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O raciocínio clínico (RC) não está claramente definido na literatura, sendo um termo ambíguo e frequentemente usado como sinónimo de tomada de decisão
Tem como modelo padrao o raciocinio hipotetico-dedutivo, baseando-se na integração de conhecimentos e experiências para a geração de hipóteses diagnósticas
A prestação de cuidados de saúde está progressivamente envolvida em incerteza, risco e complexidade, devido ao aumento da multipatologia e ao crescente recurso à tecnologia, sendo o RC cada vez mais uma competência nuclear da prática médica
Enquadramento
Justificação
Discussão
Serviço de Urgência
23/01/2013
Avaliação analítica: leucocitose e PCR
TC torácico: “Exuberante bolha de enfisema com imagem de nível hidroaéreo localizada ao segmento anterior do lobo pulmonar SE, condicionando desvio posterior das estruturas mediastínicas, medindo a mesma 120 x 86 mm nos seus maiores diâmetros, traduzindo bolha de enfisema para-septal infetada”
Internamento no Serviço de Pneumologia 24/01/2013 – 25/02/2013
Antibioterapia com diminuição dos parâmetros inflamatórios
Colocação de sonda de drenagem torácica percutânea com drenagem de 700 mL de líquido sero-hemático
Alta clínica com indicação para realização de pensos em dias alternados
Referências
O médico de família encontra-se numa posição única, baseando a sua avaliação diagnóstica na abordagem holística da pessoa, tendo à sua disposição ferramentas essenciais ao RC, tais como a evolução semiológica e o conhecimento da história pessoal do utente no seu contexto biopsicossocial
A sua capacidade de analisar e interpretar com espírito crítico os ECD solicitados advém das competências nucleares de MGF, não devendo ser renunciada em função da evolução e disponibilidade tecnológica
O RC e a “arte da medicina” devendo ser estimulado ao longo da carreira medica
Broeiro P, Multipatologia - O Raciocínio Clínico e a Tomada de Decisão: aquisição da competência. Rev Port
Clin Geral 2001;17:307-26
Higgs J, Jones M. Clinical Reasoning in the Health Professions. In: Higgs J, Jones M. Clinical Reasoning in the
Health Professions. 2nd Ed, Butterworth Heinemann, Oxford, 2000: 3-14
O progresso tecnológico, aliado à excessiva confiança depositada nos exames complementares de diagnóstico (ECD), pode remeter o RC para 2º plano
O caso apresentado pretende chamar a atenção para este facto, reforçando a importância da abordagem holística do utente e da integração da informação clínica com os achados laboratoriais e imagiológicos na avaliação diagnóstica
USF Ribeirinha – ACES Arco Ribeirinho – [email protected] Cristiano Figueiredo; Hugo Neves
Descrição do Caso Clínico
Homem, 75 anos, caucasiano, ex-bombeiro, reformado desde 2003
Cessação tabágica em 2012 (carga tabágica total de 70 UMA)
IMC = 17,7 kg/m2
S Realizou o Rx tórax pedido Mantém quadro clínico. Nega febre Nega pirose e dispepsia
O Rx tórax (01/2013): ver fig. 2 “Alteraçao da permeabilidade dos campos pulmonares (…) compativel com fibrose (…) imagem de nivel hidroaéreo compatível com exuberante hernia do hiato” (confirmado por telefone com o médico radiologista)
A Hérnia do hiato ? Bolha de enfisema infetada ?
P Face aos antecedentes de DPOC, à perda ponderal, aos achados semiológicos e à comparação dos achados imagiológicos anteriores com os atuais, admite-se como mais provável a hipótese de bolha de enfisema pulmonar infetada pelo que se referencia o utente para o SU do hospital para investigação
O Bom estado geral. Eupneico. Apirético AP: diminuição global do MV, discretos fervores subcrepitantes dispersos Drenagem passiva de conteúdo sero-hemático
A DPOC com bolha de enfisema infectada sem indicação operatória
P Vigilância e cuidados de enfermagem
Consulta Aberta 23/01/2013
Consulta de Vigilância de HTA 22/01/2013
S Anorexia recente + Cansaço geral Nega agravamento de dificuldade respiratória
O Emagrecido, perda ponderal de 4 kg no último mês Sem sinais de dificuldade respiratória AP: Diminuição global do MV, fervores subcrepitantes dispersos em ambos os campos pulmonares, mais audíveis no terço superior do hemitórax esquerdo Sat. O2 (ar ambiente): 97% Último Rx tórax (10/2012): ver fig. 1