1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X DISCUTINDO GÊNERO E RAÇA COM TURMAS DE GRADUAÇÃO 1 Vera Simone Schaefer Kalsing 2 Resumo: Este texto aborda o trabalho desenvolvido em sala como professora de Sociologia em cursos de graduação da Universidade Federal de Lavras, que consiste em problematizar questões relacionadas a três tipos de desigualdade persistentes no Brasil: social e econômica, de gênero e racial. Mediante a apresentação de dados da realidade brasileira e a abordagem de questões históricas, sociais e culturais, à luz de referenciais teóricos da sociologia, questiona-se sobre o papel desta, como Ciência do Social, na desconstrução de mitos e preconceitos disseminados na realidade social. Palavras-chave: desigualdade social e econômica, desigualdade de gênero, desigualdade racial, naturalização, interseccionalidade. Introdução Sou professora de Sociologia para vários cursos de graduação da Universidade Federal de Lavras. E, desde 2010, desenvolvo um trabalho em sala que consiste em: uma dinâmica de grupo, onde cada um recebe uma frase, sobre a qual deve discutir e após, apresentar a síntese da discussão. Algumas frases são trazidas de forma invertida ou alterada propositadamente, como: “Mulher não chora”; “Menino brinca de boneca”; “Lugar de homem é na cozinha”; “Em briga de marido e mulher, deve se meter a colher”; “Os brancos são inferiores aos negros”. Outras, não: “As oportunidades são iguais para todos”; “Pobre é pobre porque é vagabundo”; “Marginal nasce marginal”; “Brancos e negros têm oportunidades iguais no Brasil”; “Mulher nasce para apanhar”. Caso a frase esteja invertida ou escrita de forma diferente da que “normalmente” costumamos ouvir, os grupos devem “consertar” a frase e só então se posicionar. Após as apresentações das sínteses dos grupos, são feitos debates. O objetivo é problematizar e desconstruir ideias prévias, provocar, deixar aflorar pré- conceitos que os/as estudantes trazem de antemão. Entendemos que muitas dessas frases possuem força social e, de tão repetidas, se tornam verdades inquestionáveis, passando a ser aceitas como 1 Este trabalho será apresentado no congresso graças ao apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG). 2 Mestre e Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Professora Adjunta do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Minas Gerais. Atua no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável e Extensão (PPGDE) do Departamento de Administração e Economia (DAE/UFLA). Suas áreas de estudos e pesquisa são: gênero e a intersecionalidade entre gênero, raça e classe social.
14
Embed
DISCUTINDO GÊNERO E RAÇA COM TURMAS DE … · 1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
1
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
DISCUTINDO GÊNERO E RAÇA COM TURMAS DE GRADUAÇÃO1
Vera Simone Schaefer Kalsing2
Resumo: Este texto aborda o trabalho desenvolvido em sala como professora de Sociologia em
cursos de graduação da Universidade Federal de Lavras, que consiste em problematizar questões
relacionadas a três tipos de desigualdade persistentes no Brasil: social e econômica, de gênero e
racial. Mediante a apresentação de dados da realidade brasileira e a abordagem de questões
históricas, sociais e culturais, à luz de referenciais teóricos da sociologia, questiona-se sobre o papel
desta, como Ciência do Social, na desconstrução de mitos e preconceitos disseminados na realidade
social.
Palavras-chave: desigualdade social e econômica, desigualdade de gênero, desigualdade racial,
naturalização, interseccionalidade.
Introdução
Sou professora de Sociologia para vários cursos de graduação da Universidade Federal de
Lavras. E, desde 2010, desenvolvo um trabalho em sala que consiste em: uma dinâmica de grupo,
onde cada um recebe uma frase, sobre a qual deve discutir e após, apresentar a síntese da discussão.
Algumas frases são trazidas de forma invertida ou alterada propositadamente, como: “Mulher não
chora”; “Menino brinca de boneca”; “Lugar de homem é na cozinha”; “Em briga de marido e
mulher, deve se meter a colher”; “Os brancos são inferiores aos negros”. Outras, não: “As
oportunidades são iguais para todos”; “Pobre é pobre porque é vagabundo”; “Marginal nasce
marginal”; “Brancos e negros têm oportunidades iguais no Brasil”; “Mulher nasce para apanhar”.
Caso a frase esteja invertida ou escrita de forma diferente da que “normalmente” costumamos ouvir,
os grupos devem “consertar” a frase e só então se posicionar. Após as apresentações das sínteses
dos grupos, são feitos debates.
O objetivo é problematizar e desconstruir ideias prévias, provocar, deixar aflorar pré-
conceitos que os/as estudantes trazem de antemão. Entendemos que muitas dessas frases possuem
força social e, de tão repetidas, se tornam verdades inquestionáveis, passando a ser aceitas como
1 Este trabalho será apresentado no congresso graças ao apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais
(FAPEMIG). 2 Mestre e Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Professora Adjunta do
Departamento de Ciências Humanas da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Minas Gerais. Atua no Programa de
Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável e Extensão (PPGDE) do Departamento de Administração e Economia
(DAE/UFLA). Suas áreas de estudos e pesquisa são: gênero e a intersecionalidade entre gênero, raça e classe social.
2
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
naturais. Verdades que reforçam preconceitos e ajudam na manutenção da situação de desigualdade
de determinados grupos sociais.
As frases foram divididas por temáticas, abordando três tipos de desigualdade: social e
econômica, de gênero e de raça, por considerar extremamente importante problematizar
teoricamente estas questões e por entender que muitos mitos, tabus, estereótipos e preconceitos
foram construídos ao longo da história da humanidade e se tornaram pilares de sustentação de
valores cristalizados na cultura e levaram certos grupos sociais, considerados “minorias” e que,
muitas vezes, numericamente, são maiorias, à exclusão social e econômica.
Divido as apresentações de acordo com as temáticas acima destacadas, ressaltando, porém,
que todas as frases podem pertencer ou estar relacionadas a diferentes temáticas, simultaneamente.
A ideia de separá-las serve apenas para facilitar a exposição e discussão nos grupos. As discussões
são bastante acaloradas, considerando, principalmente, as diferenças entre os sexos dos/as
estudantes nas salas, mas também, pelo fato de pertencerem a classes sociais diferentes e em razão
da cor da pele.
Trabalhando em sala com conceitos importantes dos autores clássicos e com temas da
sociologia, como: ideologia, alienação, cultura, cidadania, desigualdade social e econômica, de
gênero e racial, entendo que é possível fazer com que os/as estudantes compreendam a importância
do conhecimento sociológico, independentemente da área de seus cursos. E percebam, outrossim, a
necessidade do conhecimento crítico e a possibilidade de ampliação dos horizontes, das visões de
mundo, a partir do olhar sociológico.
As conclusões dos grupos, muitas vezes, estão ancoradas em preconceitos que se encontram
disseminados no mundo social, e povoam a linha de pensamento do senso comum.
A partir de agora, apresentarei trechos das sínteses entregues pelos grupos, com o objetivo
de problematizar sociologicamente questões debatidas em aula no decorrer das apresentações.
Desigualdade de gênero
Sensibilidade: uma característica feminina?
Na sociedade, existe a crença de que homens e mulheres possuem habilidades e
características naturais diferentes. Características como sensibilidade e emotividade são
normalmente associadas à mulher e, força e racionalidade, ao homem.
3
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
A frase recebida pelos grupos é: “Mulher não chora”. Porém, a que estamos mais
acostumados a ouvir é “homem não chora”. Aqui, discutimos a sensibilidade como característica
essencialmente feminina. Por conta disso, entende-se que a mulher conseguiria melhor que o
homem extravasar suas emoções, enquanto que este não pode deixar transparecer seus sentimentos,
suas emoções, já que isto seria sinal de fraqueza. O homem não deve demonstrar emotividade,
afeto, sensibilidade. Tudo isso põe em cheque sua posição de sexo forte, de dominador.
Os/as estudantes comentam que a mãe educa o filho do sexo masculino para não chorar e a
filha, para ser mais delicada, sendo-lhe permitido o choro e a manifestação de suas emoções. Afinal,
historicamente, a mulher foi vista como o sexo frágil.
Obviamente, eles/as também mencionam as mudanças ocorridas em nossa sociedade. E que
essas frases são manifestações da cultura dominante machista que levou o homem a sempre se
mostrar como forte e a mulher como frágil. O choro é entendido como uma característica do ser
humano, independente do sexo.
Menino brinca de boneca e menina brinca com carrinho
Neste ponto, é problematizada a educação de meninos e de meninas, e a maternidade como
função natural e social da mulher. Questiona-se se a educação entre os sexos se daria da mesma
forma. Ressalta-se que a educação está diretamente ligada aos papéis e aos lugares que homens e
mulheres ocupam na sociedade em razão das características atribuídas aos dois sexos.
“Desde cedo, as meninas são estimuladas a brincarem de boneca e de casinha para que
aprendam a cuidar da casa e, no futuro, desempenhem bem o papel imposto pela sociedade
machista” (síntese do grupo).
O processo educacional não ocorre da mesma forma para os dois sexos. Sabemos que
existem diferenças físicas e biológicas entre os sexos, mas isso não pode determinar que meninos
devam brincar ou se comportar de uma forma e meninas de outra. Em razão disso, são delimitados
os comportamentos que meninos e meninas devam ter. Brincadeiras são diferenciadas, brinquedos,
atitudes, gestos, tudo de acordo com o sexo.
A menina é educada para seguir o exemplo da mãe, por isso, desde cedo, dão-lhe uma
boneca e não um carrinho, como para o menino. Como se no futuro, a mulher não fosse aprender a
dirigir. E como se o menino também não fosse se transformar em pai. Não que isso seja uma regra.
4
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Além disso, ignora-se também o fato de que há mulheres que não desejam ser mães. Ou seja, a
sociedade pressupõe que ser mulher é ser mãe.
As/os estudantes afirmam perceberem mudanças ocorridas em relação a costumes, padrões
culturais, porém, seus posicionamentos, muitas vezes, reforçam valores cristalizados em nossa
cultura. Como exemplo, podemos reproduzir o trecho de um dos trabalhos apresentados em sala:
“Menina brinca com carrinho”. Posicionamento do grupo: “A frase nos traz uma estranha sensação,
pois carrinho não é um brinquedo ‘comum’ ao gosto feminino. Embora esta ideia traga um sentido
de preconceito, é nítida a preferência por parte das crianças do sexo feminino pelas bonecas” (grifo
meu). Como se o bebê já soubesse falar logo ao nascer e dissesse: “eu não quero um carrinho, eu
prefiro uma boneca!”
Ou seja, aqui, o grupo não problematiza os processos de socialização e educação
diferenciados de acordo com o sexo, trata a questão como se fossem características naturais que as
pessoas apresentam. Isto é, menina “naturalmente” vai gostar de brincar de boneca, menina
“naturalmente” deseja ser mãe. Está na essência da mulher o desejo pela maternidade. Não são
problematizados os valores impostos pela sociedade e os preconceitos que as pessoas estarão
sujeitas caso não sigam o padrão, a regra, as normas sociais, falando aqui das sansões sociais de
Durkheim (1973). Por isso, um pai não dará uma boneca ao filho menino, tampouco uma mãe dará
um carrinho à filha menina, temendo as sanções sociais, além da indiscutível preocupação com o
fato de esta ação poder influenciar na construção de sua masculinidade e/ou feminilidade.
Lugar de mulher é na cozinha?
Os/as estudantes mencionam a percepção da existência de locais delimitados na sociedade,
de profissões mais procuradas por homens e, de outras, mais procuradas por mulheres. Trago a
discussão de que, nos próprios cursos de graduação, existem aqueles mais procurados por homens,
como as engenharias, e aqueles mais procurados por mulheres, como Nutrição, Enfermagem e
Pedagogia. Qual seria a razão disso? Será por que essas profissões estariam mais ligadas às funções
que as mulheres desempenham na família: a educação das crianças e o cuidado com os idosos?
Atividades mais associadas às funções das mulheres na sociedade, consideradas como
“naturalmente femininas”, devido ao fato de as mulheres darem à luz.
Conforme Louro (1997, p. 45), “teorias foram construídas e utilizadas para ‘provar’
distinções físicas, psíquicas comportamentais; para indicar diferentes habilidades sociais, talentos
5
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
ou aptidões; para justificar os lugares sociais, as possibilidades e os destinos ‘próprios’ de cada
gênero” (grifo da autora).
As diferenças foram socialmente construídas, apontando o trabalho masculino e o espaço
público como mais valorizado que o trabalho feminino e o espaço privado, doméstico. Assim, outro
conceito importante neste estudo é o de divisão sexual do trabalho, cunhado pelas autoras Helena
Hirata e Danièle Kergoat. Segundo elas,
A divisão sexual do trabalho é a forma de divisão do trabalho social decorrente das
relações sociais entre os sexos; mais do que isso, é um fator prioritário para a
sobrevivência da relação social entre os sexos. Essa forma é modulada histórica e
socialmente. Tem como características a designação prioritária dos homens à esfera
produtiva e das mulheres à esfera reprodutiva e, simultaneamente, a apropriação
pelos homens das funções com maior valor social adicionado (políticos, religiosos,
militares etc.) (HIRATA e KERGOAT, 2007, p. 599).
A desvalorização do trabalho realizado pelas mulheres se reflete nos ganhos obtidos por elas
no mercado de trabalho, existindo uma discrepância no que se refere aos salários recebidos por
homens e por mulheres. Os/as estudantes destacam o fato de as mulheres, muitas vezes, embora
ocupando o mesmo cargo que os homens, não receberem o mesmo salário, ou que, em cargos de
chefia, as mulheres ainda estariam em número bem inferior aos homens.
Violência: coisa de mulher ou coisa de homem?
A argumentação e o posicionamento da maioria dos grupos que apresentam a frase: “Em
briga de marido e mulher, deve se meter a colher”, que, na verdade, não é ouvida dessa forma, mas
ao contrário: “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher” – se dão no sentido de que é
preciso distinguir quando seria somente uma “briguinha” de casal, uma discussão, ou quando
haveria violência doméstica propriamente. Não havendo agressão física, não deveria se “meter a
colher”, pois seria coisa que o casal deveria resolver. Alguns grupos chegam a argumentar que
somente em casos extremos deveria haver alguma interferência externa, porque, afinal, havendo
após o desentendimento uma reconciliação, “quem se meteu”, “acaba ficando em uma situação
constrangedora”. “É complicado dar palpite na relação alheia” (síntese do grupo).
Ou seja, os argumentos situam-se no plano individual, não sendo problematizadas as
questões sociais, situações que provavelmente façam parte de elementos de uma cultura machista e
patriarcal. Argumentam que “cada caso é um caso”. Este ponto é justamente o mais delicado,
6
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
quando os argumentos ancoram-se nitidamente no senso comum, e os grupos se posicionam
unanimemente de forma conservadora em suas apresentações.
Para se contrapor a isso, são mencionadas as teorias, construídas para legitimar
cientificamente e assim, justificar a violência contra as mulheres, comparando-as a animais3 e
também são apresentados dados da violência doméstica no Brasil.
Persiste na cultura machista o mito de que a mulher é o sexo frágil, que não se deve bater em
mulher, quem bate em mulher é covarde, mas as mulheres são tão vítimas... Dados da Organização
das Nações Unidas (ONU) demonstram que “a cada duas horas, uma mulher é assassinada no
Brasil”. De acordo com a ONU Mulheres, 43 mil mulheres foram assassinadas no Brasil na última
década. É uma média de mais de quatro mil mulheres assassinadas por ano! Como explicamos esses
dados? São casos particulares? “Cada caso é um caso?”
As frases encontram eco. As frases trabalhadas em sala alcançam estatuto de verdade. São
mitos que sustentam os pilares da sociedade. Por serem muito repetidas, tornam-se alicerces de uma
sociedade. São verdades inabaláveis que reforçam preconceitos e mantêm a situação de
discriminação e desigualdade entre determinados grupos sociais.
Desigualdade social e econômica
A partir do primeiro semestre de 2012, comecei a passar um vídeo da emissora TV Brasil,
do programa “Caminhos da Reportagem”, intitulado Retratos da pobreza no Brasil4. Ele é
apresentado sempre depois das discussões das frases com as turmas. E, após, fazemos um novo
debate, juntando as frases e os dados mostrados no vídeo.
São apresentados dados sobre a desigualdade social e econômica no Brasil, levantados pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no censo de 2010. E, são trazidas análises e
depoimentos de pesquisadores/as de institutos de pesquisa renomados, como o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Os dados mostram que, entre os
pobres e miseráveis, a maioria são pretos ou pardos e, entre estes, a maioria são mulheres.
3 Conforme Santos (2001), dois dos grandes momentos históricos de lutas políticas das mulheres irão coincidir com
estudos que tentam, especificamente, provar que a mulher é inferior ao homem, da Craniometria, no final do século
XIX, e da Sociobiologia, que ressurgem com muita força nos anos de 1970. Comparações com os animais irracionais
foram feitas para justificar a violência contra a mulher.