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Universit Degli Studi Di Bergamo
Facolt di Scienze della Formazione
Dottorato di Ricerca in Scienze Pedagogiche
Ciclo XXIII
Formao Contnua dos Docentes
na Universidade Pedaggica Moambique
Crisalita Armando Djeco Funes
Matrcula: 1004602
ANNO ACCADEMICO 2011 / 2012
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Formao Contnua dos Docentes
na Universidade Pedaggica Moambique
Autora: Crisalita Armando Djeco Funes
Matrcula: 1004602
Tutor: Prof. Doutor Walter Fornasa
ANNO ACCADEMICO 2011 / 2012
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NDICE
______________________________________________________________________
Declarao de honra.....v
Lista de siglas e abreviaturas..vi
Lista de figuras...vii
Lista de tabelas..........viii
Lista de grficos..ix
Dedicatria.......x
Agradecimentos......xi
Resumo......xiv
Abstract..xv
Abstratto....xvi
CAPTULO I
..................................................................................................................
17 INTRODUO
..............................................................................................................
17 CAPTULO II
.................................................................................................................
30
REFLEXES EM TORNO DA FORMAO DOS DOCENTES
.............................. 30 2.1. Breve olhar sobre a formao
dos professores em Moambique ........................ 30
2.1.2. Segunda fase: ps-independncia
.................................................................
31
2.2. Das Origens da Universidade
..............................................................................
33 2.3 Uma instituio superior vocacionada formao de professores
....................... 36
2.4. Reflectindo em torno do conceito Formao
................................................... 37
2.4. Papel dos intervenientes no PEA na universidade
.............................................. 39
2.4.1. Papel/funes do docente
.............................................................................
39 2.4.2. Papel do estudante
........................................................................................
43
2.5. Adoptar um ensino e aprendizagem construtivista
.............................................. 44 2.6. Mtodo
expositivo, o mais utilizado e o mais controverso
................................. 47 2.7. Uso dos seminrios no
ensino universitrio
........................................................ 49
2.8. Do conceito Qualidade de Ensino
.......................................................................
51 2.8.1. Indicadores de garantia da Qualidade do Ensino
............................................. 54
2.8.1.1. Ambiente escolar
...........................................................................................
55 2.8.1.2. Prticas pedaggicas
......................................................................................
56 2.8.1.3. Critrios da avaliao
....................................................................................
56
2.8.1.4. Democraticidade de gesto do PEA.
............................................................. 57
2.8.1.5. Nvel de formao e condies de trabalho dos docentes
............................. 57
2.8.1.6. Condies fsicas do estabelecimento de ensino
........................................... 58 2.8.2. Qualidade dos
docentes versus qualidade dos graduados
................................ 59
2.8.3. Repensando a formao do docente universitrio
............................................ 61 2.9. Superviso
pedaggica no contexto universitrio
............................................... 63 2.10. Para qu e
como avaliar na
universidade...........................................................
66 2.10.1. Portflio como instrumento alternativo da avaliao
..................................... 71 2.10.2. Necessidade de
auto-avaliao
.......................................................................
73
2.11. Como desenvolver competncias na universidade?
.......................................... 75 2.12. Formao inicial
e formao permanente
.......................................................... 77
2.12.1. Princpios norteadores da formao docente
.................................................. 80
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15
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
2.12.1.1. Ter uma prtica reflexiva e de auto-formao permanente
........................ 81
2.12.1.2. Ter uma atitude simultaneamente crtica e actuante
.................................. 81 2.12.1.3. Tornar-se
investigador e ser capaz de inovar
............................................. 82 2.13. O Currculo
........................................................................................................
83 2.13.1. Um olhar ao currculo do ensino superior
...................................................... 84 2.13.2.
Novas teorias sobre o currculo
......................................................................
85
2.13.2.1. Teorias da legitimao
................................................................................
85 2.13.2.2. Teorias processuais
.....................................................................................
85 2.13.2.3. Teorias Estruturais
......................................................................................
86 2.13.2.4.Teorias construtivistas
..................................................................................
86 2.14. Metamorfoses curriculares da Universidade Pedaggica
.................................. 87
Concluso ao captulo II
.............................................................................................
89 CAPTULO III
...............................................................................................................
91
METODOLOGIA DE PESQUISA
................................................................................
91
3.1 Percurso metodolgico
.........................................................................................
91 3.1.1 Mtodos tericos
...............................................................................................
91 3.1.1.1. Mtodo histrico-lgico
................................................................................
91 3.1.1.2. Modelao
.....................................................................................................
91
3.1.1.3. Mtodo sistmico-estrutural:
.........................................................................
91 3. 1.2. Mtodos empricos
..........................................................................................
92
3.1.2.1. Anlise documental
.......................................................................................
92 3.1.2.2. Observao
....................................................................................................
92 3.1.2.3. Inqurito
........................................................................................................
92
3.1.2.4. Entrevista
.......................................................................................................
92 3.1.2.5. Mtodo estatstico
..........................................................................................
92
3.1.2.6.
Pr-experimetao.........................................................................................
92 3.2. Universo e amostra
..............................................................................................
93
3.3. Campo de estudo e razes da sua escolha
........................................................... 94 3.4.
Operacionalizao das variveis
..........................................................................
95 3.4.1. Varivel independente
.......................................................................................
95
3.4.2. Varivel dependente
..........................................................................................
95
3.4.3. Variveis estranhas
...........................................................................................
96 3.5. Instrumentos de recolha dos dados
......................................................................
96 3.6. Diagnstico da situao
.......................................................................................
99 3.6.1. Reviso documental
..........................................................................................
99 3.6.2. Questionrio
...................................................................................................
100
3.6.3. Questionrio aos professores
..........................................................................
100 3.6.4. Entrevista semi-estruturada aos membros da Direco
Pedaggica .............. 101
3.6.5. Observao das aulas
......................................................................................
101 3.7. Mtodo de apresentao e anlise dos
dados..................................................... 103
Concluso ao captulo III
..........................................................................................
103
CAPTULO IV
.............................................................................................................
104 PROPOSTA FORMATIVA DOS DOCENTES
............................................................
104
4.1. Componentes essenciais da formao
............................................................... 104
4.1.1. Formao Profissional
....................................................................................
105 4.1.2. Formao Psico-Pedaggica e Didctica
........................................................ 107
4.1.2.1. Adoptar um ensino e aprendizagem baseados em resoluo de
problemas
..................................................................................................................................
108
-
16
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
4.1.2.2. Grupos tutoriais como forma de potenciar a participao
......................... 110
4.1.2.3. Explicao do uso de ficha de avaliao do trabalho em
grupo ................ 112 4.2. Sistema de trabalho cientfico-
metodolgico ................................................... 113
4.3. Estrutura do plano formativo cientfico-metodolgico
..................................... 117 4.3.1 Contextualizao
.............................................................................................
117 4.3.2. Diagnstico Inicial
..........................................................................................
119
4.3.3. Objectivos gerais da estratgia
.......................................................................
119 3.3.4. Aces estratgicas especficas
......................................................................
119 Concluso ao captulo IV
.........................................................................................
125
CAPTULO V
...............................................................................................................
127 APRESENTAO E ANLISE DE DADOS PS- FORMAO
........................... 127
5.1. Motivao para ingressar no ensino superior
.................................................... 128 5.2. Sobre
o perfil de sada profissional
desejada.....................................................
130
5.3 Caractersticas do docente universitrio na viso dos
estudantes ...................... 131
5.4. Caractersticas do estudante-ideal na viso dos prprios
estudantes ............. 132 5.5. O que dizem os docentes de si
prprios?
........................................................... 134
5.6. Qualidades do docente universitrio na viso dos docentes
.............................. 136 5.7. Mtodos de ensino usados
pelos docentes
......................................................... 137
Concluso ao captulo V
...........................................................................................
140 CONCLUSES E PROPOSTAS
.............................................................................
142
REFEERNCIAS BIBLIOGRFICA
.....................................................................
147 Anexos e Apndices
.................................................................................................
154
-
v
DECLARAO DE HONRA
Declaro que esta Monografia Cientfica resultado da minha
investigao e das
orientaes dos meus supervisores, o seu contedo original e todas
as fontes
consultadas esto devidamente mencionadas no texto, nas notas e
na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho no foi apresentado em nenhuma
outra instituio para
a obteno de qualquer grau acadmico.
Maxixe, 24 de Janeiro de 2012
___________________________________________________
Crisalita Armando Djeco Funes
-
vi
Lista de siglas e abreviaturas
ABRP- Aprendizagem Baseada na Resoluo de Problemas
CdE- Cincias da Educao
CFPPs - Centros de Formao de Professores Primrios
EFEP - Escolas de Formao e Educao de Professores
E. S Ensino Superior
E.S.G - Ensino Secundrio Geral
FACEP Faculdade de Cincias da Educao e Psicologia
FCLCA Faculdade de Cincias da Linguagem, Comunicao e Arte
FCNM Faculdade de Cincias Naturais e Matemtica
ESTEC Escola Superior Tcnica
ESCOG Escola Superior de Contabilidade
IES- Instituio de Ensino Superior
ISP Instituto Superior Pedaggico
IMP - Institutos Mdios Pedaggicos
MEC Ministrio de Educao e Cultura
MH - Mulheres e Homens
MIC- Metodologia de Investigao Cientfica
PEA Processo de Ensino e Aprendizagem
PEUP Plano Estratgico da UP
Pg. - Pgina
Ps.E- Psicologia Escolar
PPs - Prticas Pedaggicas
QNQ- ES - Quadro Nacional de Qualificao do Ensino Superior
RAUP Regulamento Avaliao da Universidade Pedaggica
SNATCA Sistema Nacional de Acumulao e Transferncia de
Crditos
Acadmicos
SNE- Sistema Nacional de Educao
Trim.- Trimestre
UCM- Universidade Catlica de Moambique
UP Mo- Universidade Pedaggica - Moambique
UP/SF Universidade Pedaggica / Sagrada Famlia
-
vii
Lista de Figuras
Figura 1 Funes da universidade e do docente
Figura 2 Pirmide da aprendizagem
Figura 3 Fases da concepo pedaggica do processo de
profissionalizao do
docente
-
viii
Lista de tabelas
Tabela 1 Varivel independente por categorias e indicadores
Tabela 2 Ficha de avaliao do trabalho em grupo
Tabela 3 Estrutura temtica da formao
-
ix
Lista de grficos
Grfico 1 Motivao dos estudantes da opo pelo ensino superior
Grfico 2 Caractersticas do docente ideal, na opinio dos
estudantes
Grfico 3 Caractersticas do estudante universitrio ideal, dadas
pelos
estudantes
Grfico 4 Motivao para ensinar no nvel universitrio
Grfico 5 Qualidade do docente universitrio na viso dos
docentes
Grfico 6 Mtodo de ensino utilizado pelos docentes
-
x
Dedicatria
Ao Meu esposo Marcelo e minha filha Cecy!
Eles do sentido a tudo o que fao.
-
xi
Agradecimentos
Embora uma tese de doutoramento parea uma obra individual,
sempre fruto de um
processo cooperativo no qual esto envolvidas muitas pessoas que
nem cabem nestes
pginas reservadas para os agradecimentos. Por isso quero
manifestar a minha gratido:
A Deus pela vida e proteco em todos os momentos e circunstncias
individuais e
familiares. pela Sua graa que sou o que sou e cheguei a esta
etapa dos estudos.
Aos Professores Doutores Walter Fornasa, meu orientador e Hans
Saar, co- orientador
da tese, pelo abnegado acompanhamento que permitiu com que o
presente trabalho
fosse uma realidade, por me guiarem e auscultarem as minhas
inquietaes.
congregao da Sagrada Famlia na pessoa do Superior Geral Padre
Michelagelo
Moiolli que me acolheu e sempre confiou que podia contribuir
para a realizao do
sonho da fundadora desta famlia que , evangelizar educando.
Ao Padre Gianmarco Paris, Superior Regional da Congregao da
sagrada Famlia em
Moambique pelo estmulo e encorajamento para continuar a
trabalhar e pela sua
disponibilidade em ajudar.
Ao Padre Ezio Lorenzo Bono, meu Director da Universidade, colega
dos estudos, pai e
amigo, que sempre me aceitou e acreditou no meu humilde trabalho
na Direco
Pedaggica, com quem juntos trocamos momentos alegres e menos
alegres que a
instituio passava e que com o seu encorajamento consegui chegar
a esta etapa.
Aos docentes da Universidade Pedaggica Sagrada Famlia
companheiros do percurso
na docncia com quem partilho as dificuldades e sucessos da
tarefa de ensinar e as
linhas de investigao atravs dos encontros mensais de formao
contnua em que cada
crtica e cada questionamento constituram um impulso para buscar
mais sem
enfraquecer.
Ao Mestre Hctor Morales, pelo apoio incansvel em analisar comigo
o fenmeno de
-
xii
formao de professores, pois com as suas crticas me ajudou a
formular a proposta de
formao dos docentes da Universidade Pedaggica Sagrada
Famlia.
dr Margarida, voluntria portuguesa, pela leitura crtica e
correco ortogrfica da
tese.
Ao dr. Ildio Macaringue pela ajuda na correco lingustica do
trabalho.
Ao dr. Daniel Muando e David pelo apoio na traduo do resumo.
Ao dr. Mateus Chabai, por disponibilizar o material e pelo apoio
tcnico na organizao
dos dados.
Aos docentes e colegas do curso de Doutoramento da Universidade
dos Estudos de
Bergamo pela pacincia, acolhimento e colaborao.
A todos estudantes da Universidade Pedaggica Sagrada Famlia, de
modo especial a
primeira turma de Cincias de Educao, com quem despertou em mim a
necessidade
do estudo do tema, porque com as suas perturbaes positivas
alteraram meus esquemas
fixos e me ajudaram a crescer profissionalmente.
s Famlias Panza, Carminatti e Fratus pela disponibilidade que
sempre tiveram em
acolher-me no tempo dos estudos presenciais, e em cuidar da
minha filha quando tive
que viajar com ela porque a idade assim o ditava.
Ao meu esposo Marcelo, pela confiana incondicional em me deixar
prosseguir com os
estudos. Por aceitar acompanhar-me nesse desafio que muitas
vezes significou
ausncias e distncia, e por se fazer sempre presente com o seu
apoio moral e
observaes crticas ao trabalho.
minha filha Ceclia, que aprendeu desde tenra idade o sentido de
sacrifcio e que com
o seu sorriso reanima as minhas energias.
memria do meu querido pai que no colheu o fruto de todo apoio
que sempre que
me deu e que com a sua com a sua inteno para ver longe, foi
sempre firme em
incentivar me para avanar nos estudos. Que da eternidade aceite
a minha sincera
-
xiii
gratido.
minha me que mesmo sem entender o que significa cada passo de
estudo que dou,
me tem apoiado e encorajado deveras, moral e
espiritualmente.
E a todos que directa ou indirectamente colaboraram comigo na
materializao deste
estudo, o meu sincero reconhecimento.
-
xiv
RESUMO
As mudanas que ocorrem em diferentes domnios da vida
scio-cultural, poltica e econmica impe, s universidades em geral e
aos docentes em particular, o desafio de
uma actualizao contnua das suas competncias, com vista a um
desempenho efectivo
das suas funes de docncia, pesquisa e exteno, conforme as
exigncias da demanda
social.
neste contexto que se analisa, na presente tese, o processo de
formao contnua dos
docentes universitrios. Dos vrios factores que impulsionaram a
escolha deste tema,
destaca-se o facto de ser cada vez mais elevado o nmero de
candidatos ao ensino
superior que vem na universidade a oportunidade de formao e
colocao laboral
como docentes universitrios, pelo que muitos deles so jovens em
idade e em
experincia de ensino a este nvel.
Atravs de inqurito, da observao de aulas, do questionrio (aos
estudantes, docentes e
membros de direco pedaggica da Universidade Pedaggica), os dados
colhidos,
analisados e interpretados levaram-nos s seguintes concluses: h
uma tendncia para
o alargamento das oportunidades de acesso ao ensino superior a
um nmero cada vez
maior de candidatos, o que positivo. Todavia, este processo no
est sendo
acompanhado de uma formao contnua dos docentes que leccionam
neste nvel, o que
faz com que grande parte destes trabalhe apoiado em metodologias
centradas no
professor, enfatizando a exposio feita por eles e pelos
estudantes divididos em
pequenos grupos.
Face a isso, propomos que se invista na formao contnua e
sistemtica do docente
universitrio, como forma de capacitar o docente a um desempenho
cada vez mais
eficiente e competente das suas funes, para mais eficazmente
saber orientar os
estudantes a aprender a aprender, evitando, deste modo, o perigo
de converter a
universidade em simples fbrica de diplomas.
Palavras-chave: Docente Universitrio, Formao Contnua e
Profissional.
-
xv
Abstract
The changes that take place in socio-cultural, political and
economical fields of action
enforce universities in general and particularly lecturers to
undertake further training in
order to perform effectively in lecturing, researching and
extension, as a way of
universities being cautions of social changes.
In this context, it is discussed in the present thesis, the
continuous process of university
teachers training. Among the factors that impelled us to choose
the present topic, it is
that fact that there are many students wanting to undertake
University courses
stimulated by the growing number of prospective students who
undertake university
courses with the inspiration of becoming university teachers
soon they complete their
degrees. Therefore, most of the university teachers are young
and novice in teaching at
this level.
For data collection method, we used observation, questionnaires
for both students and
teachers and conducted interviews with the members of Board of
Directors from
Pedagogical University. For data analysis, the data is grouped
in categories for its better
understanding. Basing on the collected information, we have
noticed that there is an
increase of prospective students with opportunity of doing
university courses. However,
this process does not happen alongside with service training or
capacity building.
Consequently, this situation leads to the use of teacher-centred
approach.
In this regard, we recommend a systematic and in-service
training of University
teachers as a way of developing their teaching skills and
performance in order to guide
their students to learn to learn, avoiding universities becoming
enterprises of
diplomas.
Key words: University Teacher; In-service Training.
-
xvi
Abstratto
Gli innumerevoli cambiamenti che si verificano su pi fronti
nella vita socio-culturale,
politica e economica, inpongono, alle universit in generale e
piu nello specifico ai
docenti, la sfida costante e continua di un auto aggiornamento
delle proprie competenze,
allo scopo di milgiorare il proprio rendimento nellinsegnamento,
la ricerca e
lestensione, seguendo le esigenze della societ
contemporanea.
E in questo contesto che si analizza, nella presente Tesi, il
processo di formazione
continua dei Docenti universitari. Tra le varie ragioni che han
portato alla scelta di
questo tema, vi la domanda sempre crescente di persone che
cominciano la
formazione Universitaria, vedendo in ci una opportunit di
crescita accademica e di
una migliore collocazione nellambito lavorativo.
Attraverso interviste, monitoria delle lezioni e di questionari
fatti agli studenti, ai
docenti e al corpo direttivo dellUniversit Pedagogica, abbiamo
racolto ed elaborato
dati la cui analisi ci h portato alle seguenti conclusioni: vi
una tendenza allaumento
di inscritti alluniversit ed alla formazione superiore in
generale ed anche un
ampliamento delle opportunit di formazione superiore, il ch
risulta essere un dato
fortemente positivo. Tutta via questo fenomento non accompagnato
al contempo da
una formazione dei proprio docenti universitari. Ci pu far s che
gran parte della
formazione sia basata solo sulle conoscenze del docente.
Dinanzi a questa situazione la nostra proposta quella di
investire sempre pi nella
formazione continua dei docenti universitari, come forma di
arrichimento delle capacit
degli stessi, perch siano sempre pi efficienti e competenti nel
formare gli studenti,
riuscire a creare la volgia e la curiosit nello studente di
sapere sempre pi, di
apprendere ad apprendere, volendo con ci anche evitare
dincorrere nel pericolo di
ridurre luniversit ad una semplice fabbrica di Diplomi.
Parole-chiavi: Formazione continua, docenti univeritari.
-
CAPTULO I
INTRODUO
La Sapienza e lignoranza sono sempre relative. Nessuno sa o
ignora tutto. Chiunque, ricco o
povero, giovane e vecchio, maschio o femmina, laureato o senza
titolo di studio, conosce qualcosa e
ignora molto pi di qualcosaltro1.
O acelerado ritmo do progresso cientfico e tecnolgico que se
verifica nos nossos dias,
em todo o mundo, faz com que os conhecimentos que possumos
fiquem rapidamente
ultrapassados. Urge assim a necessidade de ressignificar as
universidades e a formao
docente para que o ensino superior (em Moambique) garanta aos
cidados, no s a
participao e o acesso, mas sobretudo uma educao de qualidade
capaz de responder
aos desafios do desenvolvimento social, cultural e econmico do
pas e do mundo.
Partindo do pressuposto de que ensino um servio que as
instituies escolares
prestam aos clientes (alunos), atravs dos seus serventes
(professores), a formao
docente aqui encarada como uma estratgia institucional para
garantir as competncias
dos seus agentes para que eles desempenhem as suas tarefas
dentro dos padres
exigidos, no s pelos utentes (estudantes), mas tambm pelas
necessidades da
sociedade que se v obrigada a um perptuo reajuste conjuntura
regional e
internacional. neste contexto que, sem ignorar os outros
factores a influentes, neste
trabalho prope-se a defesa da tese com o ttulo a formao contnua
do docente
universitrio um pressuposto para a garantia da qualidade de
ensino.
O Governo moambicano encara a educao e, mais concretamente, o
ensino superior,
como um direito fundamental de cada cidado, um instrumento para
a afirmao e
integrao do indivduo na vida social, econmica e poltica, um
factor indispensvel
para a continuao da construo de uma sociedade baseada nos ideais
da liberdade, da
democracia e da justia social, e como instrumento principal da
formao e preparao
1 A sabedoria e a ignorncia so sempre relativas. Ningum sabe ou
ignora tudo. Seja rico ou pobre,
jovem ou velho, homem ou mulher. Licenciado ou sem ttulo de
estudos, conhece alguma coisa e ignora
muito mais de outras coisas nossa traduo (Giuseppe BERTAGNA. Il
nuovo quadro di riferimento.
In: Annali dellistruzione no1-2: la formazione degli insegnanti
nella scuola della riforma. Roma, Le
Monnier, 2003: p. 5).
-
18
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
da juventude para a sua participao efectiva na edificao do
Pas
2. Contudo, os mais
recentes debates em torno da educao tm sido ocasies para
denunciar o baixo nvel
de ensino e aprendizagem, causado, em parte, pela falta de uma
formao/actualizao
contnua do corpo docente em exerccio.
As universidades moambicanas, assim como as de outros pases da
frica Subsaariana,
nestes ltimos cinco anos, esto a passar por um processo de
concorrncia caracterizado
por uma tendncia para a massificao do ensino superior sem se ter
em conta a
qualidade. No obstante a preocupao por parte das autoridades
governamentais em
melhorar a qualidade do ensino oferecido, existem problemas que
tm minado este
desejo, tais como a) a fraca formao dos professores que se
encontram a trabalhar; b)
a insuficincia de materiais e c) a falta de materiais de apoio
pedaggico3.
Esta situao faz com que cada professor a trabalhe em condies e
modalidades em
que se sente melhor e como resultado disso, grande parte dos
professores, de todos os
nveis, incluindo o superior, passam a trabalhar apoiados em
metodologias centralizadas
em si mesmos, enfatizando a repetio e a memorizao em detrimento
das
metodologias centradas no estudante.
Deste modo, a formao de professores uma problemtica de grande
actualidade e
relevncia nacional e internacional. Debate-se e estuda-se, por
diferentes autores e de
diversos pontos de vista, o processo de formao sobretudo no que
se refere formao
inicial e contnua dos professores. Este processo tratado por
autores como
desenvolvimento profissional do professor ou simplesmente formao
de professores.
Nesta linha, destacam-se autores como: Altet (2000); Galliani
(2002); Galliani e
Felisatti (2005); Garcia (1999); Gauthier (1999); Massetto
(2005); Niquice (2005);
Paquay (2001); Vasconcelos (2000) e Xodo (2002), todos na
vertente formao inicial e
contnua do docente, num mbito geral e pouco confrontado com a
realidade de um
docente duma universidade que se dedica, particularmente, formao
de professores
2 MINISTRIO DA EDUCAO. Estratgia para formao de professores 2004
2015. Maputo,
MINED, 2004: p. 4. 3 Stela M. DUARTE et al. Formao de
professores em Moambique. Maputo, Editora Educar, 2009: pp.
235ss.
-
19
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
(pedaggica).
No marco da sua profissionalizao, a formao inicial um perodo de
suma
importncia, pois a que assentam as bases para o bom desempenho
docente. o
perodo em que se enfrentam as primeiras experincias
sistematizadas na aprendizagem
do seu papel como profissional competente.
No nosso entender, a formao inicial significa um perodo
determinante dentro do
processo de apetrechamento profissional, j que constitui o
primeiro momento de
preparao para a aprendizagem das habilidades, com vista ao
saber-fazer ensinar.
Em geral, os docentes que do aulas nas universidades moambicanas
possuem um
curso superior (licenciatura, mestrado ou doutoramento), mas nem
todos tiveram a
oportunidade de passar por uma instruo inicial nos Centros de
Formao para
Professor de nveis primrio ou secundrio e no passaram pela UP4,
dado que provem
de cursos que no so vocacionados para o ensino. A nica
experincia que estes
possuem aquela dos seus professores, quando alunos, da a
necessidade de unir a
formao inicial quela contnua de modo a propiciar uma preparao
psico-pedaggica
do profissional e a sua aproximao progressiva ao mundo
universitrio, desde os
primeiros anos de trabalho, sem negligenciar os problemas que ao
longo de toda a vida
da docncia universitria ter de enfrentar.
Neste sentido, o estudo em causa pretende contribuir para o
aperfeioamento do
processo de capacitao profissional, inicial e contnua, dos
docentes novos (com
experincia igual ou inferior a cinco anos na carreira
universitria), propondo uma
preparao pedaggica e didctica, sustentada nos modos de actuao
profissional
competente e eficiente, partindo da premissa de que o bom ensino
universitrio depende
muito da qualidade dos docentes que se tm e esta (qualidade) no
um estado atingido
e acabado, mas sim uma cultura de busca contnua da melhoria do
prprio desempenho
por meio de superao, investigao e criatividade.
4 A Universidade Pedaggica (UP), criada em 1985, pelo Diploma
Ministerial n 73/85 de 4 de
Dezembro. uma Instituio de Ensino Superior (IES)
estatutariamente responsvel pela formao de
professores para todos os nveis do sistema de educao em
Moambique (pr-primrio, primrio,
secundrio, especial, tcnico-profissional e superior) e outros
quadros da educao (UNIVERSIDADE
PEDAGGICA. Bases e directrizes curriculares para os cursos de
graduao da Universidade
Pedaggica de Moambique. Maputo, 2008: p.6).
-
20
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
Se a aprendizagem se define como processo de aquisio de novos
comportamentos ou
conhecimentos5, ento o professor deve ser especialista na
matria; mas se a
aprendizagem for definida como uma descoberta pelo aluno, com um
certo grau de
autonomia em relao ao professor6, ento o professor deve ser um
especialista no
processo didctico (como aprender?), orientador do processo e no
transmissor de
conhecimentos. E sobre estas ideias que a autora se debrua ao
longo de todo o
trabalho, porque acredita ser importante a capacidade de unir as
duas competncias, a de
especialista na matria e a de especialista no processo didctico
- porque tambm o
professor que tem de sair formado da Universidade Pedaggica deve
levar consigo o
contedo, nunca acabado, e um leque variado de mtodos e
estratgias para bem
ensinar.
Neste enfoque, fundamentado a partir das referncias tericas
apresentadas no captulo
I do presente trabalho, prope-se uma concepo sistemtica,
integradora e
contextualizada do processo de capacitao profissional dos novos
docentes sustentada
no modo de actuao competente, ao expressar a relao entre objecto
de trabalho, que
a disciplina leccionada e o modo como esse ensino est a ser
levado a cabo, ao assumir
uma docncia responsvel e, acima de tudo, profissional.
Olhando para o historial da Universidade Pedaggica de Moambique,
vocacionada
formao de professores, vemos que esta tem a sua origem nos anos
80 como Instituto
Superior Pedaggico (ISP), ligado Universidade Eduardo Mondlane
(UEM), em
Maputo, cujos formadores no possuam nenhuma capacitao especfica
para a
instruo de professores, isto , a formao cingia-se mais ao mbito
do contedo das
disciplinas por leccionar e no ao mbito metodolgico7. Em 1985, a
responsabilidade
de formar professores nas universidades, passou da UEM para
UP.
Nestes primeiros dezoito anos, constatou-se que os currculos de
formao de
professores tinham quase 75% de teoria e apenas 25% de prtica8,
obedecendo a um
5 Raul MESQUITA & Fernanda DUARTE. Dicionrio de psicologia.
Lisboa, Pltano Editora-S.A.1996:
p.18. 6 Ramiro MARQUES. Dicionrio breve de Pedagogia. 2 Edio.
Lisboa, 2004: p. 7.
7 UNIVERSIDADE PEDAGGICA. Plano estratgico da Universidade
Pedaggica 2011-2017.
Maputo, 2010: pp. 19-21. 8 Ibidem: p. 21.
-
21
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
currculo de modelo sequencial
9.
Em 2004, h uma mudana no processo de formao de professores na
UP, com a
introduo do currculo integrado10
; a transformao dos cursos, na sua maioria
bivalentes em monovalentes, obedecendo a duas fases de formao,
Bacharelato e
Licenciatura.
Uma das grandes inovaes foi a introduo de Prticas Pedaggicas, a
partir dos
primeiros anos de formao, o que fez com que os formandos
passassem a ter a
possibilidade de entrar em contacto com a realidade da escola
durante todo o percurso
da sua formao. No entanto, o carcter formativo continua a
basear-se em contedos
tericos: constata-se uma persistncia no modelo de ensino baseado
na transmisso de
teorias, em detrimento da desejada educao pela prtica. Esta
realidade verifica-se
tanto na UP-sede, como nas demais faculdades que foram surgindo
nesses anos: UP-
Beira em 1989; UP- Nampula 1985; UP- Quelimane em 2001; UP-
Niassa, Gaza e
Maxixe em 2005; UP- Massinga em 2008, UP Manica e Montepuez em
200811
.
A UP, enquanto instituio formadora de professores (vocao
primeira) e preocupada
com a melhoria da qualidade da educao est, de 2007 a esta parte,
num processo de
renovao curricular, com vista a conformar-se com o Sistema
Nacional de Avaliao,
Acreditao e Garantia de Qualidade do Ensino Superior
(SINAQES)12
.
Um trabalho pormenorizado concernente ao processo de capacitao
profissional na
formao inicial, avaliado pelos resultados das observaes das
aulas dos docentes da
universidade, cuja ficha figura no apndice I, realizadas pela
autora deste trabalho em
confronto com os dados do questionrio (anexo VII) que serviu de
diagnstico,
9 Modelo ou orientao sequencial modelo ou orientao em que a
formao de professores faz-se pela
justaposio de conhecimento e de prticas, operando uma
compartimentalizao no tempo entre
formao em Cincias da especialidade, Cincias da Educao e as
actividades prticas (UNIVERSIDADE PEDAGGICA. Op. cit., 2008: p.
21). 10
Currculo integrado modelo ou orientao de formao de professores
em que as componentes das
Cincias da Educao, das Cincias da Especialidade e as actividades
prticas esto integradas na
organizao curricular (Ibidem: p. 20). 11
UNIVERSIDADE PEDAGGICA. Op. Cit., 2008: pp. 10ss. 12
Sistema Nacional de Avaliao, Acreditao e Garantia de Qualidade
do Ensino Superior (SINAQES)
criado pelo Decreto n 63/2007 de 31 de Dezembro. O SINAQES um
instrumento que o governo de
Moambique criou de modo a responder aos desafios impostos pela
crescente expanso de instituies de
ensino superior aliada necessidade de adequar o ensino superior
s necessidades internas e aos padres
regionais e globais de qualidade.
-
22
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
preenchido por 230 estudantes que frequentavam diferentes
cursos, em comparao com
os dados colhidos das diversas conferncias sobre Formao de
Professores em
Moambique (ver anexo II), Avaliao Educacional (ver anexo III) e
sobre
Didcticas e Prticas de Ensino em Moambique (ver anexo IV), levam
a sustentar
que o modo de actuao dos docentes na Universidade Pedaggica,
sobretudo os mais
novos na docncia, carece de um apoio pedaggico, por meio de uma
capacitao
direccionada a eles para suprir as seguintes dificuldades que os
estudantes consideraram
relevantes:
Insuficiente domnio da prpria rea de conhecimento, apontado por
70%;
Processo de ensino centrado no docente, com nfase nos contedos,
sem
utilizao correcta dos resultados do diagnstico, 75%;
Uso de testes de reproduo, para a avaliao, 95%;
Dificuldades em ajudar os estudantes a abraar a pesquisa como
caminho para a
aprendizagem. O docente limita-se a exigir que os estudantes
adquiram a
brochura (o estudante que no l, at chega a comprar a brochura em
duplicado,
sem se dar conta), mas depois disso nada faz para motiv-los a
fazer uso dela,
70%;
Insuficiente enfoque profissional durante o desenvolvimento do
processo de
ensino e aprendizagem pelos docentes e dificuldade de utilizao
de
metodologias de ensino adequadas ao nvel em que se encontram a
trabalhar
(predominncia do mtodo expositivo da matria), 85%;
Uso abusivo do seminrio como principal forma de docncia, que se
reduz
distribuio de temas a serem analisados e apresentao pelos
estudantes em
grupo do incio ao fim do semestre. Em geral, este trabalho
acompanhado pela
atribuio de nota colectiva aos membros do grupo, no obstante que
tenham
efectuado o trabalho apenas um ou dois estudantes, 95%;
Incoerncia nos critrios de avaliao: s vezes um nmero excessivo
de
estudantes dispensa (seno mesmo todos numa turma) em certas
cadeiras e
noutras todos reprovam acabando, deste modo, por criar-se duas
categorias: de
docentes bons e de docentes maus, 75%;
-
23
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
Predomnio do esprito de superioridade do docente ante os
estudantes, 90%,
facto que se traduz nas ameaas, repreenses pblicas e at
coaes13
.
Olhando-se pelos resultados deste diagnstico inicial pode-se
avaliar que o modo de
actuao do docente nas aulas incongruente com o desenvolvimento
profissional
desejado na Universidade Pedaggica, designadamente no
comportamento tico-moral,
na cultura de planificao das aulas e na modelao do PEA.
No nossa pretenso imputar toda culpa dos problemas de ensino
universitrio apenas
aos docentes. O nosso actual estudante universitrio tambm
responsvel pela
situao, razo pela qual a autora situa o problema em dois nveis:
o do professor
(principal ponto focal) e o do estudante universitrio (ponto
focal secundrio).
Num outro inqurito dirigido a 130 professores da universidade
pedaggica que
trabalham em diferentes reas, temos:
85% acha que os estudantes que frequentam o ensino superior
esto
preocupados, essencialmente, com o diploma do que com a aquisio
do
conhecimento;
75% diz que os estudantes vm despreparados14 do o ensino
secundrio o que
dificulta a insero no mundo de investigao que caracteriza o
estudo
universitrio;
80% afirma que os estudantes exigem que o professor dite os
apontamentos nas
aulas, o que demonstra a falta de capacidade de tomada
individual de notas.
Se por um lado, muitos dos professores que leccionam na
Universidade Pedaggica so
jovens, em idade e em experincia profissional, a maior parte dos
docentes situa-se na
faixa etria dos 30-40 anos e tem menos de 10 anos de ensino
superior15
, por outro
lado temos estudantes universitrios no preparados para o nvel
que se lhes compete
13
A estas atitudes tambm se d o nome de motivao negativa
psicolgica (Imdeo G. Nrici.
Introduo didctica geral. So Paulo, Atlas, 1991: p. 139), quando
o aluno tratado com severidade
excessiva, com desprezo ou lhe fazer sentir que no inteligente e
que menos capaz bem como quando
sofre crticas que o envergonhem o ridicularizem e at mesmo
fazer-lhe entender que a sua vida est nas
mo do docente, isto , o seu aprovar ou reprovar depende da
vontade do docente. 14
A palavra despreparado nossa criao a partir da compreenso das
ideias que os professores
transmitiam no debate em torno do tema Perfil do Docente e do
Estudante Universitrio realizado antes
do preenchimento do inqurito. 15
Stela M. DUARTE et al. Op. Cit., 2009: p. 202.
-
24
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
frequentar - no esto consciente de estar no nvel em que esto; o
que significa que da
parte do docente, as experincias por ele vividas quando
estudante repetem-se numa
cadncia cclica nos estudantes por ele orientados.
O docente reproduz o pouco ou o incompleto conhecimento que
conseguiu registar no
seu caderno cansado quando estudante, e aquele tenta captar o
que consegue de forma
a sair-se bem nas avaliaes.
Assim sendo, julgamos que altura de se repensar o papel do
docente universitrio e se
traar um programa de formao de um profissional que seja produtor
de conhecimento,
e no reprodutor, com grande preocupao na capacitao dos
estudantes em mtodos
de aprendizagem do que sobrecarreg-los de conhecimentos, na
maior parte das vezes,
desligados da vida e da realidade, ou seja o ensino deve estar
adequado ao mundo da
vida quotidiana, e s vlido o que se aprende para a superao das
necessidades da
vida como bem o afirma Bordenave que para o ensino se tornar
econmico, o que se
aprende deve ser aplicado nas diversas situaes (transferncia) e
no somente em que
se adquiriu a aprendizagem16
.
Enquanto os mtodos permanecero e sero sempre teis vida futura, o
conhecimento
tender sempre a cair no esquecimento, os mtodos permitiro a
transferncia do saber
para variadas realidades e desafios da vida, enquanto o
conhecimento pode ficar
ultrapassado. O conhecimento importante, mas mais importante
ainda , conforme os
autores supracitados, ensinar os estudantes a aprender, pois a
cultura no est na
quantidade do saber mas sim na qualidade.
Analisando o sistema actual de recrutamento dos docentes para as
universidades,
verifica-se que um dos critrios de aceitao para leccionao (no
ensino superior) a
nota mdia do certificado que tem de ser igual ou superior a
catorze (14) valores. Alm
disso, os docentes tm sido recrutados, na sua maioria, segundo a
lgica de que quem
domina uma rea de conhecimento, tem capacidade para ensinar, mas
depois disso,
pouco ou nada se faz para o acompanhamento e desenvolvimento
profissional deste
docente que teve a base inicial para ser aceite. A experincia
demonstra que os
conhecimentos de base no so suficientes para garantir a
qualidade no desempenho do
16
J. D. BORDENAVE & A. M. PEREIRA. Estratgias de ensino e
aprendizagem. 26 Edio. So Paulo,
Editora Vozes, 2005: p. 44.
-
25
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
docente.
Sobre a base deste reconhecimento das dificuldades, coloca-se
como situao
problemtica: a falta de reciclagens profissionalizantes contnuas
dos docentes da UP,
cuja misso formar a nvel superior, professores para todo o
ensino (infantil,
primrio, secundrio, especial, tcnico, profissional e superior) e
tcnicos para as
reas educacional e afins (cultural, social, econmica, desportiva
etc.)17
, resulta num
deficiente processo formativo (baixa qualidade de ensino e,
consequentemente, da
aprendizagem), caracterizado por ser assistemtico e carente de
uma concepo de
Modo de Actuao Profissional (MAP).
Desta anlise inicial, surge a seguinte questo: como contribuir
para a formao
contnua, dos docentes da Universidade Pedaggica, para o
aperfeioamento do seu
desempenho e garantia da qualidade superior em Moambique?
A actualidade do problema acima exposto enquadra-se no contexto
de Moambique a
contar com mais de 38 (trinta e oito) Instituies do Ensino
Superior que foram
surgindo nestes ltimos quinze anos, exceptuando a UEM que
existe, h mais de 30
(trinta) anos e a UP h 25 (vinte e cinco) anos. O problema ainda
mais actual para a
realidade das delegaes de Gaza, Massinga e de Maxixe (nosso
campo de estudo) que
tm apenas seis, cinco e seis anos de existncia, respectivamente,
e com um corpo
docente completamente novo.
Com esta pesquisa, pretende-se numa primeira fase analisar os
problemas que os
docentes universitrios principiantes sentem e vivem e, na
segunda desenvolver uma
proposta de capacitao contnua de docentes em modos competentes
de actuao
profissional e didctica, para um processo formativo tendente
elevao da qualidade
do seu desempenho e da do ensino na UP.
Para esta investigao, o objecto de estudo a formao contnua do
docente
universitrio nas suas variadas necessidades (cientfica,
pedaggica, tcnica, humana,
tica e social) e tem como campo de investigao e principal foco a
formao
profissional dos docentes novos da Universidade Pedaggica de
Moambique.
17
UNIVERSIDADE PEDAGGICA. Op. Cit., 2008: p. 22.
-
26
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
A investigao tem como principal objectivo analisar as
dificuldades enfrentadas pelos
docentes e desenhar uma estratgia metodolgica e implement-la na
formao contnua
dos docentes da Universidade Pedaggica em Moambique.
Da anlise e da relao entre o problema, objecto, campo e
objectivo da investigao,
determinam-se as seguintes perguntas cientficas:
1. Que fundamentos tericos e metodolgicos sustentam o processo
de formao
profissional e didctica contnua do docente, para a direco do PEA
do ensino
superior?
2. Qual o estado actual do processo de formao profissional e
didctica
contnua, para a direco do PEA no ensino superior por docentes
da
Universidade Pedaggica -Moambique?
3. Como implementar uma estratgia metodolgica para o
desenvolvimento
profissional e didctico contnuo do docente da UP- Moambique?
4. Que resultados se obtm com a implementao duma estratgia
metodolgica de
desenvolvimento profissional e didctico contnuo do docente da
UP-
Moambique?
Para dar resposta a estas perguntas cientficas acima colocadas,
realizmos as seguintes
tarefas:
1. Estudo dos fundamentos tericos e metodolgicas que sustentam o
processo de
formao profissional e didctica contnua do docente, para a direco
do PEA
no ensino superior;
2. Diagnstico (atravs da observao, entrevistas e questionrio) do
estado actual
do processo de formao profissional e didctica contnua, para a
direco do
PEA no ensino superior por docentes da UP- Moambique;
3. Elaborao e implementao duma estratgia metodolgica para o
desenvolvimento profissional e didctico contnuo do docente da
UP-
Moambique;
4. Avaliao da efectividade (resultados da implantao) da
estratgia
metodolgica aplicada.
-
27
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
Em termos de contributo terico, nesta tese prope-se a apresentao
de uma estratgia
metodolgica para o processo contnuo de formao profissional e
didctica dos
docentes da UP- Moambique, condio para a desejada melhoria da
qualidade de
ensino universitrio, fundamentando-se nos seguintes pontos:
1. A considerao da formao profissional como um processo
permanente de dar
ao formando capacidades, ideias, valores, desenvolvimento de
operaes e de
comportamentos, a forma requerida pelo formador ou pela
instituio
formadora18
;
2. A convico de que a formao profissional competente do docente
vai muito
alm do bom senso, abrangendo toda a gama de conhecimentos
sistematizados
em base cientfica, filosfica e tecnolgica. O professor deve
estar preparado
para o seu ofcio, como alis se espera que esteja qualquer
profissional, pois
conhecer todas as nuances e possibilidades de sua profisso
condio
essencial para bem exerc-la19
;
3. O papel mais importante do professor o de orientar os alunos,
estimulando-os a
pensarem por si prprios, num ensino que valoriza a pesquisa e a
co-
participao, pois a docncia existe para que o estudante
aprenda20
.
4. A considerao dos nveis de ajuda como contributo para a
estruturao do
conhecimento pelos alunos21
.
J sobre o contributo prtico, a partir da fundamentao terica e do
diagnstico
inicial, poder ser possvel estruturar uma estratgia metodolgica
e a sua
implementao atravs das seguintes aces:
1. Elaborao de um conjunto de actividades metodolgicas para a
formao
profissional e didctica dos docentes UP-Moambique.
2. Desenho de workshops profissionais, integradores, de carcter
interdisciplinar.
18
Giuseppe BERTAGNA. Dalleducazione alla pedagogia: avvio al
lessico pedagogico a alla teoria
delleducazione. Brescia, La Scuola, 2010: p. 379. 19
M. L. M. C. VASCONCELOS. A formao do professor do ensino
superior. So Paulo, Pioneira,
2000: p. 24 20
M. T. MASSETTO. Competncias pedaggicas do professor
universitrio. So Paulo, Summus, 2003:
p. 23. 21
Isabel M. MAIA. O desenvolvimento profissional dos professores
no mbito da reorganizao
curricular. SA, Coimbra, Edies Almedina, 2008: p. 51ss.
-
28
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
3. Desenho de cursos facultativos relacionados com o ensino e
aprendizagem
baseados na soluo de problemas de dimenso extracurricular.
4. Elaborao de um sistema de trabalho metodolgico para a
capacitao
profissional do docente.
A novidade cientfica da tese consiste em trazer uma proposta de
formao contnua do
docente universitrio como mecanismo de garantia da qualidade do
ensino. Ao propor-
se uma nova estratgia metodolgica de formao e acompanhamento da
prtica
docente para a UP-Moambique, torna esta pesquisa uma inovao para
as cincias
pedaggicas.
Quanto estrutura, o presente trabalho est constitudo por uma
introduo, que pela
sua complexidade corresponde o primeiro captulo, seguido de
quatro captulos do
desenvolvimento, contendo a fundamentao terica, os pressupostos
metodolgicos, a
proposta da estratgia para a formao contnua dos docentes no
contexto da
Universidade Pedaggica de Moambique e apresentao e anlise dos
resultados ps-
experincia e, por ltimo, as concluses gerais e propostas,
sequenciadas pelas logo
aps os quais temos as referncias bibliogrficas que serviram de
marco conceptual da
pesquisa, os anexos e apndices.
No segundo captulo apresenta-se a fundamentao terica, parte na
qual esto
colocados em debate os autores que se interessaram sobre o
assunto da formao dos
professores, dentro e fora da realidade moambicana;
No terceiro captulo encontra-se a metodologia da pesquisa, a
operacionalizao das
variveis, a amostra, as principais tcnicas usadas para a recolha
e anlise de dados e o
diagnstico inicial.
No quarto captulo apresenta-se a estratgia formativa dos
docentes que se desdobra em
formao profissional e formao psico-pedaggica e didctica numa
perspectiva que
parte do geral-particular-geral, ou seja, desde a dimenso mais
ampla da universidade
passando pelas faculdades e/ou departamentos at realidade
individual do docente.
No quinto e ltimo captulo apresentamos os dados recolhidos
aps
interveno/capacitao e sua interpretao para desse modo avaliar a
validade da
estratgia formativa usada e visualizar, em breves linhas, as
mudanas resultantes da
-
29
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
experincia.
No fim de cada um destes captulos apresentada uma concluso
parcial (sntese do
captulo) e, no final de todo o trabalho, as concluses gerais nas
quais esto patentes as
principais dificuldades que os docentes universitrios, sobretudo
os principiantes na
carreira de docncia universitria, encaram no seu quotidiano de
trabalho na liderana
das turmas e na facilitao das matrias por carecerem de um
acompanhamento e/ou
capacitao contnuos em estratgias de ensino superior.
Como alternativa para a superao das diversas dificuldades
propomos a acreditao do
programa e estratgia formativa dos docentes a ser desenvolvido
anualmente para todos
os docentes recm-integrados na carreira e ir-se aprofundando os
temas at um perodo
a ser acordada, cientes de que a formao dos docentes condio
primordial para o
incremento da qualidade e condio para tornar a UP numa instituio
mais dinmica,
mais acadmica, mais popular, mais universidade22
.
O trabalho apresenta anexos e apndices. Fazem parte dos anexos o
mapa das
delegaes da UP- Moambique, o relatrio de capacitao do corpo
docente da UP e o
calendrio acadmico 2012, com nfase nas datas previstas para a
capacitao do corpo
docente de toda a Universidade Pedaggica. Figuram como anexos o
modelo de ficha de
observaes de aulas; o guio de entrevista para os directores
pedaggicos e as fichas de
auto-avaliao dos docentes, acompanhadas do questionrio elaborado
pela autora,
alguns relatrios de actividade dos docentes e o modelo de ficha
preenchida pelos
estudantes.
22
In: Discurso do Magnfico Reitor da Universidade Pedaggica,
Professor Doutor Rogrio Jos Utui, no
lanamento do nmero zero do jornal UP-Notcias, Dezembro de
2008.
-
30
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
CAPTULO II
REFLEXES EM TORNO DA FORMAO DOS DOCENTES
A vida o lugar da educao e a histria da vida, o terreno no
qual
se constri a formao23
.
Neste Segundo captulo abordam-se as primeiras manifestaes do
objecto desta
investigao e, para isso, realiza-se um processo de anlise que
parte da considerao do
fenmeno do processo de formao de professores em geral para o
processo de
profissionalizao do docente universitrio, com nfase na formao
contnua dos
docentes da Universidade Pedaggica.
Desta maneira fazemos uma abordagem terica tendo como base os
sub-temas: breve
historial da formao de professores em Moambique at a entrada da
UP como
instituio superior dedicada especialmente formao de professores
para o sistema
nacional de educao em Moambique; conceito formao inicial e
contnua; ensino e
aprendizagem construtivista; formao docente e investigao;
seminrios no ensino
universitrio; a questo da qualidade de ensino, destacando alguns
indicadores; sistema
de avaliao no ensino universitrio; superviso em contexto
universitrio e aprender a
aprender. E todos estes aspectos aqui desenvolvidos tm um
denominador comum, a
nfase na formao do docente universitrio como condio para o
incremento da
qualidade do ensino na universidade.
2.1. Breve olhar sobre a formao dos professores em Moambique
Em Moambique tiveram espao vrios modelos de formao de
professores, de acordo
com a vontade poltica do momento e o tipo de cooperao
internacional adoptado pelo
pas para a formao do corpo docente. Diversas experincias foram
aplicadas
entretanto, pode-se distinguir duas grandes fases da formao dos
professores, todas
elas com maior enfoque para a formao de professores para os
nveis primrios e
secundrios e, ao longo deste percurso que surge a UP com a misso
de formar
professores com competncia para ministrar o ensino em todos os
nveis: primrio,
secundrio e superior.
23
Antnio NVOA. Vidas de professores. 2 Edio. Porto, Porto Editora,
1992: p. 24.
-
31
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
2.1.1. Primeira fase: antes da independncia
Nesta fase existiam dois tipos de escolas de formao de
professores sendo:
a) A primeira escola de habilitao de professores, segundo
Niquice24
, foi criada
em 1930 para a formao de professores do ensino primrio
rudimentar. Os
mesmos professores podiam ser colocados nas escolas oficiais,
particulares ou
nas misses religiosas. Esta escola destinava-se formao dos
indgenas.
b) Magistrios Primrios (de 1962 a 1966), foram criados para
formar professores
do ensino primrio com habilitao legal para ensinar os filhos dos
colonos25
.
Nesta primeira fase, os candidatos formao de professores tinham
que possuir a
quarta classe e, por sua vez, a formao tinha uma durao de trs
anos.
2.1.2. Segunda fase: ps-independncia
Depois da independncia Nacional, em Junho de 1975, a situao
mudou. Com isso,
houve necessidade de formar um homem novo liberto dos pesadelos
da colonizao e
capaz de desenvolver o pas, como afirmava Eduardo Mondlane: o
futuro de
Moambique necessitaria de gente bem formada para desenvolver o
pas26
. Sendo
assim, em 1976 formou-se o Ministrio de Educao e Cultura cujo
desafio era de
recrutar e formar professores. Nesta segunda fase, os
professores passaram a ser
formados em Centros de Formao de Professores Primrios (CFPP`s).
Paralelamente a
estes foram criadas as Escolas de Formao e Educao de Professores
(EFEP), que
passaram a designar-se Institutos Mdios Pedaggicos (IMP), em
1985". Todas estas
instituies supra citadas destinavam-se formao de professores
para o ensino
primrio do segundo grau27
.
Para alm da mudana das instituies de formao de professores,
houve tambm uma
evoluo em relao aos requisitos para o ingresso formao, seno
vejamos:
24
Adriano F. NIQUICE. Formao de professores primrios: construo do
currculo. Maputo, Texto
Editora, 2006: p. 25. 25
A. F. NIQUICE. Op. Cit., 2005: p. 25. 26
Stela M. DUARTE et al. Op. Cit., 2009: p. 163. 27
Jos CASTIANO, S. NGOENHA & G. BERTHOUD. A longa marcha duma
educao para todos
em Moambique. 2 Edio. Maputo, Imprensa Universitria, 2005: p.
76.
-
32
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
a) Em 1982 e 1983, foram introduzidos modelos de tipo 6 +1 e 6
+3 anos de
formao, com os seguintes objectivos: adquirir conhecimentos que
permitissem
melhorar o ensino no pas; formar o professor com capacidades
reflexivas e
muni-lo de conhecimentos relacionados com a rea de pedagogia e
didctica,
sendo esta a base para a prtica docente28
.
b) Em 1991 introduziu-se o modelo de 7 +3 anos de formao. Esta
mudana de 6
+1 para 7 +3 anos de formao, como afirmam Golias e Tomo, citados
por
Guro29
, deveu-se constatao segundo a qual os cursos de durao igual
ou
inferior a um ano no asseguravam aos futuros professores o
desenvolvimento
de um conjunto de habilidades e capacidades para exercer o seu
ofcio com
competncias mais adequadas ao ritmo do desenvolvimento do
pas.
Os princpios gerais que acompanhavam esse processo de formao
eram segundo
MINED30
: a articulao da teoria com a prtica, isto uma interligao entre
o que se
aprendia na sala com o que acontecia realmente nas escolas (o
estgio ajudava a viver
essa interligao); a transferncia de conhecimentos, atitudes e
competncisa
profissionais para a profisso e o princpio da inovao e
investigao, o que significa
que sempre foi preocupao das instncias formadoras de
professores, inculcar desde a
formao a cultura da pesquisa porque acredita-se no conhecimento
e na cincia sempre
dinmicos e em construo.
Neste novo modelo, a formao ajustou-se nova realidade de
Moambique,
caracterizada pelo multipartidarismo.
c) Em 1996 entrou em vigor o curso de 10+2 anos de formao
docente nos
Institutos de Magistrios Primrios (IMAP`s). Introduziu-se este
modelo para
formar professores habilitados em matrias pedaggicas tendo em
vista a
inovao. Neste currculo privilegiou-se uma perspectiva integrada
terico-
prtica, facilidade na transmisso dos conhecimentos, atitudes e
competncias
para a prtica profissional futura, a inovao e a investigao31
.
28
Idem. 29
Jos CASTIANO, S. NGOENHA & G. BERTHOUD. Op. Cit., 2005: p.
76.. 30
MINISTRIO DA EDUCAO. Poltica nacional de educao e estratgias de
implementao.
Maputo, MINED, 1995: p. 24. 31
Stela M. DUARTE et al. Op. Cit., 2009: p. 166
-
33
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
d) Actualmente esto vigor os modelos de formao de professores de
tipo 10 +1 e
12+1, em uso desde o ano de 2008, com o objectivo principal de
formar um
professor/educador com apetrechos profissionais, capaz de
conciliar a teoria com
a prtica e, acima de tudo, um professor pesquisador32
.
Ainda conforme Duarte e outros, a adopo destes ltimos modelos de
formao de
professores em Moambique prendem-se aos factores de ordem
geopoltica, econmica,
sociocultural33
etc., o que coloca o Governo de Moambique no desafio de ampliar
as
possibilidades de acesso, para os cidados, ao ensino primrio e
assegurar que mais
moambicanos frequentem a escola, prevendo-se que, at 2015, a
taxa de escolarizao
seja de 97%34
.
O Governo moambicano reconhece que a formao de um ano para o
futuro professor
no suficientemente eficaz para responder s exigncias sempre
mutveis da
educao. Esta formao inicial no satisfatria o tipo de professores
que desejamos
(actualizado, reciclado e pronto para acompanhar as dinmicas do
desenvolvimento).
Deste modo, os professores, para alm da sua formao bsica,
necessitam de uma
continuada actualizao, atravs de reciclagens e capacitaes.
Trata-se de uma
formao contnua em reas-chave como: docncia de didcticas
especficas, prtica
pedagogia, profissionalismo, deontologia (tica), humanismo
(cultural e social).
2.2. Das Origens da Universidade
Admite-se que dentre as vrias designaes que as instituies de
ensino superior
possam ter (Academia, Instituto, Escola, etc.), universidade o
nome mais
representativo. H uma tendncia tradicional de resumir o ensino
superior
universidade, talvez porque foi a primeira designao reservada s
instituies de
estudos superiores. Do Latim universitas, o conceito
universidade traduz uma ideia
de universalidade, totalidade, corporao, comunidade, associao: a
instituio
onde se ministra o ensino superior; ou o conjunto de escolas
chamadas faculdades
nas quais se difundem, de mestres para os alunos, conhecimentos
cientfico-
tecnolgicos e os valores da cultura nacional e universal; ou
ainda, rgo mais alto
32
MINIST. DA EDUCAO. Estratgia para formao de professores
2004-2015. Maputo, 2004: p. 14. 33
Stela M. DUARTE et al. Op. Cit., 2009: p. 166 34
MINISTRIO DA EDUCAO. Plano estratgico de educao e cultura
2006-2010. Maputo, 2005.
-
34
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
do sistema educacional de um pas que tem desempenhado, atravs
dos tempos, um
papel de relevo como instrumento de integrao e unificao
nacional.35
O sentido da universidade est nesse complexo esquema composto
por docentes e
discentes espalhados pelas vrias faculdades, bibliotecas e
laboratrios, onde a
disciplina, o sacrifcio, a honestidade e a cultura integral com
que dirigem as actividades
do instituio os aspectos humanstico, material e psicolgico. A
universidade surgiu
na Idade Mdia (sculos XII/XIII), da superao das escolas
catedrais e monsticas que
s preparavam indivduos para a vida religiosa, e foi muito
intensa a sua influncia, pois
ela forneceu os primeiros modelos de organizao puramente
democrtica.36
Em todos os tempos, a universidade foi concebida como uma porta
segura para a
ascenso social e profissional. Mas este papel histrico da
universidade produzir cultura
e uma elite acadmica entrou em crise quando surgiram novas
presses da demanda do
desenvolvimento. Se por um lado havia uma inteno de produzir
conhecimentos
capazes de servir s exigncias dos modelos de desenvolvimento;
por outro lado, a
universidade sentia a necessidade de se expandir, como forma de
espalhar
oportunidades de aprendizagem para todas as camadas sociais.
As universidades saram da Europa para os outros continentes em
consequncia da
colonizao. Mas os pases do Ocidente ficaram divididos no
tratamento dessa questo:
enquanto uns compreendiam que expandir a rede do ensino superior
era uma
necessidade natural de educao para todos37
; outros achavam que fazer isso
significava dispersar o prestgio de uma elite acadmica que se
queria minoritria.
Diferentemente da Espanha e da Frana que, a partir de 1520, j
tinham polticas de
implantar instituies de ensino superior nas colnias a fim de
produzir um contingente
de profissionais para assumir as tarefas administrativas e
desenvolver as colnias,
35
AAVV. Enciclopdia luso-brasileira de cultura. Edies Sculo XXI.
Lisboa/R. Janeiro, Verbo
Editora, 2002: p. 11118 36
Cf. Idem: 11119 37
Educao para todos o princpio que fundamenta todas as polticas
modernas de educao. Pensa-
se que o pioneiro deste pensamento foi Comnius (1592-1671),
grande pedagogo moderno. Para
Comnius, Educao um direito natural e inalienvel para todos (cf.
Roger GAL. Op. Cit., 2004: p.
78). Foi inspirando-se nos ideais deste pastor e pedagogo que a
ONU (atravs da UNESCO) estabeleceu
as directrizes da Educao no mundo.
-
35
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
Inglaterra e Portugal continuavam a confinar o acesso
universidade aos cidados da
sua raa. Como prova disso, quando os EUA fundaram a primeira
universidade
(Harvard) em 1636, a Amrica espanhola j tinha mais de treze
instituies de ensino
superior: universidades de So Domingos (1538) e So Marcos (1551)
no Per,
universidades de Crdoba (Nicargua), de Mxico, de Lima, de
Santiago de La Paz, de
Buenos Aires, entre outras. Muitas colnias portuguesas chegaram
s independncias
sem formar em seu territrio um s estudante superior se quer, o
que comprometeu
grandemente o desenvolvimento.38
Portanto, nas colnias, houve universidades que surgiram para
servir aos interesses do
Ocidente, procurando preparar indivduos capazes de dominar,
discriminar e facilitar a
colonizao; houve as mais tardias que surgiram para fabricar
cidados autctones
com conscincia da necessidade de lutar contra a dominao
estrangeira e assumir a
responsabilidade sobre o prprio destino.39
Em frica pode-se citar algumas
universidades de renome: El Azhar40
(Egipto, 1960); Oram, Constantine e Argel
(Arglia); Ibadan (Nigria, 1948); University College of Nairob
(Knia); University
College of Dar-es-Salaam. A frica do Sul dos pases africanos com
mais
universidades, mas lamentasse o facto de quase todas terem
passado muito anos ao
servio do regime racista do Apartheid.41
Parte-se da ideia de que a universidade uma instituio que dispe
de capacidades
humanas e materiais para orientar o ensino, investigao cientfica
e extenso em vrios
domnios do conhecimento, proporcionando uma formao terica e
acadmica,
autorizada a conferir graus e diplomas acadmicos42
.
Formar nas diferentes reas do conhecimento, profissionais,
tcnicos e
cientistas com um alto grau de qualificao. Incentivar a
investigao cientfica
e tecnolgica como meio de formao dos estudantes, de soluo
dos
problemas com relevncia para a sociedade e de apoio ao
desenvolvimento do
38
Bernardino UGOS. Educao para a colonizao. Porto, Porto Editora,
1990: p. 21 39
Idem: pp. 22-23 40
El Azhar pode ser considerada a mais antiga universidade de
frica, mas passou muitos anos a
funcionar como madraa, junto de uma mesquita, no Egipto, e s em
1960 que assumiu caractersticas
mais tpicas de uma universidade. 41
AAVV. Op. Cit., 2002: p. 11119 42
Repblica de Moambique. Lei n 27/2009 de 29 de Setembro (Lei do
Ensino Superior). Maputo, 2009.
-
36
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
pas. Formar os docentes e cientistas necessrios ao funcionamento
e
desenvolvimento do ensino e da investigao 43
.
2.3 Uma instituio superior vocacionada formao de professores
A Universidade Pedaggica (UP) de Moambique, foco do estudo desta
tese, criada em
1985, pelo Diploma Ministerial n 73/85 de 4 de Dezembro a
Instituio de Ensino
Superior (IES) estatutariamente responsvel pela formao de
professores para todos
os nveis do sistema de educao em Moambique (pr-primrio, primrio,
secundrio,
especial, tcnico-profissional e superior) e outros quadros da
educao44
.
Um dos debates sempre presentes na UP, no concernente formao de
professores est
ligado adopo da formao integrada versus formao sequencial. Em
2003 foi
planificado um currculo integrado, no qual os formandos tinham
em paralelo as
disciplinas das componentes de formao cientfica, geral e
psicopedaggica. E em
2004 implementou-se os novos currculos de formao de professores
que se distinguem
dos anteriores pelo seu carcter integrador dos conhecimentos
tericos e prticos,
possibilitando, desse modo, aos futuros professores, uma
preparao para a profisso
atravs das Prticas Pedaggicas (PPs).
Definidas como sendo procedimentos curriculares articuladores da
teoria e da
prtica, num contacto experimental com as situaes psico-pedaggica
e didctica
concretas45
, as Prticas Pedaggicas visam proporcionar ao
estudante-praticante46
oportunidades de entrar em contacto directo com as mais bsicas
actividades do
professor: conhecer a estrutura e o funcionamento de uma escola,
assistir/observar uma
aula, planificar e dar aula, usar os meios de ensino e outros
componentes do Processo de
Ensino e Aprendizagem (PEA). As PPs tm como objectivos:
desenvolver capacidades
de anlise e contribuio crtica e criadora para a melhoria da
qualidade de ensino;
possibilitar a convivncia entre os membros da comunidade escolar
(estudantes,
43
Repblica de Moambique. Lei n 6/92 de 6 de Maio (Sistema Nacional
de Educao). Maputo, 1992. 44
UNIVERSIDADE PEDAGGICA. Op. Cit., 2010b: pp. pp. 19-21. 45
UNIVERSIDADE PEDAGGICA. Regulamento Acadmico para os cursos de
graduao e de
mestrado. Maputo, 2010a. 46
Estudante-praticante o discente da UP que realiza PPs na escola
integrada (Idem).
-
37
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
colegas de profisso, funcionrios, pais e encarregados de Educao)
de modo a criar,
no praticante, hbitos de colaborao e interaco47
.
Actualmente, a UP encontra-se estruturada em faculdades:
Faculdade de Cincias da
Educao e Psicologia (FACEP); Cincias da Linguagem, Comunicao e
Arte
(FCLCA); Cincias Naturais e Matemtica (FCNM) e Educao Fsica e
Desporto. Para
alm das faculdades existem duas escolas Superiores: Tcnica
(ESTEC) e da
Contabilidade e Gesto (ESCOG). Estas duas unidades orgnicas
oferecem tambm
outros cursos para alm dos de formao de professores, para a
formao de outros
profissionais. Os cursos so ministrados em diferentes
modalidades (presencial, semi-
presencial e distncia) em diferentes regimes (regular e
ps-laboral).
Para alm das faculdades existem delegaes da UP, em todas as
provncias de
Moambique, o que permite os estudantes se manterem com maior
facilidade nas zonas
de origem, diminuindo significativamente o fluxo migratrio em
busca da oportunidade
para frequentar o ensino superior.
2.4. Reflectindo em torno do conceito Formao
Aclarar noes ajuda-nos a comunicar. Ademais, nossa inteno aponta
para a
problematizao no somente do termo formao, mas sobretudo, o modo
como este se
interliga com a investigao, isto , interessa-nos colocar em
anlise a possibilidade
de haver j na formao do docente a nfase colocada no aspecto da
formao do
carcter investigativo.
Ferry, citado por Garcia48
, define formao como um processo de desenvolvimento
individual destinado a adquirir ou aperfeioar capacidades; uma
funo de
transmisso de saberes, de saber fazer e saber ser que se exerce
em benefcio do
sistema socioeconmico ou da cultura dominante. A formao pode
tambm ser
entendida como um processo de desenvolvimento e de estruturao da
pessoa que se
realiza com duplo efeito de maturidade interna e disponibilidade
de aprendizagem de
sujeito atravs da experincia.
47
Hildizina N. DIAS at al. Manual de prticas pedaggicas. Maputo,
Texto Editora, 2008: p. 15 48
C. M. GARCIA. Formao de professores: para uma mudana educativa.
Porto, Porto Editora, 1999:
p. 22.
-
38
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
Fundamentando-se nessas ideias acima expostas, a autora desta
tese considera a
formao um processo de desenvolvimento que o sujeito humano
percorre at atingir
um estado de plenitude pessoal, ou ento, um processo que o
indivduo se submete na
procura da sua identidade plena, de acordo com os princpios para
tal estabelecidos.
A formao do pessoal docente constitui um ponto central no
desenvolvimento integral
e harmonioso de qualquer sistema educativo, pelo que foi
historicamente motivo de
preocupao de pessoas, organizaes e projectos internacionais,
cuja aco incide na
formao das futuras geraes de formadores. De acordo com Frnandez
e outros, o
professor o protagonista e responsvel do processo de ensino; um
agente de
mudana que participa com os seus saberes no enriquecimento dos
conhecimentos e
valores mais apreciados da cultura e da sociedade; aquele que
assume a direco
criadora do processo de ensino e aprendizagem, planificando e
organizando a situao
do aprendizado, orientando os alunos e avaliando o processo e o
resultado49
.
Porque o estudo est voltado para o docente universitrio, esta
definio de Frnandez
no esclarece, no entender da autora, o que deve ser o docente
universitrio, trata-se de
uma definio muito genrica de professor, e um tanto quanto
tradicionalista, pois
coloca o professor como protagonista, enquanto o ensino
universitrio e a educao
moderna exigem que o centro do processo seja o aluno.
O presente estudo est voltado para o ensino universitrio. Neste,
o docente deve ser
orientador do processo e o protagonista (ou deve ser) o
estudante. No se quer de
forma alguma justificar a ausncia do docente nas aulas, nem se
pretende compartilhar a
ideia de semestre inteiro preenchido com apresentaes dos grupos
dos estudantes, que
nem sequer os pontos essenciais da tal apresentao passam pela
prvia censura do
docente que do ltimo banco no diz palavra alguma, de forma a
corrigir e/ou orientar o
processo. E como pode faz-lo se depois de distribuir os tpicos
pelos grupos de
estudantes, o docente tem se desligado totalmente dos assuntos,
aparecendo na sala
apenas para marcar a presena e ver, simplesmente ver, a aula
acontecer? Mas
como bem afirmam Ferrari e Senz50
, s pode ser orientador aquele que realmente est
49
Celso ANTUNES. Glossrio para educadores (as). 2 Edio. Petrpolis,
Vozes, 2002: pp. 168 50
Eduardo F. FERRARI & Jlia L. SENZ. Didctica prtica para
enseanza media e superior.
Montevideo, Magro, 2007: p. 192.
-
39
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
no processo da aula e que consegue transform-la em espao onde se
promove a
investigao e a negociao de novos significados e novas
compreenses.
Para a melhor assuno do prprio papel, a formao e auto-formao
devem constituir
preocupao institucional e pessoal do docente, porque s assim se
pode elevar a
qualidade do ensino superior. E isso passa por proporcionar ao
docente espao fsico e
tempo para a investigao e para a reflexo e debate sobre a prpria
experincia.
2.4. Papel dos intervenientes no PEA na universidade
Ao se definir escola (do grego schol) como a instituio de ensino
onde se aprende
vrias matrias, numa relao indissolvel entre o professor e o
aluno, com a
finalidade de promover mudanas desejveis nos indivduos51
, ou seja, instituio
social dotada de condies fsicas, materiais, financeiras, humanas
e morais para a
realizao do processo de ensino e aprendizagem52
; ao se conceber a universidade
como aquela instituio que tem misso de alargar a mente dos
estudantes, iniciando-os
vida intelectual (algo mais do que cultura geral), prolongar a
viso e a imaginao dos
estudantes, desenvolvendo neles um saber humano de cultura comum
(de solidariedade,
caridade e humanismo) e uma atitude de busca desinteressada do
saber53
, urge a
necessidade de fazer uma anlise sobre o papel dos seus
principais intervenientes:
docente e estudante.
2.4.1. Papel/funes do docente
No sentido tradicional do termo, professor qualquer pessoa que
ensina ou transmite
conhecimento ao outro achado pouco esclarecido sobre o
assunto54
. Mas no contexto
da escola e na compreenso da autora deste trabalho, professor
algum que, dotado de
princpios morais e competncias didcticas, serve-se da sua formao
psico-pedaggica
para instruir e educar um aluno, dentro da modalidade
estabelecida55
. O Docente o
principal recurso humano da escola/universidade: veculo atravs
do qual as
51
Joo BARROSO. Organizao pedaggica e administrativa da escola.
Lisboa, Almedina, 1995: p. 22 52
AAVV. Enciclopdia luso-brasileira de cultura. Edies Sculo XXI.
Lisboa/So Paulo, Verbo
Editora, 2007: p. 671. 53
Idem. 54
AAVV. Dicionrio universal de lngua portuguesa. 3 Edio. Maputo,
Moambique Editora, 2003: p.
989. 55
Rui CANRIO. O que a escola? Um olhar sociolgico, Lisboa, Coleco
Educao, 1999: p. 57.
-
40
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
informaes chegam ao aluno; mediador e orientador da aprendizagem
do aluno
56.
Deste modo, o papel do professor , sobre tudo, orientar as
aprendizagens dos seus
alunos.
Depois de defini-lo como aquele que professa ou ensina uma
cincia, tcnica ou arte,
Celso Antunes57
faz a seguinte categorizao do professor: professor
colaborador
(aquele que contratado no ensino superior a ttulo de eventual e
por tempo
determinado); professor itinerante (que se desloca para prestar
servios educativos
periodicamente, em hospitais, no lar ou em comunidades carentes
de profissionais
especializados); professor leigo (que lecciona sem ter feito ou
concludo o curso que lhe
habilita ao exerccio do magistrio no nvel de ensino que actua);
professor polivalente
(degrau mais alto da carreira do magistrio no ensino superior);
professor visitante (que
contratado conforme a legislao trabalhista, depois da manifestao
favorvel das
autoridades competentes da instituio contratante)58
.
Por sua vez, o Regulamento da Carreira Docente da UP considera a
seguinte
classificao:
1. Carreira de docente universitrio, com as seguintes
categorias:
a). Professor auxiliar;
b) Professor associado;
c) Professor catedrtico.
2. Carreira de assistente universitrio:
a) Assistente estagirio;
b) Assistente.
A passagem de cada uma dessas categorias para a outra feita
mediante a verificao
cumulativa de certos requisitos, como: o tempo de trabalho, mdia
de classificao
anual da avaliao do desempenho, aprovao em concurso pblico
documental,
avaliao curricular (de acordo com os qualificadores
profissionais), existncia de
56
Conceito de professor proposto pela autora deste trabalho.
57
Celso ANTUNES. Op. Cit., 2002: p. 168. 58
Ibidem: pp. 168-169.
-
41
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
disponibilidade oramental, o nmero de trabalhos cientficos
publicados, entre outros
59.
Com as ideias aqui perfiladas, fica claro que a nossa inteno de
apresentar o papel do
docente universitrio na sua essncia e complexidade, evitando o
reducionismo em que
alguns camos de restringir as funes dos professores nas
actividades que estes
realizam quando esto com os estudantes na sala de aulas. Pelo
contrrio h que se
incluir outros contextos que antecedem o encontro na sala de
aulas para assegurar que a
aprendizagem acontea e o momento ps-aulas que a fase da
verificao do alcance
dos objectivos. Portanto, as competncias que o docente deve
possuir para melhor
desempenho da sua tarefa, no se referem apenas interaco directa
com os alunos.
O docente universitrio, no pensamento de Massetto, deve ser o
assessor do estudante
na sua busca do saber por vias e estratgias formativas prprias,
estimulando a sua
curiosidade na busca de conhecimentos ainda no obtidos60
; ou, conforme o mesmo
autor, o docente deve, em conformidade com as propostas
educacionais colectivamente
constitudas, ser pesquisador de informaes mais relevantes,
planificando, executando,
avaliando e replanificando as suas actividades individuais e
colectivas61
.
Neste sentido, tem de se entender a docncia como resultado de um
forte trabalho
contnuo da pesquisa, porque s assim ser possvel transformar a
informao em
conhecimentos terico-prticos, combatendo a corrente acadmica da
acomodao e da
repetio de ideias, pois atravs da investigao que os professores
universitrios
aprofundam os conhecimentos especficos da sua rea de estudo. De
acordo com este
pensamento, as relaes entre investigao, docncia e extenso, entre
a produo do
conhecimento, a sua comunicao e ligao com a realidade
circundante, deviam, em
boa lgica, ser consistente.
O envolvimento de docentes e estudantes em pesquisas, sobretudo,
acadmicas, uma
forma de relacionar a teoria com a prtica, e estas pesquisas
podem contribuir para a
melhor compreenso, interpretao, adaptao e reformulao dos
conhecimentos
curriculares e programticos.
59
UNIVERSIDADE PEDAGGICA. Regulamento da Carreira Docente (artigo
20 e 23). Maputo, 2010. 60
Marcos T. MASSETTO. Professor universitrio: um profissional da
educao na rea docente. In
_____. Docncia na universidade. 7 Edio. So Paulo, Papirus, 2005:
pp. 9ss. 61
Ibidem: p. 12.
-
42
Formao Contnua dos Docentes na Universidade Pedaggica -
Moambique
Figura 1: funes de universidade e do docente
Fonte: adaptado pela autora
O esquema acima exposto pretende ilustrar a necessidade de se
reformularem as funes
da universidade, e consequentemente do docente, de modo a criar
entre elas novas