UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE PSICOLOGIA Antônio Carlos Vieira de Souza Filho CONHECENDO OS ESTUDOS SOBRE A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NO BRASIL: uma revisão da literatura no banco de dados da Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Saúde Pública. Governador Valadares/MG 2010
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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE FACULDADE DE CIÊNCIAS ... · Universidade Vale do Rio Doce . Dedico ao meu porto seguro, meu pai, minha fortaleza e minha mãe, minha pérola, pela
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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE PSICOLOGIA
Antônio Carlos Vieira de Souza Filho
CONHECENDO OS ESTUDOS SOBRE A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
NO BRASIL: uma revisão da literatura no banco de dados da Scientific Eletronic
Library Online (SCIELO), Saúde Pública.
Governador Valadares/MG
2010
ANTÔNIO CARLOS VIEIRA DE SOUZA FILHO
CONHECENDO OS ESTUDOS SOBRE A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
NO BRASIL: uma revisão da literatura no banco de dados da Scientific Eletronic
Library Online (SCIELO), Saúde Pública.
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de habilitação em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Vale do Rio Doce
Orientador: Prof. Ms. João Carlos Muniz Martinelli
Governador Valadares
2010
ANTÔNIO CARLOS VIEIRA DE SOUZA FILHO
CONHECENDO OS ESTUDOS DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NO
BRASIL: uma revisão da literatura no banco de dados da Scientific Eletronic Library
Online (SCIELO), Saúde Pública.
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de habilitação em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Vale do Rio Doce
Governador Valadares, 25 de novembro de 2010.
Banca Examinadora:
_______________________________________________
Prof. Ms. João Carlos Muniz Martinelli - Orientador
Universidade Vale do Rio Doce
__________________________________________
Profª. Drª. Rita Cristina de Souza Santos
Universidade Vale do Rio Doce
________________________________________
Prof. Omar de Azevedo Ferreira
Universidade Vale do Rio Doce
Dedico ao meu porto seguro, meu pai, minha
fortaleza e minha mãe, minha pérola, pela
força em todas as etapas desta monografia e
de toda a minha vida, e a Deus, minha grande
referência e força na caminhada.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho é o resultado de todas as pessoas que, nesse período de
formação psicológica (os melhores e mais intensos anos de minha vida), mexeram
com minhas estruturas, transformando minha forma de olhar para o mundo e para
mim mesmo. Inquieta-me a impossibilidade de ir ao encontro e agradecer a todos.
Inquietação maior seria não agradecer aos pilares de toda essa realização.
Primeiramente e sempre, a Deus, força na minha caminhada, o único capaz
de conhecer a essência de toda existência.
A meus pais, Sr. Antônio Carlos e Sra. Elba, minha fortaleza, minhas
referências. Sempre foram meus melhores e maiores mestres, exemplos de
conhecimentos que a universidade não oferece. Ao pensar neles, o AMOR parece
tão pequeno em forma de palavras que desejo apenas senti-lo, mas sem hesitar em
dizer que os AMO.
Aos meus irmãos pelos quais sou apaixonado, Euler, Emerson e Elisângela.
Ao encontrar-me, perco-me na subjetividade de cada um. A minha irmã, o
agradecimento especial por todo cuidado, disponibilidade e paciência na correção
deste trabalho e de todos os outros que necessitaram.
Aos meus sobrinhos, minha alegria e leveza, e cunhado (as), companheiros
fiéis.
Ao João Carlos, por ensinar o lado humano da Psicologia, que vai além de
métodos e técnicas. A esse capítulo da minha vida acadêmica, eu chamo de
sabedoria que não se encontra em livros. Por todo carinho e conhecimento prestado,
pelas palavras que transformaram vidas e pelos gestos que soaram muito mais alto.
Todos esses elementos foram fundamentais em minha vida, tornando-me uma
pessoa melhor para mim mesmo e para os outros. O meu muito obrigado ao
professor, mestre e amigo “Juanito”.
Ao Wallace Paulinelli, amigo e irmão no sentido estrito da palavra, a gratidão
pelos momentos em que a amizade se personificou em companheirismo.
À Jú, minha pupila, por ter me ensinado a brincar de ser feliz, de pintar o meu
nariz.
À Vânia, por ter sido força numa das maiores experiências da minha vida.
À Emilliane, meu “chazim de maracujá”, meu coração se alegra na sua
presença.
À Adelice, por ser além de mestre, educadora e uma simpatia andante.
Ao Mário, pelo conhecimento doado, um guerreiro na busca do
aprimoramento da formação psicológica.
À Kelly, por se fazer disponível, por descobrir-me pelo olhar e consolar-me
com um sorriso do tamanho do mundo.
À Maria Luiza pela simpatia e por transmitir ensinamentos que mergulham o
inconsciente e ao Adilson, por ser um líder nato e utilizar desse dom para empurrar-
me adiante.
À Iolanda, por ter creditado responsabilidade e confiado no meu trabalho e
assim eu fui sendo.
Ao Omar, que, em meio a desafios, propôs soluções tornando assim, uma
unanimidade da Psicologia.
Agradeço também aos meus colegas da turma Psicologia 2010 (1º semestre)
por acolher-me e ensinar-me a ser feliz e a amar tantas pessoas num espaço de
tempo muito curto. Guardo o melhor de cada um num lugar onde o tempo não
apaga. Posso não me lembrar do que fizeram ou disseram, mas jamais me
esquecerei do que me proporcionaram sentir.
E a todos que passaram por minha vida mostrando o quanto sou humano por
perceber o quão frágil fui e sou e quão longe pude e posso chegar. Obrigado, muito
obrigado.
“Sem trabalho, toda vida apodrece. Mas, sob um
trabalho sem alma a vida sufoca e morre.”
Albert Camus
RESUMO
A qualidade de vida no trabalho (QVT) tem sido objeto de interesse de profissionais de diferentes áreas e muitas vezes é avaliada como sendo a satisfação e o bem estar do trabalhador durante a execução de sua tarefa. A presente pesquisa teve como objetivo analisar como tem sido estudada a qualidade de vida no trabalho na literatura brasileira a partir da base de dados “Scientific Eletronic Library Online - Scielo”. Para a seleção dos artigos foi realizada uma pesquisa bibliográfica entre 1992 a 2009. Foram encontrados 320 estudos em português com a palavra-chave qualidade de vida no trabalho, 29 referências atenderam aos critérios de inclusão estabelecidos e foram analisadas. Os estudos selecionados foram analisados considerando conceitos empregados e domínios avaliados, instrumentos utilizados e população investigada, área do conhecimento e tema principal da pesquisa. O termo qualidade de vida no trabalho foi conceituado em treze publicações científicas, encontrou-se também a expressão qualidade de vida (QV) situada em nove publicações. O conceito de QVT esteve mais relacionado à satisfação profissional, e o conceito de QV mais relacionado à percepção subjetiva do indivíduo. Ao todo, 18 estudos (62,6%) apontaram os domínios analisados, e o mais abordado em ambos os conceitos foi o estado físico. Foram identificados 16 instrumentos para avaliação da QVT, sendo o instrumento baseado nas categorias de Walton e o questionário protocolo de qualidade de vida e voz (QVV) os mais usados. As quatro áreas do conhecimento que mais se sobressaíram na produção científica do tema foram: Enfermagem, Psicologia, Administração e Medicina. Os resultados demonstraram que o tema vem sendo abordado com mais frequência na área de Ciências da Saúde. De modo geral, não existiu consenso entre os autores quanto ao conceito e domínios de QVT nas referências analisadas. Este estudo oferece direções para pesquisas futuras e indica uma necessidade de continuar o aprofundamento dos estudos na área de QVT que busque conhecer a variabilidade das pesquisas realizadas no país possibilitando assim, o contínuo desenvolvimento dos métodos de pesquisa na área. Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho. Qualidade de vida. Psicologia.
ABSTRACT
The quality of work life (QWL) has been object of interest of professionals of different areas and many times is evaluated as being the satisfaction and welfare of the worker during the execution of his/her task. The present research has as objective to analyze how the quality of work life has been studied in the Brazilian literature based on the data base Scientific Electronic Library Online - Scielo. For the selection of articles was carried out one bibliographical research from 1992 to 2009. And 320 studies were found in Portuguese with the key-word quality of work life, 29 references answered the criteria of inclusion established and were analyzed. The selected studies were analyzed considering used concepts and evaluated domains, used instruments and investigated populations, area of knowledge and main research theme. The term quality of life work was conceited in thirteen scientific publications, it was also found the expression quality of life (QL) found in nine publications. The concept of QWL was more related to the professional satisfaction, and the concept of QL more related to the subjective perception of the subject. In total, 18 (62,6%) studies pointed out the analyzed domains and the most approached in both concepts was the physical state. So, 16 instruments were identified for the evaluation of QWL, being the instrument based on the categories of Walton and the Voice-Related Quality of Life (VRQL) questionnaire, the most used. The four areas of the knowledge that most stuck out in the scientific production of the theme were: Nursery, Psychology, Administration and Medicine. The results showed that the theme has been approached more frequently in the area of Health Science. In general, there wasn’t consensus among the authors concerning to the concepts and domains of QWL in the analyzed references. This study offers directions for future researches and shows the necessity of continuing the deepening of the studies in the area of QWL that searches for knowing the variability of the researches carried out in the country making possible the continuous development of methods of research in the area.
Key-word: Quality of work life. Quality of life. Psychology.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1. Evolução do conceito de QVT segundo Nadler e Lawer (1996) ..... 23
Quadro 2. Concepção evolutiva da QVT segundo Silva (2001) ....................... 24
Quadro 3. Modelo de análise de QVT segundo Bartoski & Stefano (2007) ... 28
Quadro 4. Distribuição das variáveis em estudo, conforme subconjunto ......... 35 GRÁFICO 1. Distribuição da frequência de publicações sobre QVT ................ 41
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Distribuição da quantidade de autores por estudo .............................
37
Tabela 2: Distribuição da participação dos autores por estudo .......................... 38
Tabela 3: Distribuição geográfica das regiões brasileiras onde foram realizados os estudos .........................................................................................
38
Tabela 4: Instituição onde a pesquisa foi realizada ............................................ 40
Tabela 5: Revista de publicação do estudo ........................................................ 40
Tabela 6: Distribuição da quantidade de locais de coleta de dados por estudo . 42
Tabela 7: Distribuição da quantidade de ocupações por estudo ........................ 43
Tabela 8: Distribuição da quantidade de ocupações por estudo ........................ 43
Tabela 9: Distribuição das grandes áreas do conhecimento .............................. 44
Tabela 10: Distribuição das áreas do conhecimentos ........................................ 44
Tabela 11: Distribuição relativa dos temas principais por categorização ............ 45
Tabela 12: Distribuição dos objetivos por estudo ............................................... 46
Tabela 13: Distribuição dos conceitos de QV e QVT por estudo ....................... 47
Tabela 14: Distribuição dos instrumentos utilizados ........................................... 48
Tabela 15 : Distribuição das variáveis de resultados nos estudos ...................... 52
Tabela 16: Caracterização das conclusões dos estudos analisados .................. 54
LISTA DE ABREVIATURAS
Adm. – Administrativo
Atend. – Atendente
Aux. – Auxiliar
Ed. – Editor
Ex. – Exemplo
Org. – Organizador
Orgs. – Organizadores
LISTA DE SIGLAS
ERI – Effort-Reward Imbalance
F – Frequência
IFSJ – Inventário de Fontes de Stress de Juízes
IQVTE – Instrumento de Qualidade de Vida de Enfermagem
ISP – Índice de Satisfação Profissional
ISS – Inventário de Sintomas de Stress
JCQ – Job Contente Questionnaire
MDI – Modelos de Distribuição de Itens
N – Número
OMS – Organização Mundial de Saúde
P - Percentual
PSQI – Pittsburgh Quality of Sleep Index
QV – Qualidade de Vida
QVT – Qualidade de Vida no Trabalho
QVV – Qualidade de Vida e Voz
SF-36 – Short Form 36
SRQ-20 – Self Reporting Questionnaire
VM – Variáveis de Método
VP – Variáveis de Publicação
VR – Variáveis de Resultado
WHO – World Health Organization
WHOQOL – World Health Organization Quality of Life
WHOQOL-bref – World Health Organization Quality of Life-bref
2 QUALIDADE DE VIDA: REVISÃO DE LITERATURA....................................... 17
2.1 QUALIDADE DE VIDA: CONCEITOS E MEDIDAS......................................... 17
3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS............................................................. 20
3.1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UMA TENTATIVA DE CONCEITUAÇÃO................................................................................................... 25
3.2 BREVE CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE MENSURAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO................................ 29
O trabalho é inerente à vida do ser humano desde os primeiros escritos do
homem sobre a Terra, seja como fonte de sua própria subsistência, do seu grupo
social ou como realização pessoal. Através do trabalho, o homem produz o meio em
que vive, bem como a si mesmo. Desse modo, no contexto da vida e da qualidade
de vida das pessoas, o período do trabalho é tão importante, que precisa ser
valorizado e compreendido. (MAGRI & KLUTHCOVSKY, 2007)
Através do modo de produção capitalista, o homem tem sido
progressivamente alienado do seu trabalho e perdido no mesmo ritmo o sentido de
sua ação (RIGOTTO, 1993). Diante dessa realidade, o trabalhador tem colhido
consequências negativas em sua vida por ocasião do trabalho, seja pelos aspectos
de saúde e bem- estar, seja pelo não reconhecimento das suas habilidades, por fim,
são possibilidades infindáveis quando se trata do sentir humano.
As mudanças decorrentes por ocasião das inovações tecnológicas nos
séculos XX e XXI têm proporcionado importantes transformações no contexto
laboral. Esse cenário que se apresenta traz consigo novas necessidades para o
homem no trabalho, instigando-o para o limite de suas capacidades feito máquina,
porém, furtando-se em muitas ocasiões a voltar o olhar para o trabalhador como um
ser humano, numa visão holística, com suas inseguranças, fraquezas e limites.
Esse contexto reflete sobre a qualidade de vida no trabalho e pode
comprometer diretamente na vida social e no relacionamento familiar do trabalhador.
Diante dessas possibilidades, nos últimos anos, a qualidade de vida no trabalho vem
despertando o interesse de estudiosos e dirigentes como suporte para o binômio
satisfação da pessoa e produtividade, uma vez que a essência dos novos modelos
de gestão tem prezado pela satisfação do consumir produtos e serviços a partir da
satisfação do trabalhador. (ANDRADE & DÉCIA, 2004)
Consciente da importância da Psicologia no desenvolvimento de práticas que
possam proporcionar satisfações no ambiente de trabalho, levando em consideração
todas as variáveis culturais e subjetividades de indivíduos na autopercepção da
qualidade de vida, esta pesquisa se propõe a responder: quais os recursos
metodológicos que estão sendo empregados para se conhecer a qualidade de vida
no trabalho no Brasil.
Para responder a esse questionamento, percebe-se a necessidade de se
conhecer dentro da revisão de literatura alguns aspectos que são considerados
relevantes para o delineamento dessa questão. Esses assuntos giraram em torno:
do que é qualidade de vida no trabalho e quais os recursos metodológicos utilizados
para avaliar a qualidade de vida no trabalho e o conhecimento do desenrolar
histórico de qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho.
A seguir, o estudo compreende os objetivos, a metodologia desta pesquisa,
bem como os resultados do trabalho, discussão e conclusão.
2 QUALIDADE DE VIDA: REVISÃO DE LITERATURA
2.1 QUALIDADE DE VIDA: CONCEITOS E MEDIDAS
O interesse pelo estudo da qualidade de vida tem sido crescente em várias
áreas da atividade humana (PINTO-NETO & CONDE, 2008). Meeberg (1993), por
exemplo, ressalta a utilidade do estudo de QVT para a sociedade em geral, na
literatura científica, e especial, no campo da saúde.
Minayo; Hartz e Buss (2000, p. 8) aplicam o termo dentro de um aspecto
generalista, assim:
Qualidade de Vida é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a eles se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural.
De acordo com Goulart e Sampaio (2004), o termo “qualidade” se refere a
determinados atributos ou características considerados como indicadores de
superioridade em relação a determinado assunto, e o termo “vida”, entendido numa
perspectiva contextualizada, é definido como um conjunto de atributos que inclui
saúde, relações familiares satisfatórias, condições financeiras estáveis entre outras
coisas.
A expressão qualidade de vida foi utilizada pela primeira vez em 1964 por
Lyndon Johnson, presidente dos Estados Unidos, ao declarar que “os objetivos não
podem ser medidos através do balanço dos bancos. Eles só podem ser medidos
através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas” (GRUPO WHOQOL,
1998, grifo nosso). Desde então, houve um acentuado crescimento de estudos
voltados para o amadurecimento conceitual e metodológico do termo na literatura
científica (SEIDL & ZANNON, 2004)
Fleck et al. (1999) destacam que a busca de um conceito de qualidade de
vida foi inicialmente partilhada entre cientistas sociais, filósofos e políticos.
O interesse dessas áreas do ponto de vista social, segundo Goulart e
Sampaio (2004), seria as preocupações com a riqueza e bem estar da sociedade,
medidos através de indicadores sociais pela quantidade de crimes, suicídio,
violência urbana, desintegração familiar e renda per capita. Na visão da medicina, a
qualidade de vida seria o mesmo que qualidade da saúde medida pelos índices de
natalidade, morbidade, mortalidade, idade média e outros. Os autores afirmam
ainda, que a Psicologia, em decorrência das preocupações com o estresse e com as
formas de evitá-lo, tem apresentado outros indicadores ao conceito como a busca da
satisfação com o trabalho, a importância da saúde mental e de sua garantia no
ambiente de trabalho.
Ao analisar o contexto do trabalho envolto à revolução tecnológica, Fleck et al
(1999) afirmam que o crescente desenvolvimento tecnológico das ciências da saúde
trouxe como consequência negativa uma progressiva desumanização. Tal fato
despertou uma maior preocupação com a abordagem do conceito de QV dentro das
ciências humanas e biológicas direcionada para um movimento que voltasse a
atenção a parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, diminuição da
mortalidade ou o aumento da expectativa de vida.
Na ausência de um consenso sobre a definição de qualidade de vida, a OMS
(Organização Mundial de Saúde/World Health Organization) reuniu especialistas de
várias partes do mundo no intuito de construir um conceito (FLECK, 2000). Desse
modo, qualidade de vida foi definida como “a percepção do indivíduo de sua posição
na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação
aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (GRUPO WHOQOL,
1998).
Qualidade de vida é um tema complexo e de difícil conceituação (ROCHA &
FELLI, 2004) por ocasião das múltiplas variáveis que a determina. Assim, o termo
qualidade de vida tem sido tratado principalmente pelo aspecto subjetivo e
multidimensional.
Ainda não se chegou a um consenso sobre sua definição embora a maioria
dos autores concorde que em sua avaliação devem ser contemplados os domínios
físico, social, psicológico e espiritual (PINTO-NETO & CONDE, 2008) e também, os
aspectos de subjetividade e multidimensionalidade (KLUTHCOVSKY &
TAKANAGUI, 2007), buscando-se captar a experiência pessoal de cada indivíduo.
Diante dos estudos apresentados até o momento, “Pode-se dizer atualmente
que Qualidade de Vida tem se apresentado como um conceito que representa
mudanças sociais, políticas e ideológicas.” (GOULART & SAMPAIO, 2004, p. 30).
3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA
ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS
A modernização e a implantação de novas tecnologias de produção industrial
trouxeram transformações no desenvolvimento e nas condições de trabalho, em
decorrência, foram realizadas mudanças no plano social e no comportamento
individual do trabalhador. Progressivamente foi-se esboçando e reconhecendo uma
relação de influência da atividade ocupacional sobre o bem estar do profissional
(GUIMARÃES et al., 2003).
A busca da satisfação no trabalho tem sido um tema almejado em estudos de
várias áreas do conhecimento, Fernandes (1996, p. 35) nos garante que:
A ciência comportamental, tratando especificamente de aspectos ligados ao bem-estar das pessoas em situação de trabalho, orienta-se por uma linha de pesquisa – já consideravelmente desenvolvida por pesquisadores [...] conhecida como “Qualidade de Vida no Trabalho” – QVT.
Qualidade de vida no trabalho não é um assunto recente. De acordo com
Rodrigues (2002), tem sido uma preocupação do homem desde a sua existência,
ora com outros títulos e em contextos diferentes, mas permanentemente com o
objetivo de facilitar ou trazer satisfação e bem estar ao trabalhador no exercício de
sua tarefa. O autor lembra a “Lei das Alavancas”, de Arquimedes, que, em 287 a.C,
surgiu como uma alternativa para diminuir os esforços físicos dos trabalhadores,
entretanto, afirma que foi a partir da sistematização dos métodos de produção, nos
séculos XVIII e XIX, que as preocupações com as condições de trabalho e influência
dessas na produção e moral do trabalhador vieram a ser estudadas de forma
científica. Os primeiros estudos foram realizados pelos economistas liberais, depois
pelos teóricos da administração científica e, posteriormente, pela Escola de
Relações Humanas. (GOULART & SAMPAIO, 2004)
O termo “qualidade de vida no trabalho” foi utilizado pela primeira vez por Eric
Trist e pesquisadores do “Tavistock Institute” de Londres, em 1950, período que
marca o início dos estudos de QVT (FERNANDES, 1996; RODRIGUES, 2002;
GOULART & SAMPAIO, 2004). Eric Trist e colaboradores desenvolveram estudos
que deram origem a uma abordagem socio-técnica da organização do trabalho,
envolvendo indivíduo/trabalho/organização, com base na análise e na reestruturação
da tarefa, visando melhorar a satisfação do trabalhador no trabalho e em relação a
ele (RODRIGUES, 2002).
Foi na década de 1960, segundo Huse & Cummings (1985) apud Goulart &
Sampaio (2004) que o movimento de melhoria de qualidade de vida dos
trabalhadores ganhou maior impulso, devido, principalmente, à maior
conscientização dos trabalhadores e ao aumento das responsabilidades sociais
exercido sobre os cientistas e dirigentes das organizações, o que os levaram a
pesquisar sobre o assunto.
Na década posterior, a partir de 1970, segundo Niero (2004), surgem os
primeiros movimentos de aplicações estruturadas e sistematizadas no interior das
organizações utilizando a QVT.
Nadler e Lawler (1983) e Huse e Cummings (1985) apud Rodrigues (2002)
estabelecem o ano de 1974 como o marco no desenvolvimento da QVT,
principalmente devido à criação de centros de pesquisa1 nos Estados Unidos
preocupados em investigar sobre a produtividade e qualidade de vida no trabalho.
Após 1974, impelidos pela crise energética mundial, houve uma paralisação dos
estudos do tema, ressurgindo novamente em 1979, induzidos pelo fascínio do estilo
japonês de administração.
Na década de 80, consolida-se uma tendência que baseia a QVT na maior
participação do trabalhador na empresa, na perspectiva de tornar o trabalho mais
humanizado (LACAZ, 2000). De acordo com Zavattaro (1999) citado por Lacaz
(2000), o tema adquiriu uma importância globalizante, na busca de enfrentar as
questões ligadas à produtividade e à qualidade total. Os trabalhadores, segundo o
autor passaram a ser vistos como sujeitos, estando sua realização calcada no
desenvolvimento e aprofundamento de suas potencialidades.
Qualidade de vida no trabalho é, ainda hoje, uma terminologia que tem sido
largamente difundida com acentuado desenvolvimento em vários países, incluindo o
Brasil. (RODRIGUES, 2002).
1 Nota-se a criação dos seguintes centrros de pesquisa: “National Comission on Productivity”,
“National Center for Productivity and Quality of Working Life”, “Quality of Working life program” da
Ferreira, Alves e Tostes (2009, p. 320) afirmam que, no Brasil, sobretudo nos
anos 90, apresenta-se um crescimento na produção científica sobre a abordagem,
com destaque nas áreas de Administração e Psicologia. Segundo esses autores,
As publicações em QVT têm enfatizado diferentes aspectos: conciliação dos interesses das organizações e dos indivíduos (Fernandes, 1996); saúde, estilo de vida e ambientes de trabalho (Silva & Marchi, 1997); segurança e higiene no trabalho (Signorini, 1999); conflitos decorrentes das relações interpessoais (Bom Sucesso, 2002); escolas de pensamento, indicadores empresariais (biológicos, psicológicos, sociais e organizacionais) e os fatores críticos de gestão (Limongi-França, 2004); saúde mental, condições, organização e relações de trabalho (Sampaio, 2004).
Partindo de uma revisão histórica da forma como a QVT fora percebida ao
longo dos anos, Nadler e Lawer (1983) apud Fernandes (1996), Rodrigues (2002),
Vasconcelos (2001) e Pilatti (2008) nos oferecem um interessante resumo das
transformações e principais características da QVT delimitadas por períodos
conforme se observa no quadro 1.
Na análise de Nadler e Lawer (1983), a QVT passa por consideráveis
transformações, vindo a ser considerada um elemento principal para a resolução de
todos os desafios de uma organização. Contudo, desde o seu surgimento, a
melhoria das condições laborais para o indivíduo e sua satisfação no ambiente de
trabalho, tem sido a busca essencial da QVT.
Quadro 1 – Evolução do conceito de QVT segundo Nadler e Lawer (1983)
CONCEPÇÕES EVOLUTIVAS DA QVT CARACTERÍSTICAS OU VISÃO
1. QVT como uma variável (1959 a 1972) Reação do indivíduo ao trabalho. Investiga-se como melhorar a
qualidade de vida no trabalho para o indivíduo.
2. QVT como uma abordagem (1969 a 1974)
O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional; mas, ao
mesmo tempo, buscava-se trazer melhorias tanto ao empregado
como à direção.
3. QVT como um método (1972 a 1975)
Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o
ambiente de trabalho mais produtivo e mais satisfatório. QVT era
vista como sinônimo de grupos autônomos de trabalho,
enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com
integração social e técnica.
4. QVT como um movimento (1975 a 1980)
Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações
dos trabalhadores com a organização. Os termos “administração
participativa” e “democracia industrial” eram frequentemente ditos
como ideais do movimento de QVT.
5. QVT como tudo (1979 e 1982)
Como panacéia contra a competição estrangeira, problemas de
qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas e
outros problemas organizacionais.
6. QVT como nada (futuro) No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não
passará de “modismo” passageiro.
Fonte: Nadler e Lawer (1983) apud Fernandes (1996, p. 42).
Na visão de Silva (2001) o quadro acima se encontra desatualizado em
relação ao desenvolvimento do tema após o ano de 1982. Silva (2001) propõe uma
alteração ao quadro de Nadler e Lawer (1983) no campo 6, “QVT como nada
(futuro)”. Para a autora o campo 6 não se aplica ao contexto existente onde se
discute a responsabilidade social do estado, das empresas, dos trabalhadores e dos
sindicatos e, portanto, sugere seu preenchimento conforme se apresenta no quadro
a seguir.
Quadro 2- Concepção evolutiva da QVT segundo Silva (2001)
6. QVT como responsabilidade do Estado, da
Empresa, do Trabalhador e do Sindicato (hoje e
no futuro)
É responsabilidade dos atores sociais-Estado, Empresa,
Trabalhadores e Sindicato – através da preocupação conjunta e o
compromisso com o ambiente e a sociedade em geral, dentro de
um contexto flexibilizado em decorrências das constantes
mudanças.
Fonte: Silva (2001, p. 24)
Já Pilatti (2008, p. 54) oferece uma nova proposta ao campo que concebia a
possibilidade de QVT apresentar-se como nada no futuro, e essa, de certa forma
semelhante a Silva (2001), volta-se para a noção de QVT como direito:
O teste da história refutou a concepção de “QVT como nada”, que se tornou algo muito além de um modismo passageiro. Fazendo um retoque nos escritos de Nadler e Lawler [1983], pode-se conceber, hoje, a “QVT como um direito”, que, ao que tudo indica, é irreversível.
A ideia acima já vinha sendo endossada, como se atesta pelas considerações
de Fleury & Fleury (1997) que apontam a qualidade de vida no trabalho está
ganhando espaço dentro das organizações a partir da atual reestruturação do
trabalho e da necessidade do trabalho em equipe e identificação com a organização.
A valorização da individualidade e bem estar do trabalhador tem sido percebida na
literatura atual como uma necessidade intrínseca em relação à produção com
excelência.
Conforme descreve Cardoso (2003), o homem nas organizações deixa de ser
objeto e passa a ser sujeito e protagonista da investigação. O capital humano passa
a ser reconhecido como a peça-chave das organizações vencedoras e diante desse
contexto, a noção de qualidade de vida no trabalho vem se tornando parte da cultura
organizacional (LIMONGI-FRANÇA, 2008). Pode-se dizer que esse entendimento
parece resumir a tendência contemporânea na abordagem da relação homem-
trabalho.
3.1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UMA TENTATIVA DE CONCEITUAÇÃO
A qualidade de vida no trabalho é uma expressão que tem passado por várias
conceituações, estando intimamente relacionada ao campo do conhecimento que
busca defini-la. Paiva e Couto (2008) ao pesquisarem sobre a definição do assunto
perceberam que a qualidade de vida no trabalho, tem evoluído por meio de
pesquisas e intervenções em empresas, que buscavam medir de maneira pessoal a
satisfação do indivíduo em relação ao seu trabalho e saúde mental.
Pillati (2008, p. 52), por sua vez, apresenta uma visão generalista da relação
trabalho x qualidade de vida no trabalho. Segundo o autor:
QVT é um conceito polissêmico que, em sentido estrito, está arraigado a um conceito mais amplo, o conceito de qualidade de vida (QV). Considerando que o indivíduo destina parcela significativa de sua vida às atividades laborais, que têm conotação de "sofrimento”, pode-se inferir que a QVT é preponderante na percepção da QV que os mesmos possuem. Não existem limites claros, muito menos a possibilidade de dissociação.
“Alguns autores têm tentado estabelecer uma distinção entre o que se
denomina qualidade de vida dentro e fora do trabalho” afirma Goulart e Sampaio
(2004, p. 31). A partir dessa consideração, QV seria entendida como uma análise
mais abrangente dos aspectos gerais da vida do trabalhador, envolvendo todos os
âmbitos de sua vida, e QVT seria a percepção da qualidade e desenvolvimento no
exercício da função.
Rodrigues (2002) não vê a possibilidade de satisfação no trabalho dissociada
da vida do indivíduo como um todo. Essa ideia é também compartilhada por
Vrendenburgh e Sheridan (1979) apud Cardoso (2003, p. 81), ao dizer que “a
satisfação com o trabalho está intimamente relacionada com a satisfação com a vida
em geral”.
Oliveira; Branco e Hilgemberg (2008, p. 160) descrevem a visão de um
homem integral envolvido por todos os aspectos sociais que o cercam:
Qualidade de vida está relacionada diretamente com a qualidade de vida no trabalho, pois, não tem como dividir uma pessoa e suas emoções, reações, vivências e experiências em um ser que trabalha e um ser que vive, não levando em consideração as interações do trabalho na vida social e também vice-versa.
Assim, verifica-se que não há uma contraposição de ideias entre os autores
supracitados, a qualidade de vida no trabalho se reafirma como um elemento que
interfere e é interferido na vida como um todo.
Walton (1975), primeiro autor norte americano a explicitar os critérios de QVT
sobre a ótica organizacional (LIMONGI-FRANÇA, 2008), restringia a QVT à relação
do homem no trabalho, desse modo, segundo a sua percepção,
A qualidade de vida no trabalho tem o objetivo de estudar a satisfação do indivíduo em ambiente de trabalho e as suas motivações, muitas vezes negligenciadas pelas organizações em nome da produtividade e do crescimento econômico. A idéia de qualidade de vida no trabalho é calcada na humanização do trabalho e responsabilidade social da empresa, envolvendo o atendimento de necessidade e aspirações do indivíduo, através da reestruturação do desenho dos cargos e novas formas de organizar o trabalho, aliado a formação de equipes com um maior poder de autonomia e a uma melhoria do meio ambiente organizacional. (WALTON, 1973 apud RODRIGUES; FREITAS & SCHMORANTZ, 2002, p. 2)
Ciborra e Lanzara (1985) apud Lacaz (2000) mencionam que o conceito
passa por várias definições, ora associado a questões intrínsecas das tecnologias e
seu impacto, ora a elementos econômicos, a fatores de saúde física e mental, de
segurança e em geral de bem estar dos trabalhadores.
Confirmando a citação anterior, Bom Sucesso (2002) argumenta que mesmo
entre os teóricos da área não há consenso sobre o que vem a ser QVT do ponto de
vista conceitual.
Limongi-França (2008, p. 24), a partir de uma análise prévia dos conceitos já
apresentados sobre QVT, faz a seguinte afirmativa:
O tema Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) tem sido tratado como um leque amplo e, geralmente, confuso. As definições de QVT vão desde cuidados médicos estabelecidos pela legislação de saúde e segurança até atividades voluntárias dos empregados e empregadores nas áreas de lazer, motivação, entre inúmeras outras.
Pode-se especular sobre as diversas razões que têm levado a produção de
diferentes conceitos e definições a respeito da QVT, exemplos seriam: que a
dificuldade de conceituação tem relação com a diversidade de áreas que tratam o
assunto e os meios utilizados para defini-la, sugerindo abordagens distintas em
função de como cada área lida com seu objeto na aplicação ao mundo do trabalho;
que autores procuram uma melhor definição que represente a realidade que buscam
descrever levando a uma diversidade conceitual; a própria natureza do fenômeno
que procuram descrever, que fica sujeito a uma diversidade de compreensão devido
à imprecisão do que seria essa qualidade de vida.
Tal como se observa em relação aos conceitos e definições, há uma gama de
métodos desenvolvidos por estudiosos referentes aos aspectos presentes nas
instituições, abordados em trabalhos relacionados à QVT.
Bartoski e Stefano (2007) utilizando dos principais autores de QVT
apresentam uma construção histórica quanto às diferentes categorias conceituais
dos critérios empregados em análise, conforme Quadro 3.
Nota-se, através do quadro 3, conforme abordado anteriormente, que há uma
grande variedade de critérios utilizados para a análise do tema. Chama a atenção, a
citação dos estados psicológicos e fatores econômicos como os mais citados no
decorrer das décadas, indicando uma tênue padronização nas visões dos analistas
de elementos indissociáveis da vida do homem no trabalho.
Quadro 3 – Modelo de análise de QVT segundo Bartoski & Stefano (2007)
PRINCIPAIS AUTORES PRESSUPOSTOS E FATORES DOS MODELOS PARA ANÁLISE DE
QVT
Walton (1973) Compensação justa, uso das capacidades, possibilidade de crescimento
e segurança, integração social, constitucionalismo, trabalho e espaço total de vida, importância do trabalho na vida social.
Belanger (1973)
Para analisar a QVT, é preciso considerar o trabalho em si, o crescimento pessoal e profissional, as tarefas com significado e a abertura das
funções e estrutura.
Hackman e Oldham (1975)
Estados psicológicos: significância percebida, responsabilidade percebida quanto a resultados alcançados e conhecimento dos resultados do
trabalho.
Lippitt (1978) Fatores individuais, função, produção de trabalho e estrutura
organizacional.
Westley (1979) Fatores econômicos, político, psicológico e sociológico.
Thériault (1980) Variáveis econômica, sociológica, psicológica e política/ética.
Denis (1980) Variáveis do ambiente físico de trabalho e dimensões básicas da tarefa.
Werther e Davis (1983) Variáveis: supervisão, condições de execução do trabalho, pagamento,
benefícios e projetos de cargos.
Nadler e Lawler (1983)
Aborda quatro aspectos: participação dos funcionários nas decisões, reestruturação do trabalho através do enriquecimento de tarefas,
inovação no sistema de recompensa e melhoria no ambiente de trabalho.
Huse e Cummings (1985) Fatores: participação de trabalhadores, projeto de cargo, inovação no
sistema de recompensas e melhoria no ambiente organizacional.
Eda Fernandes (1996)
Fatores que tornam cargos satisfatórios: condições de limpeza, saúde, moral, compensação, participação, comunicação, imagem da empresa,
relação chefe-subordinado e organização do trabalho.
Gonçalves (1998) Caracteriza a QVT em dois grandes grupos: condições ambientais e
organizacionais de trabalho
Bom Sucesso (1998 e 2002) Fatores: Salário, horário e condições, vida emocional, Orgulho pelo trabalho, perspectiva de carreira, Respeito aos direitos e relações
interpessoais no trabalho.
Limongi- França (1996, 2004 e 2005) Fatores interdependentes: biológicos, psicológicos, sociais e
organizacionais.
FONTE: Adaptado de Bartoski & Stefano (2007, p. 5-6)
É preciso ressaltar que em nenhum caso os autores aqui citados
apresentaram seus métodos como uma panaceia capaz de resolver todos os
problemas de quaisquer instituições, mas como propostas dentro de uma visão
situacional, considerando as variáveis características de cada ambiente.
A partir da necessidade de trabalhar cada ambiente como um caso isolado,
Cardoso (2003) lembra que a melhoria da QV não é algo que se resolva de um só
golpe, mas é um processo infindável.
Os métodos/modelos descritos acima expõem a variabilidade da concepção
de QVT, abrindo margem para a amplitude do conceito. Em função da diversidade
conceitual, Fernandes (1996) chama a atenção para a necessidade de aprofundar a
revisão da literatura especializada sobre o tema, declarando não haver possibilidade
de trabalhar com algo que não se sabe exatamente o que é.
3.2 BREVE CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS INSTRUMENTAIS DE
MENSURAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Medir QVT tem se mostrado uma tarefa bastante complexa pelo fato de não
se encontrar uma definição consensual sobre o seu significado e as variáveis de
avaliação envolvidas. Desse modo, é disponibilizada na literatura uma gama de
instrumentos e medidas.
Segundo Fayers (2000) citado por Dantas, Sawada e Malerbo (2003, p. 553):
Atualmente existem duas formas de mensurar QV, através de instrumentos genéricos e instrumentos específicos. Como os dois instrumentos fornecem informações diferentes, eles podem ser empregados concomitantemente. Os genéricos abordam o perfil de saúde ou não, procuram englobar todos os aspectos importantes relacionados à saúde e refletem o impacto de uma doença sobre o indivíduo. Podem ser usados para estudar indivíduos da população geral ou de grupos específicos.
O instrumento genérico tem uma característica mais globalizante, abrange
diferentes indivíduos e em contextos socioculturais distintos. Sua desvantagem
consiste em não medir aspectos particulares específicos da QV como no caso de
uma profissão e seus efeitos particulares sobre o profissional, assim, na
necessidade de um aprofundamento sobre características particulares, os
instrumentos específicos são os mais apropriados.
Nessa tentativa de mensuração, Fayers (2000) apud Dantas, Sawada e
Malerbo (2003, p. 533) aponta que:
Os instrumentos específicos têm como vantagem a capacidade de detectar particularidades da QV em determinadas situações. Eles avaliam de maneira individual e especificam determinados aspectos de QV como as funções física, sexual, o sono, a fadiga, etc. Têm como desvantagem a dificuldade de compreensão do fenômeno e dificuldade de validar as características psicométricas do instrumento (reduzido número de itens e amostras insuficientes).
Guimarães et al. (2003) acrescentam à discussão a questão da saúde mental.
Para os autores, é consenso entre os pesquisadores da área que as próprias
demandas físicas do trabalho são mais fáceis de definir e medir do que a demanda
mental. Nesse contexto, os autores afirmam que “tem sido crescente a atenção
voltada aos transtornos mentais e a consequente incapacitação ao trabalho, e é
também grande a necessidade de pesquisas e de propostas interventivas nessa
área.” (GUIMARÃES et al., 2003, p. 53).
Conscientes da importância dos aspectos psicológicos do trabalhador, os
autores argumentam a necessidade de expandir a discussão no campo da saúde
mental e fazem a seguinte consideração: “Os transtornos mentais ligados ao
trabalho são uma área que tanto o poder público, as empresas privadas, os
empregadores e a sociedade como um todo, precisam conhecer ainda mais e agir
mais eficazmente”. (GUIMARÃES et al., 2003, p. 53)
Sem pretender prolongar a análise exclusiva da saúde mental no trabalho que
foge agora aos objetivos do presente do estudo, porém, partindo de uma visão de
homem integral, é preciso acrescentar que o bem estar psicológico é indissociável
da qualidade de vida no aspecto global e, portanto, sua inclusão em pesquisas na
área é de grande importância como atestam alguns domínios ligados à avaliação da
qualidade de vida da WHOQOL (GRUPO WHOQOL,1998).
Fleck (2000) argumenta que desenvolver instrumentos para avaliar qualidade
de vida psicometricamente é um grande desafio pela dificuldade em definir
constructos subjetivos influenciados por características temporais (de época) e
culturais. Ressalta ainda que grande parte dos instrumentos, específicos e
genéricos, foi desenvolvida nos Estados Unidos e Europa, tornando o uso em outros
contextos culturais no mínimo questionável. Isso justifica a tentativa de tradução e
validação de instrumentos encontrados na literatura brasileira e percebida na análise
que se segue pelo artigo “Tradução para português brasileiro e validação de um
questionário de avaliação de produtividade”, que busca superar limitações nesse
sentido.2
A partir disso, visando minimizar a dificuldade referente à padronização, Fleck
(2000) destaca a atuação da Organização Mundial de Saúde (OMS) na tentativa de
elaborar um instrumento de caráter multicultural.
Na ausência de um instrumento que avaliasse qualidade de vida per se, com uma perspectiva internacional, fez com que a OMS constituísse um Grupo de Qualidade de Vida (Grupo WHOQOL) com a finalidade de desenvolver instrumentos capazes de fazê-lo dentro de uma perspectiva transcultural. (FLECK, 2000, p. 34).
Os instrumentos da Organização Mundial de Saúde, desenvolvidos para
avaliar QV, são considerados instrumentos genéricos estruturados e podem ser
encontrados em suas formas completa (WHOQOL-100) e abreviada (WHOQOL-
bref).3
O instrumento WHOQOL- 100 consiste em cem perguntas divididas em seis
domínios: físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio
ambiente e espiritualidade/religiosidade/crenças pessoais. Segundo Fleck (2000,
v.5, p. 34), “vários centros com culturas diversas participaram da operacionalização
dos domínios de avaliação de qualidade de vida, da redação e seleção de questões,
da derivação da escala de respostas e do teste de campo nos países envolvidos
nesta etapa.” O método WHOQOL aplicado à versão brasileira do instrumento foi
descrito detalhadamente por Fleck et al., 19994.
Fleck (2000) acrescenta que o modelo WHOQOL bref surge da demanda de
um instrumento mais curto que exigisse pouco tempo para seu preenchimento e que
preservasse as características psicométricas satisfatórias. O WHOQOL bref conta
2 Fonte: SOAREZ, Patrícia Coelho et al. Tradução para português brasileiro e validação de um
questionário de avaliação de produtividade. Revista Panamericana de Salud Pública, Washington, v. 22, n. 1, jul. 2007.
3 Para conhecer mais sobre o WHOQOL-100 e WHOQOL-bref consultar o seguinte artigo: FLECK,
Marcelo Pio de Almeida. O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 33-38, 2000.
4 FLECK, Marcelo Pio de Almeida. et al . Desenvolvimento da versão em português do
instrumento de avaliação de qualidade de vida da OMS (WHOQOL-100). Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. 21, n. 1, p. 19-28, mar. 1999.
com 26 perguntas e quatro domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio
ambiente. Chama a atenção, entretanto, que a forma reduzida não consiste apenas
em uma abreviação do WHOQOL- 100, pois acaba por suprimir alguns dos domínios
analisados na versão completa (e.g., nível de independência e
espiritualidade/religiosidade/crenças pessoais).
No que tange aos instrumentos específicos, as categorizações de QVT
criadas por Walton têm sido enormemente utilizadas na literatura científica. Segundo
Rodrigues (2002), Walton contribuiu com importantes questionamentos que serviram
de diretrizes para a determinação dos seus oito critérios para QVT largamente
citados pela literatura. Por não possuir perguntas estruturadas, mas disponibilizar
critérios de avaliação que podem ser mensurados em vários âmbitos do trabalho, os
instrumentos construídos com base nas categorias de Walton são consideradas
avaliações específicas semiestruturadas. As oito categorias de Walton segundo
Fernandes (1996, p. 48) são: “compensação justa e adequada, condições de
trabalho, uso e desenvolvimento de capacidades, oportunidade de crescimento e
segurança, integração social na organização, constitucionalismo, o trabalho e o
espaço total de vida e relevância social do trabalho na vida”.
Outros instrumentos têm sido usados na mensuração de QV e QVT. Alguns
possuem um padrão definido entre domínios e itens, outros, adaptam-se conforme o
contexto encontrado usando de entrevistas e questionários estruturados ou
semiestruturados, portanto, criados pelos pesquisadores, não necessariamente
baseados em estudos de validade.
Segundo Schimidt, Dantes e Marziale (2008), um domínio ou componente de
um instrumento de avaliação é o que identifica o foco particular de atenção do
estudo, podendo compreender um único item ou vários itens relacionados. O campo
de pesquisa na área tem demonstrado uma gama enorme de testes que poderão ser
vistos no desenvolvimento desta revisão.
4 OBJETIVOS
4.1 GERAL
●Identificar os recursos metodológicos utilizados nas pesquisas sobre qualidade de
vida no trabalho, a partir de publicações disponíveis na base de dados Scielo.
4.2 ESPECÍFICOS
●Caracterizar dados referentes às variáveis de publicação: título, autor, revista, ano
de publicação e instituição de origem do estudo.
●Levantar dados quanto às variáveis de método empregadas na realização do
estudo: sujeito, objetivo, instrumento, local de coleta, número de itens, número de
domínios, área do conhecimento embasamento em dados, conceito de qualidade de
vida e qualidade de vida no trabalho, tema principal da pesquisa e principais
resultados e conclusões na realização do estudo.
5 MÉTODO
5.1 FONTE DOS ARTIGOS
Os dados para a pesquisa foram coletados através de artigos científicos
disponíveis na revista “Scientific Eletronic Library Online - Scielo”, para o período de
1992 a 2009. Para a busca de artigos, foi utilizada a palavra-chave: qualidade de
vida no trabalho.
Para identificar os estudos que fariam parte desta pesquisa foram estipulados
os seguintes critérios de inclusão: estudos que avaliaram a qualidade de vida ou
qualidade de vida do trabalho dos campos profissionais específicos, por meio de
instrumentos específicos e genéricos, por meio de questões abertas e fechadas,
estudos metodológicos sobre a elaboração do instrumento de qualidade de vida e
estudos bibliográficos que faziam referência à história e ao desenvolvimento do
termo na literatura científica.
Quanto aos artigos que abordam a QV do trabalhador, através de
questionários genéricos de QV, esses foram incluídos por considerar a avaliação da
QV do trabalhador num contexto de investigação dos aspectos voltados à relação do
indivíduo com o trabalho.
Foram analisados apenas os estudos da produção científica brasileira sobre o
tema QVT, sendo 28 publicados no Brasil e uma no exterior. Foram encontrados
dois estudos conduzidos em outros países na identificação dos artigos pela palavra
chave qualidade de vida no trabalho, totalizando um artigo em inglês e um em
espanhol. As produções estrangeiras foram excluídas da análise. Foram ainda
excluídos os artigos não relacionados ao tema e os que avaliavam a qualidade de
vida fora do contexto do trabalho.
As informações foram agrupadas conforme as variáveis em estudo,
resultando em três subconjuntos de dados: variáveis de publicação (VP) e de
método (VM) e de resultados (VR) (Ver quadro1).
Quanto aos dados dos artigos, as variáveis de publicação investigadas são:
título, autor, nome da revista, universidade, cidade, estado, departamento de origem
e ano de publicação do estudo. No que se refere aos dados do método, as variáveis
coletadas foram: sujeitos, objetivos do estudo, embasamento em dados ou não
embasamento em dados, local de coleta, fonte de dados, instrumento, número de
itens, número de domínios, área do conhecimento, conceito de qualidade de vida,
conceito de qualidade de vida no trabalho e tema principal da pesquisa. Quanto aos
dados do resultado, as variáveis foram: resultados e conclusão.
Quadro 4. Distribuição das variáveis em estudo, conforme subconjunto
Subconjunto Sigla Variáveis investigadas
Variáveis de publicação VP
Título Autores
Nome da revista Ano de publicação
Instituição de origem dos autores Estado e Cidade de origem do autor principal
Variáveis de método VM
Sujeito Objetivo
Instrumento Local de coleta Fonte de dados Número de itens
Número de domínios Área do conhecimento
Embasamento em dados Conceito de Qualidade de Vida
Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho Tema principal da pesquisa
Variáveis de resultado VR Resultados Conclusão
5.2 PROCEDIMENTOS
Para a realização da pesquisa, foi necessário dividi-la em cinco etapas:
1º Etapa:
A primeira etapa consistiu na procura dos artigos. A palavra-chave qualidade
de vida no trabalho foi utilizada para identificar artigos sobre o tema.
2º Etapa:
A segunda etapa foi conhecer esses artigos que se encontravam disponíveis
no banco de dados Scielo.
3º Etapa:
Após a seleção dos artigos, foi montado um banco de dados no Excel,
preliminar, onde as variáveis destacadas nos objetivos foram extraídas das
pesquisas de acordo com a conceituação original dada pelos autores.
4º Etapa:
A quarta etapa consistiu da avaliação das variáveis, e verificação do que era
comum entre elas, para a realização de uma categorização dos dados.
5º Etapa:
A última etapa consistiu da análise dos dados finais, discussão considerando
a produção sobre o tema e outros estudos e conclusão.
6 RESULTADOS
Dos 320 artigos em português encontrados no banco de dados da Scielo com
a palavra chave qualidade de vida no trabalho, 41 eram uma segunda cópia dos
artigos disponíveis, 250 não abordavam diretamente o tema ou não preenchiam os
critérios estabelecidos. Do total de referências encontradas, obteve-se 29 estudos
brasileiros sobre qualidade de vida no trabalho que serão analisados no presente
trabalho.
Para fins da análise dos resultados, esses foram divididos em variáveis de
publicação, método e resultado conforme quadro 4.
6.1 VARIÁVEIS DE PUBLICAÇÃO
No que se refere aos autores dos artigos, foi observado que quanto à
distribuição do número por estudo, encontraram-se nas pesquisas até cinco
pesquisadores envolvidos. Entretanto, as frequências maiores foram de dois autores
por estudo (51,7%) seguidas por um e três (17,2%) (Ver tabela 1).
Tabela 1: Distribuição da quantidade de autores por estudo
Número de autores F P%
1 5 17,2%
2 15 51,7%
3 5 17,2%
4 3 10,3%
5 1 3,4%
Total 29 100%
Nos estudos analisados foram encontrados 63 diferentes autores, sendo que
alguns se destacaram pelo número de trabalhos em que participaram, como é o
caso das pesquisadoras: Regina Zanella Penteado, Denise Rodrigues Costa
Schmidt e Rosana Aparecida Spadoti Dantas (Ver tabela 2).
Tabela 2: Distribuição da participação dos autores por estudo
Pesquisadores Pesquisas que participaram
Regina Zanella Penteado 3
Denise Rodrigues Costa Schmidt 2
Rosana Aparecida Spadoti Dantas 2
Demais autores 1
Quanto às regiões onde esses estudos foram realizados, pode-se constatar o
predomínio da Região Sudeste 62,1% (n=18), seguida pela Região Sul 13,8% (n=4)
e pela Região Nordeste e Centro-Oeste 3% com apenas um estudo cada. Houve
ainda um estudo em parceria entre as Regiões Nordeste, Sudeste e Sul (3%). (Ver
tabela 3)
Tabela 3: Distribuição geográfica das regiões brasileiras onde foram realizados os estudos
Regiões brasileiras F P % Estados F P% Municípios F P%
Sudeste
18 62,1% SP 13 44,8%
São Paulo 8 27,6% Ribeirão Preto 2 6,9%
Campinas 1 3,4% Rio Claro 1 3,4% Santos 1 3,4%
RJ 3 10,3% Rio de Janeiro 3 10,3%
MG 2 6,9% Belo Horizonte 2 6,9%
Sul
4 13,8% PR 1 3,4%
RS 1 3,4% Porto Alegre 1 3,4%
1 3,4% SC 2 6,9% Florianópolis 1 3,4%
Centro- Oeste 1 3,4% DF 1 3,4% Brasília 1 3,4%
Nordeste BA 1 3,4% Jequié 1 3,4%
Sudeste, Sul, Nordeste
MG
1 3,4%
1 3,4% PR
BA
Não consta (NC) 2 6,9% NC 2 6,9% NC 2 6,9%
Não se aplica(NA) 2 6,9% NA 2 6,9% NA 2 6,9%
Total 29 100% 29 100%
No que se refere aos estados, o que apresentou maior número de estudos foi
São Paulo 44,8% (n=13), seguido respectivamente por Rio de Janeiro 10,3% (n=3),
Minas Gerais e Santa Catarina 6,9% (n=2) cada (Ver tabela 3).
Dos 29 artigos analisados, nem todos especificam o estado em que o estudo
foi realizado: em dois artigos, trata-se de revisão bibliográfica e em outros dois
artigos não são especificados os estados em que foi realizado o estudo. Houve caso
ainda de um estudo que aborda três diferentes estados, apontando a realização de
pesquisa interestado.
As cidades que tiveram mais estudos realizados foram respectivamente: São
Paulo (n=8), Rio de Janeiro (n=3), Belo Horizonte e Ribeirão Preto (n=2) cada. (Ver
tabela 3).
Ainda em relação às cidades onde os estudos foram realizados, um artigo não
especifica a cidade em estudo, dois artigos descrevem pesquisas realizadas em
diferentes estados e não especificam a cidade de origem e um artigo aborda dados
de 13 municípios sem identificá-los.
No que diz respeito às instituições nas quais os pesquisadores estão
vinculados, foram identificados 20, sendo que 18 são Instituições de Ensino
Superior. Um estudo foi realizado em parceira entre instituições. As que representam
maior número de estudos são: Universidade de São Paulo (n=7), seguida pela
Universidade Federal de São Paulo (n=3), e pela Pontífica Universidade Católica de
Campinas (n=2) (Ver tabela 4).
Quanto ao local e ano de publicação, as revistas em que houve maior número
de publicações foram: Revista de Administração Contemporânea (n=3), Revista
Latino Americana de Enfermagem (n=3), seguidas pelo Caderno de Saúde Pública,
Psicologia em Estudo, Revista Ciência e Saúde Coletiva e Saúde e Sociedade (n=2)
(Ver tabelas 4 e 5).
Tabela 4: Instituição onde a pesquisa foi realizada
Instituição F
Complexo Hospitalar de Heliópolis 1
Faculdade de Medicina de Lisboa 1
Fundação Getúlio Vargas 1
Faculdade Novos Horizontes 1
Fundação Oswaldo Cruz 1
Pontífica Universidade Católica de Campinas 2
Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro 1
Universidade de Brasília 1
Universidade de São Paulo 7
Universidade do Oeste de Santa Catarina 1
Universidade Federal de Minas Gerais 1
Universidade Federal do Rio de Janeiro 1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1
Universidade Federal de Santa Catarina 1
Universidade Federal de São Paulo 3
Universidade Federal de São João del-Rei 1
Universidade Metodista de Piracicaba 1 Universidade Metodista de Piracicaba e Universidade de Ribeirão Preto 1
Pesquisa documental - Não possui 1
Total 29
Tabela 5: Revista de publicação do estudo
Fonte de Publicação F
Caderno de Saúde Pública - Rio de Janeiro 2 Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 1 Jornal Brasileiro de Psiquiatria 1 Psicologia em Estudo 2 Psicologia: Teoria e Pesquisa 1 Pró- Fono Revista de Atualização Científica 1 Revista Acta Paulista de Enfermagem 1 Revista Brasileira de Terapia Intensiva 1 Revista da Escola de Enfermagem da USP 1 Revista de Administração Contemporânea - RAC 3 Revista de Administração de Empresas - RAE 1 Revista de Administração Pública - RAP 1 Revista Cefac 1 Revista Ciência e saúde Coletiva 2 Revista Paidéia - Ribeirão Preto 1 Revista Panamericana de Salud Pública 1 Revista Psicologia, Reflexão e Crítica 1 Revista Latino Americana de Enfermagem 3 Revista Saúde Pública 1 Revista Sociologias 1 Saúde e Sociedade - São Paulo 2 Total 29
Quanto ao ano de publicação, havia no banco de dados da Scielo publicações
a partir do ano de 1992, contudo, de acordo com os critérios de seleção, todas as
publicações encontraram-se no intervalo de 2000-2009 (Ver gráfico 1), portanto,
publicações feitas em um período de 10 anos.
Nota-se uma estabilidade dos anos de 2000 a 2002, obtendo uma crescente
de publicações a partir de 2004 com uma queda de publicação em 2006 e
novamente um aumento das pesquisas em 2007 estabilizada até o ano de 2009.
6.2 VARIÁVEIS DO MÉTODO
Dos 29 artigos em análise, 93% (n=27) dos estudos realizados são baseados
em dados, ou seja, utilizaram de dados quantitativos/qualitativos em pesquisa de
campo na construção do estudo e 7% (n=2) não são baseados em dados,
consistindo, portanto, em revisão de literatura.
No que se refere à utilização de outras fontes de dados inseridas nos estudos,
pôde-se constatar que 28% (n=8) utilizaram dados de pesquisas publicadas para
Ano 1992 -1999
Ano 2000
Ano 2001
Ano 2002
Ano 2004
Ano 2005
Ano 2006
Ano 2007
Ano 2008
Ano 2009
Série1 0 2 1 1 3 4 2 5 6 5
0
1
2
3
4
5
6
7
Fre
qu
ênci
a
Gráfico 1. Distribuição da frequência de publicações sobre QVT
Ano
confirmar algum dado ou contextualizar o estudo apresentado e 72% (n=21) não
utilizaram de quaisquer fontes de dados externas.
Os dados foram coletados em 13 locais diferentes, sendo: hospital, centro
municipal de saúde, empresa pública federal, empresa pública estadual, empresa
privada, instituição de ensino superior, escola de rede pública, posto de gasolina,
restaurante, agência bancária, associação de magistrados da justiça do trabalho,
órgãos públicos federais, polícia civil e outros. Os locais utilizados com maior
frequência para coleta de dados foram os hospitais (n=6), seguido pelas escolas de
rede pública (n=4) (Ver anexos A e B).
No que tange o número de locais utilizados por estudo para a coleta de
dados, pode-se constatar que a maioria coletou em único local (n=15). Dois estudos
fizeram o uso de quatro locais de coleta, dez estudos pareceram sugerir que as
coletas foram realizadas em vários lugares, porém, não citaram a quantidade e os
locais exatos e dois estudos não se aplicam por tratar de revisão e pesquisa
bibliográfica (Ver tabela 6).
Tabela 6: Distribuição da quantidade de locais de coleta de dados por estudo
Quantidade de locais de coleta F P%
01 15 51,7%
04 2 6,9%
Não consta 10 34,5%
Não se aplica 2 6,9%
Total 29 100%
Quanto aos sujeitos de pesquisa, foram citadas diretamente 14 ocupações
profissionais diferentes, sendo estas: enfermeiro, auxiliar de enfermagem, técnico de
enfermagem, atendente de enfermagem, médico, assistente administrativo,
engenheiro, técnico em eletrônica, professor, caminhoneiro, gestor, bancário,
magistrado da justiça do trabalho e policial.
A ocupação investigada com maior frequência nos estudos foi gestor (n=7),
seguida do professor e do enfermeiro com seis estudos cada (Ver tabela 7). Em
relação à frequência dos artigos que citam as ocupações, predominam os que fazem
referência a uma única ocupação (55,2% / n=16), seguidos dos que fazem menção a
duas ocupações (13,8% / n=4) (Ver tabela 8). Dois estudos apontam a análise de
várias ocupações em um mesmo local de coleta dos dados (mesma instituição), sem
especificar as ocupações dos sujeitos; um estudo não especifica quem são os
sujeitos e dois não incluem por tratarem de dados bibliográficos. As variáveis dos
sujeitos inclusas no ANEXO A apresentam a ocupação gênero e faixa etária. Outras
variáveis dos sujeitos foram levantadas e a relevância delas será abordada no
desenvolvimento da discussão.
Tabela 7: Distribuição da quantidade de ocupações por estudo
Ocupações F em estudos
Gestores 7
Enfermeiros 6
Professores 6
Aux. Enfermagem 3
Téc. Enfermagem 2
Assistentes administrativos 2
Caminhoneiros 2
Atendente de enfermagem 1
Médico 1
Engenheiros 1
Téc. Eletrônica 1
Bancários 1
Magistrados da justiça do trabalho 1
Policiais 1
Total 35
Tabela 8: Distribuição da quantidade de ocupações por estudo
subjetiva do sono (n=1), latência do sono (n=1), duração do sono (n=1), eficiência
habitual do sono (n=1), distúrbios do sono (n=1), uso de medicação para dormir
(n=1), sonolência diurna e distúrbios durante o dia (n=1), valorização e
reconhecimento institucional (n=1), identidade e imagem profissional (n=1),
integração com a equipe (n=1), sensibilização (n=1), adaptações (n=1), práticas de
RH (n=1), controle sobre o trabalho (n=1), demandas psicológicas do trabalho (n=1),
esforço físico (n=1), carga isométrica física (n=1), demandas físicas do trabalho
(n=1), insegurança no emprego (n=1), suporte social proveniente do supervisor
(n=1), suporte social proveniente dos colegas de trabalho (n=1), e super
comprometimento (n=1). (Ver anexo E)
O quadro do anexo E contém apenas os domínios que foram citados duas ou
mais vezes pelas ocupações dos sujeitos avaliados, e também exclui os estudos que
não identificam as ocupações específicas, de forma a facilitar a visualização dos
dados. O anexo E apresenta a frequência dos domínios por ocupação e os escores
acima são o resultado dos domínios por instrumento. Assim, há variações entre os
escores dos domínios citados acima com os inseridos no anexo. Algumas
referências utilizaram análises de mais de uma profissão em um mesmo estudo e
com um mesmo instrumento, por esse motivo, as variações referidas no anexo E
com os resultados dos domínios acima novamente se justificam.
Em relação aos itens analisados, esses foram apontados em 20 estudos. O
número de itens nos instrumentos variou de 10 a 100, havendo o predomínio de
instrumentos com 24 itens (n=6), seguido de 10 itens (n=4), 15 itens e 100 itens (n=2
cada um). Esses resultados vão ao encontro dos instrumentos padronizados para
medição e QV e QVT incluídos nos estudos em análise. Alguns estudos
apresentaram instrumentos que utilizavam de dois ou três Modelos de Distribuição
de Itens (MDI), sendo: três MDI (15%/n=3), dois MDI (20%/n=4) e um MDI por
estudo (65%/n=13).
6.2.3 Estudo de revisão de literatura e pesquisa bibliográfica
Dois estudos compreendidos na revisão: “Qualidade de vida no trabalho e
saúde/doença” (LACAZ, 2000), e, “As Melhores empresas para trabalhar no Brasil e
a qualidade de vida no trabalho: disjunções entre a teoria e a prática” (TOLFO &
PICCININI, 2001), tratam especificamente de dados bibliográficos. O primeiro é um
estudo de revisão de literatura e o segundo, uma pesquisa bibliográfica. Deste
modo, são classificados em algumas tabelas com o título “Não se aplica”.
O fato de tratar de pesquisas bibliográficas, não diminui sua importância em
relação às outras 27 referências. Tolfo e Piccinini (2001), nos trás informações
importantes quando utiliza do modelo proposto pelas categorias de Walton para
analisar as práticas das melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Os dados
trazidos por Tolfo e Piccinini (2001), oferece uma oportunidade de análise que
permite estabelecer disjunções entre a teoria e a prática no contexto social e político
brasileiro.
Seguindo o mesmo grau de importância, Lacaz (2000) faz uma abordagem
ampla do contexto histórico e conceitual de QVT, proporcionando informações
importantes a respeito da evolução do tema segundo os autores citados por seu
artigo. O autor acrescenta também, a partir de um aspecto geral da pesquisa, as
áreas em a QVT têm dedicado maior atenção, constituindo em: satisfação do
trabalhador; saúde e segurança no trabalho; discussões recentes sobre novas
formas de organização do trabalho e o uso de novas tecnologias.
6.3 VARIÁVEIS DO RESULTADO
No que se refere aos resultados dos estudos conduzidos pelos
pesquisadores, são categorizados quanto aos níveis satisfatórios e insatisfatórios
das variáveis citadas em cada artigo. Esse modelo permite compreender de modo
geral os critérios de avaliação que têm recebido satisfatoriamente maior ênfase,
assim como os que apresentam maiores queixas e necessidades de avaliação em
diferentes contextos.
Um primeiro tratamento dado às informações trazidas pelos principais
resultados foi o de verificar quais eram as variáveis de resultados mais citados nos
artigos. No total foram 48 variáveis de resultados descritas, das quais verificou-se o
predomínio de estudos em que os autores descreviam os resultados das condições
ambientais do trabalho (n=8), remuneração (compensação justa e adequada) (n=8),
jornada de trabalho (n=8), condições da saúde física (n=8), seguidos pelos estudos
que destacaram o relacionamento interpessoal (integração social no trabalho) (n=7),
indicadores de autonomia (nível de independência) (n=6), segurança no emprego
(n=6), relevância social da vida no trabalho (n=5), saúde mental (n=5) e componente
socioemocional (n=5).
Após essa primeira análise, destacaram-se os níveis de satisfação e
insatisfação das variáveis de resultado, quando se observaram que os níveis
insatisfatórios dos resultados foram mais presentes nas análises (Ver tabela 15),
sugerindo que os estudos alertam para condições inadequadas de trabalho, tendo
em vista o conceito de qualidade de vida no trabalho adotado.
Tabela 15 : Distribuição das variáveis de resultados nos estudos
Variáveis de resultados F Nível de satisfação Nível de insatisfação
Condições ambientais do trabalho 8 3 5
Remuneração (compensação justa e adequada) 8 - 8
Saúde física 8 5 3
Relacionamento interpessoal (integração social no trabalho) 7 5 2
Indicadores de autonomia (nível de independência) 6 4 2
Segurança no emprego 6 4 2
Relevância social da vida no trabalho 5 2 3
Saúde mental 5 - 5
Componente sócio emocional 5 - 5
Possibilidade de carreira (Crescimento profissional) 4 3 1
Responsabilidade social da empresa em relação aos empregados 4 - 4
Aparecimento de sintomas psicopatológicos 4 - 4
Condições físicas funcionário 4 2 2
Constitucionalismo 4 4 -
Liberdade de expressão 3 3 -
Oportunidade de uso e desenvolvimento das habilidades múltiplas 3 2 1
Incidência de stress 3 - 3
Distúrbios do sono 3 - 3
Ação social 2 - 2
Investimento em capacitação 2 1 1
Identificação com a empresa 2 2 -
Imagem da empresa 2 2 -
Identidade de tarefa 2 2 -
Qualidade da voz 2 1 1
Trabalho e espaço total da vida 2 2 -
Participar nas decisões (processos de trabalho) 2 2 -
Retroinformação 2 2 -
Significado da tarefa 2 2 -
Vitalidade 2 - 2
Privacidade pessoal 2 1 1
Autorealização 1 1 -
Motivação 1 1 -
Eqüidade interna 1 - 1
Área profissional 1 - 1
Ação cívica 1 - 1
Cansaço para falar 1 - 1
Distribuição de tarefas 1 - 1
Cansaço para falar 1 - 1
Apoio do supervisor 1 - 1
Melhoria de qualidade dos serviços aos clientes internos e externos 1 1 -
Melhoria de QVT a partir de PQT 1 1 -
Preocupação com o lado humano 1 1 -
Maior liberdade 1 1 -
Reconhecimento 1 1 -
Senso comunitário 1 1 -
Número de profissionais suficientes 1 - 1
Recursos humanos e materiais na unidade 1 - 1
Total 131 62 69
No que se refere às conclusões apresentadas pelos estudos, pode-se verificar
que os estudos especificaram 12 tipos diferentes de conclusões, sendo estas:
caracterização da percepção de QVT; orientação para mudanças nas condições de
trabalho; caracterização de critérios mais importantes para avaliação de QVT; QV
como dimensão importante para análise das condições de trabalho; caracterização
de confiabilidade do instrumento utilizado para análise; possibilidade de mensurar os
resultados de QV; necessidade de um modelo de avaliação e mensuração dos
resultados de QVT; caracterização geral do estado dos trabalhadores;
caracterização do principal problema que interfere na QV; necessidade de novos
estudos que esclareçam aspectos que não foram suficientemente explorados; QVT
interfere diretamente na produtividade das empresas e orientação quanto a uma
maior divulgação dos programas de QVT.
Das conclusões analisadas, as que tiveram uma frequência maior nos
estudos foram as que traziam os seguintes aspectos: caracterização geral do estado
dos trabalhadores (n=8), seguidas das orientações para mudanças das condições de
trabalho (n=7), caracterização do principal problema que interfere na QV (n=5),
construção e implementação de estratégias para melhoria de QVT (n=4),
caracterização de confiabilidade do instrumento utilizado para análise (n=3),
caracterização de critérios mais importantes para avaliação de QVT (n=2),
necessidade de novos estudos que esclareçam aspectos que não foram
suficientemente explorados (n=2), orientação quanto a uma maior divulgação dos
programas de QVT (n=2), QVT interfere diretamente na produtividade das empresas
(n=1), QV como dimensão importante para análise das condições de trabalho (n=1),
possibilidade de mensurar os resultados de QV (n=1), necessidade de um modelo
de avaliação e mensuração dos resultados de QVT (n=1) (Ver tabela 16).
Tabela 16: Caracterização das conclusões dos estudos analisados
Conclusões dos estudos
Caracterização geral do estado dos trabalhadores
Sub-classes F parcial F total
Níveis de satisfação dos trabalhadores
3 8
Níveis de insatisfação dos trabalhadores
5
Orientações para mudanças das condições de trabalho
Intervenção no trabalho com foco na gestão
participativa 2
7
Intervenção nas condições de trabalho
voltado a prevenção do stress
1
Construção e implementação de
estratégias de melhoria de QVT
4
Caracterização do problema que interfere na QV 5
Construção e implementação de estratégias para melhoria de QVT 4
Caracterização de confiabilidade do instrumento utilizado para análise 3
Caracterização de critérios mais importantes para avaliação de QVT 2
Necessidade de novos estudos 2
Orientação quanto uma maior divulgação dos programas de QVT 2
QVT interfere diretamente na produtividade das empresas 1
QV como dimensão importante para análise das condições de trabalho 1
Possibilidade de mensurar os resultados de QV 1
Necessidade de um modelo de avaliação e mensuração dos resultados de QVT 1
Total 37
7 DISCUSSÃO
Os dados referentes aos artigos e à origem dos estudos demonstram uma
grande variabilidade de autores, porém, nota-se que as regiões com mais produções
na área, assim como as instituições nas quais as pesquisas foram realizadas, estão
diretamente vinculadas ao trabalho de uns autores específicos que se destacam na
abordagem da QVT.
As três autoras com maior número de produções encontradas nessa pesquisa
comprovam a afirmação feita acima. Regina Zanella Penteado está vinculada à
Universidade Metodista de Piracicaba e Denise Rodrigues Costa Schmidt que vem
realizando pesquisas junto a Rosana Aparecida Spadoti Dantas estão vinculadas à
Universidade de São Paulo. Essa constatação configura a realidade que aponta a
região Sudeste, com destaque ao estado de São Paulo, como maior produtor de
pesquisas no campo da qualidade de vida no trabalho, o que poderia sugerir que
isso se dá devido à grande concentração de indústrias nesse estado, entretanto, o
foco dos estudos analisados, como se verá abaixo, não variou nesse sentido,
sugerindo uma concentração devido a interesse do pesquisador em abordar o tema
tendo em vista profissões e instituições específicas, possivelmente pela facilidade de
acesso às instituições referidas.
Os resultados dos estudos demonstraram que o tema vem sendo abordado
com mais frequência na área de Ciências da Saúde, levando-nos a crer que a atual
forma de abordar a qualidade de vida no trabalho está diretamente relacionada aos
aspectos voltados à saúde geral do trabalhador, possivelmente em consonância ao
conceito de saúde adotado pela Organização Mundial de Saúde, que diretamente se
relaciona ao conceito de qualidade de vida adotado por essa instituição, para a qual
saúde é definida6 como: "um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental,
espiritual e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade"7.
6 Preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde tal como adorado pela Conferência
Internacional de Saúde, Nova Iorque, 19-22 junho de 1946, assinado em 22 de julho de 1946 pelos representantes de 61 Estados (Registros Oficiais da Organização Mundial de Saúde, nº 2, p.100) e entrou em vigor em 7 de abril de 1948. Disponível em:
“Desde a Assembléia Mundial de Saúde de 1983, a inclusão de uma dimensão "não material" ou "espiritual" de saúde vem sendo discutida extensamente, a ponto de haver uma proposta para
Os escores obtidos nos estudos reforçam essa conclusão, quando são
apresentados os componentes socioemocional, as condições físicas e saúde física e
mental como as variáveis que mais se destacaram nos resultados dos estudos. Foi
observado também que na distribuição dos objetivos por estudo destacaram-se os
seguintes: investigar, caracterizar e avaliar o processo saúde-doença e estratégias
de QVT e investigar o impacto da voz e qualidade de vida do profissional.
Observem, porém, que, Lacaz (2000) e Tamaki (2000) chamam a atenção
para não associarem a qualidade de vida na saúde do trabalhador a hábitos de vida,
por se situarem numa perspectiva individualizada, voltada às condições de saúde do
trabalhador. Assim, corre-se o risco de desconsiderar a organização do processo de
trabalho e minimizar a problemática que é analisada em sua dimensão coletiva.
Ainda que essa posição metodológica de Lacaz (2000) e Tamaki (2000)
possa ser importante para definir uma dimensão de análise, ela, entretanto, merece
considerações. Uma delas é que ela não se confirma na prática investigativa, como
atestam os estudos analisados, uma posição que tenha a hegemonia de uma
análise em sua dimensão coletiva.
Parece-nos que a organização do processo de trabalho é uma das análises
possíveis na área de QVT, e tem sua importância, e de fato parece constituir-se em
um dos determinantes em termos de relações causais na QVT. Contudo, ela poderá
ou não estar integrada naquilo que se avalia e analisa.
Observem que, dos instrumentos propostos nos estudos analisados, todos
medem comportamentos individuais de alguma forma, mesmo que os estudos se
voltem para análises de grupo. Questões de natureza organizacional foram apenas
descritas nas revisões e discussões dos dados, não sendo incluídas
necessariamente medidas diretas de dados das organizações nos estudos, o que
pode apontar para necessidades de investigações que incluam variáveis para esse
fim.
Observem ainda que alguns instrumentos deixam explicitas as medidas do
comportamento individual, inclusive de hábitos. Medidas do comportamento
individual foram na verdade as únicas mencionadas como parâmetros da QV e QVT,
modificar o conceito clássico de "saúde" da Organização Mundial de Saúde para "um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social e não meramente a ausência de doença"(WHO/MAS/MHP/98.)”. Disponível em: <http://www.almamix.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=118:oms-saude-2010&catid=21:saude&Itemid=97.> Acesso em: 20 nov. 2010.
e SRQ-20. Esses resultados da revisão levam à percepção de que, na ausência de
instrumentos padronizados para avaliação de profissões específicas, a utilização de
instrumentos de escala ou medida geral tem sido uma alternativa na busca de
resultados que possam medir o nível de qualidade de vida no trabalho.
Fernandes (1996) argumenta que, em decorrência dos diferentes tipos de
análise de QVT, há necessidade de ter uma visão situacional sobre o assunto
partindo do contexto social, econômico e político local, por isso, segundo a autora,
QVT é um tema amplo, flexível e contingencial. Em geral, a análise aponta que os
instrumentos que faziam uso de domínios e itens levavam em consideração as
características individuais dos trabalhadores com referência ao ambiente de
trabalho. Portanto, em vista aos resultados, há necessidade de mais estudos que
busquem compreender melhor os critérios de inclusões dos domínios e itens.
Em relação ao conceito de qualidade de vida no trabalho, esse foi ao encontro
da abordagem presente na revisão de literatura, uma vez que denota uma
imprecisão conceitual em decorrência da abertura à variabilidade de definições que
estão associadas aos contextos em que foram elaborados. Houve também uma
ausência de definição observada por uma parcela dos estudos (n=8). Alguns autores
apontaram o desconhecimento conceitual de uma quantia considerável dos sujeitos
de pesquisa do que vem a ser QVT e qual a sua funcionalidade. Monaco e
Guimarães (2000) e Piccinini (2004) associam o desconhecimento do que vem a ser
QVT e de sua metodologia aos baixos índices de comprometimento por parte dos
funcionários e demais itens de avaliação, ressaltando a necessidade de programas
de divulgação. Huse e Cummings (1985) apud Rodrigues (2002) observam que, já
na década de 60, a maior conscientização dos trabalhadores associada ao aumento
das responsabilidades sociais da empresa foi um dos elementos fundamentais para
as pesquisas que objetivavam melhores formas de realizar o trabalho. Rodrigues
(2002) ressalta ainda que na atualidade a maior conscientização dos trabalhadores
tem levado a constantes reivindicações no sentido de um trabalho mais humanizado
e compensador. Trata-se de uma reflexão importante uma vez que a
conscientização (conhecimento sobre) parece refletir o grau de interesse do
empregado em relação ao trabalho.
Conforme Aquino (1980), citado por Fernandes (1996), quando o trabalhador
não se sente integrado ou aceito no seu ambiente de trabalho, tende em primeiro
lugar a cuidar de seus interesses, e quando lhe sobra tempo, dos interesses da
empresa. Comportamento esse que não é desejado, uma vez que a QVT implantada
nas empresas parece estar intimamente associada à necessidade de maior
produtividade, ou seja, parece voltar-se a medidas de interesse primário nas
empresas. Apesar dessa relação produtividade x qualidade de vida no trabalho estar
aparentemente associada, ela foi citada apenas uma vez nas análises das
conclusões encontradas nos estudos de Limongi-França e Oliveira (2005).
As pesquisas de QVT na área organizacional, onde haveria uma possibilidade
de encontrar com mais frequência a relação produtividade x QVT, não parecem de
fato, ser estimuladas no campo acadêmico, conforme pode-se observar no Anexo G,
onde o campo da saúde foi ganhando destaque nas publicações ao longo dos anos.
É possível que a área de QVT seja muito mais ampla do que têm apresentado os
estudos. Se levarmos em consideração que algumas instituições empresariais
trabalham com o assunto a muito mais tempo, e o interesse das organizações é
voltado muito mais para os resultados práticos, do que necessariamente à
publicação dos resultados, a hipótese anterior pode estar correta.
No que diz respeito às variáveis dos resultados, a soma total entre variáveis
satisfatórias e insatisfatórias apresentaram um valor equiparado. Contudo, uma
variável em especial, a remuneração (compensação justa e adequada), chama a
atenção pelo resultado insatisfatório em todas as ocasiões em que fora avaliada.
Esse aspecto demonstra em geral uma insatisfação do trabalhador quanto ao
benefício econômico, também pode ser um indício da ausência da valorização do
trabalho por parte dos empregadores. Resultado esse significativo, uma vez que a
questão financeira faz-se mister no aspecto de sobrevivência do trabalhador.
Fernandes (1996) nos lembra da dificuldade de buscar qualidade dos produtos se a
qualidade dos que os produzem é baixa, fazendo-se impossível a associação entre
produtividade e qualidade com funcionários insatisfeitos.
Quanto à análise das conclusões, os dois itens mais abordados,
caracterização geral do estado dos trabalhadores e orientações para mudanças das
condições de trabalho que inclui a intervenção no trabalho com foco na gestão
participativa, corroboram a análise conceitual feita por Fernandes (1996) em seu
livro Qualidade de vida no trabalho: como medir para melhorar. Fernandes (1996)
expõe que, para a maioria dos autores, a qualidade de vida no trabalho como uma
linha de pesquisa tem orientado para uma direção de melhorias na eficácia
organizacional, tendo como pré-requisito a satisfação do indivíduo através da
participação das decisões e condições favoráveis em seu trabalho. Isso significa que
os resultados da revisão confirmam uma tendência da implantação da QVT já
encontrada na literatura desde 1996.
Possivelmente há outros artigos disponíveis no banco de dados da Scielo que
fazem referência à QVT, porém, considerando os critérios de seleção dos artigos a
partir da palavra-chave qualidade de vida no trabalho, foram selecionadas 29
referências. Deve-se levar em consideração o volume restrito de estudos da Scielo.
Os artigos que descrevem sobre o assunto não representam uma generalização dos
outros estudos feito no país. A interpretação dos escores deve ser entendida como
reflexo minoritário da realidade da literatura científica brasileira e esses indicadores
não podem ser tomados como uma expressão da mesma. Os artigos da Scielo nos
permitem analisar uma tendência de publicações por áreas de estudo, regiões,
revistas e pesquisadores.
A revisão de literatura contribuiu para uma análise mais detalhada e
abrangente do que vem a ser QVT, como tem sido percebida e aplicada. Torna-se
uma importante ferramenta de trabalho quando apresenta os instrumentos dos
estudos utilizados aos públicos específicos e seus respectivos resultados. Os
estudos de revisão são confirmados em sua importância por Fernandes (1996), ao
afirmar que o primeiro passo para a implantação de um programa de QVT é
conhecer do que se trata, através de uma revisão de literatura especializada sobre o
tema, uma vez que não se pode trabalhar com algo que não se sabe exatamente o
que é e do que se trata.
8 CONCLUSÃO
Medir qualidade de vida no trabalho é uma prática relativamente recente, que
vem crescendo ao longo dos anos, e demonstra ser uma tarefa cercada de
complexidades, cuja interpretação depende de constante revisão conceitual e
metodológica.
Conceitualmente, as questões de qualidade de vida no trabalho têm avançado
em níveis consideráveis, sob o enfoque dos determinantes sociais de condição de
vida em relação às influências do trabalho e vice-versa. Entretanto, os aspectos
analíticos de mensuração apresentam-se ainda como o grande desafio a ser
superado, especificamente, quando se usam diferentes ferramentas de avaliação, as
quais trazem consigo vieses metodológicos inerentes e obstáculos típicos desse
processo. Apesar dos objetivos dos estudos encontrados na análise demonstrarem
uma coesão em relação a outras pesquisas na literatura, os meios instrumentais e
metodológicos para alcançar os resultados satisfatórios em QVT ainda estão
distantes de uma padronização. Percebe-se que na ausência de um instrumento
específico, vários autores têm utilizado de instrumentos genéricos para avaliar o
nível de satisfação no trabalho.
Os estudos têm avançado pela contribuição das diversas áreas do
conhecimento desde o seu surgimento, com destaque para a Psicologia, a
Administração, a Medicina e, mais recentemente, a Enfermagem. A abordagem por
parte de várias profissões possibilita uma variabilidade de percepções específicas
conforme a linha de pensamento. Essa noção fora destacada anteriormente por
Seidl e Zannon (2004) ao afirmarem que a qualidade de vida enquanto um
constructo interdisciplinar pode ser valiosa e mesmo indispensável. A Psicologia
aparece nos estudos de QVT associada ao trabalho de valorização da subjetividade
do indivíduo, buscando conhecer sua percepção em relação ao ambiente sócio
laboral, e também aos fatores de emoção e motivação no desenvolvimento do
trabalho e alcance de metas de produção.
Através da revisão, verificou-se que QVT não possui uma definição unívoca,
seu conceito é multifatorial e vai desde a condição física e psíquica do trabalhador
até as condições ambientais do trabalho.
Os resultados dos estudos apontam necessidades múltiplas dentro e fora do
trabalho como critérios de uma qualidade de vida satisfatória na percepção do
trabalhador. Assim, a utilização de métodos que partam do princípio de uma
avaliação biopsicossocial poderá ser a alternativa mais eficiente na compreensão
das variáveis que interferem na subjetividade do indivíduo sobre o vem a ser
qualidade de vida no trabalho.
Estudos como este permitem aos interessados no assunto visualizar, dentro
de um período maior de tempo, as diversas contingências envolvidas na sua
constituição, bem como os resultados que vêm sendo produzidos pela utilização dos
métodos. Assim, pode-se constatar a evolução das áreas de interesse pelo tema, as
tendências metodológicas ao longo do tempo, bem como observar as relações no
tempo dos aspectos investigados que buscam representar de alguma forma a
medida do homem em sua totalidade, uma visão do homem integral, além da
percepção do trabalhador sobre si mesmo na atividade laboral, como atestam as
medidas empregadas e aplicadas a esses trabalhadores.
Desse modo, visando o crescimento e aprofundamento no campo das
pesquisas em qualidade de vida no trabalho, mais estudos sistemáticos são
necessários nessa área.
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ANEXOS
ANEXO A – DISTRIBUIÇÃO DAS LOCALIDADES ONDE OS DADOS FORAM COLETADOS E VARIÁVEIS DOS SUJEITOS
Classificação
Localidades de coleta dos dados Variáveis do sujeito
Localidades Ocupações Gênero
H-Homem/ M-mulher
Faixa etária
A-anos Resultado Geral
Hospital
Hospital Heliópolis - SP 54 enfermeiras 54 M N.I
Satisfatórios: integração, relevância social, oportunidade de uso e desenvolvimento das capacidades. Insatisfatórios: ausência de reconhecimento pelo trabalho, ausência de plano de carreira, comunicação deficiente e remuneração incompatível com a função.
4 hospitais de Londrina - PR 12 enfermeiros; 1 técnico; 73 auxiliares;18 atendentes de
enfermagem 18 H.;87M N.I
Insatisfação dos profissionais de enfermagem atuantes no bloco cirúrgico em relação à QVT.
Hospital Psiquiátrico de São Paulo - SP 1 enfermeira; 5 auxiliares de
enfermagem N.I N.I
Os trabalhadores encontram-se expostos a todas as cargas de forma intensa e específica, gerando um processo de desgaste físico e mental muito intenso. Um desgaste mental que se aproxima do sofrimento psíquico, pela potencialização da exposição à carga psíquica e não pelo convívio como objeto de trabalho.
Hospital São Paulo da escola paulista de Medicina (UNIFESP) - SP.
150 empregados de ocupações diversas
N.I N.I Grau de satisfação com o trabalho: Muito satisfeito: (n=27); Satisfeito: (n=91); Nem satisfeito nem insatisfeito: (n=23); Insatisfeito: (n=9); Muito insatisfeito: nenhum.
2 hospitais públicos e 2 hospitais privados de São Paulo - SP
348 enfermeiros 18 H.;330 M 35,7 A
As condições de trabalho, segurança e remuneração na sua totalidade apresentaram médias superiores nos hospitais privados em relação aos hospitais públicos. As dimensões valorização e reconhecimento institucional, identidade e imagem profissional, integração com a equipe não mostraram diferenças significativas, embora, nos hospitais privados, as médias dos postos tenham sido superiores às encontradas nos hospitais públicos.
UTI Pediátrica e Neonatal da escola paulista de Medicina (UNIFESP) - SP
37 médicos. ;20 enfermeiros N.I
Médica= 34,7A.;
Enfermeiro 31,55A
A qualidade de vida dos médicos e enfermeiros intensivistas pediátricos e neonatais mostra-se comprometida. Tanto médicos como enfermeiros apresentaram altos esforços, demandas psicológicas, físicas e insegurança no trabalho que repercutiram na qualidade de vida no trabalho.
CMS Centro Municipal de Saúde (CMS) no Rio de
Janeiro - RJ
7 enfermeiros, 3 téc. enfermagem e 24 aux.enfermagem
2 H.;32 M N.I Apresentam altos índices de estresse, o que tem tornado o trabalho difícil emocionalmente, ocasionando uma sobrecarga psíquica. Houve altos índices de insatisfação em relação a remuneração, condições do trabalho e ambiente,
ausência de privacidade, recursos humanos e materiais na unidade, distribuição de tarefas, planejamento prévio das ações de saúde, ausência de treinamento formal, tempo no trabalho para aperfeiçoamento, ausência de ginástica laboral e confraternização periódica.
Empresa pública federal
ECT- Empresa de Correios e Telegrafos - SC 15 funcionários administrativos;
1 gerente. N. I N.I
Satisfatório: indicadores de ambiente físico de trabalho, significado e identidade de tarefa, crescimento profissional, relacionamento interpessoal, senso comunitário, respeito às leis e direitos trabalhistas, normas e rotinas, liberdade de expressão, imagem da empresa e responsabilidade da empresa por produtos e serviços, indicadores de autonomia, retroinformação, possibilidade de carreira. Insatisfatório: remuneração, eqüidade interna, jornada de trabalho, uso de habilidades múltiplas, segurança no emprego, igualdade na distribuição de oportunidades, privacidade pessoal, papel balanceado da vida no trabalho e responsabilidade social da empresa em relação aos empregados.
Empresa pública estadual
COPASA-MG - Companhia de Saneamento de Minas Gerais - MG
96 gerentes 88 H.; 8 M 36 a 46 A 93% possuem um elevado grau de satisfação com o seu trabalho, enquanto 6% possuem um médio grau e 1% baixo
Empresa privada
13 cooperativas de Porto Alegre- RS
3 Cooperativas. Grande (C), médio(B) e pequeno porte(a). Grande(C): 25 engenheiros e
técnicos em eletrônica; Médio(b): diretor e o diretor-secretário, 8 associados em função administrativa e 11 trabalhadores em serviços
gerais.; Pequeno(a): o presidente da cooperativa e 9
cooperados.
N.I N.I
A cooperativa (C) oferece boas condições de trabalho e as cooperativas (A) e (B), são instáveis em relação a primeira. A autogestão, de modo geral, não é praticada pelas cooperativas de trabalho, mas os cooperados apontaram que há uma gestão democrática.
Empresas privadas no Rio de Janeiro - RJ 49 empreendedoras cariocas 49 M 46,5 A As empreendedoras estavam bastante satisfeitas com as diferentes dimensões de seu espaço vital.
Grande instituição de serviços e intermediação financeira- 3 regionais: Minas, Bahia e Paraná
80 gestores; 128 func. vários cargos
N.I
As pessoas com deficiência estão satisfeitas. A percepção dos benefícios da contratação de pessoas com deficiência está associada com as ações de sensibilização, o que implica também que aumentando as ações de sensibilização, aumenta esse tipo de percepção entre as pessoas.
Empresas privadas do Brasil (Análise de 100 empresas)
N.I N.I N.I
As organizações cujas práticas foram avaliadas de forma mais positiva pelos seus empregados nos anos de 1997 e 1999 enfatizam, em primeiro lugar, o orgulho do trabalho e da empresa. No ano de 2000 o principal aspecto valorizado foi a oportunidade de carreira e treinamento.
Instituição de ensino superior
Unisantos - Curso de Enfermagem - SP 15 professores do curso de
Enfermagem 2 H; 13 M
(n=8)33 a 40 A;
(n=5) 41 a 45 A;
(n=2) 54a 61 A
A QVT do docente de enfermagem é expressa por diversos problemas de saúde que permitem evidenciar que os fatores desgastantes se sobrepõem aos fatores potencializadores.
Usp - Campos de Ribeirão Preto - SP 16 profissionais de várias
especialidades 8 H.;8M.
H=40 a 50 A; M=30 a
40 A
Nos mais qualificados há uma dissociação entre o universo do trabalho e necessidades básicas para qualidade de vida, enquanto que para os menos qualificados o trabalho representou parte indissociável da sobrevivência.
O uso de medicamento para depressão ou ansiedade e para alterações do sono foi um indicativo freqüente. A prevalência de transtorno mental mensurada pelo GHQ-12 foi de 50%. Há associações importantes referentes à pior qualidade de vida relacionada à voz, principalmente no domínio físico.
Escola estadual e municipais de ensino fundamental - Ribeirão Preto - SP
120 professores 7H; 113M 23 a 65 O(a)s professore(a)s encontram-se satisfeitos com a qualidade vocal que apresentam.
4 escolas estaduais de Rio Claro - SP 128 professores N.I N.I
A maioria avaliou a voz como boa, e a QV teve boa avaliação nos domínios de relações sociais. O número de períodos lecionados apresentou correlação positiva e significativa com a auto-avaliação vocal. Não houve diferença significativa entre os gêneros. Houve sim no domínio físico, quando comparados aos resultados das diferentes escolas e 54,7% dos professores consideraram o local de trabalho nada ou pouco saudável.
Escolas municipais de Jequié - BA 91 professores 4 H.;87 M. N.I A qualidade de vida encontra-se prejudicada com destaque para a vitalidade e a dor.
Posto de gasolina,
Restaurante
4 postos de gasolina e restaurantes na estrada 206 caminhoneiros portugueses e 200
caminhoneiros N.I N.I
É alta a prevalência de distúrbios do sono nos caminhoneiros dos dois países, com repercussões negativas sobre a vigilidade diurna e qualidade do sono. Em Portugal a QV foi melhor na saúde mental e dores. No Brasil no desempenho físico, vitalidade e função social.
Postos de abastecimento de combustível e estacionamentos de carga e descarga da
Rodovia SP-330 (Especialmente na região de Americana e Piracicaba) - SP
400 caminhoneiros N.I 42,2 A Diversos aspectos das condições de trabalho, hábitos e comportamentos de motoristas de caminhão exercem impactos negativos sobre sua saúde, com prejuízos para a comunicação e a qualidade de vida.
Agência bancária
29 agências dos 13 municípios que compõem a região do Meio Oeste Catarinense - SC
263 bancários N.I N.I Prevalência de sintomas músculo-esqueléticos entre os bancários da região foi alta, correlacionando-se negativamente à sua qualidade de vida.
AMATRA XV
Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 15a. CAMPINAS - SP
75 magistrados da justiça do trabalho
38 H; 37 M 30 a 39 A 71% dos juízes apresentavam sintomas de stress com maior índice entre as mulheres. A qualidade de vida mostrou-se comprometida nas áreas social, afetiva, profissional e da saúde. Os estressores mais freqüentes foram
sobrecarga de trabalho e interferência com a vida familiar.
Constatou-se a ausência predominante de uma política institucional claramente definida para conduzir as atividades de QVT nos órgãos. Outros aspectos prejudiciais a QVT foram apontados: falta de tempo para participar das atividades oferecidas; carência de pessoal para desenvolver atividades; burocracia para realização de atividades, desconhecimento dos servidores sobre QVT; aceitação e/ou adesão dos coordenadores e chefes ao programa. Em geral há uma ausência da definição de QVT.
Polícia Setor administrativo, técnico e operacional da
polícia civil do Rio de Janeiro - RJ 51 policiais N.I 36 a 45 A
Os resultados não indicam diferença de sofrimento psíquico entre os gêneros, mas apontam para a existência de diferenças significativas em alguns itens da escala. As policiais, sobretudo as técnicas, apresentam maiores proporções em relação aos homens. Tempo de trabalho: observou-se sofrimento psíquico em 13,2% dos que estão há dez anos na corporação, 24% dos que estão de 11 a 20 anos e 16,2% dos que têm mais de vinte anos na polícia, sugerindo um efeito de sobrevivência.
Outros
Federação nacional dos estudantes de administração, contato telefônico e internet
215 (Executivos, administradores e alunos de
adm.) N.I 31 a 50 A
96,3% dos participantes afirmaram acreditar que toda empresa deve ter um programa de QVT. Um grupo de 68% dos participantes também afirmou que os empregadores consideram necessários as ações e programas de QVT.
Durante um curso sobre voz na docência – Campinas (local não informado) - SP
21 professores universitários H 5;16M 48 A
O impacto da voz sobre a qualidade de vida foi baixo. Houve coerência entre os resultados do QVV e a avaliação fonoaudiológica, indicando percepção apropriada dos docentes em relação à própria voz. O QVV mostrou ter valor preditivo na relação voz e qualidade de vida
Não se aplica Não se aplica N.A N.A N.A N.A
ANEXO B – DISTRIBUIÇÃO DAS LOCALIDADES ONDE OS DADOS FORAM COLETADOS
Classificação Localidades Frequência
Hospital
Hospital Heliópolis - SP 1
4 hospitais de Londrina - PR 1
Hospital Psiquiátrico de São Paulo - SP 1
Hospital São Paulo da escola paulista de Medicina (UNIFESP) - SP. 1
2 hospitais públicos e 2 hospitais privados de São Paulo - SP 1
UTI Pediátrica e Neonatal da escola paulista de Medicina (UNIFESP) - SP 1
CMS Centro Municipal de Saúde (CMS) no Rio de Janeiro - RJ 1
Empresa pública federal ECT- Empresa de Correios e Telégrafos - (DR/SC) 1
Empresa pública estadual COPASA-MG - Companhia de Saneamento de Minas Gerais 1
Empresa privada
13 cooperativas de Porto Alegre- RS 1
Empresas privadas no Rio de Janeiro - RJ 1
Grande instituição de serviços e intermediação financeira- 3 regionais: Minas, Bahia e Paraná
1
Empresas privadas do Brasil (Análise de 100 empresas) 1
Instituição de ensino superior Unisantos - Curso de Enfermagem - SP 1
Usp - Campos de Ribeirão Preto - SP 1
Escola de Rede Pública
Escolas Municipais de Belo Horizonte - MG 1
Escola Estadual e Municipais de Ensino Fundamental - Ribeirão Preto - SP 1
4 escolas estaduais de Rio Claro - SP 1
Escolas municipais de Jequié - BA 1
Posto de gasolina, Restaurante
4 postos de gasolina e restaurantes na estrada 1
Postos de abastecimento de combustível e estacionamentos de carga e descarga da Rodovia SP-330 (Especialmente na região de Americana e Piracicaba) - SP
1
Agência bancária 29 agências dos 13 municípios que compõem a região do Meio Oeste Catarinense - SC 1
AMATRA XV Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 15a. CAMPINAS - SP
Meio ambiente (condições de trabalho) + + + + + + + + + + + 11
Normas organizacionais + + + + + + + 7
O trabalho e espaço total da vida + + + 3
Oportunidade de crescimento e segurança + + 2
Psicológico + + + + + + 6
Relações sociais + + + + + + + + + 9
Relevância social da vida no trabalho + + + + + + 6
Requisitos do trabalho + + + + 4
Saúde mental + + + 3
Segurança + + 2
Uso e desenvolvimento de capacidades + + 2
Vitalidade + + + 3
ANEXO F – DISTRIBUIÇÃO DOS AUTORES / ANO DE PUBLICAÇÃO E TÍTULOS DOS ARTIGOS
Autores / ano de publicação Títulos
Monaco; Guimarães (2000) Gestão da qualidade total e qualidade de vida no trabalho: o caso da gerência de administração dos Correios
Lacaz (2000) Qualidade de vida no trabalho e saúde / doença
Tolfo; Piccinini (2001) As melhores empresas para trabalhar no Brasil e a Qualidade de Vida no Trabalho: disjunções entre a teoria e a prática
lipp; Tanganelli (2002) Stress e qualidade de vida em magistrados da justiça do trabalho: diferenças entre homens e mulheres
Piccinini (2004) Cooperativas de trabalho de Porto Alegre e flexibilização do trabalho
Rocha; Felli (2004) Qualidade de vida no trabalho em enfermagem
Souza; Figueiredo (2004) Qualificação profissional e representações sobre o trabalho e qualidade de vida
Jonathan (2005) Mulheres empreendedoras: medos, conquistas e qualidade de vida
Pizzoli (2005) Qualidade de vida no trabalho: um estudo de caso das enfermeiras do hospital Heliópolis
Grillo; Penteado (2005) Impacto da voz na qualidade de vida de professore(a)s do ensino fundamental
Oliveira; Limongi- França (2005) Avaliação da gestão de programas de qualidade de vida no trabalho
Schmidt; Dantas (2006) Qualidade de vida no trabalho e profissionais de enfermagem, atuantes em unidades do bloco cirúrgico, sob a ótica da satisfação
Carvalho; Felli (2006) O trabalho de enfermagem psiquiátrica e os problemas de saúde dos trabalhadores
Jardim; Barreto; Assunção (2007) Condições de trabalho, qualidade de vida e disfonia entre docentes
Farias; Zeitoune (2007) Qualidade de vida e saúde vocal de professores
Soarez; Kowalski; Ferraz; Ciconelli (2007)
A qualidade de vida no trabalho de enfermagem
Souza; Franco; Meireles; Ferreira; Santos (2007)
Tradução para português brasileiro e validação de um questionário de avaliação de produtividade
Penteado; Pereira (2007) Sofrimento psíquico entre policiais civis: uma análise sob a ótica de gênero
Schmidt; Dantas; Marziale (2008) Qualidade de vida no trabalho: avaliação da produção científica na enfermagem brasileira
Paiva; Couto (2008) Qualidade de vida e estresse gerencial “pós-choque de gestão”: o caso da Copasa-MG
Penteado; Gonçalves; Costa; Marques (2008)
Sono, qualidade de vida e acidentes em caminhoneiros brasileiros e portugueses
Rocha; Fernandes (2008) Trabalho e saúde em motoristas de caminhão no interior de São Paulo
Mergener; Kehrig ; Traebert (2008) Qualidade de vida de professores do ensino fundamental: uma perspectiva para a promoção da saúde do trabalhador
Souza; Paiva; Reimão (2008) Sintomatologia músculo-esquelética relacionada ao trabalho e sua relação com qualidade de vida em bancários do meio oeste catarinense
Kimura; Carandina (2009) Desenvolvimento e validação de uma versão reduzida do instrumento para avaliação da qualidade de vida no trabalho de enfermeiros em hospitais
Carvalho-Freitas (2009) Inserção e gestão do trabalho de pessoas com deficiência: um estudo de caso
Ferreira; Alves; Tostes (2009) Gestão de qualidade de vida no trabalho (QVT) no serviço público federal: o descompasso entre problemas e práticas gerenciais
Fogaça; Carvalho; Nogueira; Martins (2009) Estresse ocupacional e suas repercussões na qualidade de vida de médicos e enfermeiros intensivistas pediátricos e neonatais
Servilha; Roccon (2009) Relação entre voz e qualidade de vida em professores universitários
ANEXO G – DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DE PUBLICAÇÃO POR ÁREA DO CONHECIMENTO
ADMINISTRAÇÃO
ENFERMAGEM
FISIOTERAPIA
MEDICINA
FONOAUDIOLOGIA
ODONTOLOGIA
PSICOLOGIA
0
1
2
Ano 2000
Ano 2001
Ano 2002
Ano 2004
Ano 2005
Ano 2006
Ano 2007
Ano 2008
Ano 2009
1 1
00
1
1
1
1
1
1
1
1
01
2
1 1
1
01
1
2
1
1
0
1 1 11
2
Ano 2000 Ano 2001 Ano 2002 Ano 2004 Ano 2005 Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009