DESAFIOS DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES. Mariella de Moraes 1 Eduardo Eugenio Aranha 2 RESUMO A atuação do enfermeiro, dentre vários campos, tem destaque especial no atendimento à família. Sendo assim, neste estudo, estabelecemos como objetivo enfatizar o trabalho do enfermeiro quanto às orientações necessárias para a prevenção da Hipertensão Arterial Sistêmica e aos cuidados com os portadores de Diabetes Mellitus. A hipertensão arterial sistêmica, popularmente conhecida como pressão alta, tem grande incidência no mundo moderno, frente às atuais exigências do modelo político-econômico vigente, assim como pode agravar-se apresentando alto risco cardiovascular. Já o Diabetes Mellitus é conseqüência da incapacidade que o pâncreas apresenta para secretar insulina. para tanto, realizamos revisão da literatura, com abordagem qualitativa, sintetizando e discutindo os resultados. Os resultados indicam que se bem preparados os enfermeiros podem dar assistência pertinente aos problemas de saúde familiares e orientação aos responsáveis sobre como tratar diversas patologias e, entre elas, ao doente que apresenta hipertensão arterial sistêmica e/ou Diabetes Mellitus. Palavras-Chave: Atuação do Enfermeiro. Hipertensão arterial sistêmica. Diabetes Mellitus. ABSTRACT The role of the nurse, one of several fields, has special emphasis on meeting the family. Thus, in this study, we aimed to emphasize the work of nurses regarding the necessary guidelines for the prevention of Hypertension and the care of patients with Diabetes Mellitus. Hypertension, popularly known as high blood pressure, has high incidence in the modern world, in the face of the current requirements of the current politico-economic model, so how can worsen showing high cardiovascular risk. Have Diabetes Mellitus is a consequence of the inability that the pancreas presents to secrete insulin. To this end, we conducted a review of the literature, with a qualitative approach, synthesizing and discussing the results. The results indicate that if well prepared nurses can provide relevant assistance to family health problems and guidance to responsible about how to treat various diseases and, among them, the ill that features hypertension and Diabetes Mellitus. Keywords: Role of the Nurse. Systemic hypertension. Diabetes Mellitus 1 Acadêmica da pós graduação em Gestão em Saúde Pública na Universidade do Contestado – UNC, campus Curitibanos. Rua: Pedro Drissen n° 940 Bairro Nossa Senhora Aparecida, Curitibanos/SC.CEP:89520-000 e-mail:[email protected]. 2 Professor Orientador da pós graduação em Gestão em Saúde Pública na Universidade do Contestado – UNC, Rua:Jair Vieira nº 81,Ed Eliane,apto 303,bloco A; Kobrasol, São José /SC. CEP:88102180 e-mail:[email protected]
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DESAFIOS DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E ... · os portadores de Diabetes Mellitus. A hipertensão arterial sistêmica, popularmente conhecida como
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DESAFIOS DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL
SISTÊMICA E DIABETES.
Mariella de Moraes1 Eduardo Eugenio Aranha2
RESUMO A atuação do enfermeiro, dentre vários campos, tem destaque especial no atendimento à família.
Sendo assim, neste estudo, estabelecemos como objetivo enfatizar o trabalho do enfermeiro quanto
às orientações necessárias para a prevenção da Hipertensão Arterial Sistêmica e aos cuidados com
os portadores de Diabetes Mellitus. A hipertensão arterial sistêmica, popularmente conhecida como
pressão alta, tem grande incidência no mundo moderno, frente às atuais exigências do modelo
político-econômico vigente, assim como pode agravar-se apresentando alto risco cardiovascular. Já o
Diabetes Mellitus é conseqüência da incapacidade que o pâncreas apresenta para secretar insulina.
para tanto, realizamos revisão da literatura, com abordagem qualitativa, sintetizando e discutindo os
resultados. Os resultados indicam que se bem preparados os enfermeiros podem dar assistência
pertinente aos problemas de saúde familiares e orientação aos responsáveis sobre como tratar
diversas patologias e, entre elas, ao doente que apresenta hipertensão arterial sistêmica e/ou
Diabetes Mellitus.
Palavras-Chave: Atuação do Enfermeiro. Hipertensão arterial sistêmica. Diabetes Mellitus.
ABSTRACT
The role of the nurse, one of several fields, has special emphasis on meeting the family. Thus, in this
study, we aimed to emphasize the work of nurses regarding the necessary guidelines for the
prevention of Hypertension and the care of patients with Diabetes Mellitus. Hypertension, popularly
known as high blood pressure, has high incidence in the modern world, in the face of the current
requirements of the current politico-economic model, so how can worsen showing high cardiovascular
risk. Have Diabetes Mellitus is a consequence of the inability that the pancreas presents to secrete
insulin. To this end, we conducted a review of the literature, with a qualitative approach, synthesizing
and discussing the results. The results indicate that if well prepared nurses can provide relevant
assistance to family health problems and guidance to responsible about how to treat various diseases
and, among them, the ill that features hypertension and Diabetes Mellitus.
Keywords: Role of the Nurse. Systemic hypertension. Diabetes Mellitus
1Acadêmica da pós graduação em Gestão em Saúde Pública na Universidade do Contestado – UNC, campus Curitibanos. Rua: Pedro Drissen n° 940 Bairro Nossa Senhora Aparecida, Curitibanos/SC.CEP:89520-000 e-mail:[email protected].
2Professor Orientador da pós graduação em Gestão em Saúde Pública na Universidade do Contestado – UNC, Rua:Jair Vieira nº 81,Ed Eliane,apto 303,bloco A; Kobrasol, São José /SC. CEP:88102180 e-mail:[email protected]
INTRODUÇÃO
Dentre os vários campos de trabalho do enfermeiro, a estratégia de saúde da
família (ESF) merece destaque especial. Neste programa, além de o enfermeiro
atuar com mais autonomia, apesar das dificuldades normalmente apresentadas em
âmbito institucional e outros campos, seu trabalho tem maior visibilidade e é mais
valorizado. A competência do enfermeiro para integrar a ESF está estabelecida em
sua formação acadêmica, a qual instrumentaliza a realizar a consulta, o diagnóstico
e a prescrição de enfermagem em toda a assistência. A Resolução do Conselho
Nacional de Educação CNE/CES n° 03/2001, mencionada expressamente na
Resolução COFEN n° 271/2002 prevê, na formação do profissional enfermeiro, a
capacidade de diagnosticar e solucionar problemas de saúde, intervir no processo
saúde doença, com a finalidade de proteger e reabilitar a saúde, na perspectiva da
integralidade da assistência e integração da enfermagem as ações
multiprofissionais. (Informativo COREN-PB 08/2004, n° 10). Cabe ressaltar que a
resolução mencionada acima foi revogada pela Resolução COFEN n° 317/2007 uma
vez que a LEI 7.498/1986 já prevê tal prescrição de medicamentos privativa do
enfermeiro quando integrante da Equipe de Saúde da Família, não necessitando da
Resolução. Ademais, a citação do CNE/CNS é, portanto, mais legítima.
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial
caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Associa-se
frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração,
encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente
aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais. É um problema
grave de saúde pública no Brasil e no mundo. Ela é um dos mais importantes fatores
de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e
renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular
cerebral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação
com o diabetes, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. Com o critério atual
de diagnóstico de hipertensão arterial (PA 140/90 mmHg), a prevalência na
população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da cidade
onde o estudo foi conduzido. A principal relevância da identificação e controle da
hipertensão arterial sistêmica reside na redução das suas complicações, tais como:
Hipertensão sistólica isolada Fonte: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial Sistêmica.
São definidos três estágios de hipertensão, estágios 1, 2 e 3, que estão
diretamente relacionados com o risco de morbidade e mortalidade advindas desta
patologia. Quanto maior for a pressão, seja sistólica ou diastólica, maior será o risco
(BRUNNER, SMELTZER, BARE e SUDDARTH, 2002).
O diagnóstico da hipertensão arterial é basicamente estabelecido pela
constatação de níveis pressóricos permanentemente elevados, acima dos limites de
normalidade, quando a pressão arterial é determinada por meio de métodos e
condições apropriados. Portanto, a medida da pressão arterial é o elemento-chave
para o estabelecimento do diagnóstico da hipertensão arterial. A aferição da pressão
arterial, pela sua importância, deve ser estimulada e realizada em toda avaliação de
saúde, pelos profissionais de saúde habilitados para este fim, que compõe a equipe.
O esfigmomanômetro de coluna de mercúrio é o ideal para essas medidas. A
medida da pressão arterial deve ser realizada na posição sentada, mantendo o
braço paciente no mesmo nível do coração. Deve-se deixar o paciente descansar
por 5 a 10 minutos em ambiente calmo, com temperatura agradável. É importante se
certificar de que o paciente não está com a bexiga cheia, não praticou exercícios
físicos, não ingeriu bebidas alcoólicas, café, alimentos, ou fumou até 30 minutos
antes da medida (VI DBH, 2010).
A decisão com relação à abordagem de portadores de HAS não deve ser
fundamentada apenas nos níveis de pressão arterial, mas também na presença de
outros fatores de risco e doenças concomitantes. Deve-se também considerar os
aspectos familiares e socioeconômicos. Os fatores de risco e os problemas
cardiovasculares ligados à hipertensão são apresentados no Quadro 1.
É importante salientar que a tabela usada para classificar o estágio de um
indivíduo hipertenso (Tabela 1) não estratifica o risco do mesmo. Portanto, um
hipertenso classificado no estágio 1, se também for diabético, pode ser estratificado
como grau de risco muito alto (BRASIL, 20013).
Quadro 1: Componentes para a estratificação do risco individual dos pacientes em
função da presença de fatores de risco e de lesão em órgãos-alvo.
Principais Fatores de Risco(Além da HAS)
Lesões em Órgão-alvo
→Tabagismo →Dislipidemia →Diabetes mellitus →Idade acima de 60 anos →Sexo (homens e mulheres pós-menopausa) →História familiar de doença cardiovascular em: -mulheres com menos de 65 anos de idade -homens com menos de 55 anos de
idade
→Doenças cardíacas: - hipertrofia ventricular esquerda; - angina ou infarto prévio do miocárdio; - revascularização miocárdica prévia; - insuficiência cardíaca.
Diagnóstico prévio de síndrome de ovários policísticos.
Doença cardiovascular, cerebrovascular ou vascular periférica definida Fonte: Caderno de Atenção Básica n °36 (BRASIL,2013).
A presença de níveis de glicose sanguínea anormalmente elevados é o
principal critério para fundamentar o diagnóstico do DM. Os testes mais comumente
utilizados para suspeita de DM ou regulação glicêmica alterada são: glicemia de
jejum (nível de glicose sanguínea após um jejum de 8 a 12 horas), teste oral de
tolerância à glicose (TTG-75g) e glicemia casual (tomada sem padronização do
tempo desde a última refeição). A Tabela 3 mostra valores de referência para níveis
de glicose sanguínea.
Tabela 3: Valores de glicose plasmática para diagnóstico de DM.
Categorias/ Diagnóstico
Glicemia de jejum
Glicemia pós-prandial
Ao acaso
Normal < 110
< 140
Glicemia de jejum alterada
≥ 110 e < 126
Tolerância à glicose diminuída
< 126
≥ 140 e < 200
Diabetes mellitus
> 126
≥ 200
≥ 200 com sintomas clássicos
Fonte: Caderno de Atenção Básica n °36 (BRASIL,2013).
É importante ressaltar que, com limites de corte para o diagnóstico de DM
cada vez menores, existe disglicemia em níveis menores que 126 mg/dl, e que
indivíduos que apresentam este quadro podem ter risco aumentado para
complicações cardiovasculares (VI DBH, 2010).
Após ter se confirmado o diagnóstico de diabetes, é prioritário determinar se
existe algum problema associado que demande tratamento imediato ou investigação
mais detalhada, como por exemplo, presença de infecção. Também é necessário
realizar uma bateria de exames laboratoriais, que estão listados no Quadro 5.
Quadro 5: Avaliação laboratorial de pacientes com diabetes recém diagnosticados.
Glicemia de jejum. Hemoglobina glicada ( AIC e HbAIC). Colesterol total, HDL-C (para avaliar risco Framingham) e triglicerídeos. Creatinina sérica em adultos. Exame de urina:
Infecção urinária.
Proteinúria.
Corpos cetônicos.
Sedimento. Microalbuminúria (DM tipo 2, se proteinúria negativa). TSH (DM tipo 1). ECG em adultos.
Fonte: Caderno de Atenção Básica n °36, (BRASIL, 2013).
A meta principal do tratamento do DM é normalizar a atividade da insulina e
os níveis sanguíneos de glicose para reduzir o desenvolvimento de complicações
vasculares e neuropáticas. Existem cinco componentes do tratamento do DM:
terapia nutricional, exercício, monitorização, terapia farmacológica e educação. O
tratamento varia através da evolução da doença, devido a alterações no estilo de
vida e nos estados físico e emocional. Desta forma, o tratamento do DM envolve a
avaliação constante e a modificação do plano de tratamento pelos profissionais de
saúde, bem como os ajustes diários na terapia pelo paciente. Embora a equipe de
saúde dirija o tratamento, é o paciente que está lidando com a carga diária de
controle das particularidades de um plano terapêutico complexo. Por esse motivo, a
educação do paciente e de sua família é um elemento essencial do tratamento do
DM, sendo igual em importância a outros componentes do esquema (BRUNNER,
SMELTZER, BARE e SUDDARTH, 2002).
Os portadores de DM tipo 1, devido a maior complexidade do cuidado, em
geral são acompanhados por especialista endocrinologista. Os pacientes com DM
tipo 2 geralmente são acompanhados pela equipe de saúde da unidade básica.
A mudança no estilo de vida é uma componente fundamental no plano
terapêutico do diabetes, que engloba terapia nutricional e atividade física. Sendo a
dieta e o controle de peso questões cruciais para o controle do DM, a terapia é
voltada para as seguintes metas:
Fornecer todos os constituintes alimentares essenciais.
Atingir e manter um peso razoável (IMC ≤ 25 kg/m²).
Satisfazer as necessidades de energia.
Evitar amplas flutuações diárias nos níveis sanguíneos de glicose, mantendo-
os o mais próximo possível da normalidade de forma segura e prática.
Diminuir os níveis de lipídeos séricos, quando elevados.
Para os pacientes que necessitam de insulina para ajudar a controlar os
níveis sanguíneos de glicose, a manutenção da maior consistência possível na
quantidade de calorias e carboidratos ingeridos em diferentes horários é importante
para o controle da glicose sanguínea. Além disso, a consistência nos intervalos de
tempo aproximados entre as refeições, com a adição de pequenos lanches, quando
necessário, ajudam na prevenção de hipoglicemias e no controle global da glicemia.
A prática regular de atividade física é aconselhada a todos os pacientes com
diabetes, pois, melhora o controle metabólico, reduz a necessidade de
hipoglicemiantes, ajuda a promover o emagrecimento nos pacientes obesos, diminui
os riscos de doença cardiovascular e melhora a qualidade de vida. Assim, a
promoção da atividade física é considerada prioritária. As orientações de exercícios
seguem as recomendações para adultos saudáveis observando, no entanto,
algumas especificidades:
- O exercício deve ser iniciado de forma gradual, como caminhadas por 5 a
10 min em terreno plano, aumentando semanalmente até alcançar 30 a 60
min diários, 5 a 7 dias por semana. Nesse processo, qualquer aumento de
atividade física deve ser valorizado como um ganho de saúde e não como
uma meta final não alcançada.
- Os calçados devem ser confortáveis, evitando bolhas e calosidades.
- A intensidade de atividade física deve ser aumentada progressivamente,
tendo como objetivo atingir intensidade moderada (60 e 80% da freqüência
cardíaca máxima). Na prática, a mudança progressiva da intensidade pode
ser orientada pelo teste da fala da seguinte maneira: a intensidade é leve
quando ainda é possível cantar, moderada quando ainda é possível
conversar confortavelmente, e intensa quando a pessoa fica ofegante,
limitando a conversação.
- Indivíduos com perda significativa de sensibilidade nos pés devem evitar
caminhar em esteiras ou ao ar livre, correr, etc. Nesses casos, os exercícios
mais recomendados são natação, ciclismo, remo e exercícios realizados na
posição sentada. Casos com retinopatia proliferativa não tratada ou tratada
recentemente devem evitar exercícios que aumentam a pressão intra-
abdominal, que têm efeito semelhante à manobra de Valsalva, que
englobam movimentos rápidos da cabeça ou que envolvem risco de
traumatismo ocular.
- Antes de iniciar um exercício vigoroso, é necessário afastar complicações
como retinopatia proliferativa, neuropatia autonômica e doença cardíaca
importante.
- Indivíduos com risco cardiovascular >10% em 10 anos ou com sintomas de
neuropatia autonômica que desejam praticar exercício vigoroso, se eram
anteriormente sedentários, devem ser encaminhados ao cardiologista para
orientação.
- As atividades ao gosto do paciente, como caminhar e dançar, devem ser
incentivadas, especialmente quando programas estruturados não estão
disponíveis (BRASIL, 2013, p. 24).
O tratamento farmacológico para o diabetes inclui terapia com insulina e outro
hipoglicemiantes orais. A escolha dos fármacos varia de acordo com o tipo de DM
(tipo 1 e tipo 2), e com a necessidade do paciente.
No diabetes tipo 1, o corpo perde a capacidade de produzir insulina e,
consequentemente, a insulina exógena deve ser administrada sob uma base de
longo prazo. O uso do hormônio em portadores deste tipo de DM deve considerar a
fase de crescimento e desenvolvimento em que o paciente se encontra, a secreção
residual de insulina, a fase da doença, o estilo de vida e a atividade profissional. As
necessidades diárias de insulina variam de 0,5 a 1,0 U/kg/dia, sendo que na
puberdade ou na ocorrência de infecções, a necessidade pode chegar a 1,5 U/kg/dia
e na prática de atividades físicas, pode chegara 0,5 U/kg/dia (BRASIL, 2013).
As insulinas geralmente são classificadas de acordo com: sua origem (podem
ser bovinas, suínas ou humanas), grau de purificação e período de ação (podem ser
ultra-rápidas, rápidas, intermediárias, lentas, NPH (Neutral Protamine Hagedorn) e
ultra lentas).
Quadro 6: Classificação da insulina de acordo com sua origem e período de ação.
Insulinas humanas
Período de ação (em horas)
Início Pico Duração da ação
Pico máximo
Ultra rápida (UR)
< 0,25 0,5 – 1,5 3 – 4 4 – 6
Rápida (R) 0,1 – 1,0 2 – 3 3 – 6 6 – 8
NPH (N) 2 – 4 6 – 10 10 – 16 14 – 18
Lenta (L) 2 – 4 6 – 12 12 – 18 16 – 20
Insulinas animais
Período de ação (em horas)
Início Pico Duração da ação
Pico máximo
Ultra rápida (UR)
0,5 – 2,0 3 – 4 4 – 6 6 – 10
Rápida (R) 4 – 6 8 – 14 16 – 20 20 – 24
NPH (N) 4 – 6 8 – 14 16 – 20 20 – 24
Lenta (L) 8 – 14 Mínimo 24 – 36 24 – 36 Fonte: Consenso Brasileiro sobre Diabetes (2003).
O diabetes tipo 2 é considerada uma doença progressiva e, com o decorrer
dos anos, quase todos os pacientes demandam terapia farmacológica com
antidiabéticos orais conjugados com mudança de estilo de vida, sendo que, muitos
destes pacientes, terão que complementar seu tratamento com insulina.
Quadro 7: Medicamentos para o tratamento da hiperglicemia do diabetes tipo 2.
Medicamento Mecanismo de ação Redução da
glicemia de
jejum (mg/dl)
Efeito sobre o
peso corporal
Sulfoniluréias
Nateglinida*
Repaglinida*
Aumento da secreção de
insulina
60 – 70 Aumento
Metformina Aumento da sensibilidade
à insulina
predominantemente no
fígado
60 –70 Diminuição
Acarbose* Retardo da absorção de
carboidratos
20 – 30 Sem efeito
Tiazolidinedionas Aumento da sensibilidade
à insulina no músculo
35 – 40 Aumento
Fonte: Consenso Brasileiro sobre Diabetes (2003).
* Atuam predominantemente na redução da glicemia pós-prandial. Podem reduzir a glicemia de jejum
a médio e longo prazo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o rastreamento do DM na
gravidez é realizado na primeira consulta, aplicando os mesmos procedimentos e
critérios diagnósticos empregados fora da gravidez. O rastreamento do diabetes
gestacional é realizado entre a 24ª e 28ª semanas da gravidez, podendo ser
realizado em uma ou duas etapas. Em uma etapa, é aplicado diretamente o teste
oral de tolerância à glicose (TTG com 75 g). Em duas etapas, inicialmente é aplicado
um teste de rastreamento incluindo glicemia de jejum ou glicemia de uma hora após
ingestão de 50 gramas de glicose (jejum dispensado), sendo os testes considerados
positivos quando a glicemia de jejum ≥ 85 mg/dl ou glicemia uma hora após 50 g ≥
140 mg/dl. Somente nos casos considerados positivos é aplicado o TTG com 75 g
de glicose.
Os critérios diagnósticos para o DM gestacional baseados no TTG com 75 g
compreendem:
Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl e/ou glicemia duas horas após 75 g ≥ 140
mg/dl.
No rastreamento com o teste de 50 g de glicose, valores de glicose
plasmática de uma hora muito elevados, como 185 mg/dl ou maiores, podem
ser considerados diagnósticos de DM gestacional.
O estágio clínico denominado “glicemia de jejum alterada” (glicemia de jejum
≥ 110 mg/dl e inferior a 126 mg/dl) não foi incluído nos critérios diagnósticos do DM
gestacional. No entanto, recomenda-se que, ao empregar a glicose plasmática de
jejum como teste de rastreamento na gravidez, a detecção de uma glicemia
compatível com esse estágio requer confirmação diagnóstica imediata através do
TTG com 75 g.
Considerando a elevada carga de morbi-mortalidade associada ao DM, a
prevenção deste e de suas complicações é hoje prioridade de saúde pública. Na
atenção básica, ela pode ser efetuada através da prevenção de fatores de risco, da
identificação e tratamento de indivíduos de alto risco para diabetes, da identificação
de casos não diagnosticados de diabetes para tratamento e intensificação do
controle de pacientes já diagnosticados visando prevenir complicações agudas e
crônicas.
O cuidado integral ao paciente com diabetes e sua família é um desafio para
a equipe de saúde, especialmente para poder ajudar o paciente a mudar seu modo
de viver, o que estará diretamente ligado à vida de seus familiares e amigos.
SUGESTÕES DE PROCEDIMENTOS
Para a ORDEM dos enfermos (2008, p. 13),
Uma das principais funções da enfermagem em saúde da família é atuar na
promoção e prevenção da saúde dos pacientes em geral. O enfermeiro deve
ser um agente facilitador para que os indivíduos, famílias e grupos
desenvolvam competências para agir consciente em questões de saúde.
Assim, o Ministério da Saúde tem promovido ações multiprofissionais na
atenção primária à saúde, como o combate à hipertensão arterial. Nesse contexto,
insere-se a Estratégia de Saúde da Família (ESF), cuja atuação é centrada na
família, que está sob responsabilidade da equipe multiprofissional. As famílias são
cadastradas e acompanhadas com, no mínimo, uma visita mensal (BAPTISTA;
MARCON; SOUZA,2008).
“A equipe de Saúde da Família desenvolve propostas educacionais que
permitiram ao individuo a escolha de seu estilo de vida de modo racional e
autônomo” (VI DBH, 2010).
De acordo com Salesi e Tamaki (2007, p. 157-163),
Os enfermeiros membros da equipe na, ESF, vivenciam a pouca adesão e
abandono ao tratamento anti-hipertensivo. Esforços devem ser reunidos no
sentido de aperfeiçoar recursos e estratégias, com participação ativa do
hipertenso e manutenção da qualidade de vida, visando minimizar ou evitar
esta problemática, tão frequente. Este processo educativo deve ser realizado
periodicamente nas visitas domiciliares, consultas médicas e de enfermagem.
A melhor forma de atuar é amenizar e, se possível, eliminar os fatores de
risco modificáveis. No caso da hipertensão, o enfermeiro deve intervir em assuntos
como tabagismo, alcoolismo, alimentação inadequada e rica em lipídeos saturados,
conservantes e sódio, estresse e falta de atividade física (CARLOS et. al, 2008).
O enfermeiro, enquanto integrante ESF desenvolve importante papel no
acompanhamento do paciente com hipertensão. Este profissional, além de atuar
como educador em saúde no trabalho com grupos de pessoas hipertensas, seus
familiares e com a comunidade, é responsável por desenvolver a consulta de
enfermagem, atividade privativa do enfermeiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
Os centros de atendimento primário, Atenção Básica, realizam atendimento
de grupos considerados de maior risco a agravos, sendo o enfermeiro responsável
pela condução desse atendimento. De acordo com o Guia Prático do Programa de
Saúde da Família (2001, p. 76), é atribuição do enfermeiro:
Realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares,
prescrever/transcrever medicações, conforme protocolos estabelecidos nos
Programas do Ministério da Saúde e as disposições legais da profissão [...]
organizar e coordenar a criação de grupos de patologias específicas como,
hipertensos e diabéticos.
Na consulta ao paciente com hipertensão, o enfermeiro deverá realizar a
aferição da pressão arterial (PA); verificação da altura, peso, circunferência da
cintura e quadril, e calculo de índice de massa corporal (IMC); investigar sobre
fatores de risco; orientar sobre a doença, uso regular de medicamentos prescritos e
hábitos de vida pessoais e familiares (VI DBH, 2010).
A adesão do paciente ao tratamento é o principal fator para o sucesso do
controle pressórico. Dentre as estratégias utilizadas para aumentar a aderência ao
tratamento, destacamos a introdução de outro profissional ao binômio médico –
paciente.
De acordo com Maciel e Araujo (2003, p. 26):
A efetividade da atuação do enfermeiro de forma sistemática neste binômio
tem sido demonstrada por vários autores e fundamenta-se, provavelmente,
na sua atenção sobre o aspecto psicoemocional do paciente, além do
fornecimento de orientação e elucidação de dúvidas sobre a doença e seu
tratamento, e fatores de risco, além da instrução sobre aspectos de higiene,
hábitos alimentares, crenças de saúde etc.
Ainda, segundo Maciel e Araujo (2003, p. 26), a consulta de enfermagem
pode ser definida como: “atividade que é prestada ao paciente, onde são
identificados problemas de saúde-doença, são prescritas e implementadas medidas
de enfermagem que contribuam para promoção, proteção, recuperação ou
reabilitação do paciente”.
Segundo Plavinik et al. (2002), a prática de exercícios físicos também auxilia
na redução da pressão arterial, já que a falta de atividade física é um fator de risco
para doença cardiovascular, sendo responsável, aproximadamente, por 12% do total
de mortes. “Um estilo de vida sedentário é um dos fatores de risco para hipertensão”
(WOODS et al., 2005, p. 12).
CONCLUSÃO
Ao escolher esse tema para estudo, acreditamos ser grande o quantitativo de
textos que seriam encontrados em virtude da importância do estudo de uma doença
tão prevalente e incidente na atualidade. Contudo, consideramos insuficiente a
literatura encontrada nas bases de dados no que se refere à operacionalização da
prática dos enfermeiros a esses pacientes com vistas à melhoria na qualidade da
assistência. O estudo permitiu visualizar a produção científica do cuidado de
enfermagem ao hipertenso e diabético, impulsionando a reflexão sobre a
necessidade de mais publicações na temática. Trata-se de indivíduos em condição
de cronicidade, necessitando de abordagens inovadoras, as quais promovam maior
adesão ao tratamento.
É preocupante saber que hipertensos possuem consciência sobre os hábitos
inadequados, porém sentem-se desmotivados às mudanças, em virtude da
cronicidade da doença. Desse modo, confirmamos a falta de adesão, conhecimento
insuficiente e precariedade no autocuidado, o que é fortalecido pela ausência de
sintomas, cujo caráter silencioso, mascara sua gravidade e faz com que os
pacientes se acomodem à condição de cronicidade. Por outro lado, visualizamos
possibilidades de mudanças, por meio de condutas que valorizem o outro, seja no
ambiente familiar, nas atividades de grupo, ou nas unidades de saúde, promovendo,
assim, maior adesão do cliente ao tratamento. Para uma ação efetiva na prevenção
e no controle da hipertensão arterial sistêmica e do diabetes mellitus, é necessário
aliar educação, trabalho e fator social, não em âmbito individual e sim coletivo.
Consideramos que o enfermeiro atuante na Estratégia de Saúde da Família
juntamente com a equipe de saúde é um dos principais responsáveis pelos seus
clientes agindo na prevenção das doenças crônicas degenerativas como as
descritas anteriormente, sendo a consulta de enfermagem a principal ferramenta
para uma abordagem geral do cliente e também da família e, de acordo com as
literaturas pesquisadas, o enfermeiro realmente tem cumprido seu papel diante
dessas patologias.
Na consulta de enfermagem com o paciente diabético e/ou hipertenso e seu
familiar, estará criado o momento em que ele poderá perceber como o paciente
reconhece sua doença e a adesão ao tratamento, fornecendo informações
necessárias ao incentivo a essa adesão.
Esta atividade do PSF constitui-se de um momento rico, onde o enfermeiro
presta assistência à saúde, acompanha a família, fornece subsídios educativos para
que os indivíduos, ou o grupo familiar e a comunidade tenham condições de se
tornar independentes.
O enfermeiro é, então, um constante educador em Saúde e será por suas
práticas que seus pacientes poderão adquirir hábitos de vida saudáveis e,
possivelmente, não evoluirão com complicações de sua doença de base.
Atuar em conjunto com a família é somar resultados positivos para o próprio
paciente, seus entes e os profissionais da Saúde. O Diabetes Mellitus e a
Hipertensão Arterial Sistêmica permanecem, pois, no topo dos desafios enfrentados
pelos enfermeiros. Ainda existem muitas barreiras: pouca atenção governamental,
restrições orçamentárias, ignorância e preconceitos por parte de pacientes e
familiares. A expansão do conhecimento científico estrito é apenas um desses
obstáculos a serem vencidos.
Nesse contexto, esperamos ter despertado a reflexão sobre a importância da
atuação do enfermeiro na estratégia de Saúde da família, na prevenção dessas
doenças, bem como refletirem acerca das práticas de cuidado de enfermagem à
clientela hipertensa e diabética, no sentido de contribuir para o seu controle e
qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares.
REFERÊNCIAS
BAPTISTA, E.K.K.; MARCON, S.S.; SOUZA, R.K.T. Avaliação da cobertura
assistencial das equipes de saúde da família às pessoas que faleceram por doenças
cerebrovasculares em Maringá, Paraná, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de
Janeiro, v. 24, n. 1, 2008. Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?