8/16/2019 FERNANDES, Florestan. a Sociologia Na Escola Secundária Brasileira
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O
ENSINO
DA SOCIOLOGIA
NA ESCOLA
SEO UN
DÁRI
A BRASILEIRA
Fnonnsf ran F E R N A N D E S
A questão de
s e saber se a sociologia deve ou n ã o - ser
e ns ina da no .curso
secundár io
s e
coloca en t re
o s
t emas
de
maior
responsab i l idade,
com
que
preciam
se
de f r on t a r
o
sociólogos
n o Bras i l .
.O s in teresses pro f i ss iona is a l imen tam
a
presunção de que
ser ia um a medida pra t i camen te impor -
tante
e
desejáve l
a i n t r odução
da
socio logia no
cur r ícu lo
da
escola
secundár ia
bras i le i ra .
Admi te-se
que
as
opo r t un i da -
des docen te s con cedid as aos l i cenciados em
ciências
socia is
são
demas iado res t r i t as . A ampl iação do s is tema de maté-
rias do e n sin o s e cu ndá rio
permitiria
garantir
um a absorção
regular
ou pe rmanen t e
dos
l icenciados
nesse
etor
e
ga ran t i -
ria
às secções de Ciencias
Socia is
das Facu ldades de Filosofia
um a
cer ta
equ iva lênc ia com
as demais secções, no
que
con-
ce rne a mot i vação ma te r i a l dos a lunos , que procu ram essas
Facu ldades porq u e p re te n dem dedicar-se ao exercício
do
ma-
gistério secundár io m e no rm al. Ta is
in teresses
são
natural-
men te le g ítim o s . Nas cond ições bras i le i ras , é quase
impos-
síve l estimular o progresso das pesqu isas socio lógicas sem
que se cr iem perspect i vas de
aprove i t amen to
r ea l
de
mão-de
-obra especial izada.
Con tudo ,
e a
ques tão
nem merecer ia se r
d iscu t ida, se sómente pudesse
se r encarada a lu z
dos in te-
resses
prof iss ionais dos sociólogos,
po r mai nobres e o louvá-
v e is que
fôssem
os
seus
f undamen tos
ou os efe i tos
que deles
poder iam advir.
Os estudos que
fo ram fe i tos
pelos
especial istas ôbre
e s s a questão demons t ram que,
para o s
sociólogos, o
ensino
da socio log ia no curso s e cundário r e pr es e n ta a f o rma mais
construtiva
de
d ivu lgação
do s co n he cime n to s
soc io lógicos
e
__g9_
8/16/2019 FERNANDES, Florestan. a Sociologia Na Escola Secundária Brasileira
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um meio
ideal , po r
excelência, pa ra
atingir
a s
f unções
que
a
cienc ia precisar
desempenha r
n a
educação
dos
j o vens n a
v ida-
-moderna. A difusão
.dos
conhec imen tos
,soc io lógicos
poderá ter
im p o r tân c ia p a ra
o
, Íu l ter ior
d es e nv o lv im e n to d a
socio log ia .
_Mas ,
o
que
entra
em
linha
de
conta ,
n o
rac io-
cínio
dos especial istas,
não é
e s s e
aspecto
pragmát ico .
Sa-
l ienta-se, ao con t rá r io ,
que
a t r ansm issão de conhec imentos
sociológicos s e l iga ã
necessidade d e ampliar
a
esfera dos
a jus t amen t os
e
con t rô les socia is consc ientes, n a presen te fase
de t r ans i ção
das
soc iedades
oc iden ta is
para novas técn icas
de
o rgan ização
do c om po r tam en t o humano . As imp l i cações
desse pon to de vista f o ram condensadas
po r
Man n h e im
sob
a e píg ra fe
--- “do cos tume às ciências
soc ia is”
eformuladas
de
um a
mane i r a
v igo rosa ,
com
as
segu in tes
pa l a v r a s :
“En-
quan t o
o cos tume
e a t r ad ição
operam,
a
ciencia
soc ia l é
desnecessár ia . A c ienc ia da sociedade eme rge quando e
onde
o fu n cio n ame n to a u tomá tic o
da
sociedade de ixa de propo r -
c i o na r
a jus tamen to .
A
aná l i se
consc iente e
a
coo rdenação
consc ien te
dos processos
socia is
en tão s e t o r n am
necessá-
rias” 1 .
O
ens ino
das ciencias ociais no
cu rs o s ecu ndário
s er ia u ma
condição natural pa ra a f o rmação
de
a t i t udes
ca-
pazes
de
,orientar o
compo r t amen t o
humano
n o
sen t ido
de
a umen t a r
a
ef ic iencia e a ha rmon i a de a t i v idades
baseadas
em um a compreensão
r ac i ona l
das
re lações
en t r e os meios
e
os
fins,
em
qua l q ue r se to r da vida
socia l .
Os Temas
Foca l ieados
no Brasil
Vários
especial istas
procu ra ram
discut i r
e s s e
prob lema
no
Bras i l .
Aqu i
não
seria
poss ive l
exam ina r
tôdas
as
contr i -
.bu ições que merece r iam
cons ideração.
Por
isso,
seleciona-
mos
a lguns
t r aba lhos ,
que ilustram poss ib i l idades i n te lec tua is
di ferentes
de
focal ização do mesmo tema.
Em pr imei ro lugar ,
1.
K, MANNHEIM, Freedom, Power , and Democra t ic Plann ing,
Oxford University Press , N . York ,
1950
(Part III pass im ; c i tação
extraída da pág. 175) .
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estão as questões
que
permi tem de l imi ta r
a s - -funções po r
ass im d ize r
un i ve rsa i s
do ens ino da socio lo g ia . Em l tôdas as
soc iedades modernas , q u e
f o ram
afe tadas pela f o rmação
ou
pela
expansão da economia capi ta l is ta , tais questões s e
co -
l ocam
i nev i t ave lmen te .
Os
educadores
f o ramd
o s
p ione i ros
n a
apresen tação e no exam e
dessas ques tões no Brasi l , pois
f o r am eles os
pr ime i ros
a chama r e a
a tenção
para as possi-
b i l idades da
educação
em face das a l te rações das cond ições
de ex is tenc ia
socia l .
A idéia de p repa ra r
a s gera çõ es
novas
pa ra “uma c iv i l ização em mudança ” . to rnou-se uma recei ta
de
cons ide ráve l
disseminação. Con tudo , coube a
Emí l io
Wil-
lems,
através
de ar t igos e de publ icações esparsos, propo r
p rob l emas
dessa
o rdem
com
ma i o r
espír i to
de exat idão
cien-
t í f ica.
Êle
não
s ó
cont r ibu iu
para
ab r i r
novas
perspecti-
vas , em nosso
meio in te le c tu a l, p a ra o deba te da
s ign i f icação
do ens i no das c ienc ias socia is,
quan to
pa ra
a s sin a la r c e rta s
esferas em
que um a
in te r venção rac iona l ,
com
,apo io em
conhecimentos
antropológicos
e sociológicos obt idos empíri-
camen te , po d eria fa v o re ce r a m u da nça de de te rminadas a t i -
t udes
em
um sen t ido
dese jáve l .
No
q u e conce rne à . f u nção
ge ra l do ens ino
das
cienc ias
socia is
em um
s is tema educa-
c iona l
que
o
comportasse,
o
ponto
em
que
ins is te
é
o
re la t i vo
as
cond ições
de
vida política nas
sociedades
democrát icas.
Elas
ex ig em capacidade p ron ta de e sco lha e de a jus tamen to
ráp ido
a
s i tuações
ex tr emamen te in s tá ve is , o que t o r na neces-
sário
um ade s tramen to e d uc acio n a l prév io
pa ra
o exercício
con t ínuo do
espír i to
crítico
com base no
conhec imento .his-
tór ico-sociológico
do
meio soc ia l
amb ien te
2 . Quan to à opor -
tun idade
de i n f luenc ia r del iberadamente os ajustamentos
socia is,
Emílio
Wil lems
s e
dedicou
especia lmente
aos
resu l -
t ados
prev is íve is da
man ipu lação de
técn icas de ades t r amen to
e de educação em de te rm inados setores,
como
o
das
popu la -
ç õ e s
a lemã s o u
teuto-bras i le i ras
no
su l do país e
o da
popu-
lações caboclas, tendo em v is ta i n t roduz i r
maio r
un i fo rm i -
dade soc iocu l t u ra l na
sociedade b ras file i/r a como um todo
e
. - Essas
idéias fo ram
desenvolv idas
em ar t igos publ icados
em
O
Estado de São
Paulo.
1-
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›
um m in im o de i n tegração soc ia l
nas
d ive rsas ag lomerações
humana s reg iona is 3
Com , re ferencia _ à de f in ição das f u n ções
un i ve rsa i s
da
soc io log ia n o s is tema edu ca cio n a l, merecem
.uma
, re ferenc ia
espec ia l
a lg un s tra b a lh os
a g rupados
n o
“Symna
os ium
sob re
o r iE n s - 1 z n o
da
So c io log ia
e Etnologia”
4 , n o
q u a l está na t u -
r a lmen te
sub jacen te
a cons ideração das
poss ib i l idades
edu-
cativas
do p ro f e sso r
de socio log ia no Brasil. As idéias dos
au to res
ocorrem em p lanos
di ferentes de apreciação do
pro-
b lema,
.pois uns re tem aquelas, funções no
seio
do ensino
s e cundá rio , e n quan to
que ou t r os
se
res t r ingem
às m esm as no
ensino super ior .
Os seguintes
excertos oferecem um
exem-
p lo da .un i formidade que, n ão o bsta nte , fo i alcançada espon-
táneamente
na
discussão
da
questão
que nos
in te re ss a: 1)
“O es tudo
e o ens ino
da
soc io logia decor rem, a
nosso ve r , dos
pr incíp ios gerais af i rmados
acima. O seu escopo deve
ser,
antes de t udo, mun i r o estudan te de i ns t rumentos d e
anál ise
ob j e t i v a da
re a lida de s o cia l; mas t ambém,
comp lemen ta r -
men te ,
o
de suger i r - lhes pon t os de vista med ian te os qua i s
possa compreende r o seu
t empo ,
e no rmas com que poderá
construir
a
sua a tiv id ad e n a vida
soc ia l ”
“; 2) “De t odas ,
a
pre ocu pa çã o com um
---
e ese
é
o
escopo
do
ensino-
da
sociologia na
escola
ecundá r i a
é estabelecer um
con jun to
de noções básicas e opera t ivas, capazes de da r
ao
a luno um a
v i são
n ã o
estát ica
nem
dramát ica da vida socia l , mas que
lh e ens ine técn icas e lh e susci te a t i t udes men t a i s capazes de
le va -lo a
uma
posição
ob je t i va
diante
dos
fenômenos
sociais,
es t imu l ando -lhe o espirito crítico e a
vigilância
i n t e l e c tua l
que são socia l e psico logicamente
útei,
desejáveis e recomen-
3 .
O f.
Assi/milaçdo
e
Populações Marg ina is
no
Brasi l ,
Comp. Ed.
Nac., S . Paulo , 1940;
Acultu-ração
do s
Alemães
no
Brasi l ,
Comp. Ed.
Nac., S . Paulo , 4 1 9 4 6 ; O Prob lema Rural Brasi le i ro
do
Pon to de Vista
- 1 m 7 ¢ 0 P o l ó g i c o ,
Secr.
da Agric .
I nd .
e
Com.
do
Estado
de
S .
Paulo,
1944 ; “A-ssiml lação e Educação” ,
In
Rev is ta Brasileira de
Estudos
Pedfiwöeicos.
Vol. IV , N.° 1 1 , 1 9 4 5 ,
págs.
1 7 3 - 1 8 1 .
4 . Cf. Sociologia,
Vol . XI-N.°
3 ,
1 9 4 9 .
5 . -
An rô r uo Ciimnno, “Soclo log ia; Ens ino e Estudo” , in rev . clt.,
pág.
2 7 9 .
._...92.....
8/16/2019 FERNANDES, Florestan. a Sociologia Na Escola Secundária Brasileira
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dáveis n u m a e ra . q ue
não
é mais.-lde.
mudança
apenas, mas
de - C P Í S G ,
Crise
profunda.
e
6 S 1 3 I l 1 í 3 l 1 I a , 1 ”
6;
3)
“Tendo
ggmo seu
ob je t i vo
permanen te ,
a na tu reza humana , a
c i ê n z z i a ,
do
soc ia l
traz
um a contribuição impo r t an t e às re la çõ e s humanas , faci-
litando
a s
compreensão
e a
a
to le r ân c ia , p o lin d o
as
ares tas ,
suav izando os conf l i tos entre os t
i nd i v íduos , por
isso mesmo
q u e
*lhes ab re os o lhos
pa ra
as
suas
causas .
A socio logia
concor re pa ra uma rac iona l i zação do compo r t amen t o hu-
mano
a
medida em
que
este
pode se r
r ac iona l i zado” ;
4)
“O principal objetivo
da
difusão
da Ciencia
da
Socio lo-
gia,
como
o da
di fusão de
qua l q ue r outra
ciencia, é a
com-
preensão,
por par te do homem ,
da
na tu reza . Espec ia lmente
precisa e le
de
um a compreensão da na t u r e za humana e da
a t uação
dos
processos
socia is,
de
modo
q ue po ssa
acomodar-se
com
exito a
essa
pa r te da rea l idade e a ss im co ns egu ir ao
menos
cer to g r au
de con t ro le sobre e l a ”
8 ; 5 ) “Em qua l -
q u e r caso,
no n í ve l
secundár io , no rma l
ou
un i ve rs i tá r i o , a
base etno lógica torna-se
cada
vez mais necessária para
a
comp r e enão do homem e desenvo l v imen to
das
ciencias
que
dele
s e ocupam” ° . Idé ias
semelhantes f o ram
defendidas
pelo
autor de sta com un ica çã o,
mas
de
um
modo
restrito: as
tra n s fo rma ç õ es o co rr id as
nas
sociedades
modernas subs t i -
tuíram l a rgamen te
os
a jus t amen tos
socia is
baseados no conhe-
cimento pessoal ínt imo e em
normas
estabelecidas pela t ra -
dição po r a jus tamentos sociais baseados em s ituações de in te-
resses e em
convicções
sensíve is as f lu tuações dos movimentos
sociais
ou aos
in f luxos da propaganda. Da í a
necessidade
de defender
a l iberdade
e
a
segurança dos
in d iv íduos , a tr a vés
de
uma
preparação
educat iva susceptíve l de ades trá -los ,
e s p e -
íííím
6 .
L.
A. Cosn Pmro , “Ens ino da Socio lo gia nas Escolas S e -
cundár ias”,
in
rev . cit., pág. 3 0 7 . -
7 . J. A.
Rios, “Con t r ibu ição
para
uma
Didát ica
da Sociologia”,
in rev . cit., pág. 3 1 5 .
8 .
z Domw Pmnsos, “D i fusão da
Ciencia
Sociológica.
nas
Esco-
las”, in rev . cit., pág.
3 2 5 .
9 . C 0 n a C o s a n Enmmno, “O Ensino do s Conceitos Básicos da
E tn o lo g ia ”, in rev . cit., pág. 335 .
_93._
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cificalnente,
para a
e sco lha co m fundamento racional. “De
-fato, é _ de
esperar-se
que a educação pelas
cienc ias
socia is
cr ie persona l idades mais ap t a s a a
par t i c ipação
das
at i v idades
pol í t icas, “ c o m o - 1 estas s e processam no estado
moderno ”1 ° .
Em
segundo
lugar,
estão
as ques tões
re lac ionadas
com
a s
concepção que
pres ide
a
i n t eg ração d a s ocio lo gia em um
de te rminado istemaeducac iona l , em
uni , ou
m a is n ív e is do
ens ino .
Neste particular, a s i tuação b ras i le i ra
é
ve rdade i ra -
men te caót ica.
Um
do s a r t igos já c i tados 1 1 demons t ra
que
a
pos ição da
socio logia
no
s is tema
educac iona l bras i le i ro
osc i la de
-manei ra .
irregular,
ao sabo r
de i nsp i rações ideoló-
gicas de momen to . Man t e n d o a discussão nos limites da
s i tuação
a tua l ,
em
que
a
soc io logia
só figura
no
currículo
das
escolas no rma i s , co ns ta ta -s e q ue
há um i nd i s fa rçáve l con-
t r as te
entre
as id éia s c orre n te s sobre
as
f unções
da
socio-
logia como fator educa t i vo r e
a
concepção que a l imen ta e
norteia l ega lmen te a atividade docen te dos p ro f e sso r e s de
socio logia. Na
ve rdade, o pro gra m a v ige n te
r es t r i nge
a
influencia p rop r iamen te educa t i va dos pro fesso res de socio-
l og ia
e
não
situa dev idamen te os
a l unos
em face dos prob le-
mas que prec isa rão enfrentar
f u t u r amen te ,
como pro fe sso -
res
de
escolas
pr imár ias,
em
di ferentes
t ipos
de comun idades ,
nas qu a is
prec isa rão
v i v e r ,
desempenhando pape is .
socia is
f o ra
do
campo
pedagógico
mas
de alcance
educat ivo.
En t re os
t raba lhos
que abo rda ram e s s e prob lema, d e s -
tacamos os de Pau l Arbousse-Bast ide e
Anton io
Candido.
O
pr imei ro
faz uma a n ális e
exaus t i va
e . br i lhan te das diver-
sas
a l te rna t i vas
que s e colocam, necessariamente, na orga-
nização
de um programa de ensino da
sociologia
na
escola
secundár ia ,
as
qua i s
se
re f le tem
em
todos
os
p lanos
possíveis
de
programação da
matér ia , de
graduação
do
t re inamento , de
f i xação dos limites de i dade e de
critério
pedagógicos, de
or i en tação da
condu ta
ativa do p r o f e s so r
em
face do a luno ,
etc.
Abo rda , e nfim ,
questões
que, in fe l izmente,
não
at raem
1 0 . F .
Fmarmnnns,
“O
Significado das Cienc ia s Soc ia is
no
M u n d o
Mode r no ” ,
in
Filosofia,
Ciencias e
Le t r as , 1 3 ,
ou t ub r o
de 1951, pág. 9 8 .
1 1 .
-L.
A. Cosan P 1 N . r o , , art. cit ., págs. 296-303.
__94.. ....
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a
dev ida
cur ios idade em
nosso. meio e caem n a esfera
da
filosofia da educação prop r i amen te dita..
Da í
a f o rça que
ga nha m ce rta s
idéias,
que prec isam se r i nc lu ídas no
reper-
tório dos que discutem
a
conveniência de i n t roduz i r a
socio-
log ia
no
ens ino
secundár io .
O
ens ino secundár io
é
f o rma -
tivo po r
excelência ; e le não
deve
v i sa r a
acumu lação
enci-
clopédi-ca de conhecimentos , mas a f o rmação do
espírito
dos
que o s re ce bem .
Torna-se, ass-im, mais
impo r t an t e
a mane i r a
pela qual
os conhec imen tos s ã o -
t r ansmi t i dos ,
que
o
conteúdo
da t r ansm issão . Entre i o
ens ino de
t eo r ias em conf l i to
ou
de or ien tações dogmát icas na
socio logia
e “o s
estudos
ver t i -
cais de um a
sociedade
dada” , Arbousse-Bast ide pre fe r ia
os
segundos,
por
ab r i r em
a os jo ve ns caminhos
mais
frutíferos
de
conhec imen to da rea l idade soc ia l 1 ” . O t r aba lho de
An to -
n io
Cándido ab re
um a
pista f e cunda : ser ia
conven ien te
escla-
r ece r
a
que i nsp i ração se prende o ens ino da socio logia.
Estao
pode ser
encarada .
de mane i ras di fe ren tes (como pon to
de v i s ta , como
técn ica
soc ia l
e
como
ciência
particular) e
ser ia de t oda conven iênc ia , para
a
or ientação- do próprio
ens ino da maté r i a ,
definir
com clareza
o n í ve l
em que a
re f lexão socio lógica
é
cons iderada
ou
desenvo lv ida.
E
pena
que
o autor
não
t enha examinado
as
imp l icações
de
seu
modo
de
co locar
o p ro b lema , p ois e le
sugere um bom
angu lo pa ra
s e
delimitar
a
posição
da
socio logia
nos d ife r e n te s n ív e is do
ens i no
1 3
Em te rce i ro l uga r , estão as questões que permi tem evi-
denc ia r as
f unções
po r ass im
dizer
específica s , que aconse-
lhariam
a
inclusão
d a s o cio lo g ia
no currículo
da esco la
se-
cundár ia
b ras i le i ra .
As
op in iões
en t re os sociólogos estão
d iv id idas.
Tan to
há
os
que
defendem
a
i n t r odução
da
socio lo-
g ia n a
escola secundár ia (ma i s
prec i samen te :
nos
prog ramas
oficiais
do co lég io ) , quan t o os que repelem ca tegor icamente
essa so lução.
A j us t i f i cação
de
amba s as
espécies de deci-
1 2 . P A U L
Ansoussa-Bàsrxnn,
L E nsc ignemen t de la
Sociologia dans
les Ecoles Secondaires , conferencia; exemplar: dat i lografado em poder
do autor . _ _
1 . 3 .
An r ômo
Câmnno,
o f. a rt.
cit.
_95_..
8/16/2019 FERNANDES, Florestan. a Sociologia Na Escola Secundária Brasileira
http://slidepdf.com/reader/full/fernandes-florestan-a-sociologia-na-escola-secundaria-brasileira 8/18
s õ e s
e o fe i ta
no
plano das idéias e ~ das convicções de ordem
geral; n i nguém tentou fundamentar soc io l og i camen te as
r azões da própria op in ião ; ,Somente Gos ta Pinto abo rdou
a lguns aspec tos
do
prob l ema ,
*ao *ass ina lar
os mo t i v o s
das
f l u t u a çõe s
da
s oc io lo gia n a
escola
secundár ia
brasileira
1 4
Segundo os
r esu l t ados -
de s ua a nális e, “a
an imadve rsão da
l eg is lação
v igen te H
ao
*ens ino das ,c iencias
socia is é um dos
seus caracter ís t icos cen t ra i s ” , a tes tando que “a
d i f usão
de
noções c ien t i f icas sôb re a organ ização
econômica,
socia l , po-
litica
e
cultural,
é menosprezada como
ob je to de
i n s t r ução
e
quase
temida
como
i n s t r umen to
de educação” .
Neste
pon to ,
somos
le v ados a
supo r
que ser ia
da ma i o r
conven i enc i a que
s e
s itu a s se socio lö g ic amen te o prob lema
e
se
procu rasse
refletir
sob re
as
poss ib i l idades da
i n t r odução
da sociologia no ens i no secundá r i o
brasileiro à luz de
a rgu -
men to s
fo rnec idos
pela própria anál ise
socio lógica., Ta lvez
se possam apon t a r
a l gumas l im i tações em
tal or ien tação .
Ques tões dessa
comp lex idade n u n c a devem se r cons ideradas
em
t e rmos es t r i t os , de dados ob t idos a t r a vés
de
f u / m a disci-
plina científica; além disso, o
caminho
pa ra os
pr inc íp ios
gera is ,
dos
qua i s
dependem a própria
o rgan ização
de um
sis-
tema
e
a
posição
que
dent ro
dele
devem
ocupar
as
diversas
ma té r i a s ens inadas ,
deve
ficar o mais
poss i ve l
livre,
pois
cabe
à . filosofia
da educação e
a
política
educac i ona l estabelece-
-los e pó-los em prá t ica . De
qua l que r modo , d o s
dados ofe-
rec idos pela reflexão socio lóg ica co ns titu em , n o
caso,
os
mai s l eg í t imos
pon tos de partida
pa ra as
decisões
que pre-
cisam
ser t omadas
nessa es fe ra da politica e da admin is -
t r ação .
D iagnós t i co da s Si tuação Brasileira
Do ponto de v is ta
prát ico,
a questão de s e saber s e a
soc io logia deve ou
não
se r
i nc lu ída
no
currículo oficial
da
escola
secundár ia brasileira possu i a mesma na t u r e za
que
2
š l ê l z L.
A. Oosm
Pmro , loc, cit., Trechos
extraídos das págs.
96
970
__.93 . ._ . .
8/16/2019 FERNANDES, Florestan. a Sociologia Na Escola Secundária Brasileira
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qua lque r
ou t ra questão, re la t iva às
possibi l idades
de Ê in t ro-
duzi r -se
de t e rm i nada - inovação dentro
de
um s is tema dado.
Quando o
soció logo
s e propõe um a q ue stã o des ta o rdem , e le
começa
pela a nálise do
istema
exis tente
de
f a to ,
n o q u a l
s e
pre tende
introduzir
a ino vação . De po is ,
passa
para
uma
anál ise mais complexa,
em
que o s is tema é cons iderado
em
re lação com « a s cond ições sóc io -cu ltu r a is que o supo r t am.
E ,
por
f im ,
chega
à anál ise dos e fe ito s p re s um ív e is da i nova -
ção
tendo
em
mira o g rau de i n teg ração
estrutural
e as
condições
de
f u nc i onamen t o
do s is tema,
como
um a
un idade
r e l a t i v amen te
au tônoma e
como um
complexo
de relaçõe
dependentes
no seio
de
un idades maiores . Embo r a seja im -
poss ive l segu i r
aqu i ,
r igo rosamente , e s s e proced imen to metó-
dico,
achamos
que
nos
devemos
inspirar
nele,
na
apresenta-
ção
sumár ia de
nosas re f lexões
e
sugestões.
O
ens ino
secundár io preenche n o s is tem a e du ca cio na l
brasileiro
um a f unção educa t i va auxiliar
e dependente.
Seu
ob je t i vo cons is te em
p r epa r a r os educandos para
a admissão
nas
escolas desníve l
uperior.
Po r sua na t u r e za e
por
seus
f i ns ,
tem sido
descr i to
como um “en s in o
aquisitivo”,
de ca -
ráter
humanís t ico- l i te rá r io , de
extensão
encic lopédica e de
ação
propedeu t i ca ,
ma i s
preso
a
t rad ição
acadêmica
herdada
do passado ,
que
às necess idades i n te lec tua is imposta pelo
presen te
1 5
Doutro l ado, a aná lis e soc io lóg ica pôs em
evi-
dencia as contradições que
s e
agi tam
em
seu
seio e demons-
trou que e las não
são
a inda su f i c ien temente p ro f undas pa ra
produz i r em
a neu t ra l i zação
de
i n f luenc ias nasc idas
d a a n tig a
menta l i dade
educac iona l e
de
in te resses
u l t raconse rvado res
1 ° .
Os e fe i t os de tais cont rad ições, que e sta b ele cem , s egu ndo
Fe r nando
de
Azevedo,
um
con t ras te
v i vo
en t r e
“ d ua s
épocas
e duas his tó r ias i n ve r sas ” nas tendenc ias de
evo lução
do
ens ino
m édio n o
Brasil,
se r eve lam no
cerceamento
das
ten-
ta t i vas
recentes
de renovação
pedagógica,
a s
quais, apesa r de
1 5 . O f. Fnnnà lvno nn Aznvnno,
A .Cul tura
Brasileira, 2.
ed., Com.
Ed. Nac., S . Paulo, 1944 (Par te III, c a p s . III-V; - e s p .
págs. 3 6 7 - 3 6 8 ›
3 7 0 , 375-376,
3 7 8 - 3 7 9 ,
3 9 4 ,
4 1 3 - 4 1 4 ,
4 2 9 - 4 3 0 ) .
1 6 . I d em .
...97....
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seu alcance
cons t ru t i vo ,
não tem consegu ido
po r
isso
atingir
o
seus fins e
ganha r um mín imo seque r de
con t i nu idade .
A
pos ição
do ens ino
secundár io
no
s is tema educ ac io n a l
b ras i le i ro permi te
defini-lo
soc io lôg icamente, po r t an t o ,
como
um
tipo
de
“ educação
estática”,
que
v is a u n ic ame n te
a
con-
se rv açã o da ordem*
soc ia l
1 7
É
claro- que
essa
posição-
nasce
da própria f u n ção por e le desempenhada n o s is tem a
educa -
c i ona l ge ra l e será
man t i da enquan t o
ete
não
fôr a l te rado
como um
todo,
em sua estrutura
e em
seus
f i ns .
Dou t r o
lado,
t ambém ,
pa rece
-ev iden te
qu e
a .pe rs i s tênc ia da
velha
menta l i dade educac i ona l e a influencia
dos
cí rcu los socia is
que
a
sustem
se exp l i cam, soc io lõg icamente , pelo fa to das
t r ad i ções
e
de
. i ns t i tu ições
sociais como a
família
ou
a
igreja
man te rem
a inda
um a
parte
cons ideráve l
de sua at i -
v idade educat i va .
As
r eg i õe s
do pais
em
que isso
não
acon-
tece,
apesar
de a l t amen t e
popu losas e
econômicamente im -
por tan tes ,
ab r angem
um a
área
territorial r e la t i vamen te pe -
quena ,
em face das
reg iões
em
que a j v ida
soc ia l está
mais
próxima do pa drã o a n tig o. M a s ,
em conseqüência , s e esta-
be lece um a v incu lação muito forte en t re a defesa da estab i -
lidade do
s i s t ema educ a c i o n a l
bras i le i ro
e as concepções
ou
os
in teresses
educac iona is
que
or ien tam
as
i n te rvenções
politicas e admin i s t r a t i v as
de
camadas
conservadoras , s o -
c ia lmen te poderosas e i n f l uen tes . Eis
o
coro lár io dessa si-
t u a ç ã o : um e n sin o médio sem
possib i l idade - d e t o rnar -se
um
“instrumento
consc iente de progreso
soc ia l ” , is to
é ,
i ncapaz
de
p ropo rc iona r
um a “ educação d inâ.m ica ”1 °.
Não
é preciso muita
sagac idade para s e perceber
que,
mantendo-se as
condições
a tua i s , o s is tema educac i ona l b ra -
ileiro
não
compor t a
um
enino
médio
em
que
as
cienc ias
ociais
po s am jogar a lgum
pape l . Onde preva lece
a op in ião
de que os
a jus t amen tos
socia is
propo rc i onados
po r
meios t ra -
1 7 . Sôbre a noção de “educação es tá tic a”, c f. OH . A.
Ennwoon,
Me thods in ” Sociologz/,
Duke
Univers i ty Press, Du rham ,
Nor th
Caro-
lina s págs.
18 . Sôb r e a
noção de “educação d inâmica” , c f. Oh. A.
Ennwoon,
loc.
cit.
. _ _9g_ . . .
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dic iona is são sat i s fa tór ios , o reconhec imen to da necess idade
da
educação
pela s c ie n cia s sociais
tem
que se r f o rçosamen te
pequeno .
Dada
a
f o rma de
ar t i cu lação
da s esco las secundá-
rias ao
ens ino
superior, o
único
critério q u e pode r i a
incenti-
vara
i n t rodução
das
cienc ias socia is
no
currículo
do
ens ino
de g rau
médio
r é o que se
base ia
nas necessidades
impostas
pelos
estudos un ivers i tá r ios . Êsse cr i tér io , todav ia , não pode
produzir
efe i tos durado res senão
onde
a . complex idade da
rede
do ens ino
super io r-é secundada po r um a
cer ta
conv icção,
garan t ida po r opin iões f i rmemen te -estabelecidas, de que a
aprend izagem
das diveras maté r i as ou
especia l izações
do
ens ino
supe r io r oferece di f icu ldades comparáve is .
Foi e s s e
critério que permitiu a i nc lusão da socio log ia
no
cur r ícu lo
do
co lég io ,
t r ans i t ô r i amen te ,
e
a
razão-
apon tada
que
f a vo -
receu,
do
pon to de
vista pedagógico, a sua
rápida e l iminação.
O a rgumen to
de que
cer tas
disc ip l inas
compl icam a inda mais
a vida esco la r
dos
a lunos possuía na tu r a lmen te um a
ef ic ien-
c ia muito re du zid a., em
s e
t r a tando de um ens ino
encic lopé-
dico. Da í
o restrito i n te resse
que
pode
apresen ta r , no Brasil,
a
ques tão
de se -saber
s e é
possível ,
mantendo-se o
ca rá te r
p ropedeut ico do
ginásio e
do
colégio,
en t rosa r
orgãn icamente
os
ens inos
de
grau
médio
e
de
grau
super io r .
Os
cr i tér ios
fo r n e cid o s pe la
t rad ição
juridico-literária ou
pela
noção vu l -
ga r
cor ren te
de que os r ud imen tos
de
física, química
e
bio-
logia capac i tam os
a lunos
pa ra qua l que r ap rend izagem .u lte -
rior
no campo das
“ c iênc ias ”
exc luem
t ôda
-possibi l idade de
so l ução rac iona l . -Qua ndo e sta
pude r
se r
a t ing ida ,
graças
à . tra n s fo rma ç ã o d a me n ta lid ad e dominan te n o trato dos
pro-
b l emas
pedagógicos,
en tão
ruirá
a
própria concepção de
ens ino
secundár io
“aquisitivo” e “ enc ic1opéd ico ”, de ix ando
de
existir
as razõ es
que
poder iam
aconse lhar
a o
i n t r odução
das c iencias socia is no curr ícu lo do
enino
médio, com
fun-
damen to
nas exigências do ens ino uperior.
Isso nos leva a .considerar a
questão
de out ro ângulo.
Trata-se de sabe r se o s i s tema educac iona l bras i le i ro
s e ajus-
ta ,
estrutural
e funciona. lmente-,
à
condições de
exis tencia
s o cia l impe ra n te s nos t ipos de
comun idades em
que e le
s e
i n t eg ra .
A relativa
preservação da an t iga
menta l i dade
edu-
_`99
_ ..
8/16/2019 FERNANDES, Florestan. a Sociologia Na Escola Secundária Brasileira
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cacional e
da pos ição tradicional
do
ens i no de grau m édio n o
s is tema e s co la r suge re , desde lo go , q ue algo
s e
man teve quase
i na l t e rado
nas
re lações
das escolas
secundár ias
e s
super io res
com as necessidades
socia is
que sa tis fa z em . Em ou t r a s
pa la-
v r a s ,
a
co nse rv açã o do
ca rá te r aqu is i t i vo ,
encic lopédico
e
propedeut ico do
ens ino
de g rau médio
se
expl ica pela conser-
vação
do
ca rá te r
j u r íd ico -p ro f i ss iona l do ens ino
super io r .
A
anál ise
sociológica
demonst ra
que
este não s e
a l te rou subs-
t anc ia lmen te , quan to
a
sua
signi f icação
d e à sua f u nção sociais.
Subs is te , sob o novo reg ime r epub l i cano , o ve lho i dea l de
“ homem cu l to” ,
que
confer ia aos
diplomas
de ensino supe-
rior
um a qua l i f i cação honor í f i ca
e
dava aos seus por tadores
a
regal ia
de exercerem
as ocupações
consideradas nob i l i tan-
te s 1 ° .
De
modo
que as escolas
super io res con t i nuam
a
se r v i r
como cana is de
ascenção
soc ia l ou , quando
menos ,
como sis-
t ema de
pene i r amen t o ,
des t inado
a
se lec ionar as persona l i -
dades
aptas
para
a l i de rança
política e
adm in i s t r a t i va . Em
face das t r ans fo rmações por que vem
passando
a sociedade
brasileira, de forma
v a r i á v e l
con fo rme as reg iões do país,
pode-se afirmar
que esse
é
um f enômeno
de demo ra cultural
e
socia l . Procura-se assegu ra r pa ra
o
ens ino supe r i o r um a
s ign i f i cação
e
u ma fu nção
que
e le
tende
a
pe rde r
com
re la-
tiva celer idade, em particular nas zonas onde o
desenvo lv i -
men t o u rbano , comerc i a l e industrial é ma i s i n tenso . Den t r o
de cer tas
co ndiçõ e s de
es tab i l i dade ,
o
ens ino
supe r i o r
podia
r e a lmen t e conferir
pres t íg io
de
f u ndamen to
honor í f i co ,
ope ra r
como
meio
de seleção soc ia l den t ro de ce r t a s camadas
econô-
micamen t e pr i v i l eg iadas a e
mesmo,
servir como i n s t r umen to
de ascenção
soc ia l
de persona l idade cu ja l ea ldade pa ra com
a o rdem
soc ia l
v i gen t e
pod ia
ser
conhec ida
e
con t ro l ada .
M a s , quando essas cond ições
de
es ta b ilid ade de ix am de exis-
tir, como
passou
a
acontecer
nos
grandes
núcle o s u rb a no s a
partir
da
segunda
década de ste século
a t ravés
pr inc ipal-
men t e
da chamada “democra t i zação do ens i no ” )
,
é óbv io
que
a pre se rv a çã o
de
an t igos
critérios
de ava l i ação ópo de n as ce r
de
acomodações
transitórias de in te resses s ocia is o u de equí-
1 9 . O f. Fnanmno n n
Aznvnno,
o p . cit., e s p . págs. 3 7 5 - 3 7 6 .
0 0
8/16/2019 FERNANDES, Florestan. a Sociologia Na Escola Secundária Brasileira
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vocos produz idos pela fô rça das t radições.
Chega-se
po r essa
via a s um a conc lusão que
tem
qua l que r coisa de paradoxa l .
Em nome da
t rad ição
se
man tém
todo um
s is tema
educacio-
nal arcaico,
que es tá j u s t amen te
produz indo efe i tos que ,
cedo
ou
ta rde,
acabarão
de
so lapar
a
o rdem socia l defendida pela
t r ad ição.
O único a rgumen t o que .permitiria
justificar
socio logi-
camen te l o processo educa t i vo
desencadeado
por e s s e s is tema
educac iona l f é o -que
d iz
respei to aos fins v isados. De fa to ,
a
seleção
e a f o rmação de pessoa l ap to para o s
exercício
de
at i v idades de lide ran ça -po l ít ico -adm in i s t ra t iva e
pa ra o s de-
sempenho
de
pro f i ssões como a de e n ge nh eiro , a grô nomo,
pro fessor ,
médico , a dv o gado ,
não
é
de
somenos
impo r tanc ia
pa ra um país
como o
Brasil. Con t udo , mesmo
que
as
t en-
dências
a tua i s
de -desenvo lv imento
do
s is tema. educac iona l
bras i le i ro
s e ampl iassem, de modo a
incluir
ne le tôda s as
poss ib i l idades de ades t ramen to -p ro f i ss iona l
pela escola e a
sa t i s fazer
qua i sque r
exigências
de
seleção r ac i ona l de mão
de ob r a
especial izada
o u técn ica , a inda se
poder ia
d ize r que
tal s is tema n ã o cor responder ia
às
necessidades
gera is
do
meio soc ia l
ambiente-.
As
condições pecu l ia res de
f o rmação
da
sociedade
brasilira
exigem
muito
mais
do
ensino.
Êste
n ão
poderá ope ra r
como “intrumento consc iente de progresso
soc ia l ”
enquan t o não fôr
organ izado
t endo
em vista essas
condições
seja para corrigir o s seus efe i tos nega t i v o , seja
pa ra
al tera- las
em
um sen t ido
soc ia lmente cons t ru t i vo e
as
f unções dinamicas da escola,
em qua l q u e r
dos seus níveis,
nas comun idades
bras i l e i r as rurais
ou
u r banas .
É
neste
p lano
que o t ema da i nc lusão das ciencias sociais
n o
cur r ícu lo
do ens ino
médio p re cis a
se r
examinado .
Ex is-
tem ce rta s
necess idades
gerais,
inerentes-
a v ida soc ia l nas
sociedades
c iv i l izadas contemporâneas,
que
recomendam a in -
t r odução
das c ie n cia s so cia is na escola secundár i a . A peda-
gogia
moderna nasceu
sob
a
inspiração, que
não
fo i inven-
t ada
pelos
sociólogos, de
que
é impossíve l
f o rma / r o homem
pa ra v i v e r
nessas
oc i edades
sem
desenvo l v e r ades t r amen tos
complexos dent ro
de um a am pla área
dos conhec imen tos
cient í f icos
sôbre
os
móve is p sic oló gic os
e
sócio-cul tura is
do
01
8/16/2019 FERNANDES, Florestan. a Sociologia Na Escola Secundária Brasileira
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compo r tamen to humano . Pa r a
os
especia l is tas
bras i le i ros ,
porém, essas razões
de o rdem
ge ra l possuem
um a
impor tânc ia
secundár ia . Elas co r respondem- a s itu açõ es e a s p rocesos
que
s e reproduzem
na sociedade bras i le i ra - -de
f o rma
miti-
gada
ou
q ue
se
l oca l i zam, den t ro
dela,
em
de te rm inadas
áreas
sociais. O mesmo
não
se pode
dizer de
situaçõe e l
processos i ne ren tes
a
«sociedade bras i le i ra , em
seu
ve tado
a tua l , os qua i s
ex igem, por
-ou t ras
razões
que não
aque las ,
um
ens ino
capaz de orientar d inamicamen te o
processo
edu-
ca tiv o . E ev iden te ,
mesmo ,
que a educação não
poderá
preen-
che r
idênt icas
f unções cons t ru t i vas
senão em
paises
econô-
mica e soc ia lmente
subdeenvo l v i dos .
Em suma ,
-nós
con ta -
mos com a opo r t un i dade de utilizar cer tos
conhec imen tos
c ie n t íf ic o s p a ra
a
so lução
de
prob l emas
que es t i ve ram,
em
ou t r o s
paises mai s
ad ian tados , nas
próprias
raízes
mate r i a i s
e
moraiszi jda
cons t i t u i ção
das ciências
socia is .
Não podemos
discutir
a q u i nem as imp l i cações dessa
mane i r a
de
enca ra r
o asunto, nem os dados empí r i cos em
que
e la repousa . Por is so, e sco lhemos um pequeno
exemplo,
que
permitirá
ilustrar
o a lcance e
a sol idez- da a f i rmação .
É sab ido
que o processo de desenvo l v imen to
da
consc iênc ia
de
af i l iação
nac i ona l
e
das
obr igações
politicas
resu l t an tes
tem sido s-prejudicado,
n o
Brasil, pela s condiç õ es
socia is
em
que
se
processaram a desagregação do reg ime serv i l , a i ns t au -
r a ção da
democrac ia pelo reg ime
r epub l i cano e f ede ra t i vo ,
a
f o rmação
das classes socia is e a
organ ização
dos par t idos .
No deco r re r de
65
anos de política r epub l i cana , as camadas
socia is
que se
achavam a fas tadas do exe rc íc io
di re to do
p o d e r
nã o t i ve ram opo r t un idades
pa ra
compreender que as ações
do Gove r no
interesam
a
todos
os
cidadãos,
afe tando-os
dire-
t amen t e
em
seus i n te resses e segu rança
ou
in d ire tame n te p or
empenharem de um modo ou
de out ro
o própr io
futuro da
Nação, como uma
comun idade polít ica. Isso oco rreu pr in-
c ipa lmen te porque n a antiga
o rdem senho r i a l
e escravo cra ta
um amp lo c o n tin g e n te da
popu lação
não tinha
acesso di re to
e
- responsáve l a
-papéis polí t icos soc ia lmen te au tônomos e
po rque nenhuma instituição soc ia l (inclusive os partidos),
se i n cumb iu dos ades t ramen tos pol í t icos que s e
t o r na ram
102
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necessár ios
pa ra a
coexis tenc ia dos
“ c idadãos” em
um a
de -
mocrac ia .
A
a tenção
para
o
f enômeno s ó
surg iu quando
s e
ve r i f i cou que e s s e
estado
de
coisas
compromet ia
o
func io -
namen to do r eg ime democrá tico
e ,punha
em
risco o
f u tu ro
da
Nação .
As
so luções
que
se
propuse ram,
ent re tan to ,
mesmo
por
au to res
que
possuíam
conhecimento-
socio lógico
e histó-
r ico
~ - - - como Albe r to
Tôrres e Ol ive i ra Vianna ão si tua-
ram
dev idamen te
a impor tanc ia que a e sco la a ss um ia , por
impos ição mesma
das
c i rcuns tânc ias histór ico-socia is de f o r -
mação da sociedade bras i le i ra . Embo r a
a escola não
este ja
ac ima do
ent rechoque dos
in teresses
econômicos e i
das
l u tas
pol í t icas,
é
claro que e la p ode ria ter desempenhado
um
pape l
cons t ru t i vo n a fo rm a çã o da consc ienc ia cívica dos cidadãos,
con t r i bu indo pa ra
criar
um a é tica
de
r eponsab i l i dade
e
uma a t i t ude de au t onom ia crítica
em face
do f unc i onamen to
das
ins t i tu ições
polí t icas ou das in junções
personal is tas
dos
manda tá r i o s do
poder .
Pa r a e s s e
f im ,
p od eria co n co rre r t odo
o
s is tema
educa-
cional
brasileiro.
A fo rm a ç ão d a pe rs o na lid ad e constitui um
processo que não começa n a escola e
que,
por tan to , não
encon t ra nela um
t e rmo cer to . Da escola
primária à
un i -
ve rs idade
êsse
processo
se
desenro la
em
con t inu idade ,
s o -
f r endo aq u i e ali i n t e r r upções de
sen t ido ou
a l te rações
dos
c on te údo s da s e xperie n cia s ,
mas se subo rd i nando a f o rma de
um c re s cimen to o rgân ic o . Quan to a esco la secundár ia bra-
s i le i ra , não
é difícil perceber-se q u a l
ser ia
a
con t r i bu ição
da cienc ias
socia is
pa ra
a
fo rm açã o- de at i tudes cívicas
e
para a cons titu iç ão
de
uma consciência política
def in ida
em
tôrno
da
compreensão
dos
di re i tos
e dos
deveres
dos cidadãos.
Em
um
país
d ife r e n ciado demog ráfic a ,
econômica,
cultural
e
soc ia lmente,
um ades t r amen to adequado,
v i vo
e
const ru ído
a t ra vés
de
exper ienc ias
con cre ta s , s ôb re as
co ndiçõ e s ma te -
r ia is
e
mora is de
existência,
cons t i t u i
um meio po r
excelen-
cia
de socia lização . A questão etá
em não
pô r os alunos
d ian te de “en t idades” , de
“ idé ias
abs t r a t as ” ou
do
“ homem
em
gera l ” .
O
Brasil con tém um núme r o
suf ic iente
de po pu -
lações
para que o ens ino
possa progred i r ,
gradua lmen te , dos
dados do senso comum pa ra as
noções gera is
e as
cons t ru-
03
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ções
compa ra t i vas . Um a i novação com
esse
a lcance cont r i -
buiria, por su a
vez,
pa ra
-pôr
um
parade i r o à e stra nha
ano .
mal ia que co r ró i , o r ens i n o b ras i l e i r o ,
espec ia lmente do giná-
s io
-para
c ima.
Apesa r
de
suas -p re tensões humanística,
e le
não
f o rma uma concepção cosmopol i ta do m undo, po rq ue
lh e
fa l tam
os
elementos sól idos
de
cu l tu ra
geral, que
ela
pressupõe.
Apesa r
de s e r o veículo de t r ansm issão do pa -
trimônio cultural
não
- s ó de u m a civ iliza çã o , mas de um
povo, não for ta lece os -sent imentos e
as
convicções que resul-
tam
da acei tação
p lena
de uma comun idade de in te re ss e s,
de
idéias, de idea is de
v ida
e
de va l o r es exitenciais de cará te r
“nacional”. Isto
po rque ,
desde o passado co lon ia l e imper ia l ,
o -ensino humanís t i co sempre re pre se nto u uma
fonte
de com-
plexo
s ,
de
r essen t imen tos
e
de
a t i tudes
de
i nsegurança
dos
bras i le i ros em
face
das
chamadas “ nações
cu l tas ” .
Esse en-
s ino e labo rou
e a
refinou
“ sen t imen tos
co lon ia i s ” ,
f avo recendo
a acei tação
expon tãnea de critérios de vida i n t e l ec t ua l
e
de
ava l iação étnico-cultural que educavam os bras i le i ros a s e
subo rd ina rem aos cen t ros
cu l tu ra is
estrangeiros ou
aos seus
represen tan tes .
Dua s
conseqüênc ias decor rem
dessa expos ição sumár ia .
Primeiro,
a
i nc lusão
da so c io lo g ia n o
currículo
da
escola
secundár ia brasileira é
poss ive l .
Man tendo-se as
cond ições
a tua i s
do
s i s tema
educac iona l
brasileiro: com f u ndamen t o
n a s e xig ên cia s
da
d ive rs i f i cação do ens ino super io r . A cr ia-
ção.
de n o v a s fa cu ld a de s ,
em que o ens ino de mate r i as
como
a
filosofia,
e a história, psico log ia , a economia , a an t ropo lo -
gia ,
e a
pol í t ica ,
a socio log ia ,
etc., é
feito r egu l a rmen t e , torna
essa
necessidade rea l .
Mas ,
isso eriapouco f ru t í fe ro ,
tendo-
-se em vista os fins
p rop r iamen te
f o rma t i vo da educação
pe las
ciências socia is.
O u,
a l te rando-se
as
cond ições
a tua i s
do sis tema
educac iona l
bras i le i ro ,
em
sua es t ru tu ra , em s e u
f u nc i onamen t o e n a menta l i dade pedagógica dom inan t e : com
f u ndamen t o
na conven iênc ia prática de reforçar os processos
de
socia l ização
ope ran tes
n a soc iedade
bras i l e i r a . Esta
ser ia
a so lução idea l , tendo-se em v i s ta que
o
ens ino
das
ciências
socia is na escola secundár ia brasileira s e justifica
como
um
fator consc iente ou
r a c i o na l
de progresso socia l . Segundo,
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na discussão
dessa
ques tão
o soció logos não podem s e
i sentar
do
exame abe r to
de ou t r os
t emas,
que “
s eriam e v itáv e is
em
um a cons ideração geral
do
assun to . Entre esses
temas,
dois
adqu i rem
re levo express ivo .
De
um
l ado ,
. qua l que r que se ja
a razão que
f u ndamen te
a
i nc lusão
das
ciencias
socia is
no
currículo do
ens ino de
grau méd io
n o
Brasil,
é impra t icáve l
a pre se rv ação de técnicas pedagógicas
ant iquadas.
Em
par-
iticular, conviria intervir,
concomi tan temen te ,
nas condições
que
dão a esse
ensino-
um
ca rá te r
“aquisitivo”. De ou t r o ,
a idéia de i n t roduz i r inovações no curr icu lo da
escola
s e -
cundár ia brasileira ganha outra s ign i f icação, quando exami-
nada
ià i lu z
da
própria in f lu e n c ia c o n s tru t iv a
da
educação
pe las cienc ias
socia is
em um
país em f o rmação ,
como
o
Brasil.
Aos
argumento
apresentados,
ser ia
possível
acres-
cen t a r
que e s s e ens ino
possu i
um in t e resse p ra t ico -espec if ico ,
que hoje a inda n ã o
é
evidente. É que e le .podera con t r ibu i r
pa ra
p r epa r a r as
gerações
novas
pa ra man ipu l a r técnicas
r ac iona i s de t r a t amen to dos prob l emas econômicos, pol i t icos,
admin is t ra t i vos s e sociais, as
qua is
dent ro de pouco
tempo,
presumi ve lmen te , t e rão
que se r exp lo radas
em
l a rga escala
no país.
Sugestões Prát icas
A discussão desenvo lv ida não tem
po r ob je to impo r
cer tas
so luções
ou
um pon to de vista pessoal . Ao cont rár io , e la
nasceu do
desejo de
procurar um
deba te
mais p ro f undo
do
assunto, aprove i tando a experiencia
dos
demais especial is-
ta s bras i le i ros. Po r isso,
ser ia
possivel
reun i r
s u a s
c o n s e -
qüenc ias prá t icas em a lguns tópicos, n a f o rma
de
pergun tas ,
em
que
s e
dever ia- concentrar ,
no momento ,
a
atenção
cri-
t ica dos especial istas interessados e a busca da s soluções
ma i s adequadas. Êsses tópicos podem se r
reduzidos,
con-
ceptua lmen te ,
ao
segu in t e :
1)
Qua is
são as
f unções
que o ens ino da socio logia pode
preenche r
n a
f o rmação da persona l idade e q ue ra zõ e s
de .o rdem
ge ra l
aconse lham
a
i nc lusão da maté r ia
no curriculo
do e ns in o degrau médio?
105
8/16/2019 FERNANDES, Florestan. a Sociologia Na Escola Secundária Brasileira
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A que concepção deve r ia s e subo r d i n a r o
ens ino
da
soc io logia n o s diversos g raus
de
ens ino , i nc lus ive
n o secundár i o? A de f in ição clara
da
concepção
apresen ta
e a
zmaio r importancia; teór ica
e
prá t ica ,
pois
de la
depende
a
re lação*
a
er
estabe lec ida
en t re
me ios
e
fins
n a
educação.-
\.
Po r q ue s e deve
dese ja r
a introdução da
socio log ia
n o ens ino
secundár io
brasileiro: a ) po r causa
das
exigências dos
cursos un ivers i tá r ios , acessíveis atua l -
m e n t e , - j
q ue pre ssu põ em co nhe cim en to s prév ios da
matér ia? b ) porque é preciso criar condições
plás-
t icas
de fo rma çã o da pers o na lida de e de preparação
para
a
v ida n a
sociedade
bras i le i ra?
Qua is são
as f unções
que
o
ens ino
da so cio lo g ia está
em condiçõe de preenche r a tu a lm e n te n a
escola
s e -
cundár ia
brasileira
e , em particular, em que sen-
tido poderá contribuir pa ra alterar o s is tema edu-
cac i ona l bras i l e i r o , de modo a fa ze r com que
a
educação se t o r ne um
“instrumento consc ien te
de
progresso soc ia l ”
nos
d i fe ren tes meios socia is em
que
se
integra
n o
Brasil?
Qua i s
sã o as a lte ra çõ e s de o rdem pe da gógica , q ue
ser iam
aconse lháve is ,
tendo-se em vi-ta as
condições
de i n t eg ração estrutural e
de f u nc i onamen t o
da
e s -
co la secundár i a
b ra s ile ira , p a ra
que o
ens ino
da
soc io log ia possa preenche r as f unções ass ina ladas?
Quan to ao
alcance das inovaçõe s,
com
f undamen to
soc io lóg ico : a ) d o ginásio
compo r t a r i a
ou não um a
disciplina
com
o
nome
de
“E l emen tos
de
Ciênc ias
, S o c ¿ ‹ m I s ” , °
onde dever ia se r l oca l i zada tal disciplina;
e
q u a l ser ia
seu
con teúdo i dea l? ;
b ) o
colégio
deve r i a
voltar a
po ss uir u m a
estrutura
ma i s flexi-
ve l , n a qual s e i n t roduz isse , conven ien temen te , o
ensino epec ia l de
matér ias como
a
psicologia,
a
economia
e
a
sociologia,
ou
ser ia aconselhável
man -
ter
-uma disciplina
un i f i cada , como
um
curso ma i s
ad ian tado- de
0 iene i as
Soc ia i s ”
?
106