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Produção de Suportes Midiáticos para a Educação O Livro Didático no Brasil CCA0296 - Prof. Richard Romancini
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O livro didatico no Brasil

Dec 18, 2014

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Education

 
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Page 1: O livro didatico no Brasil

Produção de Suportes Midiáticos para a Educação O Livro Didático no Brasil

CCA0296 - Prof. Richard Romancini

Page 2: O livro didatico no Brasil

Mídias Educativas

Fonte: Quadro elaborado por Bandeira (2009), a partir de Lévy (1999)

• Livro: primeiro suporte massivo de conteúdos de educação e espaço, por excelência, da “mediação editorial” (Chartier, 2002).

• Com o tempo, o livro didático diversificou-se, com maior alcance e novos gêneros (p.ex., paradidáticos). Ainda hoje é central nas práticas escolares.

• O contexto da cultura digital produz transformações e/ou processos transmidiáticos no formato.

Síntese mídias e exemplificação

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A centralidade da mídia impressa na educação • Apesar da disseminação das tecnologias, o

impresso ainda é o principal suporte dos materiais didáticos. Bandeira (2009, p. 16) sugere três hipóteses para essa persistência:

Fonte: Tabela do Censo EAD.BR ver também a tabela na página 162

• na educação, o material impresso, tradicionalmente conhecido, sempre foi aceito por alunos, professores e especialistas;

• de fácil manuseio, o material impresso pode ser utilizado em todas as etapas e modalidades da educação, o aluno e o professor podem consultá-lo fora da sala de aula;

• o material impresso não requer equipamento ou recurso tecnológico para sua utilização.

Recursos produzidos por empresas de EAD

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Livro didático e indústria editorial no Brasil • Setor econômico muito dependente do LD e das

compras governamentais.

• Em 2011, os livros didáticos (LD) representaram 49% do faturamento do setor, contra 22% das obras gerais (OG), 19% dos livros científicos, técnicos e profissionais (CTP), e 10% dos religiosos (R).

• Iniciativas governamentais como Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) respondem por cerca de 25% das receitas do setor (e um terço dos exemplares).

• Últimas décadas: entrada de grandes grupos internacionais (com interesse na área educativa).

Fonte: Mello (2012) Gráfico e tabela: idem

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Características de segmentos do setor editorial Livros didáticos (LD)

Livros técnicos, científicos e

profissionais (CTP) Obras gerais (OG)

Volume de vendas ~ 60% do mercado ~ 7% do mercado 20% a 22% do mercado

Volume de receitas ~ 55% do mercado ~ 15% do mercado 20% a 22% do mercado

Demanda Governo (volume) e mercado privado ($)

Governo (pequena) e mercado privado

Mercado privado

Tiragem média Alta Média Baixa

Margem Baixa nas vendas ao

governo e alta no mercado privado

Alta Média

Concorrência Diferenciação de produtos

e serviços (há casos de substitutos próximos)

Diferenciação de produtos e serviços (há

casos de substitutos próximos)

Diferenciação de produtos

Concentração Elevada Média Média-baixa

Barreiras à entrada Capital e fatores intangíveis Capital e fatores

intangíveis Menores barreiras; fatores intangíveis

Inovações Induzidas pela demanda Induzidas pela demanda Induzidas pela demanda

Fonte: Mello (2012)

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Ranking Global do Mercado Editorial (2011) Posição Empresa País Faturamento 2011 (€ milhões)

1 Pearson Reino Unido 6.470,24

2 Reed Elsevier R.U. / Holanda / EUA 5.387,47

3 ThomsonReuters EUA 4.247,93

4 Wolters Kluwer NL 3.556,00

5 Hachette Livre França 2.165,00

6 Grupo Planeta Espanha 1.829,00

7 McGraw-Hill Education EUA 1.835,46

8 Random House Alemanha 2.897,00

9 Holtzbrinck Alemanha 1.501,20

10 Scholastic EUA 1.466,15

... ... .... ...

40 Abril Educação Brasil 319,05

50 Saraiva Brasil 207,44

52 Editora FTD Brasil 175,21

Fonte: Rüdiger Wischenbart Content and Consulting citado em PublishNews

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Livro escolar: esteio da edição e dos autores • “[Afrânio Peixoto] De regresso do Oriente,

na primavera de 1910, chegara a Paris, trazendo na bagagem o manuscrito de A esfinge [...]. Em Paris encontrava-se Francisco Alves, que já lhe havia editado um manual de medicina legal. Afrânio foi procurá-lo no Hotel do Louvre e contou-lhe o que aconteceu com João Ribeiro, quando oferecera o Fabordão ao Garnier. Este

respondera-lhe: ‘O livro didático, a carne, é para o Alves; o osso, a literatura, é para mim’. Não queria que lhe sucedesse o mesmo, por isso propunha pagar-lhe a edição de d’A esfinge. Mas Alves observou irônico: ‘Atendo ao Garnier; se tenho o livro didático, devo ter também o literário’.” Broca (2005, p. 207)

• Relato de Carlos Heitor Cony (1999) sobre a edição de Contos pátrios.

Fontes: imagem FA - ABL imagem livro: Mercado Livre

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Edição do livro didático no Brasil • Demanda determinada pelos professores.

• Competição se dá tanto em relação ao produto quanto aos serviços associados aos livros (assessorias e formações, conteúdos adicionais em portais na internet, etc.).

• Ciclo de desenvolvimento de uma obra: cerca de dois anos.

• Setor requer alto capital e pessoal especializado.

• Mercado disputado, apesar de oligopolizado.

Fonte: Mello (2012), inclusive tabela e gráfico

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PNLD: características

• Integra conjunto de programas governamentais com objetivos similares (PNLEM, PNLD EJA, PNLD Campo e PNBE).

• Programa, criado em 1985, executado pelo FNDE do MEC, tendo como antecedentes políticas públicas do então INL - Instituto Nacional do Livro (1929).

• Associa-se a um programa de avaliação dos livros didáticos, pois só podem ser comprados os livros, agrupados num Guia do Livro Didático, recomendados – que são escolhidos pelas escolas.

• Triênios marcam a reposição integral dos livros.

Fontes: Britto (2011) Animação - Nova Escola

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PNDL: críticas, avanços e perspectivas • Apesar da avaliação ser vista como necessária,

o procedimento recebe críticas (p.ex., elitista e mais acadêmica do que deveria).

• As críticas têm gerado esforços no sentido de dar maior transparência ao processo, com a publicação dos pareceres e elaboração de critérios de avaliação.

• Abusos no poder econômico em relação à divulgação de obras, por parte dos grandes grupos.

• Faltam avaliações post-facto dos livros do programa, além de outras investigações para compreender seu impacto nas redes educativas.

Fonte: Britto (2011) imagem: FNDE

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PNDL 2014 - Livros e conteúdos multimídia Grupo Editorial/ propriedade

Editora Tiragem total

(milhões) % de

mercado Títulos

adquiridos Objetos digitais

(milhões) Valor

total(milhões)

Grupo Abril Ática 23,5 17,1 247 6,5 179,8

Scipione 6,5 4,7 215 5,7 55,3

Grupo Santillana (Espanha)

Moderna 27,1 19,7 287 16,7 211,6

Richmond 2,4 1,8 12 0,0 14,7

ABEC (Maristas) FTD 26,5 19,2 366 11,3 188,8

Grupo Saraiva Saraiva 21,9 15,9 394 15,7 173,3

Grupo SM (Espanha) SM 7,5 5,4 160 6,8 60,5

UDP 2,9 2,1 8 0,0 19,6

Editora do Brasil Do Brasil 5,8 4,2 93 0,0 52,9

Grupo IBEP IBEP 3,3 2,4 142 0,0 37,7

Base 1,9 1,3 91 0,0 17,2

Grupo Positivo Positivo 2,2 1,6 124 0,0 28,0

Grupo Leya (Portugal)

Texto 1,9 1,4 106 3,2 30,8

The Holtzbrinck Group (Alemanha)

Macmillan 1,9 1,4 18 0,0 15,8

Outros Outras (11) 2,6 1,8 248 2,0 41,6

Total Total 137,9 100,0 2.511 67,9 1.127,6

Fontes: FNDE tabela detalhada - link

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Problemáticas associadas ao livro didático • Natureza ideológica dos conteúdos – estudos (sob o paradigma

da reprodução) como os de Marisa Bonazzi e Umberto Eco (1972): Mentiras que parecem verdades e Maria de Lourdes C. D. Nosella (1979): As Belas Mentiras; bem como discussões sociais recentes do livro de português que “defendia a fala errada” e livro de história “partidarizado”.

• Representações sociais dos grupos minoritários nos livros didáticos.

• Espaço de diferentes concepções pedagógicas; memória das práticas educativas.

• Produção centralizada, fechamento e rigidez (alunos e professores passivos) versus descentralização produtiva, abertura e flexibilidade (alunos e professores ativos).

• Existem possibilidades educomunicativas para a feitura/uso do livro didático?

Fontes: imagens - Skoob e Edufba

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Livro digital: expectativas • LD: “inovação que não se limita a ser uma mera mudança na forma de

apresentar o conteúdo dos livros impressos, mas representa uma transformação radical que vai modificar todo o processo” (Mello, 2012, p. 430).

• Segmento dos CTP parece ser o setor mais fértil para crescimento do LD (experiência internacional).

• No setor didático, o crescimento inicial mais provável é na educação privada, possivelmente associado a outras tecnologias e serviços (portais, tablets, etc.).

• Porém, os livros digitais ainda devem demorar a configurar parcela significativa do mercado local.

• Dados recentes (2011): comercialização de conteúdo digital gerou receitas de R$ 868,5 mil, em um mercado total de R$ 4,8 bilhões. Foram R$ 399,5 mil (46%) em obras gerais, R$ 319,5 (37%) em CTP e R$ 115,0 mil (13%) em livros didáticos.

Fonte: Mello (2012)

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Livro digital didático: possibilidades • Ampliação dos conteúdos à disposição das

editoras e nos próprios trabalhos.

• Interatividade, leitura não linear e aproximação com práticas contemporâneas (redes, games, etc.).

• Atualização permanente e constante.

• Rota produtiva poderá se inverter: primeiro o digital, depois o impresso.

• Maior complexidade na produção, demandando profissionais especializados.

• Novos serviços e modelos de negócio.

Fontes: Mello (2012)

http://www.ted.com/talks/mike_matas

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Livro digital didático: questões • Aumento de práticas de

compartilhamento e pirataria?

• Autopublicação (tendência percebida no contexto geral) poderá afetar o didático?

• Haverá convivência de aparelhos (e-readers, como o Klinde e o Kobo) e formatos (pdf, ePub, ePub3, Mobi, etc.) ou navegadores se imporão como dispositivo de leitura?

• Demanda por informações dos consumidores afetará a privacidade?

https://www.youtube.com/user/encuentroeducare2011/search?query=livro+digital

Page 16: O livro didatico no Brasil

Referências ABED. (2013) Censo EAD.BR. Curitiba: Ibpex. Disponível em link.

Bandeira, Denise. (2009) Materiais didáticos. Curitiba: IESDE.

Britto, Tatiana Feitosa de. (2011) O Livro Didático, o Mercado Editorial e os Sistemas de Ensino Apostilados. Textos para Discussão 92. Brasília: Centros de Estudos da Consultoria do Senado. Disponível em link.

Broca, Brito. (2005) A vida literária no Brasil - 1900. Rio de Janeiro: José Olympio, 5ª ed.

Chartier, Roger. (2002) Os desafios da escrita. São Paulo: Ed. Unesp.

Cony, Carlos Heitor. (1999) A rara solidariedade no mundo das letras. Folha de S.Paulo, 10 set. Disponível em link.

Lévy, Pierre. (1999) As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: Ed. 34.

Mello, Gustavo. (2012) Desafios para o setor editorial brasileiro de livros na era digital. BNDES Setorial 36, p. 429- 473. Disponível em link.