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PAULO ROGRIO ALVES BRENE
ENSAIOS SOBRE O USO DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO COMOFERRAMENTA DE POLTICAS PBLICAS MUNICIPAIS
Tese de Doutorado apresentada como requisito
parcial para obteno do grau de Doutor, peloPrograma de Ps Graduao em DesenvolvimentoEconmico, Setor de Cincias Sociais Aplicadas daUniversidade Federal do Paran.
Orientador: Prof. Dr. Armando Joo Dalla CostaCo-Orientador: Prof. Dr. Umberto Antonio Sesso Filho
Curitiba2013
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANSISTEMA DE BIBLIOTECAS
COORDENAO DE PROCESSOS TCNICOS
Brene, Paulo Rogrio AlvesEnsaios sobre o uso da matriz insumo-produto como ferramenta de polticas
pblicas municipais / Paulo Rogrio Alves Brene. - 2013.106 f.
Orientador: Armando Joo Dalla Costa.Co-orientador: Umberto Antonio Sesso Filho.Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paran, Setor de Cincias
Sociais Aplicadas, Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Econmico.
Defesa: Curitiba, 2013.
1. Relaes intersetoriais. 2. Economia regional. 3. Planejamento econmico. 4.Polticas pblicas - Municpios. I. Dalla Costa, Armando Joo. II. Sesso Filho,Umberto Antonio. III. Universidade Federal do Paran. Setor de Cincias SociaisAplicadas. Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Econmico. IV.Ttulo.
CDD 339.23
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minha famlia.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo, primeiramente, a Deus por colocar em meu caminho pessoas
fundamentais, que tanto me ajudaram na difcil jornada que foi o doutorado. Aos
professores Dr. Umberto Sesso Filho e Dr. Armando Joo Dalla Costa que
prontamente me orientaram e sem os quais essa etapa seria apenas mais um
sonho. Meus agradecimentos ao Prof. Dr. Armando Vaz Sampaio, meu primeiro
professor no PPGDE/UFPR, e por meio dele agradeo tambm a coordenao do
programa e todos os seus professores pelo empenho e dedicao. Sou eternamente
grato senhora Ivone Polo, que (do seu jeito nico) alm de prontamente me
auxiliar nas questes burocrticas do curso, foi mais uma amiga nos anos que estive
em Curitiba. No posso esquecer-me dos funcionrios, agora amigos, do
CORECON/PRgraas a eles posso dizer que tenho um lugar para chamar de lar
em Curitiba. Agradeo aos amigos que fiz no curso, a Virginia Laura Fernandez,
Arno Paulo Schmidtz, Pedro Lopes Marinho, Rodrigo Leite Kremer, Eduardo Cardeal
Tomazzia, Karlo Marques Junior, Luciano de Souza Costa, Alex Sander Souza do
Carmo. Contudo, tenho que destacar o papel do Luciano nesse processo. Assim
como o professor Sampaio foi o primeiro professor, o Luciano foi meu primeiro amigo
no doutorado. Compartilhando de um perfil parecido, entendemos que nossas
limitaes s seriam sobrepujadas se trabalhssemos em equipe, combatendo as
dificuldades emocionais, por estarmos longe das famlias, e fsicas, provocadas pela
necessidade de enfrentar a estrada toda semana. Por fim, agradeo minha famlia,
me, esposa e filha por todo o apoio e carinho, mas, principalmente, por entenderem
a minha ausncia, mau humor e estresse nesses quase quatro anos de curso.
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SUMRIO
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. vi
LISTA DE QUADROS ...............................................................................................viii
LISTA DE GRFICOS ................................................................................................ ix
RESUMO .................................................................................................................... xi
ABSTRACT ............................................................................................................... xii
INTRODUO .......................................................................................................... 13
1. ESTIMAO DE MATRIZES INSUMO-PRODUTO MUNICIPAIS POR MEIO DOQUOCIENTE LOCACIONAL: LIMITES E POSSIBILIDADES DA PROPOSTAMETODOLGICA ..................................................................................................... 18
1.1 Introduo ........................................................................................................... 18
1.2 Referencial Terico e Metodologia de Estimao ............................................... 20
1.2.1 Sistema de insumo-produto nacional ............................................................... 20
1.2.2 Indicadores Econmicos .................................................................................. 25
1.2.3 Sistema de insumo-produto inter-regional ........................................................ 27
1.2.4 A estimativa da produo e o mtodo do quociente locacional ........................ 30
1.3 Resultados e Discusso ...................................................................................... 33
1.4 Consideraes Finais .......................................................................................... 43
2. EXERCCIO ANALTICO SOBRE A MUDANA DA ESTRUTURA PRODUTIVACOM BASE NA MATRIZ INSUMO-PRODUTO MUNICIPAL .................................... 45
2.1 Introduo ........................................................................................................... 45
2.2 Argumento positivista do sistema econmico de Arapongas .............................. 46
2.3 Observaes normativas ..................................................................................... 54
2.4 Consideraes finais ........................................................................................... 58
3. SISTEMA INTER-REGIONAL DO MUNICPIO DE CURITIBA/PR: UMA ANLISEINSUMO-PRODUTO EM TRS ESFERAS (MUNICPIO - RESTANTE DO ESTADO- RESTANTE DO PAS) ............................................................................................ 61
3.1 Introduo ........................................................................................................... 61
3.2 Metodologia ......................................................................................................... 63
3.2.1 Base de Dados e Obteno da Matriz .............................................................. 63
3.2.2 Indicadores Econmicos .................................................................................. 67
3.3 Discusso e Anlise dos Resultados................................................................... 71
3.3.1 A cidade de Curitiba ......................................................................................... 72
3.3.2 Indicadores Econmicos do Sistema Inter-regional de Curitiba ....................... 78
3.4 Consideraes Finais .......................................................................................... 93
REFERNCIAS ......................................................................................................... 95
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1:Valores de massa salarial (nominal do ms de dezembro), nmero detrabalhadores e salrio mdio mensal para o Estado do Rio Grande do Sul e para oBrasil, por setor, 2003. .............................................................................................. 36
Tabela 1.2:Valor do vetor de produo original do Estado do Rio Grande do Sul erespectivo valor estimado a partir dos dados RAIS e IBGE, 2003. ........................... 37
Tabela 1.3:Resumo dos Coeficientes de Correlao de Pearson e Spearman paraos valores do Vetor de Produo, Multiplicadores e ndice de Rasmussen-Hirschmanda Matriz Original e Estimada. .................................................................................. 38
Tabela 1.4:Valor original e estimado dos multiplicadores simples de produo do
tipo I total (direto e indireto) para o Estado do Rio Grande do Sul para cada milhode R$ de variao na demanda final (R$ milhes), 2003. ......................................... 39
Tabela 1.5:Valor original e estimado dos multiplicadores simples de emprego dotipo I total (direto e indireto) para o Estado do Rio Grande do Sul para cada milhode R$ de variao na demanda final, 2003. .............................................................. 40
Tabela 1.6:Valor original e estimado dos multiplicadores simples de rendimentos dotipo I total (direto e indireto) para o Estado do Rio Grande do Sul para cada milhode R$ de variao na demanda final (R$ milhes), 2003. ......................................... 41
Tabela 1.7: Valor dos ndices de ligaes de Rasmussen-Hirschman (Original eEstimado) para trs e para frente, Estado do Rio Grande do Sul, 2003.................... 42
Tabela 2.1:Massa salarial e nmero de empregados do municpio de Arapongas eBrasil, por setor, 2007. .............................................................................................. 48
Tabela 2.2: Setores mais relevantes para o municpio de Arapongas no sistemainter-regional de Arapongas - Restante do Brasil, 2007. ........................................... 48
Tabela 2.3:Principais plos moveleiros no incio do Sc. XXI e sua participao noBrasil. ........................................................................................................................ 49
Tabela 2.4:Multiplicadores do tipo I de produo, emprego e remunerao divididosem efeito direto (1), indireto em Arapongas (2), indireto no Restante do Brasil (3) etransbordamento (4), por setor, 2007. ....................................................................... 50
Tabela 3.1: Nmero de empregados, massa salarial, valor bruto de produoestimado e indicador de tamanho do municpio de Curitiba, por setor, 2006. ........... 77
Tabela 3.2:Multiplicadores do tipo I de produo divididos em efeito total (1), diretono municpio (2), indireto no municpio (3), indireto no Restante do Paran (4),indireto no Restante do Brasil (5), transbordamento para Restante do Paran (6) etransbordamento para Restante do Brasil (7), por setor, 2006 (R$ milhes). ........... 79
Tabela 3.3:Multiplicadores do tipo I de emprego divididos em efeito total (1), diretono municpio (2), indireto no municpio (3), indireto no Restante do Paran (4),indireto no Restante do Brasil (5), transbordamento para Restante do Paran (6) e
transbordamento para Restante do Brasil (7), por setor, 2006. ................................. 80
Tabela 3.4:Multiplicadores do tipo I de remunerao divididos em efeito total (1),direto no municpio (2), indireto no municpio (3), indireto no Restante do Paran (4),
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indireto no Restante do Brasil (5), transbordamento para Restante do Paran (6) etransbordamento para Restante do Brasil (7), por setor, 2006 (R$ milhes). ........... 81
Tabela 3.5: ndices de ligaes de Rasmussen-Hirschman para trs, para frente emdia, calculados para o sistema de Curitiba, por setor, 2006. ................................ 87
Tabela 3.6: ndices Puros Normalizados (GHS) para trs, para frente e total,calculados para o sistema de Curitiba, por setor, 2006. ............................................ 88
Tabela 3.7:Compatibilidade entre os ndices Puros Normalizados (GHS) e os deRasmussen-Hirschman, calculados para o sistema de Curitiba, por setor, 2006. ..... 89
Tabela 3.8: Indicadores econmicos: Multiplicadores de produo (MSP), deemprego (MSE) e de remunerao (MSR), ndices Puros Normalizados (GHS) e osde Rasmussen-Hirschman, calculados para o sistema de Curitiba, por setor, 2006. 92
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1.1:Relaes entre as demandas intermedirias, demanda final e o valor
bruto de produo. .................................................................................................... 21
Quadro 1.2:Relaes de Insumo-Produto em um sistema nacional (economia comtrs setores). ............................................................................................................. 21
Quadro 1.3: Esquema do sistema de Insumo-Produto com indstrias (setores) eprodutos. ................................................................................................................... 24
Quadro 1.4:Relaes de Insumo-produto no sistema inter-regional. ...................... 27
Quadro 1.5:Agregao e ajuste dos setores do IBGE (42), FEE (44) e RAIS (59) em32 setores para anlise. ............................................................................................ 34
Quadro 2.1: Relaes de Insumo-produto no sistema inter-regional Arapongas e
Restante do Brasil (M-RBr). ...................................................................................... 46
Quadro 3.1: Relaes de Insumo-produto no sistema inter-regional Curitiba Restante do Paran - Restante do Brasil (M-RPr-RBr). ............................................ 64
Quadro 3.2:Sistemas inter-regionais (duas regies) para a elaborao do sistemaCuritibaRestante do Paran - Restante do Brasil (M-RPr-RBr). ............................ 66
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1.1: Valores originais e estimados dos multiplicadores de produo,
emprego e rendimentos e o ndice de Rasmussen-Hirschman (para frente) do Estadodo Rio Grande do Sul, 2003. ..................................................................................... 38
Grfico 2.1: Multiplicadores simples de produo do tipo I direto e indireto dossetores de Arapongas e do Restante do Brasil para cada milho de R$ de variaona demanda final, 2007 (R$ milhes). ....................................................................... 51
Grfico 2.2:Multiplicadores simples de emprego formal do tipo I direto e indireto dossetores de Arapongas e do Restante do Brasil para cada milho de R$ de variaona demanda final, 2007. ............................................................................................ 52
Grfico 2.3:Multiplicadores simples de rendimentos do tipo I direto e indireto dossetores de Arapongas e do Restante do Brasil para cada milho de R$ de variaona demanda final, 2007 (R$ milhes). ....................................................................... 53
Grfico 2.4:Transbordamento da gerao de produo, emprego e rendimentos dossetores de Arapongas para o Restante do Brasil, 2007. ........................................... 54
Grfico 2.5:Variao percentual nos multiplicadores de produo do sistema inter-regional Arapongas - Restante do Brasil, resultante da instalao de um ShoppingCenter, 2007. ............................................................................................................. 56
Grfico 2.6: Variao percentual nos multiplicadores de emprego do sistema inter-regional Arapongas - Restante do Brasil, resultante da instalao de um ShoppingCenter, 2007. ............................................................................................................. 57
Grfico 2.7: Variao percentual nos multiplicadores de rendimentos do sistemainter-regional Arapongas - Restante do Brasil, resultante da instalao de umShopping Center, 2007.............................................................................................. 57
Grfico 2.8: Variao percentual no transbordamento do sistema inter-regionalArapongas - Restante do Brasil, resultante da instalao de um Shopping Center,2007. ......................................................................................................................... 58
Grfico 3.1:Evoluo da participao da Populao Urbana e Rural sobre o total dacidade de Curitiba, 1940-2010. ................................................................................. 73
Grfico 3.2: ndice de crescimento populacional total de Curitiba, Paran e Brasil,
1970-2010 (1970=100). ............................................................................................. 74
Grfico 3.3: Evoluo da participao do Produto Interno Bruto de Curitiba e doEstado do Paran em relao ao do Brasil, 1939-2009. ........................................... 75
Grfico 3.4: Evoluo da participao dos setores Agropecuria, Indstria eServios no Produto Interno Bruto Municipal Total da Cidade de Curitiba, 1939-2009. .................................................................................................................................. 75
Grfico 3.5:Multiplicador simples de produo do tipo I direto e indireto, por setor,do sistema inter-regional de Curitiba para cada unidade de variao na demandafinal, 2006 (R$ milhes)............................................................................................. 82
Grfico 3.6:Multiplicador simples de produo do tipo I direto e indireto, por setor,no municpio de Curitiba, ponderado pelo Indicador de Tamanho, 2006 (R$ milhes). .................................................................................................................................. 83
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Grfico 3.7:Multiplicador simples de emprego do tipo I direto e indireto, por setor,do sistema inter-regional de Curitiba, para cada milho de R$ de variao nademanda final, 2006. ................................................................................................. 83
Grfico 3.8:Multiplicador simples de emprego do tipo I direto e indireto, por setor,no municpio de Curitiba, ponderado pelo Indicador de Tamanho, 2006. ................. 84
Grfico 3.9: Multiplicador simples de remunerao do tipo I direto e indireto, porsetor, do sistema inter-regional de Curitiba, para cada unidade de variao nademanda final, 2006 (R$ milhes). ............................................................................ 85
Grfico 3.10:Multiplicador simples de remunerao do tipo I direto e indireto, porsetor, no municpio de Curitiba, ponderado pelo Indicador de Tamanho, 2006 (R$milhes). .................................................................................................................... 85
Grfico 3.11:Transbordamento da gerao de produo, emprego e rendimentosdo sistema inter-regional de Curitiba para o Restante do Paran e Brasil, por setor,
2006. ......................................................................................................................... 86
Grfico 3.12: Coeficientes Setoriais com Maior Campo de Influncia do SistemaInter-regional CuritibaRestante do ParanRestante do Brasil, 2006. ................ 90
Grfico 3.13:Coeficientes Setoriais com Maior Campo de Influncia do Sistema deCuritiba, 2006. ........................................................................................................... 91
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RESUMO
O objetivo desta tese analisar da viabilidade do uso da matriz insumo-produto na
orientao e implementao de polticas pblicas municipais. Para tanto, a tese estdivida em trs ensaios. O primeiro ensaio trata da metodologia para a estimao damatriz a partir de dados bsicos de emprego e salrio da Relao Anual deInformaes Sociais (RAIS). O segundo ensaio discute a viabilidade de simulaessobre a matriz, abrindo espao para a implementao de polticas pblicasorientadas pelos resultados da matriz municipal. O terceiro ensaio aborda aestimao da matriz inter-regional do municpio de Curitiba, Restante do Paran eRestante do Brasil. No primeiro ensaio, como resultado, observou-se a proximidadeentre os indicadores econmicos da Matriz Original e os da Matriz Estimada. Osresultados indicam que os ndices obtidos a partir de uma matriz municipal estimadaservem como referncia do comportamento econmico local com o mnimo de custo,
seja financeiro, tcnico ou de tempo. No segundo ensaio observou-se que o setormadeira e mveis foi importante em produo e emprego globais, embora no tenhase destacado como maior gerador (multiplicador) de produo, renda e emprego. Assimulaes realizadas evidenciaram que os setores madeira, mveis e comrciodevem ser alvo de polticas pblicas pelo potencial de crescimento e interligao quedemonstraram possuir. No terceiro ensaio, os indicadores econmicos provenientesdo sistema inter-regional de Curitiba apontaram para uma srie de setores que semostraram importantes para o municpio. Entre eles assinala-se os que serelacionam com as atividades servios, como Servios Prestados s Famlias,Servios Prestados s Empresas e Administrao Pblica. No caso das atividadesindustriais, ressalta-se a Indstria Qumica, Farmacutica e de Refino de
Combustvel, apontadas como setores-chave tanto pelo ndice de Rasmussen-Hirschman quanto pelo ndice Puro Normalizado (GHS). Por fim, no campo deinfluncia, pode-se citar o setor de Fabricao de Alimentos e Bebidas comovendedor.
Palavras-chave: Matriz Insumo-Produto Municipal, Quociente Locacional,Planejamento Econmico, Economia Regional, Poltica Pblica.
JEL:C67, C13, R15.
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ABSTRACT
The aim of this thesis is to analyze the feasibility of using the input-output matrix inthe direction and implementation of municipal policies. For that, it is divided into threetrials. The first one deals with the methodology for estimating the array from basicdata and salary employment from the Annual Report of Social Information (RAIS).The second one discusses the feasibility of the simulations on the array, makingroom for the implementation of public policies oriented by the results of the citymatrix. The third one covers the estimative of the inter-regional Curitiba city matrix,Remainder of Paran and Remainder of Brazil. On the first trial, the results point atthe proximity between the economic indicators of the Original Matrix and the onesfrom the Estimate Matrix. Thus, the results designate that the indicators obtainedfrom a certain matrix serve as reference of the local economic behavior, with minimal
costs, either financial, technical or of time. On the second trial it was observed thatthe wood and furniture sector was important in global output and employment, but itdid not stand out as the largest generator of production, income and employment.Nevertheless, the simulations accomplished showed clearly that the wood andfurniture industries and trade should be the target of public policies for their growthpotential and for the interconnection they demonstrated to have. Additionally, on thethird trial, the economic indicators derived from the inter-regional system of Curitibapoint at a series of sectors that show importance for the city. Among them, aremarked the ones which the activities are related to services, as Household Services ,Business and Administrative Services. In fact, in the case of industries, the Chemical,Pharmaceutical and Fuel Refining industry are highlighted, claimed as key-sectors
either by the Rasmussen-Hirschman indicator as by the Normalized Pure indicator(GHS). Finally, in the field of influence, the named winner can be the Food andBeverages Factory.
Keywords:Matrix Input-Output Hall, location quotient, Economic Planning, RegionalEconomics, Public Policy.
JEL:C67, C13, R15.
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INTRODUO
Como abordado por Faur e Hasenclever (2005), o desenvolvimento
econmico local tem sido visto como um novo paradigma dentro dos estudos do
desenvolvimento econmico. Para as autoras, mesmo fazendo parte da prpria
evoluo da histria econmica, o tema ganhou destaque a partir das
transformaes observadas na economia nos anos de 1970 com novos problemas
de pesquisa e abordagens. Entre os aspectos marcantes desse processo, destaca-
se a descentralizao das decises econmicas e polticas, atribuindo maior
responsabilidade s municipalidades que, a partir de ento, respondem pelas
transformaes das atividades econmicas locais, embora muitas vezes funcionem
sem condies institucionais, organizacionais ou mesmo financeiras.
De forma mais geral, para Sachs (1993), esse desenvolvimento poderia ser
definido como um processo criativo de transformao que, com a ajuda de tcnicas,
concebido em funo das potencialidades existentes e de seu emprego na
satisfao das necessidades de todos os membros da sociedade. Nesses termos,
importante considerar que as estratgias de desenvolvimento so mltiplas e podem
somente ser implantadas a partir de uma dada realidade local. Assim, segundoSachs, promover o desenvolvimento , essencialmente, ajudar as populaes
envolvidas a se organizarem e se educarem, para que repensem seus problemas,
identifiquem suas necessidades e os recursos potenciais para arquitetar e realizar
um futuro digno de ser vivido, conforme os postulados de justia social.
Nesse caminho, a questo com a qual se defronta a administrao pblica
no a de escolher entre a concorrncia irrestrita e a planificao generalizada, mas
a de como escolher uma combinao eficaz de ambos com a aplicao organizadado raciocnio sistemtico soluo de problemas prticos especficos como uma
alternativa ao mtodo de tentativa e erro (Leontief, 1988).
importante lembrar que a matriz insumo-produto mostra, em termos
monetrios, os fluxos de bens e de servios entre os diversos setores da economia
de um pas ou regio durante um determinado perodo de tempo, apresentando
todas as inter-relaes de compras e vendas (bens intermedirios, bens finais, valor
adicionado e etc.) dessa economia. A matriz oferece ainda uma srie de indicadores
econmicos, podendo ser decompostos em efeitos locais e inter-regionais sendo,
deste modo, possvel avaliar impactos de polticas pblicas de estmulo aos setores
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sobre produo, emprego e renda, incluindo a capacidade de mensurar o impacto da
instalao de novas empresas para a regio estudada, assim como a identificao
de setores-chave.
A primeira tabela de relaes intersetoriais foi publicada por Wassily Leontief,
em 1939, no artigo Quantitative Input-Output Relations in the Economic System of
the United States, em que o autor cruzava 500 ramos diferentes de um sistema
econmico. J em 1941, o autor publica seu primeiro livro, contendo a matriz
insumo-produto dos Estados Unidos para os anos de 1919-1929 (Richardson, 1978).
No Brasil, a construo das matrizes de responsabilidade do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) que, em 2008, publicou as matrizes de
2000 e 20051. Nessa mesma linha destacar-se os trabalhos de Guilhoto e SessoFilho (2005a e 2010), que apresentam uma metodologia de estimao2das matrizes
de insumo-produto, a preos bsicos, a partir dos dados preliminares das Contas
Nacionais do Brasil, de Grij e Brni (2005) e de Brni (2000), que descreve a
mudana estrutural enfrentada pelo Brasil entre 1959 e 2000, empregando matrizes
de insumo-produto estimadas por meio dos mtodos Delphi e RAS3.
possvel observar outros estudos desenvolvidos para o Brasil com o
objetivo de analisar a sinergia entre regies, como, por exemplo, os de Guilhoto etal. (1998, 1999 e 2001) e/ou o transbordamento do multiplicador de produo de
Sesso Filho et al. (2006). Para o Paran, citam-se os estudos sobre sinergia
realizados por Moretto (2000), Simes et al. (2003), Rodrigues (2008) e Kureski
(2011), para o estado Pernambuco o de Costa et al. (2005), para o Rio Grande do
Sul Porsse (2007), Guilhoto e Sesso Filho (2005b) para a Amaznia Brasileira e os
trabalhos de Damsio (1993 e 1994) sobre a economia da Bahia, a exemplo de seus
livros de 1993 e 1994 intitulados Matrizes Agregadas da Indstria Baiana -1978/1985e Matrizes Agregadas da Indstria Baiana - 1978/1991.
No aspecto microeconmico, destacam-se os trabalhos de Damsio e Silva
(2005) sobre o complexo industrial da Ford no Nordeste, Sesso Filho et al. (2004),
mensurando a relao do setor automobilstico do Paran com o restante do Brasil,
Pelinski et al. (2006), relacionado a atividade de uma propriedade rural, Selig et al.
1Ver:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/matrizinsumo_produto.shtm.Acesso em: 03/10/2012.2O termo estimao (estimar ou estimado) utilizado como forma de caracterizar matrizes elaboradas a partir deproxydiferenciando-se das construdas com dados primrios. No deve se confundir com os termos utilizados naeconometria.3Ver Miller e Blair (2009).
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/matrizinsumo_produto.shtmhttp://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/matrizinsumo_produto.shtmhttp://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/matrizinsumo_produto.shtmhttp://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/matrizinsumo_produto.shtm7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene
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(1997) e Kroth et al. (2007), discutindo o setor moveleiro, e ainda Anefalos e
Guilhoto (2003), com flores e plantas ornamentais, e Casimiro e Guilhoto (2003),
estudando o turismo.
Na rea de sustentabilidade, cita-se o trabalho de Guilhoto, Lopes e Motta
(2002), que simula impactos ambientais usando o Modelo Inter-regional da
Economia Brasileira (Mibra) de equilbrio geral e o de Freitas e Damsio (2009) que
trabalha o potencial econmico da reciclagem de resduos slidos do estado da
Bahia.
Por fim, no aspecto regional mais especfico, tm-se os trabalhos de Moretto
et. al. (2012) sobre as cinco regies polarizadas do estado do Paran e o de Parr,
Alves e Sordi (2005) que trabalha a regio metropolitana de Maring.Outros estudos poderiam ser apresentados, todavia, a inteno demonstrar
a raridade de trabalhos direcionados esfera municipal, assim como a utilizao
deste conhecimento cientfico e sua materializao em ferramentas prticas para
orientar e potencializar polticas pblicas nessa esfera administrativa. Desta forma, o
objetivo geral proposto por esta tese analisar e avaliar a viabilidade (limites e
possibilidades) do uso da matriz insumo-produto na orientao e implementao de
polticas pblicas municipais, com base na cooperao entre interesse poltico e adinmica da iniciativa privada para potencializar o desenvolvimento local,
representado pela gerao de emprego e renda.
A fim de confirmar no somente a hiptese da viabilidade do uso da matriz
insumo-produto municipal, mas tambm da possibilidade de uma
organizao/elaborao metodolgica para este fim, o trabalho est pautado em trs
objetivos especficos:
a) Elaborar e avaliar o referencial terico e metodolgico para estimar matrizesmunicipais;
b) Aplicar o mtodo em uma localidade-caso e analisar os resultados do
exerccio de inferncia a partir da sua realidade emprica;
c) Estimar a matriz inter-regional do municpio de Curitiba/PR para o ano de
2006 em trs escalas (Municpio, Restante do Estado e Restante do Pas).
Para responder ao problema de pesquisa, esta tese foi disposta em trs
ensaios conforme a apresentao dos objetivos especficos. O primeiro ensaio
versou sobre o roteiro metodolgico, testando seus limites e possibilidades a partir
de comparao dos indicadores da matriz do Rio Grande do Sul para o ano de 2003,
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elaborada pela Fundao de Economia e Estatstica (FEE, 2003, Porsse, 2007 e
Palermo, Porsse e Peixoto, 2010). A escolha desta matriz como base de
comparao foi devida, como j mencionado, raridade de matrizes municipais
construdas, acrescendo-se o fato de que a metodologia foi detalhadamente definida
e os pesquisadores tiveram amplo acesso aos dados necessrios para sua
elaborao.
A metodologia de estimao da matriz municipal pautada em quatro pontos
bsicos: a teoria de Leontief (1988), a estimativa da matriz nacional de Guilhoto e
Sesso Filho (2005a), o modelo de Isard (1951), e o Quociente Locacional. Seus
resultados so comparados por meio dos coeficientes de correlao de Spearman
(posto-ordem) e de Pearson (valores). Destaca-se que a finalidade deste ensaio no analisar os dados do estado do Rio grande do Sul, mas sim desenvolver e testar
uma metodologia que possa ser utilizada em municpios. Deve-se lembrar que a
construo de matrizes de insumo-produto requer grande volume de dados
primrios, secundrios e estimados, o que implica em alto custo financeiro e de
tempo em sua elaborao. A metodologia apresentada utilizar-se- da estimao
das matrizes a partir de um conjunto menor de dados (Contas Nacionais do IBGE e
os de emprego e salrio da Relao Anual de Informaes Sociais/RAIS), assimdemandando menor tempo, contudo, representando uma aproximao da realidade
podendo ser til para elaborao de polticas pblicas.
No segundo ensaio, a metodologia ser aplicada em uma localidade caso,
possibilitando duas linhas de anlise. A primeira insere o debate positivista, com a
avaliao dos resultados dos indicadores econmicos. Por outro lado, a segunda
anlise est alicerada em argumentos normativos para a ferramenta, sugerindo
uma simulao a partir dos dados da matriz insumo-produto municipal. Para esseexerccio foi escolhido o municpio de Arapongas, no Paran (ano 2007). A escolha
deste municpio se justifica em razo da cidade apresentar um polo moveleiro
consolidado, sendo o principal setor da economia da regio, assim como outros
setores com caractersticas de setores-chave para o desenvolvimento local, ainda
no identificados. importante notar que essas caractersticas observadas
empiricamente ajudam a avaliar os resultados da matriz e ponderam possveis
polticas de interveno.
O terceiro ensaio ser composto pela estimao da matriz inter-regional do
municpio de Curitiba/PR, para o ano de 2006, em trs esferas (Municpio, Restante
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do Paran e Restante do Brasil). Sero calculados os indicadores econmicos como:
Multiplicadores Simples do Tipo I (produo, emprego e remunerao), ndice de
Ligao de Rasmussen-Hirschman e o ndice Puro de Ligaes Interindustriais
(GHS), Campo de Influncia e a Sinergia entre as regies. O objetivo destes
indicadores auxiliar no planejamento econmico do municpio.
Deve-se ter claro, como j apontado, que o objetivo desta tese no se limita
ao clculo e anlise das matrizes do estado do Rio Grande do Sul ou mesmo dos
dois municpios do estado do Paran, mas sim apresentar uma metodologia que
possa ser utilizada em qualquer outra realidade municipal. Desta forma, ao analisar
as discusses sobre a teoria de matrizes insumo-produto sob a perspectiva da
economia regional no Brasil, algo ainda no havia sido feito de forma sistemtica oumetodolgica para a estimao ou mesmo construo de matrizes municipais. A
presente tese agrega algo novo ao retomar e incentivar este debate. Outra
contribuio do trabalho aliar aspectos empricos ou histricos com o mtodo de
estimao de matrizes municipais para ajudar na elaborao de polticas para o
desenvolvimento local.
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1. ESTIMAO DE MATRIZES INSUMO-PRODUTO MUNICIPAIS POR MEIO DOQUOCIENTE LOCACIONAL: LIMITES E POSSIBILIDADES DA PROPOSTAMETODOLGICA4
1.1 Introduo
Os recentes debates sobre os limites e possibilidades do atual modelo de
crescimento brasileiro aparentemente tm desconsiderado o interesse pela questo
de sua abrangncia e sua capacidade de influenciar estruturas produtivas locais, o
que, sem dvida, traz tona o receio do agravamento das desigualdades, inclusive
em termos regionais. Alm disso, o debate em curso valoriza (e o faz de forma
excessiva) a relevncia do setor privado para a reestruturao produtiva,
minimizando a importncia ou efeito da reduzida ao atual do poder pblico na
conformao espacial das atividades econmicas. A estratgia de crescimento,
independente de seus erros ou acertos, alterar significativamente a posio
competitiva das diferentes regies e, principalmente, sua capacidade de atrao de
novos investimentos produtivos.
Paralelo a essa discusso, Urani e Reis (2004) ensinam que nos ltimos anos
a preocupao com o desenvolvimento local cada vez maior, em virtude da
efetividade na elaborao e implementao de polticas capazes de melhorar a
qualidade de vida dos cidados. Silva (2008) observa que o aumento dessas
demandas e a prpria escassez de recursos pblicos impem ao Estado uma atitude
mais criteriosa, avaliando quanto e como participar da atividade econmica no
mbito local.
Nesse contexto, o objetivo geral deste ensaio elaborar e avaliar o referencialterico e metodolgico para estimar matrizes municipais pelo mtodo do Quociente
Locacional (QL), na identificao do comportamento econmico local. A escolha da
matriz de insumo-produto regional est relacionada sua capacidade de gerar uma
srie de indicadores econmicos, responsveis por identificar setores-chave para o
desenvolvimento econmico e social da regio analisada, que pode ser um Estado,
Municpio ou conjunto de municpios.
4Uma verso deste ensaio foi submetido Revista Pesquisa e Planejamento Econmico (PPE/IPEA).
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possvel ainda apresentar dois pontos que justificariam este ensaio. O
primeiro, aceitando os ensinamentos de Silva (2008) e Urani e Reis (2004),
pautado pela importncia da utilizao de conhecimento cientfico e a materializao
deste em ferramentas prticas para orientar e potencializar polticas pblicas locais.
J, o segundo, diz respeito abrangncia da utilizao atual deste conhecimento.
Isso pode ser observado em alguns estudos desenvolvidos para o Brasil, a exemplo
dos de Guilhoto et al. (1998, 1999 e 2001). Assim como, para o Paran, cita-se os
estudos sobre sinergia realizados por Moretto (2000) e Simes et al. (2003), para o
estado de Pernambuco o de Costa et al. (2005), Porsse (2007) ligado ao Rio Grande
do Sul e Guilhoto e Sesso Filho (2005b) para a Amaznia Brasileira. Outros
trabalhos poderiam ser apresentados, todavia, a inteno demonstrar a raridadede trabalhos direcionados esfera local (onde os dados disponveis so escassos).
Diversas localidades poderiam ser escolhidas para tal exame,
independentemente do municpio ou regio caso a ser analisado, destaca-se que a
finalidade deste trabalho no apenas analisar esta localidade, mas sim
desenvolver uma metodologia que possa ser utilizada em qualquer outra realidade.
Dessa forma, deve-se lembrar que a construo de matrizes de insumo-produto
requer grande volume de dados primrios, secundrios e estimados, assim como,dedicao dos pesquisadores envolvidos, o que implica em alto custo financeiro e de
tempo em sua elaborao. A metodologia que ora apresentada utilizar-se- da
estimao das matrizes a partir de um conjunto menor de dados (Contas Nacionais
do IBGE e os de emprego e salrio da Relao Anual de Informaes Sociais/RAIS),
assim demandando menor tempo, contudo, representando uma aproximao da
realidade.
Para responder ao objetivo geral, este ensaio seguir dois objetivosespecficos. O primeiro, seo 1.2, apresentar a metodologia, com base no
referencial terico de Leontief (1988), Guillhoto e Sesso Filho (2005a e 2010), Isard
(1951), Quociente Locacional (Miller e Blair, 2009) e na estimativa do valor bruto de
produo local. Nesta seo sero observados, ainda, os indicadores econmicos a
serem comparados (seguindo os trabalhos de Brene et. al., 2010 e Brene et. al.,
2011) e os coeficientes de correlao. Posteriormente metodologia, na seo 3, o
segundo objetivo especfico comparar os resultados obtidos pela estimao da
matriz insumo-produto com os de uma Matriz Original, ou mais prxima dela. Esse
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processo de comparao ser feito a partir dos testes de coeficientes de correlao
de Spearman (posto-ordem) e de Pearson (valores).
Devido raridade de matrizes municipais construdas, a matriz base de
comparao ser a do Rio Grande do Sul (RS), ano de referncia 2003, apresentada
nos estudos de Porsse (2007), Palermo, Porsse e Peixoto (2010) e Fundao de
Economia e Estatstica (FEE, 2003). Esta base de dados foi escolhida porque a
metodologia foi detalhadamente definida e os pesquisadores tiveram amplo acesso
aos dados necessrios para sua elaborao.
Destaca-se tambm que, mesmo fazendo uso de estimativas, os resultados
da matriz do RS podem ser considerados mais prximos de uma matriz obtida por
pesquisa primria. Portanto, considera-se que esta matriz a melhor representaoda original. Vale ressaltar que este trabalho pretende, apenas, fazer um exerccio
reflexivo sobre as possibilidades inerentes metodologia. Desta forma
reconhecido, a priori, que antes de esgotar as possibilidades, o presente trabalho
abre mais portas do que fecha, deixando temtica e, por que no dizer, a sua
urgncia, espera de novas abordagens e tratamento.
1.2 Referencial Terico e Metodologia de Estimao
1.2.1 Sistema de insumo-produto nacional
Conforme apresentado por Leontief (1988, p. 10), a forma mais simples de
descrever a matriz insumo-produto nacional dizer que esta mostra os fluxos de
bens e de servios entre os diversos setores da economia de um pas durante um
determinado perodo de tempo, em termos monetrios. Em outras palavras, a matriz
apresenta todas as inter-relaes de compras e vendas (bens intermedirios, bens
finais, valor adicionado e etc.) de uma determinada economia. A relao bsica pode
ser visualizada no Quadro 1.1, e de forma mais completa no Quadro 1.2, se forem
considerados apenas trs setores (agrcola, industrial e servios). De forma mais
especfica, deve-se lembrar que o mtodo de insumo-produto uma adaptao da
teoria neoclssica de equilbrio geral para o estudo emprico da interdependncia
quantitativa entre as atividades econmicas inter-relacionadas (Leontief, 1988, p.73).
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Quadro 1.1:Relaes entre as demandas intermedirias, demanda final e o valor bruto deproduo.
Demanda Final
(Consumo + Investimento + Gasto do Governo + Exportaes)
z11 z12 z1n y1 x1
z21 z22 z2n y2 x2
zn1 zn2 znn yn xn
Valor Bruto de ProduoDemandas Intermedirias
(Intersetoriais)
Fonte:Adaptado de Lopes e Vasconcellos (2008, p. 54).
Quadro 1.2: Relaes de Insumo-Produto em um sistema nacional (economia com trssetores).
Destino da
Produo(Compra)
Origem da
Produo (Venda)
Demandas Intermedirias
(ou Intersetoriais) Demanda Final
(C + I + G + X)
Valor Bruto de
ProduoAgricultura
(Setor 1)
Indstria
(Setor 2)
Servios
(Setor 3)
Agricultura (Setor 1)
Indstria (Setor 2)
Servios (Setor 3)
z11
z21
z31
z12
z22
z32
z13
z23
z33
y1
y2
y3
x1
x2
x3
Importaes (M) m1 m2 m3
Imposto Indireto Lquido (IIL) iil1 iil2 iil3
Valor Adicionado va1 va2 va3
Valor Bruto de Produo x1 x2 x3
Fonte:Adaptado de Lopes e Vasconcellos (2008, p. 54).
A partir das ilustraes dos Quadros 1.1 e 1.2, possvel observar trs
fatores fundamentais da anlise de insumo-produto de Leontief (1988, p. 75-80): a)
os coeficientes tcnicos ou de insumo ija (1); b) a matriz de coeficientes tcnicos
ijaA (2) e c) a matriz inversa (7) que leva seu nome, 1
AIL . Como
apresentado por Chiang e Wainwright (2006, p. 110), a verso esttica, sob a qual
este trabalho se pauta, do modelo de Leontief, tem o seguinte problema depesquisa: Que nvel de produto cada uma das n indstrias de uma economia deve
produzir, de modo que seja exatamente suficiente para satisfazer a demanda total
por aquele produto? Nesse sentido, ainda de acordo com os autores - dadas
algumas premissas (apresentadas mais a frente), para produzir cada unidade da j-
sima mercadoria, a quantidade de insumo para a i-sima mercadoria tem de ser
fixa, conforme coeficiente apresentado pela equao (1).
j
ij
ijx
za j
xija
ijz . (j = 1, 2, 3, ..., n; i = 1, 2, 3, ..., n) (1)
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Desta forma, para as n indstrias atenderem suficientemente as demandas
por insumos geradas por elas mesmas e pelas demais, assim como demanda final
de uma economia aberta, seu nvel de produto jx deve satisfazer as seguintes
equaes (Chiang e Wainwright, 2006, p. 111-114):
nnnnnnn
nn
nn
yxaxaxax
yxaxaxax
yxaxaxax
...
..................................................
...
...
2211
222221212
112121111
(2)
em que, conforme apresentado no Quadro 1.1, iy representa a demanda final do
setor i,i
x o valor bruto de produo do mesmo setor ejij
xa a demanda por insumo
do setor i pelo setor j. Reorganizando as equaes, colocando iy em evidncia,
observa-se o seguinte sistema de nequaes lineares:
nnnnnn
nn
nn
yxaxaxa
yxaxaxa
yxaxaxa
)1(...
.......................................................
...)1(
...)1(
2211
22222121
11212111
(3)
Escrito de forma matricial tem-se:
nnnnnn
n
n
y
y
y
x
x
x
aaa
aaa
aaa
2
1
2
1
21
22221
11211
)1(...
...)1(
...)1(
(4)
o que pode ser reescrito da seguinte forma
nnnnnn
n
n
y
y
y
x
x
x
aaa
aaa
aaa
2
1
2
1
21
22221
11211
...
...
...
1...00
0...10
0...01
(5)
A partir da relao (5) tem-se:
YXAI )( (6)
e assim pode-se (...) obter a soluo nica do sistema a partir da equao (...)
(Chiang e Wainwright, 2006, p. 112):
YAIX1)( (7)
A relao apresentada em (7) resume a capacidade explicativa da anlise de
insumo-produto no tocante ao comportamento das economias nacionais. Em outras
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palavras, observa-se como um impacto na demanda final (Y) afeta o valor da
produo (X) e este, por sua vez, afeta outras variveis como emprego, salrio,
importao, impostos e etc. Assim, possvel observar a importncia deste mtodo
para os pases, no sendo diferente para o Brasil.
No caso brasileiro, o incio da organizao do sistema de contas nacionais
data de 1947 (Paulani e Braga, 2007), sendo esses valores base para a construo
da matriz insumo-produto. Contudo, mesmo nos dias de hoje, a matriz brasileira
(calculada pelo IBGE) apresenta uma defasagem de tempo de, aproximadamente, 7
anos (sendo a ltima de 2005).
Para estimar a matriz a partir de dados mais recentes utiliza-se da
metodologia de Guilhoto e Sesso Filho (2005a). A princpio trs fatores justificam ouso desta. O primeiro diz respeito base de dados utilizada, sendo que essa faz
parte dos valores preliminares das contas nacionais disponibilizadas pelo IBGE 5,
refletindo, em ltima instncia, o comportamento real da economia brasileira. O
segundo fator est pautado no poder de aproximao deste mtodo com os valores
da matriz nacional construda pelo IBGE. De acordo com Guilhoto e Sesso Filho
(2010), os testes de coeficiente de correlao de Person (valor) e de Spearman
(posto-ordem) foram significativos. Por fim, conforme anlise anterior, destaca-se ofato que possvel apresentar matrizes mais recentes (2009) com considervel
preciso.
Para desenvolver a metodologia de estimao da matriz brasileira observa-se
o Quadro 1.3. Este sumariza o sistema de insumo-produto em que so consideradas
as matrizes de produo e de usos e recursos, as matrizes Z , de consumo
intermedirio setor por setor, e Y , da demanda final por setor, definidas
originalmente no sistema de Leontief (Guilhoto e Sesso Filho, 2010, p. 104-106).Nessa metodologia sero estimadas as matrizes de insumo-produto, as quais
requereram a coleta dos dados preliminares das Contas Nacionais (IBGE apud
Nereus, 2012), mais precisamente as contidas nas Tabelas de Usos e Recursos (U)
e de Produo (V) para o ano especfico (para a comparao com a matriz
construda o ano de referncia ser 2003) a valor constante.
5O Ncleo de Economia Regional e Urbana da USPNEREUS apresenta as matrizes estimadas de 1995 a 2009para 42 setores e de 2000 a 2009 para 56 setores. http://www.usp.br/nereus/?fontes=dados-matrizes.(Acesso:07/02/2012)
http://www.usp.br/nereus/?fontes=dados-matrizeshttp://www.usp.br/nereus/?fontes=dados-matrizeshttp://www.usp.br/nereus/?fontes=dados-matrizeshttp://www.usp.br/nereus/?fontes=dados-matrizes7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene
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Quadro 1.3:Esquema do sistema de Insumo-Produto com indstrias (setores) e produtos.
Produtos Setores Demanda Final Produo Total
Produtos U E QSetores V Z Y XImportaes MImpostos Indiretos Lquidos TValor Adicionado WProduo Total Q' X'Fonte:Guilhoto (2011, p. 20).
A descrio das matrizes contidas no Quadro 1.3 est apresentada abaixo
(Richardson, 1978, p. 218-220), em que:
V a matriz de produo de dimenso nm, em que o elemento ijv corresponde
ao bemjproduzido pelo setor i; U a matriz de uso de dimenso mn, em que o elemento iju o valor do
produto i utilizado pelo setor j em seu processo de produo; Z a matriz de uso de dimenso nn, em que o elemento ijz o valor do setor i
utilizado pelo setor j em seu processo de produo; E o vetor de demanda final, por produto, de dimenso m1; Y o vetor de demanda final, por setor, de dimenso n1; M o vetor de importaes totais realizadas em cada setor, de dimenso 1n; T o vetor do total dos impostos indiretos lquidos pagos em cada setor, de
dimenso 1n;
W vetor do total do valor adicionado produo gerado em cada setor, dedimenso 1n; Q o vetor de produo total, por produto, de dimenso m1; X o vetor de produo total, por setor, de dimenso n1.
Para estimar o sistema de insumo-produto originalmente definido por Leontief
foi utilizada a abordagem da tecnologia baseada na indstria, que assume que a
composio da produo de um dado setor pode ser alterada, porm este setor
mantm a sua participao constante no mercado dos bens que produz (Miller e
Blair, 2009). Para a estimativa da matriz com tecnologia baseada na indstria,define-se, inicialmente, as matrizes:
1)( XUB
(8)
1)( QVD
(9)
em que B representa a matriz de coeficientes tcnicos de cada setor em relao a
cada produto utilizado como insumo, D determina a proporo fixa, para cada
produto, dos setores que o produzem e B e D so compostas, respectivamente,
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pelos coeficientesj
ij
ijx
ub e
j
ij
ijq
vd . A manipulao entre essas duas matrizes
gera, conforme apresentado em Guilhoto e Sesso Filho (2010), a seguinte relao:
YDBIX 1)( (10)
Assim, a equao (10) refere-se ao enfoque setor por setor com a tecnologia
baseada na indstria. Este enfoque, nesta tecnologia, o que mais se aproxima do
modelo original de Leontief e, portanto, o padro que se costuma utilizar para
transformar as matrizes de produo e de usos e recursos no modelo de Leontief.
Note que, neste caso, a matriz DB seria equivalente matriz A de coeficientes
tcnicos de Leontief, assim 1 DBIL seria equivalente a 1 AIL , que a
matriz inversa de Leontief sendo ijl seus elementos. A matriz DU seria equivalente
matriz Z de consumo intermedirio (Guilhoto, 2011). Ainda no que se refere ao
modelo, pode-se apontar uma srie de pressupostos em que se baseia a teoria
insumo-produto, os quais se constituem em limitaes da anlise (Miernyk, 1974;
Guilhoto, 2011; Chiang e Wainwright, 2006):
1. Equilbrio geral da economia a um dado nvel de preos;
2. Cada indstria produz somente uma mercadoria homogenia;3. Cada indstria utiliza uma razo fixa de insumos;
4. Retornos constantes de escala;
5. Preos constantes;
6. Inexistncia de iluso monetria dos agentes econmicos;
7. Supe-se que as mudanas tecnolgicas so lentas;
8. Todos os bens e servios includos na matriz apresentam uma oferta
infinitamente elstica, ou seja, toda a demanda adicional ser coberta
expandindo-se a produo aos custos representados na matriz.
1.2.2 Indicadores Econmicos
A partir da matriz inversa de Leontief possvel estimar para cada setor da
economia o quanto gerado de produo (Multiplicadores Simples - MS6) de forma
direta no setor e indiretamente em todos os setores, para cada unidade monetria
produzida para a demanda final. Em outras palavras, o multiplicador simples de
6Destaca-se que o conceito de multiplicador apresentado o mesmo utilizado por Miller e Blair (2009, p. 243-248) e sinnimo aos Geradores de Guilhoto (2011, p. 37-38), ou seja, ele apresenta a variao da produo,emprego ou renda dada a variao na demanda final.
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produo ( jMSP)doj-simo setor indica o quanto se produz a mais dada variao
de uma unidade monetria de demanda final no setor (Miller e Blair, 2009), ou seja:
n
i
ijj njlMSP1
,,1, (11)
Como apresentado por Guilhoto (2011, p. 38), o efeito de multiplicao pode
ser analisado por duas perspectivas. A primeira se restringe demanda de insumos
intermedirios, sendo chamados de multiplicadores do Tipo I. J o multiplicador que
leva em considerao (ou endogeniza) a demanda das famlias (...) no sistema,
levando-se em considerao o efeito induzido (...), so denominados de
multiplicadores do Tipo II. Devido dificuldade em obter as informaes sobre a
demanda final em escala municipal, esta metodologia se restringir aos
multiplicadores do Tipo I. Ainda de acordo com Miller e Blair (2009), de posse da
matriz inversa de Leontief e dos coeficientes diretos (i
iX
Viv ) - este ltimo
determinado pela relao entre o vetor iV das variveis a serem impactadas como
emprego, importaes, impostos, salrios, valor adicionado ou outra varivel em
anlise e o vetor de produo iX - obtem-se outros multiplicadores ( jMSV ),
conforme apresentado pela equao a seguir:
n
i
iijj njvlMSV1
,,1, (12)
em que jMSV o impacto total, direto e indireto, sobre a varivel em questo, ijl o
ij-simo elemento da matriz inversa de Leontief e iv o coeficiente direto da varivel
estudada, lembrando que o fator inicial a variao da demanda final do setor.
Por fim, tm-se os ndices de ligaes de Rasmussen-Hirschman. A partir do
modelo bsico de Leontief, definido anteriormente, e seguindo Rasmussen (1956) eHirschman (1958), consegue-se determinar quais seriam os setores com o maior
poder de encadeamento dentro da economia, ou seja, possvel extrair tanto os
ndices de ligaes para trs, que forneceriam o quanto determinado setor
demandaria dos outros, quanto os de ligaes para frente, que fornecem a
quantidade demandada de produtos de outros setores da economia pelo setor em
questo (Guilhoto e Sesso Filho, 2005a). Conforme apresentado por Guilhoto e
Sesso Filho (2005a, p. 7), os ndices se baseiam na equao 1)(
DBIL , matriz
inversa de Leontief, podendo-se definir ijl como sendo um elemento da matriz L e
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obter *L , que a mdia de todos os elementos de L , assim como calcular jL* e *iL ,
que constituem, respectivamente, as somas dos elementos de uma coluna e de uma
linha tpica de L . Considerando n que o nmero total de setores na economia,
algebricamente, tem-se:
ndices de ligaes para trs (poder da disperso)
** //. LnLU jj (13)
ndices de ligaes para frente (sensibilidade da disperso)
** //. LnLU ii (14)
Ainda de acordo com os autores, como resultado observa-se que valores
maiores do que 1 para os ndices apresentados relacionam-se a setores acima damdia, e, portanto, setores-chave para o crescimento da economia. Vale ressaltar
que esta anlise desconsidera os diferentes nveis de produo em cada setor da
economia, o que poderia ser visto com o ndice Puro de Ligaes Interindustriais7.
1.2.3 Sistema de insumo-produto inter-regional
O mtodo de matriz insumo-produto foi originalmente desenvolvido para
analisar e avaliar as relaes entre os diversos setores produtivos e de consumo deuma economia nacional. Contudo, pode ser aplicado ao estudo de sistemas
econmicos menores, como Estados, Municpios ou conjunto de municpios
(Leontief, 1988, p. 73). Neste caso trabalha-se com o modelo inter-regional. O
Quadro 1.4 apresenta, de forma esquemtica, as relaes dentro do sistema de
insumo-produto inter-regional para duas regies.
Quadro 1.4:Relaes de Insumo-produto no sistema inter-regional.SetoresMunicpio M SetoresRestante do Brasil RBr M RBr
Setores -Municpio M
Insumos IntermediriosMMZ
Insumos IntermediriosrMRBZ `
DFMM
DFMRBr
ProduoTotal M
Setores -Restante doBrasil RBr
Insumos IntermediriosRBrMZ
Insumos IntermediriosRBrRBrZ
DFRBrM
DFRBrRBr
ProduoTotal RBr
Importao Restante Mundo (IM) Importao Restante Mundo (IM) IM IM IM
Impostos Ind. Liq. (IIL) Impostos Ind. Liq. (IIL) IIL IIL IIL
Valor Adicionado M Valor Adicionado RBR
Produo Total Regio M Produo Total Regio RBR
Fonte:Adaptado de Moretto (2000).
7Ver Guilhoto (2011, p. 55).
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O modelo inter-regional de insumo-produto, tambm chamado de modelo
Isard, devido aplicao de Isard (1951), requer grande massa de dados, reais ou
estimados, principalmente quanto s informaes sobre fluxos intersetoriais e inter-
regionais. Complementando o sistema regional, o sistema inter-regional mostra as
relaes de troca entre as regies, exportaes e importaes, que so expressas
por meio do fluxo de bens e servios que se destinam tanto ao consumo
intermedirio quanto demanda final.
De forma sinttica8, pode-se apresentar o modelo, a partir do exemplo
hipottico dos fluxos intersetoriais e inter-regionais de bens para o municpio (M) e
restante do Brasil (RBr), com n setores, onde MMijZ o fluxo monetrio do setor i
para o setor jdo municpio M e RBrMijZ o fluxo monetrio do setor i do restante do
Brasil para o setor j do municpio M (Guilhoto, 2011). Na forma de matriz, esses
fluxos seriam representados por:
RBrRBrRBrM
MRBrMM
ZZ
ZZZ (15)
em que MMZ e RBrRBrZ , representam matrizes dos fluxos monetrios intra-regionais,
e MRBrZ e RBrMZ , representam matrizes dos fluxos monetrios inter-regionais. As
demais demandas finais podem ser obtidas similarmente. Portanto, de acordo com
1^
MMMMM XZA , constri-se a matriz MMA , para os n setores, em que MMA
representa a matriz de coeficientes tcnicos intra-regionais de produo. Saliente-se
que esta mesma formulao valeria para RBrMRBrRBrMRBr AAA ,, .
RBrRBrRBrM
MRBrMM
AA
AAA (16)
RBr
M
X
XX (17)
RBr
M
Y
YY (18)
O sistema inter-regional de insumo-produto completo representado por:
YXAI )( (19)
8O procedimento completo, calculado a partir de dados primrios pode ser visto em Guilhoto (2011, p. 34-35).
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29
e as matrizes podem ser dispostas da seguinte forma:
RBr
M
RBr
M
RBrRBrRBrM
MRBrMM
Y
Y
X
X
AA
AA
I
I
0
0
(20)Efetuando estas operaes, obtm-se o modelo bsico necessrio anlise
inter-regional proposta por Isard (1951), resultando no sistema de Leontief inter-
regional da forma:
YAIX1)( (21)
o qual pode ser escrito como:
RBr
M
RBrRBrRBrM
MRBrMM
M
L
Y
Y
LL
LL
X
X
(22)
Assim como na anlise nacional apresentada nas equaes (11) e (12), possvel
estimar para cada setor da economia os multiplicadores simples (total, direto ou indireto) a
partir dos coeficientes tcnicos diretos e da matriz inversa de Leontief inter-regional (Miller e
Blair, 2009). No caso especfico da matriz municipal, destaca-se a importncia do efeito
transbordamento. Fazendo uma analogia anlise macroeconmica, esse efeito diferenciaria o
Produto Interno Bruto (PIB) do Nacional (PNB) do municpio. Como apontado por Postali e
Nishijima (2011, p. 476 nota de rodap), ao fazerem meno a um parecerista annimo,
(...) economias fortemente dependentes de petrleo podem ter seu PIB artificialmente inflado
(...), desta forma, o mais apropriado seria utilizar o PNB municipal, cujo clculo inexiste. O
contrrio tambm observado, municpios com um grau elevado de atividades informais,
como turismo, podem ter seu PIB subestimado, o que torna a anlise do transbordamento de
suma importncia para o contexto municipal.
Para estimar o efeito transbordamento do multiplicador de produo necessrio,
primeiramente, calcular o multiplicador (12), o qual permite analisar o impacto de umavariao na demanda final de determinado setor sobre a varivel econmica de interesse
(Miller e Blair, 2009). O valor calculado representa o valor total de produo de toda a
economia que acionado para atender a variao de uma unidade na demanda final do setorj.
A partir do multiplicador, o efeito transbordamento de uma regio em relao outra
estimado pela diferena entre os multiplicadores dessas, podendo ser apresentado tanto em
termos absolutos quanto em valores percentuais. O efeito transbordamento mostra como o
aumento da produo setorial em dada regio impacta a produo dos setores de outra regio.
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30
1.2.4 A estimativa da produo e o mtodo do quociente locacional
Como observado por Leontief (1988, p. 6), nenhuma das anlises de insumo-
produto apresentadas hoje seria possvel se no pela crescente produo de dados
econmicos, principalmente no ambiente macro, de agncias nacionais9 e
internacionais, pblicas e privadas. Infelizmente, no caso regional, em especial na
esfera municipal, essa realidade diferente o que torna a construo (via dados
primrios) do modelo de Isard uma tarefa herclea. Nesse caso especfico, ainda
utilizando o raciocnio do autor (1988, p. 15), atualmente a cincia econmica
apresenta uma alta concentrao de teoria sem dados empricos e nesse sentido, a
tarefa de preencher os compartimentos vazios da teoria econmica com um
contedo emprico relevante fica cada dia mais urgente e desafiadora.
Para resolver esse dilema, no caso da matriz insumo-produto municipal, uma
das solues utilizar o esquema prtico do modelo de Isard (Quadro 1.4) com a
metodologia do quociente locacional, o que leva a outro problema: a necessidade
dos dados do Valor Bruto de Produo municipal por setor. Vale lembrar que,
quando os dados de produo de uma indstria, em uma dada regio/municpio no
esto disponveis, pode-se utilizar outras medidas ou variveis por setor, dentre as
quais se destacam o emprego, a renda pessoal recebida, o valor adicionado, a
demanda final, etc. (Miller e Blair, 2009).
Como a finalidade deste trabalho no apenas analisar uma localidade
especfica, mas sim desenvolver uma metodologia que possa ser utilizada de forma
prtica em qualquer realidade municipal, utilizar-se- os dados de emprego e salrio
da Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS)10 como proxy para elaborar a
estimativa do Valor Bruto de Produo. Dado que no processo produtivo as
empresas transformam insumos em produtos a partir de dois fatores de produobsicos (capital iK e trabalho iN ), possvel simplificar a anlise pela seguinte
funo produo iii KNFX , (Mas-Colell et. al., 1995). Assim, a produo do
setor i no municpio ser proporcional produo nacional de acordo com a
participao do nmero de trabalhadores frente ao total do Brasil, ponderado pelo
9 No caso brasileiro ver resumo em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pdf/03_basedados.pdf.(Acesso: 19/06/2012)10Ver:http://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.php.(Acesso: 07/02/2012)
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pdf/03_basedados.pdfhttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pdf/03_basedados.pdfhttp://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.phphttp://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.phphttp://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.phphttp://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.phphttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pdf/03_basedados.pdf7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene
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ganho de produtividade (devido ao diferencial no capital), medido pelo quociente do
salrio mdio do municpio pelo nacional, como segue:
Br
iBr
i
M
i
Br
i
M
iM
i XW
W
N
N
X
(23)
em que Mi
X e BriX representam, respectivamente, o valor bruto da produo do i-
simo setor do municpio e do Brasil,iN o nmero de trabalhadores para o
municpio (M) e o Brasil (Br)11eiW o salrio mdio por trabalhador obtido a partir
do valor mdio mensal das remuneraes (por setor) e do nmero de trabalhadores.
Destaca-se ainda que, em alguns casos, deve-se fazer a agregao de setores
compatibilizando os da matriz nacional (IBGE) com os da RAIS (ClassificaoNacional de Atividades Econmicas / CNAE)no possvel trabalhar com a matriz
com setores com zeros.
De posse dos valores de MiX aplica-se o mtodo do quociente locacional. Este
constitui uma tcnica bastante empregada em Economia Regional, quando se
deseja obter uma primeira aproximao do valor de determinadas variveis para
uma regio qualquer, a partir do valor das mesmas variveis obtidas por dados
censitrios em nvel nacional. Segundo Souza et al. (1997), a utilizao dessa
tcnica supe que a economia da regio R mantm a mesma estrutura da economia
nacional em relao setor i. Como discutido por Richardson (1978) e Riddington,
Gibson e Anderson (2006) esta seria a primeira limitao do modelo, pois mesmo
dentro de um mesmo setor as empresas podem, regionalmente, diferirem em
relao tecnologia empregada. Outra limitao, apresentada por Richardson
(1978), diz respeito maior propenso importao que a regio individualmente
apresenta (inclui aqui importaes do exterior, mas tambm do Restante do Pas),esses problemas so minimizados com o ajustamento demonstrado a partir da
equao (25). Assim, o quociente locacional simples para o setor ina regio R, ou
neste caso no municpio M, conforme Miller e Blair (2009), definido como:
BrBr
i
MM
iM
iXX
XXQL
/
/ (24)
11Em relao aos trabalhadores e s remuneraes, estes esto sendo considerados conforme apresentados naRAIS. Ver:http://www.rais.gov.br/rais_sitio/relacionar.asp.(Acesso: 10/03/2012)
http://www.rais.gov.br/rais_sitio/relacionar.asphttp://www.rais.gov.br/rais_sitio/relacionar.asphttp://www.rais.gov.br/rais_sitio/relacionar.asphttp://www.rais.gov.br/rais_sitio/relacionar.asp7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene
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em que MiX e
MX denotam, respectivamente, os valores da produo do setor ie
da produo total do municpio. J, BriX e
BrX denotam, respectivamente, os valores
da produo do setor ie da produo total nacional.O presente mtodo consiste em comparar a proporo do produto total do
municpio M, que devida ao setor i, com a proporo do produto total nacional
advindo do setor iem nvel nacional. O quociente locacional simples pode ser visto
como uma medida da habilidade da indstria regional ipara atender demanda de
outras indstrias e demanda final da regio. Se o valor do quociente for menor do
que um, a indstria i menos concentrada na regio do que em nvel nacional. Se
for maior do que um, a indstria i mais concentrada na regio do que em nvel
nacional. Assim, para a linha ide uma tabela regional estimada, tem-se:
8,0se0,8
8,0se)(
M
i
Br
ij
M
i
M
i
Br
ijMM
ijQLa
QLQLaa (25)
em que MMija o coeficiente tcnico ou de insumo regional eBr
ija o coeficiente
tcnico nacional. No caso da relao apresentada em (25) h um ajustamento do
parmetro de 1 para 0,8. Esse ajustamento ad hocbusca corrigir a diferena entre
os coeficientes regionais e nacionais. Mesmo partindo do pressuposto que o
coeficiente tcnico total da regio igual ao nacional ( BrjM
j aa ), simplificando como
sendo a mesma base tecnolgica (funo produo), o modelo apresenta o fluxo de
comrcio inter e intrarregional. Como apresentado por Richardson (1978, p. 115), a
equao (26) mostra o coeficiente tcnico total, Mja , para a regio como a soma dos
insumos regionais, representados pelo coeficiente tcnico MMja , mais os importados
do restante do Brasil,RBrM
ja , sendo este ltimo diferente de zero.RBrM
j
MM
j
M
j aaa (26)
Deve-se salientar que esta metodologia, neste caso especfico para o estado
do Rio Grande do Sul, utilizar-se- de outras bases de dados, como as pesquisas
domiciliares do IBGE a exemplo da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domiclios) e PME (Pesquisa Mensal de Emprego), apresentadas por Ramos e
Ferreira (2005) para ajustar dados como os vetores de produo, emprego e
rendimentos, essenciais na elaborao dos indicadores econmicos. Esses
indicadores econmicos sero comparados com outros provenientes de uma Matriz
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Original por meio dos testes de coeficientes de correlao de Spearman (posto-
ordem) e Pearson (valor) a um nvel de significncia de 0,001 (bilateral), ambos
variando entre -1 e 1.
O primeiro coeficiente de correlao baseado no ordenamento. O
coeficiente de Spearman (rs) (...) uma medida de associao entre duas variveis
que requer que ambas as variveis sejam medidas pelo menos em uma escala
ordinal (...), nesse sentido so testadas duas hipteses: H0, na qual no h
associao entre as variveis analisadas e H1, em que h associao (Siegel e
Castellan Jr., 2006, p. 266). J, o de Pearson (rp), ou Coeficiente de Correlao do
Momento Produto, interpretado como um indicador que descreve a
interdependncia entre duas variveis (Lira e Chaves Neto, 2006). Para suaclassificao (anlise qualitativa) ser utilizada a escala de Callegari Jacques (2003,
p. 90) em que: se 0,0 < |rp| < 0,3, existe fraca correlao linear; se 0,3 |rp| < 0,6,
existe moderada correlao linear; se 0,6 |rp| < 0,9, existe forte correlao linear;
se 0,9 |rp| < 1,0 , existe correlao linear muito forte.
Determinado o processo descrito anteriormente para estimar a matriz, passa-
se, na prxima seo, a comparao. Devido raridade de matrizes insumo-produto
municipais construdas, a matriz com a qual a metodologia ser comparada a doEstado do Rio Grande do Sul, ano de referncia 2003, apresentada nos estudos de
Porsse (2007) e Palermo, Porsse e Peixoto (2010) obtidas na FEE (2003). Esta base
de dados foi escolhida porque a metodologia de construo foi detalhadamente
definida e os pesquisadores tiveram amplo acesso aos dados necessrios para sua
elaborao. Portanto, considera-se que esta seja a Matriz Original.
1.3 Resultados e Discusso
O ponto de partida usual a classificao industrial padro da economia,
nesse processo so feitos alguns ajustamentos envolvendo um maior ou menor grau
de agregao dessas estruturas. Para este exerccio foram utilizadas as bases de
dados de trs fontes bsicas, so elas: NEREUS (2012), FEE (2003) e RAIS (2012).
O primeiro, para estimao da matriz nacional, conforme apresentado pelas
equaes (8), (9) e (10). J as duas ltimas, serviro como base para a obteno
dos multiplicadores de produo, emprego e rendimento regional e posteriori
comparao entre os valores obtidos pela Matriz Original (FEE) e os estimados
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(RAIS). De qualquer forma, para a utilizao dessas bases, h a necessidade de
compatibilizao do nmero de setores conforme Quadro 1.5.
Quadro 1.5: Agregao e ajuste dos setores do IBGE (42), FEE (44) e RAIS (59) em 32setores para anlise.No. IBGE - 42 setores FEE - 44 setores RAIS - CNAE (95) 59 setores
1 agropecuria agricultura, silvicultura e explorao vegetal agricultura, pecuria e servios relacionadospecuria e pesca silvicultura, explorao florestal e servios relacionados
pesca, aqicultura e servios relacionados
2 extrat. mineral extrativa mineral extrao de carvo mineralextrao de minerais metlicos
3 petrleo e gs extrao de petrleo e gs extrao de petrleo e servios relacionados4 mineral metlico minerais no-metlicos extrao de minerais no metlicos5 siderurgia siderurgia metalurgia bsica6 metalurg. ferrosos metalurgia de metais no-ferrosos fabricao de produtos de minerais no metlicos
7 outros metalrgicos out ros produtos metalrgicos fabricao de produtos de meta l exceto mquinas e equ ipamentos8 mquinas e equip. mquinas e tratores fabricao de mquinas e equipamentos9 material eltrico material eltrico fabricao de mquinas, aparelhos e materiais eltricos
10 equip. elet rnicos equ ipamentos ele trn icos fabricao de mater ia l e le trn ico e de apare lhos e equ ipamentos de comunicaesfabricao de equipamentos de instrumentao mdico hospitalares, de preciso e
fabricao de mquinas para escritrio e equipamentos de informtica11 autom./cam/onibus automveis, caminhes e nibus fabricao e montagem de veculos automotores, reboques e carrocerias12 peas e out. veculos outros veculos e peas fabricao de outros equipam entos de transporte13 madeira e mobilirio madeira e mobilirio fabricao de produtos de madeira
indstrias diversas indstrias diversas fabricao de mveis e indstrias diversas
14 celulose, papel e grfica p apel e grfica fabricao de celulose, papel e produtos de papeledio, impresso e reproduo de gravaes
15 ind. da borracha indstria da borracha fabricao de artigos de borracha e plsticoartigos pls ticos artigos de plstico
16 qumicos diversos qumicos diversos fabricao de produtos qumicoselementos quimicos elementos qumicos
farmac. e veterinria farmacutica e de perfumaria
17 ref ino do pet r leo ref ino do petrleo fabricao de coque, refino de petrleo, de combustveis nucleares e produo de
18 artigos do vesturio artigos do vesturio confeco de artigos do vesturio e acessrios
19 ind. txtil indstria txtil fabricao de produtos txteis20 fabricao calados fabricao de calados preparao de couros e fabr icao de artefatos de couro, art igos de v iagem e calados21 indstria do caf indstria do fumo fabricao de produtos do fumo
benef. prod. vegetais indstria do caf fabricao de produtos alimentcios e bebidas
abate de animais beneficiamento de produtos vegetais
indstria de laticnios abate de animaisfabricao de acar indstria de laticnios
fab. leos vegetais indstria de acar
outros prod. aliment. fabricao de leos vegetais
outros produtos alimentares
22 s.i.u.p. servios industriais de utilidade pblica reciclagemeletricidade, gs e gua quente
captao, tratamento e distribuio de gua
limpeza urbana e esgoto e atividades relacionadas
23 construo civil construo civil construo24 comrcio comrcio comrcio e reparao de veculos automotores e motocicletas
comrcio por atacado e representantes comerciais e agentes do comrcio
comrcio varejista e reparao de objetos pessoais e domsticos
25 transportes transporte transporte terrestretransporte aquavirio
transporte areo
atividades anexas e auxiliares dos transportes e agncias de viagem
26 comunicaes comunicaes correio e telecomunicaes27 instituies financeiras instituies financeiras interm ediao financeira
seguros e previdncia complementar
atividades auxiliares da intermediao financeira, seguros e previdncia complementar
28 serv. prest. famlia servios pres tados s famlias alojamento e alimentaoaluguel de veculos, mquinas e equipamentos e de objetos pessoais e domsticos
servios domsticos
educao
sade e servios sociais
29 serv. prest. empresa servios prestados s empresas atividades de informtica e servios relacionadosservios prestados principalmente s empresas
pesquisa e desenvolvimento
30 aluguel de imveis aluguel de imveis atividades imobilirias31 administrao pblica administrao pblica adm inistrao pblica, defesa e seguridade social
servicos sociais
32 serv. priv. mercantis servios pr ivados no-mercant is a tividades associa tivasatividades recreativas, culturais e desportivas
organismos internacionais e outras instituies extraterritoriais
Fonte:Elaborado pelo autor com base na RAIS (2012), IBGE (apud, NEREUS, 2012) e FEE (2003).
No caso do NEREUS so apresentados 42 setores (padronizados conforme o
Sistema de Contas Nacionais do IBGE), a FEE trabalha com 44 e a RAIS com 59,
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este ltimo organizado conforme a Classificao Nacional de Atividades Econmicas
(CNAE95 para o ano de 2003). Uma questo importante nesse procedimento a
necessidade de fazer a agregao (tendo os dados da RAIS como parmetro) dos
setores de forma a compatibilizar as tabelas/dados e evitar que se tenham setores
com nmero de trabalhadores e, consequentemente, massa salarial igual zero, o
que consideraria o valor da produo deste setor nulo - este valor inviabilizaria
qualquer clculo matricial posterior pois a mesma se torna uma matriz singular
(impossibilitando o clculo da inversa de Leontief). Vale destacar que, mesmo
agregando setores com processos produtivos que diferem em alguns aspectos,
levou-se em considerao o maior grau possvel de homogeneidade entre estes,
no alteradando sua natureza e minimizando o vis de agregao.Aps o processo de agregao, necessrio obter e organizar os dados
setoriais (extrados da RAIS) de massa salarial nominal do ms de dezembro,
nmero de trabalhadores e salrio mdio por trabalhador para o Estado do Rio
Grande do Sul (objeto de estudo) e Brasil, estes para o ano de referncia, neste
caso o de 2003 (Tabela 1.1). Os dados apresentados na Tabela 1.1 so importantes,
pois serviro para o clculo dos indicadores que sero utilizados para a estimao
do vetor de produo, como apresentado na equao (23).Ao analisar o vetor de produo estimado pela metodologia proposta (Tabela
1.2), observa-se, de forma geral, a subestimao no valor total estimado (R$ 204 bi)
em relao ao valor da Matriz Original (R$ 277 bi). Contudo, ao analisar os valores
oficiais do IBGE (2012) pode-se observar uma diferena com o resultado da FEE. De
acordo com os dados do IBGE, o valor da produo de, aproximadamente, R$ 209
bi. De qualquer forma, privilegiando os valores da Matriz Original, se for comparado
os resultados dos dois vetores (RAIS e Original) por meio dos coeficientes decorrelao possvel perceber que os valores estimados se aproximam do
comportamento real da regio.
O coeficiente de Pearson, que compara os valores do vetor do Valor Bruto de
Produo, indica uma correlao de 0,82 e o de Spearman (posto-ordem) uma
correlao de 0,89. Como mencionado anteriormente, a fim de melhorar essas
estimativas, o vetor do valor bruto de produo foi ajustado conforme anlise da
PNAD e PME para o ano de 2003, como base em Ramos e Ferreira (2005). Os
ajustamentos podem ser resumidos em trs grupos de setores, o (1) agropecurio
(que teve seu valor de produo dobrado), os ligados a indstria - setores de (8) a
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(21) foram aumentos em 36%, em mdia, e os de servio, (24) comrcio, (29)
servios prestados s empresas e (30) atividades imobilirias que tiveram um
aumento de, aproximadamente, 50%. Essa ao melhora os coeficientes de Pearson
e Spearman, que passam para 0,89 e 0,92, respectivamente.
Tabela 1.1:Valores de massa salarial (nominal do ms de dezembro), nmero detrabalhadores e salrio mdio mensal para o Estado do Rio Grande do Sul e para oBrasil, por setor, 2003.
No. SETORESRemunerao TotalNominal do Ms de
Dezembro (R$)
Nmero deTrabalhadores
Remunerao Mdiapor Trabalhador no
Ms de Dezembro (R$)
Remunerao TotalNominal do Ms de
Dezembro (R$)
Nmero deTrabalhadores
RemuneraoMdia por
Trabalhador noMs de Dezembro
(R$)
1 agropecuria 39.198.897,98 75.798 517,15 601.837.533,39 1.265.055 475,74
2 extrativa mineral 1.126.301,93 707 1.593,07 50.737.618,78 31.485 1.611,49
3 extrao de petrleo e gs 6.291,15 10 629,12 131.557.996,30 23.223 5.664,99
4 extrao de minerais no metlicos 2.530.851,36 3.751 674,71 50.957.051,50 68.098 748,29
5 metalurgia bsica 15.864.743,05 12.903 1.229,54 313.008.519,34 200.736 1.559,30
6 metalurgia de metais no-ferrosos 10.040.053,92 14.770 679,76 213.888.352,86 277.634 770,40
7 outros produtos metalrgicos 36.219.275,23 39.055 927,39 309.424.512,68 324.280 954,19
8 fabricao de mquinas e equipamentos 54.458.200,53 44.269 1.230,17 414.581.848,68 289.074 1.434,17
9 fabricao de material eltrico 10.633.721,15 9.183 1.157,98 158.504.855,11 121.595 1.303,55
10 fabricao de equipamentos eletrnicos 12.777.885,02 8.593 1.487,01 193.457.763,87 125.700 1.539,04
11 fabricao de veculos automotores 43.588.502,48 27.469 1.586,83 601.304.363,46 281.124 2.138,93
12 fabricao de peas de transporte 456.919,55 533 857,26 103.429.675,61 50.505 2.047,91
13 fabricao de madei ra, mobil irios e indstr ias diversas 35.813.426,02 54.747 654,16 314.455.987,19 500.851 627,84
14 fabricao de celulose, papel e grfica 23.396.124,64 25.008 935,55 402.175.528,34 311.949 1.289,23
15 fabricao de artigos de borracha e plstico 28.289.247,10 32.024 883,38 297.685.197,78 289.916 1.026,80
16 fabricao de produtos qumicos 29.530.747,26 16.474 1.792,57 587.436.379,26 289.741 2.027,45
17 fabricao de coque e refino de petrleo 7.895.709,89 1.084 7.283,87 165.378.682,51 59.853 2.763,08
18 fabricao de artigos de vesturio e acessrios 7.429.930,75 14.546 510,79 216.730.618,76 448.524 483,21
19 fabricao de produtos txteis 7.914.793,59 11.219 705,48 218.512.170,73 279.826 780,89
20 fabricao de calados e artefatos de couro 101.331.056,92 153.966 658,14 196.477.935,05 345.732 568,30
21 fabricao de produtos a limentc ios, beb idas e f umo 77.488.015,33 97.926 791,29 804.784.230,90 1.045.760 769,57
22 servios industriais de utilidade pblica (SIUP) 40.544.435,28 23.164 1.750,32 623.837.937,59 333.315 1.871,62
23 construo civil 47.712.375,93 69.987 681,73 769.358.600,45 1.048.251 733,95
24 comrcio 241.371.979,81 365.862 659,74 3.291.493.005,26 5.119.479 642,94
25 transportes 81.710.678,01 91.158 896,36 1.162.836.799,04 1.249.374 930,74
26 comunicaes e correio 17.143.874,26 11.308 1.516,08 336.000.904,15 206.178 1.629,66
27 instituies financeiras 107.761.042,21 38.263 2.816,32 1.616.192.707,77 576.578 2.803,08
28 servios prestados s famlias 221.362.931,80 215.008 1.029,56 2.694.986.829,22 3.073.244 876,92
29 servios prestados s empresas 99.602.550,08 126.114 789,78 2.341.911.462,75 2.605.085 898,98
30 atividades imobilirias 16.352.356,72 28.027 583,45 370.953.617,22 537.731 689,85
31 administrao pblica 580.604.728,45 404.659 1.434,80 8.646.076.070,56 7.139.120 1.211,08
32 servios privados no-mercantis 56.742.512,86 62.228 911,85 909.715.640,45 1.024.958 887,56
Rio Grande do Sul Brasil
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da RAIS (2012).
Determinado o vetor do valor bruto de produo do municpio elabora-se a
matriz de coeficientes tcnicos inter-regional conforme equao (16) a partir do
mtodo QL, como apresentado na equao (24). Para este trabalho, seguindo o
mesmo procedimento utilizado nos trabalhos de Brene et. al.(2010) e Brene et. al.
(2011), so excludos da anlise e, consequentemente, da comparao setores de
menor participao no montante de trabalhadores, tendo como corte valores de
participao menores ou iguais a 1%. Assim, so retirados os setores (2) extrativa
mineral, (3) extrao de petrleo e gs, (4) extrao de minerais no metlicos, (5)
metalurgia bsica, (6) metalurgia de metais no-ferrosos, (9) fabricao de material
eltrico, (10) fabricao de equipamentos eletrnicos, (12) fabricao de peas de
transporte, (16) fabricao de produtos qumicos, (17) fabricao de coque e refino
7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene
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de petrleo, (18) fabricao de artigos de vesturio e acessrios, (19) fabricao de
produtos txteis e (26) comunicaes e correio. Mesmo com a anlise de 19 setores
(dos 32 estimados), esses setores so responsveis por aproximadamente 95% do
nmero de trabalhadores e 94% da massa salarial (RAIS, 2012).
Tabela 1.2:Valor do vetor de produo original do Estado do Rio Grande do Sul erespectivo valor estimado a partir dos dados RAIS e IBGE, 2003.
No. SETORES
Participaodos
trabalhadoresRS/BR
Diferencialde Salrio
RS/BR
Participaoda produo
RS/BR
ProduoBrasil-IBGE
(R$ milhes)
ProduoRS-Estimada(R$ milhes)
ProduoRS-Estimada
Ajustada(R$ milhes)
ProduoRS-Original(R$ milhes)
1 agropecuria 5,99% 1,09 6,51% 183.859,00 11.975,11 21.555,20 26.846,58
2 extrativa mineral 2,25% 0,99 2,22% 23.250,00 516,12 516,12 383,85
3 extrao de petrleo e gs 0,04% 0,11 0,00% 44.241,00 2,12 2,12 108,92
4 extrao de minerais no metlicos 5,51% 0,90 4,97% 30.186,00 1