-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
1/78
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIOSA
CENTRO DE CINCIAS EXATAS E TECNOLGICAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Concreto
Protendido
Fundamentos Bsicos
Gustavo de Souza VerssimoProfessor Assistente
M. Sc. Eng. de Estruturas, UFMG/1996
Klos M Lenz Csar JrProfessor Assistente
M. Sc. Eng. Civil, UFF/1995
4a. Edio: novembro/1998
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
2/78
CONTEDO
1. FUNDAMENTOS BSICOS
1.1
INTRODUO..................................................................
...........................................................
............ 1
1.2 CONCEITO DE
PROTENSO..............................................................................
................................. 1
1.3 PROTENSO APLICADA AO CONCRETO,
HISTRICO..............................................................
2
1.4 PROTENSO E CONCRETO
PR-MOLDADO.......................................................
.......................... 6
1.5 OUTRAS APLICAES DO CONCRETO
PROTENDIDO............................................................
11
1.6 PECULIARIDADES DO CONCRETO PROTENDIDO EM RELAO AO
CONCRETOARMADO
...............................................................
............................................................
..................... 13
1.7 EXEMPLO NUMRICO ILUSTRATIVO.................
............................................................
............. 17
1.8
DEFINIES...........................................................................................
............................................... 22
1.8.1 Armadura de protenso
..................................................
.......................................................
............ 221.8.2 Armadura
passiva...............................
....................................................
........................................... 221.8.3 Concreto
protendido com aderncia inicial (armadura de protenso
pr-tracionada) ....................... 221.8.4 Concreto protendido
com aderncia posterior (armadura de protenso ps-tracionada)
.................. 221.8.5 Concreto protendido sem aderncia
(armadura de protenso ps-tracionada)
.................................. 231.8.6 Protenso sem aderncia
......................................................
......................................................... ....
231.8.7 Protenso com aderncia inicial
.................................................................
....................................... 231.8.8 Protenso com
aderncia posterior................................
.........................................................
........... 23
2. MATERIAIS
2.1 CONCRETO
...........................................................
...........................................................
..................... 24
2.1.1 Resistncia
compresso........................................................
...................................................... .... 25
2.2 AOS DE
PROTENSO..........................................................
......................................................... ....
25
2.2.1 Designao genrica dos aos de protenso............
.......................................................
................... 272.2.2 Principais propriedades mecnicas do ao
(FIGURA 2.1)..............
.................................................. 272.2.3 Corroso
dos aos de protenso..........................................
................................................... ...........
28
2.3 BAINHAS................................................
.......................................................
......................................... 32
2.4 CALDA DE CIMENTO PARA INJEO
.......................................................
................................... 33
2.5 DISPOSIES
CONSTRUTIVAS............................................................
........................................... 332.5.1 Sobre os
materiais (NBR 7197 item 10.1)
......................................
............................................... ... 33
2.5.1.1 Armadura de protenso..............................
..............................................
................................. 332.5.1.2 Armadura passiva
.............................................
.................................................
....................... 332.5.1.3 Cimento
.......................................................
.......................................................
....................... 332.5.1.4
Aditivos..........................
........................................................
.................................................... 332.5.1.5
Agregado........................................................
......................................................
..................... 342.5.1.6 gua
.............................................
....................................................
......................................... 342.5.1.7
Concreto............................................
....................................................
.................................... 342.5.1.8 Lubrificantes e
isolantes..............................
...................................................................
........... 342.5.1.9 Cobrimento da armadura de protenso
.........................................
........................................... 34
3. SISTEMAS DE PROTENSO
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
3/78
3.1
INTRODUO..................................................................
.........................................................
............ 35
3.2 SISTEMAS DE
PROTENSO....................................................................
.......................................... 36
3.2.1 Protenso com aderncia inicial
.................................................................
....................................... 363.2.2 Protenso com
aderncia posterior................................
.........................................................
........... 363.2.3 Protenso sem aderncia
......................................................
......................................................... ....
36
3.2.4 Aspectos referentes aderncia
...................................................
..................................................... 373.3 TIPOS
DE PROTENSO
............................................................
...................................................... .... 39
3.3.1 Protenso completa
........................................................
.......................................................
............ 393.3.2 Protenso limitada (NBR 7197 -
4.1.2)........... ............................................
...................................... 403.3.3 Protenso parcial
(NBR 7197 - 4.1.3).........................................
................................................... ... 41
3.4 EQUIPAMENTOS DE
PROTENSO.........................................................................................
......... 41
3.4.1 Generalidades............................................
............................................................
............................ 413.4.2 Macacos
hidrulicos.....................................
....................................................
................................. 413.4.3
Ancoragens........................................................................................
................................................ 45
3.4.3.1 Ancoragens por aderncia
.............................................
................................................. ..........
453.4.3.2 Ancoragens por meio de cunhas
.............................................
............................................... ... 46
3.4.3.3 Ancoragens por meio de rosca e porca...
..............................................
.................................... 483.4.3.4 Ancoragens mortas ou
passivas ............................................
........................................... ......... 49
3.5 ESCOLHA DO SISTEMA DE
PROTENSO.................................................................
.................... 50
3.5.1 Escolha do tipo da protenso
.................................................
........................................................ ...
503.5.2 Escolha do processo de protenso.....................
....................................................
............................ 50
4. CRITRIOS DE PROJETO
4.1 VERIFICAO DA SEGURANA - AES
.............................................................................
....... 52
4.1.1 Estados limites de uma estrutura
..............................................................
......................................... 524.1.1.1 Estados limites
de utilizao
........................................................
............................................. 524.1.1.2 Estados
limites
ltimos......................................................
........................................................ 53
4.1.2
Aes..............................................................................
.......................................................
............ 544.1.3 Classificao das aes
................................................
.........................................................
............ 54
4.1.3.1 Aes permanentes (G)
............................................
.................................................... .............
544.1.3.2 Aes Variveis
(Q)............................................................
.................................................... ... 554.1.3.3
Aes Excepcionais (E)
......................................................
.................................................... ... 55
4.1.4 Combinaes de aes
.....................................................
..................................................... ............
554.1.4.1 Combinaes para verificao dos estados limites ltimos
................................................... ... 564.1.4.2
Exemplos de combinaes de aes para os estados limites
ltimos.................................. ...... 584.1.4.3 Combinaes
para verificao dos estados limites de utilizao
............................................. 594.1.4.4 Exemplos de
combinaes de aes para os estados limites de utilizao
............................... 59
4.2 ESTADOS LIMITES, COMENTRIOS
.......................................................
...................................... 60
4.3 TRAADO DOS CABOS
.........................................................
.......................................................... ...
61
4.3.1 Generalidades............................................
............................................................
............................ 614.3.2 Fundamento fsico do traado dos
cabos................................
................................................. ..........
614.3.3 Influncia de aspectos construtivos no traado dos
cabos.................................................................
644.3.4 Recomendaes de norma para a disposio dos cabos de protenso
(NBR 7197 item 10.2)......... 67
4.3.4.1 Traado dos cabos
..............................................
..............................................
........................ 674.3.4.2 Curvaturas dos cabos...........
..............................................
................................................... .... 684.3.4.3
Fixao e posicionamento dos
cabos..............................................
.......................................... 684.3.4.4 Extremidades
retas.................................................
........................................................
........... 684.3.4.5 Emendas de cabos
.............................................
................................................
........................ 684.3.4.6 Espaamentos mnimos
......................................................
.................................................... ... 68
4.3.4.7 Espaamentos
mximos..........................................
....................................................
............... 694.3.4.8 Feixes de cabos na ps-trao
............................................
................................................... ... 69
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
4/78
4.4 GRAU DE PROTENSO
.........................................................
.......................................................... ...
69
4.5 DETERMINAO DA FORA DE PROTENSO......................
..................................................... 71
4.5.1 Estimativa do valor da fora de protenso.
.......................................................
................................ 714.5.2 Determinao dos valores da
fora de protenso. .................................................
............................ 714.5.3 Valores limites da fora na
armadura de protenso.........................
.................................................. 72
4.5.4 Valor de clculo da fora de protenso.
....................................................
........................................ 72
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
5/78
APRESENTAO
A presente publicao tem por principal objetivo dar suporte
bibliogrfico disciplina CIV 457 - Concreto Protendido, do Curso de
Engenharia Civil da UFV. Foielaborada a partir de estudos e
experincias vividos ao longo de vrios semestres. Abibliografia
sobre o assunto produzida no Brasil at o incio da dcada de 90
bastante
dispersa, e muitas vezes incipiente, o que dificulta
consideravelmente o acesso dosestudantes a referncias de interesse,
ao longo do curso.
Durante muito tempo o concreto protendido foi tratado como um
material distintodo concreto armado. Esse fato fica evidente na
bibliografia, com livros especficos paracada material, e nas normas
tcnicas, tambm especficas para estruturas de concretoarmado e
estruturas de concreto protendido.
Atualmente existe uma tendncia de unificar os dois temas, pois a
teoria doConcreto Armado convencional totalmente vlida para o
Concreto Protendido, tosomente acrescida dos aspectos peculiares da
introduo da protenso e respectivasarmaduras ativas. Nesse sentido,
o Comit Euro-Internacional du Betn (CEB/FIP) tem
exercido um papel preponderante. Desde a publicao do Cdigo
Modelo para Estruturasde Concreto Armado e Concreto Protendido em
1978, e mais recentemente com as versesde 1990 e 1994, entidades de
vrios pases tm caminhado em direo a um consenso sobrea normalizao
da Teoria do Concreto Armado.
No Brasil, a ABNT est trabalhando numa nova norma para
estruturas de concretoarmado e protendido, que substituir as
antigas NBR 6118 (Projeto e Execuo de Obras deConcreto Armado) e
NBR 7197 (Projeto de Estruturas de Concreto Protendido).
Atentando para essa perspectiva, procuramos colecionar e
avaliar, dentre a literaturaexistente, as proposies mais
interessantes e consistentes e discorrer sobre o tema, de umaforma
adequada evoluo da disciplina. Dessa forma intencionamos dar uma
visoprtica do comportamento do Concreto Protendido, seus mecanismos
de resistncia, bem
como propiciar ao aluno o domnio dos mtodos de verificao das
estruturas.Agradecemos antecipadamente quaisquer crticas, sugestes
e comentrios dos
leitores, para que a partir deles possamos melhorar sempre este
trabalho, no sentido deatender cada vez melhor aos alunos.
Gustavo de Souza VerssimoJulho de 1997
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
6/78
Captulo1FUNDAMENTOS BSICOS
1.1 INTRODUO
A utilizao de armaduras protendidas em estruturas de concreto se
consagrou noBrasil, nas ltimas dcadas, como tcnica construtiva.
Esse fato pode ser comprovadoatravs do grande nmero de obras civis
realizadas, desde silos e tanques, passando porpontes e viadutos,
at edifcios de todos os tipos, incluindo obras com mais de 40
anos.
1.2 CONCEITO DE PROTENSO
No dicionrio Aurlio encontra-se a seguinte definio para a
palavra protenso:"Processo pelo qual se aplicam tenses prvias ao
concreto." A definio est correta,entretanto o significado de
protenso bem mais amplo.
A palavra protenso ou pr-tenso (presstressing em ingls,
precontrainte emfrancs) expressa a idia da instalao de um estado
prvio de tenses em alguma coisa. Naengenharia a protenso aplicada a
peas estruturais e materiais de construo.
Antes de abordar a protenso no concreto propriamente, pode-se
ilustrar o princpio
da protenso atravs de alguns exemplos clssicos bastante
significativos.Imagine-se, por exemplo, a situao em que uma pessoa
carrega um conjunto de
livros na forma de uma fila horizontal (FIGURA 1.1). Para que os
livros sejam levantados,sem que caiam, necessria a aplicao de uma
fora horizontal que os comprima unscontra os outros, produzindo
assim foras de atrito capazes de superar o peso prprio
doconjunto.
FIGURA 1.1 - Introduo de um estado prvio de tenses numa fila de
livros.
A aplicao da fora normal pode ser entendida como uma forma de
protender umconjunto de elementos estruturais, no caso uma fila de
livros, com o objetivo de se criar
tenses prvias contrrias quelas que podem inviabilizar ou
prejudicar a operao ou ouso desejados.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
7/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
2
Uma roda de carroa tambm um exemplo de estrutura protendida. Ao
contrriodo que se pode imaginar, no se trata de uma pea nica. A
roda constituda de vriaspartes de madeira, devidamente preparadas,
montadas apenas por encaixes. Em torno daroda de madeira colocado
um aro de ao cuja funo , alm de proteger as partes demadeira do
desgaste, solidarizar o conjunto. No momento da colocao, o aro de
ao
aquecido, de forma que seu dimetro original aumenta devido
dilatao do material.Depois de colocado, o aro se resfria, voltando
temperatura ambiente, e seu dimetro tendea diminuir at ao valor
inicial. No obstante, a roda de madeira se ope ao movimento
decontrao do aro e este, consequentemente, aplica esforos sobre
ela, solidarizando-a,protendendo-a.
Pode-se citar ainda o caso de um barril composto por gomos de
madeira apertadospor cintas metlicas. A compresso produzida pelas
cintas se ope s tenses causadas pelapresso interna do lquido dentro
do barril.
Uma roda de bicicleta tambm uma estrutura tensionada. Um aro
externo ligadoa um anel interno por meio de fios de ao sob tenso.
As tenses de trao previamenteaplicadas aos raios garantem a
estabilidade do aro externo sob carga.
Esses exemplos elucidam uma potencialidade importante da
protenso, qual seja, apossibilidade de promover a solidarizao de
partes de uma estrutura, como por exemplonas estruturas de concreto
pr-moldado (FIGURAS 1.2 e 1.5).
FIGURA 1.2 - Unio de blocos pr-moldados com protenso.
Fica evidente, portanto, que a protenso pode ser aplicada aos
mais diversos tiposde estruturas e materiais. Nesse sentido, Pfeil
(1984) prope a seguinte definio:"Protenso um artifcio que consiste
em introduzir numa estrutura um estado prvio de
tenses capaz de melhorar sua resistncia ou seu comportamento,
sob diversas condiesde carga."
1.3 PROTENSO APLICADA AO CONCRETO, HISTRICO
O desenvolvimento do concreto armado e protendido deu-se a
partir da criao docimento Portland, na Inglaterra, em 1824. Nos
anos que se seguiram, os franceses e osalemes tambm comearam a
produzir cimento e a criar vrias formas de melhorar a
capacidade portante do concreto.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
8/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
3
Em meados do sculo 19, j se conhecia mundialmente a
possibilidade de reforarelementos de concreto atravs de armaduras
de ao. Em 1855, foi fundada a primeirafbrica de cimento Portland
alem. No mesmo ano o francs Lambot patenteou uma tcnicapara a
fabricao de embarcaes de concreto armado. A partir de 1867, outro
francs,Monier, comeou a fabricar vasos, tubos, lajes e pontes,
utilizando concreto com armadura
de ao. Nessa poca as construes em concreto armado eram
desenvolvidas em basespuramente empricas. Ainda no se conhecia
claramente a funo estrutural da armadura deao no concreto. Foi em
1877 que o americano Hyatt reconheceu claramente o efeito
daaderncia entre o concreto e a armadura, aps executar vrios
ensaios com construes deconcreto. A partir de ento, passou-se a
colocar a armadura apenas do lado tracionado daspeas.
A primeira proposio de pr-tensionar o concreto foi anunciada em
1886, por P.H. Jackson, de So Francisco (EUA). No mesmo ano, o
alemo Matthias Koenendesenvolveu um mtodo de dimensionamento
emprico para alguns tipos de construo deconcreto armado, baseado em
resultados de ensaios segundo o sistema Monier.
No final do sculo 19, seguiram-se vrias patentes de mtodos de
protenso eensaios, sem xito. A protenso se perdia devido retrao e
fluncia do concreto,desconhecidas naquela poca. No comeo do sculo
20, Mrsch desenvolveu a teoriainiciada por Koenen, endossando suas
proposies atravs de inmeros ensaios. Osconceitos desenvolvidos por
Mrsch constituram, ao longo de dcadas e em quase todo omundo, os
fundamentos da teoria do concreto armado, e seus elementos
essenciais aindaso vlidos. Por volta de 1912, Koenen e Mrsch
reconheceram que o efeito de umaprotenso reduzida era perdido com o
decorrer do tempo, devido retrao e deformaolenta do concreto.
FIGURA 1.3 - Ponte protendida em balanos sucessivos - (cortesia
J. Muller International, Inc.).
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
9/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
4
Em 1919 K. Wettstein fabricou, na Alemanha, painis de concreto,
protendidoscom cordas de ao para piano (cordas de alta resistncia).
Em 1923, R. H. Dill, do estadode Nebraska nos EUA, reconheceu que
se deveriam utilizar fios de alta resistncia sobelevadas tenses
para superar as perdas de protenso.
Em 1924, Eugene Freyssinet (Frana) j havia empregado a protenso
para reduzir
o alongamento de tirantes em galpes com grandes vos. Em 1928,
Freyssinet apresentou oprimeiro trabalho consistente sobre concreto
protendido, reconhecendo a importncia daprotenso da armadura nas
construes civis. Freyssinet pesquisou as perdas de
protenso,produzidas pela retrao e deformao lenta do concreto,
reconhecendo que s possvelassegurar um efeito duradouro da protenso
atravs da utilizao de elevadas tenses noao. Foi uma das figuras de
maior destaque no desenvolvimento da tecnologia do
concretoprotendido. Inventou e patenteou mtodos construtivos,
equipamentos, aos especiais,concretos especiais, etc., contribuindo
de forma muito expressiva para o desenvolvimentodo concreto
protendido.
Em vrios pases comearam a surgir Comisses, Comits, Institutos,
etc., paraconcreto armado, envolvendo representantes dos servios
pblicos, da indstria daconstruo civil e de entidades cientficas.
Esses rgos contriburam muito para aevoluo da construo com concreto
armado e protendido, atravs da pesquisa e dodesenvolvimento de
novas formas de construo.
FIGURA 1.4 - Ponte sobre o Rio Maranho (cortesia Construtora
Camargo Corra).
A partir de 1949, o desenvolvimento do concreto protendido se
acelerou. Em 1950,realizou-se em Paris a primeira conferncia sobre
concreto protendido. Surgiu a FIP(Federation Internationale de la
Precontrainte). No mesmo ano, Finster Walder executou aprimeira
ponte em balanos sucessivos. O mtodo espalhou-se por todo o mundo.
Namesma poca surgiram as cordoalhas de fios. O sistema de colocar
os cabos de protensoem bainhas, no interior da seo transversal de
concreto, de modo a possibilitar a protensodos cabos com apoio no
prprio concreto endurecido, estabelecendo-se, posteriormente,
aaderncia por meio da injeo de uma argamassa adequada de cimento,
se impsdefinitivamente. Esse sistema formou a base para a execuo de
estruturas protendidas degrandes vos (FIGURAS 1.3, 1.4, 1.5, 1.6 e
1.7).
A primeira obra em concreto protendido no Brasil foi a ponte do
Galeo, no Rio deJaneiro, construda em 1948 utilizando o sistema
Freyssinet. Para essa obra tudo foi
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
10/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
5
importado da Frana: o ao, as ancoragens, os equipamentos e at o
projeto. Em 1952 aCompanhia Siderrgica Belgo-Mineira iniciou a
fabricao do ao de protenso. A segundaobra brasileira, a ponte de
Juazeiro, j foi feita com ao brasileiro.
juntas coladas
com epoxi
foras de protensosolidarizam as aduelasumas contra as outras
seo transversal
FIGURA 1.5 - Sistema de construo em balanos sucessivos.
(a) (b)
FIGURA 1.6 - Pontes protendidas em balanos sucessivos: (a)
Marginal Tiet - So Paulo; (b) Itlia
(cortesia FIP Industriale).
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
11/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
6
Em 1953, foi publicada a DIN 4227, norma alem de concreto
protendido. A partirde 1956, seguiu-se um aumento da capacidade das
unidades de protenso e a racionalizaodos mtodos construtivos,
principalmente na construo de pontes.
Na dcada de 1970, consagrou-se a preferncia por cabos
protendidos internos,constitudos por cordoalhas ancoradas
individualmente por meio de cunhas. Este sistema
tornou-se o mais competitivo por permitir a construo de cabos de
grande capacidade,com protenso da ordem de 200 tf a 600 tf.
O Comit Euro-Internacional du Betn (CEB/FIP) publicou, em 1978,
o CdigoModelo para Estruturas de Concreto Armado e Concreto
Protendido. Muitas entidades denormalizao em vrios pases usam o
Cdigo Modelo do CEB como base para aelaborao de suas normas
tcnicas.
FIGURA 1.7 - Ponte protendida em balanos sucessivos - (cortesia
FIP Industriale - Itlia).
Como se pode constatar, a idia da protenso muito antiga; h muito
j se pensava
em barris e rodas de carroa tensionadas. A protenso aplicada ao
concreto, maispropriamente, se desenvolveu nos ltimos 100 anos.
1.4 PROTENSO E CONCRETO PR-MOLDADO
muito comum a utilizao de peas pr-moldadas de concreto
protendido(FIGURA 1.8). A quantidade de equipamentos e materiais
envolvidos no processoconstrutivo, bem como a necessidade de um
concreto de melhor qualidade, motivam aconstruo das peas num
canteiro de obras apropriado, onde possvel executar asprotenses e
processar a cura do concreto em condies favorveis com rigoroso
controletecnolgico.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
12/78
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
13/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
8
Vrias indstrias brasileiras de pr-moldados de concreto dominam a
tecnologia doconcreto protendido, produzindo postes, pilares,
painis, vigas, reservatrios e silos, dentreoutros elementos
(FIGURAS 1.10, 1.11 e 1.12).
FIGURA 1.10 - Sees tpicas de pr-moldados em concreto
protendido.
(a) (b) (c) (d) (e) ( f )
FIGURA 1.11 - Exemplos de sees de peas com armaduras
pr-tracionadas: a) estaca ou poste de seoquadrada; b) estaca ou
poste de seo circular oca (podem ser fabricados por centrifugaodo
concreto); c) viga T simples, usada em construo civil; d) viga T
dupla, usada emconstruo civil; e) viga I para pontes; f) viga
celular para pontes.
FIGURA 1.12 - Sees tpicas de vigas pr-moldadas protendidas
(Cortesia PRECON)
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
14/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
9
FIGURA 1.13 - Aspecto de construes em pr-moldados; galpes
industriais (Cortesia PRECON)
FIGURA 1.14 - Aspecto de construes em pr-moldados - edifcios
(Cortesia PRECON)
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
15/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
10
FIGURA 1.15 - Utilizao de vigas pr-moldadas protendidas em
pontes (Cortesia CONCER)
FIGURA 1.16 - Passarela de pedestres em vigas pr-moldadas
protendidas (Cortesia CONCER)
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
16/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
11
FIGURA 1.17 - Edifcio em pr-moldados protendidos (USA)
1.5 OUTRAS APLICAES DO CONCRETO PROTENDIDOO nmero de aplicaes do
concreto protendido infinito, uma vez que sempre
possvel inventar um modo diferente de utilizar a protenso, haja
visto os vrios exemplosj citados. Vale a pena citar as estruturas
protendidas de grande porte tais como asplataformas martimas
(offshore) de explorao de petrleo ou gs, os invlucros deproteo de
centrais atmicas, as torres de concreto e as pontes estaiadas.
comum,tambm, a utilizao de tirantes de ancoragem protendidos em
obras de terra como cortinasatirantadas, estruturas de conteno,
barragens, etc (FIGURA 1.7).
a) b) c)
FIGURA 1.18 - Utilizao de tirantes protendidos em estruturas de
conteno de macios terrosos ourochosos. a) Muro vertical com
tirantes protendidos. b) Tirantes protendidos com placasindividuais
de apoio. c) Tirantes protendidos, ancorados no macio de fundao,
usadoscomo ancoragem de uma barragem.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
17/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
12
O concreto protendido utilizado tambm em lajes e pisos de
edifcios.Principalmente quando o projeto requer grandes vos livres,
as lajes cogumelo protendidasso uma opo interessante (FIGURA
1.19).
FIGURA 1.19 - Edifcio com laje cogumelo protendida.
A protenso muito utilizada tambm em estruturas cilndricas como,
por exemplo,silos (FIGURA 1.21) e reservatrios (FIGURA 1.20).
Nesses casos, a protenso denominada circular, em contraposio s
estruturas retas, onde a protenso denominadalinear.
FIGURA 1.20 - Reservatrio de gua em concreto protendido (Flrida
- USA)
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
18/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
13
FIGURA 1.21 - Silo em concreto protendido
FIGURA 1.22 - Museu Nacional de Arte Contempornea - Estrutura de
concreto protendido(Projeto de Oscar Niemeyer - Niteri/RJ)
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
19/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
14
1.6 PECULIARIDADES DO CONCRETO PROTENDIDO EM RELAO AOCONCRETO
ARMADO
O concreto tem boa resistncia compresso e pequena resistncia
trao. Aresistncia trao, cerca de 10% da resistncia compresso, alm
de pequena
imprecisa, pois o material se comporta de maneira aleatria
quando tracionado. Quando oconcreto no bem executado, a retrao
acentuada pode provocar fissuras na regiotracionada da pea,
eliminando completamente a resistncia trao, antes mesmo de
atuarqualquer solicitao. Devido a essa natureza aleatria, a
resistncia trao do concreto geralmente desprezada nos clculos.
O ao um material que resiste bem, tanto compresso como trao.
Devido sua alta resistncia, as sees das barras so geralmente muito
reduzidas. Barras muitoesbeltas, quando comprimidas tornam-se
susceptveis flambagem. mais convenientesua utilizao para resistir
trao.
A utilizao conjunta dos dois materiais permite que o concreto
resista aos esforosde compresso e que o ao resista aos esforos de
trao, como o caso das vigas mistas edo concreto armado. Contudo, no
concreto armado convencional, a parte tracionada daseo no trabalha,
havendo portanto um desperdcio de material. Pode-se, ento, utilizar
oao para comprimir o concreto, de tal modo que ele no seja
tracionado, ou tenha umatrao pequena, quando atuarem as cargas
externas.
O artifcio da protenso consiste em introduzir esforos prvios na
pea deconcreto, que reduzam ou anulem as tenses de trao provocadas
pelas solicitaes emservio. Nessas condies, a fissurao deixa de ser
fator determinante nodimensionamento da pea.
b
h
( a ) ( b )
Fc
Ft
Mq
0,36 d
0,88 d
Fc
Ft
Mq0,67ddd
c c
FIGURA 1.23 - Exemplo de uma seo fletida, com armadura
convencional (a) e com armadura protendida(b). Para a mesma tenso
de bordo (c) a viga protendida apresenta uma resistncia emservio
aproximadamente igual ao dobro da viga de concreto armado.
A FIGURA 1.23a representa uma seo de concreto armado. A tenso no
bordosuperior da pea tem valor c e sua variao ao longo da seo
admitida linear. Omomento fletor de servio resistido pela seo
vale
1
2
0 36 0 88 0 158 2 c cb d d b d =, , ,
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
20/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
15
A FIGURA 1.23b representa a mesma seo com armadura protendida.
Sob a aoda fora de protenso e do momento das cargas, pode-se chegar
ao diagrama de tensesmostrado na FIGURA 1.23b, com o valor c no
bordo superior igual ao da FIGURA 1.23a.Neste caso, o momento
fletor de servio resistido pela seo atinge o valor
12
23
0 35 2 c cb h d b d ,
Verifica-se que, para a mesma seo de concreto, possvel dobrar o
momento resistenteutilizando a protenso. Assim, pode-se concluir
que, empregando concretos protendidoscom resistncias fck iguais ao
dobro dos valores usuais em concreto armado, possvelobter sees
protendidas capazes de resistir a momentos fletores em servio
quatro vezesmaiores que suas similares em concreto armado.
Comparando ainda os diagramas de tenses das FIGURAS 1.23a e
1.23b, destaca-se um outro aspecto interessante. No concreto
protendido (FIGURA 1.23b), praticamente
toda a seo de concreto trabalha, enquanto que no concreto armado
(FIGURA 1.23a),apenas cerca de um tero da seo trabalha com tenses
normais, resistindo ao momentofletor. Os outros dois teros da seo
exercem outras funes, tais como resistir a esforosde cisalhamento,
manter a geometria da seo e a posio da armadura, transmitir
osesforos da armadura por aderncia e proteger o ao contra a
corroso. Fica evidente amaior eficincia das condies de trabalho da
seo protendida.
Do ponto de vista econmico, o concreto protendido possui
caractersticas quepodem ser determinantes numa anlise de custo
global, quando comparado ao concretoarmado. Os aumentos percentuais
de preo podem ser muito inferiores aos acrscimos deresistncia
obtidos, tanto para o concreto como para o ao. O QUADRO 1.1
apresenta um
exemplo comparativo de relaes de resistncia e preos unitrios
para concreto armado(CA) e concreto protendido (CP) [Pfeil
(1983a)].
QUADRO 1.1 - Relaes entre resistncia e preo unitrio dos
materiais utilizados em concreto armado (CA)e concreto protendido
(CP).
Concretoarmado (CA)
Concretoprotendido (CP)
RelaoCP/CA
Resistncia mdia do concreto ( MPa ) 20 40 2,0
Preo por m3 de concreto - - 1,3
Limite de escoamento do ao ( kN/cm2 ) 25 125 5,0
Preo por quilo de ao colocado - - 2,0 a 3,0
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
21/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
16
A protenso das armaduras em estruturas de concreto proporciona
uma srie devantagens, como por exemplo:
Permite projetar sees mais esbeltas que no concreto armado
convencional,sobretudo se o comportamento em servio um fator
predominante, uma vez quetoda a seo de concreto pode trabalhar
compresso. Assim, normalmente aspeas de concreto protendido possuem
menor peso prprio, em relao a peasequivalentes de concreto armado,
o que viabiliza economicamente o projeto deestruturas para grandes
vos.
Permite controlar a deformao elstica e limit-la a valores
menores que os queseriam obtidos para estruturas similares em ao ou
concreto armado.
Proporciona melhores condies de durabilidade, pois anula
totalmente, ou quasetotalmente, as tenses de trao, principais
responsveis pela fissurao. Asarmaduras ficam mais protegidas.
Permite que a estrutura se recomponha aps a atuao de uma
sobrecarga eventualno prevista. Cessada a causa, as fissuras
abertas se fecham devido ao da forade protenso.
A estrutura normalmente possui maior resistncia fadiga, pois a
variao detenso no ao, proveniente de cargas mveis, muito pequena se
comparada como valor da sua resistncia caracterstica.
A operao de protenso funciona como uma verdadeira prova de
carga, pois astenses introduzidas nessa fase so muito maiores que
as correspondentes situao da pea em servio. A estrutura testada
antes de entrar em operaopropriamente.
Em contrapartida, podem ser relacionadas algumas desvantagens do
concretoprotendido:
O concreto de maior resistncia exige melhor controle de
execuo.
Os aos de alta resistncia exigem cuidados especiais de proteo
contra acorroso.
A colocao dos cabos de protenso deve ser feita com maior preciso
de modo agarantir as posies admitidas nos clculos. Como a fora de
protenso possui emgeral um valor muito alto, um pequeno desvio do
cabo da posio de projeto pode
produzir esforos no previstos, levando ao comportamento
inadequado da pea eat mesmo ao colapso.
As operaes de protenso exigem equipamento e pessoal
especializados, comcontrole permanente dos esforos aplicados e dos
alongamentos dos cabos.
De um modo geral, as construes protendidas exigem ateno e
controlesuperiores aos necessrios para o concreto armado comum.
Em edifcios altos, com lajes e, ou, vigas protendidas, a maior
esbeltez da estruturahorizontal pode prejudicar a estabilidade
global da edificao. Nesses casos, devem ser
feitos os estudos pertinentes, que frequentemente conduzem a um
aumento de rigidez daestrutura vertical.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
22/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
17
1.7 EXEMPLO NUMRICO ILUSTRATIVO
7,00 m
g
q
20
75,0
37,5
12,5
25,0
1
2
Peso prprio: g = 0,20 m 0,75 m 25 kN/m3 = 3,75 kN/m
Carga acidental: q = 15 kN/m
Fora de protenso: P = - 600 kN , aplicada com excentricidade ep=
12,5 cm comrelao ao eixo baricntrico da seo transversal.
Adotou-se o ndice 1 para as variveis que se referem borda
inferior e 2 para asuperior.
A fora de protenso aplicada por meio de um dispositivo qualquer,
admitindo-se
que ela seja de intensidade e excentricidade constantes ao longo
do vo.Os clculos descritos so efetuados considerando-se o concreto
como material
homogneo e de comportamento elstico-linear; ou seja,
consideram-se vlidas ashipteses do estdio Ia.
I) Clculo das caractersticas geomtricas e mecnicas da seo
transversal
Ib h
= =
=
cm3 3
4
12
20 75
12703125
y y1 2 37 5= = m,
cmW WI
y1 2 13
70312537 5
18750= = = =,
A b h cm= = =20 75 1500 2
e ek k2 1 12 5 cm= =
,distncias das extremidades do ncleocentral de inrcia da seo ao
centrode gravidade.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
23/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
18
II) Clculo dos esforos solicitantes e tenses normais no meio do
vo
a) Tenses devido ao peso prprio
Mg l
g1
2 2
8
3 75 7
8
22 97 2297
kN.m kN.cm= =
= =,
,
{11
1
22297
187500 123 1 23g
gM
W= = = =
kN / cm MPa na borda inferior , ,
{21
2
22297
187500 123 1 23g
gM
W= = = = kN / cm MPa na borda superior , ,
b) Tenses devido carga acidental
Mq l
q = =
= =
kN.m kN.cm2 2
8
15 7
891 88 9188,
{11
29188
1875049 4 90q
qM
W= = = =0, kN / cm MPa na borda inferior ,
{22
29188
187500 49 4 90q
qM
W= =
= =
kN / cm MPa na borda superior , ,
c) Tenses devido fora de protenso
P = -600 kN
Mp = P .ep
11
2600
1500
600 12 5
187500 80 8 00p
pP
A
P e
W= + =
+
= =
kN / cm MPa
. ,, ,
22
600
1500
600 12 5
187500p
pP
A
P e
W= + =
+
=
. ,
Era de se esperar que a tenso na borda superior fosse nula, pois
a fora deprotenso tem excentricidade igual extremidade inferior do
ncleo central de inrciada seo transversal.
h
P
ep
ncleo centralde inrcia
= -8,00 MPa1
= 02
h/6
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
24/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
19
III) Combinaes de aes
So duas as combinaes possveis de aes. Ressalta-se que a fora de
protenso umaao de carter permanente:
protenso e peso prprio: esta situao caracteriza o estado em
vazio e corresponde a
um caso em que a estrutura no est suportando as cargas para as
quais foi projetada; protenso, peso prprio e carga acidental: esta
situao caracteriza o estado em
servio. A estrutura est suportando as cargas de utilizao.
a) Estado em vazio
Representao grfica das tenses provocadas por cada ao e sua
somatria:
- 8,00
0
CG
+ 1,23 - 6,77 (MPa)
- 1,23 - 1,23 (MPa)
++++ ====
P g V = P + g
b) Estado em servio
CG
+4,90- 6,77
- 4,90- 1,23
+ =
qV=P+g
-1,87 (MPa)
- 6,13 (MPa)
S=P+g+q
IV) Primeira anlise dos resultados
- em ambas as combinaes no ocorrem tenses de trao, e as tenses
de compressoso relativamente baixas, podendo ser suportadas por um
concreto de mdiaresistncia;
- como existe uma tenso de compresso residual na borda inferior,
a viga poderiareceber uma carga acidental ainda maior, sem perigo
de fissurao;
- no estado em vazio, as tenses de compresso so at maiores que
no estado em
servio; ou seja, o acrscimo de cargas no piora a situao.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
25/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
20
V) Reformulao do problema
Como foi visto, a fora de protenso estava aplicada exatamente na
extremidadeinferior do ncleo central de inrcia da seo. Ser efetuada
uma pequena alterao no seuposicionamento e reavaliado o
comportamento da pea. Aumentando a excentricidade dafora de
protenso, surgiro tenses de trao na borda superior. Essas tenses
noconstituiro nenhum problema, pois o peso prprio atua
simultaneamente. Do ponto devista econmico, mantida a intensidade
da fora de protenso, a armadura permanece amesma e o aumento da
excentricidade no acarreta aumento de custo. Assim, adota-se:
ep = 37,5 - 5,0 = 32,5 cm
Para forar um resultado a ser comparado com o anterior, o valor
da carga acidentalser aumentado para 40 kN/m, um carregamento 2,67
vezes maior que o anteriormenteutilizado.
VI) Clculo de esforos solicitantes e tenses normais no meio do
vo
a) Tenses devido ao peso prprio
So as mesmas j calculadas anteriormente.
b) Tenses devido carga acidental
Mq l
q = =
= =
kN. m kN.cm2 2
8
40 7
8245 00 24500,
{11
224500
187501 31 1310q
qM
W= = = =kN / cm MPa na borda inferior , ,
{22
24500
187501 31 1310q
qM
W= =
= =
, kN /cm MPa na borda superior2 ,
c) Tenses devido fora de protenso
P = -600 kN
Mp = P . ep = 600 32,5 = 19500 kN.cm
11
2600
1500
600 32 5
187501 44 14 40p
pP
A
P e
W= + =
+
= =
kN / cm MPa
. ,, ,
22
2600
1500
600 32 5
18750640 6 40p
pP
A
P e
W= + =
+
= =
0, kN / cm MPa
. ,,
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
26/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
21
VII) Combinaes de aes
a) Estado em vazio
Dessa nova combinao resulta:
CG
+1,23- 14,40
- 1,23+ 6,40
+ =
gP
-13,17 (MPa)
+ 5,17 (MPa)
V=P+g
b) Estado em servio
Analogamente ao caso anterior:
CG
- 13,07
+ =
q
- 0,10 (MPa)
- 7,90 (MPa)
S=P+g+q
-13,17
+ 5,17
V=P+g
+13,07
VIII) Segunda anlise de resultados
no estado em servio s existem tenses de compresso, com valores
prximos aos
obtidos no clculo anterior; a carga acidental bem maior (2,67
vezes), o que demonstra que um simples
deslocamento da fora normal pode melhorar bastante o
comportamento da pea;
no estado em vazio, surgem tenses de trao na borda superior, o
que demonstraque os efeitos da protenso foram exagerados para a
situao;
mais uma vez se observa a possibilidade de, no estado em vazio,
a seotransversal estar mais solicitada que no estado em servio.
possvel que oacrscimo de cargas acarrete a diminuio de esforos.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
27/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
22
IX) Concluses e observaes importantes
1. Combinaes de aes necessrio verificar cuidadosamente todas as
fases de solicitao da pea. A piorsituao pode no ser aquela quando
da atuao da totalidade das cargas externas.
2. Efeitos da fora de protensoOs efeitos da fora de protenso
resultam da sua intensidade e da sua excentricidade, nocaso de
estruturas isostticas. Variando-se a intensidade e a excentricidade
da fora deprotenso, obtm-se os efeitos desejados.
3. Solicitaes ao longo do voNo exemplo visto, foi analisada
somente a seo do meio do vo, a mais solicitada pelocarregamento
externo. Se forem analisadas outras sees, como por exemplo
aquelasprximas aos apoios, notar-se- que as tenses provocadas pelas
cargas externasdiminuem, tendendo a zero. Assim, se forem mantidas
as mesmas condies da fora deprotenso, intensidade e excentricidade
constantes, podero ocorrer situaes
indesejveis.4. Estados limites ltimos e de utilizao
A anlise da estrutura nas condies de servio til para verificao
de estados limitesde utilizao. necessrio tambm verificar os estados
limites ltimos.
1.8 DEFINIES
1.8.1 Armadura de protenso
A armadura de protenso constituda por fios ou barras, feixes
(barras ou fios
paralelos) ou cordes (fios enrolados), e se destina produo das
foras de protenso.Denomina-se cabo a unidade da armadura de
protenso considerada no projeto. Aarmadura de protenso tambm
designada por armadura ativa.
1.8.2 Armadura passivaArmadura passiva qualquer armadura no
utilizada para produzir foras de
protenso.
1.8.3 Concreto protendido com aderncia inicial (armadura de
protenso pr-tracionada)
Concreto protendido com aderncia inicial aquele em que o
estiramento daarmadura de protenso feito utilizando-se apoios
independentes da pea, antes dolanamento do concreto, sendo a ligao
da armadura de protenso com os referidos apoiosdesfeita aps o
endurecimento do concreto. A ancoragem no concreto realiza-se s
poraderncia.
1.8.4 Concreto protendido com aderncia posterior (armadura de
protenso ps-tracionada)Concreto protendido com aderncia posterior
aquele em que o estiramento da
armadura de protenso realizado aps o endurecimento do concreto,
utilizando-se, comoapoios, partes da prpria pea, criando-se
posteriormente aderncia com o concreto demodo permanente.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
28/78
Concreto ProtendidoFundamentos bsicos
23
1.8.5 Concreto protendido sem aderncia (armadura de protenso
ps-tracionada)
Concreto protendido sem aderncia aquele obtido como no caso
anterior, mas emque, aps o estiramento da armadura de protenso, no
criada a aderncia com oconcreto.
1.8.6 Protenso sem adernciaA armadura ativa tracionada aps a
execuo da pea de concreto. A inexistncia
de aderncia refere-se somente armadura ativa. A armadura passiva
deve estar sempreaderida ao concreto. Geralmente, a armadura ativa
colocada dentro de dutos metlicos oude plstico. Aps a aplicao da
fora de protenso, injeta-se graxa nesses dutos paraproteger a
armadura da corroso.
Em outros sistemas de protenso sem aderncia, os cabos so
colocadosexternamente pea de concreto j moldada.
1.8.7 Protenso com aderncia inicial
A pea concretada envolvendo-se uma armadura previamente
tracionada eancorada em dispositivos externos. A fora de protenso
transferida ao concreto pelaaderncia, que deve ento estar
suficientemente desenvolvida.
1.8.8 Protenso com aderncia posterior
A protenso aplicada sobre uma pea de concreto j endurecido e a
aderncia processada posteriormente, geralmente atravs de injeo de
calda de cimento no interiordas bainhas.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
29/78
Concreto ProtendidoMateriais
24
Captulo2MATERIAIS
2.1 CONCRETO
A construo de estruturas protendidas requer um controle de
qualidade do concretomuito rigoroso. Deve-se exigir a realizao de
ensaios prvios, o controle contnuo docimento e dos agregados
utilizados, bem como uma fiscalizao constante durante aelaborao do
concreto.
Normalmente, os concretos utilizados em peas protendidas possuem
resistnciasuperior quelas das peas de concreto armado. Para
concreto protendido, o cdigo modeloCEB-78 recomenda fck 25 MPa.
Existem vrias razes que justificam a utilizao deconcretos de alta
resistncia em peas protendidas. A alta resistncia, aliada ao fato
de todaa seo da pea trabalhar, resistindo aos esforos atuantes,
redunda em sees comdimenses menores que no concreto armado
convencional, o que, em outras palavras,significa menor peso
prprio. A diminuio do peso prprio viabiliza economicamente a
execuo de estruturas com grandes vos.
Faixas de resistncia normalmente utilizadas:
concreto armado: 15 MPa
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
30/78
Concreto ProtendidoMateriais
25
Para que o concreto atenda aos elevados requisitos impostos s
estruturas deconcreto protendido, necessrio:
observar as recomendaes da tecnologia de produo de concretos;
usar os tipos mais adequados de cimento (Portland, ARI, AF,
Pozolnico, etc.); utilizar agregados devidamente selecionados
quanto origem mineralgica e
granulometria; determinar propores adequadas entre cimento,
agregado, gua e aditivos; utilizar aditivos que no prejudiquem a
integridade das armaduras; executar uma cura cuidadosa.
A cura trmica (a vapor), freqentemente usada em fbricas de
pr-moldados,acelera o processo de maturao do concreto pela elevao
da temperatura em ambientemido, possibilitando atingir elevadas
resistncias com poucas horas de cura. Com cura avapor e cimento
ARI, possvel obter, em 20 horas, 70 % da resistncia aos 28 dias de
curanormal. Por essa razo as fbricas de pr-moldados conseguem
trabalhar com um ciclo de
24 horas.
2.1.1 Resistncia compresso
O parmetro principal para a caracterizao de um concreto a sua
resistnciacaracterstica compresso, fck . Esse valor caracterstico
estabelecido a partir daresistncia compresso, medida em corpos de
prova cilndricos de 15 cm de dimetro e30 cm de altura, obtida aos
28 dias de idade. Ofck definido como a resistncia para a quala
probabilidade de ocorrerem valores menores de 5 %. O QUADRO 2.1
apresenta aresistncia do concreto em vrias idades, em funo da
resistncia aos 28 dias.
QUADRO 2.1 Resistncia do concreto em funo da idade, em condies
normais de cura
idade do concreto em dias
cimento 3 7 28 90 360
CP 0,40 0,65 1,00 1,20 1,35
ARI 0,55 0,75 1,00 1,15 1,20
2.2 AOS DE PROTENSO
Os aos usados no concreto protendido caracterizam-se por elevada
resistncia epela ausncia de patamar de escoamento. So sensivelmente
mais econmicos que os aosnormalmente empregados na construo com
concreto armado, j que sua resistncia podeser, aproximadamente, at
trs vezes maior. Os aos de alta resistncia podem serfornecidos
tambm em grandes comprimentos, na forma de fios e cordoalhas,
evitando-seassim os problemas relacionados com a emenda da armadura
em peas estruturais degrandes vos. Na construo com concreto armado,
o emprego dos aos de alta resistncia proibitivo, devido aos
alongamentos excessivos que produziriam fissuras muito abertas.No
concreto protendido este problema evitado atravs do alongamento
prvio daarmadura.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
31/78
Concreto ProtendidoMateriais
26
Existem duas especificaes da Associao Brasileira de Normas
Tcnicas queregulamentam as caractersticas e propriedades do ao de
protenso, a saber:
NBR 7482 - Fios de ao para concreto protendido;
NBR 7483 - Cordoalhas de ao para concreto protendido.
Os aos de protenso so encontrados nas seguintes formas:
a) fios trefilados de ao carbono, com dimetro de 3 a 8 mm,
fornecidos em rolos oubobinas;
b) cordoalhas: fios enrolados em forma de hlice, com dois, trs
ou sete fios;
c) barras de ao-liga de alta resistncia, laminadas a quente, com
dimetros superiores a12 mm e comprimento limitado.
Quanto modalidade de tratamento podem ser:
a) aos aliviados ou de relaxao normal (RN). So aos retificados
por um tratamento
trmico que alivia as tenses internas de trefilao;b) aos
estabilizados ou de relaxao baixa (RB). So aos que recebem um
tratamentotermomecnico que melhora as caractersticas elsticas e
reduz as perdas de tensopor relaxao.
Os tipos e bitolas de ao de protenso fornecidos pela indstria
variam no tempo edependem, principalmente, dos seguintes fatores:
normalizao nacional e internacional, jque o ao alm de ser vendido
no mercado interno tambm exportado para outros pases,e, demanda do
mercado. A indstria, geralmente, capaz de fornecer tipos de ao que
noconstam de seus catlogos de produtos, desde que seja feita uma
encomenda.
No Brasil, a fabricao do ao de protenso se iniciou em 1952,
atravs da
Companhia Siderrgica Belgo-Mineira iniciou. Nessa poca s era
fabricado o fio de aode dimetro 5,0 mm. Na dcada de 60 comearam a
aparecer as cordoalhas de dois, trs esete fios que esto
gradativamente substituindo os fios isolados de 5, 7 e 8 mm.
Nospases em que a tecnologia do concreto protendido se difundiu h
mais tempo,praticamente j no se usa mais os fios pois as cordoalhas
tm se mostrado maiseconmicas. No Brasil os fios ainda so
utilizados, principalmente nos sistemas queempregam a pr-trao.
Na ps-trao, tem-se optado quase exclusivamente por utilizar as
cordoalhas de 7fios de 12,7 mm. A cordoalha de 7 fios de 15,2 mm
pouco utilizada, apesar deapresentar grandes vantagens no tocante
ao alojamento dos cabos em peas cujas
dimenses no podem ser aumentadas.A partir de 1974 a
Belgo-Mineira comeou a produzir os aos estabilizados, nosquais
aplicado um tratamento trmico sob tenso elevada. Esse tratamento
produz aos debaixa relaxao RB em oposio aos aos anteriores
denominados RN ( de relaxaonormal ). Esse avano tecnolgico permitiu
reduzir bastante as perdas de protenso que osestudos recentes
mostraram ser muito maiores que os 15% admitidos nas primeiras
obras.
Atualmente, so produzidos no Brasil tanto os aos RN como os RB,
existindo umantida preferncia pelos aos de relaxao baixa.
A partir de 1977 a Siderrgica Barra Mansa passou a fabricar as
barras de aofiletado CP 85/105 com dimetro de 32 mm, e mais
recentemente tambm as barras lisasde 19 mm, diretamente para a
empresa Protendidos Diwidag Ltda., representante no
Brasil da patente alem Diwidag. O ao, que no vendido diretamente
para o consumidor,
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
32/78
Concreto ProtendidoMateriais
27
tem sido aplicado, com os demais componentes da patente Diwidag,
principalmente emconteno de taludes de terra ou rocha e em fundaes
(Vasconcelos, 1985).
2.2.1 Designao genrica dos aos de protenso
ex: CP-175 (RN) ao para concreto protendido com resistncia mnima
ruptura por trao fptk = 175 kN/cm2 (1750 MPa), e derelaxao
normal.
A resistncia ruptura dita efetiva para os fios e convencional
para as cordoalhasporque, nesse ltimo caso, as tenses no se
distribuem uniformemente por todos os fios.
2.2.2 Principais propriedades mecnicas do ao (FIGURA 2.1)
As principais propriedades mecnicas do ao de protenso so
descritas a seguir:
fptk resistncia caracterstica ruptura por trao do ao;
fpyk limite de escoamento convencional, correspondente
deformaoresidual (aps descarga) de 0,2 % ;
Ep valor mdio do mdulo de elasticidade.
- para fios: Ep = 205.000 MPa
- para cordoalhas: Ep = 195.000 MPa
Para fios e cordoalhas, o limite de escoamento convencional
aproximadamente igual tenso correspondente deformao de 1% .
p
p
fpyk= 0,7 fpykf0
+10 o oo/o oo/+2
Ep
fptk
FIGURA 2.1 Diagrama tensodeformao para aos sem patamar de
escoamento.
As cordoalhas possuem um mdulo de elasticidade aparente, menor
que o mdulo
de deformao dos fios porque, durante o carregamento, os fios que
constituem a cordoalhase acomodam, mascarando a deformao.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
33/78
Concreto ProtendidoMateriais
28
O CEB (Comit Euro-Internacional do Concreto) permite a adoo de
um valormdio nico para o mdulo de deformao longitudinal, Ep =
200.000 MPa.
A NBR 7197 permite adotar para o ao de protenso um diagrama
tenso-deformaosimilar ao dos aos tipo B. Para os aos CA-XXB, a lei
de Hooke vlida para tenses na
faixa de 0 a 0,7 fyd . O ponto correspondente a 0,7 fyd chamado
limite deproporcionalidade (FIGURA 2.1).Na fase elstica, pode-se
dizer que a tenso para uma dada deformao obtida por:
s .fyd = s . Es donde
ss s
yd
E
f=
Para tenses superiores a 0,7fyd, vale a equao:
s a a sg g= + + 2 45 0 49,
onde g fEa
yd
s= 0 7 22 5, ,
Para qualquer ao, A ou B, se s > 1,0 tomar s = 1,0 .
As equaes acima podem ser utilizadas para correlacionar tenses
com deformaes emqualquer ao, seja ele CAXXA, CAXXB ou CP.
2.2.3 Corroso dos aos de protenso
A corroso no ao de protenso um fator preocupante pelo menos por
dois
motivos. Em primeiro lugar porque normalmente o dimetro dos fios
pequeno e emsegundo lugar porque o ao quando sujeito a elevadas
tenses fica mais susceptvel corroso. Um certo grau de corroso,
considerado inofensivo para um ao de concretoarmado, pode ser
crtico no caso de fios de protenso com pequena seo transversal.
Asdepresses causadas pela corroso funcionam como mossas, fazendo
surgir perigosos picosde tenso em aos tensionados.
A chamada corroso intercristalina sob tenso (stress corrosion) e
o fenmeno dafragilidade sob a ao do hidrognio, tambm conhecido como
corroso catdica sobtenso, so mais perigosos que a corroso ordinria.
Esses fenmenos podem ocorrerdevido existncia simultnea de umidade,
tenses de trao e certos produtos qumicoscomo cloretos, nitratos,
sulfetos, sulfatos e alguns cidos. Este tipo de corroso, que no
detectada exteriormente, d origem a fissuras iniciais de pequena
abertura e pode, depoisde um certo tempo, conduzir a uma ruptura
frgil. Pode levar um cabo de protenso aocolapso.
Devido sua sensibilidade corroso, os aos de protenso devem ser
protegidoscontra a corroso na fbrica, durante o transporte e na
obra, devendo ser armazenados einstalados em lugares cobertos,
aquecidos, secos e aerados, para no serem afetados pelagua de
condensao.
preciso evitar sempre que os fios entrem em contato com o solo
(cido hmico)ou com os agentes qumicos j mencionados. Por ocasio da
montagem dos cabos, asbainhas devem estar bem
impermeabilizadas.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
34/78
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
35/78
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
36/78
Concreto ProtendidoMateriais
31
QUADRO 2.5 - Fios com Relaxao Normal RN
Dimetro rea MassaLimite de
resistncia Tenso paraalongamento
Relaxao sob comprimentoconstante (1000 h, 20C)
Designao nominal nominal nominal trao de 1% Tenso inicial
pi/fptk=(ABNT) (fptk) (fpyk)* 0,6 0,7 0,8
mm mm2 kg/km MPa MPa % % %
CP 160 RN 4 4 12,6 98,7 1.600 1.360 4 5 8,5
CP 170 RN 4 4 12,6 98,7 1.700 1.450 4 5 8,5
CP 150 RN 5 5 19,6 154 1.500 1.280 4 5 8,5
CP 160 RN 5 5 19,6 154 1.600 1.360 4 5 8,5
CP 150 RN 6 6 28,3 222 1.500 1.280 4 5 8,5
CP 160 RN 6 6 28,3 222 1.600 1.360 4 5 8,5
CP 150 RN 7 7 38,5 302 1.500 1.280 4 5 8,5
CP 160 RN 7 7 38,5 302 1.600 1.360 4 5 8,5
CP 150 RN 8 8 50,3 395 1.500 1.280 4 5 8,5
*Tenso para alongamento de 1%, considerada equivalente tenso a
0,2% de deformao permanentefpykfpyk= 0,85fptkValor mdio para o
mdulo de elasticidade: 210.000 MPa
QUADRO 2.6 - Cordoalhas de 7 Fios - Relaxao Baixa RB
Dimetro rea MassaTenso paraalongamento
Limite deresistncia
Designao nominal nominal nominal de 1% trao(ABNT) (fpyk)*
(fptk)**
mm (pol) mm2 kg/km MPa MPa
CP 175 RB 6,4 6,4 ( 1/4" ) 25,0 195 1.580 1.750
CP 175 RB 7,9 7,9 ( 5/16" ) 38,4 301 1.580 1.750
CP 175 RB 9,5 9,5 ( 3/8" ) 52,3 411 1.580 1.750
CP 175 RB 11,5 11,0 ( 7/16" ) 71,0 564 1.580 1.750
CP 175 RB 12,7 12,7 ( 1/2" ) 94,2 744 1.580 1.750
CP 175 RB 15,2 15,2 ( 0,6" ) 138,7 1100 1.580 1.750
CP 190 RB 9,5 9,5 ( 3/8" ) 54,8 432 1.710 1.900
CP 190 RB 11,5 11,0 ( 7/16" ) 74,2 582 1.710 1.900
CP 190 RB 12,7 12,7 ( 1/2" ) 98,7 775 1.710 1.900
CP 190 RB 15,2 15,2 ( 0,6" ) 140,0 1102 1.710 1.900
Coef. de relaxao (1000 h, 20C): 1,5%, 2,5% e 3,5% para p1/fptk =
60%, 70% e 80% respectivamente.
*Quociente entre a carga a 1% de alongamento e a rea nominal de
ao; considerado equivalente a 0,90 fptk**Quociente entre a carga de
ruptura e a rea nominal de ao (fptk)
Valor mdio para o mdulo de elasticidade: 196.000 MPa
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
37/78
Concreto ProtendidoMateriais
32
2.3 BAINHAS
So normalmente denominados bainhas os tubos dentro dos quais a
armadura deprotenso deve ser colocada, onde possa deslizar sem
atrito. As bainhas so utilizadas nocaso de protenso com aderncia
posterior. Via de regra so fabricadas de chapas de ao
laminadas a frio, com espessura de 0,1 a 0,35 mm costuradas em
hlice. No processo defabricao, alm da costura da chapa so
produzidas ondulaes transversais em hlice.Essas ondulaes apresentam
algumas vantagens, quais sejam:
conferem rigidez seo da bainha sem prejudicar a flexibilidade
longitudinal,permitindo curvaturas com raios relativamente
pequenos, o que possibilita enrolarcabos de grande comprimento, que
podem ser transportados em rolos;
facilitam a utilizao de luvas rosqueadas nas emendas;
melhoram a aderncia entre o concreto e a nata de injeo, devido s
salincias ereentrncias.
Para protenso sem aderncia utilizam-se tambm bainhas plsticas
lisas.
Para que a injeo de nata de cimento seja bem sucedida so
instalados, em pontosestratgicos da bainha, tubos de sada de ar,
tambm chamados respiros (ver FIGURA 2.3).Normalmente so utilizados
para esse fim tubos plsticos de polivinil corrugado.
tubo plstico 15/19 mmrespirotubo int 1/2"
chapa metlicaesp. = 0,3 a 0,5 mmsolda
120
30
FIGURA 2.3 Ligao de um respiro num ponto intermedirio da
bainha.
Para a injeo das bainhas com nata de cimento devem ser
estabelecidos os locaisde injeo e os respectivos respiros. Deve-se
dispor os pontos de injeo nos locais maisbaixos e os respiros nos
pontos mais altos do cabo.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
38/78
Concreto ProtendidoMateriais
33
2.4 CALDA DE CIMENTO PARA INJEO
A calda de cimento para injeo, ou nata de injeo, tem como funo
proporcionara aderncia posterior da armadura de protenso com o
concreto e a proteo da armaduraativa contra corroso. Ela um
importante componente de todas as estruturas de concreto
protendido com aderncia posterior.A especificao NBR 7681 fixa
condies exigveis para caldas e seus materiaiscomponentes, a serem
empregadas no preenchimento de bainhas e dutos de armaduras
deprotenso de peas de concreto protendido.
De acordo com a norma alem, DIN 4227, para concreto protendido,
as natas deinjeo constitudas de cimento devem satisfazer s
seguintes exigncias:
1.Dentro do possvel, a deposio por sedimentao e por retrao deve
ser pequena; acontrao volumtrica deve ser de no mximo 2%.
2.Devem ter boa fluidez, a qual deve permanecer at a concluso da
injeo.3.Resistncia compresso da ordem de 20 MPa aos 7 dias e 30 MPa
aos 28 dias,
determinadas a partir de corpos de prova cilndricos com = 10 cm
e h = 12 cm.4.No devem sofrer aumento de volume no caso de
congelamento.
Pode-se utilizar aditivos para garantir a fluidez e o escoamento
da nata de injeo,desde que obedecidas as prescries de norma (ver
item 2.5.1.4).
Tendo em vista a corroso sob tenso, nem o cimento nem o aditivo
podem contercloro. Tambm no caso de outros aditivos qumicos, devem
ser tomadas as precauesdevidas, a no ser que tenham sido
expressamente testados.
A quantidade de gua deve ser to pequena quanto possvel, definida
pela fluidezmnima necessria, ou seja, aproximadamente 36 a 44 kg de
gua para 100 kg de cimento,o que corresponde a uma relao
gua/cimento da ordem de a/c = 0,35 a 0,44.
2.5 DISPOSIES CONSTRUTIVAS
Os critrios estabelecidos para concreto armado relativos a
dimenses mnimas,cobrimento de concreto da armadura, diretrizes para
a execuo das armaduras, etc. valemtambm para as estruturas de
concreto protendido.
2.5.1 Sobre os materiais (NBR 7197 item 10.1)
2.5.1.1 Armadura de protenso
Deve-se obedecer as recomendaes especficas para o material
utilizado. Noarmazenamento devem ser tomados cuidados especiais
para evitar corroso do ao.
2.5.1.2 Armadura passiva(Deve ser obedecido o disposto na NBR
6118.)
2.5.1.3 Cimento
(Deve ser obedecido o disposto na NBR 6118.)
2.5.1.4 AditivosPode-se utilizar aditivos para melhorar a
trabalhabilidade, reduzir a relao
gua/cimento ou aumentar a compacidade e impermeabilidade do
concreto. So
rigorosamente proibidos aditivos que contenham cloreto de clcio
ou quaisquer outroshalogenetos.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
39/78
Concreto ProtendidoMateriais
34
2.5.1.5 Agregado
(Deve ser obedecido o disposto na NBR 6118.)
2.5.1.6 gua
Alm do disposto na NBR 6118, rigorosamente proibido o emprego de
gua domar, ou que contenha sensvel teor de cloretos.
2.5.1.7 Concreto
Alm do disposto na NBR 6118, no se permite relao gua/cimento
maior que0,55 nem fck menor que 21 MPa.
2.5.1.8 Lubrificantes e isolantes
Os lubrificantes e isolantes, eventualmente empregados para
evitar aderncia, nopodem provocar corroso da armadura de
protenso.
2.5.1.9 Cobrimento da armadura de protensoVer QUADRO 2.5.
QUADRO 2.5 Cobrimento mnimo da armadura de protenso
Valores bsicos para peas estruturaisem geral
ambiente no-agressivoambiente pouco agressivoambiente muito
agressivo
3,0 cm4,0 cm5,0 cm
Redues permitidas em relao aos
valores bsicos
lajes e cascas
concreto comfck> 30 MPapr-fabricao em usina
-0,5 cm
-0,5 cm-0,5 cm
agregado com dg < 3,2 cm
agregado com dg < 3,2 cm
dg
dg+ 0,5 cm
Valores mnimos absolutos
caso de ps-trao comext< 4,0 cm
caso de ps-trao com
ext> 4,0 cm
ext
4,0 cm
caso de pr-trao2 2,0 cm
Nota: Nos cabos com bainhas esses cobrimentos referem-se prpria
bainha
.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
40/78
Concreto ProtendidoSistemas de protenso
35
Captulo3SISTEMAS DE PROTENSO
3.1 INTRODUO
Na primeira metade do sculo XX, quando o concreto protendido
passou a serutilizado em mais larga escala, alguns estudiosos
desenvolveram processos de protenso.Normalmente esses processos
eram patenteados e apenas executados por empresasespecializadas.
Inicialmente existiam apenas dois processos, ou sistemas, de
protenso: ode Eugene Freyssinet (francs) e o de Diwidag (alemo). No
decorrer de alguns anos foramdesenvolvidos vrios processos de
protenso. Na Alemanha chegaram a existir mais de 20sistemas
patenteados. Com o passar do tempo os processos tcnica e
economicamentevantajosos se firmaram no mercado.
Atualmente, a maioria das empresas especializadas na execuo de
estruturasprotendidas possui uma concesso para a utilizao de algum
processo patenteado,obviamente pagando royalties para o detentor da
patente. Existem processos e
equipamentos patenteados. Pode-se comprar ou alugar apenas os
equipamentos e inventar oprprio processo de protenso.O sistema
Freyssinet, por exemplo, utiliza cordoalhas de fios e cunhas
metlicas
para a ancoragem dos cabos protendidos. J no processo Diwidag,
os cabos soconstitudos de barras laminadas com roscas e a ancoragem
feita atravs de porcasmetlicas.
A menos que o calculista de concreto protendido adquira uma
concesso parautilizar um processo patenteado, tornando-se assim um
executor de obras protendidas, seutrabalho normalmente se limita ao
projeto, ficando os detalhes da execuo a cargo de umaempresa
contratada especificamente para esse fim. Essa empresa, geralmente
umaconcessionria de um sistema patenteado consolidado, possui o
domnio das tcnicas e dosequipamentos envolvidos no processo.
importante esclarecer bem a diferena conceitual que existe entre
os termossistema de protenso e tipo de protenso. Genericamente, os
sistemas de protenso sereduzem a dois basicamente, a saber,
protenso com aderncia inicial e protenso comaderncia posterior. Ou
seja, o elemento distintivo a ocasio em que se d a adernciada
armadura protendida com o restante da pea em relao cura do
concreto. A expressosistema de protenso, pode ser utilizada ainda
para fazer referncia a um processoespecfico como, por exemplo, o
sistema Freyssinet. J o termo tipo de protenso se refereao efeito
final da fora de protenso sobre uma pea, sob o ponto de vista das
tensesatuantes, que pode se caracterizar como protenso completa ou
protenso parcial. Essas
expresses, seus significados e derivados sero tratados com mais
profundidade nostpicos seguintes.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
41/78
Concreto ProtendidoSistemas de protenso
36
3.2 SISTEMAS DE PROTENSO
3.2.1 Protenso com aderncia inicial
Como j foi comentado no primeiro captulo, a protenso com
aderncia inicial muito empregada na fabricao de pr-moldados de
concreto protendido. Nas pistas de
protenso, a armadura ativa posicionada, ancorada em blocos nas
cabeceiras e tracionada.Em seguida, a armadura passiva colocada, o
concreto lanado e adensado, e a peapassa pela fase de cura. Aps a
cura, as formas so retiradas, os equipamentos quemantinham os cabos
tracionados so liberados e os fios so cortados, transferindo a
forade protenso para o concreto pela aderncia, que nessa ocasio
deve estar suficientementedesenvolvida.
3.2.2 Protenso com aderncia posteriorNeste caso, a protenso
aplicada sobre uma pea de concreto j endurecido e a
aderncia se d posteriormente, atravs da injeo de uma calda de
cimento no interior das
bainhas, com o auxlio de bombas injetoras. Geralmente, os cabos
so ps-tracionados pormeio de macacos hidrulicos especiais, que se
apoiam nas prprias peas de concreto jendurecido. Quando a fora de
protenso atinge o valor especificado, os cabos soancorados por meio
de dispositivos especiais. Nos sistemas mais comuns so
utilizadasplacas de ancoragem com cunhas metlicas ou de argamassa
de alta resistncia. Em outrosprocessos, usam-se porcas especiais,
grandes blocos de concreto de ancoragem, etc.
Via de regra, os sistemas de protenso com aderncia posterior so
patenteados emfuno, principalmente, das particularidades dos
dispositivos de ancoragem, do processo edos respectivos macacos
hidrulicos utilizados para tracionar a armadura. Dentre osprocessos
mais utilizados, pode-se citar os sistemas Freyssinet, Diwidag,
VSL, Baur-Leonhardt, etc.
3.2.3 Protenso sem aderncia
A protenso aplicada sobre uma pea de concreto j endurecido no
havendo,entretanto, aderncia entre os cabos e o concreto. A
inexistncia de aderncia refere-sesomente armadura ativa, j que a
armadura passiva sempre deve estar aderente aoconcreto.
protenso externasem aderncia
desviadores
FIGURA 3.1 - Utilizao de protenso externa sem aderncia para
reforo de pontes.
Em alguns sistemas de protenso sem aderncia, a armadura ativa
colocada em
dutos formados por bainhas metlicas ou de plstico. Aps a aplicao
da fora de
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
42/78
Concreto ProtendidoSistemas de protenso
37
protenso, as bainhas so injetadas com graxa para que a armadura
fique protegida dacorroso.
Utiliza-se tambm outros sistemas de protenso sem aderncia nos
quais os cabosso colocados externamente pea de concreto j moldada,
como no caso de vigas armadascom tirantes externos. Essa soluo mais
frequente em obras de reforo de estruturas pr-
existentes, muito utilizada na recuperao de pontes. Durante a
construo da hidreltricade Itaipu, a empresa de Furnas reforou todas
as pontes do trajeto Rio-Foz do Iguau, poronde foram transportadas
as turbinas da usina, a partir dos portos do Rio de Janeiro e
deSantos, atravs da protenso de cabos externos sem aderncia (ver
FIGURA 3.1).
3.2.4 Aspectos referentes adernciaA utilizao de armaduras de
protenso no-aderentes relativamente polmica.
Alguns pases possuem tradio no uso desta soluo e outros no. Nos
EUA a protensosem aderncia muito utilizada. Esse sistema tambm foi
empregado na Austrlia durantealgum tempo mas posteriormente foi
abandonado. No Brasil no existe tradio na
utilizao deste tipo de soluo, tanto que a norma brasileira no
versa sobre o assunto.O dilema na escolha de protenso com ou sem
aderncia se deve s vantagens edesvantagens que um sistema apresenta
em relao ao outro. As vantagens da protensono-aderente so as
seguintes:
permite posicionar os cabos com excentricidades maiores; permite
a proteo do ao contra corroso fora da obra; permite a colocao dos
cabos de forma rpida e simples; perdas por atrito muito baixas;
eliminao da operao de injeo.
As vantagens da protenso com aderncia so as seguintes:
aumento de capacidade das sees no estado limite ltimo; melhoria
do comportamento da pea entre os estgios de fissurao e de ruptura;
a falha de um cabo tem consequncias restritas (incndio, exploso,
terremoto).
Os cabos aderentes, alm de introduzir o esforo de protenso numa
pea deconcreto podem funcionar ainda como armadura convencional,
graas aderncia entre ocabo e o concreto. Essa propriedade muito
importante para o comportamento da pea noque diz respeito fissurao
(Pfeil, 1983a).
Os cabos no-aderentes funcionam apenas como elementos para
aplicao da forade protenso. Em funo da ausncia de ligao entre o
cabo e o concreto, sua contribuiopara a resistncia ruptura da pea
limitada.
Tem-se constatado experimentalmente que nos primeiros estgios de
carga de umaviga protendida, quando a seo de concreto ainda
trabalha totalmente comprimida, ocomportamento dos cabos aderentes
e no-aderentes semelhante. No obstante, medidaque o carregamento
transversal aumenta, at produzir a abertura de fissuras no
concreto, ocomportamento dos dois tipos de armadura muda.
Nos sistemas com aderncia, ao se abrir uma fissura no concreto
os cabos sofremgrandes deformaes localizadas, na regio no entorno
da fissura. Em decorrncia disso, atenso no ao aumenta
consideravelmente nesses pontos. Esse o comportamentocaracterstico
das armaduras convencionais do concreto armado. Por outro lado, nos
cabossem aderncia, o valor absoluto de abertura de uma fissura se
dilui num comprimentomuito grande do cabo, produzindo um
alongamento unitrio pequeno. Como consequnciadisso, o acrscimo de
tenso no cabo tambm pequeno.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
43/78
Concreto ProtendidoSistemas de protenso
38
A aderncia da armadura influencia grandemente no comportamento
fissurao doconcreto. Em vigas com cabos no-aderentes forma-se um
pequeno nmero de fissurascom grande abertura. Os cabos aderentes,
semelhana da armadura de concreto armado,limitam a abertura de
fissuras, conduzindo a um grande nmero de fissuras de
pequenaabertura. Esta ltima situao prefervel. Vigas com fissuras de
pequena abertura
apresentam melhor proteo contra corroso das armaduras e melhor
aspecto esttico. AFIGURA 3.2 mostra a grande diferena entre os
tipos de fissurao ao ser atingida a cargalimite.
P P
para P = 760 kN
Viga A (com aderncia)
P P
para P = 650 kN
Viga B (sem aderncia)
6,0 m
6,0 m
ruptura
FIGURA 3.2 - Configurao das fissuras nas vigas da FIGURA 3.3, ao
ser atingida a carga limite, na regiosituada entre as cargas
(Leonhardt, 1979).
Alm de influenciar no problema da fissurao do concreto a
aderncia tambminflui na resistncia ltima das vigas protendidas.
Aumentando-se o carregamentotransversal at ruptura da pea, os cabos
aderentes sofrem grandes acrscimos de tenso,
devido aos alongamentos ocorridos nas sees com fissuras abertas,
contribuindoeficientemente para o momento resistente. No caso de
cabos no aderentes, como oalongamento decorrente de fissuras
localizadas se distribui ao longo do cabo, os acrscimosde tenso so
moderados e consequentemente a contribuio para o momento resistente
daseo menos eficiente. Para um mesmo carregamento, vigas com
protenso semaderncia rompem para uma carga menor do que com
protenso aderente e tambmapresentam flechas mais pronunciadas.
A influncia da aderncia no comportamento fissurao e na
resistncia ltimadas peas de concreto protendido tem assumido uma
relevncia considervel no meioprofissional de modo que, mesmo diante
das vantagens econmicas da protenso sem
aderncia, tem-se optado por utilizar cabos aderentes nos
sistemas construtivos modernos.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
44/78
Concreto ProtendidoSistemas de protenso
39
O emprego de cabos no-aderentes fica limitado a situaes em que a
fissurao e aruptura tenham importncia secundria, ou ainda, a casos
em que se deseja poder substituirou reprotender os cabos. A NBR
7197, no item 4.3, prescreve que o concreto protendidosem aderncia
s pode ser empregado em casos especiais e sempre com
protensocompleta. Essa medida visa prevenir a formao de fissuras
com grande abertura no
concreto.
P P6,0 m
20,0 m
1,8
1,0
0,30
0,15
0,20
70/70 mmcabo de protensoem ranhura
Viga A (com aderncia)Viga B (sem aderncia)
FIGURA 3.3 - Vigas para ponte ferroviria, em escala real,
ensaiadas por Kornwestheimer, para o projeto daprimeira ponte
ferroviria em concreto protendido na Alemanha, em 1950. A protenso
foiefetuada atravs de 2 cabos constitudos de cordoalhas de 25 mm
colocadas em bainhasde seo transversal quadrada de 70 70 mm. Na
viga A promoveu-se a aderncia entre oscabos e o concreto. Na viga
B, os cabos foram colocados em uma ranhura aberta na facelateral da
viga, com um traado poligonal (Leonhardt, 1979).
3.3 TIPOS DE PROTENSO
Os tipos de protenso esto relacionados aos estados limites de
utilizao referentes fissurao. A protenso pode ser completa,
limitada ou parcial, de acordo com asdefinies a seguir.
3.3.1 Protenso completaDe acordo com a NBR 7197, item 4.1.1,
existe protenso completa quando se
verificam as duas condies seguintes:
a)para as combinaes freqentes de aes, previstas no projeto,
respeitado o estadolimite de descompresso, ou seja, para as situaes
em que atuarem a cargapermamente e as sobrecargas frequentes, no se
admite tenso de trao no concreto;
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
45/78
Concreto ProtendidoSistemas de protenso
40
b)para as combinaes raras de aes, quando previstas no projeto,
respeitado oestado limite de formao de fissuras.
A protenso completa, tambm comumente chamada de protenso
total,proporciona as melhores condies de proteo das armaduras
contra a corroso e limita asflutuaes de tenses no ao a valores
moderados. Esses fatores tornam essa modalidade deprotenso muito
interessante nos casos de obras situadas em meios muito agressivos.
Entreas vrias situaes em que a protenso completa aplicvel, pode-se
citar:
tirantes em concreto protendido, nos quais se deseja impedir a
fissurao doconcreto; sob cargas de servio, o concreto do tirante
permanece comprimido;
reservatrios protendidos, nos quais se deseja garantir a
estanqueidade do concreto;com o reservatrio cheio, o concreto
permanece comprimido, o que diminui o riscode fissurao;
vigas formadas pela justaposio de peas pr-moldadas, sem
armadurasuplementar nas sees das juntas; as juntas construtivas no
armadas devem estarsempre comprimidas nas condies mais desfavorveis
de trabalho da estrutura emservio.
Em princpio, no existe nenhuma limitao de ordem tcnica que
restrinja oemprego da protenso completa. Normalmente a opo pela
protenso limitada se deve amotivos de natureza econmica.
3.3.2 Protenso limitada (NBR 7197 - 4.1.2)
De acordo com a NBR 7197, item 4.1.2, existe protenso limitada
quando severificam as duas condies seguintes:
a)para as combinaes quase permanentes de aes, previstas no
projeto, respeitado oestado limite de descompresso (ver item
6.2.1);
b)para as combinaes freqentes de aes, previstas no projeto,
respeitado o estadolimite de formao de fissuras (ver item
6.2.2).
As vigas com protenso limitada so dimensionadas para tenses
moderadas detrao em servio, considerando-se uma probabilidade muito
pequena de fissurao doconcreto. As fissuras eventualmente abertas,
devido atuao de uma sobrecargatransitria, se fecham aps a passagem
da carga, pois as sees permanecem comprimidassob o efeito das
cargas quase permanentes.
A protenso limitada comumente utilizada em elementos estruturais
tais comopontes, passarelas, etc. Nessa situao, as peas de concreto
ficam sujeitas a tenses deprotenso menores do que aquelas que
seriam produzidas por uma protenso total, o quepode trazer as
seguintes vantagens:
menores tenses de trao e compresso na poca da protenso;
melhor comportamento no que diz respeito s deformaes (flechas)
sob o efeito dafluncia do concreto;
maior participao da armadura suplementar na ruptura. Tenses de
protensomenores implicam em armadura ativa menor, o que exige mais
armadura passiva.
Como o ao CP mais caro que o ao CA esse balano entre as
armaduras ativa epassiva pode conduzir a solues mais econmicas.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
46/78
Concreto ProtendidoSistemas de protenso
41
concreto protendido
com ps-tenso
com pr-tenso(com aderncia)
protenso completa
protenso limitada
protenso parcial
protenso completa
protenso limitada
protenso parcial
protenso completa
com aderncia
sem aderncia
FIGURA 3.4 - Resumo das possibilidades de combinao dos processos
e tipos de protenso no estado deutilizao.
3.3.3 Protenso parcial (NBR 7197 - 4.1.3)
De acordo com a NBR 7197, item 4.1.3, existe protenso parcial
quando severificam as duas condies seguintes:
a)para as combinaes quase permanentes de aes, previstas no
projeto, respeitado oestado limite de descompresso (ver item 6.2.1)
;
b)para as combinaes freqentes de aes, previstas no projeto,
respeitado o estadolimite de abertura de fissuras (ver item 6.2.3),
com wk 0,2 mm.
O critrio estabelecido neste caso semelhante quele para protenso
limitada,porm, permite-se que as tenses de trao no concreto atinjam
valores mais elevados
ocasionando a formao de fissuras de maior abertura.
3.4 EQUIPAMENTOS DE PROTENSO
3.4.1 Generalidades
Genericamente, um processo de protenso, qualquer que seja,
envolve a introduode foras com magnitude aprecivel nas peas de
concreto. Para produzir essas foras etransfer-las para a pea de
concreto, com o mnimo de perdas, so necessrios vrios
equipamentos especiais tais como macacos hidrulicos, peas para
ancoragem dos cabos,bombas de injeo, compressores, etc. Nos itens
subsequentes so apresentadas algumasdescries de equipamentos
comumente utilizados nas operaes de protenso.
3.4.2 Macacos hidrulicos
Via de regra, a fora de protenso aplicada aos cabos de protenso
ou a blocos deconcreto atravs de macacos hidrulicos. Trata-se de
macacos especiais fabricados a partirde uma tecnologia sofisticada,
desenvolvida no fim da segunda guerra mundial para oacionamento de
trens de aterrisagem de avies (FIGURAS 3.5 a 3.8).
Como os cabos de protenso devem ser tensionados at ser atingida
uma tensoelevada na armadura, so necessrias foras de protenso muito
grandes. O modo maisfcil e simples de obter essas foras atravs de
macacos hidrulicos. Esses macacos soligados a bombas especiais,
capazes de produzir uma presso da ordem de 50 kN/cm2, o
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
47/78
Concreto ProtendidoSistemas de protenso
42
que corresponde a uma coluna de gua de 5000 m de altura. A
magnitude das foras epresses envolvidas no processo considervel.
necessrio, portanto, que o engenheirode concreto protendido conhea
o funcionamento dos macacos hidrulicos.
Os macacos hidrulicos utilizados nas operaes de protenso so
constitudos deum cilindro (FIGURA 3.5a) e de um pisto de seo cheia
ou em coroa circular (FIGURA
3.5b). O espao existente entre o cilindro e o pisto fechado
atravs de uma borrachaespecial com boas propriedades de vedao. Essa
borracha apresenta um lbio que comprimido mecanicamente contra a
parede do cilindro fechando-o hermeticamente(FIGURA 3.5c).
Corte A - A Corte A - A
A A A A
a
b
c
d
e
f
g
h
c
d
e
a
fb
PistoVedao
Espao para o fluido
e
fg
h
Ligao com a tubulao de alta pressoRespiro de seguranaAlongamento
de protenso - curso admissvel
Abertura para a barra de protenso
abc
d
Cilindro
FIGURA 3.5 - Corte esquemtico de um macaco hidrulico simples,
com pisto macio e em coroa decrculo (Leonhardt, 1979).
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
48/78
Concreto ProtendidoSistemas de protenso
43
E
A
D
C B
A - Comprimento da cordoalha para fixao do macacoB - Comprimento
do macaco fechadoC - Curso do pistoD - Dimetro do macacoE -
Gabarito para macaco aberto
FIGURA 3.6 - Macaco de protenso (Sistema Rudloff-VSL).
alas tomadas depresso
mangueiras de alta presso
cordoalhasmacaco aberto
FIGURA 3.7 - Vistas frontal e lateral de um macaco para o
sistema Rudloff-VSL.
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
49/78
-
7/31/2019 TC-038_CProtendido [Unlocked by Www.freemypdf.com]
50/78
Concreto ProtendidoSistemas de protenso
45
A correta utilizao dos equipamentos bem como uma manuteno muito
cuidadosaso fundamentais para garantir a segurana durante as
operaes de protenso. Dependendoda carga atuante, o rompimento de
uma cordoalha pode resultar na ejeo de parte dacordoalha e, ou, de
peas de