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Projeto Substituição de Veículos Encabidados por Caixas
José Augusto Cerqueira Gama Dantas
Barueri, maio de 2.008
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Índice
1. Introdução do projeto
2. Análise do produto adotado
2.1. Análise da embalagem
3. Redimensionamento da embalagem
3.1. A embalagem desenvolvida
4. Processos de melhoria de embalagens e soluções
5. Melhorias na embalagem
5.1. Análise das melhorias da embalagem
5.2. Revisar ou aperfeiçoar a embalagem
6. Desenvolvimento do cálculo para melhoria de embalagem
7. Analise dos arranjos das embalagens em paletes
8. Análise das modificações da embalagem
9. Avaliação dos ganhos e redução de custos com o redimensionamento da embalagem
10. Avaliação Final
10.1. Avaliação dos ganhos na embalagem
10.2. Planejamento e efetuação dos cálculos para redimensionamento
10.3. Análise dos cálculos e alterações
11. Melhoria de embalagem para o marketing
12. Manual de soluções
13. Avaliação, controle geral e conferência dos cálculos
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1. Introdução do projeto
Este projeto visa à introdução de uma nova forma de transportar roupas encabidadas, aumentando a
produtividade e diminuindo custos com transporte.
comunicação.
2. Análise do produto adotado
O varejo de confecções esta cada vez mais especializado, e a concorrência torna-se cada vez mais
acirrada.
Como a moda é passageira, é preciso muita atenção na logística do setor para não haver perda de
capital. São necessários controle de estoque, entrega rápida e soluções de movimentação e
armazenagem adequadas. Podemos então afirmar que moda é perecível, pois perde sua capacidade
de venda após a estação.
As empresas de transportes que prestam serviços para este segmento necessitam de mão-de-obra
especializada, caminhões adaptados para o transporte de peças em cabides, rastreamento e
gerenciamento por satélite, pois os valores e responsabilidades envolvidos no negócio são altos.
Figura 01 – Detalhe de um caminhão com roupas encabidadas
Por sua vez, os grandes varejistas estão cada vez mais exigindo entregas dentro do prazo acordado
e produtos prontos para a venda, ou seja, etiquetados, encabidados e na grade correta.
Caso a transportadora não esteja pronta e preparada para estas exigências, com certeza o cliente
terá grandes problemas.
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Figuras 02 e 03 – Transportadoras especializadas em transporte de roupas encabidadas
As roupas estão cada vez mais sendo um produto de alto valor agregado, necessitando de cuidados
e técnicas para aperfeiçoar a operação. Quanto ao acondicionamento, se em caixas, elas devem ser
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desenvolvidas de acordo com o tamanho da peça para evitar amassá-las. Se em peças individuais,
existe a adaptação de araras nos CDs e também nos carros.
Quanto às soluções de movimentação e armazenagem mais utilizadas na logística têxtil interna e
externa, são destaques, racks desmontáveis, paletes PBR, porta-paletes, empilhadeiras elétricas e
paleteiras.
Quando a roupa é encabidada, o sistema mais comum e indicado é o Móstoles Formove.
Figura 04 – Detalhe de movimentação de roupas encabidadas.
A logística têxtil utiliza intensamente sistemas transportadores como os de correia, transportadores
aéreos e classificadores de produtos como sorter.
As vantagens dos sistemas acima citados, são claras no que tange rapidez, eficiência e controles,
porém as desvantagens são a falta de transporte adequado, os altos investimentos necessários dos
transportadores e embarcadores.
Nas épocas de lançamentos de coleções, é comum faltarem veículos adaptados ao transporte de
roupas encabidadas, aumentos abusivos nos fretes e falta de mão-de-obra especializada em épocas
de pico de demanda.
O maior risco está na quebra de grade, ou seja, na falta de uma determinada cor ou tamanho na
gôndola, ocasionando perda de venda. A sobra de mercadoria, também na gôndola, ocasiona perda
de margem, uma vez que este produto acaba sendo vendido em liquidações. Uma logística não
eficiente pode ocasionar perda de margem e vendas, sempre lembrando que a moda é perecível para
alguns itens de coleção, o shelf life (tempo de vida do item) é curto, para isso é necessário um rígido
controle de estoque, informando ao cliente quantas peças existem no estoque e a data do
recebimento, pois há risco de ficar com produtos fora de coleção, necessitando vendê-lo abaixo do
valor estimado.
Em outras formas de envio, a demora poderia significar problemas de prazo e confecção de materiais.
O envio de transporte aéreo expresso permite que prazos e metas sejam respeitadas, porém não
existem aviões adaptados ao transporte de peças encabidadas.
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A solução então é desenvolver caixas adaptadas ao transporte e distribuição de roupas encabidadas,
passíveis de serem embarcadas em veículos comuns, distribuídas no prazo correto e com fretes
competitivos.
Com o carregamento em caixas, espero minimizar alguns problemas do setor: demora no
carregamento, em média o veículo fica à disposição no cliente 8 horas para a coleta; recebimento por
ordem de chegada, não considerando quantidade; e recebimento precário, gerando longas filas e
excessivo tempo na descarga.
2.1. Análise da embalagem
Considerando a forma mais comum de estocagem e transporte de confecções, dimensionei uma
embalagem resistente, barata, fácil de transportar e, sobretudo, versátil.
Fabricada em papel ondulado, tipo dupla (capa-corrugado-capa-corrugado-capa).
Elas permitem serem transportadas em veículos não adaptados ao transporte de confecções
encabidadas, paletizadas ou mesmo blocadas. Protege o conteúdo de amassamentos e facilita o
embarque e desembarque nos veículos transportadores.
Figura 05 – Detalhe da embalagem tipo dupla
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3. Redimensionamento da embalagem
Normalmente, as confecções são transportadas agrupadas e protegidas por sacos plásticos, de forma
a serem movimentadas por mãos humanas e posteriormente passadas a transportadores em formas
de araras.
A capacidade de carga um caminhão truck de 60m³ é de aproximadamente 1500 peças, levando em
consideração 18 perfis com 3 módulos, divididos em 2,70 metros de altura em baú padrão.
Figura 06 – Detalhe de um veículo padrão com os varões para carga.
Existe uma perda de 30 cm entre cada módulo, prática comum no mercado.
Com a introdução das caixas, esperamos ganhar cerca de 50% no número de peças embarcadas por
veículo.
3.1. A embalagem desenvolvida
Levando em consideração o tamanho do palete PBR, 1,20 m x 1,00 m, desenvolvi uma caixa com as
seguintes medidas:
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Figura 07 – Medidas da embalagem desenvolvida
Sendo assim, teremos uma ocupação por palete conforme abaixo:
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Figuras 08 e 09 – Detalhe de cada camada em um palete padrão
Permitindo que sejam remontadas 4 camadas, que somadas ao palete perfazem cerca de 2,50 m de
altura.
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Figura 10 – Detalhe e medidas das embalagens em palete padrão
4. Processos de melhoria de embalagens e soluções
Levando em consideração que cada truck encabidado leva hoje 1500 peças, divididas em 18 módulos
com 3 perfis, e também levando em consideração que uma viagem de aproximadamente 400
quilômetros custa hoje cerca de R$1.500,00, temos um total de R$0,0025 por peça a cada quilômetro
rodado.
Cada caixa que desenvolvi, levam 10 peças cada uma, o que significa 200 peças por palete, ou então
2800 peças por truck, o que significa um total de R$0,00134 por quilômetro rodado. Isto resulta em
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um ganho de 86% no transporte, sem contar o ganho na movimentação, embarque e desembarque
das mercadorias.
5. Melhorias na embalagem
Atualmente, as empresas só conseguem competitividade através do ganho logístico. O
desenvolvimento de novas formas de fazer o que sempre foi feito, trazendo ganhos, representa o
diferencial entre o sucesso e fracasso.
Uma nova visão é a forma de sair na frente dos concorrentes.
Figura 11 – Detalhe do sistema Móstenes Formove
5.1. Análise das melhorias da embalagem
O fato de se livrar da dependência das empresas especializadas para o transporte representa um
ganho efetivo, uma vez que poderemos usar caminhões normais, o ganho na colocação das roupas
sem atrasos no ponto de venda, aliado às vantagens da eliminação do uso do sistema Móstoles
Formove e a possibilidade de uso de paletes seriam, por si sós, motivos suficientes para a introdução
do uso de caixas.
Outra vantagem competitiva é a possibilidade do uso das caixas nas esteiras automatizadas,
ganhando produtividade e dispensando o uso de mão de obra especializada.
Acréscimo de 1020 peças em um veículo truck com 60m³, ou 68% de aumento no número de peças
embarcadas.
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Figura 12 e 13 – Esteira selecionadora de pedidos.
5.2. Revisar ou aperfeiçoar a embalagem
Levando em consideração que este trabalho não foi de melhoria de uma embalagem e sim o
desenvolvimento de uma nova forma de transporte de roupas encabidadas, minhas pesquisas se
voltaram aos tipos de papelões para confecção de caixas.
Acredito que cheguei a um bom número, conseguindo um ganho efetivo desde a produção até o
transporte.
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6. Desenvolvimento do cálculo para melhoria de embalagem
Baseei-me em um veículo truck, com largura 2,60m x altura 3,00m x comprimento 7,80m, perfazendo
60,84m³ e capacidade de embarque de 1500 peças, divididas em 18 módulos com 3 perfis.
Nossa embalagem tem exatos 0,144m³, e medidas de 0,60m x 0,40m x 0,60m.
Levando em consideração as medidas do palete PBR, 1,20m x 1,00m, podemos acomodar 5 caixas
por camada e com empilhamento de 4 camadas, resultando em um total de 3,00m³ para cada palete.
Como o veículo permite o embarque de 14 paletes, serão então 42m³, sobrando ainda 18m³ que
poderão ser usados para carga batida, caso se queira aumentar ainda mais o ganho.
Truck Carreta Truck Carreta
Capacidade m³ 60m³ 90m³ 60m³ 90m³
Peças 1500 2000 2800 5600
Custo km rodado (base 400 km) R$ 0,00250 R$ 0,00188 R$ 0,00223 R$ 0,00112
Encabidado Caixas
Tipo de veículo
Comparativo entre módulos e caixas
Figura 14 – Comparativo do ganho entre formas de carregamento
7. Analise dos arranjos das embalagens em paletes
Conforme já descrito no item 4.3, cada palete será composto por 5 caixas em cada camada e com 4
camadas.
Levando em consideração que cada caixa suporta 10 peças, serão 50 peças em cada camada e um
total de 200 peças por palete, conforme figura 09.
8. Análise das modificações da embalagem
Consegui com esta embalagem um ganho superior ao aumento de capacidade de embarque por
veículo. Ganhamos com isto, agilidade, rapidez, nos livramos das empresas especializadas no
transporte, possibilidade de automação na movimentação e dispensamos o uso de plásticos
protetores.
Na outra ponta, ganhamos também a facilidade na estocagem dos produtos e dispensamos o uso de
cabineiros nos estoques dos pontos de venda.
O maior ganho porém, está na dispensa do uso do sistema Móstenes Formove, que é caro, ocupa
espaço produtivo no centro de distribuição e exige mão de obra especializada.
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9. Avaliação dos ganhos e redução de custos com o redimensionamento da embalagem
Conforme demonstrado no item 6.1, a capacidade de embarque cresceu 68% e também obtivemos
ganhos em toda a cadeia produtiva, do recebimento a venda.
É impossível medir todos os ganhos obtidos com a aplicação da nova embalagem, mas acredito que
o aumento na capacidade produtiva proporcionará ganhos efetivos uma vez que proporcionará a
manutenção da disponibilidade de produtos no ponto de venda, sem interrupções do suprimento e
ruptura dos estoques.
10. Avaliação Final
10.1. Avaliação dos ganhos na embalagem
Analisei os ganhos nos itens 5.1.
10.2. Planejamento e efetuação dos cálculos para redimensionamento
Baseei-me nas medidas de um palete padrão e também na capacidade volumétrica de um truck
padrão. Procurei utilizar a capacidade total do veículo, já que se trata de mercadorias com alto
volume e baixo peso específico.
10.3. Análise dos cálculos e alterações
Todos os cálculos foram revisados juntamente com os responsáveis pelo recebimento, estoque e
distribuição da Arthur Lundgren Tecidos S/A, Casas Pernambucanas, e obtive a aprovação destes.
11. Melhoria de embalagem para o marketing
A disponibilidade de produtos no ponto de venda representa o sonho de qualquer departamento
comercial. A diminuição dos custos com transporte representa o sonho da logística e a eliminação
das sobras no final da coleção representa o sonho do marketing.
Manutenção da margem, diminuição de custos de transporte e disponibilidade de produtos no ponto
de venda é a receita ideal para o varejo, aumentando seu lucro.
12. Manual de soluções
Tive como principal objetivo do projeto aumentar a capacidade de embarque de roupas encabidadas,
trazendo assim ganho no frete.
Consegui, no final, obter ganhos na movimentação interna de produtos, aumentar a agilidade na
movimentação interna de produtos, eliminar investimentos em equipamentos de movimentação, obter
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ganhos no frete, facilitar o recebimento, aumentar a capacidade de estocagem de produtos e
reposição no ponto de venda.
13. Avaliação, controle geral e conferência dos cálculos
Figura 15 – Análise final do projeto
Ficam claros os ganhos obtidos com a introdução da embalagem, sem levar em conta os ganhos
indiretos.
Carregamento de veículo truck - comparativo de ocupação
Antes Depois Ganho
Tipo de veículo Truck Truck 0
Cubagem Total 60m³ 60m³ 0
Cubagem Real 30m³ 42m³ 12m³
Peças embarcadas 1500 2800 1300
Custo Frete (400km) R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 R$ 0,00
Custo peça R$ 1,00 R$ 0,54 R$ 0,46
Custo peça/KM R$ 0,00250 R$ 0,00134 R$ 0,00116