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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ANO VIII N° 03- SETEMBRO - OUTUBRO 2015 FALA DO PRESIDENTE Adilson do Nascimento No meu primeiro editorial, de abril do ano passado, disse que a nossa geração foi testemunha de uma extraordinária evolução científica e tecnológica, apesar das guerras, da bomba atômica e do consumismo exagerado, que fizeram expandir a corrupção. No segundo, mencionei ficar impressionado como a personalidade, a mente e a consciência das pessoas que se adaptam aos meios em que estão inseridas. No terceiro, a minha fala foi sobre a escassez de água no planeta, o que fará com que a demanda pelo produto, em condições de uso, seja um dos maiores desafios dos nossos tempos. No quarto, o assunto focou o voto nulo e o voto branco e a inutilidade dos mesmos no resultado das eleições, representando apenas o descontentamento do eleitor. No quinto, fiz menção a uma Gouveia tricentenária, embora tenha, apenas, sessenta anos de emancipação. No sexto, o assunto foi a Era do Conhecimento, da Informação, além de focar o risco que corremos ao voarmos, quando entregues às mãos de um piloto-psicopata. No sétimo, me referi à corrupção histórica que, no Brasil, remonta a época do descobrimento, 1500. No presente editorial menciono um assunto muito difundido nos dias atuais que considero bastante controverso porque mal explicado. Trata-se de LIDERANÇA. Se formos analisar a definição de liderança veremos que a mesma se trata da capacidade para comandar pessoas. Tal capacidade poderá ser nata ainda que a função exercida não seja, propriamente liderar, o que a difere de uma liderança formal, quando a pessoa é empossada no cargo. Liderança e chefia geralmente se confundem, mas são absolutamente diferentes. O verdadeiro líder é aquele que tem o dom (não o poder) de aglutinar um grupo heterogêneo, fazendo com que esse grupo obtenha resultados práticos que culminem objetivos comuns. O líder sabe motivar a sua equipe de trabalho e a obediência se dá essencialmente pelo respeito e nunca pelo medo. Existem alguns tipos de liderança: a liderança autocrática, em que o líder impõe as suas decisões e não ouve os liderados; a liderança democrática, na qual o líder ouve e estimula a participação da sua equipe de trabalho, fazendo com que as decisões sejam de todos e a liderança liberal quando as decisões são delegadas e a participação do líder é limitada. A liderança é fator fundamental no sucesso ou no fracasso de uma organização. Participei, certa vez, da análise da decadência de um hotel de grande porte que vinha em constante crescimento e, de repente, passou a apresentar uma derrocada comercial pela escassez de clientes do restaurante e hóspedes eventuais. No diagnóstico percebi que o hotel para preencher a vaga de gerente nomeou o seu melhor garçom para o cargo, gerando, por conseguinte, a perda do funcionário que era a sua referência em atendimento, enquanto ganhou um gerente medíocre e sem habilidade ou competência para o exercício do cargo. Muitos, no exercício de cargo de liderança, a confundem com exigir irrestrita obediência, por se considerar melhor que os seus liderados, enquanto o bom líder é aquele que direciona o trabalho e o pessoal com disciplina, paciência, respeito e humildade, de forma a se alcançar pleno sucesso. O líder é aquele que chama para junto de si os seus liderados inclusive preparando-os para assumirem o seu lugar no futuro e não aquele que receoso de perder o poder de mando procura sucumbir seus liderados, fazendo com que esses se sintam inúteis na culminância dos resultados almejados. Enfim, o LIDER busca o resultado associado ao relacionamento e não, tão somente, almeja o resultado a qualquer preço. Além do mais, o líder haverá de estar constantemente voltado para o processo de motivação dos seus liderados objetivando a que esses deem o melhor de si e dediquem toda a sua potencialidade, visando a configuração do lucro, fim a ser obtido em qualquer esfera empresarial. Portanto, é fácil se achar chefes que são verdadeiros líderes, enquanto alguns líderes, são unicamente chefes.
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Jul 24, 2020

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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA -

ANO VIII N° 03- SETEMBRO - OUTUBRO 2015

FALA DO PRESIDENTE

Adilson do Nascimento

No meu primeiro editorial, de abril do ano passado, disseque a nossa geração foi testemunha de uma extraordináriaevolução científica e tecnológica, apesar das guerras, dabomba atômica e do consumismo exagerado, que fizeramexpandir a corrupção.No segundo, mencionei ficar impressionado como apersonalidade, a mente e a consciência das pessoas que seadaptam aos meios em que estão inseridas.No terceiro, a minha fala foi sobre a escassez de água noplaneta, o que fará com que a demanda pelo produto, emcondições de uso, seja um dos maiores desafios dos nossostempos.No quarto, o assunto focou o voto nulo e o voto branco e ainutilidade dos mesmos no resultado das eleições,representando apenas o descontentamento do eleitor.No quinto, fiz menção a uma Gouveia tricentenária, emboratenha, apenas, sessenta anos de emancipação.No sexto, o assunto foi a Era do Conhecimento, daInformação, além de focar o risco que corremos ao voarmos,quando entregues às mãos de um piloto-psicopata.No sétimo, me referi à corrupção histórica que, no Brasil,remonta a época do descobrimento, 1500.No presente editorial menciono um assunto muito difundidonos dias atuais que considero bastante controverso porquemal explicado.Trata-se de LIDERANÇA.Se formos analisar a definição de liderança veremos que amesma se trata da capacidade para comandar pessoas. Talcapacidade poderá ser nata ainda que a função exercida nãoseja, propriamente liderar, o que a difere de uma liderançaformal, quando a pessoa é empossada no cargo.Liderança e chefia geralmente se confundem, mas sãoabsolutamente diferentes.O verdadeiro líder é aquele que tem o dom (não o poder) deaglutinar um grupo heterogêneo, fazendo com que esse grupoobtenha resultados práticos que culminem objetivos comuns.O líder sabe motivar a sua equipe de trabalho e a obediênciase dá essencialmente pelo respeito e nunca pelo medo.Existem alguns tipos de liderança: a liderança autocrática,em que o líder impõe as suas decisões e não ouve os liderados;a liderança democrática, na qual o líder ouve e estimula aparticipação da sua equipe de trabalho, fazendo com que asdecisões sejam de todos e a liderança liberal quando asdecisões são delegadas e a participação do líder é limitada.

A liderança é fator fundamental no sucesso ou no fracassode uma organização.Participei, certa vez, da análise da decadência de um hotelde grande porte que vinha em constante crescimento e, derepente, passou a apresentar uma derrocada comercialpela escassez de clientes do restaurante e hóspedeseventuais.No diagnóstico percebi que o hotel para preencher a vagade gerente nomeou o seu melhor garçom para o cargo,gerando, por conseguinte, a perda do funcionário que eraa sua referência em atendimento, enquanto ganhou umgerente medíocre e sem habilidade ou competência para oexercício do cargo.Muitos, no exercício de cargo de liderança, a confundemcom exigir irrestrita obediência, por se considerar melhorque os seus liderados, enquanto o bom líder é aquele quedireciona o trabalho e o pessoal com disciplina, paciência,respeito e humildade, de forma a se alcançar pleno sucesso.O líder é aquele que chama para junto de si os seusliderados inclusive preparando-os para assumirem o seulugar no futuro e não aquele que receoso de perder o poderde mando procura sucumbir seus liderados, fazendo comque esses se sintam inúteis na culminância dos resultadosalmejados.Enfim, o LIDER busca o resultado associado aorelacionamento e não, tão somente, almeja o resultado aqualquer preço.Além do mais, o líder haverá de estar constantementevoltado para o processo de motivação dos seus lideradosobjetivando a que esses deem o melhor de si e dediquemtoda a sua potencialidade, visando a configuração do lucro,fim a ser obtido em qualquer esfera empresarial.Portanto, é fácil se achar chefes que são verdadeiroslíderes, enquanto alguns líderes, são unicamente chefes.

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Boletim Informativo da AFAGO página 2

www.afagouveia.org.br

Visitem diariamente eregistrem informações.

Este Boletim tem publicado algumas conversasregistradas na página “Mensagens” do sítio

WWW.afagouveia.or.br Solicitamos ao leitorconsultar diretamente o endereço informado.

Pedimos também que quando quiserem publicarnotícias, textos ou mensagens neste boletim, osmesmos sejam encaminhados para o endereço

[email protected] [email protected].

Notícias & comentários

Aconteceu, acontecendovai acontecer...

Mensagem de Adilson do Nascimentodivulgada no dia 24 de julho:Gente, nossa querida Gouveia necessita urgentemen-te ingressar na era da comunicação eletrônica. O pre-feito Geraldo de Fátima de Oliveira (Fausto) sofreu graveacidente automobilístico, ontem, perto de Datas, estáinternado em Diamantina, com fraturas na perna e na-riz e o site oficial da prefeitura divulga nem um “a”. Seeu fosse o prefeito, quando reassumisse as funções,iria questionar essa negligência.Comentário: Felizmente nosso prefeito já está em fran-ca recuperação e já participa das decisões inerentes aseu cargo.

Mensagem de Gil Martins de Oliveiradivulgada no dia 4 de agosto:Com promoção da Afago, o patrocínio da ADM Materi-al de Construção e sob a batuta do Geógrafo e estu-dante de Engenharia Ambiental, Rafael Xavier, daGerasol-BH, diversos profissionais da construção civilde Gouveia, 29 ao todo, participaram do curso de Aque-cedor Solar a Baixo Custo, ASBC, no último dia 1º/08,no aconchegante salão da Vila Vicentina. Pelo entusi-asmo da turma, tudo indica que Gouveia entrará, defi-nitivamente, no campo da sustentabilidade. Ficam aquinossos agradecimentos à direção da ADM, ao AfrânioGomes, ao meu irmão, José Antônio e sua esposa, Ne-ném, que nos deram pousada e a todos os participan-tes do evento.Comentário: Esta iniciativa de nosso diretor, GilMartins de Oliveira, deve se constituir em exemplo paratodos nós. O apoio local mostra que as iniciativas fér-teis contam com pronta resposta em nossa Gouveia. Éo retorno do espírito empreendedor que animou nossopassado em alguns momentos importantes.

Mensagem de Afrânio Gomesdivulgada no dia 11 de agosto:

Gouveia- MG - A Casa dos Paulinos “Casa do Barão”,pede socorro, ela está sendo demolida aos poucos, fo-ram retirados as guilhotinas das janelas, o telhadosestá desabando. O que resta da nossa história vai seapagando.

Comentário: É urgente o desenvolvimento de consciênciahistórica em Gouveia. Amnésia é sintoma do Mal de Alzheimer.Nós já perdemos monumentos importantíssimos de nossamemória. Falta apenas retirar a placa na rodovia que apontapara monumentos que não existem mais em Gouveia.

Mensagem de José Moreira de Souzadivulgada no dia 28 de agosto:AGRADECIMENTO. Quero agradecer, em meu nome eo da Comissão Mineira de Folclore, o grande apoio daAFAGO à realização da 49ª Semana Mineira de Folclo-re. O leitor pode reconhecer o empenho de nosso Pre-sidente, Adilson do Nascimento, o zelo de nosso te-soureiro, professor doutor Raimundo Nonato deMiranda Chaves, a gentileza do Manoel Miranda queoferece serviços gratuitos para manutenção da conta-bilidade e da assessoria jurídica, os comentários sem-pre carinhosos de nossa Dorinha de Dona Antônia, domeu irmão, Gil Martins de Oliveira, a presença de nos-so Diretor Social, Geraldo Augusto Silva, enfim, o calorde todos que amam nossa Gouveia e prestam serviço aMinas Gerais.

Mensagem de Adilson do Nascimentodivulgada no dia 18 de setembro.

MARIA AUXILIADORA DE PAULA RIBEIRO e WALISSONNASCIMENTO ANDRADE foram homenageados emCurvelo no Baile de Notáveis da Sociedade Centro-Norte Mineira, promovido pela Folha de Curvelo.

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Boletim Informativo da AFAGO página 3

Notícias & comentários

Leituras RecomendadasMarcos Lobato Martins. Breviário deDiamantina: uma história do garimpode diamantes em Minas Gerais (séculoXIX). Belo Horizonte: Fino Traço, 1014

Marcos Lobato Martins éum menino nascido emPedro Leopoldo. A essacidade o autor tem dedi-cado alguns estudos im-portantes e lutado pelo seudesenvolvimento com pla-nejamento. Quanto à nos-sa região, Marcos dedi-cou estudos em profundi-dade dos quais resultaramsua dissertação demestrado sobre os garim-

peiros e de doutorado versando sobre diamante e acu-mulação de riquezas. Breviário de Diamantina é fruto delongos anos de estudos consolidados na tese de douto-rado defendida pelo autor na Universidade de São Pau-lo.Para o gouveiano é uma obra importante em muitos sen-tidos. Em primeiro lugar porque uma leitura atenta irámostrar a projeção das elites de Gouveia na conduçãodos negócios de Diamantina. Um exemplo: o MajorRoberto Alves Ferreira Taioba ocupou o cargo de subs-tituto do Inspetor Geral da Administração Diamantinapor onze anos, do mesmo modo, Ragosino Alves Ferreiraesteve também no mesmo posto pouco antes da criaçãoda Fábrica de São Roberto. Do mesmo modo, a históriadas fábricas é percorrida com detalhes suficientes paranossa compreensão de como surgiu a chapelaria emGouveia, além das indústrias de lapidação e de tecidos.Apenas uma curiosidade como desafio à meninada queelabora monografias de conclusão de curso de gradua-ção. Antônio Moreira da Costa – Barão de Paraúna –fundou em Diamantina uma fábrica de chapéus de lã elebre. Em 1 de julho de 1893 a fábrica foi adquirida pela“Companhia Chapelaria Norte de Minas” e transferidapara Gouveia. O presidente era Antônio Ferreira Dornas,tesoureiro, Carlos José Ribas e gerente, Joaquim AlvesTaioba. Cumpre lembrar que Joaquim Alves Taioba fun-dou a Farmácia Auxiliadora nos anos de 1880, cuja con-tinuidade foi garantida por Augusto Alves Taioba eEfigênio Gomes Pereira.Considero também importante a leitura dessa obra paraesclarecer e fundamentar o que foi registrado emGouveia e seus mitos obra incompleta sobre a nossa

formação histórica. Outro motivo complementar é o diálogoque Marcos desenvolve a partir da leitura de Cidades mo-mentos e processos do gouveiano, José Moreira de Sou-za.Breviário de Diamantina traz novas contribuições para asduas obras mencionadas.

Luís Santiago. As Roçarianas. Releitura das Geórgicasde Virgílio – edição bilíngue. Pedra Azul: O Autor, 2009.

Apresento ao leitor da AFAGO, de olho no Grupo de Poe-tas Gouveiano fundado por nossa professora LourdesDumont, dois Luízes para iluminar nossa Gouveia. Luis CarlosMendes Santiago, residente em Pedra Azul no Vale doJequitinhonha e Luiz Carlos Simões, residente e domiciliadoà Rua das Dores na cidade de Gouveia.O que os dois Luizes têm em comum? Respondo rápido. Ogênio.Refiro-me, em primeiro lugar, a Luiz Carlos Simões. Essemenino que se aproxima da celebração de 75 anos em 2016,esconde a elevada luminosidade de que é portador. No Gru-po Escolar Aurélio Pires, jamais elevou sua voz, mas era oaluno mais brilhante de todos. Redigia e interpretava textoscom senso crítico e alta percepção. Desenhava e esculpiacom arte – espero que mantenha essas mesmas habilidadespara sempre -. Trabalhou em banco e na prefeitura, em cujoslocais fixou a marca do registro de arquivos e conhecimentoda importância de conservação da memória histórica.Este é o Luiz de Zenólia Baracho e de João Simões. Suapresença me faz recordar a profecia de Isaías: “Manso, suavoz não será ouvida do lado de fora”. Está na hora de mos-trar a Luz do Luiz para nossa Gouveia.Apresento, agora, o Luis Carlos Mendes Santiago. Luisnasceu em 1961. Após concluir as quatro séries do funda-mental e iniciar o que se chamava ginasial, Luis decidiu se-guir o percurso por conta própria. Visualizou nas artes ocaminho do brilho. Passou a escrever poesias e a se alimen-tar da vida artística.Diferentemente de Luiz Simões, Luis Santiago torna-seandarilho e chega ao Vale do Jequitinhonha. Decide narrar ahistória de nosso povo. Concebe O Vale dos Boqueirões epublica o primeiro volume da série no ano de 1999. Publica,em seguida, mais três volumes e promete em um deles tratarde Gouveia sob o foco de “Treze cidades do ciclo do ouro”.Nesse meio tempo, em meio ao arsenal de memórias e re-gistros, Luis elabora uma monografia - tese de mestrado –O mandonismo mágico do Sertão: Corpo Fechado e Vi-olência Política nos Sertões da Bahia e de Minas Gerais.Esta obra é contemplada com o Prêmio Silvio Romero emconcurso promovido pelo Centro Nacional de Folclore eCultura Popular do IPHAN - 2014.

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Boletim Informativo da AFAGO página 4

Em conversa descontraída no Picolino de HelcioRibas, eis que Ivan de Zito – Ivan Pequi – narra asperipécias dele e do Albani Oliveira de namoraremnetas do coronel Horácio Matos, um dos homensdo Corpo Fechado da Chapada Diamantina naBahia.Em mais um passo dessa caminhada, recebo de LuisSantiago As Roçarianas. Aí eu me empolguei de-mais e imagino nosso grupo de Poetas Gouveianostrazendo Luis Santiago para alguns dias de conver-sa sobre fazer poesia e compreender a poesia dosoutros tornando-as nossa poesia. A roda da AFA-GO tem obrigação de estar completa sob a regên-cia de Guido Araújo e Gil Martins de Oliveira. Pen-so que Raul Martins de Oliveira não resistiria a dei-xar seu sítio em Pedro Pereira para participar dessaconversa. A sociedade das abelhas pode ser de seuinteresse. Exijo a presença de Luiz Carlos Simõescom obrigação de elevar a própria voz.Fixo, os dois Luizes são muito parecidos, com a di-ferença de que o Santiago saiu mundo afora e be-

beu conhecimento por onde andou. Em dado momento, apareceuuma escola na frente dele e... brucutu... embarcou. A aventura deler o poeta Virgílio em latim, ler outras interpretações desses poe-mas em latim “ad usum Delphinem” traduções clássicas e escandircada verso expandindo as Geórgicas até virarem Roçarianas é coisade gênio. Melhor ainda de quem aprendeu com a vida.

Segundo Encontro da FamíliaNascimento aconteceu em Sete

LagoasFoi realizado no dia 6 de setembro, em Sete La-goas, o 2º Encontro da Família Nascimento, re-presentada pelos filhos, netos, bisnetos e alguns“agregados” do casal Quinzinho e D. Madalena,pais do nosso presidente. Para esse encontro decongraçamento compareceram 60 pessoas deum total de 84 possíveis, tanto de Belo Horizon-te, Conceição do Mato Dentro, Congonhas doNorte, Pará de Minas, Divinópolis, Sete Lagoas,Araçoiaba da Serra (SP) e, evidentemente,Gouveia. A turma do mountanbikista Hermes,de Nova Serrana, composta de 13 pessoas, nãocompareceu em razão de que ele, naquele dia,disputava uma competição em Divinópolis e oseu pessoal resolveu prestigiar, muito mereci-damente, o medalhista que engrandece e valo-riza a família. Nas fotos abaixo, temos uma pe-quena demonstração da grandeza deste even-to”.

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Boletim Informativo da AFAGO página 5

31 de agosto, dia de São Raimundo Nonato. Eu me chamo Raimundo Nonato,nasci no dia 20 de maio, portanto,mais de três meses antes do diado santo e, recebi o nome dele nãopela proximidade de datas, comoaconteceu e foi explicitado, aqui,nesta página, pelo nosso ilustremestre José Moreira de Souza, nar-rando a associação de seu nomecom o dia de São José. Todavia, recebi este nome em ho-menagem e em agradecimento ao

Santo Raimundo Nonato, cujo nome Nonato, origemlatina, significa não-nascido, conforme conta ahistória: Raimundo nasceu em Portell, na Catalunha,Espanha, em 1200. Seus pais eram nobres, porém nãotinham grandes fortunas. O seu nascimento aconte-ceu de modo trágico: sua mãe morreu durante os tra-balhos de parto, antes de dar-lhe à luz. Por issoRaimundo recebeu o nome de Nonato, que significanão nascido de mãe viva, ou seja, foi extraído vivo docorpo sem vida dela. Minha mãe gestou casal de gêmeos - lamentavelmen-te minha irmã faleceu ainda bebê - e no sofrimento,com a dificuldade do parto recorreu a São RaimundoNonato, protetor das Parturientes, das Parteiras e dosObstetras. Assim, recebi este nome que tento honrar. Gosto dele, Raimundo tem o som do lançamento deuma pedra em poço profundo e Nonato permite alter-nativa para quem não gosta de Raimundo. Então, unsme chamam deRaimundo e ou-tros me cha-mam deNonato. Certa vez, du-rante curto es-paço de tempo,fiquei triste commeu nome e re-lato porquê:Ano de 1944,Seminário Sa-grado Coraçãode Jesus, emDiamantina, eufrequentava oCurso Anexo -grupo de crianças residentes, a maioria delas, no Lar-go Dom João, cursavam o equivalente ao 4o. ano pri-mário, naquele educandário, eu com 10 anos fazia

parte daquelegrupo, masera interno,usando bati-na e sujeitoàs regras doseminário. S á b a d oensolarado deoutubro, oRevmo. Pe.C a i o ,disciplinário,decidiu levarestudantes dos e m i n á r i omenor parapasseio na

Cachoeira da Toca. Todos tinham direito a um pão re-cheado, melhor contendo, uma única fatia de mortade-la de 2a. qualidade. Os seminaristas em fila indiana,posicionados em ordem decrescente de ano matricula-do, isto é, 6o.ano,5o.... 1o., Curso Preparatório (CP) e,finalmente Curso Anexo (CA). Cada grupo os estudan-tes era posicionado pela ordem alfabética do nome. Eu,Raimundo era o penúltimo da fila, depois de mim vinhaalgum Wando, Zé ou Tião, não me lembro. Os pães eramdistribuídos, através de uma janela baixa, por um semi-narista. A maioria dos seminaristas já havia recebido opão, a fila estava na altura do CP, quando o seminaristadistribuidor percebeu comparando os conjuntos: o deseminaristas a receber ainda era maior do que o de pãesa distribuir. Percebeu e decidiu: partiu ao meio os pãesque restavam e, desde então, a merenda foi reduzida ameio pão. Mesmo com o cuidado do Santo Antonio -distribuidor de pães - o último foi entregue ao colega àminha frente. Ficamos, assim, nós três a ver navios. Odistribuidor era precavido e havia guardado o seu pãoque, agora, achou por bem, dividir em três pedaços. Estaé a história, se me chamasse Aarão receberia um pãointeiro; se Manoel, meio pão; mas, Raimundo, apenasum terço de pão. A raiva se foi tão rápido quanto veio, a culpa não era domeu nome, era a falta de planejamento, quiçá de di-nheiro. Retomando, para completar, a história de São RaimundoNonato, consta que ele morreu na cidade de Cardona,próximo a Barcelona no dia 31 de agosto de 1240. Mis-sionário na Argélia lutando para libertar cristãos escra-vizados pelos mouros, Cardeal e Conselheiro do PapaGregório IX

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Boletim Informativo da AFAGO página 6

ArtigosGouveia em Gotas Homeopáticas

O Censo Demográfico de 2010 acusou que o municí-pio de Gouveia perdeu população. Isto que dizerque saíram mais pessoas de Gouveia do que che-garam novos moradores. Quer dizer também quepessoas nascidas em Gouveia deixaram o municí-pio para buscar oportunidades em outros locais.

No estudo realizado para fundamentar as propos-tas do Plano Diretor, constatou-se que a popula-ção de Gouveia, ao longo de oitenta anos, em ne-nhum momento, conseguiu sustento para perma-necer no território do distrito e do município.

Há que constatar que Gouveia é criatório e emigran-tes. Cria os filhos para trabalharem em outras lo-calidades.

Atenção para nossa História destaca alguns momen-tos desses movimentos:

o Pessoas e famílias saem em busca detrabalho nas frentes necessitadas de mãode obra intensa. Este tipo de emigraçãoteve auge com o fim da Abolição e durouaté o ano de 1930. Deixaram Gouveia mui-tos trabalhadores para as regiões da Mataque foram até o Rio de Janeiro. DeixaramGouveia, também, muitos trabalhadorespara ajudarem na construção de estradasde ferro e da nova capital – Belo Horizon-te. A maioria eram trabalhadores braçais.

o A partir de 1930, toma sentido um novotipo de trabalhador. São os operários daindústria têxtil em busca de oportunida-de em municípios como Curvelo, VilaParaopeba, Pirapora, Montes Claros,Matozinhos, Pedro Leopoldo, Ouro Pre-to, Itaúna, Machado, Alvinópolis. Ondehouvesse indústria têxtil, haveria pelomenos um gouveiano oferecendo-secomo operário.

o Nos anos cinquenta o Paraná e São Pau-lo comparecem também como aceno àemigração de gouveianos em busca detrabalho e a Grande Belo Horizonte torna-se também local de aceno para a busca detrabalho na indústria.

o Pará de Minas e Nova Serrana tornam-se atraentes para trabalhadores em novotipo de indústria especialmente a partirdo início deste século. Esse novo movi-mento valoriza o trabalhador disciplina-do. Isto significa que Gouveia desenvol-veu um saber local determinado pelacentralidade da indústria.

A busca por qualificação se intensifica lentamentee torna-se perceptível nos últimos vinte anos doséculo passado. Aumenta a procura por cursosuniversitários por parte das famílias.

Curiosamente, a sede urbana do município deGouveia se expande e visualiza até mesmo pro-cura por novas residências, de um lado, e abando-no da zona rural, cujos povoados são abandona-dos para favorecer a concentração da cidade.

Ainda com referência aos estudos do Plano Diretor,constatou-se que 60% das famílias constituídas emGouveia não mudaram de residência, ou seja, aspessoas, ao se fixarem no mesmo local, consoli-dam uma ordem de identificação dos lugares fa-vorecendo a identidade desses locais. Contudo,os novos loteamentos têm sido implantados sematenção para promoção de centralidade local, oque torna uma cidade como Gouveia herdeira deproblemas de grandes cidades. Cabe a pergunta:qual a vantagem de morar no Bairro São Lucas? Oude se aglomerar no Jardim Vitória?

E a AFAGO?Faz onze anos que tomou corpo a ideia de

reunir filhos e amigos de Gouveia para se cri-ar uma associação que foi batizada em dezem-bro de 2006 com o nome de Associação dosFilhos e Amigos de Gouveia. Essa criança foibatizada e registrada, portanto, com dois anosapós o nascimento.

A AFAGO surgiu da constatação de que eramnumerosas as pessoas que haviam nascido emGouveia, ou que haviam vivido em algummomento em Gouveia, ou que tiveram alguminteresse por Gouveia e não residiam maisnesse município.

O gênio do doutor Waldir imaginou ainda quea memória de ter vivido em Gouveia não po-deria ser perdida. Filhos e amigos de Gouveiateriam satisfação em se encontrar para con-versar sobre essa maneira de saber viver.

Doutor Waldir compartilhou com os amigos aoportunidade de contribuir para o viver emGouveia. Imaginou uma cidade florida, umanatureza exuberante e crianças, jovens, eadultos prontos para celebrarem o saber vi-ver em Gouveia e para a Gouveia.

MetasReunir quinzenalmente os

Diretores da AFAGO em

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Boletim Informativo da AFAGO página 7

Artigosreunião aberta para todos osinteressados em sua sede.

Promover quatro reuniõesanuais de congraçamento detodas as pessoas interessadasem partilhar o seu saber vivercom todos os que atenderamao convite.

Criar um quadro deassociados comprometidos emgarantir a sobrevivênciamaterial dos programas daAFAGO.

Criar em Gouveia a “Casa doGouveiano” como centro dememória do saber viver.

Colaborar com asorganizações de Gouveia parasomar aos seus objetivos depromoção humana.

Ter sempre a AFAGO comoinstituição de acolhida a todosos filhos e amigos de Gouveia,destacando Filho e Amigo comvalor acima de qualquerdiferença – de políticapartidária, de gênero, de cor,de religião, de posse, decondição socioeconômica, oude qualquer base de conflito.

Um balançoAs reuniões quinzenais se

tornaram mensais.

As reuniões de congraçamentotornaram-se anuais e comdecréscimo acentuado de adesão.

O quadro de associados que seestimava alcançaria o porte detrezentas adesões em dois anos, seencolheu para algo como 40voluntários.

A “Casa do Gouveiano” ainda éum sonho.

A Afago tem colaborado com asorganizações de Gouveia de que éexemplo: o site WWW.afagouveia.org.br– criação do professor doutor RaimundoNonato de Miranda Chaves. Este BoletimInformativo que tem mantido aperiodicidade bimestral desde o ano de2008.

A AFAGO ministrou um curso “ValoresHumanos” com participação de 50professores em Gouveia, sob coordenaçãode nosso diretor Geraldo Augusto Silva.

A AFAGO criou e coordenou o PrêmioAFAGO de Literatura já em sua quintaedição para reconhecer o valor dasatividades em favor da educação emGouveia.

A AFAGO, por iniciativa de nossodiretor Gil Martins de Oliveira promoveuum curso de qualificação de mão de obraapoiado em Gouveia pela ADM.

A AFAGO apoia e garante acontinuidade da Comissão Mineira deFolclore – dá consultoria jurídica e contábilpela generosidade do diretor Manoel LuizFerreira de Miranda; mantém o siteWWW.folcloreminas.com.br graças aoempenho do professor Raimundo NonatoMiranda Chaves; e toda a diretoriacolabora para garantir o sucesso da

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Artigos

Boletim Informativo da AFAGO página 8

programação dessa instituição que zelapelas políticas consequentes de culturapopular em Minas Gerais.

A AFAGO se articula com Associaçõesde moradores de outros municípios comoo do Serro, e de povoados como deGustavo da Silveira – Curvelo -, ou dePinhões – Santa Luzia.

Desafio:

PARA ADERIR À AFAGO ÉSUFICIENTE CADA UM SABER O QUEPODE OFERECER DE SI MESMO.Somente isto. Mais nada.

Quem espera receber alguma coisaem troca está equivocado.

DEIXE SEU PODER TRANSBORDAR!OFEREÇA TUDO, TUDO, TUDO QUEVOCÊ PODE. MAIS NADA.

Santo AntônioPrezado leitor, você já pensou em viajar de Diamantina atéBelo Horizonte no dia 13 de junho?Pois bem, experimente com atenção. Ao deixar Diamantinapela manhãzinha, verá os sinos repicando e os foguetesespocando no ar. É dia de Santo Antônio, Santo Antôniodo Tijuco.Logo em seguida, cercade 30 minutos, se deparacom o povoado deGouveia, arraial de SantoAntônio da Gouveia. A ci-dade está em festa. Cele-brou 13 dias seguidospara festejar seu padroei-ro.Desce a serra do Paraúnae visualiza lá bem longe oaglomerado de Curvelo,antigo arraial de SantoAntônio da Estrada. Nãohá que esquecer. A cidadefesteja seu padroeiro.A viagem continua, vemSete Lagoas, antigo arrai-al de Santo Antônio deSete lagoas. Dia de festado padroeiro.Este percurso, porém, é muito recente. Podemos partir, entãodo arraial de Santo Antônio do Tijuco, e alcançar o de San-to Antônio do Bom Retiro do Serro do Frio, Santo Antôniodo Itambé, Santo Antônio do Norte e imaginar o percursopara a Mata do Suaçuí por Santo Antônio do Peçanha.

É apenas um pequeno exercício para lembrar cidades epovoações que são ou já foram consagradas a Santo Antô-nio.De todas essas, Gouveia tem uma marca especial. Retémna memória popular como foi escolhoda pelo próprio San-

to Antônio. Isto é muito importanteporque lugares que conservam len-das de fundação tornam-se tambémcentros de peregrinação.Para citar rapidamente temos o san-tuário de Nossa Senhora da Pieda-de em Caeté, Bom Jesus deMatozinhos em Congonhas do Cam-po, Nossa Senhora da ConceiçãoAparecida em Aparecida do Norteem São Paulo, Bom Jesus dePirapora, também em São Paulo,Santa Maria do Belém do Grão Paráno estado do Pará, Bom Jesus daLapa na Bahia.Lugares escolhidos pelo Santo cri-am centralidade sagrada. Cabe per-guntar, então, o que aconteceu queSanto Antônio tenha escolhidoGouveia como local de permanên-cia e isto não tenha chamado aten-ção da vizinhança?

Não temos resposta para isso, mas podemos imaginar quea multiplicação de povoados devotados a Santo Antôniodistribui a centralidade e coube à Gouveia apenas reivindi-car a certeza de ter sido escolhida pelo Santo, diferente-mente de outros arraiais nos quais foram os próprios mora-

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Boletim Informativo da AFAGO página 9

dores que decidiram devotar a ele uma capela ou umaermida.Gouveia é de Santo Antônio. É isto que se celebra no dia13 de junho de cada ano.Fiz esta introdução para estabeleceruma conversa sobre a festa de San-to Antônio da Gouveia. E insisto;celebrar nossa Gouveia é celebrar opadroado de Santo Antônio. Insistomais ainda: a festa de Santo Antônioé a celebração da Comunidade evale contrastá-la com o evento denosso calendário que tem o nome deKobufest.Faço logo o seguinte contraste: afesta de Santo Antônio é de toda aGouveia, a Kobufest é uma festa daprefeitura municipal.Querem ver a diferença?Imaginem que o padre não quer maiscelebrar a festa de Santo Antônio.Imaginem agora que a prefeituradesiste de promover a Kobufest. Oque vai acontecer? No caso da festa de Santo Antônio, opovo chamará outro padre, ou fará a festa por conta pró-pria, sem padre. No caso da Kobufest, não aconteceránada, a não ser murmúrios contra o prefeito da parte dosjovens e de alguns comerciantes. Pronto. Adeus, Kobufest.Chamou-me a atenção o modo como foi promovida a Festade Santo Antônio desteano. Santo Antônio tor-nou-se peregrino. Visi-tou todos os povoadose retornou carregado deprendas para o grandedia.Assisti ao retorno da vi-sita ao povoado do Es-pinho. O Santo retornoucarregando uma cargade 600 quilos de man-dioca. Tomo isto comolição. A celebração deuma comunidade nãoexige apoio de políticasculturais. Pelo contrário,pede que o Estado não venha meter o bedelho onde não éseu lugar.Mais uma vez vale contrastar a celebração da comunidadecom os gastos com festas do tipo Kobufest. Quero lem-brar, antes de mais nada, que não tenho nenhuma censuraà Kobufest. Trago apenas informações do Ministério daCultura. Em audiência com o senhor ministro, ouvimos esta

constatação: são as prefeituras que fazem o maior gasto compromoção de festas. Esses gastos resultam de contratação– às vezes milionárias – de bandas famosas e se ignora todo

o esforço local de criaçãoartística. Essas festas nãocelebram a comunidademas o poder de gastar di-nheiro que não retorna aolugar. Talvez vendam-semais cerveja eenergizantes, ocupem-seos hotéis e pousadas, fa-briquem-se mais salgados.Essas festas imitam oRock ‘n Rio, micaretas,carnavais fora de época.Ganham os promotoresem fama, às vezes, em di-nheiro. É tudo. Gasta-secom aparatos de seguran-ça.Diferentemente, nas festasde celebração da comu-

nidade, todos os moradores se sentem promotores. Todosrecebem os benefícios de festejar e avaliam o poder de con-solidação das relações locais do festeiro e da equipe bemconhecida que se articulou ao longo do ano para a comuni-dade poder festejar o seu saber viver. Tenho gravações pre-ciosas, nas quais os festeiros para o ano seguinte são esco-

lhidos por sorteio.Isto é grande lição.É por isso que a fes-ta de Santo Antôniose encerra com dis-tribuição de pão. Ado Divino com o“boi do Divino”, a deSão Sebastião, comsal bento, a do Ro-sário commedalhinhas.Viva a Gouveia deSanto Antônio!Viva Santo Antônioda Gouveia.E o Divino Espírito

Santo de Datas; e São Sebastião do Tigre e do Paraúna, eNossa Senhora das Dores do Camilinho, e Nossa Senhorada Conceição do Cuiabá, e Nossa Senhora de Lourdes deSão Roberto...

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Nossa Senhora do RosárioDevo ao nosso conterrâneo Isaias da Conceição Chagas anotícia de que houve em Gouveia neste ano a festa de Nos-sa Senhora do Rosário. Para mim foi uma grande surpresaque Nossa Senhora do Rosário tenha percorrido as ruasde Gouveia para abençoá-la em nome da promoção daPaz e da convivência saudável. Abençoar o Saber Viverem Gouveia com pleno apreço ao saber de cada um denós.Entendo que Nossa Senhora do Rosário contém uma men-sagem de Paz todas as vezes que se promove essa celebra-ção. Digo da Paz plena, aquela que se alcança sempreaprendendo com o saber do outro. O que o outro sabe, eunão sei.Esta paz é muito diferente daquela que se alcança com apregação dos governos sobre a tolerância. Quando eu to-lero a outra pessoa quer dizer que eu não concordo comela, mas não quero saber de briga. Há sempre uma brigaguardada, mas eu acho melhor não brigar. Por isso, eu tole-ro. É como aquelas brigas que acontecem em torcidas defutebol. Tenho fé em meu time e não admito que outro timeseja melhor do que o meu. Grito, xingo, argumento, masnada disso convence o crente em outro time que eu é quetenho razão. Então para não aumentar a briga, eu digo:- Está certo. Então, você fica na sua que eu fico na minha.

Esse tipo de tolerância vem acontecendo nas lutas entrepartidos políticos, entre crenças religiosas, entre vizinhos,entre os moradores de uma rua em contraste com a outrarua, entre pessoas de posse e as menos prendadas, entre“brancos”, pardos, pretos, indígenas e a vontade de discu-tir e partir para a agressão não tem fim.Disse de celebração da Paz sob as bênçãos de Nossa Se-nhora do Rosário. Mas, antes de prosseguir, peço a aten-ção do leitor para como festejamos nosso dia a dia. Hoje, aimagem mais festejada se chama Dinheiro. Nós adoramoscom toda a nossa fé o dinheiro. Sem a graça do dinheiro,nós não somos nada.

Mas, o que é o dinheiro? Materializado em imagem é umpedaço de papel. Nada mais do que um pedaço de papel.Ainda existe um dinheirinho que vale menos e que se mos-tra nas moedinhas que, às vezes, a gente coloca no saqui-nho de esmola na igreja.A gente crê com tanta fé no dinheiro que não passa pelanossa cabeça que dinheiro é o centro de uma religião, areligião da Mercadoria. Tem mais, até mesmo quando odinheiro não se mostra em imagem a gente acredita nele. OEspírito do dinheiro. Seu templo é o banco. E o lugar decelebração da fé no dinheiro é a mesa de jogo e os paláciosde leilão das obras de arte. Esses templos e lugares de ce-lebração são espaços de lavagem de dinheiro.Hoje, nós ficamos espantados quando assistimos à televi-são, frequentamos a internet, lemos jornais e revistas, e nosdeparamos com os escândalos de corrupção. Essa manei-ra de celebrar o dinheiro nos parece heresia, coisa do de-mônio, nessa religião que cultua o dinheiro.Mas, por que estou contrapondo a Religião do Dinheiro àfesta de Nossa Senhora do Rosário de Gouveia?Meu objetivo é mostrar que não há como celebrar a Paznos templos do dinheiro, pelo contrário, a celebração dafesta do dinheiro é o móvel da guerra. Vale prestar atençãonos roubos, nos assaltos, no aparato de segurança, na des-confiança que o ter dinheiro desencadeia nas relações entreas pessoas.Fique claro que não sou contra dinheiro. Todos nós preci-samos dele, mas com a certeza de que adorá-lo é adorarconflitos, rixas, brigas, desavenças, guerras e escândalos.Se isto for a boa vida, não haverá lugar para nossa Senhorado Rosário.Agora, vou me deter à emoção que me causou Gouveiacelebrar Nossa Senhora do Rosário.Contemplemos a Senhora do Rosário pelas ruas deGouveia. É uma imagem, deve-se lembrar sempre. Mas, oque nos traz esta imagem na celebração?Volto a insistir: o dinheiro também é apenas uma imagem,mas ele nos confere a certeza da posse: “é meu, só meu”.Celebrar o dinheiro é estar ponto para a briga para defen-der o que é meu.O contraste é nítido: Nossa e não minha. Do Rosário. Nos-sa Senhora nos entrega o Rosário. Há uma lenda que contaque Nossa Senhora apareceu a São Domingos e lhe entre-gou um rosário. Era um momento muito especial e isto acon-teceu há mais de oitocentos anos atrás.Peço ao leitor para contemplar as figuras a seguir. Peçoque permaneça todo o tempo que tiver para contemplaçãode cada uma das figuras.

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Eis a rosa do deserto. Ela está florida neste mês de outubro.O Rosário entregue a São Domingos é inspirado nessa rosaque floresce no deserto, em terreno árido que se mostra aoperegrino onde a água é escassa ou inexistente. É ela queinspira o nome do Rosário e dá origem ao que se pode verna próxima figura

Este é o Rosário muçulmano, inspirado na rosa do deserto.Note-se que ele contém 33 contas divididas de 11 em 11.Foi um presente que recebi de um xeique árabe que nãome conheceu. A história é a seguinte. A filha dele foi bolsistade pesquisa na Fundação João Pinheiro. A família residianuma cidade do Oeste de Minas. A moça comentou como pai o cuidado que entendeu receber de minha parte. Sem

me conhecer, o pai recomendou que me entregasse essamensagem de PAZ.Com isto ele quis dizer: “confio em você plenamente, estoupronto para aprender com você!”. Este Rosário éinstrumento para as horas de atribulações. Hora em que amente está ocupada sem encontrar saída. Busca-se orepouso e em “Nome de Deus, o clemente, omisericordioso” percorrem-se as contas para esvaziar amente.A próxima figura merece meditação mais atenta:

Nesta figura está tudo que recebi de Tia Chica e queadorna a sala de jantar de minha casa. Quando tia Chicaveio viver os últimos anos de vida, ela me pediu paratrazer três coisas de Gouveia: o crucifixo, o terço doRosário e um quadro com a fotografia de minha filha. É anossa herança. Ela se foi e deixou esta presença.A próxima figura merece maior atenção.

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Boletim Informativo da AFAGO página 12

ArtigosNote-se agora, o Rosário muçulmano no centro e o terçodo Rosário de Nossa Senhora circundando. O que ambostêm em comum?Apenas você, prezado leitor pode responder, mas sugiroum exercício. Experimente rezar o Rosário sozinho, em seuquarto, sem acompanhamento de ninguém. As crianças eos jovens aprenderiam coisas incríveis. Repetir 150 vezes amesma coisa. Em dado momento, vem um sono. É a Paz.Nada na mente. As pequenas e grandes preocupações de-saparecem.Eis os mistérios do Rosário. A Paz somente se conquistaquando a gente deixa de dar valor ao que não tem valor.É por isso que vale a pena festejar Nossa Senhora do Ro-sário. E Gouveia merece celebrar a Paz. É por isso que adevoção a nossa Senhora do Rosário se fixou tão profun-damente no imaginário dos escravos e seus descendentes.Quem dera que fosse também devoção dos senhores deescravos! Seria o fim da escravidão.

Curiosamente, o Rosário entregue a São Domingos – es-panhol em tempos da dominação árabe na Península Ibéri-ca - e divulgado pelo Beato Alano de la Roche – logo apósa tomada de Constantinopla pelos turcos – tem origemislâmica e marca dois momentos da história do Ocidente.O primeiro no qual os árabes recuperam para o ocidente asraízes perdidas de Platão e Aristóteles; o segundo em que oImpério Romano do Oriente se encerra com a queda deConstantinopla. Há também o terceiro momento, a partirdo qual a devoção a Nossa Senhora do Rosário se tornauniversal. É o da Batalha de Lepanto no qual, em nome doRosário, a Itália vence a invasão dos turcos. Vale sublinharque a mensagem principal do Rosário não se fixa em ven-cer o inimigo, mas em esvaziar a mente de todas as preocu-pações vãs. Trata-se de uma utopia que, quem sabe, possaser divulgada a partir de nossa Gouveia.

Espaços públicos em Gouveia -Academia Gouveiana de Letras eFolclorePrezados amigos de Gouveia, vocês já prestaram atençãono modo que se formaram as ruas do antigo Arraial deSanto Antônio da Gouveia?Vamos lá.Na Semana Literária de2014, foram expostas, naPraça Padre José Macha-do, fotografias selecionadaspor nosso companheiro,Afrânio Gomes, que retra-tavam a Gouveia antiga.Para minha surpresa, aspessoas – não digo das cri-anças – não reconheciamnada. Não sabiam que hou-ve uma matriz antes da atu-al, nem que houve emGouveia uma Igreja de SãoFrancisco, menos aindauma Igreja de Nossa Se-nhora do Rosário. Nem sehá de falar na Cruz do Pa-dre, do Cruzeiro de Cândido, do Cruzeiro da Rua do Cru-zeiro.Gouveia sofre de mal de Alzheimer? Eu me perguntei. Paraque serve morar em Gouveia, uma cidade que perde a me-mória? Para que servem nossas escolas que não lembramaos alunos que nós temos uma história? Que Gouveia não

começou com hip hop, mas com cavalhada, festa de SantoAntônio, Festa do Divino e do Rosário. Festejou a SantaCruz, entrudo, o natal com folias de reis. Dançou candombe,catopê, marujos e caboclinhos, desafiou as pessoas nasnoites com lundu, batuques, valas, polcas, fabricou chapé-us, cultivou bicho da seda, teve fábrica de cerveja, muitaslapidações, inúmeros fogueteiros...

Mas, o que quero mes-mo é percorrer as ruasque se formaram no ar-raial da Gouveia.Primeiro, o Largo daMatriz, hoje, Praça Pa-dre José Machado. Emseguida o Largo do Ro-sário, hoje, Praça Esta-do de Minas. Esta era aGouveia do séculoXVIII. Começava numlargo e terminava emoutro largo.Para queisto? Para as pessoaspoderem se reunir e fes-tejar. Quando se criou aGuarda Nacional, esseslargos se tornaram tam-

bém locais onde os coronéis reuniam o batalhão da GuardaNacional para fazerem sua parada.No século XIX surgiram novos largos. O largo da rua dosCoqueiros, depois chamada de Rua do Cruzeiro, o largoda rua das Dores, o largo da rua do Carrapicho e o largo

ETE

ETE

ETE

ETE

ETE

São Lucas

Centro

Serrinha

Cruz das

Almas

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da Cruz de Cândido. Havia ainda o Largo da Cruzdas Almas que ficava distante do povoado.Notem, portanto, que nenhuma rua surgia sem a pre-sença de um Largo – a praça. Esse largo era espaçoreservado para as pessoas se reunirem e, posterior-mente, dar lugar a uma capela.O que aconteceu depois disso? Apareceramloteamentos sem nenhuma preocupação com espaçode encontro.Faço essas considerações tendo presente a ideia dese criar em Gouveia uma Academia Literária. Pensoque o lugar mais adequado para o encontro de poetas,contadores de história, declamadores e cantores é umLargo. Uma praça.De imediato já indico o local mais apropriado paraisso: o Mercado localizado na Avenida AlexandreMascarenhas. É um espaço público, que permaneceocioso diariamente, excetuados os sábados.Sugiro que a Academia se chame AcademiaGeohistoricaliterária e de Folclore de Gouveia.Imagino saraus abertos a todos. Quem já leu osLusíadas notará imediatamente porque defendo umnome tão extenso. O poema é dividido em Cânticos;Cântico Um, Cântico Dois, Cântico III. Etc. Do mes-mo modo as Geórgicas e a Eneida de Virgílio. Todosesses poemas narram histórias, lugares, atividades etodos são cantados. Todos são elogios ao saber viverde um povo.Quero imaginar uma Gouveia cantada. Não se tratado Hino à Gouveia, mas de epopeia, tragédia ou co-média, nênia ou elegia que narrem momentos de nossahistória carregadas de lendas e instantes poéticos.Essas ideias me veem a partir das consideraçõespublicadas, no dia 28 de setembro, por nossoconterrâneo, Nilson Pereira Machado, cheio de me-mórias da Rua do Carrapicho.Transcrevo a mensagem divulgada na página dofacebook:“Quando sonhando, criamos o grupo de PoetasGouveianos, com raras exceções, somospseudopoetas, e com a ajuda imprescindível da pro-fessora e ex-colega do ginásio Santo Antonio emGouveia, Maria de Lourdes Dumont, somos apaixo-nados por biografias, admiradores das manifestaçõesque nossa língua(idioma),permite exprimir, dentro dosmais variados gêneros literários.Em nosso sonho, um personagem se destacava peloseu vasto conhecimento, em todas as áreas do conhe-cimento humano, sua sabedoria, iria pulverizar de

gotículas do saber sobre o nosso grupo, enriquecendo-nos,enriquecendo a comunidade, que mesmo virtual, nascia timi-damente, mas riquíssima em ideais, sonhamos alto. Sonha-mos ser o embrião de uma futura “Academia Gouveiana deLetras”, onde o seu nome com certeza seria o patrono dealguma cadeira, quiçá a numero Um.Sabemos que seu tempo é escasso, seus afazeres são múlti-plos, mas suas observações são por demais valiosas para ogrupo, por isso estamos pleiteando as avaliações do nossoprofessor e sociólogo José Moreira de Souza.”À parte a referência a meu nome, coisa sem nenhuma importân-cia, quero grifar alguns fatos de nossa história. Certa vez, aquiem Belo Horizonte, a senhora secretária municipal de administra-ção da Regional Oeste, elogiou a redação dos ofícios endereçadosàquela instância. O presidente de uma associação de bairro disseque o redator era eu. Dirigindo-se a mim, a secretária perguntou:- por que você escreve tão bem?- Porque eu fui alfabetizado em Gouveia, aprendi a ler e escrever.Foi a resposta.Em nosso querido Grupo Escolar “Aurélio Pires” havia o “Clubede Leitura” e um jornal mural cujos redatores éramos nós mes-mos. Viva Dona Antônia, Viva Dona Marília! Viva Dona Zaíde!Em seguida, alguns de nós fomos estudar em São Paulo. No giná-sio, havia o “Círculo Literário”, em seguida o “Grêmio Literário”e, finalmente, a “Academia Literária”. Nosso companheiro deAFAGO, Guido de Oliveira Araújo, viveu alguns desses momen-tos. Ler, declamar e redigir tornaram-se hábitos. Não há de seesquecer que, juntamente com poesias, contos e redação de car-tas, nós aprendemos também a cantar com o eterno maestro,José Maria de Souza.Quem estudou em Gouveia aprendeu tudo isso, tenha prossegui-do os estudos, ou não. Cito aqui um exemplo.Certa vez, retornou em visita à Gouveia um senhor de nome João.Era irmão de Chico sem Braço, Dória e Perciliana. Havia migradopara São Paulo e retornou para visitar Gouveia. Foi ter à residên-cia de Zé Paulino e, na sala ampla e acolhedora dessa casa – hojeameaçada de demolição – passou a exibir as prendas que desen-volvera. Recitou poemas da própria lavra ao som do violão, en-toou canções compostas por ele mesmo.Como em bom sarau, a sala estava repleta de admiradores. Findaa apresentação desse negro pelo qual a Gouveia não tinha apreço,Zezé Paulino comentou:

- Aqui a gente não dava nada por ele. Agora, o moço émúsico, poeta e compositor.

Entusiasmado, João, retomou a viola e cantou:Você diz que é tatu,Ele diz que é tiú.Tiú, tatu, tatu, tiú.

Tem alguma mensagem cifrada neste instante poético? Édirigida à Gouveia? Sabemos confundir e criar polêmicas apartir dessa confusão.

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Atendendo à mensagem de nosso poeta Nilson PereiraMachado, escrevi em seguida:“Nilson Pereira, falar em repartir, comentei agora um casoque merece um poema. Trata-se de como Osvaldo Bra-sil e Idalino Ribas. Foram sócios durante quarenta anos.Quando se aproximaram dos 80, resolveram dissolver asociedade. Nem um nem outro sabia quanto cada umhavia feito de retirada. Era assim, cada um fazia um vale ecolocava no caixa. Quarenta anos depois, somaram osvales, calcularam os lucros e repartiram tudo meia a meia.A loja tinha outros bens - fazendas. Dividiram essas pro-priedades e sortearam quem ficaria com cada parte semnecessidade de intervenção de avaliação de peritos. Omais interessante de tudo isso é que esses sócios nãoeram irmãos. Isto narrado em forma poética...”

Tenho mais um caso que merece uma tragicomédia: con-ta-se que o padre Francisco de Paula Moreira foi vigáriode Gouveia nos anos em que o arraial foi contempladocom a lei que decretava sua emancipação – Lei 1994 de13 de dezembro de 1873. Isto era fruto do empenho denosso conterrâneo Roberto Alves Ferreira Taioba.Roberto retornou todo animado de Ouro Preto, entãocapital da Província de Minas Gerais. O padre o apoiouincondicionalmente, mas o futuro Barão de São Roberto,Quintiliano Alves Ferreira – sem Taioba – se opôs e iro-nicamente declarou: “Já que vocês querem se emanci-par, deixou minha casa para servir de “Casa da Câmara”e buscarei outro destino.” O povo deliberou acatar overedito do futuro Barão e Gouveia continuou arraial atéo ano de 1954.

O destino do padre e do Roberto foi diferente. Em re-compensa, Roberto foi eleito Deputado Provincial, ten-do convivido em Ouro Preto com Xavier da Veiga, oqual redigiu seu necrológio numa obra clássica cujo títuloé “Efemérides Mineiras”. Quanto ao padre Franciscode Paula Moreira – padrinho de batismo do Sacristão daGouveia, Juca de Celina [José Vicente de Paulo] – foi-lhe enviado um negro escravo, nuzinho em pelo, adorna-do com a coroa da tonsura. Recado para o padre: “Dei-xa de meter a mão em coisas que não são de sua compe-tência, seu negro safado! Negro não manda aqui!”.Conta-se que o padre recebeu o negro escravo, o qualpartiu da casa que pertenceu a Quintiliano Miranda, e lhedisse:- Diga a seu senhor que você não tem culpa do que lhevai acontecer, mas seu senhor irá pagar caro e receberáa maldição divina!O padre o cobriu e devolveu ao senhor. Pouco depois,moscas varejeiras pousaram na cabeça raspada do ino-cente escravo, bernes cobriram o lugar da tonsura e odito senhor perdeu seu capital valioso.Este episódio dá um cordel maravilhoso para ocupar umanoite ao som da viola. Se quiserem mais um tema paracordel, vale narrar como o Padre José Alves Ferreiradeixou a Gouveia e se mudou para Curvelo, onde per-maneceu até a morte. Merecem tragicomédias tambémos episódios de fechamento da fábrica de São Robertoaté a mesma ser arrematada pelo engenheiro AlexandreMascarenhas. Com tanto repertório, nosso Mercado setornará uma praça de alegria e diversão. Valendo con-cluir: em Gouveia todo mundo é poeta, músico, tem mui-tos casos para contar. Elejo contador primeiro nosso pro-fessor Doutor Raimundo Nonato de Miranda Chaves eexijo que ele narre como os Chaves retornaram aoCamilinho como baianos após duzentos anos.Lembro que a primeira proposta para se criar uma Aca-demia de Letras em Gouveia veio de nosso conterrâneoAlvanir Alves de Lima – Nizinho – o qual delineou tam-bém seu regimento.Para finalizar, deixo registrada a importância da NoiteLiterária do “Chá Literário” dos Poetas Gouveianos naqual brilharam nossos clássicos, juntamente com os jo-vens premiados em anos recentes em Semanas Literári-as das quais a Afago é parceira.

José Moreira de Souza

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Na mão de Deus12/07/2015 Gilberto Almeida comunicou

Faleceu no dia 11 de julho às 21,30 Helvecio Diasde Carvalho, no Hospital Felicio Rocho em BeloHorizonte. Helvécio foi sepultado no CemitérioBosque da Esperança às 17 horas do dia 12 dejulho. Ele foi dos últimos lapidários de Gouveiaque resistiuaté o fim acreditando no poderinterpretativo que essa indústria nos traz paraconhecimento das relações mundiais de domi-nação. Helvécio participou também, das primei-ras convocações do doutor Waldir pela funda-ção da AFAGO.

22/08/2015 Hermes Nascimento da Silva - infor-mou

São 22:30, chego da pescaria e recebo a noticia de quefaleceu em Gouveia o sr Dagmar Alves Ferreira, conhecidocomo Dagmar de Oscar Abaete. A familia meus sentimen-tos e Que Deus os console.

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REMETENTEAFAGO - Associação dos Filhose Amigos de GouveiaAvenida Amazonas 115 - sala1709

CEP: 30180 - 000 - BELO HORI-ZONTE - MG

IMPRESSO

Boletim da AFAGOÓrgão Informativo da Associação do Filhos eAmigos de GouveiaAno VIII – N ° 3- Setembro- Outubro 2015.www.afagouveia.org.br

Diretor Responsável – Adilson do NascimentoEditoração Gráfica: José Moreira de SouzaCrédito das Fotos: Adélia Anis Raies de Souza,Isaias da Conceição Chagas, Adilson donascimento, Raimundo Nonato de Miranda Chaves,José Moreira de Souza, acervo Afonso FerreiraBrasil. Ismar Antunes de Oliveira

Diretoria da AFAGOPresidente de Honra: Waldir de Almeida Ribas inMemoriamPresidente: Adilson NascimentoSecretário: Guido de Oliveira AraújoTesoureiro: Raimundo Nonato de Miranda ChavesPatrocinadores:Diretores da AFAGOComissão EditorialGuido de Oliveira Araújo.José Moreira de Souza

Existem pessoas que deixam Gouveia para sempre. Nem querem se lem-brar mais dela. Mas há pessoas que levam a memória de viver em Gouveiapor onde andarem.É para estas pessoas que nosso Doutor Waldir sonhou a fundação daAFAGO - Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia. Nós, seus segui-dores, honramos a mensagem do Doutor Waldir.Vejam nestas páginas a presença de Gouveia.Convocamos também os jovens residentes em Belo Horizonte eadjacências a se associarem a nós. Todos temos muito a oferecer e com-partilhar com nossa amizade. Apoio ao estudo, ao trabalho e à alegria.

Acessem também www.folcloreminas.com.br