A OPO DA TRANSIO DE UMA IGREJA EM CLULAS
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A OPO DA TRANSIO DE UMA IGREJA EM CLULAS
A PIBCGMS com mais de 80 anos de organizao iniciou um processo
de avaliao do seu ministrio. A equipe pastoral, que na ocasio
contava com quatro pastores junto aos lderes locais, decidiu
realizar esta avaliao da misso da igreja. Nas palavras do atual
pastor-presidente e responsvel deste processo de transio para uma
igreja em clulas Gilson Breder, decidiram iniciar um processo de
autocrtica. Breder aponta que:
Buscando a Deus com muita orao e submisso, a Equipe Pastoral,
com a ajuda da Liderana, buscou na autocrtica, uma aliada para
fazer uma leitura da realidade da Igreja, com vistas a mudanas
estratgicas para corrigir suas falhas.(Primeira Etapa da TransioA
descoberta das necessidades da igreja levou o ministrio local a
decidir pela opo do modelo da igreja em clulas. As razes da escolha
deste modelo no foram explicitadas. Existia o sentimento que,
diante realidade da igreja e do desenvolvimento social, tornava-se
urgente uma avaliao do ministrio e, aps a avaliao, a igreja devia
desenvolver um projeto que trouxesse a eficcia da sua f e o
cumprimento de sua misso.
As carncias que foram detectadas na anlise indicavam que a
igreja, embora desenvolvendo um ministrio com relativo sucesso,
tinha em contrapartida a descoberta das fraquezas que este relativo
sucesso trazia. Breder, em sua palestra, apontou que a PIB de Campo
Grande tinha:
Boa atrao de novas pessoas - ineficcia na integrao dos
interessados. A integrao maior era esperar que o interessado
retornasse aos cultos onde poderia desenvolver uma amizade.
Bom crescimento numrico - aumento da impessoalidade. No existia
um projeto de vida onde o neo-cristo pudesse ter uma viso para onde
estaria indo e como poderia desenvolver-se.
Bom nvel de resposta ao arrependimento - ineficcia no
atendimento. A expectativa do atendimento ficava, em sua maior
parte, com alguns membros, ou contatos telefnicos ou ainda na
esperana do retorno deste visitante algumas atividades ministeriais
da igreja
Crescimento numrico - impossibilidade de pastoreio adequado. A
igreja estava prxima dos 2000 membros e a tendncia de crescimento
estava em ascenso. Visitas pastorais, alm de cansativas, no
alcanavam todos os membros ou ainda os neo-cristos. Tambm havia,
mesmo sem inteno, uma seleo das visitas.
Problemas disciplinares grande demanda de acompanhamento e
restaurao. A cidade tem um dos ndices mais altos do pas em casos de
divrcios. Conflitos familiares eram uma marca forte na cidade de
Campo Grande MS e a igreja no conseguia suprir seus membros com as
ferramentas necessrias que auxiliassem na busca da soluo desses
conflitos.
Centralidade na equipe pastoral - dons espirituais do povo
desperdiados. Embora sendo uma igreja com governo congregacional o
exerccio da liderana estava extremamente limitado. O peso da
responsabilidade, em termos ministeriais, estava limitado a um
grupo seleto, que se revezava nas posies de liderana. No havia uma
estratgia que produzisse novos lderes para a igreja.
Falta de discipulado em larga escala - pastores s apagando o
fogo. Muitos eram os problemas e poucas as solues e acompanhamento.
Os atendimentos lotavam excessivamente as agendas pastorais
Organizao razovel - estruturas administrativas complexas e
pesadas. Por utilizar uma organizao tradicional a administrao
produzia um peso maior na vida da igreja. A estrutura impedia o
crescimento. Por no haver um lastro maior de pastores auxiliares
leigos, muitos estavam descontentes.
Falta de treinamento transferencial. Necessidade de um novo
currculo que no se limitasse a uma educao bancria. O ensino devia
ir alm do sistema doutrinrio. Havia necessidade de capacitao.
Transmisso de vida. A igreja devia entender que a teoria aponta e
responde a pergunta: por que fazer? E a capacitao responde a
pergunta: como fazer? O ensino, ento devia indicar respostas para
estas questes.
Futuro propenso maiores dificuldades de crescimento numrico.
Sendo uma igreja de centro, com uma tradio conhecida na cidade,
produzia uma atrao natural. Alm disto, os ministrios especficos
traziam um crescimento numrico natural.
Dificuldade em associar qualidade quantidade. O crescimento
natural apontado no item anterior trazia uma conseqncia negativa,
que est relacionada maturidade crist. As ferramentas para avaliar
este processo se tornavam difceis em razo do prprio
crescimento.
Desta maneira, a igreja reconheceu a urgncia em solucionar os
problemas os quais estava vivendo e, que se tornava necessrio optar
por alguma estratgia ou ferramenta que pudesse no somente
solucionar os problemas verificados, mas, ao mesmo tempo, desse uma
nova vida igreja para que essa exercesse o seu papel no Reino de
Deus.
Assim, diante da necessidade e alm da orao, do estudo da Palavra
de Deus, seminrios, cursos sobre o assunto, houve a visita igrejas
que estavam vivendo a experincia de uma igreja em clulas ou pelo
menos a uma igreja em transio para uma igreja em clulas.
O desejo no era copiar o modelo da igreja A ou B , mas havia o
interesse e necessidade de ouvir e aprender com as experincias
tanto de sucesso, como de fracasso e com as dificuldades que
poderiam ser encontradas nestes modelos de igreja para o qual a PIB
de Campo Grande tinha decidido adotar. No havia um modelo a seguir
rigorosamente. Embora mais prximo do modelo de Igreja em Clulas de
Ralph Neigbour, a PIB de Campo Grande esperava construir o seu
prprio modelo, aplicar o seu prprio estilo e, assim, se tornar
referncia comunidade evanglica e denominacional.
As possveis correes que atravs de clulas eram esperadas e que
podiam acontecer na vida da igreja foram descritas por Breder como
sendo as seguintes:
Relacionamentos significativos - A palavra chave era
relacionamentos. As pessoas seriam no somente integradas, mas
passariam a viver uma situao relacional. Estas teriam um lugar para
se encontrar fora do templo que at esse momento era considerado
como lugar exclusivo de adorao no havendo espao nem tempo para o
relacional. Agora haveria a possibilidade de desenvolver
amizades.
Ninho de amor para os novos convertidos - melhoria na integrao.
Os novos convertidos poderiam no somente desenvolver sua f, mas
tambm estariam sendo acompanhados em suas necessidades pessoais.
Haveria o espao onde ele poderia at errar, e assim aprender, seja
cantando, orando ou ainda questionando. A liberdade para o cristo
participar diretamente do culto estaria aberta indistintamente.
Certamente, haveria um envolvimento e desenvolvimento dos crentes
em comunidade. Os desafios particulares da igreja em diversas reas:
sociais, misses, orao, etc, traria uma maior mobilizao do povo.
Maior alcance da evangelizao - fora do sistema plpito-cntrico. A
idia era ir at as pessoas. O objetivo seria levar a igreja para
fora das quatro paredes. Chegar at onde as pessoas estavam. Seria o
cumprimento do Ide de Jesus. Alm do mais, seria uma alternativa
para atrao de no crentes resistentes igreja do templo.
Mandamentos recprocos - Condio mais favorvel para a aplicao
destes mandamentos. Por ser um grupo pequeno haveria uma maior
possibilidade de alegrar-se com os que se alegram; chorar com os
que choram e ainda teriam melhores e maiores condies para cumprir o
ensino ureo de Jesus: Amars o teu prximo como a ti mesmo.
Oportunidade de crescimento dos crentes - No grupo pequeno,
haveria uma maior oportunidade para o uso dos dons espirituais. O
cristo estaria com maior motivao para ajudar no desenvolvimento de
seu grupo; estaria aplicando na vida do grupo os dons espirituais
para o qual estava capacitado. Nesta idia haveria a possibilidade
da descoberta dos dons pastorais dos crentes, a se tornarem mais
tarde auxiliares no cuidado do rebanho.
Ensino e treinamento simples e constante Os desafios da igreja
apontavam para a necessidade de ensino cognitivo e treinamento.
Atravs de uma estratgia simples, mas vivel, esperava- se que a
igreja fosse ensinada, edificada e treinada para o cumprimento de
sua misso. O treinamento feito em grupos pequenos traria maior
aferio e acompanhamento dos resultados
Aprendizado por modelo - Auxiliar hoje, lder amanh. A
multiplicao dos grupos pequenos exigiria um maior nmero de lderes.
Estes deveriam surgir espontaneamente no meio do grupo. O processo
natural seria indicar aquele que mostrasse as caractersticas de
liderana. Primeiro como auxiliador onde aprendesse a liderar,
depois, sendo auxiliado a praticar a liderana.
Possibilidade de discipulado com prestao de contas A facilidade
de acompanhar as pessoas, com qualidade, seria fator fundamental da
vida em grupo pequeno. Isto aproximaria ainda mais o crescimento
qualitativo ao quantitativo. Traria para a igreja uma possibilidade
maior de tornar a vida crist um estilo de vida. Seria feito
eficazmente e com maior alcance mediante a transferibilidade de
valores, atravs do modelo cristo.
Cuidado do rebanho facilidade no conhecimento e tratamento de
questes da vida crist. Em uma igreja com um grande nmero de
membros, ultrapassando a casa de 2000 membros, tornava-se difcil
acompanh-los. Uma igreja em clulas facilitaria o acompanhamento
pastoral feito por lderes treinados por outros pastores. A diakonia
que no sistema tradicional seletiva de um grupo agora seria aberta
aos leigos que fossem capacitados por Deus, mediante os dons
espirituais. O estado das ovelhas e das suas necessidades no
somente seriam conhecidas, mas supridas, parciais, ou totalmente.
Este conhecimento teria a sua importncia e validez, pois daria as
diretrizes ao ensino bblico, fosse atravs do plpito, da Escola
Bblica Dominical, ou outras estratgias de ensino. O ensino
responderia s necessidades do povo.
Breder, ainda aponta que a Igreja possua muitas outras carncias
que no foram mencionadas. O objetivo era elencar dificuldades que
poderiam ser potencialmente suprimidas, ou minimizadas, por uma
atuao sistmica em clulas . Caberia, ento, a iniciao do processo, e
assim foi feito. As carncias, que este novo modelo tinha como
objetivo suprir, estavam relacionadas com as seguintes reas da vida
crist, na seguinte ordem: integrao, comunho, cuidado do rebanho,
evangelismo e discipulado pessoal. Neste caso o objetivo maior que
caracteriza uma igreja em clulas seria modificado. Dar-se-ia
prioridade comunho, integrao.
sobejamente conhecido que, na maioria das igrejas que optaram
por este modelo, o interesse era o evangelismo ou o crescimento da
igreja, ainda que, existissem outros aspectos da vida crist que uma
igreja em clulas se ocupa, como por exemplo: discipulado,
maturidade, crescimento etc. Mas, na sua grande maioria, ou em
todas, a nfase sempre foi o evangelismo.
Estes grupos pequenos, ou clulas, geralmente, so iniciados entre
os cristos membros das igrejas locais, com o interesse maior de
atrair no-cristos para o convvio do grupo. Preocupado com o possvel
desvio da evangelizao, que clulas tm como prioridade, Neumann
(1993) escreveu: um dos propsitos da clula o de evangelizar. Esse
propsito precisa ser explicito devido tendncia que as clulas tm de
tornar-se introvertidas [...] como os grupos so estimulados a
voltarem-se para fora acreditamos que novas pessoas sero integradas
ao grupo.(p.20-22, nfase minha)
Com o ttulo sugestivo de Crescimento Explosivo da Igreja em
Clulas Joel Comiskey apresenta uma pesquisa que mostra a histria do
modelo igreja em clulas de oito igrejas espalhadas no mundo:
Estados Unidos; Equador; El Salvador; Cingapura; Colmbia; Honduras,
Peru e Coria. Comiskey (1997) em seu primeiro captulo aponta que:
evangelismo em grupos pequenos e crescimento dinmico da igreja so
dois lados de uma mesma moeda. Eles so um(p.15).
Esta recomendao e nfase maior, que os estudiosos de crescimento
de igreja apontam a respeito de clulas, no foi seguida pelo
ministrio da PIB de Campo Grande. A inverso era necessria, e devia
ser feita, diante do crescimento natural da igreja. Havia o
entendimento na liderana da igreja, o que em linguagem mdica seria:
havia maior necessidade de pediatras e no de obstetras. Mais de
integrao que de evangelizao. Possivelmente esta inverso fosse uma
marca especifica da PIB de Campo Grande.
Os objetivos das clulas para a PIB de Campo Grande foram
definidos na seguinte ordem:
Integrao: Os cultos semanais e dominicais atraiam para o templo
muitos no-cristos. Muitos tomavam a deciso de entregar sua vida a
Deus. Mas por ser geralmente um nmero grande de novos decididos,
surgia a necessidade de acompanhamento. aqui, que as clulas teriam
um papel fundamental. Nesse tempo e etapa da vida da igreja, era
fundamental cuidar destas novas pessoas que iniciavam a vida crist.
As palavras chaves passavam a ser: relacionamentos e apoio. Foi
entendido que o crescimento seria natural como fruto da vivncia da
vida crist (Cf.At:2:42-47).
Comunho: Durante a vivncia em clulas, os cristos estariam mais
perto uns dos outros. Os mandamentos recprocos, tais como: chorais
com os que choram e alegrai-vos com os que se alegram teriam uma
maior possibilidade de vivncia.
Cuidar do rebanho: Atravs de um prestar contas, o ministrio
pastoral tinha melhores condies de avaliar o estado dos membros da
igreja. Cada lder possua um grupo de no mximo 15 membros da igreja.
E os pastores supervisionavam estes lderes que traziam informaes
prximas da vivncia do rebanho. Por exemplo: se um pastor tivesse
sob a sua superviso 10 lderes, ento aproximadamente esse ministrio
pastoral estaria cuidando de 150 membros da igreja.
Evangelismo: O crescimento quantitativo tambm fazia parte do
ministrio de clulas, mas na ordem de prioridade do objeto de
estudo, este crescimento no era a primazia. Sem arrogncia, a igreja
ganharia vidas para Jesus no dia a dia e nos seus cultos
dominicais. Mensalmente a igreja realizava batismos, quase sempre
na mdia de 15 as 20 pessoas.
As clulas iniciaram a vivncia deste propsito, comeando a
conquistar vidas como fruto de relacionamentos dos seus membros .
No somente foram alcanadas novas pessoas com o evangelho, mas tambm
houve restaurao de relacionamentos e retorno de cristos os quais,
por algumas razes, se afastaram da comunho de diversas igrejas.
Discipulado: Seria feito atravs do pastoreio e acompanhamento
dos lderes de clulas, em relao aos novos convertidos, e, queles
membros da igreja que podiam ser chamados de membros em transio
para uma igreja em clulas. Por ainda estar num estgio incipiente, o
processo de transio para uma igreja em clulas, at ento, no havia
vivenciado com maior intensidade este propsito.
Concluindo, observamos que, mesmo no havendo um modelo a ser
seguido rigorosamente pela igreja, existia um plano orientado por
suas prprias necessidades. Iniciaram-se os prottipos de clulas as
quais pouco a pouco estariam se reproduzindo. Atravs de mensagens
bblicas vindas do plpito, a igreja foi motivada a entender e
desenvolver este processo. No negada certa resistncia que no incio
aconteceu, mas era s esperar que os resistentes fossem conquistados
pelas bnos que adviriam deste processo.
De certa maneira, com esta atitude de rever o seu ministrio de
forma geral, e reconhecer a necessidade de mudanas, a prpria igreja
apontava o que na sociedade estava acontecendo transio. Diante da
sua auto-anlise e reflexo, a igreja descobriu que no poderia
alcanar o mundo mantendo seu estilo, estrutura, e a mesma dinmica
social. Havia uma exigncia: mudanas. Era necessrio oferecer ao
mundo ps-moderno diversas respostas que deveriam ser respostas com
uma viso ps-moderna. As perguntas atuais no poderiam ter respostas
do passado.
A igreja decidiu caminhar, construindo dentro da sua realidade e
da realidade brasileira. O homem e a sociedade ps-moderna exigiam
mudanas. A mensagem eterna das Escrituras devia apresentar as
respostas para o momento atual. A afirmativa protestante e batista
que a bblia a regra de f e prtica, portanto deveria ter respostas
sociedade em transio para uma ps-modernidade. Estas respostas
estariam confirmando a universalidade da graa e a revelao da
Palavra de Deus, sendo vivel para os dias de hoje.
DESENVOLVENDO O PROCESSO DE TRANSIOComo apontado anteriormente,
uma das marcas do mundo em transio foi a questo do marketing . A
linguagem de mercado ingressou nos arraiais eclesisticos. No
somente a linguagem, mas a igreja crist, percebeu que embora no
sendo uma empresa, pois no tem como objetivo o ganho monetrio que
uma empresa tem , ela tinha um produto a oferecer. A igreja queria
que este produto fosse adquirido pelo maior nmero de pessoas.
Nem todos os cristos aceitam esta idia de marketing religioso.
Muitos se opem por diversas razes seja pelo custo ou por dar a
impresso de que a ao do Esprito Santo foi substituda por estratgias
de mercado, o que mesmo assim, no impediu a procura por livros e
seminrios, que abordavam a questo do marketing religioso. Igrejas
como a Renascer em Cristo, Universal do Reino de Deus, Sara Nossa
Terra, etc. ocuparam a mdia, publicidade, e usaram esta idia do
marketing. Estas e outras igrejas neopentecostais entendiam
que:
O marketing um conjunto de tcnicas empregadas no somente para
agir sobre os mecanismos de troca, como tambm para explicar as aes
humanas envolvidas neste processo. Como tal, o marketing traz
consigo uma forma de olhar a realidade social [...e] acaba
provocando o surgimento de teoria explicativas dos fatos sociais
envolvidos na troca [... Por isso temos que ] marketing a atividade
humana dirigida para a satisfao das necessidades e desejos, atravs
dos processos de trocas [...]toda organizao uma aglutinao
proposital de pessoas, materiais e instalaes, procurando alcanar
algum propsito no mundo exterior. O marketing este conjunto de
conhecimentos e ferramentas que tem por tarefa coordenar, planejar
e controlar o processo de concretizao desses objetivos.(Campos
1999, p206-207).
Os livros, que tratam a questo do marketing religioso, comearam
a ocupar as prateleiras das livrarias evanglicas, como tambm as
bibliotecas pastorais. Cursos, seminrios e treinamentos comearam a
proliferar no Brasil. Livros como a Igreja com Propsito de Rick
Warren que conta a histria da Igreja de Saddleback a qual surgiu,
cresceu e se estabeleceu no sul da Califrnia (USA) utilizando
estratgias de mercado, tornaram-se populares no Brasil. O autor do
livro e pastor desta igreja visitou o Brasil, onde comeou a treinar
pastores na questo de marketing. Algumas igrejas e pastores ficaram
como representantes deste ministrio no pas, para promover e
desenvolver treinamentos nas igrejas do Brasil.
Outro autor que trouxe ao Brasil uma certa popularizao do
marketing religioso foi George Barna. Mesmo antes de Rick Warren o
Brasil conhecia os seus livros. Autor de livros como O Marketing na
Igreja; Transformando a Viso em Ao; O Marketing a Servio da Igreja
e outros. Para Barna o marketing um instrumento precioso e
importante para o crescimento e vida da igreja. Os religiosos mais
conservadores deveriam abandonar a averso contra a idia do
marketing religioso. O maior problema segundo Barna, seria que os
seminrios teolgicos no preparam os seus alunos nesta rea. Barna
indica, ainda, que a igreja precisava saber e entender que o
marketing podia apoiar o seu ministrio . O marketing estava para
ser uma ferramenta da igreja, para a igreja.Por enquanto, pense em
marketing como um conjunto de atividades que lhe permitem, como
igreja, identificar e compreender as necessidades das pessoas,
conhecer os seus prprios recursos e capacidades e, ento, executar
uma srie de aes que lhe possibilitaro utilizar tais recursos e
capacidades na satisfao das reais necessidades das pessoas s quais
deseja servir. Marketing, na verdade, o processo pelo qual voc
procura adequar o emprego do seu produto ou servio ao atendimento
dos desejos do pblico que tem em mira alcanar[...] A igreja com
apoio de marketing passa a centrar-se em pessoas, no em programas.
Desenvolve ministrios para solucionar problemas, em vez de esperar
que as pessoas ajustem seus problemas, de maneira forada, aos seus
moldes (Barna, 1993 p.23-24)
A PIB em Campo Grande desejava cumprir sua misso da melhor forma
possvel. Os princpios bblicos sempre seriam prioridades, as
estratgias, porm, poderiam ser diferentes. Alguns entenderiam como
mundanas determinadas estratgias que foram adotadas, mas, como no
houvesse a quebra de princpios bblicos, estas foram empregadas. A
igreja devia ser conscientizada de que estava no mundo, mas sem se
mundanizar.
Em franco desenvolvimento do projeto de uma igreja em transio
para uma igreja em clulas, a liderana pastoral, precisou fazer uma
nova leitura do seu trabalho, iniciado em Fevereiro 99. Havia a
necessidade de uma verificao, tanto do projeto, como das estratgias
adotadas e, ainda, daquelas que seriam necessrias adotar. Para que
isto acontecesse foi marcado um encontro da equipe pastoral da
igreja.
Embora os membros da igreja parecessem demonstrar certa satisfao
diante do processo, ainda se encontravam pequenos focos de
resistncia ao modelo de clulas. Esta resistncia era natural, e no
provocou grandes desgastes ao ministrio da igreja, mas sim,
preocupao. Para todos, a importncia central do ministrio eclesial
e, a vida natural da igreja, estavam acima de estratgias ou
mtodos.
A resistncia tinha a sua razo de ser. A igreja tinha uma histria
de quase um sculo na cidade e na denominao batista. Isto j havia
estabelecido um determinado status quo diante da sociedade, do
mundo evanglico e da denominao. Ao mesmo tempo, no Brasil evanglico
e especificamente batista, se ouvia falar de alguns fracassos de
igrejas que tentaram a transio para uma igreja em clulas. No
caberia aqui analisarmos estes eventos.
Essa atitude contrria, ainda que amena, no trouxe maiores
traumas igreja, em razo do prprio crescimento qualitativo e numrico
; o avano obtido em termos de relacionamentos, tambm foi importante
para a sua vida. Alm do mais, a conduo do processo estava sendo
efetuada de forma vagarosa, evitando os choques ou conflitos,
embora fosse quase impossvel que estes no acontecessem.
A necessidade de fazer uma releitura e avaliao deste projeto
tambm era importante, pois a equipe pastoral tinha includo dois
novos pastores associados que estariam atuando no Ministrio de
Msica, e no Ministrio de Ensino e Capacitao Crist. Estes novos
ministros expressavam a falta de entrosamento e desconhecimento com
o processo global j em desenvolvimento nos quais estavam sendo
inseridos. Precisavam conhecer o mapa global e como seria a
participao ministerial dos mesmos.
Segunda Etapa da Transio
Durante trs dias, em 22 a 24 de Setembro de 1999, a equipe
pastoral se reuniu nas proximidades de Campo Grande, em retiro
espiritual (devoo), estratgico-eclesiolgico
(administrativo-ministerial), relacional (comunho), em busca de um
Planejamento Estratgico que estabeleceu uma nova etapa na vida da
igreja e que acomodou as novas situaes que o processo de implantao
estava gerando. Este momento, foi indicado como o fim da primeira
etapa e o incio de uma segunda no processo de implantao de uma
igreja em clulas.
A primeira etapa teve o seu ponto de partida no incio da prpria
implantao do processo em fevereiro de 1999. Neste encontro,
houveram alguns ajustes. Foram longas reunies e momentos de comunho
que se iniciavam cedo, pela manh, e que se alongavam at madrugadas
daquelas duas noites. O objetivo era trazer uma direo ainda mais
clarificada para os lderes locais e para a igreja. Alm do mais, a
igreja precisava ver e entender que a equipe pastoral estava coesa
neste propsito de vida ministerial. Tambm havia necessidade de um
ajuste ministerial para os novos componentes da equipe ministerial
da PIB de Campo Grande.
Neste encontro foram confirmados que a Viso de Ministrio da
Igreja continuava a mesma. Ao mesmo tempo, era necessrio que alguns
pontos na filosofia do ministrio deveriam ser trabalhados, outros
desenvolvidos e outros enfatizados. Estes pontos deviam ser
apresentados igreja, principalmente queles que j aceitavam o
projeto, para que obtivessem uma informao completa e mais
consistente do trabalho em si. Tambm era de vital importncia que
aqueles que ainda resistiam ao projeto fossem informados de que
clula era uma questo de liberdade. Ningum seria obrigado ou punido
por no se tornar membro de uma das clulas que j existiam. Desta
forma, cada membro assumia a sua opo e, independente de qual fosse,
continuava a manter seus privilgios e deveres na PIB de Campo
Grande .
Ao mesmo tempo, fez-se necessrio a compreenso de todos, de que a
estratgia de clulas era uma ferramenta e no um fim em si mesmo.
Clulas estariam tendo prioridade, mas no exclusividade. Com o
desenvolvimento, via-se que este era um processo de vida, de
ministrio e, futuramente, um modelo a ser cristalizado na vida das
igrejas evanglicas no Brasil, sob pena de ficarem limitadas no
tempo e no espao.Diante do mundo em transio, do moderno para o
ps-moderno, certamente este devia ser o caminho a ser seguido. A
sociedade estava mudando. Os anseios por relacionamentos, a busca
de apoio, suprimento das necessidades, a procura de restaurao de
vida, o desejo dos contatos filiais, a busca de respostas e curas
existenciais que as pessoas desejavam encontrar no estavam sendo
respondidas pela igreja que era tradicional em sua estrutura de
atendimento, liturgia, mensagem, ministrao das ordenanas, ensino
religioso, aplicao da disciplina, prtica teolgica, exerccio de
liderana, etc.
Aps o referido encontro ministerial, foram esboados alguns
pontos. Alguns itens foram confirmados, outros ampliados, outros
substitudos ou reformulados. A priori o objetivo do encontro foi
alcanado.
Ao mesmo tempo em que havia um sentimento de urgncia em relao s
mudanas que seriam efetuadas, existia a necessidade de que a igreja
fosse comunicada e, ao mesmo tempo, tomasse conscincia desta
urgncia. Esta, estava relacionada rapidez das mudanas que
aconteciam no mundo social. Sempre haveria necessidade de reavaliao
pois mudam prticas, nfases, crescem os problemas sociais-econmicos,
etc. Com certeza o projeto que ali estava sendo apresentado e que j
se encontrava em andamento estava em processo incipiente, a caminho
da maturidade.
Planejamento Estratgico1. - Identidade:Em termos
denominacionais, a igreja estava sendo questionada por sua postura
avanada em termos estratgicos e ministeriais, caractersticos de um
ministrio crescente, de viso, e que desejava fazer diferena na
comunidade em que est inserida. Alm do mais, pelo desconhecimento
do processo de uma igreja em transio, que o projeto geral na viso
da PIBCGMS, questionava-se as suas estratgias e at mesmo a sua
identidade. Assim, aps o encontro, o ministrio, mediante a sua
equipe pastoral, apresentou, em seu culto Dominical, a nova etapa
da vida da igreja.
1.1. Razo De Ser (o que somos)Uma comunidade que vivencia a Nova
criao em Cristo. A igreja estava para continuar e assim cumprir o
ministrio do Senhor Jesus claramente verificado nos evangelhos:
Mt:9:35-38; Lc:4:17-21. O desafio seria alcanar o ser humano em seu
mago, com o evangelho todo.
2. Misso (o que fazemos)
Glorificar (cultos), Edificar (Ensino), Proclamar (Evangelizao e
Misses). ratificada a trplice misso da igreja que, por sua vez, est
na relao trina: Deus-Igreja-Mundo. Ela devia promover a glria de
Deus, a sua prpria manuteno e o fortalecimento, como tambm o seu
crescimento numrico. O tipo de crescimento visado, seria
quantitativo e qualitativo. Chamei-o de
dinmico-integral-saudvel.
3. Propsito:
Alcanar novas pessoas, em todas as naes. Multiplicar discpulos,
que se reproduzam. Ensinar a obedecer a tudo que Jesus ordenou.
Mobilizar todos os crentes para a edificao mutua.
O propsito que a igreja j tinha definido, anos anteriores, foi
confirmado para ser a bssola que direcionaria a nova etapa da vida
da igreja.
4. Filosofia
4.1- Doutrinas e Normas (Em Que Cremos)Estando a PIBCGMS ligada
Conveno Batista Brasileira, ramo histrico da igreja evanglica no
Brasil, houve alguns questionamentos em termos denominacionais. A
ousadia em eventos, estratgias, formas de cultos, e jeito de ser,
parecia incomodar a linha mais fundamentalista da f. O
protestantismo da doutrina correta da f, na linguagem de Rubem
Alves, parecia estar sendo questionado. Tanto em nvel eclesistico
como em termos de equipe pastoral era necessria uma definio clara
do que estava acontecendo e o que viria a acontecer.
Seguindo aquilo que foi desde o incio da organizao da PIBCGMS,
em 1917, a equipe ministerial da PIBCGMS, nada mais fez do que
continuar na linha dos antepassados em termos teolgicos e
eclesisticos, investindo em estratgias ousadas na pregao do
evangelho, sem o deturpar. Mais uma vez era apontado que: A Bblia
continuava sendo a regra de f e prtica e a Declarao Doutrinrio da
Conveno Batista Brasileira (CBB), que foi aprovada em 1985, como
sendo uma fiel interpretao das Escrituras Sagradas.
4.2. Valores (o que priorizamos)
Conhecendo no somente a vida da igreja, mas tambm o
desenvolvimento da sociedade brasileira, especificamente na cidade
de Campo Grande-MS, o ministrio da igreja estava sendo desenvolvido
com valores que, embora no declarados em documentos, faziam parte
da vida ministerial da mesma. Havia ento, a necessidade de uma
definio e informao aos membros, de quais eram este valores. Mesmo
que a grande maioria no estivesse interessada nesta questo
filosfica-estratgica, por uma questo de honestidade ministerial,
era urgente sistematizar estes valores e apresent-los. Assim posto,
estes valores eram:
A pessoa integral:Crendo que o ser humano composto de uma parte
espiritual e outra material, como tambm a pregao do Reino de Deus
alcanar o homem na sua totalidade, era de suma importncia que os
atos clticos, litrgicos, doutrinais fossem norteados por este
valor.
Famlia:
Verificando que a cidade de Campo Grande-MS a segunda maior
cidade em nmero de divrcios, sentiu-se a necessidade de atender a
igreja em termos de famlia. Nesse perodo a direo da equipe pastoral
procurava acrescentar mais um membro equipe ministerial para tratar
das questes da famlia da forma mais especifica e personalizada
possvel. Esta questo no podia ser tratada esporadicamente, como
normalmente acontecia na grande maioria do mundo evanglico. Este
assunto precisava ser encarado como um ministrio especfico.
tica crist na vida:
Era claramente percebido que a sociedade brasileira foi e
continua sendo atingida por escndalos em todas as reas da vida
pblica. CPIs, corrupo, mau uso do dinheiro pblico, prostituio
infantil, trabalho infantil, etc. Muito deste estilo corrupto de
vida era observado na chamada igreja evanglica brasileira. Desta
forma, tornou-se um grande desafio comunicar e levar a igreja a ter
um estilo de vida que fizesse diferena na sociedade e vida da
cidade.
Estudo da palavra (Centralidade da Bblia Sagrada).
Sendo a Bblia a regra de f e prtica, era necessrio que se
criassem estratgias que tivessem condies de alcanar a igreja na sua
maior parte, ou ainda em sua totalidade, com ensino bblico e que
viesse responder s questes existncias dos membros da igreja e dos
visitantes que freqentavam os cultos. Assim, criou-se o que seria
chamado de Ensino Integrado que unificaria a Escola Bblica
Dominical, a pregao dominical vinda do plpito e o estudo nas
clulas. A EBD estudava o texto de forma aprofundada nos seus
comentrios. Explicaes exegticas, ou outras, eram oferecida; assim,
houve uma compreenso mais racional do texto. No plpito, a pregao
apontava uma rea mais devocional. Tratava a questo em termos do
relacionamento com Deus. Nas clulas foi verificada a prtica deste
ensino. Atravs de discusses abordava-se como tratar este ensino,
que bblico, e direciona amar a Deus e ao prximo. Seria: E agora, o
que eu fao?
A idia era uma tentativa de transmitir uma mensagem que
respondesse s questes da vida dos cristos e, ao mesmo tempo, eles
estivessem sendo informados doutrinariamente. Desta forma se
iniciou a exposio do livro de Tiago e, criou-se uma escala de
pregao onde os pastores da equipe ministerial estariam revezando-se
no plpito. Simultaneamente, comeava a ter forma uma idia
incipiente, que era a criao de uma Escola de Teologia, que iniciara
suas atividades em Fevereiro de 2000.
Desenvolvendo relacionamentos: As clulas trouxeram igreja a
possibilidade de criar novos relacionamentos e cuidar dos que j
existiam. Assim, as clulas estavam localizadas prioritariamente na
base do relacionamento. Pessoas de diferentes bairros continuavam a
se deslocar uma vez por semana para diversos lugares da cidade para
estarem com o seu grupo pequeno de comunho e afinidade.
Diversificao no atendimento: Por ser uma igreja localizada no
centro da cidade, muitos procuravam a PIBCGMS para atendimento
social, aconselhamento, informaes denominacionais, entrevistas com
os pastores, etc. exigindo, com isso, uma melhor distribuio de
tarefas, sistematizao de alguns servios e bom uso do espao fsico.
Desta forma, necessitava-se tambm de qualidade.( citado abaixo)
Qualidade em servios: Maiores as exigncias do ministrio e o
alcance ministerial da igreja trouxeram a preocupao com a
qualidade. O mundo empresarial falava de ISO 9000, Qualidade Total.
A igreja no poderia deixar de ser exigida na qualidade em todos os
seus servios e ministrios. Iniciou-se um processo, que dura at hoje
e que sempre dever estar sendo avaliado, em termos de equipar a
igreja com computadores, internet, intranet, recursos humanos,
estagirios, etc.
Liberdade e responsabilidade da pessoa: Ningum seria obrigado a
participar, nem ser membro de uma clula, para exercer liderana na
igreja. Cada membro da igreja teria a liberdade de escolha. A atrao
de novos membros para fazer parte de uma clula, seria o testemunho
de vida de cada integrante.
Ministrao pessoal atravs dos dons espirituais: A igreja seria
administrada por pessoas com habilidades especficas. Essas deveriam
ter os seus dons espirituais, habilidades concedidas pelo Esprito
Santo. A pessoa certa no lugar certo pela razo certa, era uma
premissa que deveria nortear a indicao de pessoas para o ministrio
ou liderana da igreja. Aos poucos a igreja precisava entender que o
organismo vivo do Corpo de Cristo devia ser administrado atravs dos
dons e no atravs da indicao ou de uma eleio. Deus deu dons aos
homens...(Ef:4:1ss)
Contextualizao e personalizao de misses: Atravs das clulas, o
ministrio da igreja em termos de misses, ficou mais local, no
sentido de que as clulas estavam adotando missionrios, os quais
teriam cuidados em termos de: orao, contatos pessoais via cartas,
telefone, presentes de aniversrios, etc, atravs das clulas. O
sustento financeiro estava sendo administrado pela igreja atravs do
ministrio de misses.Integrao Igreja com sociedade (relevncia e
servio): O privilgio que a igreja tem de ser a mais antiga das
igrejas batistas na cidade, trouxe uma responsabilidade de servio.
Ela continuamente era desafiada a marcar presena e oferecer os seus
servios comunidade.
Contextualizao na comunicao do evangelho: A mensagem do
evangelho precisava ter mais p no cho. Desta maneira a pregao
dominical voltava-se mais para as questes do dia a dia. Como estava
havendo um processo de ensino integrado a pregao devia responder s
questes sociais, polticas, questes da vida. Na linguagem mais
avivalista ela devia aquecer o corao.
Liderana qualificada segundo a Bblia: Sempre foi e ser um
desafio, a questo da liderana. A PIB de Campo Grande continuava a
crer que a igreja teria o sucesso aprovado por Deus desde que
pessoas de bom testemunho, qualidade de vida, capacitadas pelo
Esprito Santo, fossem estabelecidas como lderes. O processo de
clulas no somente viabilizou uma liderana, mas, a qualificou. Ao
mesmo tempo, este modelo de igreja exigiu um maior nmero de lderes
tanto em relao s clulas como em termos gerais da igreja. A Escola
de Teologia, que estava em gestao, tambm tinha um papel importante
na formao desta liderana: no que se refere s clulas e
estrutura.
Oramento que evidencia a viso: ... porque, onde est o teu
tesouro a estar tambm o teu corao (Mt:6:21). Isto tambm valido em
termos comunitrios. A viso de uma igreja em transio devia ser
indicada em seu oramento. O oramento no refletia esta transio. Por
razes burocrticas a mudana no oramento levou um perodo maior, posto
isto, os ministrios deviam iniciar um processo de ajustes a uma
igreja que estava em transio. Os investimentos e atividades deviam
ser planejados segundo esta orientao.
Estrutura simples e funcional: O novo milnio e a globalizao
estavam apontado um desgaste das instituies. As igrejas histricas
comeavam a ser questionadas em suas estruturas. O interesse maior
que parecia apontar a importncia da estrutura comeava a mudar para
o interesse de qualidade de vida. A estrutura
eclesistica/ministerial precisava atender s necessidades do povo.
Assim, houve necessidade urgente de:
Definir/Integrar projeto da escola de teologia. A grade
curricular devia atender, capacitar, cuidar, tratar o lder, etc.,
prioritariamente. Em outras palavras, a necessidade da pessoa em
sua totalidade (fsica, emocional, espiritual, funcional, etc.)
seria o guia da grade curricular. Preparar pessoas para transformar
o mundo era o objetivo final.
Reunies da equipe pastoral: Estas reunies semanais s (2as
feiras) precisavam ser reformuladas. Embora fosse impossvel no
tratar as questes administrativas, estruturais nestas reunies da
equipe, dar-se-ia prioridade em acompanhar o desenvolvimento das
clulas e especificamente as clulas que seriam lideradas pelos
pastores da equipe ministerial. Havia um modelo de auto-superviso.
Os pastores precisavam liderar clulas e viver este projeto para que
mais tarde, treinassem outros.
O culto das 4as feiras: passou a ter uma nfase em clulas, onde
os lderes se reuniam e recebiam os cuidados pastorais em termos de
cultos e treinamentos.
Reformular as classes de EBD: As classes foram divididas por
clulas e o material a ser usado foi ligado ao projeto. Os
professores eram os pastores da equipe ministerial. Estabeleceu-se
as classes mediante o princpio de relacionamento entre o ministro
da equipe pastoral e o lder de clula.
Cultos dominicais: Mesmo que os cultos dominicais (4 cultos no
templo: 07:30h; 10:00h; 17:00h e 19:00h, alm do culto infantil at
08 anos e o culto Junior s 19:00h) possussem o seu pblico
especfico, foi enfatizado, no culto das 10:00h, o aspecto do ensino
bblico relacionado s questes de vida crist. Estas questes foram
auscultadas na vida do povo atravs do atendimento, do
aconselhamento pastoral, que semanalmente cada pastor oferece
igreja e/ou por meio de pesquisa. Em relao ao culto das 19:00
passou a ser um culto de celebrao que, em sua liturgia, mantinha a
sua informalidade.
Clulas de superviso: Os pastores vivenciavam o modelo clulas
tendo que liderar as chamadas prottipo, das quais surgiriam os
novos lderes para as futuras novas clulas.
Referncia de servio denominao: A PIB de Campo Grande sempre
esteve ligada Conveno Batista Brasileira (CBB) e Conveno Estadual
Sul Mato-Grossense (CBSM) no somente com participao financeira
(Plano Cooperativo 10% das entradas), mas em projetos comuns. O
envolvimento denominacional, em parceria, foi maior na rea de
misses. Seus pastores formavam o quadro de lderes denominacionais
ou professores de seminrios. Assim, a PIBCGMS, atravs da sua
liderana, entendia que num futuro no muito longnquo, quando outras
igrejas desejassem transicionar para uma igreja em clulas, poderia
servir de apoio e modelo nesta transio.
Terceira Etapa da Transio
Aps 07 meses do incio da segunda etapa, a equipe ministerial da
PIB de Campo Grande comeou a perceber que a implantao do novo
modelo e, o crescimento da igreja estava acontecendo de certa forma
coordenada. As restries nova estratgia, que estava sendo implantada
a cada dia, comeam a diminuir. Ao mesmo tempo a liderana das clulas
comea a sentir naturalmente um cansao que levou alguns poucos
lderes a desistirem do processo, embora continuassem a apoi-lo.
Algumas clulas comeavam a ser desmontadas por falta de lderes.
A equipe ministerial sentia que o estrangulamento do processo
estava ficando cada dia mais complicado. Embora os lderes
estivessem sendo atendidos pelos pastores da equipe ministerial da
igreja, ainda havia a falta de tempo e de espao para um ministrio
de acompanhamento mais personalizado. A mesma equipe estava
atendendo a igreja em duas frentes: a igreja de programas e uma
igreja em transio para uma igreja em clulas. Isto trouxe um grande
esforo e conseqentemente um desgaste natural. O esforo foi
desdobrado pois existiu a compreenso de que no havia necessidade de
romper radicalmente com o modelo antigo de igreja.
A igreja de programas, na linguagem da igreja em clulas, junto
com o projeto clulas sobrecarregavam o ministrio geral da igreja.
Era urgente uma avaliao, uma depurao de planos. Embora este
estrangulamento fosse previsto, no havia elementos claros para
evit-lo. O interesse do ministrio pastoral era transicionar a
igreja com o menor nmero possvel de traumas, conflitos, crticas,
deseres, etc. Reconhecendo que estas situaes estavam e deviam
acontecer, o objetivo era alcanar o mais com pouco.
Diante da necessidade de uma reformulao ou adequao de planos, a
equipe pastoral da igreja decidiu realizar em 16 e 17 de Abril de
2001 um Segundo Encontro para discutir alguns aspectos do Projeto
da Igreja em Transio. Alm do mais dois novos pastores estavam sendo
agregados equipe pastoral os quais estariam servindo no Ministrio
de Misses e Ministrio de Famlia e Cuidar do Rebanho. Ento,
novamente foi realizado um retiro: Espiritual (devoo),
estratgico-eclesiolgico (administrativo-ministerial), relacional
(comunho) que estabeleceu a terceira etapa do processo de uma
Igreja em Transio para uma Igreja em Clulas.
O perodo foi curto, menor do que o anterior; mas, foi o
suficiente para definir os novos remanejamentos necessrios e
acrescentar novos meios e formas para continuar na rota em direo ao
objetivo declarado em Fevereiro de 1999 Uma Igreja em Clulas.
Planejamento Estratgico
1. Ncleo de Superviso
Na nova etapa, que se iniciou, surgiu a necessidade de aumentar
a estrutura em termos de uma igreja em transio. At este momento a
equipe pastoral, na totalidade, mantinha uma superviso sobre os
lderes de clulas. Os pastores tinham um determinado nmero de
lderes. Estes, tinham sido distribudos entre os pastores da equipe
ministerial para uma superviso. Esta distribuio tinha como base a
questo de relacionamentos afins.
Usando esta estratgia, o ministrio pastoral da PIB de Campo
Grande, estava pastoreando indiretamente a membresia da igreja, nos
encontros que cada pastor tinha com seus liderados na sua clula de
superviso, com cerca de duas horas de durao. Os lderes se reuniam a
cada 3 semanas aproximadamente. Nestes encontros eram verificados
os problemas, dificuldades, etc. das clulas em forma global. Ao
mesmo tempo, cada lder apresentava o desenvolvimento que os membros
de sua clula estava tendo.
Se, a grosso modo, cada lder fosse responsvel por 15 membros da
igreja e cada pastor estivesse supervisionando 10 lderes de clulas,
teramos em termos numricos 150 membros da igreja sendo pastoreado.
Tambm deveria multiplicar-se este nmero de membros pelo nmero de
pastores da equipe pastoral. Assim, teramos ento 150 membros de
clulas vezes sete pastores : 1050 membros da igreja. evidente que
esta questo numrica seria em termos ideais, entendia-se a grande
dificuldade na prtica, mas estes nmeros aproximados no podiam ser
deixados de lado sem serem considerados e, tendo um saldo
extremamente positivo.
A equipe pastoral da igreja estava ciente da sobrecarga que
acontecia no ministrio individual de cada pastor. Todos os pastores
deviam estar envolvidos na transio da igreja. Ao mesmo tempo estes
mesmos pastores deviam estar exercendo o seu ministrio em termos
corporativos, na linguagem celular, atendendo igreja de programas e
ao mesmo tempo auxiliando na transio da igreja para uma igreja em
clulas, ou seja, a igreja em termos comunitrios.
O ministrio estava sendo exercido em duas frentes, na igreja
corporativa (igreja de programas) e na igreja comunitria (igreja em
clulas). Os desgastes da equipe ministerial eram claros. Havia
necessidade de reformulao. At o momento, somente os pastores eram
os supervisores de clulas. Por isto, diante dos fatos, fez-se
necessrio novos supervisores. Estes surgiram dentre os lderes de
clulas, os quais eram integrados a esta funo.
O fator novo era que alguns lderes tinham se destacado no
processo da igreja em transio. Eles eram os mais indicados a se
tornarem supervisores. Era a vez dos leigos, como so conhecidos,
comeava a acontecer na prtica aquilo que marcou a reforma
protestante a doutrina do sacerdcio de todos os santos. Era hora de
exercer o ministrio. Desta maneira a igreja foi definida
estrategicamente em duas asas: corporativa, que era a igreja de
programas e a i comunitria, que era a vida da igreja em clulas.
Devendo ficar muito claro que no eram duas igrejas, mas, duas
formas de tratar a mesma igreja. A ilustrao para apresentar este
modelo foi o modelo da igreja de duas asas.Assim sendo, entendeu-se
a necessidade de um corpo que sustente estas duas asas. No caso da
PIB de Campo Grande este corpo a prpria Igreja, o Corpo de
Cristo.
Aps esta deciso a igreja passou a ser atendida nestas duas
frentes: corporativa e comunitria. A preocupao central era que, no
caso de haverem dificuldades nesta transio, fossem evitados ao
mximo os choques de idias, traumas, deseres. O corpo de Cristo
devia ser preservado acima de qualquer estratgia.
Nesta etapa tambm acontecia uma diviso de tarefas ministeriais:
quatro pastores da equipe ministerial estavam desenvolvendo o seu
ministrio com maior intensidade na transio para a igreja em clulas.
Eles foram os pastores e supervisores que acompanharam e
pastorearam os lderes de clulas. Os outros trs pastores estavam
desenvolvendo os seus ministrios na igreja corporativa. Estes
pastores supriram as necessidades das clulas e foram provedores
dentro das suas reas respectivas para que a transio da igreja em
clulas fosse efetuada com eficcia.
Os pastores, na estrutura da igreja em clulas desempenhavam a
funo de Coordenadores de Ncleos. Alguns lderes de clulas, que
tiveram no somente sucesso como lderes, mas tambm preencheram os
requisitos especficos para este ministrio, foram colocados como
supervisores. Graficamente temos:
Os coordenadores de Ncleos (que atualmente so os quatro pastores
da equipe pastoral da PIBCGMS) tinham sob a sua responsabilidade os
sete supervisores de clulas; os quais j aprovados nos seus
ministrios como lderes, serviam igreja, agora, na condio de
supervisores. Estes j haviam cumprido as exigncias em termos:
tcnicos multiplicao das clulas, capacitao, vida crist,
reconhecimento da liderana, etc.
Estes supervisores tinham sob o seu ministrio a superviso de um
determinado nmero de lderes de clulas, os quais desenvolviam a
prtica do seu ministrio nas clulas, acompanhando a vida da igreja
em grupos pequenos. Estas clulas que tinham um nmero de 10 a 15
membros se reuniam semanalmente para viver a vida crist em
comunidade, era a igreja comunitria.
Estes lderes de clulas reuniam-se, dominicalmente, com os
supervisores de clulas (na poca eram os pastores, mas no futuro
devero ser os lderes que ascenderam a supervisores) e com os
coordenadores (pastores) de ncleo, no horrio da Escola Bblica
Dominical. A opo dominical se deu por duas razes: primeiro, no
sobrecarregar a semana do lder e assim evitar ao acmulo de tarefas
sobre estes lderes. Eles deviam ter um tempo maior para desenvolver
os seus ministrios na liderana das clulas (igreja comunitria) e,
quando necessrio, receber treinamento; em segundo lugar, domingo
continuava sendo o dia nobre de estar reunidos na igreja. Tambm foi
vetada a estes supervisores e lderes de clulas exercerem qualquer
funo na igreja corporativa. A dedicao para os pequenos grupos devia
ser total. Cabia igreja corporativa criar estratgias para o
surgimento de novos lderes. Estes poderiam, no dia de amanh,
desenvolver-se como lderes de clulas, ou na igreja corporativa
exercendo os seus dons espirituais.
Era importante apontar resumidamente algumas tarefas que os
coordenadores dos Ncleos de Superviso estavam fazendo. Naquele
momento, e como ponto de partida, foram os pastores da equipe
ministerial da PIB de Campo que realizaram esta funo de superviso.
Ao mesmo tempo foram separados dois lderes leigos, reconhecidos
pela igreja, para ocuparem esta funo de supervisor. Estes lderes
leigos foram deslocados da liderana de clulas para a superviso de
lderes de clulas. Esperava-se que, em curto espao de tempo, estas
reas de superviso fossem todas ocupadas por leigos.
As atividades bsicas dos coordenadores seriam:
Discipulado pessoal: Tanto em nvel de supervisores como de
lderes de clulas. Caberia a cada supervisor acompanhar o
desenvolvimento das lideranas das clulas auxiliando-os nas suas
necessidades, tanto na capacitao, como em treinamentos e
ensino.
Agenda: Elaborao do programa e estudo a ser discutido nas
clulas. Cada supervisor, a princpio, teria a liberdade de oferecer
aos seus liderados o material de estudo necessrio para um
determinado perodo. A exigncia para este ensino seria a realidade
de cada clula.
Atendimento pastoral e gerencial das clulas. O supervisor
informaria-se a respeito da vida da igreja. Problemas,
dificuldades, sucessos, fracassos, etc, deveriam ser acompanhados
pelo supervisor de lderes de clulas. Este tambm, haveria de estar
sempre interado sobre o desenvolvimento numrico das clulas
(excluso, incluso, secretria)
Integrao: dos novos membros nas clulas (novos cristos ou membros
antigos da igreja), auxiliando no seu crescimento, em nveis
quantitativo. Assim acompanhariam o processo da multiplicao das
clulas.
Espiritualidade: Desenvolveu-se e elaborou-se movimentos de
orao, viglias, retiros espirituais, acampamentos, etc.
Estruturao: Acompanhariam e remanejariam os membros das clulas
usando o princpio do relacionamento ou o princpio geogrfico.
Atualizariam e reorganizariam as clulas quando necessrio,
especificamente, quando alguma clula fosse extinta. Estas tarefas
caberiam tambm aos supervisores. As clulas eram desafiadas ao
crescimento, mas os membros estavam cientes de que o crescimento
traria a multiplicao da mesma. A idia era evitar uma certa acomodao
e a koinonitite que seria a saturao da comunho.
Treinamentos: Encontros de finais de semana para treinamentos.
Deviam ser providenciados para que os lderes estivessem usando as
ferramentas necessrias para uma liderana eficaz.
FORAS E FRAQUEZAS DE UMA IGREJA EM TRANSIO
Todo projeto de mobilizao de um grupo social e, em nosso caso,
de uma igreja local, deveria ser observado com certos cuidados,
tanto na sua implantao como em seu desenvolvimento . A inteno era
direcionar melhor o processo de implantao, descobrindo as suas
foras e fraquezas, objetivando o fortalecimento dos pontos
positivos e a diminuio dos pontos que apontavam algumas falhas.
Toda abordagem sempre estaria colorida pela subjetividade do
pesquisador. No haveria como no sofrer o impacto do relacionamento
do objeto de estudo e o estudante. A idia positivista da
neutralidade cientfica era um mito.
A igreja do Senhor Jesus deveria ser entendida no somente na sua
estrutura, mas no seu objetivo como representante do Senhor da
Igreja no lugar em que estava inserida. Em termos horizontais,
entendia-se que a igreja deveria desenvolver com afinco o seu
ministrio em beneficio do ser humano. O relacionamento horizontal
deveria produzir uma prxis que beneficiasse pessoas e no
estruturas. Em outras palavras, a igreja deveria encarnar a
humanidade da mesma forma que fez o seu Senhor. A igreja, inserida
dentro de uma realidade concreta, deveria buscar os meios para
viver a sua f de forma eficaz. Ela deveria viver sempre numa tarefa
de autoconscincia histrica. Isto redefiniria geneticamente a
igreja. Esta seria uma tarefa da igreja consigo mesma e, foi
destrutiva. Mas esta destruio deveria ser entendida em termos
positivos. Destruir seria: desmontar para compreender. Seria uma
psicanlise coletiva, onde se verificasse processo: onde estava a
igreja e por que ela estava desta ou daquela forma. Quando isto
fosse entendido, a histria poderia ser no somente compreendida, mas
tambm transformada, sempre que necessrio.
Diante do novo, a igreja precisaria avanar, entendendo que vivia
uma objetividade situada, uma vez que o mundo estava em constante
processo de transformao.
Fraquezas do Projeto em Transio
Tempo: Todo projeto que requer um longo tempo para a sua
implantao corre o risco de ficar incompleto ou de se deter no tempo
e no espao. Isto levaria criao de um novo projeto dentro daquele
que estava sendo desenvolvido. Este risco seria maior ainda em se
tratando de uma igreja, como em nosso objeto de estudo, com mais de
2000 membros. As revises do projeto deveriam ser constantes e
contnuas. Criar-se-ia alguma maneira pela qual pudesse ser aferida
a realidade do mundo celular. Seria importante que existisse um
feedback mais prximo da realidade das clulas: entrevistas,
formulrios, pesquisas, etc., existindo uma aproximao dos resultados
daqueles que eram responsveis pelo projeto.
Fragmentao da liderana: A fragmentao da liderana poderia, em
determinados momentos, trazer uma quebra de princpios de liderana.
Descentralizar seria um trabalho de parceria e no de competio. Esta
parceria regeria-se por exigncias e responsabilidades, por isso
chamamos de fragmentao e no de descentralizao. Fragmentao traz a
idia de debilidade. No poderia ser esquecido que a mudana de
valores numa instituio levaria um longo tempo. A PIB de Campo
Grande, por ser uma igreja quase centenria, trazia em sua histria
uma viso sacerdotilizada, ou seja, a figura do pastor-presidente
fazia parte da cultura da igreja. Na igreja, poderia ainda ser
encontrada a idia da liderana como status e no como servio, ou
ministrio em beneficio de outros. Isto apontava a urgncia de um
crescimento numrico e explosivo da igreja. Havia a necessidade de
novas pessoas, as quais seriam introduzidas numa nova mentalidade,
menos hierarquizada. Ainda que no meio evanglico existisse a
conhecida doutrina do sacerdcio de todos os santos na prtica, isto
no era uma realidade no mundo evanglico e podia ser observado em
qualquer igreja batista.
Fragmentao do ensino: A PIB de Campo Grande precisava ainda
desenvolver um projeto de ensino que conseguisse ter uma coluna
vertebral, embora a igreja j tivesse tentado o que se chamou de
ensino integrado, mas que no obteve o sucesso esperado. Seria
necessrio descobrir as razes do fracasso. Conquanto a primeira
fonte para o ensino fosse a realidade local, esta deveria ser
entendida em termos sociais e no individuais. Haveriam formas de
aferir a realidade para produzir e desenvolver projetos de ensino
em todos os nveis: faixas etrias, sexo, funes. Ao mesmo tempo,
usar-se-iam diversas estratgias para alcanar o objetivo bblico: at
que todos alcanssemos a unidade da f e do conhecimento do Filho de
Deus, e chegssemos maturidade, atingindo a medida da plenitude de
Cristo (Efsios: 4:13 NVI).
Ao que tudo indica, o ensino deveria ser mais localizado ou
regionalizado. Isto trouxe um questionamento da utilidade dos
seminrios. Que tipos de pastores ou lderes estavam sendo formados
ou informados? At que ponto o currculo do seminrio prepararia os
pastores para o cumprimento da misso e edificao da igreja? Quanto o
seminrio auxilia as igrejas locais na formao do povo de Deus?
Neste processo de ensino deveria existir uma simbiose entre a
igreja e as suas organizaes de ensino e entre os seminrios e
organizaes denominacionais, etc.
Estrutura de governo: O modelo de uma igreja em clulas foi
encarado, nesta monografia, como sendo uma estrutura que, em pouco
tempo, poder ocupar os espaos nas igrejas batistas. A igreja, que o
nosso objeto de estudo, como qualquer outra igreja batista est
inserida num contexto denominacional e ao fazer a opo pelo modelo
de uma igreja em clulas trouxe a exigncia de mudanas denominao.
Isto era previsto, principalmente porque as igrejas batistas tm
como governo o modelo congregacional . Uma igreja em clulas, tendo
como governo o modelo congregacional, exige mudanas no apoio que a
denominao presta s igrejas. Sem dvidas, usando uma comparao que o
Senhor Jesus apresentou, seria vinho novo em odres velhos, podendo
trazer um isolamento geral das igrejas.
Tipo ideal: No protestantismo brasileiro de misses, no
evangelicalismo, no encontramos a descrio do tipo ideal do cristo
numa determinada sociedade ou no lugar histrico que o cristo exera
a sua f e cidadania. A mensagem do evangelicalismo no Brasil foi
caracterizada pelo dualismo: esprito e matria; corpo e alma. Este
dualismo foi apresentado em termos de oposio, o qual levou o cristo
a se afastar da sociedade. Em termos dialticos, o cristo seria
chamado a transformar a sua realidade. A pergunta seria: que tipo
de cristo precisa ser formado para transformar essa realidade?
No havendo esta tipologia corrr-se o risco de no saber para onde
a igreja vai. Estamos analisando no de um ponto de vista espiritual
mas numa forma holstica e transformadora. A identidade apontada
aqui, no est relacionada ao fato de que, uma vez descoberta,
poderia reconhecer o meu inimigo que no teria as mesmas marcas. Ou
ainda, uma produo em srie de cristos identificveis. A identidade,
no caso em estudo, deve ser vista em termos relacionais.
A fragmentao requer marcas distintivas para que um determinado
grupo seja identificado em suas relaes. Tambm no estamos indicando
a necessidade de um determinado legalismo, um sistema rgido
doutrinrio ou qualquer outro tipo de orientao que venha a reprimir
a humanidade do cristo. O que se aponta a necessidade de luzes
claras que indiquem que a igreja esta trabalhando com objetivos
definidos e discernveis, formando cristos de maneira total: o
cristo que vai ministrar no mundo, numa tentativa do afastamento de
um cristianismo ideolgico para assumir um cristianismo utpico. Como
Rubem Alves ( 1982) indica que:
As ideologias, por outro lado, so as estruturas intelectuais que
muito embora transcendam a situao nunca logram, de fato, realizar o
contedo projetado. Utopia e ideologias se distinguem, portanto pela
maneira como programam a ao do grupo que as sustenta. Enquanto as
utopias orientam aes de transformao, as ideologias as inibem,
preservando desta forma as coisas como elas se encontram
(p.117)Poltica: Corre-se o perigo da igreja perder a fora poltica
que ela possua. Embora a igreja no seja um partido poltico, ela
detm um poder que muitos grupos desejariam possuir. No crescimento
celular a igreja perde a sua opo poltica. Como grupo social deixa
de exercer a presso que tinha sobre os poderes pblicos. necessrio
que, ainda que num processo de implantao do projeto de uma igreja
em clulas, exista uma viso poltica da igreja, mesmo que no seja
considerada prioridade, mas necessria. Como o projeto ainda esta em
desenvolvimento, faz-se necessrio, portanto, que seja indicada a
necessidade deste projeto poltico.
Foras do Projeto em Transio
Compreenso da natureza da Igreja: Possivelmente este seja um dos
pontos mais fortes no projeto de uma igreja em clulas, observado na
vida da PIB de Campo Grande: uma compreenso maior da igreja no
sentido neotestamentrio. A mudana de estrutura ministerial mostra
uma igreja dinmica e no esttica, pois est inserida na prpria
dinmica da histria, assumindo diferentes formas ou estruturas, de
acordo com as circunstncias locais.
Esta opo de uma igreja em clulas foi tomada tendo em vista que a
prpria igreja no estava sendo feliz em cumprir a sua misso. Mesmo
tendo sido feita uma anlise, sem o rigor de tcnicos ou
profissionais da rea eclesistica ou social, entendeu-se que o mundo
onde a igreja estava inserida exigia mudanas. Estas mudanas
deveriam ser internas e externas.
A igreja entendia-se e era vista como uma comunidade, como um
organismo vivo e no uma simples estrutura ou superestrutura que
caracterizava as instituies. Entendemos que quando a igreja se
institucionaliza, ela se torna um mecanismo social que programa o
comportamento humano de forma especializada, de sorte que ela
produz os objetivos predeterminados pela instituio, pois nela a
memria das solues passadas preservada. Enquanto a verdadeira
natureza da Igreja tem como marca a qualidade de vida, tanto na sua
pregao como na sua prtica A qualidade de vida nada mais , do que a
vida em abundncia prometida por Jesus no seu evangelho (Joo 10:10),
em contraposio s foras desumanizantes que matam: O ladro s vem para
roubar, matar e destruir: mas eu vim para que as ovelhas tenham
vida, e vida completa Joo 10:10, Bblia na Linguagem de Hoje). Esta
qualidade de vida ou a vida completa tem as caractersticas do amor,
perdo, do povo, da liberdade e da comunho. (Alves, 1982 p 40-52)
Estas qualidades precisam ser restauradas no para repetir o
passado, mas para se tornar uma igreja eficaz na sua misso.
A igreja foi convocada para anunciar vida e no instituies e,
denunciar como tambm, desqualificar as foras do ladro que hoje tm
se multiplicado e pluralizado.
Consideremos ainda as palavras de Richard Shaull: (Shaull, 1985
p.142-143 e 145).
O programa da igreja (...) converteu-se num meio pelo qual os
cristos so arrancados da sua insero no mundo onde Deus est
operando, para se tornarem parte de uma instituio religiosa. Quando
nossos templos, organizaes e programas se expandem, nossa priso
chega a ser maior ainda. No meio de um mundo dinmico, vemo-nos to
atados a uma institucionalizao da nossa f, que o mundo se afasta de
ns e cada mais ausentes estamos dos lugares onde se levantam as
verdadeiras questes da vida e morte para o homem moderno e para a
nossa sociedade. Desse modo, gastamos o nosso tempo e energia
tentando alcanar a nossa gente, cuja maneira de entender a f no se
relaciona basicamente com essas questes, situando-nos um tanto fora
da poca, numa empresa que, em termos suaves, nem muito excitante
nem produtiva. (...) Para que a Igreja possa viver, devemos estar
dispostos a assistir morte de nossas mais prezadas formas de vida
eclesistica.
Valores culturais do povo: Existe uma preocupao na tarefa
teolgica e na eclesiologica para incorporar os valores culturais do
povo brasileiro. A eclesiologia no somente devia ser qualificada,
como bblica porque o modelo foi orientado por alguns pressupostos
bblicos. Mas tambm devia ser considerada a situao
histrica-eclesiolgica. Valores culturais, como uma viso popular,
hbitos e gostos do povo podem ser inseridos na realidade
eclesiologica. No deve existir um modelo nico para o estilo ou
estrutura de igreja. Para que isto esta valorizao viesse acontecer
ainda mais, devem ser esquecidas duas coisas: a amlgama do
evangelho com determinada cultura ou ideologia que tem como
conseqncia a apresentao da superioridade de determinada cultura e
que apontada como sendo escolhida de Deus, tornando-se assim o
modelo obrigatrio a ser seguido; e em segundo lugar, o trauma
histrico, gerado no choque cultural da chegada dos missionrios
batistas norte-americanos, ao se encontrarem, segundo estes, no
meio duma cultura pag. Diversas vezes no se faz a opo por
determinado gosto (valor) popular por este ser encontrado tambm no
catolicismo romano ou no meio da cultura afro-brasileira.
O valor cultural tem a possibilidade de ser usado numa igreja em
clulas, tendo em vista que, nela h liberdade de ao e participao na
construo do homem em Cristo. Isto no aponta para um projeto amorfo,
mas uma construo com formas nas quais o povo pode indicar e ajudar
na sua construo. Ele aponta quais seriam os pontos importantes a
serem acrescentado ao seu desenvolvimento da f e prxis. Os temas da
vida deviam vir do povo, e nunca imposto por uma casta
sacerdotal.
Por isto, no deve haver uma reduo nem limitao cultural, pois
isto seria uma amputao injusta e dolorosa; pelo contrrio deve
existir o incentivo (liberdade na criao, apoio econmico, sem atos
inquisitrios, divulgao etc.) para que sejam descobertos na cultura
brasileira os valores que esta possui e assim comprovar que o mesmo
Esprito criador do Gnesis e que pairava sobre as guas, tambm podia
estar pairando dentro da cultura brasileira, com o objetivo de que
se produzam o que seja necessrio para adorao a Deus, e mostrar a
expresso da f do povo de Deus a caminho da implantao do Reino de
Deus.
Possibilidades de vida: Um modelo de igreja em clulas no
simplesmente uma mudana na forma de se reunirem os membros de uma
igreja. Os lderes denominacionais, no nosso caso batista, seguindo
o interesse da denominao, discutem este modelo em defesa do modelo
denominacional. A mudana de estrutura est indicando que a atual
estrutura j cumpriu o seu papel. O sacerdcio de todos os santos
doutrina central da reforma, foi hierarquizada e profissionalizada
pela velha estrutura. Criou-se, com outros nomes, uma casta
sacerdotal uma hierarquizao velada que foi inserida na igreja e
assim conseguiu sobreviver at hoje. Agora inserida num novo milnio,
numa sociedade em transio para um mundo ps-moderno, necessrio
verificar as condies de vida para que o evangelicalismo traga para
o mundo e especificamente no Brasil a mensagem da graa e da
humanidade de deus
Valem aqui as palavras de um telogo moderno:
O protestantismo enfrenta, juntamente com as religies e
denominaes ocidentais, um tremendo desafio, desde o incio do que
chamamos de era protestante. Bem, pode significar o seu fim ou,
talvez, a transformao radical de suas estruturas[...]As pessoas,
andam, agora, em busca de segurana e de certo tipo de perfeio que s
poder vir da transcendncia[...] Ningum, mais acredita em progresso.
A religio acabou se tornando mais forte, hoje em dia, do que antes
da Primeira guerra Mundial, pelo menos nos sentimentos e aspiraes
do povo(Tillich, 1992 p.240)
A opo pelo modelo duma igreja em clulas aponta as possibilidades
de mudana. A igreja voltada para as bases traz no somente uma nova
vida, mas tambm injeta, na vida da igreja, uma nova seiva. Com
isto, se espera que o homem ps-moderno tenha no evangelho a vida do
Reino de Deus que a vida em abundncia. O transcendental que
atualmente as pessoas buscam com avidez ser encontrado com maior
facilidade no evangelho, na graa soberana de Deus, que oferecida de
forma livre. No h necessidade de passar por degraus
funcionais-sacerdotais. O mundo sacro est prximo: Eis chegado o
Reino de Deus
Dinmica da histria: Queremos advertir como primeiro pensamento
neste ponto, que respeitamos a memria e tradio, mas a histria no
est a para ser repetida, pois Deus nos quer como agentes no
processo histrico. Nas palavras de Darci Dusilek, ex-pastor
batista, no o de tentarmos manter um cadver vivo pois os que
pretendem reconstruir o passado demonstram-se presos mentalidade de
culto aos deuses que esto mortos . (Dusilek 1983. p.28-29)
Estamos conscientes da dvida que as igrejas batistas tem com
relao aos seus fundadores e com o seu passado. Mas necessrio
encarar e compreender como aconteceu a entrada dos batistas em
terras brasileiras, pois como Mendona indica numa das suas
propostas da sua tese de doutoramento, que a insero do
protestantismo na sociedade brasileira deu-se num momento
histrico-social propcio ( e que talvez outra melhor no chegarias
haver). (1984. p.9-10)
Neste aspecto histrico, interessante considerar o que o telogo
metodista Miguez Bonino, indica a respeito da implantao do
protestantismo na Amrica Latina e que o protestantismo, no nosso
caso, o evangelicalismo deve entender e compreender que, na pregao
do evangelho da graa divina, sempre haver uma resposta. Se
afirmativa, ento haver mudana radical, integral e transformao da
realidade e no somente uma mudana em termos ticos, doutrinrios.
Bonino( (1983) afirma que,
Num momento em que Amrica Latina emergia lentamente da sua
histria colonial e procurava sua integrao no mundo moderno, o
protestantismo significou um chamado mudana, transformao,
centralizado na vida religiosa, mas que repercutia na totalidade da
vida e da sociedade.
Para o telogo metodista-argentino, o protestantismo foi um
elemento subversivo em termos da sociedade latino-americana
tradicional (p. 21 e 28, grifo meu)( Era possvel que esta subverso
viesse com o novo modelo de igreja.
Convivncia com o mundo sagrado. No fim e incio de um novo
milnio, o mundo sagrado se aproximou do homem. O mundo oriental
traz a sua religiosidade e misticismo. A nova era desperta ainda
mais o lado religioso, esotrico e ocultista com a sua mensagem da
era de aqurio. A produo em alta dos estudiosos das religies e as
investigaes com os movimentos: pentecostais, neopentecostais e
outros grupos cristos, populariza as questes crists. A popularizao
das religies afro-brasileiras despertou o interesse pelo ocultismo.
A mdia populariza o mundo transcendental. Tudo isto deixa o ser
humano extasiado e entusiasmado. Vivendo dentro de um mundo frio
que fruto do avano e da descoberta tecnolgica tem agora a
possibilidade de conhecer o mundo metafsico, do alm, o mundo
suprasensorial. Uma sociedade sem relacionamentos nem vnculos
fortes encontra a possibilidade de uma unio com o mundo sagrado.
Assim as pessoas se voltam para o mundo transcendental. As
hierarquias religiosas comeam a perder o seu poder. Todos tm acesso
ao totalmente Outro
Isto est sendo vivenciado pelas igrejas evanglicas no Brasil. As
doutrinas que caracterizaram a reforma, tais como: o sacerdcio de
todos os santos, a livre interpretao das escrituras sagradas, se
tornou parte da vida e da prtica crist hoje. Estes ensinos
retornaram para o lugar de onde nunca deveriam ter sado, a
comunidade, o povo de Deus. Uma vez afastadas da comunidade estas
doutrinas se cristalizaram e produziram grupos hierrquicos tais
como: sacerdotes, escribas, professores, instituies religiosas,
seminrios e denominacionais, etc. O sacro foi fossilizado. Mas ele
est de volta. As massas esto tendo livre acesso teologia. A igreja
recupera a funo de ensinadora do povo, funo que foi usurpada pelas
instituies teolgicas, as quais precisam rever o seu papel nesta
nova realidade que o mundo ps-moderno que j estamos vivendo.
No se nega o fato de que esta seduo do sagrado pode atrair uma
religiosidade individualizada, relativista e, se corra o risco
ainda maior de aburguesamento do mundo sacro e at possvel uma nova
criao de hierarquias iluminados. Porm, a experincia que a igreja
teve com as doutrinas j citadas, como: o sacerdcio dos santos e a
livre interpretao das Escrituras Sagradas devem ser luzes
suficiente para que a comunidade no erre novamente. A prpria
histria da igreja crist poder lanar luz sobre os aspectos da mstica
crist e assim o evangelho evitar a paganizao do mundo sobrenatural.
A igreja dever ter o cuidado de verificar se o desejo pelo sagrado
uma procura da busca de Deus e da sua verdade ou em contrapartida
este desejo , somente a busca de satisfao das necessidades
pessoais. A segunda opo marca uma rota de paganizao do sagrado e
assim se perderia o objetivo da mstica crist que r de conhecer a
Deus e sua vontade.
O modelo de igreja em clulas pela sua estrutura naturalmente
popular. As pessoas so estabelecidas atravs das capacitaes divinas,
elementos importantes no crescimento da vida religiosa do grupo. A
liderana recebe a liberdade de conduzir o seu grupo pequeno. Todos
podem orar, dar a sua opinio a respeito de fatos da vida, mostrar a
sua experincia religiosa diante do grupo. Sempre haver algum para
orar pela pessoa no grupo ou mesmo servir de terapeuta para a crise
que porventura o individuo esteja passando. O sagrado agora pode
fazer parte da vida diria dos fiis. O aspecto divino no se encontra
somente na hierarquia religiosa, ou num lugar sagrado. Ser uma
compensao do dficit que o modernismo deixou nas igrejas e
denominaes. Ao mesmo tempo tudo isto vai requerer cuidados para que
no se tenha um supervit de um misticismo pago.
Vencendo a urbanizao: Os primeiros resultados do censo 2000
apontaram que a cidade de Campo Grande possui 662534 habitantes.
Destes, apenas cinco por cento se encontram na chamada zona rural.
A migrao para as cidades urbanas tem sido marcante nos ltimos 20
anos. Estudos das Naes Unidas mostraram que a maior massa urbana
esta localizada nos pases desenvolvidos at os anos 70. Aps essa
dcada, o crescimento urbano se deu em grande parte, nos pases menos
desenvolvidos. A projeo da UNESCO era que, a populao em pases
subdesenvolvidos cresceria oito vezes a sua populao. A vida atual e
futura urbana e a igreja precisa urgentemente entender isso para
que possa desenvolver a sua misso.
Esta urbanizao produziu no ser humano caracterstica que a igreja
do Senhor Jesus deveria conhecer, e providenciar os cuidados para
este tipo de pessoa. O passado foi rural. A atualidade e o futuro
so urbanos. O mundo na atualidade e no futuro formar um homem tendo
como caractersticas: primeiro, um homem solitrio que est dentro da
multido, mas se sente sozinho. Aquele indivduo que possivelmente no
mundo rural era algum, na cidade um Joo ningum. A cidade fria,
impessoal, opressora. Em segundo lugar, o homem da cidade pobre. As
favelas que circundam as grandes cidades na sua grande maioria so
famlias que deixaram os campos para tentar a sorte na cidade
grande. Na cidade o emprego exige especializao. A enxada usada no
campo no serve para romper o asfalto nem a carroa para se
locomover. Em terceiro lugar, o homem urbano procura o
transcendental. Longe da famlia, da cidade onde era conhecido,
procura lugares onde possa estabelecer relacionamentos. O mundo
mgico das religies o convida para ganhar um status. Ele pode fazer
pactos com as foras sobrenaturais. Pode ser possudo por espritos.
Ainda pode ter a sua vida mudada se entrar em determinados
templos.
Uma igreja em clulas pode indicar ao homem urbano o caminho da
graa do evangelho. Nos grupos pequenos o homem urbano conseguir ter
relacionamentos fortes e saudveis, ter oportunidades de externar as
suas necessidades. O Deus que age nos templos evanglicos da cidade
esta ao alcance no meio da sua comunidade pequena. A aproximao e a
comunho do Corpo de Cristo poderia trazer alvio s amarguras,
solido, e outras doenas que a urbanizao provoca nas pessoas.
Descoberta do oikos: Esta uma das mensagens ou palavras chaves
mais enfatizadas nos ensinos numa igreja em clula. Citando Raplh
Neighbour Jr que popularizou este conceito, Comiskey (1997)
escreve:
A palavra [oikos] encontrada repetidas vezes no Novo Testamento
e geralmente traduzida por famlia. No entanto, ela no se refere
somente aos membros da famlia. Todos ns temos um grupo primrio de
amigos com os quais nos relacionamos diretamente por meio da
famlia, do trabalho, recreao, passatempos e vizinhos...(p.75)
Ser neste tipo de relacionamento que a igreja em clula se
desenvolver(.O objetivo vai alm de ganhar uma alma que a
caracterstica de uma evangelizao antropofgica, e que neste modelo
de igreja deixada para trs. Agora a importncia a pessoa e a sua
vida. H uma preocupao com o ser humano. O relacionamento intenso no
somente em termos espirituais mas h uma compreenso ampla da vida.
Descobre-se que a extenso do pecado trouxe conseqncias nefastas
para as pessoas e estas conseqncias devem ser tratadas para
benefcio do ser humano. Estabelecer relacionamentos prioridade. O
acrscimo de pessoas ao grupo ser fruto de relacionamentos. A idia
do oikos que as pessoas devem servir uns aos outros. Cada cristo
neste modelo deve constituir-se num canal da graa divina. So
pequenas comunidades crists de base onde os dons espirituais podero
ser desenvolvidos. Aqui o senso de utilidade de cada cristo ser
confirmado. A Bblia como Palavra de Deus passa a ser praticada
medida que cada um do grupo se sente parte do Corpo de Cristo
O modelo de igreja em clulas leva em considerao aquilo que a
antropologia apresentou como sendo as trs unidades universais: o
parentesco, a comunidade, a associao. As duas primeiras podem ser
encontradas em qualquer lugar do mundo. Thoma Wolf (s.d) citando um
dos conhecidos estudiosos da igreja primitiva, Michael Green,
escreve:
O oikos, a famlia entendida no seu mais amplo sentido, consiste
na relao de sangue, os escravos, os clientes, e os amigos, foi um
dos pilares da sociedade greco-romana. Os missionrios cristos
tiveram como meta deliberadamente estabelecer, ganhar qualquer casa
familiar que pudesse, como terreno firme, servir como base para
alumiar as trevas que rodeavam. Se est no caminho correto quando se
enfatiza a importncia fundamental que o oikos teve para o avano
cristo. (p.174)
A opo deste modelo de igreja se tornou mais popular no aspecto
que o povo atendido e pastoreado. A sacralidade de um templo onde
so oferecidos os cultos a Deus tornam mais difcil aproximao do
incrdulo f crist. Neste novo modelo, o cristo fica ao descoberto
mostrando aos outros o seu estilo de vida cristo, sem paramentos,
sem mscaras ou outras maneiras de ocultar a vida do dia a dia, que
to caracterstico nas igreja atuais. O cristo pode expor a sua
humanidade, as suas limitaes, as suas falhas, ciente de que h
maiores possibilidades de um apoio, de uma terapia do que um
tribunal. A disciplina comea ento com a terapia de apoio a
humanidade pecadora do membro da clula
EBD
(Entender))))))))
VIDA INTEGRAL
CLULAS
(Praticar)
PULPITO
(Devoo)
Pastores da PIBCGMS
Coordenadores de Ncleos
)
Supervisor
Supervisor
Supervisor
Supervisor
Supervisor
Supervisor
Supervisor
Lderes clulas
clulas
( Breder, Gilson; Clulas com DNA Batista. Workshop do Congresso
de Pastores Batistas: Os Dons Espirituais no Contexto do Ministrio
Pastoral e da Igreja. Guarapari ES 01/05/2001. Estas palestras
tambm se encontram em HYPERLINK "http://www.batistas.org.br"
http://www.batistas.org.br Palestras oferecidas na 55a. Assemblia
da Conveno Batista Sul Mato-grossense Junho de 2001
( Para Bonino o termo subversivo usado no sentido sociolgico
descrito por Orlando Fals Borda (subversin in Colmbia, 1967) como a
introduo de valores, normas e instituies contrapostas as existentes
e no necessariamente como um movimento poltico encaminhado a
deslocar uma determinada ordem ou governo.
( oikos Este vocbulo exposto na literatura de Treinamento do
Ministrio de Igreja em Clulas de Curitiba. O Ano da Transio