ECOBRINQUEDOTECA DO PARQUECentro de Formação de educadores Ecobrinquedistas
MATERIAIS QUE EDUCAM:
Guia prático de elaboração de materiais lúdicos
educativos
Campinas
Abril 2015
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APRESENTAÇÃO“O tipo mais eficiente de educação é aquele no qual a criança brinca com coisas encantadoras”
Platão
O brincar é a atividade principal da criança! Denominamos “brincar” toda ação
lúdica surgida como uma ação livre, iniciada e conduzida pela criança, onde esta
aprende a se relacionar com o mundo, consigo mesma e com outras pessoas,
desenvolvendo sua capacidade de tomar decisões e expressar sentimentos e valores.
O brincar é a ferramenta com a qual a criança se expressa, aprende e se
desenvolve. Mesmo sendo uma ação inerente a criança, seu repertório de brincadeiras
é um processo construído através da vivência e por meio das interações com outras
crianças, com adultos, com o ambiente e com os objetos e brinquedos. É manuseando e
explorando que a criança reconhece as diferentes formas, cores, sons, materiais,
cheiros, sabores, texturas e temperaturas que compõem o mundo sensorial que a
rodeia.
O projeto propõe o livre brincar das crianças em um espaço planejado onde suas
estruturas e objetos, elaborados a partir da experimentação de Materiais
Reutilizáveis (MR), fazem um convite ao lúdico e promovem a continuidade do ciclo de
utilização desses materiais como recursos educativos.
Ao observarmos o ciclo dos materiais industrializados podemos perceber o
volume e diversidade de materiais que são descartados em perfeitas condições de
reutilização, conhecidos como sucata ou 'materiais reutilizáveis' (MR). Estamos
falando de um significativo conjunto de materiais de alta qualidade. Mas para onde vai
isso tudo? Parte dele é reciclado mas sua maioria acaba junto ao lixo comum em
aterros sanitários e lixões.
O desafio de desvendar o potencial dos MR como materiais adequados para o
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brincar é uma jornada transformadora da prática educativa. Essa prática coloca a
criança em um papel ativo em seu brincar, capaz de criar e recriar possibilidades
lúdicas a partir da exploração dos MR existentes em seu cotidiano.
Esse material pode ser reproduzido total ou parcialmente, desde que seja sem fimcomercial e que seja citada a fonte.
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COORDENADOR
Renato Matos de Lopes Torres Barboza
Arquiteto e Urbanista pela UFRuralRJ (2008), com Mestrado em Engenharia Urbana
pela UFSCar (2011). Permacultor (Metodologia de planejamento sistêmico) formado
pela Casa Colméia (2010), Unesp Botucatu (2012) e IPCP (2012). Atua como
ecobrinquedista desde 2008, desenvolvendo projetos em diferentes instituições,
realizando atividades de formação de educadores ecobrinquedistas e de arte-
educação com crianças, jovens e adultos. Facilitador no Projeto da Ecobrinquedoteca
do Parque desde 2009. Fez os cursos “O desenvolvimento da criança de 0 a 7 anos”
pela Associação Beneficente Três Fontes (2014), "Organização de brinquedotecas e
Formação de Brinquedistas" pelo Instituto Indianópolis/ABBRI (2012), "A formação
do educador Lúdico" pelo Labrimp/USP (2012); “Formação de Líderes Lekotek" pela
AMCIP (2012) e “Programa Germinar: Formação de Líderes Facilitadores” pelo
Instituto EcoSocial (2011).
Contatos:E-mail: [email protected]: www.renatombarboza.blogspot.com.br
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CENTRO DE FORMAÇÃO CONTINUADA
Ecobrinquedoteca do Parque
A Ecobrinquedoteca do Parque é um espaço de formação de educadores einteressados no brincar e na ludicidade.Localiza-se em Campinas/ SP sob a coordenação da profa Tereza Miriam Pires Nunes(Zamira) e Emile Miachon.
O espaço acolhe interessados em vivenciar atividades lúdicas ligadas a questõessocioambientais, por meio de Oficinas, Cursos e Workshops, visando a compreensão deconceitos e valores constitutivos de uma cidadania planetária. São atividades queabordam a reutilização de resíduos sólidos e transformados em ecobrinquedos,ecojogos e ecobandinha.
Contatos:E-mail: [email protected]: www.facebook.com/ecobrinquedoteca.doparquecampinasBlog: www.ecobrinquedoteca.blogspot.com.br
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SUMÁRIO
A. INTRODUÇÃO 07
B. UMA BREVE REFFLEXÃO 07
C. FERRAMENTAS 17
D.MATERIAIS 20
E. MATERIAIS LÚDICOS EDUCATIVOS 25
E1. Galão de Anéis 25
E2. Tubos de Papelão 26
E3. Blocos de Madeira 27
E4. Carretéis 28
E5. Conexões PVC Soldáveis e Roscáveis 29
E6. Tubos de PVC Soldáveis 30
E7. Mandalas em Pneus 31
E8. Túnel em Tecido 32
E9. Balde de Bolas e Latas 33
E10. Baú de Chocalhos 34
E11. Bonec@s de Nós 36
E12. Saquinhos de tecido 37
E13. Túnel Triangular de Papelão 38
E14. Cesto de Tesouros 39
E15. Baú de Variedades 40
F. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41
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A. INTRODUÇÃOOs primeiros seis anos de vida de uma criança são determinantes na
estruturação das bases que possibilitarão todos os processos de aprendizagem
posteriores. Nessa fase o papel do adulto junto a criança é determinante, não só com
relação ao cuidado e afeto, garantindo uma plena saúde física e psicológica, mas
também no desenvolvimento cognitivo e psicomotor.
Tomando como referência as teorias que colocam o brincar e a brincadeira como
centro do processo de aprendizagem infantil, mais do que estar junto às crianças,
torna-se relevante que o adulto no papel de educador reflita sobre o significado do
brincar e do brinquedo buscando intervir de forma positiva e transformadora tanto
nos espaços físicos quanto nos brinquedos e materiais que nortearão esse brincar.
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B. UMA BREVE REFLEXÃO**Texto produzido como parte de plano de pesquisa de doutorado do autor.
O brincar como uma condição humana
A Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), instituição voltada para a
promoção do desenvolvimento da primeiríssima infância, enfatiza a importância dos
primeiros três anos ou primeiros mil dias de vida como um período determinante no
processo de desenvolvimento da criança, definindo muito do como ela será no futuro,
isto é, do adulto que ela se tornará e de que tipo de relação terá com a sociedade em
que está inserido.
A instituição destaca a importância do desenvolvimento físico, cognitivo e
psicossocial como determinantes para o desenvolvimento integral do ser humano,
considerando que os processos de aprendizagem não ocorrem exclusivamente nos
espaços educacionais formais, mas em todos os espaços de interação da criança.
(FMCSV, 2013)
A autora francesa Janine Lèvy, apresenta em seus estudos uma perspectiva de
que o desenvolvimento infantil deve ser alicerçado pela ludicidade e afeição, base para
a construção da autonomia da criança. Para a autora, o brincar “atividade motora
desembocando em uma atividade criadora, expressão insubstituível da personalidade”,
é a base que sustenta o contato da criança com o mundo, necessidade intrínseca que
quando limitada por fatores externos pode gerar diferentes impactos negativos no
desenvolvimento psicomotor e psicológico da criança (LÈVY, 1985, p.55)
“Para a criança, brincar é viver! Não se trata de um chavão, mas sim uma verdade de
todos os dias. O brincar, função vital – os animais também brincam – tão necessária
quanto o sono e a alimentação, é uma função psicológica. Uma criança que não brincasse
estaria morta psicologicamente. É através do brincar que se fazem muitas
aprendizagens, confrontando-se a criança continuamente com a realidade do seu meio e
de suas próprias limitações, com a realidade da vida, em síntese. Mas o brincar é, em si,
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algo diferente da aprendizagem, pois se faz por prazer, provém da iniciativa da criança,
é criação sua, no sentido preciso do termo” (LÉVY, 1985, p.53)
O brincar, mesmo nas crianças pequenas, não ocorre de forma mecânica mas sim
como um processo criador onde “desde os primeiros passos, desde as primeiras
explorações, sua atividade motora torna-se atividade criadora. É por isso que é tão
importante favorecê-la. Sua criação, definitivamente é ela...” (LÈVY, 1985, p.59)
O papel do adulto é determinante nas oportunidades de espaço/tempo que são
oferecidos à criança. Os adultos, que podem ser os pais, familiares, cuidadores,
pedagogos etc., tem o papel essencial de facilitar esse processo ofertando espaços
seguros, tempo adequado e materiais estimulantes, oferecendo assim uma estrutura
onde o brincar livre e criativo possa acontecer. A autora afirma ser essencial
“arrumar o espaço, para que esteja na medida da capacidade da criança, sem que haja
necessidade de multiplicar as proibições” (LÈVY, 1985, p.56).
“Possibilitar a iniciativa é também permitir tocar nos objetos e fazer brincadeiras.
Quais? Não importa quais, desde que não sejam perigosas e representem para ela um
estímulo sensorial […] Todos os objetos são bons e se tornam brinquedos interessantes
desde que as crianças tenham a oportunidade de ver, ouvir, provar, cheirar, tocar,
mexer, subir, explorar. O brincar neste caso, é diferente do 'brinquedo' no sentido
estrito: ele engloba tudo o que põe a criança em contato com a realidade quotidiana […]
O que conta aqui é menos o objeto em si do que todas as atividades que ele possibilitou.
Através dessas atividades a criança acumula suas experiências, desenvolve suas
capacidades e seu psiquismo” (LÈVY, 1985, p.56-57)
O pedagogo Paulo Fochi ainda complementa, enfatizando a importância do
‘entorno positivo’ e suas materialidades.
“Uma caixa no meio da sala, que faz um degrau. O bebê vai subir e descer engatinhando,
quando estiver pronto para aquilo. Isso promove a descoberta de seu corpo, que vai
providenciar uma organização para executar a ação de caminhar. O entorno positivo
exige materiais adequados. Que encaixam, que dão para empilhar, que cabem um dentro
do outro. Não precisa ser da Fisher Price ou outra marca famosa. Caixas, potes. Isso dá
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possibilidade de a criança descobrir o mundo” (FOCHI, 2013)
“O contato dos objetos lhe permite medir-se a si mesma. Subir na poltrona,
passar repetidamente por baixo de uma mesa, tudo isso tem um sentido: medir as
dificuldades e vencê-las. A atividade motora é em si mesma uma brincadeira, sendo ao
mesmo tempo uma condição para o bom desenvolvimento.
O papel dos pais, nesta fase de atividade incessante que se segue à aquisição da
capacidade de andar, pode ser resumido em uma atitude global: tornar possível as
experiências da criança. Trata-se aqui de uma atitude muito profunda, que permite à
criança existir” (LÈVY, 1985, p.54)
O brinquedo...
Os pediatras alemães Wolfgang Goebel e Michaela Glöckler em seu livro 'Consultório
pediátrico: Um conselheiro médico-pedagógico' apresentam uma perspectiva
interessante sobre o brinquedo, afirmando que “o brinquedo adequado é todo objeto
que desperta uma atividade intensa na criança, representando tão pouco por si mesmo
que ela possa equipá-lo com sua imaginação e determiná-lo sempre de outra maneira”
(GOEBEL & GLÖCKLER, 2002, p.250)
Os autores afirmam ainda que:
“os brinquedos habituais, perfeitos, inventados para as crianças, não deixam espaço para
a imaginação infantil. Além disso, o material, as cores e as formas da maioria deles
geralmente pecam contra o sentido de realidade e contra a sensibilidade estética. As
requintadas possibilidades de movimento e os efeitos luminosos dos brinquedos técnicos
fazem da criança uma mera espectadora, em vez de colocá-la em atividade. Na
brincadeira, trata-se de dar à criança a possibilidade de desenvolver sadiamente seu
corpo pela atividade própria e pela fantasia livre e criativa” (GOEBEL & GLÖCKLER,
2002, p.251)
A arte-educadora Luise Weiss, também destaca:
“A criança não precisa mais imaginar. Os brinquedos funcionam quase automaticamente.
Instaura-se um novo gesto: apertar um botão e observar. Permanecer muitas vezes
fisicamente passivo. E tão logo o mecanismo para de funcionar, o brinquedo morre, é
deixado de lado ou é desmontado por inteiro para que se veja seu mecanismo” (WEISS,
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1997, p.28)
A autora, através de seus estudos do brinquedo/sucata, apresenta
significativas transformações ocorridas no conceito de brinquedo após a revolução
industrial.
“O brinquedo mudou. Mudou junto com o tempo. A partir do século passado, com a
Revolução Industrial, ocorre a grande ruptura; o brinquedo deixa de ser aquela peça
artesanal, minuciosa, passando a ser produzido em escala, para atender à demanda cada
vez maior dos centros urbanos em expansão. Multiplicando-se e disseminando-se,
rapidamente virou mercadoria dentro do nosso universo de consumo” (WEISS, 1997, p.
21)
“Uma emancipação do brinquedo começa a se impor: quanto mais a industrialização
avança, mais decididamente o brinquedo subtrai-se ao controle da família, tornando-se
cada vez mais estranho não só as crianças, mas também aos pais” (BENJAMIN apud
WEISS, 1997, p. 22)
Essa transformação radical na estrutura do brinquedo exige especial atenção
do adulto educador pois trouxe sérias transformações no processo de
desenvolvimento infantil.
“Hoje vivemos numa sociedade fragmentada, na qual coexistem passado, presente e
futuro. Observamos brinquedos artesanais ao lado de outros semi-industrializados e até
mesmo brinquedos eletrônicos altamente sofisticados. Entender cada uma dessas
realidades dentro das suas possibilidades e limitações constitui um grande desafio.
No universo dos brinquedos ocorre o mesmo que no mundo artístico, onde convivem
projetos voltados às novas descobertas técnicas, com outros ligados a técnicas
tradicionais até mesmo rudimentares.
O desafio, a meu ver, cabe ao adulto, que deve desenvolver uma visão crítica consciente,
pois só dessa forma propiciará à criança diversas possibilidades de desenvolvimento,
sem que uma exclua radicalmente a outra” (WEISS, 1997, p.22)
Aprofundando o olhar para o brinquedo, temos o Antropólogo Francês Gilles
Brougère, grande estudioso da sociologia da infância, que afirma que:
“Os brinquedos podem ser definidos de duas maneiras: seja em relação à brincadeira,
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seja em relação a uma representação social. No primeiro caso, o brinquedo é aquilo que é
utilizado como suporte numa brincadeira; pode ser um objeto manufaturado, um objeto
fabricado por aquele que brinca, uma sucata, efêmera, que só tenha valor para o tempo
da brincadeira, um objeto adaptado. Tudo, nesse sentido, pode se tornar um brinquedo e
o sentido de objeto lúdico só lhe é dado por aquele que brinca enquanto a brincadeira
perdura. No segundo caso, o brinquedo é um objeto industrial ou artesanal, reconhecido
como tal pelo consumidor em potencial, em função de traços intrínsecos (aspecto,
função) e do lugar que lhe é destinado no sistema social de distribuição dos objetos”
(BROUGÈRE, 2010. p. 66-67)
Construído referenciais culturais através do brinquedo
Para Gilles, o brinquedo é apresentado como parte do conjunto de suportes
pelos quais a cultura é transmitida às crianças.
O brinquedo como representação social é refletido na “materialização de um projeto
adulto destinado às crianças (portanto vetor cultural e social) e que tais objetos são
reconhecidos como propriedade da criança, oferecendo-lhes a possibilidade de usá-los
conforme a sua vontade, no âmbito um controle adulto limitado” (BROUGÈRE, 2010. p.
67)
Junto a sua dimensão funcional, o brinquedo também apresenta o que o autor
denomina dimensão simbólica. Ambas são indissociáveis mas sua separação é
indispensável para fins de análise.
“A infância é, consequentemente, um momento de apropriação de imagens e de
representações diversas que transitam por diferentes canais. As suas fontes são
muitas. O brinquedo é, com suas especificidades, uma dessas fontes. Se ele traz para a
criança um suporte para a ação, de manipulação, de conduta lúdica, traz-lhe, também,
formas e imagens, símbolos a serem manipulados” (BROUGÈRE, 2010, p.42)
Essa impregnação cultural da criança através do brinquedo não se apresenta
como um processo de condicionamento estático mas sim de um confronto onde através
do brincar a criança determina as significações que serão conservadas e as que serão
substituídas por novas significações.
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“[...] embora a impregnação cultural passe pela brincadeira, não se deve entender isso
como uma simples impregnação dos conteúdos simbólicos do brinquedo. Trata-se de um
processo dinâmico de inserção cultural sendo, ao mesmo tempo, imersão em conteúdos
preexistentes e apropriação ativa” (BROUGÈRE, 2010. p.51)
O autor também propõe a análise da dimensão simbólica do brinquedo através
de sua decomposição em dois aspectos:
• Aspecto material - composto pelas características físicas do objeto (material,
forma, cor, aspecto tátil, odor, ruídos e sons emitidos)
• A representação – os brinquedos não se apresentam como “uma reprodução fiel
do mundo real, mas sim de uma imagem cultural que lhe é particularmente
destinada”, reconhecidos como “objetos culturais e sociais portadores de
significações” antes mesmo de sua manipulação lúdica. Concluindo que “manipular
brinquedos remete, entre outras coisas, a manipular significações culturais
originadas numa determinada sociedade” (BROUGÈRE, p.45)
De forma sintática, o autor apresenta um quadro para análise do brinquedo
(Tabela 1) onde procura evidenciar a significação do brinquedo relacionada ao seu
valor simbólico.
Tabela 1 – Quadro para análise da função simbólica do brinquedo (Brougère, 2010).
1 ASPECTO MATERIAL
1.1 Material
1.2 Forma/desenho
1.3 Cor
1.4 Aspecto tátil
1.5 Aspecto odorífico
1.6 Ruído e produção de sons
2 SIGNIFICAÇÔES
2.1 Representação de uma realidade
2.2 Modificações induzidas nessa realidade
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2.3 Universo imaginário representado
2.4 Representação isolada ou que pertence a um universo
2.5 Impacto da dimensão funcional
Material é o que não falta!
Ao observarmos o ciclo dos materiais industrializados, principalmente nos
centros urbanos, podemos perceber o volume e diversidade de materiais que são
descartados em perfeitas condições de reutilização, conhecidos como sucata e aos
quais denominaremos 'materiais reutilizáveis' (MR). Isso ocorre devido a diferentes
fatores, entre eles as complexas estruturas comerciais e de fluxo de mercadorias, o
grande número de atravessadores entre o fabricante e o consumidor final, o alto
custo e a demanda de conferência e higienização adequados para sua reutilização na
função original, fatores complexos em comparação com a utilização de materiais
novos, e muitas vezes inviável por questões de vigilância sanitária, principalmente
embalagens de transporte de alimentos.
Algumas características desses MR que vale destacar são:
• Qualidade - pode variar muito, entre materiais sujos, amassados e rasgados até
embalagens semi-novas destinadas a segurança do transporte de produtos de
alto valor agregado.
• Quantidade – destaca-se a grande quantidade de MR gerada pelas indústrias de
médio e grande porte, principalmente embalagens de produtos de intenso
consumo interno. Pequenas empresas e comércio varejista como restaurantes e
supermercados também geram destacáveis quantidades de MR, como
embalagens de produtos comercializados dentro do próprio estabelecimento,
além das residências que costumam apresentar grande variedade, mas
dificilmente grande quantidade em comparação com as outras fontes. Alguns
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MR, por serem descartados individualmente e de forma descentralizada,
acabam não destacando seu volume e muitas vezes passam desapercebidos.
Estamos falando de um significativo conjunto de materiais de alta qualidade.
Mas para onde vai isso tudo? Parte dele é reciclado, principalmente os que apresentam
maior retorno financeiro, mas uma grande parte acaba junto ao lixo comum em aterros
sanitários e lixões.
A presente pesquisa promove a importância do diálogo entre os espaços
educacionais e as instituições presente no seu entorno (bairro, distrito, região e
município), para que de forma sistemática esses MR possam continuar seu ciclo de
utilização, oferecendo valiosos recursos materiais para as práticas educativas.
A origem dos MR pode ser dividida em dois grupos: materiais naturais ou
materiais industrializados. Weiss (1997, p.18) destaca que “a decisão quanto ao que
fazer com a sucata tem origem na pesquisa dos próprios materiais; os recursos
extraídos da natureza, no entanto, já abrem um vasto leque”. O contato do educador
com os MR deve ocorrer de forma gradual onde mais do que a captação desses MR, é
preciso que o educador transforme seu olhar.
“[...] a questão do uso da sucata como material expressivo extrapola a questão da própria
sucata. Torna-se necessário pensar criativamente esse material, caso contrário ele se
torna limitado ou, ainda pior, vira uma receita, uma fórmula (exemplos não faltam)”
(WEISS, 1997, p.18)
Pensando brinquedos
O desafio de desvendar o potencial dos MR como materiais adequados para o
brincar é uma jornada transformadora do educador e sua prática educativa. A partir
do momento em que o educador se coloca no papel de ecobrinquedista, buscando e
modelando os materiais disponíveis, que podem ser MR ou qualquer outro material ao
qual tem acesso, e passa a utilizar seu espaço educativo como um laboratório de
materiais, se inicia um processo contínuo de descoberta, que aprimora o olhar e amplia
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as possibilidades da sua prática educativa.
Essa transformação coloca o educador em um papel ativo, questionador das
fórmulas prontas a que está submetido, modelos estes, que muitas vezes desconexos
com a realidade onde o educador está inserido, não oferecem oportunidades para a
livre manifestação das diferentes culturas infantis existentes, e que pelo contrário,
impõem uma homogenização das culturas infantis.
É essencial que o educador, ao se relacionar com a primeiríssima infância,
reconheça-a como um conjunto de indivíduos repletos de manifestações culturais e
que busque garantir sua livre expressão, refletindo sobre a dimensão simbólica, que
através do conjunto de objetos por ele selecionados, permearão esses espaços e
processos de aprendizagem.
Luise Weiss apresenta uma colocação que considero de profunda seriedade,
remetendo a importância do retorno do educador ao espírito da criança, não de forma
infantil, mas através da liberdade do olhar.
“Recuperar o espaço lúdico através da construção de brinquedos significa não apenas
considerar o objeto/brinquedo em si, mas aquilo a que ele possa remeter: um pedaço, um
fragmento do tempo/espaço da infância... presente no universo adulto. Recuperar, não a
criança, que seria utopia, mas o espírito da criança, a liberdade da criança ao descobrir
o mundo pela primeira vez” (WEISS, 1997, p. 18)
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C. FERRAMENTAS
Ferramentas são parte essencial do processo de construção de brinquedos
mas alguns cuidados são muito importantes, principalmente quando as utilizamos
próximo de crianças pequenas:
• Ferramentas devem ser sempre de boa qualidade e adequadas ao uso a que
serão destinadas,
• Ferramentas devem sempre ser mantidas fora do alcance das crianças, de
preferência em bancadas ou gavetas altas. (Nunca deixar ferramentas soltas pelo
chão)
• Ferramentas como lâmina, estilete e tesoura, nunca devem ser soltas abertas,
devendo permanecer fechadas fora do período de uso.
• Ferramentas são perigosas para crianças mas também podem apresentar perigo
para adultos se utilizadas de forma inadequada. Atenção a forma de utilização das
ferramentas é essencial (Caso julgue necessário, utilize equipamentos de proteção
como óculos e luva, principalmente se estiver utilizando ferramentas elétricas),
• Ferramentas elétricas devem sempre ser desligadas da tomada antes da troca
de acessórios (brocas, etc.).
Algumas ferramentas básicas são apresentadas abaixo:
Alicate Estilete
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Furadores Furadeira elétrica
Isqueiro Lixa
Removedores de colas Tesoura
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Agulhas Lixadeira Angula
Microretífica Serra de Arco
Serracopo (Acessório)
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D. MATERIAIS
Existem inúmeros materiais que podem ser utilizados para construção de
brinquedos. Estes podem ser comprados (material de papelaria, artesanato ou
construção) ou reaproveitados (sucatas e materiais da natureza).
Na construção de brinquedos, os materiais reaproveitados devem ser
priorizados devido a redução dos custos (permitindo a constante renovação do
brinquedo e a fácil aquisição de novas peças no caso de necessidade de reparos) e a
grande diversidade existente de cores, texturas, cheiros, formas, tamanhos, etc.
Alguns cuidados devem ser tomados no processo de seleção dos materiais que
serão utilizados:
• Embalagens e outros materiais que entraram em contato com produtos tóxico
(agrotóxicos, metais pesados, produtos de limpesa pesada, etc.) devem ser
evitados por apresentarem risco a saúde.
• Objetos cortantes devem ser retirados ou aparados e o produto final deve ser
manuseado de forma intensa antes do brinquedo ser entregue a criança.
• Em brinquedos para crianças pequenas, películas plásticas (sacos, sacolas, etc.)
nunca devem estar expostas, por apresentarem risco de asfixia. Cuidado
também com peças pequenas, que podem ser engolidas.
• Cordões e elásticos devem ter comprimento máximo de 22 cm quando
tensionados (segundo orientação de normas de segurança do brinquedo para
crianças até 3 anos), pois apresentam perigo de estrangulamento. Brinquedos
com conexão que apresentem cordas e elásticos devem ser oferecidos sempre
sob supervisão de um adulto.
• O teste de qualidade do brinquedo artesanal deve ser feito pelo adulto impondo
ao brinquedo esforços moderados simulando a exploração intensa que será feita
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pela criança. Durante o período de testes, é comum o brinquedo se mostrar
inadequado ao uso devido a fragilidade ou presença de aparas cortantes,
exigindo soluções criativas e melhor acabamento. (acabamento é uma qualidade
que se aprimora após períodos contínuos de execução atenta, qualidade é mais
importante do que quantidade, não se esqueça disso!).
Abaixo apresento alguns materiais básicos:
Vinil adesivo autocolante Arame
Barbante Disco HD
Elástico roliço Embalagens plásticas
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Espuma plástica Fita adesiva
Tubo de pp (bobina de nota fiscal) Fita de Cetim
Garrafas PET Caixas Plásticas Vazadas
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Papel Tecido
Fita Crepe Galões de Água
Baldes de Papelão Miolos Plásticos de Fita Adesiva
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Caixa Plástica Organizadora Tubos PVC Soldáveis
Conexões PVC Soldáveis Tubos de Papelão
Retalhos de Madeira
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E. MATERIAIS LÚDICOS EDUCATIVOSE1. Galão de anéis
O galão de anéis é um conjunto versátil que convida ao universo dodentro/fora/através. O forte atrativo de colocar/tirar as peças menores no galãoestimula um constante ciclo de atividade que se alterna com o uso dos anéis ebraceletes colocadas nas mãos e braços.
Componentes:• 6 ou + braceletes de fita adesiva larga encapados de barbante (cores primarias
e secundárias)• 12 ou + anéis de fita adesiva encapados de barbante (cores primárias e
secundárias, 2 ou + de cada cor)• Galão de água grande (20L ou 10L) com abertura superior e diversas aberturas
laterais (gargalos de galões de 5L ou 6L instalados no galão grande)
Materiais: Ferramentas:
• Galão de água 20 litros• Galões de água 6 litros• Miolos de fita adesiva (plástico e
papelão)• Barbantes coloridos (100% algodão)
• Microretífica• Serra de arco• Furadeira + Jogo serra copo• Tesoura
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E2. Tubos de papelão
Os tubos de papelão oferecem diversas possibilidades de manuseio: empilhar, passarpor dentro, rolar, etc.Não exige nenhum tipo de processamento para ser utilizado, pode ser encontrado eminúmeros tamanhos e formatos e é de fácil captação, possibilitando a constantereposição das peças deformadas.
Componentes:• Tubos de papelão de diferentes tamanhos e espessuras com alta resistência
(evitar rolos frágeis que amassem facilmente)• Saco de rede (saco de laranja)
Materiais: Ferramentas:
• Tubos de papelão de diferentes diâmetros e comprimentos (deve ser espesso e rígido, resistindo ao uso sem deformar)
• Saco de laranja (plástico)
• Não são necessárias
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E3. Blocos de madeira
Os blocos de madeira trazem uma significativa experiência sensorial, oferecendodiferentes tipos de texturas, pesos e dimensões.Permitem a elaborações de estruturas e desenhos tridimensionais e a produção dediferentes sons através do impacto entre as peças.
Componentes:• Peças de madeira de acabamento arredondado, de diferentes dimensões mas
mantendo alguns padrões (Algumas toras de diferentes madeiras e dimensõesde onde são recortadas peças de diferentes comprimentos),
• Caixa plástica de alta resistência.
Materiais: Ferramentas:
• Retalhos de diferentes madeiras, tamanhos e espessuras (sem tratamento químico)
• Caixa plástica vazada
• Lixadeira elétrica• Serrote (se necessário)• Lixas de diferentes
gramaturas
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E4. Carretéis
O conjunto de carretéis é composto por carretéis plásticos de diferentes diâmetros ealturas e variadas formas de acabamento. Podem ter diferentes usos originais, o maiscomuns é base para fios de nylon para cortador de grama.Além de oferecer a interessante oportunidade de empilhamento e rolamento, podemservir de suporte e estrutura para outros conjuntos de objetos.
Componentes:• Carreteis plásticos de alta resistência encapados com barbante na sua parte
central.• Caixa plástica de alta resistência
Materiais: Ferramentas:
• Carretéis plásticos de diferentes tamanhos e diâmetros
• Barbantes coloridos (100% algodão)• Caixa plástica vazada
• Microretífica (para dar acabamento nos carretéis)
• WD 40 (para remover os resíduos de cola)
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E5. Conexões PVC Soldáveis e Roscáveis
O conjunto de conexões de PVC tem sua apropriação diferenciada conforme a faixaetária. Uma rica fonte de forma e aberturas, pode ser utilizada para obtenção de sonse aliada ao conjunto de tubos, permite a elaboração de formas com grande liberdade.Formas podem ser elaboradas anteriormente e oferecidas prontas ou montadas juntoas crianças durante uma atividade.
Componentes:• Conexões de PVC: Joelho 45° e 90°, curva 45° e 90°, cruzeta, “T”, luva de
redução, cap, adaptador de diferentes diâmetros• Balde de papelão com base e tampa plástica, encapado com papel kraft e cola
branca.
Materiais: Ferramentas:
• Conexões hidráulicas soldáveis ou roscáveis de diferentes formatos e diâmetros
• Sifões• Balde de papelão• Papel kraft• Cola branca não tóxica
• Micro retífica• Serra de arco• Lixas• Pincel
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E6. Tubos de PVC Soldáveis
O conjunto de tubos apresenta uma grande variedade de comprimentos e tamanhos,permitindo uma grande diversidade de experimentações relacionadas ao “através”,“maior e menor que” e dentro/fora.Possibilita a produção de diferentes tipos de sons, principalmente os sifões queapresentam uma proposta sonora muito característica.
Componentes:• Tubos de PVC de 3 diferentes diâmetros: 15, 20 e 25mm em quatro diferentes
comprimentos: 10, 15, 20 e 25 cm. O conjunto apresenta cerca de 5 a 10unidades de cada peça.
• Sifão plástico (3 unidades)
Materiais: Ferramentas:
• Tubos hidráulicos soldáveis de diferentes diâmetros e comprimentos.
• Balde de papelão• Papel kraft• Cola branca não tóxica
• Serra de arco• Lixadeira• Pincel
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E7. Mandalas em Pneus
As mandalas de pneus podem ser produzidas de muitas formas, valorizando a suaforma geométrica espiralada através da cor, da abertura central e do diâmetro dopneu. Podem ser utilizadas como alvos para pequenos objetos, estruturas pararicochetear objetos leves e como desafios de transpor. Permite grande possibilidade de manuseio pelas crianças!
Componentes:• Mandalas de fio de malha ou barbante estruturadas em pneus com diferentes
cores, formas e tamanhos.
Materiais: Ferramentas:
• Pneus• Barbante colorido (100% algodão) ou fios
de malha retirados de roupas descartadas
• Tesoura
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E8. Túnel de Tecido
O túnel de tecido é de fácil manuseios e exige o auxilio dos educadores ou criançasmaiores para sua utilização. Pode ser produzido em diferentes texturas, diâmetros ecomprimentos!Seu uso estimula a relação dentro/fora através do contínuo atravessar das crianças,além de ser uma experiência sensorial de contato com os diferentes tipos de tecido.
Componentes:• Dois aros de tubo de polietileno (peças de 2 metros de comprimento) fixados
em ambas as pontas de um tecido em estrutura fechada com cerca de 2 metrosde comprimentos (evitar dimensões muito grandes)
Materiais: Ferramentas:
• Tubo de polietileno semi flexível de 25mm (3/4') ou aro metálico de roda de bicicleta
• Emenda para tubo de polietileno• Tecido (estrutura fechada) – evitar
sintéticos ou mistos• Barbante colorido (100% algodão)
• Serra de arco• Agulha• Tesoura de tecido
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E9. Baú de Bolas de Meia
Conjunto de bolas de meia caracterizados que permitem seu uso como bolas paralançar ou apropriações como personagens. São muitas as possibilidades decaracterização das bolas de meia, dando grande liberdade de criação ao educador. As bolas devem ser laváveis para garantir a higienização adequada do conjunto!
Componentes:• Bolas de meia caracterizadas.• Caixa de papelão com duas aberturas laterais opostas (definidas pelo resultado
da união de duas caixas de goiaba). Peça decorada e plastificada!
Materiais: Ferramentas:
• Meias usadas de diferentes tamanhos• Enchimento acrílico• Linha de costura (100% algodão)• Fita Crepe branca e kraft• Fita adesiva estreita e larga• Caixas de papelão (de goiaba)
• Tesoura• Agulha
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E10. Baú de Chocalhos
Um conjunto de instrumentos musicais que por suas formas arrojadas permitemdiferentes tipos de apropriação: empilhar, rolar, esticar, pendurar, balançar, etc.O conjunto é repleto de desafios: colocar e tirar do baú e rosquear as tampas noschocalhos modelando o chocalho corrente.
Componentes:• Caixa de papelão com duas aberturas laterais opostas (definidas pelo resultado
da união de duas caixas de goiaba). Peça decorada e plastificada!• Chocalhos de fundos de garrafa PET, enfeitadas com barbantes, estruturadas
com as tampas plásticas de requeijão e sonorizadas com os grãos.• Chocalhos de gargalos de garrafa PET, enfeitadas com fita adesiva colorida,
estruturadas com tampas metálicas de molho de tomate e sonorizadas comtampas plásticas de caixas TetraPak. Esses chocalhos podem ser conectadosutilizando peças compostas de duas tampas plásticas de garrafa Pet furadas efixadas com nós nas pontas de um pedaço de elástico roliço de cerca de 15cm.
• Latas sonoras decoradas e plastificadas.• Galão de 10 litros com abertura na parte superior.
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Materiais: Ferramentas:
• Galão de água 10 litros• Garrafas PET 600ml• Tampas plásticas de garrafa PET• Tampas plásticas de requeijão• Tampas metálicas de molho de tomate• Fita adesiva colorida e transparente• Retalhos de barbante• Elástico roliço coloridos• Grãos diversos (de preferência de
pequenas dimensões)• Caixas de papelão (de goiaba)• Fita crepe branca e colorida• Fita adesiva larga• Latas (com tampa removível sem abridor)• Objetos sonoros diversos• Fita Crepe branca e kraft• Fita adesiva estreita e larga
• Estilete• Tesoura• Microretífica• Furadeira
Outras imagens:
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E11. Bonec@s de Nós
As(os) bonec@s de nós representam de forma sintética a figura humana, trazendo anoção de escala e repetição da forma dentre os diferentes tamanhos. Os aros com tiras podem ter diferentes apropriações conforme a idade da criança.Todas as peças desse conjunto são laváveis, pré-requisito essencial para objetos detecido.
Componentes:• Bonec@s de nós (baseada na boneca de nós africana, conhecida no Brasil como
Abayomi) em 3 tamanhos e 6 cores (primárias e secundárias)• Aros com tiras de tecido (podem ser móbiles para bebês ou anéis de vento para
os maiores)
Materiais: Ferramentas:
• Malha canelada colorida (podem ser utilizados outros tecidos que devem ser preferencialmente de algogão)
• Argola plástica (de cortina)• Caixa plástica fechada (com tampa)
• Tesoura de tecido
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E12. Saquinhos de tecido
Cores, aromas e texturas, são os principais estímulos sensoriais que o conjunto desaquinhos de tecidos oferece. Como apropriação sensorial, além do livre brincar, pode-se formar jogos da memória tanto tátil como olfativa. Seu padrão de tamanhos permite também sua utilização como peças de empilhar e embrincadeiras de movimento. A possibilidade de montagem dos saquinhos com roupas descartadas permite o fácilacesso a diferentes tipos de tecido.
Componentes:• Quadrados em tecido, com cerca e 10 cm x 10 cm, contendo diferentes tipos de
enchimento, entre ervas aromáticas, temperos, sementes e grãos.
Materiais: Ferramentas:
• Tecidos diversos (roupas usadas e retalhos)
• Sementes, grãos e temperos• Linha de costura colorida
• Tesoura de tecido• Máquina de costura
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E13. Túnel Triangular de Papelão
Mais do que um túnel, o conjunto de triângulos compõem uma travessia pelo mundo dasescalas, oferecendo uma relação gradual do tamanho da criança com os diferentestamanhos dos triângulos. Uma vantagem deste conjunto é que mesmo sendo umaestrutura de grande porte e solidez, o seu encaixe escalonado (um triângulo menordentro de outro maior, consecutivamente) permite uma significativa redução dovolume para armazenamento.
Componentes:• 3 túneis triangulares em papelão (50cm, 60cm e 70cm)
Materiais: Ferramentas:
• Papelão (de preferência de camada ondulada dupla)
• Fita crepe kraft larga• Papel kraft• Cola branca não tóxica
• Estilete• Régua de metal de 1 metro• Espátula (para cola)
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E14. Cesto de Tesouros
De tudo um pouco! O cesto de tesouros é uma coleção de diferentes objetos queapresentem o maior número possível de materiais, texturas, formas, tamanhos, pesos,temperaturas, cheiros, cores, movimentos, etc.O conjunto disponível à criança deve ter um número limitado de objetos (cerca de 40)que devem variar com o tempo.Especial atenção as dimensões mínimas e aos materiais plásticos, evitando objetos quepossam apresentar algum tipo de risco às crianças, como sacolas, objetos cortantes oupontiagudos e peças muito pequenas (objetos que passem por dentro ou que sejamapenas um pouco maiores do que o gargalo de uma garrafa pet devem ser evitados)Obs. É importante que seja feita a vistoria constante dos objetos para conferência dasegurança destes.
Componentes:• Objetos diversos, entre: objetos de cozinha, higiene, pulseiras e colares,
brinquedos, sementes e castanhas, tecidos, apitos, massageadores, etc.• Balde de galão plástico, com tampa/funil
Materiais: Ferramentas:
• Objetos variados• Galão de água de 20 litros
• Microrretífica• Estilete
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E15. Baú de Variedades
Conjunto de objetos não estruturados que permite uma ampla gama de apropriações! Avariedade de objetos estimula a criatividade e a livre exploração das formas emovimentos. O conjunto é composto principalmente por objetos plásticos!Obs. É importante que seja feita a vistoria constante dos objetos para conferência dasegurança destes.
Componentes:• Carretéis plásticos• Caixas de DVD• Pisos táteis• Tubos de polipropileno – pp (miolos de bobinas de fax, de nota fiscal e de
máquina de cartão de crédito)• Mola metálica de automóvel• Tubos plásticos coloridos (miolos de bobinas de sacolas plásticas transparentes
para frutas)
Materiais: Ferramentas:
• Objetos plástico confirme descritos nos componentes
• Caixa plástica vazada
• Não são necessárias!
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F. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica Brinquedos e
brincadeiras de creche: manual de orientação pedagógica – Brasília: MEC/SEB,
2012.
BROUGÈRE, Gilles, Brinquedo e cultura; trad. Gisela Wajskop. - 8°ed. - São Paulo:
Cortez, 2010. (Coleção questões da nossa época; v.20)
FOCHI, Paulo Estimular os bebês é um equívoco. Entrevista realizada pelo jornal
Gazeta do Povo e publicada em 01/12/2013. Disponível em:
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?
id=1429607&tit=Estimular-os-bebes-e-um-equivoco. Acesso em 27 de março de 2014.
FMCSV Primeiríssima infância da gestação aos três anos: percepções e práticas
da sociedade brasileira sobre a fase inicial da vida. Org: Eduardo Marino &
Gabriela A. Pluciennik. São Paulo: Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, 2013.
GOEBEL, Wolfgang & GLÖCKLER, Michaela. Brinquedos condizentes com a idade In:
Consultório Pediátrico – um conselheiro médico-pedagógico. Trad. Sonia Setzer, São
Paulo: Editora Antroposófica, 2002 (p. 250-252)
LÉVY, Janine O despertar para o mundo: os três primeiros anos da vida.
Tradução: Luiz Cláudio de Castro e Costa. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
SIAULYS, Mara O. de Campos Brincar para todos - Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Especial, 2005.
WEISS, Luise Brinquedos & engenhocas: atividades lúdicas com sucata. São Paulo:
Scipione, 1997. (Coleção pensamento e ação no magistério)
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