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Aula - Manejo Reprodutivo Dos Suínos

Jul 07, 2018

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Larissa Portela
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  • 8/18/2019 Aula - Manejo Reprodutivo Dos Suínos

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

    FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

    DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA

    SUINOCULTURA

     MANEJO REPRODUTIVO

    Prof. PD Charles Kiefer  

    Campo Grande - MS2005

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    Introdução A suinocultura vem, ao longo dos tempos, desenvolvendo-se e buscando um

    mercado cada vez mais especializado. Isto ocorre devido à grande demanda decarne suína, que por ser a mais consumida no mundo, tem um papel fundamental nocrescimento acelerado da população mundial. Hoje, o mundo conta com umapopulação de mais de 6 bilhões de pessoas, podendo dobrar nos próximos 100anos. Para atender à crescente necessidade da população mundial no que se refereà proteína animal de alta qualidade, a suinocultura é uma das principais atividades aser considerada.

    Segundo ROPPA (2003) desde 1977 a produção mundial cresceu à razão de2,07% ao ano. Nesta época, a produção era de 42,9 milhões de toneladas de carnesuína, já em 1987 era de 62,3 milhões de toneladas e em 2003 a produção atingiu amarca de 95,8 milhões de toneladas. O Brasil tem o 3° maior rebanho de matrizesdo mundo com 3,03 milhões de cabeças, sendo o 5° maior produtor mundial,produzindo 2,69 milhões de toneladas em 2003, perfazendo 2,80% da produçãomundial. Nestes últimos 13 anos, a produção brasileira cresceu 158%, enquanto quea produção mundial cresceu apenas 37,1%.

    Por ser um grande produtor de milho e soja, insumos básicos, e por dispor deáreas para o crescimento do plantio e da implantação de novos projetos, o Brasiltem fortes condições para se manter como um grande produtor mundial e paraaumentar a sua participação no mercado mundial. Contudo, é necessário queaprimoremos cada vez mais as técnicas de manejo e de nutrição, uma vez quepodem afetar negativamente o desempenho reprodutivo da matriz. Um dos

    principais objetivos da suinocultura tecnificada é produzir sempre o maior númeropossível de cevados, na qualidade desejada e através dos meios mais eficientes.Durante as últimas três décadas, ocorreu um considerável aumento na

    produtividade da matriz obtida a partir de programas de melhoramento genético(devido à eficiência de seleção genética), ao mesmo tempo em que essa mesmamatriz passou a iniciar sua vida reprodutiva cada vez mais jovem. Entretanto, aprodutividade máxima de uma matriz somente é alcançada no momento em quetodos os elementos de manejo forem adequadamente atendidos.

    Tem-se constatado, por exemplo, que um dos aspectos que mais restringema produtividade da matriz geneticamente melhorada é o manejo inadequado que édispensado às marrãs. Por isso, torna-se cada vez mais necessária à adoção de

    programas adequados de manejo para maximizar a utilização de seu alto potencialgenético. A preparação da marrã geneticamente melhorada é um passo decisivopara a definição da sua produtividade quando adulta e durante toda a sua vida útil.

    Neste curso serão abordados os principais aspectos relacionados ao corretomanejo alimentar e reprodutivo de marrãs e matrizes geneticamente melhoradaspara a obtenção da máxima expressão do vigor genético desses animais e paraobtenção de maiores índices de produtividade em todo o sistema de produção.

    A importância da reproduçãoO fator de maior impacto na produção de suínos é o fluxo de

    coberturas/parições. Matrizes vazias, improdutivas, com instalações ociosas

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    reduzem o número de leitões/matriz/ano e afetam direta e negativamente o sistemade produção.

    Na Tabela 1 podemos verificar uma simulação simples de como o número deleitões/matriz/ano pode afetar a lucratividade na suinocultura.

    TABELA 1: Fatores que influenciam a lucratividade de uma granja de suínosParâmetros Leitões/matriz/ano

    22 20

    Custo médio da ração (R$) 0,27 0,27

    Conversão alimentar do rebanho 2,80:1 2,80:1

    Custo do alimento (%) 70 70

    Outros custos (%) 30 30

    Custo do terminado (R$) 104 104

    Despesa total (R$) 2288 2288

    Valor recebido/kg (R$) 1,35 1,35Kg de carne vendida/ano 2200 2000

    Receita total/matriz (R$) 2970 2700

    Resultado (R$) 682 412

    Os pilares da produção de suínos A genética; a sanidade/biossegurança; instalações/manejo/ambiência e a

    nutrição formam a base da produção de suínos. Embora a genética e a sanidadenão sejam temas deste curso, vale fazer uma pequena inferência com relação aestes fatores demonstrando sua importância na produção como um todo.

    GenéticaCom a evolução genética das fêmeas nos últimos 30 anos (Tabela 2) a

    produção e o manejo alimentar das marrãs tem chamado a atenção tanto para seobter o maior desempenho possível em número de terminados porca/ano, comotambém buscar a redução dos níveis de reposição que em algumas situaçõeschegam a ser superior a 50%. Como resultado observamos que as fêmeas atuaissão muito sensíveis a erros de manejo. E esse quadro é o causador das altas taxasde descarte e queda do desempenho reprodutivo do rebanho.

    TABELA 2: Mudanças na performance das porcas durante os últimos 30 anos1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000Partos/porca/ano 1,9 2,0 2,18 2,25 2,23 2,25 2,35Nativivos/leitegada 10,3 10,4 10,3 10,4 10,7 10,8 11,0Suínos/porca/ano 16,3 17,5 19,8 20,9 21,1 21,6 22,0Taxa de reposição - 33,9 35,9 38,1 40,0 42,6 42,0P2 100 kg - 22,0 19,0 14,5 13,0 11,5 11,0CA rebanho 3,8 3,4 2,9 2,8 2,7 2,6 2,58

    Fonte: Adaptado de Close e Cole (2000)

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    Sanidade/biossegurançaOs impactos negativos da sanidade e biossegurança sobre a produção são

    bem conhecidos, porém só recentemente é que se tem procurado quantificá-los.Sauber & Sthaly (1996) desafiaram matrizes no 2° e 10° dia de lactação cominjeções de LPS (lipopolissacarídio), componente da parede celular de algumas

    bactérias gram-negativas que injetados no corpo do animal geram respostaimunológica semelhante àquela causada por infecções bacterianas ou virais, isto égeram anticorpos. Compararam o desempenho de matrizes injetadas com LPS (altaestimulação) e não injetadas (baixa estimulação) em lactações de 18 dias. Ambos osgrupos de matrizes tiveram suas leitegadas equalizadas em 13 leitões e verificaramque as matrizes que sofreram estimulação crônica apresentaram maior perda degordura corporal (-25,0%) e menor consumo de ração (-10,0%); tiveram tambémmenor ganho de peso das leitegadas (-12,7%) e produziram menos leite (-13,0%). Omesmo aconteceu para os parâmetros de produção total de energia (-12,0%) eproteína do leite (-10,5%), conforme Tabela 3. Os autores concluíram que aestimulação crônica do sistema imune das matrizes prejudicou o desempenho na

    lactação e que estratégias para reduzir os desafios imunológicos devem seradotadas para que as matrizes expressem todo seu potencial produtivo na lactação. Assim, as condições de boa sanidade devem ser mantidas com rigor para o melhordesempenho produtivo do plantel.

    TABELA 3: Desempenho lactacional de matrizes do 2º ao 18º dia de lactação

    --------------- Status imunológico ---------------

    Item Baixa estimulação Alta estimulação P =

    Parâmetros da matriz

    Consumo, kg/dia 5,36 4,81 (-10,0%) 0,17

    Perda de peso, kg/dia -0,73 -0,68 0,83Perda de gordura, kg/dia -0,29 -0,37 (+25,0%) 0,14

    Parâmetros da leitegada

    Desmamados 12,60 12,60 1,00

    GP leitegada, kg/dia 2,60 2,27 (-12,7%) 0,01

    Composição do Leite

    Energia, kcal/kg 259 262 0,23

    Proteína, % 5,90 6,00 0,48

    Gordura, % 6,30 6,70 0,16

    Produção de leite

    Leite/dia, kg/dia 11,50 10,00 (-13,0%) 0,01

    Energia/dia, Mcal/dia 14,40 12,70 (-12,0%) 0,01

    Proteína/dia, g/dia 683 612 (-10,5%) 0,01

    Gordura/dia, g/dia 726 675 0,27

    Fonte: Adaptado de Sauber & Sthaly (1996)

    Reposição de matrizes e reprodutores A reposição é uma prática necessária na criação de suínos à medida que se

    dispõem de outros animais geneticamente superiores ou que os animais do plantel

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    tenham atingido certa idade ou ainda que indiquem, pelo seu desempenhoreprodutivo, que estão abaixo do esperado.

     As principais causas de descarte de matrizes são: morte, danos de aprumos(mecânicos), ausência de cio, falhas de concepção, dificuldades no parto, baixonúmero de leitões nascidos, tamanho excessivamente grande e velhas em demasia.

     A taxa de descarte de matrizes é de aproximadamente 30-40%, isto significa queaproximadamente 1/3 do plantel é composto por primíparas, e como a produtividadedessas fêmeas, principalmente em relação ao tamanho de leitegada, é inferior ao depluríparas, o sucesso no manejo de reposição é fundamental para a viabilidadeeconômica. Portanto o período de introdução da fêmea no plantel até a primeiraconcepção deverá ser reduzido ao máximo sem, no entanto, alterar o desempenhoreprodutivo posterior (Luna, 1993). 

    Quanto aos reprodutores, o período de vida produtiva pode oscilar de 15meses até 3 anos. Em média, os rebanhos necessitam uma taxa de reposição de 25a 50% ao ano. A maioria dos machos são descartados por excesso de peso ouidade, problemas de aprumos e problemas reprodutivos (baixa libido). Devemos

    manter o plantel com maior número possível de machos para atenderadequadamente as necessidades de coberturas, estimulação das fêmeas ediagnóstico de cio.

    Planejamento da reposição A reposição genética regular é, sem dúvida, um dos fatores mais interligados

    ao resultado reprodutivo da granja, pois é através dela que asseguramos amanutenção de uma alta frequência de matrizes nas fases de maior produtividade,ou seja, entre o 3° e o 7° parto.

     Ao chegar à granja a marrã de reposição deve ser bem manejada, pois àadoção de práticas corretas de manejo terá um impacto significativo no seudesempenho, durante toda a sua vida útil. Adaptar adequadamente a marrã aorebanho é, portanto, fator vital para o sucesso das granjas tecnificadas.

    Recebimento e adaptaçãoO principal objetivo desta fase é conseguir que todas as marrãs de reposição

    estejam totalmente adaptadas à granja, antes de atingirem o peso e à idade decobertura adequados.

     A expressão do potencial genético da matriz acontecerá até o ponto em que asanidade, a nutrição e a reprodução passem a ser limitantes. Estes fatores sãoextremamente críticos na fase de adaptação das marrãs à granja e podem

    determinar o sucesso ou fracasso reprodutivo das mesmas, por toda a vida útil.Pontos críticos para uma boa adaptaçãoIsolamentoRecomenda-se que as marrãs recém chegadas à granja sejam isoladas do

    resto do rebanho, por pelo menos 30 dias. Nesse período, elas devem ficar eminstalação vazia e limpa (quarentenário), distante no mínimo 300 metros das outrasinstalações da granja. O quarentenário deve ser, ainda, muito bem isolado quanto aofluxo de pessoas e de veículos que mantêm contato com a granja de destino. Oquarentenário é uma ferramenta importantíssima para o suinocultor, pois previnecom eficácia a entrada de doenças no rebanho, via animais de reposição.

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     Até o 3° dia da chegada das marrãs ao quarentenário, deve-se coletar sanguede 10% do total de animais. O soro coletado deve, então, ser guardado até o final daquarentena. No 30° dia após a chegada deverá ser feita nova coleta de sangue dosmesmos animais da primeira coleta. Daí os soros das duas coletas devem serenviados para um laboratório, a fim de realizar-se pesquisa sorológica para as

    principais doenças de importância econômica, que não estejam presentes na granja.Caso seja diagnosticada a existência de alguma doença, os animais recebidos nãodevem ser introduzidos no plantel.

    Durante o isolamento, vários cuidados de biosseguridade devem ser tomados,tais como:

      O tratador, caso também trabalhe na granja, não deve entrar na mesmaenquanto estiver cuidando dos animais do quarentenário, exceto apóscumprir um período de vazio sanitário;

      Equipamentos e materiais do quarentenário não devem sercompartilhados com a granja;

      Veículos devem passar primeiro na granja e por último no quarentenário;  O fluxo dos animais no quarentenário deve ser "todos dentro - todos fora";   Deve haver banho e troca de roupas para entrar no quarentenário. A

    roupa nele utilizada não pode ir para a granja, sem antes ser lavada. 

     AdaptaçãoRecomenda-se que as marrãs, ao serem introduzidas na granja, após o

    período de quarentena, passem por um período de adaptação de pelo menos 30dias. Esta fase serve, principalmente, para que elas tenham um primeiro contatocom os microorganismos da granja (bactérias, vírus etc), de forma controlada, paraque produzam anticorpos, adquiram imunidade e não adoeçam.

     Animais da granja devem ser colocados em contato direto com as marrãs.Pode ser utilizado, por exemplo, porcas de descarte e também varrões, que irãoinclusive auxiliar no estímulo ao cio.

    Nesta fase, também deve ser oferecido diariamente às marrãs placentas eleitões mumificados. Este fornecimento deve ser feito no período compreendidoentre a primeira e a segunda dose da vacinação contra parvovirose. Não serecomenda este manejo nas granjas que não possuem um controle rigoroso dasdoenças do rebanho, uma vez que este tipo de manejo pode levar a contaminaçãodas fêmeas de reposição.

     Alojamento

    O ideal é que as marrãs sejam alojadas em grupos pequenos, de até 10 porbaia, para permitir um bom desenvolvimento corporal. Com isso, conseguimosminimizar os efeitos provocados pelos grandes agrupamentos e pela competitividadeentre os animais de um mesmo grupo.

    É necessário que existam instalações suficientes para atender ao programade reposição da granja. Recomenda-se uma área de 2,0 a 2,2 m2 por marrã.

    MedicaçãoÉ recomendável que as marrãs recebam ração medicada (com antibióticos

    em doses sub-terapêutica) por pelo menos 15 dias após serem introduzidas nagranja. Se alguma marrã adoecer deve receber medicação injetável (antibióticos,

    antiinflamatórios etc).

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    Preparação da marrã para a vida reprodutivaManejo de indução do cio das marrãs A puberdade da fêmea suína é caracterizada pelo primeiro cio fértil, que

    poderá ocorrer entre 165 e 195 dias de idade, podendo ter variações devido a

    fatores ambientais, genótipo, nutrição, etc.É possível manipular alguns fatores para que a idade da fêmea por ocasiãoda primeira cobertura seja reduzida, possibilitando um aumento de sua vida útil e deseu número total de leitões, reduzindo consequentemente o seu custo (Hughes &Varley, 1980). É possível realizar mudanças no manejo e no ambiente, submetendoas fêmeas a uma série de estímulos. Os principais estímulos empregados são: otransporte da granja multiplicadora à granja de destino, associado ao novo ambientee manejo faz com que 28% das leitoas, em torno de 150 dias de idade, apresentemcio dentro de uma semana; alojamento (leitoas alojadas em celas individuaisretardam em até 35 dias a sua entrada em cio); a troca de alojamento, a mistura delotes e a técnica que tem apresentado os melhores resultados, consiste no contato

    físico "focinho a focinho" com machos de boa libido, de acordo com a Figuras 1 e 2 (Broks & Cole, 1970; Hughes & Varley, 1980).

    FIGURA 1: Influência do contato do cachaçosobre a indução da puberdade.

    FIGURA 2: Percentual de leitoas que atingem apuberdade quando expostas aocachaço com 165 e 190 dias de idade.

    De acordo com Wentz et al. (1990), leitoas com contato com o cachaçodespendem menor número de dias para início da puberdade e um maior percentualapresenta cio até 20 dias após início de manejo (Tabela 4). Além disso, cachaçosmais velhos (com libido melhor) estimulam mais as leitoas reduzindo a idade àpuberdade, conforme Figura 3.

    TABELA 4: Efeito da utilização do cachaço na indução da puberdade em leitoas*

    Manejo Intervalo entre 1º contato epuberdade (dias)

    Surgimento da puberdade(dias)

    Sem contato com macho 39 203Contato com macho de 6,5m 42 206Contato com macho de 11m 18 182Contato com macho de 24m 19 182*164 dias de idade média das leitoas por ocasião do primeiro contato com o machoFonte: Wentz et al. (1990)

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    FIGURA 3: Influência da exposição a machos de diferentes graus de libido sobre a idadedas marrãs à puberdade 

    Como fazer o manejo de indução a puberdade com o uso do cachaço:  Passar um macho sexualmente maduro e de boa libido na baia das marrãs

    diariamente, por pelo menos 10 minutos;  O macho utilizado não deve ficar alojado em local que permita contato

    constante com as marrãs, ou mesmo em local em que as marrãs sintamfreqüentemente sua presença e seu cheiro. O ideal é que seja alojado emuma instalação separada, de onde virá apenas para executar o manejo deestímulo ao cio;

      Recomenda-se um macho (rufião) para cada grupo de 350 marrãs;  O ideal é realizar um rodízio de machos, ou seja, não utilizar sempre o

    mesmo macho;  Recomenda-se que as marrãs não tenham nenhum contato direto ou

    indireto com os machos antes dos 140 dias de idade;  As marrãs devem ter idade mínima de 150 dias no momento da primeiraexposição ao macho;

      Descartar machos de baixa libido (que não provocam as marrãs),independente da idade;

      Fazer reposição regular dos machos rufiões, para ter uma boa distribuiçãode idade;

      Reagrupar as marrãs quando elas entrarem em cio, para se ter baias demarrãs ciclando juntas, o que facilita a detecção de cio;

      Marrãs que não apresentam cio junto com as demais do grupo tambémdevem ser reagrupadas para que depois recebam novos estímulos;

      Fazer ficha de cada baia com a identificação das marrãs e datas de cio ecobertura/inseminação;  Se possível, alojar as marrãs em gaiolas logo após o cio anterior ao da

    cobertura, de modo que haja um melhor controle da alimentação e ummenor estresse no período pós-cobertura.

    AmbienteEstresse e produtividadeO desempenho de um animal (sua capacidade produtiva, reprodutiva e até

    mesmo de sobrevivência) está sempre relacionada aos diversos componentesambientais. Por isso, devemos submeter às fêmeas a ambientes o menos

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    estressantes possíveis. O estresse pode reduzir a resistência a doenças, ativar osistema imune e reduzir a produtividade da matriz.

    Deve-se dar atenção ao conforto das fêmeas, evitar situações indesejáveiscomo brigas, calor, frio, sede, fome, doenças, piso inadequado, instalaçõesimpróprias, ventilação insuficiente etc.

     A ventilação apropriada e a qualidade do ar são essenciais para umadequado conforto da fêmea suína dentro dos barracões de reposição, gestação ematernidade. Na Tabela 5 são apresentadas as recomendações de temperaturaambiente ideal.

    TABELA 5: Recomendações de temperatura ambiente (°C)

    Limite críticoTemperatura ideal Frio Calor

    Leitão/maternidade 30 a 34 27 36Porca/maternidade 16 a 21 12 25Gestação 18 a 25 10 27

    Manejo alimentar das marrãsNa produção de suínos, muitos fatores contribuem para a eficiência

    zootécnica e econômica. Mas não há dúvida de que a nutrição e o manejo alimentardas marrãs tem enorme impacto no desempenho reprodutivo do plantel.

     A seleção genética vem produzindo marrãs com elevado ganho de peso, altoconteúdo de carne magra na carcaça, baixa espessura de toucinho, maiorprolificidade e um baixo apetite. Este novo perfil genético passa a exigir umprograma nutricional diferenciado, que atenda completamente estas características.

    É fato que as marrãs continuam crescendo durante grande parte da sua vida

    reprodutiva. Desse modo, precisam de dietas que atendam todas as suas exigênciasnutricionais, tanto para reprodução, como para crescimento. Quando a oferta diáriade nutrientes é insuficiente, elas passam a utilizar as reservas dos tecidos corporaispara suprir suas necessidades de manutenção, crescimento e produção, o queacarretará perda da condição física da marrã, tanto em carne (proteína) comogordura. Por isso é essencial que as fêmeas de reposição estejam em condiçãofisiológica adequada na primeira cobertura, para que possam ter uma altaprodutividade e uma longa vida reprodutiva.

    Um manejo nutricional moderno requer um preciso monitoramento dacondição corporal das fêmeas. Recomenda-se, como ideal, o uso de equipamentode ultra-sonografia para medir a espessura de toucinho na posição denominada P 2 

    (6,5 cm afastado da linha dorso-lombar entre a última e a antepenúltima costela) edeterminar o status corpóreo das fêmeas. O objetivo é conseguir uma reservacorporal adequada, através de ajustes na alimentação nas fases de gestação elactação.

    O peso da leitoa à primeira cobertura é fator de grande influência nodesempenho posterior da matriz. Ludke et al. (1998) recomendam que aalimentação durante a fase inicial até os 70kg deve ser à vontade. Após os 70kg depeso é comum introduzir um manejo alimentar que varia desde a alimentação àvontade até uma restrição de 85% do consumo aos 100kg. O manejo alimentar develevar em consideração a genética, sendo que a restrição alimentar é recomendadapara animais com alta deposição de gordura. A restrição alimentar, quando adotada,

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    pode iniciar aos 90kg e deve ser programada para que as fêmeas apresentem pesode 115 a 120kg aos 180 –190 dias. Deve haver cuidado para que a restrição não sejamuito severa.

    Já, nas granjas que possuem animais com alto potencial genético a restriçãoalimentar é desaconselhável, pois aos 110kg de peso as fêmeas ainda não terão

    atingido as reservas corporais necessárias para uma longevidade que permita umadequado retorno econômico (Close, 1995).

    A primeira cobertura da marrã A fase em que a leitoa é coberta pela primeira vez pode ter importantes

    implicações na sua vida reprodutiva. Economicamente, justifica-se que ela sejacoberta o mais cedo possível, uma vez que se reduz seu período improdutivo norebanho. Entretanto, a colocação precoce em reprodução exige condições dealimentação, de instalações e de manejo adequadas, tanto durante o período decrescimento como durante a primeira gestação.

    O número médio de óvulos liberados aumenta do primeiro para o terceiro cio,

    de tal forma que, realizando a primeira cobertura, por ocasião do terceiro cio,melhora-se a prolificidade da leitoa. Isto está relacionado com o manejo alimentar,pois ocorre quando se realiza a restrição alimentar, já em leitoas com alimentação àvontade  o efeito de ovulação do primeiro para o terceiro cio desaparece, o que éexplicado pelo peso corporal, pois as leitoas são maiores na puberdade e nestacondição podem ser cobertas no segundo cio sem afetar a vida útil e a eficiênciareprodutiva (Institut Technique du Porc, 1993).

    Existem recomendações clássicas de que a 1ª cobertura deve ocorrer quandoa marrã atingir 210 dias ou mais de idade, com 125-130kg de peso, com 20mm deespessura de toucinho no P2  e no 3° cio. Entretanto, essas recomendações têmgrandes variações, devido, principalmente as diferentes genéticas (Levis, 1999). Deacordo com Foxcrof et al. (1996), deve-se realizar a 1ª cobertura por ocasião do 2°cio, com um peso ao redor de 125kg e 15mm ou mais de espessura de toucinho,sendo que as leitoas devem receber alimentação à vontade por pelo menos dez diasantes da cobertura.

    Silveira et al. (1998) observou que fêmeas cobertas com 193 e 232 dias deidade pariram 9,6 e 10,2 leitões vivos, respectivamente, e concluiu que éeconomicamente mais rentável cobrir a fêmea aos 193 dias de idade, uma vez que0,6 leitão produzido a mais pelas fêmeas mais velhas não cobrem os gastos demanutenção por seis semanas. Freitas (1999), por sua vez avaliando diferentesidades a 1ª cobertura verificou que entre 211 e 220 dias as marrãs apresentavam o

    maior número de leitões nascidos vivos ao 1° parto e maior número médio entre o 1°e o 3° parto (Tabela 6).Em geral, quanto maior o número de cios que a marrã tiver até 180 dias de

    idade, maior será o número de leitões nascidos por parto durante sua vida útil(Figura 4). Além disso, as fêmeas que têm leitegada pequena no primeiro parto terãoum número menor de leitões nascidos vivos nos partos subseqüentes (Figura 5).

    Pesquisas demonstram que as marrãs geneticamente melhoradasapresentam maior número de leitões nascidos por parto quando cobertas no 3° ou 4°cio, apresentando maior produtividade ao longo da vida útil (Figura 6), entretanto,seguindo-se os requisitos mínimos para a 1ª cobertura (Tabela 7).

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    TABELA 6: Relação entre idade a cobertura e número de leitões nascidos vivos no 1° partoe do 1° ao 3° parto em 8 granjas na Inglaterra

    Idade a cobertura N° de marrãs Nativivos (1° parto) Nativivos (1 –3° parto) Abaixo 200 93 10,6 11,2201 – 210 126 10,8 11,1

    211 – 220 313 11,7 12,2221 – 230 152 10,7 11,1 Acima 231 93 11,0 11,6Fonte: Freitas (1999)

    FIGURA 4: Nascidos vivos x número de cios antes de 180 dias de idade

    FIGURA 5: Nascidos vivos por parto

    FIGURA 6: Produção média de leitões de acordo com o número de cios no momento daprimeira cobertura

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    TABELA 7: Requisitos mínimos para marrãs à 1ª cobertura

    Cio 3° ou 4°Idade 210 a 230 diasPeso 130 a 150kgEspessura de toucinho (P2) 16 a 18 mm

     A espessura de toucinho tem-se mostrado importante sobre o tamanho daleitegada subseqüente. Trabalhos técnicos comprovam que existe alta correlaçãoentre a espessura de toucinho no momento da cobertura e o índice de produtividadeda fêmea suína (Figura 7).

    FIGURA 7: Espessura de toucinho na cobertura x tamanho da leitegada subsequente

    Se por um lado é defensável a argumentação de que a idade mais avançadada matriz a 1ª cobertura permitirá uma melhor adaptação ao ambiente, inclusive aosdesafios sanitários, por outro lado essa matriz será mais pesada e terá umaexigência de manutenção maior que àquela coberta a uma idade mais precoce e

    com menor peso e ainda o produtor terá um custo de alimentação adicional.Some-se a isso o fato que matrizes pesadas tem risco aumentado deproblemas do aparelho locomotor, importante causa de descartes de matrizes.Levando em consideração estes argumentos, a melhor decisão é comprar animaisde reposição cuja genética oferece mais precocidade sexual a um menor peso, semprejuízos à sua vida produtiva (Rozeboom, 1996).

    Diagnóstico do cioO ciclo estral (período de um cio ao próximo) em leitoas e porcas está em

    torno de 21 dias, podendo variar de 18-24 dias. O ciclo estral pode ser dividido empró-estro, estro ou cio, metaestro e diestro. O momento para a realização da

    cobertura e/ou inseminação artificial está baseado nos sintomas de cio, tidos comomelhores preditores para o momento da ovulação.

    Os sinais de cio mais comuns são:  Orelhas levantadas;  Perda de apetite;  Reflexo de tolerância ao macho;  Lombo arqueado;  Tremores   Olhar brilhante   Descarga vulvar de muco branco;   Vulva com coloração avermelhada e levemente inchada; 

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      Resposta positiva ao teste de pressão. 

    Como deve ser o manejo de detecção de cio:  Fazer a detecção de cio duas vezes ao dia, com a presença de macho

    sexualmente maduro e de boa libido, a um intervalo ideal de 12 horas;

      O intervalo ideal entre os dois contatos é de 12 horas. Mas se algumfator impedir isto, é importante que o espaço de tempo entre oscontatos seja de no mínimo 8 horas;

      O macho ideal deve ter pelo menos 10 meses de idade, boa libido eser "sociável";

      A exposição da fêmea ao macho deve ser intensa, para maximizarseus reflexos de tolerância ao reprodutor;

      O contato "focinho a focinho" é essencial para uma detecção de cioeficaz;

      É necessário fazer pressão com as mãos na parte dorsal da fêmeaquando na presença do macho. Também convém massagear os

    flancos e a linha de tetas.Os sintomas mais comumente utilizados para a definição do momento ótimo

    de cobertura são o reflexo de imobilização frente ao cachaço e o reflexo detolerância ao teste de monta feito pelo homem.

    Duração do cioO cio dura em média 2 a 3 dias, sendo que pode haver uma variação grande.

    Leitoas, por exemplo, apresentam uma duração média de 2 dias, sendo observadasleitoas com cio de 1 e 3 dias. Nas fêmeas mais velhas, a duração varia entre 2 a 3dias. No entanto, pesquisadores relatam durações de cio que variam entre 16 horasa 5 dias (Figura 8).

    FIGURA 8: Variação da duração do cio em horas (Castagna et al., 2000)

    Diversos fatores são capazes de influenciar a duração do cio, entre elespodem ser citados a genética, a ordem de parto, a temperatura ambiente, o estressecrônico e o intervalo desmame-cio. Desses fatores, o intervalo desmame-cio e aordem de parto são os fatores que mais influenciam sob ponto de vista prático e,mesmo assim, não sendo observada em todas as granjas. Estudos demonstram queas fêmeas que entram em cio até o quarto dia após o desmame tem duração de ciosignificativamente maior (±71 horas) quando comparadas àquelas com intervalodesmame-cio superior (49-58 horas). As porcas geralmente apresentam maiorduração de cio em relação às marrãs.

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    OvulaçãoO rompimento dos folículos seguido da liberação dos óvulos (oócitos) é

    denominado ovulação. Os primeiros estudos da ovulação foram realizados atravésde cirurgias, onde os animais eram anestesiados e observados. Com odesenvolvimento da ultra-sonografia, uma técnica menos trabalhosa e mais precisa,

    a determinação do momento da ovulação pôde ser mais bem estudada. Pode-seafirmar que, geralmente, a ovulação ocorre no início do terço final do cio. Istosignifica que, em uma fêmea cujo cio dura 3 dias, a ovulação provavelmente ocorreentre o fim do 2º e começo do 3º dia. Os estudos mais recentes demonstram que aovulação pode acontecer entre 10 e 96 horas após o início do cio, sendo que agrande maioria, ocorre entre 36 e 48 horas (Figura 9). As leitoas, em média, ovulamapós 30 horas do início do cio, enquanto que as porcas, entre 40 e 50 horas. Algunsautores relatam casos em que a ovulação ocorre após o final do cio.

    FIGURA 9: Variação do momento da ovulação em horas (Castagna et al., 2000)

    Diversos estudos foram realizados com o objetivo de encontrar fatoresassociados à ovulação e que pudessem ser utilizados para se prever o momento da

    ovulação no dia a dia das granjas. De todos os fatores estudados, a duração do ciomostrou ser o mais importante. No entanto, trata-se de uma medida retrospectiva, ouseja, só pode ser determinada após o final do cio, quando a ovulação já ocorreu e,portanto, não pode ser utilizado em termos práticos.

    Momento ideal para a realização da coberturaDurante as primeiras 10-12 horas de cio, o homem não consegue provocar o

    reflexo de tolerância pela pressão lombar, entretanto o macho consegue provocar oreflexo de imobilização. Transcorridas as 10-12 horas iniciais o homem consegueprovocar o reflexo de tolerância sem a presença do macho por um período que variade 12-24 horas. Finalmente, durante o transcorrer das últimas 10 –12 horas do cio,

    somente o macho consegue provocar a imobilização (Figura 10).Muitas vezes a fêmea apresenta o reflexo de imobilização ao macho, mas não

    apresenta reflexo de tolerância ao homem. Apesar de estarem em cioaproximadamente 50-60% das nulíparas e 20-30% das multíparas não se imobilizamquando o homem realiza o teste de pressão lombar. Essas fêmeas necessitam doestímulo do macho (“boar priming”) 5-10 minutos antes da detecção do cio pelohomem sem a presença do macho.

     A máxima estimulação das fêmeas ocorre quando expostas a altasconcentrações de feromônios presentes na saliva do macho, por isso é necessário ocontato físico direto ao qual devem ser submetidas às leitoas aptas, fêmeas vazias e

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    fêmeas desmamadas que são alojadas no mesmo galpão onde permanecem osmachos.

     A escolha do momento de cobertura é decisiva para obtenção de bonsresultados. Em geral, recomenda-se que a primeira cobertura seja realizada 12horas após o diagnóstico de cio para as fêmeas pluríparas e no momento do

    diagnóstico de cio para as marrãs (desde que apresente os requisitos mínimos paraa cobertura, de acordo com o descrito anteriormente).

    FIGURA 10: Esquema de controle de cio e momento ótimo de cobertura

    CoberturaMonta naturalOs principais cuidados no manejo da monta natural são:  O macho deve ter tamanho semelhante ao da fêmea para não

    machucá-la;  De preferência conduza a fêmea até a baia do macho;  Deve-se auxiliar o macho no momento de introdução do pênis;  Deve-se realizar duas a três montas por cio da fêmea;  Às fêmeas devem ser conduzidas com calma, pois o estresse pode

    provocar perdas embrionárias. A frequência de monta utilizada varia de acordo com a idade do macho,

    sendo que para machos entre 7 e 9 meses deve ser em torno de 2 montas porsemana, entre 9 e 12 meses deve ser entre 3 a 5 e para reprodutores com mais de12 meses a frequência não deve ser superior a 6 montas semanais (Wentz et al.,

    1998).Inseminação artificial Ao realizar a inseminação artificial é necessário estimular a fêmea através da

    pressão lombar ou com o auxílio de um macho. No momento da inseminação deve-se limpar a seco a vulva com papel higiênico ou papel toalha, verificar o estado dosêmen (apresentando-se aglutinado deve ser misturado com a ponta do frascovirada para baixo mexendo levemente em círculos); após corta-se a ponta doadaptador do frasco; retira-se a pipeta do plástico; umedece-se a pipeta comalgumas gotas de sêmen com objetivo de lubrificação; abre-se os lábios vulvares eintroduz-se a pipeta levemente dirigida para cima e para frente (evita-se assim lesão

    no orifício uretral externo), com leves movimentos de rotação para esquerda até ser

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    fixada pela cérvix, adaptar o frasco à pipeta e introduzir o sêmen, promovendo levepressão sobre o frasco, durante no mínimo 4 minutos para evitar o refluxo de sêmen(Bortolozzo & Wentz, 1995).

    Uma boa detecção de cio é o ponto chave para se ter sucesso nainseminação artificial. O esquema mais utilizado é o de três inseminações, sendo

    que para marrãs, a primeira inseminação deve ocorrer imediatamente após adetecção do cio e para porcas, deve ocorrer 12 horas após a detecção.

    Vantagens da inseminação artificial  Menor número de machos destinados à reprodução (relação de 1

    macho para 100-200 matrizes);  Redução de custos de produção (o custo por fêmea fecundada na

    monta natural é de R$ 23,00, por sua vez na inseminação varia entreR$ 17,00 a 23,00, conforme o valor estimado dos machos);

      Ganho genético (qualidade de carcaça);  Segurança sanitária;  Maior higiene na cobertura;  Eliminação de ejaculados impróprios;  Qualificação dos funcionários.

    Limitações da inseminação artificial  Necessidade de estrutura laboratorial;  Necessidade de mão-de-obra qualificada;  Vida útil do sêmen (aproximadamente 72 horas, embora existam

    diluentes capazes de conservar as doses por 5 dias ou mais).

    Fecundação

    Cerca de 1 a 2 horas após a inseminação ou monta natural, ocorre àformação do reservatório espermático, localizado na junção útero-tubárica (entre oscornos uterinos e os ovidutos). Após a ovulação, ocorrem alterações hormonais quefazem com que estes espermatozóides sejam transportados massivamente emdireção aos oócitos e ocorra a fecundação em um local denominado ampola uterina. 

    O gameta feminino entra em processo de degeneração 6-8 horas após aovulação o que permite a penetração espermática. O espermatozóide por sua vezsobrevive no aparelho genital feminino por aproximadamente 36 horas, necessita de2 horas para deslocar-se ao istmo e de uma adaptação de 6 horas para fecundação.

    Gestação  A fêmea suína passa em torno de dois terços de sua vida útil em gestação,assim deve-se tomar cuidados para potencializar a produtividade e com isso obtersucesso na produção. A gestação dura, em média, 114 dias (±3 dias). Para que sedê o reconhecimento e a manutenção da prenhez são necessários, no mínimo, 4embriões, que fazem com que ocorra alterações hormonais que impedem que afêmea inicie um novo cio. O hormônio responsável pela manutenção da prenhez é aprogesterona e este reconhecimento ocorre por volta do 12º dia após a fecundação.O período mais crítico em relação à morte dos embriões vai até o 35º dia, a partirdaí, ocorre à formação do esqueleto e o embrião passa a ser chamado de feto(Institut Technique du Porc, 1993).

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    Diagnóstico de gestaçãoO diagnóstico precoce da gestação tem grande importância dentro de um

    sistema de produção de suínos, pois é através do resultado do diagnóstico queseparamos as fêmeas gestantes das vazias a fim de adotar manejos diferenciadospara estas categorias.

    O diagnóstico de gestação baseia-se no controle do retorno ao cio através docomportamento e sintomas apresentados pelas fêmeas. Sabe-se que a duração dociclo estral é de 21 dias (±3 dias), portanto decorrentes 21 ou 42 dias, em média, dacobertura e a fêmea não manifestar cio é considerada prenhe. Recomenda-se,entretanto, que o retorno ao cio deve ser verificado entre 17 e 35 dias e novamenteentre 50 e 60 dias após a cobertura. O controle do retorno ao cio das fêmeas deveser realizado 2 vezes ao dia (manhã e tarde), preferencialmente, com auxílio de ummacho adulto e de boa libido.

    Em unidades de produção maiores, o uso do aparelho de ultra-sonografia,sendo que a confirmação da prenhez pode ser realizada com o uso de ultra-sonografia entre 21 e 42 dias após a cobertura. O custo desse aparelho é diluído,

    quando diminui o número de dias não produtivos, em função da detecção dasfêmeas vazias no início da suposta prenhez.

    Alojamento e meio ambiente na gestaçãoO primeiro mês é a fase mais crítica da gestação, sendo que poderá ocorrer

    mortalidade embrionária devido ao mau manejo, como transporte, mistura de lotes,estresse térmico e nutricional, consequentemente obteremos parições de leitegadaspequenas ou alto índice de retorno.

     As fêmeas cobertas não devem ser removidas de suas baias/gaiolas oumisturadas com outros grupos durante a fase de implantação embrionária, queocorre até o 35° dia de gestação, período em que qualquer estresse deve serreduzido ao mínimo.

    Recomenda-se ainda que durante o primeiro mês de gestação cada fêmeatenha alojamento individual, evitando-se brigas e disputas pela ração, que sãoconsideradas as maiores causas de estresse. Desta forma consegue-se diminuir asperdas embrionárias. O uso de gaiolas também tem a vantagem de melhorar ocontrole individual da alimentação.

    Quando as marrãs cobertas são mantidas em baias, recomenda-se alojá-lasem gaiolas a partir de 80 dias de gestação, para que elas se acostumem com estetipo de instalação e não sofram estresse quando forem transferidas para as gaiolasde maternidade.

    Manejo alimentar na gestação A nutrição da matriz gestante tem que ser individual, não interessando

    quantas matrizes existam no plantel. Com essa consideração em mente é que sedeve estabelecer o plano de nutrição das matrizes.

    Um plano de nutrição e alimentação de uma matriz gestante deve contemplaros seguintes objetivos: 

      Aumento da sobrevivência embrionária;  Desenvolvimento das glândulas mamárias;  Desenvolvimento dos fetos (peso ao nascer);  Crescimento corporal (marrãs);

      Controle preciso do ganho de peso corporal (matrizes);

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      Controle da condição corporal;  Recomposição das reservas corporais (matrizes).

    Para obter esses objetivos, recomenda-se que a matriz gestante receba nasprimeiras 3 a 4 semanas 2,0kg de ração de gestação (6,0 Mcal de EM). De 28-30

    até os 60 dias de gestação é o chamado período de acerto corporal. Neste período ocriador deve permitir que matrizes mais magras recebam um pouco mais de ração(2,2kg) e que as mais gordas possam sofrer uma pequena restrição (1,8Kg). Atingida a condição corporal adequada basta mantê-la com 2,0kg diários até 85dias. Entre 85 aos 95 dias, a glândula mamária estará multiplicando suas célulasprodutoras de leite, aumentando a exigência nutricional. Deve-se aumentarligeiramente a quantidade de ração diária, para 2,3 a 2,4kg de uma ração de pré-lactação, mais rica em nutrientes. A partir daí deve-se aumentar ligeiramente aoferta de ração pré-lactação chegando ao parto com no máximo 2,6kg/dia,dependendo do tamanho do animal. Com um plano nutricional como este, asmatrizes estarão perfeitamente aptas a uma vida produtiva ótima.

    Outro programa nutricional é o de Sesti & Passos (1994) que recomendam ofornecimento de 2kg de ração ao dia a partir da cobertura até os 30 dias; 2,2kg deração por dia dos 30 aos 85 dias e 3kg de ração por dia até as imediações do parto.

    Existe um consenso de que 1,8 até 2,7kg de ração gestação (entre 20 até 33MJ/dia de energia) é suficiente para atender as necessidades de mantença eprodução (crescimento fetal). Aumentar o consumo de ração na gestação além dolimite das necessidades é de pouco ou nenhum benefício. Não aumentasignificativamente o número de leitões nascidos nem o peso ao nascer.

    Muitos criadores, no entanto, acreditam que oferecendo mais ração àsmatrizes estarão produzindo mais e melhor. Tal prática, na verdade, tem efeitoreverso, pois ao se aumentar o nível de alimentação na gestação, acima dosrequerimentos ocorrerá aumento do peso e do metabolismo da fêmea, aumentandoa possibilidade de perdas embrionárias e redução do número de leitões nascidos.Outra consequência é que durante a lactação, esta matriz gorda ou supercondicionada, comerá menos, produzirá menos leite e irá desmamar leitões maisleves. Além disso, ao comer menos perderá reservas corporais afetando o retornoao cio e sua vida produtiva. Os efeitos de se alimentar as matrizes com mais raçãoque o necessário são apresentados na Tabela 8.

    De uma maneira geral, deve haver um aumento gradativo do consumo deração durante a gestação, uma vez que no terço final de gestação ocorre maiorcrescimento fetal e desenvolvimento do complexo mamário, obtendo-se assim maior

    produção de leite, leitões mais pesados e consequentemente maior taxa desobrevivência.

    TABELA 8: Efeito do consumo de ração na gestação sobre o consumo na lactação

    ParâmetroConsumo de ração na gestação (kg/dia)

    1,80 2,25 2,70

    Ganho de peso, kg 55,3 70,4 82,7

    Consumo ração lactação, kg 4,76 4,70 3,98

    Variação de peso, kg -12,2 -19,6 -24,6Fonte: Dourmad (1991)

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    Condição corporal na gestaçãoUma vez que existem tantos fatores afetando o nível de alimentação das

    matrizes os produtores necessitam de algum sistema para avaliar se o plano denutrição das matrizes está ou não adequado. O ideal é a pesagem periódica dasmatrizes, tendo seu peso sob controle e ainda, tenham a sua espessura de toucinho

    medidas sistematicamente com auxílio de um aparelho de ultra-sonografia. Isso nemsempre é possível, mas nem por isso deixa de ser ideal.Outra alternativa é usar o escore de condição corporal, um método que

    combina a avaliação visual e a estimativa das reservas corporais de gordura (Figura11). Este método subjetivo é até certo ponto, uma alternativa de algum valor,principalmente na falta da balança e do aparelho de ultra-som.

    FIGURA 11: Escore corporal visual da fêmea suína

    No entanto, o que interessa ao nutricionista e deve interessar também aoprodutor, é que a matriz tenha, não apenas um bom escore de condição corporal,mas mais que isso, tenha um ótimo "status" metabólico, este sim, o melhor critério,capaz de permiti-la expressar todo o seu potencial produtivo.

    Podemos nos assegurar que a matriz está num ótimo "status" metabólico,quando ela está sendo alimentada corretamente, tendo sua exigência nutricionalatendida, sob condições de poucos desafios quer do ambiente quer da sanidade eesteja produzindo de acordo com seu potencial genético e que seu desempenho nãomereça reparos.

    Mas o escore da condição corporal também nos permite algumas definiçõesúteis acerca das possibilidades produtivas da matriz. Por exemplo, sabemos que amatriz em má condição corporal tende a aumentar o número de descartes do plantel,reduzir o número de leitões/matriz/ano, diminuir as taxas de concepção, alongar otempo para o retorno ao cio pós-desmama (IDC), aumentar a susceptibilidade à

    osteoporose e outras afecções do sistema locomotor, como fraturas de membros ecoluna vertebral.Sabemos também, por outro lado, que matrizes muito gordas ou super

    condicionadas tendem a ter maior mortalidade embrionária, parto mais difícil(distócito), menor consumo na lactação, menor produção de leite e leitegadas depesos inferiores.

     Assim sendo, o escore de condição corporal não é decisivo acerca da melhorcondição metabólica da matriz, mas pode ser usado como um indicativo dessacondição se todas as necessidades nutricionais e de ambiente estiverem cumpridase se a produtividade estiver adequada. Recomenda-se que ao parto as fêmeasdevem apresentar condição corporal entre 3,5 a 4,0 pelo escore visual.

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    Fatores que afetam o consumo de ração na gestaçãoEvidentemente a restrição alimentar da gestação é vantajosa, mas deve

    seguir alguns critérios como: tipo de alojamento, tipo de piso, temperatura, peso damatriz, desafios sanitários, etc.

    Matrizes alojadas em grupo, em baias coletivas, requerem aproximadamente15% a mais de ração do que aquelas alojadas em gaiolas individuais. Nas condiçõesde baixas temperaturas (abaixo de 16ºC), matrizes magras que têm baixoisolamento térmico (pouca gordura corporal), necessitam de mais 3 a 4% de raçãopara cada grau abaixo de 16ºC, para se manterem aquecidas e produziremsatisfatoriamente, comparado às matrizes mais gordas. Matrizes mais pesadas têmexigência de mantença superior (estima-se que sejam necessários 5% a mais dealimento para cada 10kg de peso acima da condição ideal). E matrizes com desafiossanitários como parasitos (interna e externa), por exemplo, necessitam maisnutrientes para enfrentar os parasitas e não perderem peso e nem prejudicar o pesodos leitões ao nascer. Além disso, necessitam ser tratadas para a eliminação dos

    parasitas.

    MATERNIDADEPré parto As fêmeas devem ser transferidas de 3 a 7 dias antes da data provável do

    parto do setor de gestação para a maternidade, permitindo a adaptação ao novoambiente. Previamente à transferência as fêmeas devem ser devidamente lavadascom água e sabão com auxílio de escova e serem desinfetadas com uso dedesinfetante apropriado. A transferência deve ser realiza nas horas mais frescas dodia.

     Aproximadamente uma semana antes do parto, as fêmeas apresentam sinaismais evidentes da aproximação do mesmo. Dentre os mais frequentes são oaumento da sensibilidade das glândulas mamárias e o edema da vulva. Em torno detrês dias antes do parto, pode-se observar ainda uma mudança no comportamentodas fêmeas, caracterizada, principalmente, por inquietação e em alguns casos épossível observar a tentativa da fêmea em preparar um ninho para os leitões.

    É comum se observar constipação no momento do parto, associada àdiminuição na produção de leite na fase inicial da lactação. Para evitar esseproblema deve haver uma redução no fornecimento de ração antes do parto, sendoque, no dia do parto deve-se fornecer apenas água para a fêmea. Também érecomendado o fornecimento de dieta laxativa (Institute Technique du Porc, 1993).

    PartoPor volta dos dois últimos dias de gestação, começam a ocorrer alterações

    hormonais que darão início ao parto. Um hormônio produzido no útero, chamadoprostaglandina, é responsável pela redução da progesterona e, ao mesmo tempo,estimula a liberação de ocitocina, que provoca as contrações uterinas para onascimento do leitão. Outro hormônio importante durante o parto é a relaxina, queprovoca a dilatação da cérvix, necessária para a passagem do leitão. Na Tabela 9são descritos alguns acontecimentos associados ao parto. O sintoma que permitemaior precisão para determinar o momento do parto é a secreção láctea, sendo que,quando ocorre secreção leitosa em gotas, em 70% dos casos, o parto ocorre dentro

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    de 12 horas e quando ocorre secreção leitosa em jatos, em 94% dos casos, o partoocorre dentro de 6 horas.

    TABELA 9: Acontecimentos relacionados ao parto com respectiva duração

     Acontecimento Duração média (mín – max)

    Duração do parto 3 hs (25min – 8 hs)Intervalo de expulsão dos leitões 15 min (1 – 23 min) Apresentação anterior 65% (55 – 75%)Parto com cordão umbilical intacto 65% (60 – 75%)Rompimento do cordão umbilical 4 min (1 – 30 min)Ressecamento do cordão umbilical 12 hsPrimeira mamada 20 min (3 – 150 min)Expulsão da placenta após o último leitão 4 hs (0 – 12 hs)

    Fonte: Plonait & Bickhardt (1998)

    Manejo nutricional das fêmeas em lactaçãoObjetivos da Nutrição durante o período de Lactação  Aumentar a produção de leite da porca e da marrã;  Reduzir a perda de peso e a perda da reserva de gordura corporal;  Aumentar a taxa de crescimento dos leitões;  Diminuir a taxa de mortalidade dos leitões.  Garantir uma taxa de ovulação subseqüente adequada;  Reduzir o intervalo desmame-cio;  Promover a longevidade da fêmea.

    O maior problema das fêmeas em lactação é a limitada capacidade deingestão frente a grande demanda de nutrientes. No verão, durante a fase de

    lactação, ocorre a síndrome do estresse calórico (SEC). A SEC ocorre quando asfêmeas são alojadas em instalações inapropriadas, sem controle de temperatura,umidade e ventilação, consequentemente ocorre aumento da temperatura ambientee como não conseguem dissipar eficientemente o calor as fêmeas reduzem ometabolismo, reduzem a ingestão de alimento resultando num balanço nutricionalnegativo, ou seja, o consumo de nutrientes é muito menor que a exigência. Então afêmea mobiliza reservas corporais para produção de leite, de forma ineficiente, poisa fêmea não consegue manter a produção em nível normal. A produção de leite cai,reduzindo o peso dos leitões ao desmame, além disso, prejudica a condição corporalda fêmea predispondo-a futuros problemas de desempenho reprodutivo, como maiorintervalo desmame-cio, menor taxa de ovulação, maior mortalidade embrionária,maior suscetibilidade a doenças e descarte antecipado.

     A base do plano nutricional das matrizes em lactação é a alimentação àvontade, ou seja, nesta fase, o consumo deve ser livre. E mais ainda, o consumonão só deve ser livre como necessita ser estimulado de todas a formas possíveis.Existem vários fatores que influenciam negativamente o consumo. A ambiência, nocaso brasileiro é um dos mais importantes.

     A temperatura ambiente e a umidade relativa afetam as matrizes reduzindo oconsumo de alimento; atrasando o retorno ao cio e na própria manifestação destecio, pois aumentam as incidências de cios silenciosos e aumentam a mortalidadeembrionária diminuindo o tamanho das leitegadas.

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    Na Tabela 10, Lundeen (2000) demonstra os efeitos da estação do ano naperformance reprodutiva de matrizes suínas. As altas temperaturas, comuns noverão brasileiro, mas também presentes nas outras estações do ano, tem osmesmos efeitos sobre o consumo de ração pela matriz suína. Consumo apropriadona lactação é a chave para o bom desempenho produtivo de uma matriz.

    TABELA 10: Estação do ano sobre o desempenho reprodutivo das matrizes

    PARÂMETROS Inverno Verão

    Peso a desmama, kg 6,50 5,50

    IDC, dias 5,50 7,80

    % em cio aos em 7 dias 90,00 78,00

    Taxa de parição, % 87,00 82,00

    Tamanho da leitegada 10,50 10,20

    Fonte: Lundeen (2000)

    Segundo Dial & Koketsu (1996), o consumo de ração tem grande influênciano intervalo desmama-cio. Os resultados destes pesquisadores sugerem, que asmatrizes altamente produtivas e que não consomem nutrientes suficientes nalactação (menos que 4,2kg/dia) o intervalo desmama-cio pode ser influenciadonegativamente, pois as matrizes não atingem suas demandas metabólicas.

    Koketsu et al. (1998) demonstram na Tabela 11 os efeitos do consumo deração durante a lactação sobre o intervalo desmama-cio e sobre o número de leitõesnascidos por parto. Infelizmente a seleção genética do suíno moderno, com maiorcapacidade para deposição de carne magra, tem produzido como consequência umanimal com baixa reserva de gordura e de menor apetite, o que impede as matrizesde consumir as quantidades necessárias de nutrientes para uma vida reprodutivaadequada (Pettigrew, 1998).

     A reprodução na lista de prioridades do animal está abaixo, é claro, damanutenção da atividade celular, quer dizer, da manutenção da própria vida. Estáabaixo ainda da termorregulação e até mesmo do crescimento. Se este animal sofreralguma privação nutricional o crescimento vai ser prejudicado, assim como afertilidade/reprodução também será afetada negativamente (Cosgrove et al., 1996).

    TABELA 11: Intervalo desmama-cio (IDC) e tamanho da leitegada subsequente de acordocom o consumo de ração durante a lactação

    Consumo, kg Nº fêmeas IDC Leitões nascidos/parto

    3 1.052 6,73 10,854 3.055 6,44 10,80

    5 7.127 6,12 11,00

    6 7.208 5,94 11,03

    > 6 6.555 5,90 11,17

    Fonte: Koketsu et al. (1996)

    Se associarmos essas informações à temperatura ambiente elevada, acimada temperatura crítica máxima, tolerada pela matriz, que é de 20ºC, podemos inferirque a ingestão de alimento pode diminuir. E é isso que acontece. A estimativa é de

    que a redução do consumo esteja entre 150 a 160 gramas por cada grau acima dos

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    20. Na Tabela 12 são apresentados os efeitos do baixo e alto consumo de raçãodurante a lactação sobre o desempenho reprodutivo de matrizes.

    TABELA 12: Efeitos do consumo de alimento na lactação sobre o desempenho reprodutivo

    Parâmetros Baixo consumo Alto consumo

    Peso a desmama, kg 5,5 6,5Intervalo desmama-cio, dias 9,0 4,5

    Percentagem em cio, % 70,0 93,0

    Taxa de parto, % 70,0 89,0

    Tamanho da leitegada 10,0 11,0

    Fonte: Lundeen (2000)

    Martineau & Martin Rillo (2000) consideram que a matriz moderna temcaracterísticas contraditórias no sentido de que a seleção para se produzir animaismagros, de pouca gordura, para atender o mercado consumidor, criou também uma

    matriz de maior fecundidade. Essas posições de seleção são conflituosas na medidaque o apetite também diminuiu dificultando assim o atendimento das exigênciasnutricionais.

     Aherne (1995) propõe algumas exigências importantes para a matriz quedeveriam ser atendidos durante a lactação (Tabela 13). De maneira simplificada osdados nos mostram que com uma formulação normal, capaz de atender essasexigências, ainda assim dependeríamos do consumo adequado de ração, que nessecaso deveria atender uma média de 6,9kg/dia. Com o material genético disponívelno Brasil, teríamos dificuldade em fazer com que uma matriz de 150kg de pesoconsuma 6,9kg de ração em média durante a lactação. Para isso teríamos queadensar as dietas, para que o animal, mesmo consumindo menor quantidade em kg,

    consiga ingerir o que necessita. Assim as dietas devem conter alto teor de proteína,energia e lisina, para atenderem os requerimentos das matrizes lactantes,principalmente sob condições de altas temperaturas ambientais.

    TABELA 13: Exigência prevista de consumo de ração, energia, proteína, lisina, para umamatriz de 150kg de peso com 10 leitões

    Semanas de Lactação 1ª. Sem. 2ª. Sem. 3ª. Sem. 4ª. Sem. Média

    Peso dos leitões, kg 2,50 4,00 6,00 8,00

    GPMD, g/dia 180 214 285 285 236

    Produção de leite, kg/dia 6,40 8,80 11,20 11,20 9,40

    ExigênciaMcal, ED/Dia 6,40 6,40 11,20 11,20 9,40

    Proteína, g/dia 780 1020 1260 1260 1080

    Lisina, g/dia 45 59 74 63 63

    Ração, kg/dia 5,1 6,6 8,0 8,9 6,9

    Déficit, kg/dia 0,7 1,1 2,0 2,1 1,4

    Perda de peso, kg/semana 2,6 4,1 7,4 7,8 Total 21,9

    Fonte: Aherne (1995)

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    Manejo alimentar na lactaçãoO manejo alimentar na lactação é muito importante, principalmente na 1ª

    lactação, uma vez que a fêmea continua em fase de crescimento e ao mesmo tempofornece leite na maioria das vezes a grandes leitegadas. O ideal é conseguirmosmanter o estado corporal e se possível que as fêmeas não percam mais que 2mm

    de espessura de toucinho no P2 e não mais que 15kg do seu peso corporal. Essepadrão não é importante apenas para o desempenho da leitegada na primeiralactação, mas também afeta a fertilidade no próximo ciclo reprodutivo.

    Os resultados da Tabela 14 sugerem que um baixo consumo na fase delactação pode causar um impacto negativo no desempenho reprodutivo subsequentedas matrizes, levando a maior perda de peso e alta mobilização de gordura corporal,reduzindo o número de óvulos e a sobrevivência embrionária e aumentando ointervalo desmama-cio.

    TABELA 14: Influência do padrão de consumo em 28 dias de lactação sobre a fertilidadedas porcas no primeiro parto

    Parâmetros Á vontade Restrito Restrito/Á vontadePerda de peso (kg) 11,0 21,2 24,8Perda ET P2 (mm) 2,19 4,61 5,38Número de óvulos 19,86 15,44 14,43Sobrev. Embrionária% 28 dias 87,53 64,43 86,50Intervalo desmama/cio 3,7 5,1 5,6

    Fonte: Zack et al. (1997)

    Estratégias nutricionais para aumentar o consumo na fase de lactação   Aumentar gradativamente o consumo de forma que seja de 2,0kg/dia a

    partir do primeiro dia após parto, aumentando 0,5kg/dia até o quinto dia,quando começamos a fornecer a vontade;  Alimentar várias vezes ao dia, uma vez que as fêmeas têm baixa

    capacidade estomacal e o aumento do número de refeições favorecerá oaumento do consumo de ração/dia;

      Alimentar nas horas mais frescas do dia;  No verão oferecer a ração de forma úmida;  O uso de rações com alta porcentagem de fibra deve ser evitado,

    enquanto que o uso de amido e de óleo é benéfico, uma vez que são maisdigestíveis e possuem menor incremento calórico, além de estimular osníveis de insulina, hormônio metabólico com grande relação na produção

    dos hormônios da reprodução.

    Manejo alimentar dos cachaços A nutrição de machos inteiros para reprodução é diferenciada da nutrição de

    suínos para o abate, pois a partir dos 50kg apresentam maior potencial decrescimento e necessitam formar uma estrutura corporal adequada para a futuraatividade reprodutiva.

    Nos machos adultos a alimentação deve ser adaptada com restrição noconsumo de energia permitindo o máximo desempenho reprodutivo e moderadosganhos de peso sem que ocorram problemas de aprumos e excesso de peso. Arestrição alimentar severa em cachaços adultos pode alterar a secreção hormonal e

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    reduzir a quantidade de sêmen, mas a função reprodutiva é restaurada após anormalização do nível alimentar e a qualidade do sêmen não é afetada.

    Deve-se reduzir o nível de energia da dieta dos cachaços por meio dainclusão de alimentos fibrosos, podendo-se desta forma aumentar a quantidadefornecida, aumentando assim a sensação de saciedade e garantindo maior bem-

    estar ao animal (Louis, 1995). Na Tabela 16 são apresentas algumas sugestões devalores de consumo de acordo com o peso do macho.

    TABELA 16: Sugestão de fornecimento de ração para cachaços de acordo com o peso

    Peso corporal, kg 105 150 200 250 300 350Ração, kg/dia 2,05 2,25 2,4 2,63 2,86 3,09

    Fonte: MANUAL DE INSEMINAÇÃO DE SUÍNOS (1996)

    Programa de vacinação e vermifugaçãoNa Tabela 17 é apresentada uma sugestão de programa de vacinação e

    vermifugação.

    TABELA 17: Sugestão de um programa de vacinação

    Vacina Marrãs Porcas CachaçosParvovirose 21 e 42 dias pré-cobertura 24 dias antes do parto SemestralLeptospirose 21 e 42 dias pré-cobertura 24 dias antes do parto SemestralErisipela 21 e 42 dias pré-cobertura 24 dias antes do parto SemestralRinite 24 dias pré-parto 24 dias antes do parto SemestralPneumonia micoplasma 21 e 42 dias pré-cobertura 24 dias antes do parto SemestralVermifugação Após a chegada na granja e

    novamente antes da

    cobertura

    14 dias antes do parto 6 vezespor ano

    Considerações finais A matriz suína é onde tudo começa na suinocultura e todo investimento

    possível deve ser feito para que elas possam produzir e exibir seu máximo potencialgenético.

    Investimentos em genética, biosseguridade, ambiência, manejo e nutrição sãofundamentais para que se obtenha máxima produtividade. Deve-se preferir matrizesde genéticas mais precoces sexualmente e de peso menor no início da atividadereprodutiva.

    Na fase de gestação, as matrizes devem ser alimentadas com base nodesenvolvimento corporal, que pode ser controlado por pesagens periódicasacompanhadas de medições da espessura de toucinho com ultra-som, ou mesmopela avaliação do escore da condição corporal.

    Na lactação, o consumo de ração é a chave para otimizar o desempenhosubsequente. Baixo consumo de ração na fase de lactação eleva o intervalodesmama-cio, prejudica a taxa de fertilidade e reduz o número de leitões nascidosno parto subsequente.