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CAPTULO 1
MORTE E JUZO, INFERNO, PURGATRIO E PARASO: COMO SABEMOS?
O cristianismo prenuncia o cu como a convergncia realizadora de
todas as pulsaes
humanas (p.17).
1.1 Dando as razes de nossa esperana:
A resposta pergunta, donde se sabe a f crist acerca dos fins
derradeiros? No nos
convence ao lermos as Sagradas Escrituras. Os livros sagrados so
testemunhos exemplares
de revelao mas tambm acontece dentro do livro da vida. A revelao
se d na histria.
Portanto, vendo e vivendo a vida que podemos descobrir o futuro
da vida. Mas o futuro
aquilo que ainda no (p.19).
Podemos falar do futuro, pois o homem no mundo no somente ser,
mas tambm poder ser.
O homem no s passado e presente, ele principalmente futuro.
1.2 O homem um n de pulses e relaes:
Realmente o homem concreto um n de relaes voltado para todas as
direes, at para o
infinito.
O homem num permanente excesso. No possui o centro em si mesmo,
mas fora dele numa
transcendncia. Vive sua vida como existncia. um ser assintico
sempre a caminho de si
mesmo. Um dinamismo permanente prevede [penetrar, impregnar]
toda sua realidade,
orientando-se para um futuro donde tira o sentido para o
presente (p.21).
1.3 O princpio-esperana, fonte de utopias:
O princpio-esperana [...] uma fora que penetra todas as virtudes
e faz com que elas se
mantenham sempre abertas a um crescimento indefinido.
Pela utopia projetam-se no futuro todos os dinamismos e anseios
humanos, totalmente
depurados dos elementos limitatrios e ambguos e plenamente
realizados (p.22).
O cu anunciado pela f crist situa-se no horizonte de compreenso
utpica: a absoluta e
radical realizao de tudo o que verdadeiramente humano, dentro de
Deus (p.23).
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1.4 F como radical para um sentido:
Ter f decifrar um sentido dentro da vida e crer que o homem tem
um futuro absoluto
como convergncia das pulses que o movem interior e
exteriormente.
O atesmo e o ceticismo vivem em permanente tentao com a f e a
explicao do sentido.
A f tematiza o sentido encontrado na trama da existncia.
Denomina-o sem medo e invoca-
o Deus, Pai e Amor. (p.24)
1.5 No Cristianismo a utopia se tornou topia:
O cristianismo d um passo alm das religies e anuncia que o
Sentido (Logos) no ficou
di-fuso e pro-fuso nas coisas, apregoa que absoluto Futuro, Deus
se aproximou de nossa
existncia e morou na carne humana, quente e mortal, e se chamou
Jesus Cristo (p.25).
Por isso nele [Jesus Cristo] se revelou um viver que j era
reconciliao com todos e com
Deus. A morte no podia tragar tanta vida e to grande amor (p.26)
Cristo a nossa
esperana. [...] Por isso, pode se dizer que o paraso uma
profecia, projetada no passado
(p.27)
1.6 A Religio da Jovialidade: Mesmo que Ele me mate, ainda assim
espero nele:
A ressureio entrou no mundo a jovialidade. Ser jovial poder
comemorar, dentro da
ambiguidade da situao presente regressiva e progressiva,
violenta e pacificadora, o triunfo
da vida sobre a morte, e a vitria do sim sobre o no. Ser jovial
poder ver o Futuro
fermentado dentro do presente e festejar sua antecipao na vida
de Jesus Cristo (p.28).
Tudo o que acontece, no acontece fora dele: vida e morte, bem e
mal, violncia e
reconciliao (p.29).
1.7 Escatologia: falar a partir do presente em funo do
futuro:
Cu e inferno, purgatrio e juzo no so realidades que iro comear a
partir da morte. Mas
j agora podem ser vividas e experimentadas, embora de forma
incompleta (p.30).
1.8 Por que a terra, se o cu que conta?
Deus, em muitos cristos, era experimentado como um Ser que
frustrava a nsia de
felicidade humana. Ele no era a liberdade do homem, mas o
limite. A vida era esvaziada
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porque somente a outra era plena e digna deste nome (p.31). S a
Parusia inauguraria o
Reino de Deus. Esta concepo de um Deus sem o mundo ajudou
certamente a gerar nos
tempos modernos a viso de um mundo se Deus (Y. Congar)
(p.32).
1.9 Por que o cu, se a terra que conta?
Esta concepo que nega o cu em nome da terra deu origem
certamente a um impulso
criador e transformador da face deste mundo. Mas frustrou
terrivelmente o homem. Este
uma transcendncia viva por nada satisfeita, muito menos pelas
realidades terrestres. A terra
clama pelo cu, como sua plenitude (p.33).
Os opostos se tocam: se antes um Deus sem o mundo ajudou a gerar
um mundo sem Deus,
agora, uma demasiada ligao Deus-mundo-Igreja deu azo a que
novamente se negasse Deus.
Ele no se presta a ser manipulado medida dos interesses humanos,
eclesisticos ou
profanos. Como Absoluto, Ele constitui a permanente crise de
todos os projetos histricos
(p.34).
1.10 Nem tanto ao cu nem tanto terra: o cu comea na terra
O cu comea na terra. O Reino de Deus no mundo totalmente outro,
mas totalmente
novo (p.34). Para ela [Teologia Clssica] o mundo verdadeiro era
o outro mundo, o
sobrenatural. Esse mundo daqui de baixo era o lugar da
ambiguidade e da mera natureza. A
alma ansiava se libertar finalmente da matria para, livre, poder
se realizar na esfera espiritual
de Deus (p.35).
O cristo, pois, sabe de seus fins derradeiros porque sabe da
vida, cheia de dinamismos e
ricas possibilidades. Sabe de suma felicidade para os homens
bons e para o cosmos porque
viu a utopia realizada em Jesus Cristo. Pela f sente-se inserido
nesse novo ser e milie divin
(p.36)
CAPTULO 2
MORTE, O LUGAR DO VERDADEIRO NASCIMENTO DO HOMEM
Descortina-se dentro da vida humana uma chance nica na qual o
homem, pela primeira vez,
nasce totalmente ou acaba de nascer: na morte (p.41).
2.1 A morte como fim-plenitude da vida:
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A morte sim o fim da vida. Mas fim entendido como meta alcanada,
plenitude almejada e
lugar do verdadeiro nascimento. [...] Ela marca uma ruptura de
um processo. Cria uma ciso
entre o tempo e a eternidade. Mas ela cobre um aspecto apenas do
homem e da morte: o
biolgico e o temporal (p.42).
2.2 As duas curvas existenciais:
Ela [morte] coincide com a vida. O homem vai morrendo em
prestao. Cada segundo e cada
momento representa a vida desgastada. A vida do homem a vida
mortal ou morte vital
[vida biolgica] (p.43).
Quanto mais tem a capacidade de estar-nos-outros, tanto mais
est-em-si-mesmo, se torna
personalidade e cresce nele o homem interior (p.43)
se nestas situaes ele conseguiu mergulhar no mistrio da vida, se
logrou construir um eu e
uma pessoa responsvel perfilada no desafio da situao. Pode at
ter tido uma vida gasta e
perdida econmica e culturalmente. Mas se dentro disso logrou a
imerso no definitivamente
importante e deixou de emergir aquilo que traa nem o caruncho
podem corroer: nele nasceu a
verdadeira vida humana, sentido da vida biolgica, que no pode
sucumbir ao bafejo mortal
da morte (p.44).
2.3 Que afinal o homem?
O homem [...] uma unidade tensa e dialtica das duas curvas
existenciais, da biolgica e da
pessoal. [...] O homem composto de corpo e alma. Com isso no se
quer dizer que no
homem existem duas coisas, corpo e mais a alma, que unidos do
origem ao homem. Corpo
o homem todo inteiro (corpo + alma) enquanto limitado, preso s
estreitezas da situao
terrestre. Alma o homem todo inteiro (corpo + alma) enquanto se
dimensiona para o
Infinito, enquanto um topismo insacivel para a realizao plena
(p.45).
2.4 A morte como ciso e passagem:
O esprito sempre encarnado. O corpo sempre espiritualizado. Caso
contrrio na seria
corpo humano. [...] Morte a ciso entre o ser temporal e modo de
ser eterno no qual o
homem entra. Pela morte o homem-alma no perde a corporalidade.
Esta lhe essencial. No
deixa o mundo. Penetra-o de forma mais radical e universal
(p.47).
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2.5 A morte como o verdadeiro natal do homem:
Se a morte significa um aperfeioamento antropolgico no sentido
de redimensiona lizar o
homem s dimenses de toda a realidade e no somente sua situao de
estar-no-mundo,
ento podemos dizer: a morte o vere dies natalis. [...] Na
passagem deste tempo para a
eternidade, na morte, pois (nem antes nem depois), nessa
concentrao intensssima do
tempo, o homem chega totalmente a si mesmo (p.48). [...] pode
viver a bondade radical e o
amor que fecunda toda a realidade. A relao com o mundo no mais
sentida como obscura
e mediatizada pelo corpo carnal. [...] No morrer para ele, como
o sabia j Epicteto, o que
para a espiga: jamais amadurecer jamais ser segada para ser o
trigo de Deus (p.49).
2.6 A ressurreio como toque final da hominizao:
Pela ressurreio tudo se tornar ento imediato para o homem: o
amor se desabrocha na
pessoa, a cincia se torna viso, o conhecimento transforma-se em
sensao, a inteligncia se
faz audio. Desaparecem as barreiras do espao: a pessoa humana
existir imediatamente
onde estiver seu amor, seu desejo e sua felicidade. No Cristo
ressuscitado tudo se tornou
imediato, isto , de apareceram todas as barreiras terrenas. Ele
penetrou na infinitude da vida,
do espao, do tempo, da fora e da luz (L. Boros Cf Boff
p.49-50).
2.7 O homem ressuscita na morte e na consumao do mundo:
Pela morte se entra num modo de ser que abole as coordenadas do
tempo. S a partir deste
ponto de vista se pode j dizer que no concebe afirmar qualquer
tipo de espera de uma
suposta ressurreio no final cronolgico dos tempos. [...] s o
homem no seu ncleo pessoal
participa da glorificao. O homem, porm, possui uma ligao com o
cosmos (p.50).
2.8 Como ser o corpo ressuscitado?
Na morte cada qual ganhar o corpo que merece; ele ser a perfeita
expresso da
interioridade humana, sem estreitezas que envolvem nosso
presente corpo carnal. [...] a
ressureio manter a identidade pessoal de nosso corpo (p.51).
2.9 A morte como fim-plenitude da vida:
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h uma morte que no florescncia e transfigurao. [...] A morte
ento desdobramento
definitivo e pleno das tendncias ms que o homem alimentou e
deixou grassar em sua vida
(p.52).
A morte o verdadeiro fim-meta de nossa vida. Por isso, j h anos
estabeleci amizade to
profunda com esse verdadeiro e excelente amigo que sua imagem no
possui para mim nada
que possa me amedrontar. Antes pelo contrrio: ela reconfortante
e consoladora (p.53).
CAPTULO 3
DECISO FINAL E JUZO: NA MORTE
A morte se apresenta como a situao por excelncia privilegiada da
vida [...] (p.55).
3.1 A morte como crise radical, de-ciso e juzo
O homem determina para sempre seu destino [...]. Todo homem um
dia se encontrar face a
face com Deus e com o Ressuscitado mesmo que em sua existncia
nem sequer lhes tenha
ouvido os nomes (p.55-56).
Deus no prepara emboscadas ao homem, deixando-o morrer
miseravelmente, para vingar-se
dos ultrajes a Ele perpetrados. [...] consideremos a morte,
[...] a morte como atualizao plena
dos dinamismos inscritos por Deus dentro da natureza humana,
ento tudo ganha uma nova
perspectiva: na morte (no momento de passagem do tempo para a
eternidade) o homem
colocado diante de radical deciso. De-ciso significa em grego
krisis, crise, juzo, ruptura
(p.57).
3.2 E ento cairo todas as mscaras...
colocado na situao privilegiada de quem acaba de nascer com a
nascividade e o vigor
matinal de todas as suas potncias.[...] Descobrir as verdadeiras
dimenses do bem e do mal
que conscientemente tiver feito (p.58).
Enfim o homem detecta com clarividncia da luz divina sua
fidelidade ou infidelidade s
razes essenciais da vida: ao amor humanitrio ao outro, ao
necessitado e marginalizado com
quem Cristo se identificou (p.59).
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3.3 O juzo comea j em vida
[...] histria de pecado e de infidelidades, que se tornara j
natural, sem o clamor da
conscincia abafada culposamente, desmascarada por outros ou por
uma situao crtica que
surpreendeu e lhe destru o horizonte das evidncias existenciais.
[...] o juzo final na morte
potencializao em forma de plenitude da experincia do juzo e da
crise que j nesta vida
podemos vivenciar. Nesse juzo crtico e catrtico o homem chega
sua idade adulta. [...] pela
de-ciso que tomar, tornar-se- adulto e maduro para entrar na
eternidade. Nada sabemos de
como ser sua deciso. Cremos, contudo, que o ser para Deus
(p.60-61).
3.4 Estai de sobreaviso e vigiai
[...] o homem alienado e pecador poderia ir protelando at morte
sua vida des-encaminhada
dirita via. [...] Afirmamos que o juzo na morte no balano
matemtico sobre a vida
passada, onde aparece diante de Deus o saldo e o dbito, o
passivo e o ativo. [...] A deciso
final a florao daquilo que o homem semeou e deixou crescer na
vida. As opes parciais
so uma preparao e educao para a deciso derradeira. [...] no se
pode pensar a deciso
final em relao s decises parciais na vida em termos de oposio,
mas em termos de
culminncia e planificao (p.61-62).
[...] os fins derradeiros no so puro futuro. O juzo j o estamos
vivendo, embora em forma
incipiente e imperfeita, sempre que nos decidimos e passamos por
situaes-de-crise. Se
crermos, isto , se nos abrimos para o horizonte infinito de
Deus, temos a promessa de que
seremos no futuro poupados do juzo negativo e da crise
frustradora (p.63).
CAPTULO 4
PURGATRIO; PROCESSO DE PLENO AMADURECIMENTO DIANTE DE DEUS
A morte a passagem do homem para eternidade.[...] toda a vida
humana um tender, um
caminhar e educar-se para isso (p.65).
4.1 O processo de amadurecimento pleno do homem diante de
Deus
H graus e graus no processo de integrao pessoal e de
desenvolvimento da personalidade.
[...] amadurecimento interior e lograram os pncaros de perfeio
humano-divina. [...] O
homem imaturo carece de madureza, o pecador da santidade divina.
(p.65-66).
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[...] O purgatrio esse processo doloroso, como todos os
processos de ascenso e educao,
no qual o homem, na morte, atualiza todas as suas
possibilidades, purifica-se de todas as
pregas que a alienao pecaminosa foi estigmatizando a vida, pela
histria de pecado e suas
consequncias (mesmo aps seu perdo) e pelos mecanismos dos maus
hbitos adquiridos ao
longo da vida (p.66).
4.2 Para um purgatrio do purgatrio
[...] o fogo do purgatrio corporal, mas a dor causada pelo fogo
espiritual. Este fogo se
chama verdadeiro, porquanto, algo que existe na realidade e no s
na apreenso das almas
(p.67).
4.3 O purgatrio, uma reflexo teolgica a partir da Bblia
[...] buscamos uma passagem bblica que fale formalmente do
purgatrio. [...] os textos
atinente sugere que Deus quer que nos lembramos e rezemos pelos
mortos. [...] A teologia
ir usar outra linguagem e dir: existe o corpo mstico de Cristo e
a comunho dos santos
(2Mc 12,39-46) (p.69).
O texto 1Cor 3,11-15 no fala diretamente do purgatrio. [...]
Contudo, tm que passar por
uma prova, como se prova a consistncia do ouro, da prata, das
pedras preciosas, da madeira,
do feno e da palha, fazendo-os passar pelo fodo. Quem suporta o
fogo e no consumido por
ele, esse se salvar. O fogo, aqui, possui carter puramente
figurativo (p.70).
4.4 O purgatrio como crise-acrisolamento na morte
[...] Purgatrio uma situao humana.[...] A morte situa o homem na
crise mais profunda
de sua vida. Crise significa exatamente deciso e juzo [...].
Crise {snscrito kir ou kri}, [...]
quer dizer purificar, purgar e limpar. [...] Crise-acrisolamento
sinnimo de purgatrio para o
homem justo, que se encontra na paz com seu senhor, envolvido e
penetrado por sua graa,
mas carrega ainda nas dobras de sua existncia os resqucios do
pecado e das imperfeies
humanas (p.72).
[...] Nessa hora o homem deve se entregar totalmente. A morte
significa exatamente a total
entrega e despojamento do homem (p.73).
4.5 As felizes almas do purgatrio
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[...] Chamar as almas do purgatrio de pobres alminhas pode
significar nossa preocupao
por elas, mas no exprime de forma nenhuma seu verdadeiro estado.
Antes, exprime o nosso
de peregrinos nos descaminhos da vida (p.74).
4.6 As nossas oraes pelos homens no estado de purgatrio
Ele {Deus} v como presente nossa orao futura ou mesmo passada.
Pode por isso, por
nossa intercesso, autocomunicar-se amorosamente ao homem na
situao de crise. [...] no
purgatrio seremos todos msticos, isto , todos seremos penetrados
pelo ardente e purificador
amor de Deus que acender nosso amor para o derradeiro encontro
(p.75).
4.7 J podemos antecipar aqui na terra o purgatrio
O purgatrio [...] j inicia aqui na terra. [...] Tudo depende de
como nos comportamos diante
das crises, que se contam entre a normalidade da vida: podem nos
acrisolar ou podem nos
consumir. [...] Ao rezarmos pelos homens em estado de purgatrio,
em vez de oferecermos
tantas expiaes e indulgncias, deveramos [...] rezar: Senhor,
concedei, aos que esto
morrendo e se decidindo para Vs, a graa de um rpido
amadurecimento humano e divino
que, acrisolados, possam desabrochar totalmente em Vs
(p.75-77).
CAPTULO 5
O CU: A ABSOLUTA REALIZAO HUMANA
Diante do cu deveramos calar. Estamos diante da absoluta
realizao humana.
[...]Cu a realizao do princpio-esperana do homem, do qual
falemos tantas vezes em
nossas reflexes. Cu a convergncia final e cabal de todas os
anseios de ascenso,
realizao e plenitude do homem em Deus (p.79).
5.1 Por que propriamente cu?
Cu o 'lugar' onde mora Deus. 'L em cima', o cu no deve ser
entendido localmente, mas
como pura transcendncia, isto , como aquela dimenso da realidade
que nos escapa
infinitamente como nos escapam as distncias incomensurveis do
cu-firma-mento. Cu no
parte invisvel do mundo. o prprio mundo, contudo, no seu modo de
completa perfeio
e inserido no mistrio do convvio divino (p.80).
5.2 O cu profundamente humano
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O cu realiza o homem em todas as dimenses: a dimenso voltada
para o mundo, como
presena e intimidade fraterna com todas as coisas, a dimenso
voltada para o outro, como
comunho e perfeita irmanao e principalmente a dimenso voltada
para Deus. [] O
homem continua a sonhar ontem e hoje: com reconciliao de tudo em
tudo, com a revelao
de tudo com tudo, com a revelao do sentido latente e ltimo de
todas as coisas, com paz e o
descanso na harmonia de todas as atividades. [] S no cu seremos
homens como Deus,
desde toda a eternidade, nos quis: sua perfeita imagem e
semelhana (p.81).
Todo encontro um risco, porque se d abertura para o imprevisvel
e para liberdade. Onde
h liberdade tudo possvel: cu e inferno. O cu como encontro
significa que o homem
quanto mais se abre para novos horizontes divinos e humanos,
mais se encontra consigo
mesmo e forma com o encontrado uma comunho vital. [] O encontro
nunca acabado.
Quando porm Deus o encontro do homem, ento no conhecer mais o
fim (p.82-83).
5.3 O cu como a ptria e o lar da liberdade
Deus no cria outra realidade. Ele faz da velha nova(p.83).
A viso pode tornar-se to perspicaz que por ela podemos ver alma
das pessoas, seus
sentimentos e segredos. Apesar de toda essa gama de
possibilidades, nossa viso ainda pode
ser desenvolvida indefinidamente (p.84).
Cu total realizao de possibilidades de ver, no a superfcie das
coisas, mas seu corao.
Cu a festa dos olhos, de tal forma, que a viso dom olho
terrestre pode ser considerada
como um ver por espelho e confusamente (p.84).
Jesus Cristo Ressuscitado nos d uma ideia do que seja o cu: nele
tudo transluz e reluz;
nada do que humano deixado, mas assumido e plenificado: seu
corpo, suas palavras, sua
presena, sua capacidade de comunicao (p.85).
5.4 As imagens bblicas do cu
Sobre a realidade do cu no podemos falar palavras prprias. o
inefvel
a) O cu como banquete nupcial: Pelo banquete o homem eleva seu
instinto do meramente
animal de comer (matar fome), ao nvel espiritual de
banquetear-se (p.86).
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A alegre beleza do banquete no faz esquecer a mesa triste do
pobre faminto. O banquete
degenerar em orgia. As npcias no abolem o terrvel quotidiano e
monotonia do dia a dia. O
instinto pode prevalecer sobre o esprito e a vontade de poder
esmagar o amor. Cu so as
npcias sem ameaas, o banquete no ridente gozo da comunho
fraterna, sem as limitaes
que a histria terrestre nos impe (p.86).
b) O cu como viso beatfica: Em sua condio terrestre o homem no
pode ver a Deus. S
na f v seus sinais no mundo. No cu vemos a Deus de face
descoberta. [] Ele participa de
tudo, do estar-juntos, do abrao, da intimidade, dos interesses e
das preocupaes. Cu
consiste na mxima potencializao desta experincia que aqui na
terra j fazemos, embora de
forma deficiente (p.87).
c) O cu como vida eterna: A vida dom mais excelente que o homem
experimenta. H um
milagre permanente e o maior de todos: eu existo! [] E contudo a
protegermos
cuidadosamente e a amamos ardosamente. O sonho do homem poder
ser eterno. []
Eternidade quer exprimir, no um tempo indefinido, mas a
plenitude e absoluta perfeio de
um ser. Por isso a eternidade o prprio ser de Deus. Cu consiste
em poder viver a vida de
Deus: da perfeita, plena e totalmente realizada (p.87-88).
d) Cu como vitria: O smbolo do cu, como vitria e mxima realizao
de um homem,
aps duros combates. [] No cu, Deus mesmo revelar o homem ao
prprio homem. Ele
nos chamar com o nome que nos faz vibrar at os ltimos recnditos
do ser. Ser o nome de
seu amor para conosco. Ouviremos a Palavra que Deus eternamente
pronunciou quando nos
chamou, eternamente, existncia (p.89).
e) O cu como total reconciliao: Cu significa a realizao das
utopias humanas. Primeiro,
de reconciliao do homem consigo mesmo, [] a seguir dar-se- tambm
a reconciliao do
homem com o cosmos e do cosmos consigo mesmo.[...] sero como que
verdadeiros espelhos
a refletirem de ngulos diversos o mesmo rosto afvel e amoroso de
Deus. Tudo ser como
uma admirvel sinfonia, onde a diversidade dos tons e das notas
se articular numa msica
divina e indizivelmente harmoniosa (p.90-91).
5.5 Cu como Deus: tudo em todas as coisas
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Deus ser tudo em todas as coisas, que no cu veremos como Deus o
princpio, o corao e
o fim de cada coisa. [] amamos todas as coisas que nosso amor
ama [] as estradas so
relacionadas com o ser amado. [] na situao de cu nosso amor Deus
(p.91).
5.6 A grandeza e a essncia do mundo ser ponte
Sua [Deus] grandeza e essncia ser ponte, ser percussor da meta
que Deus. [] Cu
consiste em amarmos Deus em cada coisa. 'Amai os animais, amai
as plantas, amai cada
coisa. Se vs amai cada coisa, cs compreendereis o mistrio de
Deus nas coisas', ensinava
Dotoievski nos Irmos Karamazovi (p.92).
5.7 No cu veremos Deus assim como Ele
A situao de cu, a entrada num novo mundo, onde Deus constitui a
grande novidade
(p.93).
5.8 No cu seremos todos em Cristo?
Deus se encarnou porque o homem podia ser assumido por Deus. []
existe a
possibilidade de sermos assumidos por Deus. Nossa natureza
espiritual assim estrutura que
capaz do infinito. [] Deus ser em ns tudo, de forma que nos ser
mais ntimo a ns
mesmos que ns o somos a ns mesmos (p.93-94).
5.9 Se o cu for descanso...
Ser histria do homem com Deus, histria do amor e da indefinida
divinizao da criatura.
[] Deus um mistrio infinito e no um enigma que se dissolve ao
ser conhecido. No
mistrio de Deus o homem penetra mais e mais. [] Jamais seremos
como Deus. Mas
poderemos nos assemelhar mais e mais a Ele, na medida em que
penetremos em seu mistrio
e nos for revelada a profundidade sem limites de seu Amor
(p.95).
5.10 O cu comea na terra
O cu [] a potencializao daquilo que j na terra experimentamos.
Sempre que na terra
fazemos a experincia do bem, da felicidade, da amizade, da paz e
do amor, j estamos
vivendo, em forma precria mas real, a realidade do cu(p.96).
CAPTULO 6
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O INFERNO: A ABSOLUTA FRUSTAO HUMANA
6.1 O cristianismo como a religio do amor, do Deus que homem, do
homem novo e do
futuro absoluto
O cristianismo apresenta o Deus que criou tudo por amor; que
quis companheiros no seu
amor. [...] Quando Cristo se levantou na Galileia comeou
anunciar o Reino de Deus. Ele foi
o homem revelado, totalmente livre, totalmente aberto a todos,
que conseguem amor a todos,
amigos e inimigos, at o fim. [...] O amor mais forte que a
morte.[...] Se ele ressuscitou, ns
seguimos. Ele apenas o primeiro dentre os mortos. Os apstolos
logo viram: s Deus podia
ser to humano assim. Esse Jesus de Nazar era Deus mesmo feito
homem, andando entre
ns (p.98-99).
[...] o grande filsofo Celso apresenta o que o cristianismo: a
religio do homem novo,
liberto das estruturas desse velho mundo, tambm das convenes
criadas pelos homens
(p.99).
6.2 O cristianismo como uma religio que toma o homem
absolutamente a srio
[...] o cristianismo uma religio do amor. [...] Amor sem
liberdade no existe. O amor
uma doao livre. Amor dizer sim e amm para outro tu (p.100).
6.3 O homem possui uma dignidade absoluta: de poder concorrer
com Deus e dizer-lhe
um no
O homem possui uma dignidade absoluta: de poder dizer um no a
Deus. Ele pode fazer uma
histria para si, centrada sobre seu eu e seu umbigo (p.101).
6.4 O homem relativo pode criar algo absoluto
Ele cria realmente algo novo, como Deus tambm criou o cu e a
terra (p.101). H uma
coisa que Deus no criou porque no quis, e apesar disso existe,
porque o homem criou,
quando odiou, quando explorou seu irmo,[...] que ns chamamos de
inferno. O inferno no
uma criao de Deus, mas o homem. Porque existe o homem mau, o
homem egosta e o
homem fechado em si mesmo, existe o inferno, criado pelo prprio
homem.[...] O inferno no
vem de Deus. Vem de um obstculo posto a Deus pelo pecador
(p.102).
6.5 O inferno existe, mas no aquele dos diabinhos com
chifres
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O inferno uma inveno dos padres para manter o povo sujeito a
eles. [...] Mas no posso
anunciar essa novidade. Porque ningum pode negar o mal, a
malcia, a m vontade, o crime
calculado e bem querido, e a liberdade humana (p.102). [...]
Inferno um estado do homem,
que se identificou com sua situao egosta que se petrificou com
sua deciso de s pensar em
si em suas coisas e no nos outros e em Deus. algum que disse um
no to decisivo que
no quer e no pode mais dizer sim (p.103).
6.6 O que a Sagrada Escritura diz sobre o inferno
[...] os textos atinentes ao inferno consiste na realidade
triste do homem que pode fracassar o
seu projeto. [...] Cristo sabe dessa possibilidade que o homem
tem de construir para si um
inferno. Por isso, elemento essencial de sua pregao reside na
converso, [...] voltar-se para
outro, revolucionar o modo de pensar e de agir, no sentido de
Deus e da proposta divina
(p.103).
a) O inferno como fogo inextinguvel: Aqui o fogo o smbolo, para
o homem antigo,
daquilo que h de mais dolorido e destruidor. [...] Mas o fogo do
inferno, de que falam
as Escrituras no fogo fsico. Ele no poderia agir sobre esprito.
to somente
figura, talvez uma das mais expressivas para nos dar uma ideia
da absoluta frustrao
do homem, longe de Deus (p.104).
b) O inferno como choro e ranger de dentes: Chorar e ranger os
dentes so aqui figuras
e metforas para uma situao humana de revolta impotente e sem
sentido, que no
conhece uma sada e arrancada feliz (p.105).
c) O inferno como as trevas exteriores: No inferno, na situao
que ele escolheu, no
encontra o que busca com anelos mais profundos de seu corao. Ele
vive nas trevas
exteriores, no exlio e fora da casa paterna (p.105).
d) O inferno como crcere: um prisioneiro de seu pequeno mundo
que se criou e a
est s: no pode mover-se e nada fazer (p.105).
e) O inferno como um verme que no morre: Pode significar tambm o
verme da m
conscincia que corri e no lhe deixa nenhuma interior
(p.105).
f) O inferno como morte, segunda morte e condenao: O inferno a
morte, ou mesmo
como segunda morte. Se Deus vida, ento a ausncia de Deus morte
(p.106).
-
15
g) Valor destas imagens: O inferno amputa o homem em sua
qualidade de homem: foi
chamado liberdade e vive num crcere; chamado luz e vive nas
trevas; chamado a
viver na casa paterna com Deus e deve viver fora, nas trevas
exteriores; [...] O valor
das imagens reside em ficarem imagens: de nos mostrarem a situao
do condenado
como irreversvel e sem esperana (p.106).
6.7 O inferno como existncia absurda
[...] o inferno uma existncia absurda que se petrificou no
absurdo. [...] Sem sentido
ningum pode viver. O inferno significa no ter mais futuro, no
ver mais sada nenhuma, no
poder realizar nada daquilo que quer e deseja. E a solido o
inferno. Feitos fomos para amar.
Amar dar e receber. (p.107).
6.8 possvel o homem criar-se um inferno e dizer no
felicidade?
O homem sempre busca felicidade. s vezes ele se engana. [...]
Deus apareceu incgnito na
pessoa do necessitado e no foi reconhecido. Por isso o homem
acostumado querer mal ao
outro, a explor-lo, a no ter compaixo por ele, a no se lembrar
dos outros[...]. Dizer cu e
dizer inferno referir-se ao que o homem capaz. [...]
(p.108-109).
6.9 possvel o homem criar-se um inferno e dizer no
felicidade?
O inferno uma deciso de toda a vida e da totalidade de nossos
atos. nossa vida como
totalidade que marca nosso destino futuro, no este ou aquele
ato. Os atos revelam nosso
projeto fundamental. A deciso fundamental e definitiva do homem,
como vimos
anteriormente, realiza-se na morte (p.110-111).
6.10 Concluso: realismo cristo
Cristo um ser extremamente realista. Conhece a existncia humana
em sua dialtica,
distendida entre o bem e o mal, o pecado e a graa, a esperana e
o desespero, o amor e o
dio, a comunicao e a solido (p.111).
CAPTULO 7
O ANTICRISTO EST NA HISTRIA
O anticristo possui os significados bblicos e histricos.
-
16
7.1 Histria bi-frons: Cristo e Anticristo
Anticristo desmitologizado no contexto geral da histria da
salvao que cobre toda
histria. [...] histria do bem e do mal, da mentira e da verdade,
da alienao e da
realizao (p.114).
Cristo uma dimenso, um nome para indigitar uma realidade
histrica: amor-doao, se
instaura a justia, triunfa a verdade e se estabelece comunho com
Deus.[...] Esta compre do
Cristo nos faz entender o que significa o Anticristo [...] trata
de uma atmosfera oposta
atmosfera-Cristo. a histria do dio no mundo (p.115).
7.2 O mistrio da iniquidade: o Anticristo
O Anticristo a articulao do mal na histria.[...] O estatuto
ontolgico e criacional do
homem constitudo pela sua permanente referncia a Deus. [...] A
dimenso Anticrito resulta
da vontade do homem de concorrer com Deus a dizer: na minha fora
eu decido, vivo e
construo. [...] Essa autosseguramento do homem esquecido de sua
imbricao com Deus,
mesmo no ato de negar a Deus pode articular-se no nvel pessoal.
Ento surge o egosmo, a
inveja, o orgulho, o fanatismo de quem cr possuir em si os
critrios de julgar os outros
(p.116-117).
7.3 O Anticristo no Novo Testamento: veio dos nossos, mas no era
dos nossos
Se o Anticristo constitui uma atmosfera de orgulho e
autosseguramento do homem contra
Deus, que se instaurou na histria, ento ela recrudescer em
intensidade quando mais se
avizinhar o termo do mundo. Era o que pensava a comunidade
primitiva. [...] Anticristo o
querer erguer-se acima de tudo que se chama Deus ou for objeto
de culto, at sentar-se no
Templo de Deus, apresentando-se como Deus[...] (2Ts 2,3ss).
Portanto, a vontade de poder e
de autposicionamento at loucura do autoedeusamento instauram a
essncia do Anticristo
(p.119-120).
Essa perspectiva vem terrificamente descrita por So Joo no
Apocalipse. No captulo treze,
utilizando tradies aluses histria contempornea dos imperadores
romanos e a mstica
dos nmeros do Antigo Oriente, So Joo pinta o surgimento de duas
bestas, uma do mar e
outra da terra. A besta surgida do mar (Imprio Romana)
representa o poder poltico bestial e
tirnico que se proclama a si mesmo como Deus. [...] A segunda
besta, surgia da terra, est a
-
17
srvio do poder poltico: seu empresrio, chefe da propaganda a
telogo do Anticristo. [...]
Atmosfera do mal e da rebeldia contra Deus produz um esprito de
Anticristo que se articula
em representaes coletivas, diante das quais o indivduo
dificilmente pode proteger. A
histria no um processo impessoal. As foras coletivas, as
ideologias de poder assumem
corpo em personalidades individuais e histricas. Por isso o
Anticristo poder ser ambas as
coisas: tanto uma atmosfera como uma pessoa que a encarna ou em
quem ele se encarna
(p.120-121).
7.4 O Anticristo est na histria: vigiai!
O Anticristo est em ao na manipulao do poder poltico e
religioso; seu esprito vive nas
injustias universais de ordem estrutural; ele se imiscui nos
projetos humanos mais bem-
intencionados como egosmo, vontade de autopromoo e instinto de
discriminao (p.121).
Captulo 8
O FUTURO DO MUNDO: TOTAL CRISTIFICAO E DIVINIZAO
O que se d com a vida humana d-se tambm com o cosmos:[...] O
cosmos todo, assim o
cr a f crist, est chamando a uma total cristificao e divinizao.
Ele faz parte da prpria
histria de Deus. Por isso ele definitivamente imperecvel. [...]
H uma gestao csmica
da realidade futura do mundo e da matria. A palavra criadora de
Deus ainda no foi
pronunciada totalmente. [...] Acostumar-se a ver o mundo com os
olhos de Deus iniciar-se
na esperana e comear a viver de uma grande promessa
(p.124-125).
8.1 O fim j presente no comeo e no meio
O sentido radical do mundo proclamado pela f crist no emerge
apenas no fim. No termo
ele se manifestar plenamente.[...] Se olharmos para o caminho
percorrido pela evoluo
percebemos, sem necessidade de grandes mediaes, que houve uma
linha ascendente.[...]
Mas o fim bom, proclama gritando a f crist, e, desde que Jesus
Cristo ressuscitou dentre
os mortos, ele est garantido para toda a realidade. O fim j est
presente no comeo, quando
o primeiro tomo criado comeou a vibrar. [...] Em vez de falarmos
em fim do mundo,
deveramos, pois, falar em futuro do mundo (p.125-127).
8.2 Qual o futuro do cosmos?
-
18
O homem chamado a algo maior, isto , a ser assumido por Deus de
tal forma, que
semelhana de Jesus Cristo, Deus-Homem, Deus seja tudo em todas
as coisas e forme com o
homem uma unidade inconfundvel, imutvel, indivisvel e
inseparvel. O cosmos est
consagrado a participar desta divinizao e cristificao.
Primeiramente o cosmos (a matria e
a vida infra-humana) a expresso de Deus Criador. Enquanto
expresso de Deus
representa sua revelao. Por isso com razo dizamos que cosmos
pertence histria de
Deus (p.127).
[...] o mundo possui um significado em si, independente do
homem, como revelao e
expresso de Deus para Deus mesmo.[...] O futuro do mundo
consiste em ele poder revelar
Deus de forma perfeita e transparente.[...] Deus por sua vez
penetrar todos e cada um dos
seres de tal forma que Ele ser,[...] na consumao e na revelao do
futuro do mundo cada
revelar seu carter crstico e filial. [...] Jesus Cristo o Filho
encarnado [...] de todas as
coisas, especialmente de cada homem (p.128-129).
8.3 Um modelo antecipado do fim: Jesus Cristo ressuscitado
Em Jesus Cristo ressuscitado temos um modelo que nos permite
vislumbrar a realidade
futura da matria. Seu corpo material foi pela ressureio
transfigurado. (p.129).
8.4 Quando se alcanar a meta final?
[...] quando se der a vida de Cristo, [...] a prometida
restaurao que esperamos j comeou,
[...] pela encarnao, Deus assumiu o mundo e a matria;
diretamente na realidade humana,
espiritual e corporal de Jesus de Nazar; [...] Deus mesmo tocou
e entrou no processo de
evoluo ascendente. Com isso levou algum de ns, Jesus de Nazar,
meta final,
divinizando-o e sendo nele Deus tudo em tudo. [...] Jesus Cristo
ressuscitado est acima do
espao e do tempo. Seu corpo ressuscitado est presente a todas as
coisas, penetra toda a
realidade criada (p.130).
A consumao e advento do futuro acabado do mundo se completar
quando o Cristo, que j
veio, aparecer em grande poder glria. [...] Ento emergir o novo
cu e a nova terra. Deus
no substitui o velho pelo novo. Faz do velho novo. [...] Quando
isso se der, ento ter
acabado tambm a funo unitiva e redentora de Cristo csmico: et
tunc erit finis, o mundo
implodira e explodir para dentro de sua verdadeira meta
(p.131-132).
-
19
8.5 O que Cristo ensinou sobre o fim do mundo?
Sua resposta para ns desconcertante e paradoxal: por um lado d
claramente a entender
que Ele mesmo desconhece o momento do irromper do fim; por
outro, no deixa dvidas que
ser em breve, no tempo de seus contemporneos. [...] As seguintes
frases de Cristo : (Mc
9,1; Mt 10,23) (p.132).
Jesus, Deus-Encarnado, participou realmente de nossa condio
humana: teve um
crescimento no saber e em toda sua realidade humana; foi tentado
realmente, teve f e foi
maior testemunha da f; participou tambm da cosmoviso cultural da
poca, que era a
apocalptica. [...] Deus assumiu um homem concreto e no uma
natureza abstrata; um homem
dentro de uma cultura, com um tipo de conscincia nacional, com
categorias de expresso
culturalmente condicionadas. Foi nessa humanidade concreta e no
apesar dela quer Deus se
manifestou. [...] o importante no saber a hora e o dia (o
equvoco), mas vigiar e estar
preparados e ter certeza inarredvel (p.134).
A protelao da parusia (vinda de Cristo e meta do mundo) trouxe
sem dvida uma certa
decepo em muitos cristos do sculo I. [...] (2Pd 3,8-10) Pedro se
coloca na mesma situao
de Jesus: ningum seno o Pai conhece o momento e a hora; contudo,
o fim vir quando se
espera (p.136).
8.6 Concluso: o cristo um permanente paroquiano
O tempo de agora um tempo de entre-tempo, do j e do ainda-no,
entre a f no futuro
presente, mas ainda no totalmente realizado e a esperana de que
ele enfim se manifeste com
toda a patncia. [...] o cristo deveria ser algum de extrema
jovialidade, bom humor e alegria
cordial. [...] O verdadeiro cristo tem rosto voltado para
futuro, donde vir aquele que j veio.
Ele espera na alegria de quem sabe: Ele vem e vem em breve
(p.139).
Captulo 9
COMO SER O FIM: CATSTROFE OU PLENITUDE?
9.1 O que escatologia e o que apocalptica?
urge saber distingui claramente qual a mensagem intencionada e
qual representao
cultural dessa mensagem. [...] A escatologia (os fins
derradeiros do homem) fala do presente
-
20
em funo do futuro; experimentamos aqui o bem, a graa etc., em
forma imperfeita. [...] A
apocalptica fala a partir do futuro em funo do presente. um
gnero literrio como nossos
romances futuristas. [...] No gnero apocalptico se mostra sempre
como o bem triunfa, e
como Deus senhor da histria, destruindo como apenas um sopro de
sua boca todos os
inimigos dos homens e de Deus. [...] A exegese catlica e
protestante no ensina hoje que [os
textos do ] apocalipse foram reunidos e elaborados coerentemente
quando a Igreja passa pela
terrvel perseguio de Nero (54-68) e mais tarde na perseguio de
Domiciano (69-79)
(p.140-141).
[...] no devemos hoje cometer os erros que geraes inteiras no
passado cometeram:
tomavam os textos apocalpticos ao p da letra, como reportagem
antecipada do futuro
(p.142).
9.2 O modelo de representao apocalptico
As representaes do futuro do mundo e da total manifestao de
Cristo e de Deus so
inevitveis. [...] O importante darmo-nos conta de que as
descries so imagens e
representaes e no prpria realidade, mas de fato representaes,
sempre condicionadas
pela cosmoviso da poca. Por isso as imagens variam de poca em
poca. [...] As nuvens
simbolizam a proximidade de Deus, e o trono a glria a fim de
julgar todas as naes. [...] O
fogo constitui um elemento simblico de purificao e do juzo
acrisolador de Deus, como
aparece claro em textos paralelos do Antigo Testamento. [...] O
mundo no ser exterminado.
Ele permanece porque obra do amor divino e tambm humano. Segundo
At 3,21 haver uma
geral reconciliao, respeitadas as decises livres dos homens; ou,
como diz o prprio Cristo,
suceder uma palingenesia, isto , um novo nascimento de todas as
coisas (Mt 19,28). O fim
do mundo seu verdadeiro gnesis, seu real comeo e um completo
acabar de nascer (p.143-
145).
9.3 O modelo de representao teilhardiano
[...] modelo de representao de meta do mundo, dentro das
coordenadas de uma
compreenso evolutiva do mundo. O universo fruto de processo
milhes e milhes de anos
de evoluo,[...] Creio que o universo uma evoluo. Creio que a
Evoluo de dirige ao
Esprito. Creio que o Esprito se realiza no Pessoal. Creio que o
Pessoal supremo Cristo o
universal(p.145-146).
-
21
[...] Podemos, e certamente devemos, admitir que a parusia
encontre no uma humanidade
morta [...]: a humanidade e o mundo devero ter desenvolvido suas
foras latentes at um
grau altssimo de realizao. [...] O universo e a humanidade
atingem seu ponto mais alto, e
por isso sua meta, se se perderem para dentro de Deus. na fuso
de amor com Deus que
tudo ganha se sentido; caso contrrio, a evoluo um descaminho e
um fatal absurdo. [...]
Isto significa que haver um deslocamento radical do centro de
gravidade da evoluo; haver
uma excentrao em Deus. Nesse perder-se doloroso e purificado, o
mundo e o homem se
encontraro definitivamente, porque estaro para sempre em Deus,
porque unir-se [...]
emigrar e morrer parcialmente para aquilo que a gente ama
(p.146-147)
9.4 No sabemos nem como nem quando
No modelo teilhardiano o mundo deixa emergir o que vai
carregando dentro de si e nele est
em crescimento. A histria est grvida de Cristo e a criao inteira
est gemendo e sentido
dores de parto, aguardando acabar de nascer. [...] O futuro da
histria est dentro dela; ela vai
realizando e revelando lentamente. [...] Passa certamente a
figura deste mundo deformada
pelo pecado, mas aprendemos que Deus prepara morada nova e nova
terra. Nela habita a
justia e sua felicidade ir satisfazer e superar todos os desejos
de paz que sobem nos
coraes dos homens. [...] Aqui se ensina claramente: o fim do
mundo no uma catstrofe,
mas uma plenitude (p.147-148).
9.5 Futuro imanente do mundo tcnico e futuro transcendente do
mundo
[...] forma de um futuro tcnico do mundo, onde as velhas utopias
de riqueza ilimitada, prazer
indefinido, permanente juventude e beleza e dominao sobre os
elementos ver-se-iam enfim
realizadas.[...] O otimismo teilhardiano, alimentado em grande
parte pela certeza da f acerca
do fim bom prometido por Deus, no pode apagar as profundas
ambiguidades em que est
envolta a histria da liberdade humana. [...] O mundo como est no
pode ser lugar do Reino
de Deus. Ele deve ser profundamente transformado (p.149).
As diverses no deixam nenhum tempo livre e nenhum momento para o
homem sentar-se e
refletir... No se pode combinar Deus com as mquinas, com
medicina cientfica e com prazer
geral. Precisamos escolher. Nossa civilizao escolheu mquinas,
medicina e prazer
Esse paraso absolutamente estril. No deixa o homem ser homem.
Manipula-o como
pode e afoga-o em sedativos que aumentam alienao e a saudade da
prpria verdade. [...] O
-
22
homem foge da morte, sendo reduzido a formas de vida
inconscientes e pr-humanas a ponto
de os homens abenoarem a boa e velha forma de morrer. [...] A
total realizao humana e
csmica anunciada pela f crist no o resultado exclusivo do esforo
humano. muito
mais obra de Deus. [...] O futuro no se chama reino dos homens,
mas Reino de Deus, onde
Deus ser tudo em todas as coisas (p.150-151).
9.6 A vinda de Cristo como graa e juzo j est ocorrendo
Se o fima-meta j est presente no meio do mundo, ento nada mais
normal do que
afirmarmos que a vida de Cristo j est acontecendo, seja como
graa consoladora, seja como
juzo purificador. [...] O ressuscitado intervm no mundo. Para os
olhos da f h situaes
histricas que so verdadeiros juzos de Deus sobre o mundo. [...]
O juzo de Deus comea
pela prpria casa, isto , pela Igreja. [...] juzos por falta de
fidelidade e abertura para a
novidade do Esprito.[...] Tudo o que passou ganha um carter de
eternidade que jamais
poder ser aniquilado. Anda que seja reduzindo ao nada, sempre
verdade que uma vez
existiu por obra e graa de Deus. A f, porm, afirma mais: o
universo est destinado a
participar da prpria histria ntima de Deus. Por isso nada se
perde, mas tudo ser
transformado e transfigurado (p.151-153).
CAPTULO 10
ENFIM VER-SE-; DEUS ESCREVEU DIREITO POR LINHAS TORTAS: O
JUZO
FINAL
9.1 A comunho de todos com tudo
As Sagradas Escrituras representam a grande revelao de Deus e da
verdade das criaturas
em forma de um juzo num tribunal (Mt 5, 25-26; Lc 18, 1-8) ou de
uma liquidao de contas
(Mt 18, 22-35; 25,14-30; Lc 16, 1-9).[...] Efetivamente,
trata-se de imagens humanas. A
forma de julgamento, como dizia Toms de Aquino, ningum pode
saber com certeza,[...]
cujo juzo vai finalmente realizar o povo dos santos. As imagens
que apresentam esse Juzo
no pretendem tanto descrev-lo como levar os homens a que se
convertam pela f (p.156).
Enquanto os homens vivem, o sentido da vida, dos atos e dos
encontros pode manter-se
latente. Tudo est ainda em aberto, porque o tempo do risco, do
livre-arbtio para o bem e
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23
para o mal, tempo de converso. Na morte se d grande sntese da
vida. Ento se esclarece o
sentido de cada ato e entelquia de cada encontro
(p.156-157).
[...] O juzo particular, na morte, est numa direta coordenao com
juzo universal, porque o
homem, embora sntese do todo, um momento de processo universal
que o transcende: a
histria da criao toda. [...] devemos ver o juzo particular que
se desenvolve depois da
morte em relao dinmica com o juzo final (p.157).
9.2...E aparecer o plano de Deus
Este, no decurso da histria, no se mostra na sua potncia divina.
Deus no costuma
intervir, miraculosamente, para vingar a justia ou salvar a
humanitas, manipulada e
vilipendiada pelo prprios homens.[...] A f nos diz que h um
sentido. Ns o cremos, mas
no o vemos. Ele conhece, geralmente, a forma kentica da cruz e
no o modo doxolgico da
ressureio. A histria leva em seu corao a angstia do sem-sentido
que faz sangrar e
aumenta no homem a nsia pela total revelao do Logos que penetra
todas as coisas (p.158-
159).
[...] Ento veremos como Deus escreveu direito por linhas tortas.
Ento Deus ter ouvido a
splica dos sculos: Senhor, deixa-me ver tua face (Ex 33,17s),
Senhor, mostra-nos o Pai e
isso nos basta! (Jo 14,8). Ento Deus, que ningum jamais viu (Jo
1,18), se mostrar assim
como Ele , e o veremos face a face (1Cor 13,12; Ap 22,4). Ento
isso nos bastar, porque
teremos lido o pensamento e ouvido o juzo de Deus sobre cada
coisa. Amm! (p.160)
CAPTULO 11
UMA ESPIRITUALIDADE ESCATOLGICA; SABOREAR DEUS NA
FRAGILIDADE HUMANA E FESTEJ-LO NA CADUCIDADE DO MUNDO
[...] escatologia [...] no a doutrina dos fins ltimos do homem,
mais a meter-lhe medo do
que consol-lo. A escatologia uma reflexo sobre a esperana crist.
[...] Dizer esperana
dizer presente, mas tambm futuro. E gozar de um j presente, na
expectativa de que se revele
plenamente porque ainda-no se comunicou em totalidade. Deus
mesmo o Deus da
esperana (Rm 15,13). [...] Porque o Deus do futuro e da esperana
do amanh de nossa
vida, Ele sempre se revela como Aquele que liberta o homem de
suas ligaes com o passado,
-
24
para que cada um esteja livre para seu futuro.[...] O cu e a
total divinizao do mundo esto
se moldando, lentamente, dentro do horizonte de nossa existncia.
Vo crescendo e
madurando, at acabarem de nascer (p.161-162).
11. 1 O j e ainda-no: festa e a contestao
[...] aquilo que j e aquilo que ainda-no-, mas que possvel;[...]
O j constitui o futuro
realizado. O Ainda-no forma o futuro em aberto. Enquanto a
esperana v o futuro e o Reino
j presentes no meio de ns, no bem, na comunho, no fraternismo,
na justia social, no
crescimento verdadeiramente humano dos valores culturais. [...]
Da que surge a festa no
corao da vida. [...] Ela uma antecipatria participao da festa do
homem com Deus. [...]
Na fragilidade humana, verdade, onde h ameaa de pecado, de perda
[...]. A esperana sabe
que espera. Mas no s. Sabe tambm, embora imperfeitamente, o que
espera: a total
realizao na eternidade daquilo que de verdadeiro e de vivencia o
tempo (p.162).
O que se ope f e esperana no tanto a descrena e o atesmo. Mas o
medo e a
inquietao. A f e a esperana nos asseguram que estamos sempre
aconchegados nas mos
de Deus que circunda e penetra. [...] S a f crist nos permite
saborear Deus na fragilidade
humana e festeja-lo na caducidade da figura deste mundo que
passa (1Cor 7,31). Contudo, o
j no pode ser absolutizado. Ele est sempre aberto para o
Ainda-no que vir (p.163). [...]
O no supe um sim prvio a algo futuro e possvel.[...] O futuro,
pois, levada o presente,
fazendo que ele cresa e mais na linha da total manifestao e
parusia daquilo que vai
carregando como promessa dentro de si. A histria toda
apresenta-se, assim, como um
laboratorium salutus possibilis (E. Bloch) (p.165).
11. 2 O Crux, ave, spes nica
As ltimas reflexes nos advertiram que a alegria crist e
escatolgica no uma alegria de
bobos alegres. Estes se alegram pelo simples fato de se
alegrarem (p.165).
Quem se entrega, como Jesus na cruz, [...] este j experimentou
as foras de ressurreio e
pode cantar, em meio a dores, aleluia. Para esse a cruz fonte de
alegria e paz que o mundo
no pode dar, mas s a f. [...] Histria experincia de cruz, e,
precisamente, no seu sentido
desorientador de que a experincia da cruz, a angstia da morte e
as trevas do abandono de
Deus sofridas por Um s revertem sobre a histria inteira, em
primeira linha, sobre os que
pautaram sua vida pela daquele nico (p.166-167).
-
25
11. 3 Venha a ns o vosso Reino!
Esse pedido o central de todo o Pai-nosso caracteriza
profundamente a atitude crist.
Vivemos, [...] na expectativa de irromper o Reino. Que ele
venha! [...] Esta expectativa nos
lembrada durante todo ano litrgico [...]. A liturgia em geral
celebra o Christus praesens,
realizando sua parusia sob sinais de f.[...] em cada um o Senhor
vem e mata a saudade
salvfica do homem, mas deixa tambm uma ausncia sentida e
sofrida: no o vemos face a
face (p.167-168).
Quando estourar a parusia, ento cairo os vus sacramentais:
veremos a graa neles contida,
diretamente. A funo dos sacramentos ter passado para sempre
(p.168).
11. 4 A verdade no o que , mas o que ainda ser
[...] ento a verdade no reside apenas naquilo que , mas
principalmente naquilo que ainda
no , mas ser. [...] a verdade do homem no est no homem como se
encontra hoje, mas no
homem como ser amanh e como j foi, antecipatoriamente,
manifestado em Jesus
ressuscitado (p.169).
Misso do cristianismo ser germe de esperana no mundo, do Deus da
esperana (Rm
15,13) e de Cristo nossa esperana (Cl 1,27). manter entre os
homens permanentemente a
abertura para o futuro absoluto. [...] S Deus e Jesus Cristo
ressuscitado. Conduzir os homens
para o espao da esperana que repleta o cor inquietum significa
anunciar: o futuro que
germinalmente est em ns e cuja manifestao anelamos ansiosamente
h de ser realizado
definitivamente por meio daquele que primeiro o realizou em sua
vida, morte e ressurreio e
que nos disse ter o poder de renovar todas as coisas e de criar
novos cus e nova terra (p.169-
170).
A f esperanosa ento suspira. Maranatha! Veni Domine, Jesu! Vem
Senhor Jesus! (p. 170).