parte dos consumidores norte-americanos, suas preferências e razões que diferenciam
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os produtos “Made in USA” dos estrangeiros. De acordo com as duas pesquisas o
patriotismo e a preocupação com a saúde da economia dos EUA são os principais motivos
por trás das compras de produtos americanos.
O selo “Made in USA”, agrega valor ao produto e vem aumentando sua importância e
influencia nas relações de consumo. Empresas têm mudado suas plantas de fabricação
para os Estados Unidos buscando aproximação com esses consumidores, o que corrobora
para uma maior percepção e reforço das razões que fortalecem o selo “Made in USA”,
melhor qualidade, geração de empregos, patriotismo entre outros, (CHRISTY GREN,
2016).
Os fabricantes mais estratégicos e que acompanham esse movimento de valorização
maior por parte dos consumidores americanos, tem de alguma forma criado maneiras de
propagar esse movimento em seus produtos, não só divulgando o selo de fabricação, mas,
enaltecendo ou indicando os valores que devem ser agregados a este. Muitos fabricantes
criam slogan´s, como "Feito com orgulho nos EUA" e a etiqueta “Made in USA” em
letras pequenas em dentro de uma peça de vestuário ou produto, em sua maioria, usam a
bandeira americana no selo “Made in USA” de forma mais proeminente, (CHRISTY
GREN, 2016).
As empresas que se utilizam desses valores agregados ao selo, procurar dar mais
evidencia e acabam por realizar eventos para a divulgação de uma nova fábrica nos
Estados Unidos, utilizam as redes sociais, destacando a quantidade de empregos a serem
gerados e a alta qualidade dos produtos que levarão esse selo, (HAROLD L. SIRKIN,
MICHAEL ZINSER AND KATE MANFRED, 2013).
Se ainda existir uma certa dúvida da parte de indústrias manufatureiras, quanto ao
comportamento de consumidores americanos, essa deve ser revista, pois, segundo esse
autor, há uma indicação de que o selo Made in USA tenha um valor maior do que aquele
que varejistas e fabricantes possam imaginar (SIRKIN; ZINSER; MANFRED, 2013).
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5 CONCLUSÃO
Tendo em vista a complexidade do tema e por se tratar de um fenômeno relativamente
novo, esta pesquisa qualitativa exploratória, foi capaz de avançar nos objetivos
específicos ao ponto de trazer alguma conclusão.
Quanto às oportunidades para o reshoring, aos Estados Unidos, esta pesquisa se
concentrou em casos concretos, aferindo os ganhos para as indústrias automotiva e do
setor químico; incentivos governamentais e manifestações políticas; ainda, investimentos
estrangeiros (FDI) e geração de empregos, ambos motivados pelo reshoring.
Foi possível identificar que o cenário de produção, nos países asiáticos, já não é vantajoso
como anteriormente: o aumento dos custos, aliado às poucas garantias de propriedade
intelectual, acabam por influenciar a volta de empresas, aos Estados Unidos.
Este estudo identificou, também, que indústrias que dependem menos de mão-de-obra
barata, tendem a fazer o caminho de volta, com mais facilidade, devido ao avanço
exponencial da tecnologia manufatureira.
Os Estados Unidos têm-se aproveitado da evolução e da modernização dos parques
industriais, para poder atrair mais empresas, cujas tarefas sejam mais complexas e,
portanto, demandem por mão de obra qualificada e não necessariamente de baixo custo
ou em quantidade.
Os robôs têm ajudado os Estados Unidos a se tornar mais atraente a empresas, nesse
processo de reshoring; não obstante o fato de quanto menos dependentes de mão-de-obra,
mais mobilidade vão ter para ir onde for mais lucrativo.
O governo americano vem atuando de forma protagonista para estimular o fenômeno do
reshoring, buscando condições favoráveis relevantes para influenciar empresas a
regressar aos Estados Unidos. Atacar em várias frentes, é uma das estratégias para atração
de empresas para o solo americano, a exemplo dos incentivos fiscais, variáveis em cada
estado, em função de sua própria política de isenção, tarifação especial ou incentivo fiscal.
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O custo para investir nos Estados Unidos vem baixando, isso tem atraído não só empresas
americanas, mas estrangeiras também. Esta pesquisa ressaltou, ainda, que aquelas que
decidiram realizar o reshoring, trouxeram outras empresas para garantir os suprimentos
de insumos, peças e serviços, a exemplo do Wallmart. Quanto às estrangeiras, essas vêm
transferindo seus parques fabris por meio do FDI- Foreign Direct investiment.
Com a volta ou transferência de empresas nacionais e estrangeiras, respectivamente, aos
Estados Unidos, bem como a instalação de diversas outras em países vizinhos
(nearshoring) é possível identificar que os dois fenômenos estão diretamente interligados
e que os grandes fabricantes vão estar atrelados àquele fenômeno que lhes trouxer maior
grau de competitividade, não distinguindo se o reshoring ou nearshoring, ou, até mesmo
um terceiro, já conhecido por rightshoring, que consiste em movimentação de cadeia de
suprimento como o offshoring e reshoring, porém, a característica principal do
Rightshoring é a realocação de suas plantas de fabricação e mudanças de processos de
uma empresa em locais que fornecem a melhor relação de custo e eficiência.
Ao que se refere às ameaças ao reshoring, este estudo entendeu a proximidade desse país,
com o México e o Canadá, que ampliam as opções de grandes cadeias de suprimento,
favorecendo, de certa maneira, as empresas que optarem por sair da Ásia para vir a essas
localidades (nearshoring): menores custos logísticos, tamanho do mercado interno e
incentivos governamentais
Sendo assim, o México vem se destacando na captação de empresas que queiram se
instalar próximo aos Estados Unidos, principalmente aquelas da indústria automotiva.
Várias dessas, ou já estão de fato em plena movimentação de suas plantas de produção
ou já produzem no país vizinho, o que não contribui em quase nada, para a
reindustrialização desse país.
Assim como o nearshoring é uma ameaça, a guerra fiscal entre os países também o é e
tende a ameaçar o reshoring. Atraídas pelas isenções oferecidas, as empresas de
manufatura, analisam o quanto economizariam, caso se localizassem em outro país, de
forma a estar próximas aos países com capacidade de consumo e, consequentemente, de
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109
uma maior quantidade de consumidores; encurtando, assim, o prazo de resposta ao
mercado.
Pode-se concluir, ainda, que o reshoring tem o condão de reascender a indústria
americana, modernizar seus meios de produção, seus parques fabris, garantir a
manutenção de empregos no país e fomentar a criação de mais vagas. Empresas que
migraram para países de baixo custo de mão de obra, agora estão retornando, não com
esse mesmo enfoque, porém buscando por mão de obra qualificada.
Assim, estar próximo do consumidor final, poder reduzir o tempo de resposta, entre a
fabricação e o consumo, trazem benefícios aos fabricantes, diminuindo o grau de
distanciamento entre a necessidade e o suprimento de demandas do setor logístico e de
produção.
O resultado desta pesquisa demonstrou, também, que a composição dos custos de
produção, levam em conta diversos fatores, embora diferentes daqueles, anteriormente,
utilizados: assim, a base para a decisão da transferência para países asiáticos, passa a levar
em consideração os custos de forma global; fica comprovado que as empresas que
dependem menos de mão de obra barata e de pouca complexidade, vão ter mais vantagem
no processo de reshoring e podem obter mais benefícios, caso decidam produzir em solo
americano.
Finalmente, referindo-se ao significado do Made in USA entendeu-se que o valor que
americanos têm dado a esse selo de fabricação, tem relação com o patriotismo desse povo,
tal como agem com a sua bandeira, na maioria de suas ações comerciais e
governamentais, reforçando o estilo americano de ser.
Em contrapartida, o cenário desfavorável dos países asiáticos, conforme percebido por
meio dessa pesquisa, estimulou algumas empresas a retornar ao seu país de origem.
O selo de produto fabricado em território nacional vem agregando valor, não se sabe ao
certo e esta pesquisa não foi capaz de identificar, seu fortalecimento e aumento da
relevância de grandes indústrias, nas decisões de volta para casa.
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A volta de produtos nacionais e seu aparecimento, mais e mais, nas prateleiras dos
mercados, aumentou a demanda por eles e levou consumidores americanos a fazer a
diferença entre esses e aqueles, de fabricação estrangeira, sobretudo, aqueles de países
não desenvolvidos. Esse fato fortaleceu a decisão de indústrias, a voltar ao seu país de
origem, a ter motivos para estar próximas do seu povo e da sua terra natal.
Assim, o que se viu, foram indústrias de grande porte, enaltecendo o selo Made in USA,
como forma de reforçar ou reacender o patriotismo americano; atribuindo aos seus
produtos, esse selo de fabricação nacional e a imagem de qualidade; elevando a garantia
de empregabilidade para os cidadãos americanos e trabalho justo, ainda, o fortalecendo a
economia americana regional. Por tudo isso, são capazes de pagar um pouco mais por
esses produtos, desde que sejam de fabricação nacional.
As ações do governo do Presidente Donald Trump vêm trazendo grande impacto nas
relações comerciais com o resto do mundo, ações protecionistas que comprometem as
relações bilaterais dos países envolvidos. A pesquisa demonstrou alguns benefícios
provenientes dessas ações, porém, não foi possível identificar neste estudo se os aspectos
positivos gerados pela atuação do governo estadunidense no comércio exterior,
perduraram a longo prazo, visto que os países que tiverem seus negócios reduzidos com
os Estados Unidos, procuraram outros mercados para equilibrar suas balanças comerciais,
diminuindo a dependência do país Americano.
O reflexo da política comercial estadunidense causará também impactos nos países que
matem dependência dessa relação, desemprego, retração econômica, mudanças que,
dependendo do país envolvido, podem abalar de forma substancial a economia do país.
Essas consequências só serão percebidas e mensuradas com o passar do tempo, este será
o principal fator determinante para as políticas atuais do governo estadunidense.
Ao final desta pesquisa, ficam perguntas a serem respondidas em futuros estudos, para
um maior avanço, quanto ao conhecimento do planejamento estratégico, na alteração da
localização geográfica das plantas de fabricação, das grandes indústrias:
Investigar se a criação do selo Made in USA, no fenômeno de reshoring foi
planejada pela indústria como forma de fortalecimento do fenômeno ou foi fruto
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espontâneo e orgânico do aumento de produtos nacionais, nas prateleiras dos
mercados;
Identificar o tempo de permanência necessário para a não incidência de prejuízo
para a indústria, quando se fala em mudança da produção de cadeias de
suprimento, baseado nos custo e investimentos necessários para a mudança;
Investigar o fenômeno que tem maior probabilidade de sucesso, nesse movimento
de transferências de indústrias: reshoring ou nearshoring.
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