Urgências oftálmicas
Urgências oftálmicas
Queimaduras oculares
Queimaduras oculares
Físicos ou químicos
Pode levar a cegueira
Acidentes de trabalhos ou domésticos
Agentes químicos:
- ácidos
- álcalis (amônia, hidróxido de cálcio, soda caustica)
Fisiopatologia
Álcalis: causam reação de saponificação das
membranas oculares; rápida e profunda penetração nos
tecidos.
Ácidos: causam desnaturação e precipitação de
proteínas, formando uma espécie de barreira à
penetração dos ácidos fracos.
Fisiopatologia
Alterações oculares são proporcionais a:
- toxicidade
- concentração
- volume
- penetração
- duração da exposição
Sinais e Sintomas
Dor
Lacrimejamento
Blefarospasmos
Devido lesão direta às terminações nervosas do epitélio da córnea, da conjuntiva e das
pálpebras
Sinais e Sintomas
Aumento súbito da pressão ocular (casos graves)
Causada pela quebra do colágeno e liberação de células inflamatórias
Glaucoma (tardiamente), por sinéquias
Sinais e Sintomas
Hipotensão e phthisis bulbi
Devido lesão do corpo celular e alteração na produção do humor aquoso
Acometimento da íris e do cristalino: midriase e catarata
Classificação
Grau Alteração ocular Prognóstico
I Dano epitelial corneano sem isquemia límbica Bom
II Córnea levemente opaca sem obscurecer os
detalhes da íris e isquemia afetando menos
de 33% do limbo
Bom
III Perda total do epitélio córneo, opacificação
corneana causando obscurecimento dos
detalhes da íris e isquemia entre 1/3 e ½ do
limbo
Reservado
IV Córnea opaca obscurecendo a observação
da íris e isquemia, afetando mais da metade
do limbo
Ruim
Classificação – Nova Proposta
grau prognostico Envolvimento
límbico
Envolvimento
conjuntival
I Muito bom 0h 0%
II Bom <3h <30%
III Bom >3-6h >30-50%
IV Bom a
reservado
>6-9h >50-75%
V Reservado a
pobre
>9-<12h >75 - <100%
VI Muito pobre 12h 100%
Tratamento
Cuidados imediatos (pré-hospitalar)
- Irrigar abundantemente o local com água limpa ou
solução isotônica (não tóxica)
Cuidados imediatos (hospitalar)
- Irrigar cuidadosamente: pálpebras, fórnices e conjuntiva;
com eversão das pálpebras
Tratamento
Antibiótico de amplo expectro (quinolonas de terceira e
de quarta geração)
Cicloplégicos para diminuir a dor (espasmo ciliar)
Beta bloqueador ou alfa-2-adrenérgico: se houver
hipertensão ocular
Corticóide tópico para diminuir inflamação (7-10 dias)
Tratamento
Acido ascórbico sistêmico pode diminuir risco de
ulcerações
Lubrificantes (colírios ou gel) oferece alívio na
sintomatologia e favorece a reepitelização
Lente de contato (?)
Tratamento
Cuidados a médio e longo prazo:
- Membrana amniótica: Promove reepitelização
Inibe proteinases
Atividade antiinflamatória
- Celulas-tronco quando há grande destruição do limbo
(neovascularização e conjuntivação da córnea)
- Transplante de córnea ( reabilitação visual)
Glaucoma Agudo
Glaucoma Agudo
Definição:
Aumento agudo da pressão intra-ocular por diminuição / obstrução abrupta da drenagem do humor aquoso pela malha trabecular
Pode ser primário ou secundário (assoc. a doença sistêmica ou não)
Predisposição: individuos com CA reduzida
Epidemiologia Mais freqüente em mulheres (3:1)
Quarta e quinta década de vida (aumento do
comprimento axial do cristalino com a idade)
Hipermétropes (aumenta chance)
Esquimós e asiáticos (China, Cingapura, Mongólia e Sul
da Índia) e África do Sul – glaucoma de fechamento
angular
História familiar – aumenta chance
DM tipo 2 (maior sensibilidade por agonistas
autonomicos-oclusão do seio camerular)
Etiologia
CA rasa, córnea plana,
ângulo fechado, fatores
precipitantes (ambiente semi
escurecido, drogas
midriáticas).
Sinais e Sintomas Hiperemia
Dor
Edema epitelial e estromal
Edema de córnea
Atrofia íris
Catarata
Fotofobia
Diminuição da acuidade visual
Injeção ciliar
Média midríase paralítica (diminuição ou lentificação do reflexo pupilar do olho)
Pressão maior que 40mmHg e de forma aguda
Tratamento
Clínico - crise - Pilocarpina 2% , Manitol
Cirúrgico - Iridectomia e Iridotomia
Trauma Perfurante
Etiologia e Epidemiologia Dados imprecisos- não sistema unificado de registro de
trauma ocular ( no Brasil)
Incidência: > em homens (20-40 anos)
Acidente automóveis e ocupacionais
Coleta de História
Mecanismo de trauma (como?; se usava óculos)
Segmento anterior: suspeitar de corpo estranho Composição: ferro, plático, vidro : - toxicidade, contaminação microbiana
(vegetais); - Método de imagem
Trauma contuso associado: ruptura de do globo
(esclerais)
Exames
Medida de acuidade visual
Pupila: forma, localização, tamanho
Reflexos pupilares
Motilidade ocular extínseca
Ectoscopia: pápebras, simetria facial,
hematomas
Biomicroscopia: vias lacrimais
Exames Conjuntiva e Esclera: sangramentos, irregularidade,
exposição de tecido, laceração, corpos estranhos
Córneas: Profundidade da lesão, teste de Seidel (espessura da cónea)
Cãmara anterior: profundidade, luxação do cristalino, restos (cristalino, vítreo, c. estranho)
Íris: Iluminação- irregularidade, perfurações, herniação
Cristalino: Posição, transparência, integidade de cápsula
Pia: Não- laceração corneana ou ruptura do globo
Retina: descolamento, roturas
Sinais de perfuração: Hemorragia (retina, subconjuntiva), pia diminuída, corectomia, assimetria de profundidade de c. anterior
Exames de Imagem Radiografia: Corpo estranho metálico,
fraturas
TC de órbita: c.e. não metálico de até 1mm
RMN: Não usar em presença de c.e. metálico
imantável
USG ocular: Evitar até fechamento ocular
Tratamento Laceração de córnea parcial: LC terapêutica, atb
tópico profilático
Laceração <2mm – adesivo tecidual
Laceração > 2mm + outras estruturas: internação,
reparação cirurgica, reposicionar tecido
Prevenção de endoftalmite com atb sistêmico ( cefalo
+ aminogl)
Prolapso de íris: >24h excisão; < lavar com soro+
reposicionar
Lesão de cristalino: subluxado – extração primária;
lesão de cápsula anterior – remover cristalino por
aspiração
P.O.: Após cirurgia- atb e corticosteroide (ambos
tópicos)
Corpo Estranho Superficial: Conjuntiva e
Córnea
Definição
Trauma ocular fechado secundário a partículas em movimento que atingem o globo externo.
O corpo estranho fica alojado na conjuntiva e/ou na parede ocular que não resulta em defeito corneo-escleral de espessura total.
Corpo Estranho Superficial: Conjuntiva e
Córnea
Epidemiologia
Homens com menos de 39 anos
Etiologia
Proteção ocular- atividades de risco
Explosão de pólvora
Picada de insetos
Corpo Estranho Superficial: Conjuntiva e
Córnea
Sinais
Corpo estranho corneano c/ ou s/ halo de
ferrugem
Corpo estranho conjuntival
Erosões corneanas lineares verticais-
conjuntiva palpebral superior
Corpo Estranho Superficial: Conjuntiva e
Córnea
Sintomas
Sensação de corpo estranho ocular
Lacrimejamento
Irritação ocular
Dor
Fotofobia
Olho vermelho
Corpo Estranho Superficial: Conjuntiva e
Córnea Diagnóstico
Anamnese – mec. do trauma, tipo de material
Exame oftalmológico
Inspeção com lâmpada de fenda
Diagnóstico diferencial
Sind. do olho seco, blefarite, conjuntivite viral,
erosão corneana, lentes de contado, tumores,
hemorragia, CE intra-ocular
Corpo Estranho Superficial: Conjuntiva e
Córnea
Tratamento
Superficial – cotonete
Profunda – agulha e pinça
Múltiplos superficiais - irrigação
Halos de ferrugem - raspagem
Corpo Estranho Superficial: Conjuntiva e
Córnea
Tratamento
Ceratite infecciosa – ulcera infecciosa
CE conjuntival e subconjuntival
Lacerações conjuntivais - sutura
Corpo Estranho Superficial: Conjuntiva e
Córnea
Tríade terapêutica:
Instilação de ciclopentolato a 1% colírio – espasmos, dor, fotofobia
Antimicrobiano de amplo espectro
Curativo oclusivo
Evolução
Cicatriz em 24 a 48 h
Corpo Estranho Intra-ocular
Epidemiologia e Etiologia
Traumas oculares penetrantes- 5,7 a
40%
Homem, acidentes de trabalho,
automóveis e ambientes rurais
Danos – características CE, lesão de
estruturas adjacentes e pela extração
Corpo Estranho Intra-ocular Siderose- ferro
Toxicidade – proc. Degenerativos, alterações pigmentares, destruição celular
Heterocromia, meia midríase, depósitos acastanhados sobre as cels. epiteliais , degeneração pigmentar da retina, esclerose das artérias retinianas, glaucoma 2°.
Corpo Estranho Intra-ocular
Calcose - cobre
Extra celular
Anel de Kayser-Fleisher, catarata em
sunflower, íris esverdeada, depósito
de cobre
Corpo Estranho Intra-ocular
Diagnóstico
Anamnese
Exame oftalmológico- perfuração oculta
(laceração palpebral, hemorragia subconj.,
diminuição da profundidade da câmara
ant., reação infl. e hipotonia) e presença
do CEIO
Corpo Estranho Intra-ocular
Exames complementares
Rx
USG – posição, tamanho, estruturas
adjacentes
TC
RNM – contra indicado
Eletrorretinograma
Corpo Estranho Intra-ocular
Tratamento
Reconstrução da estruturas oculares
CE pequenos não envolvidos por vítreo
condensado e/ou hemorrágico sem
descolamento de retina – Eletroímã via
esclerotomia
Corpo Estranho Intra-ocular
Tratamento
CE maiores com alterações
vitrorretinianos – vitrectomia com remoção
do vítreo, hialóide, hemorragia vítrea e
resto lenticulares.
Corpo Estranho Intra-ocular
Evolução
Extensão inicial da lesão
Localização
Tamanho do CE retido
Acuidade visual
Trauma Contuso
Agressão física sobre o globo ocular sem solução de continuidade
Conjuntura Impacto na saúde, bem-estar do paciente e na
organização socioeconômica do SUS
G variável e prevenível com equipamento adequado para
cada atividade, OMS estima cerca de 55 milhões/ano
responsáveis pela perda de dias de trabalho 1,2
Alta prevalência de trauma ocular relacionado ao
trabalho,adultos jovens, > homens 3
Epidemiologia e tendência dos traumas = propor e rever
estratégias de prevenção
1. Karlson TA, Klein BE. The incidence of acute hospital-treated eye injuries. Arch Ophthalmol. 1986;104(10):1473-6.
2. Négrel AD, Thylefors B. The global impact of eye injuries. Ophthalmic Epidemiol. 1998;5(3):143-69. Comment in: Ophthalmic Epidemiol. 1998; 5(3):115-6
3. Cecchetti1 DFA, Cecchetti SAP, Nardy ACT, Carvalho SC, Rodrigues MLV, Rocha EM. Perfil clínico e epidemiológico das urgências oculares em pronto-socorro de referência. Arq Bras Oftalmol.
2008;71(5):635-8
Etiologia Varia de acordo com a população e o período de estudo 1,2
38,7% ocorrem por acidente de trabalho, ficando a
agressão (por assalto) em 4º lugar1,2
1. Cecchetti1 DFA, Cecchetti SAP, Nardy ACT, Carvalho SC, Rodrigues MLV, Rocha EM. Perfil clínico e epidemiológico das urgências oculares em pronto-socorro de referência. Arq Bras Oftalmol.
2008;71(5):635-8
2. Bison SHD von F, Reggi JRA. Traumas oculares: nosologia de 1171 casos. Arq Bras Oftalmol 1995;58:105-11.
Sinais
Hemorragia subconjuntival simples
Hifema (sangramento na câmara anterior)
Subluxação ou luxação do cristalino
Catarata traumática
Hemorragia vítrea
Edema retiniano
Descolamento da retina
Cecchetti1 DFA, Cecchetti SAP, Nardy ACT, Carvalho SC, Rodrigues MLV, Rocha EM. Perfil clínico e epidemiológico das urgências oculares em pronto-socorro de referência. Arq Bras Oftalmol.
2008;71(5):635-8
Fratura orbitária 1,2
Teto da órbita: pode afetar seios paranasais ou provocar
rinorréia cérebro espinal. Encaminhamento ao ORL e Neuro
Ápice: lesão do n. óptico
Mediais: lesão do sistema lacrimal, limitação da motilidade
ocular (encarceramento do m. reto medial)
Assoalho (explosão): aprisionamento do m. reto inferior e m.
oblíquo inferior, enoftalmia e afundamento do olho no seio
maxilar
1. Cecchetti1 DFA, Cecchetti SAP, Nardy ACT, Carvalho SC, Rodrigues MLV, Rocha EM. Perfil clínico e epidemiológico das urgências oculares em pronto-socorro de referência. Arq Bras Oftalmol.
2008;71(5):635-8
2. Bison SHD von F, Reggi JRA. Traumas oculares: nosologia de 1171 casos. Arq Bras Oftalmol 1995;58:105-11.
Sintomas
Baixa acuidade visual
Embaçamento visual
Dor ocular
Fotofobia
Fotopsias e floaters
Sensação de corpo estranho
Amaurose fugaz
Cecchetti1 DFA, Cecchetti SAP, Nardy ACT, Carvalho SC, Rodrigues MLV, Rocha EM. Perfil clínico e epidemiológico das urgências oculares em pronto-socorro de referência. Arq Bras Oftalmol.
2008;71(5):635-8
Exame clínico Exame oftalmológico completo Anamnese: Atividade no momento trauma, tempo, objeto envolvido
Medida da Acuidade visual com a melhor correção
Ex. oc. Externo (edema, equimose ou laceração palp., palpação das estr.
osseas orb.)
Biomicroscopia: alt. Conj, córnea e cristalino , sinais de uveíte
Medidas PIO
Tomo (OCT): espessamento área macular (Edema de Berlim) ou bruraco macular
USG: se opacidade de meios (catarata, hemo vítrea)
Radiog. : Fraturas?
Cecchetti1 DFA, Cecchetti SAP, Nardy ACT, Carvalho SC, Rodrigues MLV, Rocha EM. Perfil clínico e epidemiológico das urgências oculares em pronto-socorro de referência. Arq Bras Oftalmol.
2008;71(5):635-8
Conduta Obs. Se equimose ou edema palp, hemor conjuntival, edema de
Berlim
Curativo oclusivo com pomada cicatrizante (laceração
conjuntival, desepitelização corneana –lente de contato)
Corticosteróide tópico e midriático (uveíte traumática e
sinéquias)
Fotocoagulação com laser de argônio (bloqueio de roturas e
diálise)
Cirurgia (laceração palp. Extensa ou conjuntival, catarata, luxação cristalino,
hemo vítrea densa ou descolamento retina)
Cecchetti1 DFA, Cecchetti SAP, Nardy ACT, Carvalho SC, Rodrigues MLV, Rocha EM. Perfil clínico e epidemiológico das urgências oculares em pronto-socorro de referência. Arq Bras Oftalmol.
2008;71(5):635-8
Evolução
Favorável – quando não interv. Cirúrgica
Reservado se lesão segmento posterior (descolam.
De retina, rotura coróide, avulsão n. óptico)
Cecchetti1 DFA, Cecchetti SAP, Nardy ACT, Carvalho SC, Rodrigues MLV, Rocha EM. Perfil clínico e epidemiológico das urgências oculares em pronto-socorro de referência. Arq Bras Oftalmol.
2008;71(5):635-8
Síndrome do Bebê Sacudido
Definição Alterações causadas por mov. A/desaceleração assoc. a F
de rotação – 0-5 anos
Tríade: Encefalopatia, Hem. Retiniana e subdural 1
Atentar para história incompatível, múltiplas admissões,
deterioração at. Escolares, atraso DNPM
Sinais de maus tratos, lesões de tecidos, queimaduras,
fraturas ósseas
Internação mandatória
1. Souza GL, Kantorski. Maus tratos na infância. Fam. Saúde Desenv., Curitiba, v5, n.3, p. 213-222, set/dez. 2003