Apresentação 8888
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Dentre todas as dificuldades pelas quais passa a
educação no Brasil, destaca-se, atualmente, um
grande desinteresse por parte de muitos alunos, por
qualquer atividade escolar. Frequentam as aulas por
obrigação, sem, contudo, participar das atividades
básicas. Ficam apáticos diante de qualquer iniciativa
dos professores, que se confessam frustrados por não
conseguirem atingir totalmente seus objetivos.
A indiferença e a ausência de paixões e afetos são
estados emocionais que se resumem numa única
palavra: apatia. Quando alguém – que não era – se
torna apático, é sinal de alerta.
É querer tanto, a ponto de não medir esforços para
conseguir o objeto desejado. O desejo é próprio de seres
inacabados, pois um ser que não carecesse de nada não
desejaria nada, seria um ser perfeito, um deus.
Refletindo:
O que é desejo?
Sendo próprio de seres inacabados, ele deveria
fazer parte de todo ser humano – incluindo,
naturalmente, os alunos, que, segundo FREUD
([1910] (1990), deveriam fazer parte dos
“desejantes de saber”, tal como as crianças e os
cientistas.
É interessante ressaltar que o sujeito infantil está interessado no conhecimento das coisas sexuais, e para Kupfer (1995, p. 80) a descoberta da diferença sexual anatômica é o início do desejo de saber, pois a “criança descobre diferenças que a angustiam. É essa angústia que a faz querer saber”. É o interesse pelas coisas sexuais que, posteriormente, deslocar-se-á para outros objetos, tais como o conhecimento veiculado por meio do trabalho pedagógico com o conteúdo escolar
Para KUPFER (1995, p. 79), “... o processo de
aprendizagem depende da razão que motiva a busca de
conhecimento”, ressaltando o porquê da sua importância.
Refletindo sobre o Aprendizado dos alunos: Município Lorena
Com base nos resultados da Prova Brasil 2013, é possível calcular a proporção de alunos com aprendizado adequado à sua etapa escolar
Conheça o conceito de aprendizado adequado
Português, 5º ano - 49%É a proporção de alunos que aprenderam o adequado na competência de leitura e interpretação de textos até o 5º ano na rede municipal de ensino.Dos 962 alunos, 468 demonstraram o aprendizado adequado.
Português, 9º ano - 32%É a proporção de alunos que aprenderam o adequado na competência de leitura e interpretação de textos até o 9º ano na rede municipal de ensino.Dos 332 alunos, 107 demonstraram o aprendizado adequado
Matemática, 5º ano - 44%
É a proporção de alunos que aprenderam o adequado na competência de resolução de problemas até o 5º ano na rede municipal de ensino.Dos 962 alunos, 417 demonstraram o aprendizado adequado.
Matemática, 9º ano - 13%
É a proporção de alunos que aprenderam o adequado na competência de resolução de problemas até o 9º ano na rede municipal de ensino.Dos 332 alunos, 43 demonstraram o aprendizado adequado.
Os alunos precisam ser provocados, para que sintam a necessidade de aprender, e não os professores “despejarem” sobre suas cabeças noções que, aparentemente, não lhes dizem respeito
A forma de apresentar o conteúdo, portanto, pode agir em sentido contrário, provocando a falta de desejo de aprender que seria, para os alunos, o distanciamento que se coloca entre o conteúdo e a realidade de suas vidas.
Muitas crianças e jovens brasileiros não se
motivam a estudar para ter um futuro
promissor porque não têm noção de futuro
e, por outro lado, os jovens se mostram
desesperançados porque acham que o
futuro é isso mesmo, que é o que eles já
estão vivendo
Quando o aluno não percebe de que modo o conhecimento
poderá ajudá-lo, como desejará algo que lhe parece inútil?
Esta inutilidade também aparece na dificuldade de
conseguir emprego tão logo completem seus estudos.
Então, parece-lhes que perderam tempo na escola.
As políticas educacionais praticadas pelo MEC nem
sempre vêm contribuindo para o desejo de aprender.
Como exemplo a ser citado é a aprovação, pelos
Conselhos de Classe, de alunos que não adquiriram o
conhecimento mínimo necessário e, portanto, a média
exigida. (Resolução nº 3794/04)
O escritor e psiquiatra Içami Tiba, em uma de suas palestras , nos
convida a refletir sobre a desmotivação nas escolas nos dias atuais.
O escritor afirma que ninguém sente motivação pelo que não se
conhece, que ninguém procura o que nunca experimentou, e que
quando o aluno não quer aprender não é somente problema do
aluno, mas de todo o sistema no qual ele está inserido. Se por um
lado, discute-se muito sobre valorização de professor, melhores
salários, melhores condições de trabalho, qualificação profissional,
por outro lado esquece-se do que mais deve ser analisado e revisto
no meio em que se vive: o foco, o objetivo do estudo, em si.
Torna-se tarefa primordial do professor identificar e aproveitar aquilo que atrai a criança ou os jovens , aquilo do que eles gostam, como modo de privilegiar seus interesses.Motivar passa a ser, também, um trabalho de atrair, encantar, prender a atenção, seduzir o aluno, utilizando o que eles gostam de fazer como forma de engajá-los no ensino.
O aluno deve ser desafiado, para que deseje saber, e uma forma de criar este interesse é dar a ele a possibilidade de descobrir
desenvolver nos alunos uma atitude de investigação, uma atitude que garanta o desejo mais duradouro de saber, de querer saber sempre. Desejar saber deve passar a ser um estilo de vida
Falar ao sempre numa linguagem acessível, de fácil compreensão
. Os exercícios e tarefas deverão ter um grau adequado de complexidade. Tarefas muito difíceis, que geram fracasso, e tarefas fáceis, que não desafiam, levam à perda do interesse. O aluno não "fica a fim".
Com o objetivo de contribuir com os professores que muitas vezes no exercício da profissão apresentam o verdadeiro interesse em ajudar o aluno desmotivado, segue abaixo algumas sugestões baseadas em estudiosos da área com o objetivo de auxiliar o educador na prática, motivando seu aluno, independente da disciplina ou série em que se encontra
Compreender a utilidade do que se está aprendendo é também fundamental. Não é difícil para o professor estar sempre retomando em suas aulas a importância e utilidade que o conhecimento tem e poderá ter para o aluno. Somos sempre " a fim" de aprender coisas que são úteis e têm sentido para nossa vida. (BOCK, 1999, p. 122)
• Faça com que o aluno compreenda o que está sendo ensinado, ao invés de apenas memorizar; • Busque sempre relacionar os conteúdos com fatos da atualidade; • Elabore atividades que possa detectar a evolução do aluno;
Apresente atividades desafiadoras, que envolvam os esquemas
cognitivos de natureza operativa. Os jogos, trabalhos em grupo.
Proporcione atividades de expressão oral, onde o aluno possa
ouvir e se fazer ouvir, externar opiniões e dúvidas.
Distribua funções, divida tarefas, ao participarem da dinâmica da
sala de aula sentem-se responsáveis por ela.
Aplique o conteúdo com entusiasmo, evitando aulas “mecânicas”; • Estabeleça um ritmo de aula de forma que todos possam acompanhar o raciocínio que exige o conteúdo; • Quando o aluno apresentar dificuldades, apresente a ele pistas proporcionando oportunidades para superar as dificuldades, fazendo com que o aluno exerça seu próprio raciocínio; • Ao iniciar a aula estabeleça metas e objetivos dessa, porém, baseados no ritmo da turma, combinando regras para que não seja desviado o objetivo da aula; • No momento da avaliação, o ideal é que o professor evite comparações, ameaças, ou seja, condutas negativas que possam vir a refletir maleficamente na auto-estima dos alunos.
O professor sendo mediador do conhecimento é responsável por realizar essa função da melhor maneira possível, buscando sempre se manter atualizado, podendo formar cidadãos cada vez mais capacitados.
Para Libâneo, é fundamental perguntar: que tipo de reflexão o professor precisa para alterar sua prática, pois para ele a reflexão sobre a prática não resolve tudo, a experiência refletida não resolve tudo. São necessárias estratégias, procedimentos, modos de fazer, além de uma sólida cultura geral, que ajudam a melhor realizar o trabalho e melhorar a capacidade reflexiva sobre o que e como mudar (LIBÂNEO, 2005,
Perguntar, segundo Freire, (1985,p. 46) é o início da aprendizagem. “... o
que o professor deveria ensinar [...] seria, antes de tudo, ensinar a
perguntar. Porque o início do conhecimento, repito, é perguntar. E somente
a partir de perguntas é que se deve sair em busca de respostas.”
Em suma, a falta de desejo de aprender dos alunos relaciona-se à
falta de desejo de ensinar de alguns professores, à falta de perspectiva de
um futuro melhor, à precariedade das políticas educacionais em vigor que
permitem a alunos serem aprovados pelos Conselhos de Classe, tirando
lhes a responsabilidade pelos estudos, à desestruturação de algumas
famílias, cujos filhos chegam à escola desconhecendo, muitas vezes, as
regras mais elementares de convivência e sem conhecimento de limites e a
outras tantas causas . FREIRE, (1985, p. 51)
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