UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TOME-AÇÚ BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO JAMYLLE TELINO NOGUEIRA ROCHA LEIDIANE SILVA DOS SANTOS ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DA PISCICULTURA EM TANQUE ESCAVADO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE TOMÉ-AÇU TOMÉ-AÇU/PA JANEIRO/2019
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TOME-AÇÚ BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO
JAMYLLE TELINO NOGUEIRA ROCHA LEIDIANE SILVA DOS SANTOS
ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DA PISCICULTURA EM TANQUE ESCAVADO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE TOMÉ-AÇU
TOMÉ-AÇU/PA JANEIRO/2019
JAMYLLE TELINO NOGUEIRA ROCHA LEIDIANE SILVA DOS SANTOS
ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DA PISCICULTURA EM TANQUE ESCAVADO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE TOMÉ-AÇU
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Administração da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Campus Universitário de Tomé-Açu, como requisito básico para a obtenção do título de Bacharel em Administração, sob a orientação da Prof.ª Dra. Luciane Cristina Costa Soares.
TOMÉ-AÇU/PA JANEIRO/2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Universitária Tomé-Açu
Análise da viabilidade econômica da piscicultura em tanque escavado: um estudo de caso no município de Tomé-Açu/PA / Jamylle Telino Nogueira Rocha, Leidiane Silva dos Santos. – Tomé-Açu, 2019.
52 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) – Universidade Federal Rural da Amazônia, 2019
Orientadora: Prof.ª Dra. Luciane Cristina Costa Soares
1. Indicadores de Viabilidade. 2. Piscicultura. 3. Tanque escavado. I. Santos, Leidiane Silva dos. II. Soares, Luciane Cristina Costa, orient. III. Título.
CDD 23. ed.- 658.5
_________________________________________________________________________________ Bibliotecário-Documentalista: Jean Pereira Corrêa – CRB2/1566
JAMYLLE TELINO NOGUEIRA ROCHA LEIDIANE SILVA DOS SANTOS
ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DA PISCICULTURA EM TANQUE ESCAVADO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE TOMÉ-AÇU
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Administração da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Campus Universitário de Tomé-Açu, como requisito básico para a obtenção do título de Bacharel em Administração, sob a orientação da Prof.ª Dra. Luciane Cristina Costa Soares
Orientadora Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
___________________________________________________ Prof.ª M.Sc. João Paulo Borges de Loureiro
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
___________________________________________________ Engenheira Ana Júlia Amâncio da Silva
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará
Dedicamos este trabalho aos nossos pais,
familiares e amigos pelo absoluto apoio durante
toda essa etapa, sendo fundamentais para a
realização desse objetivo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao meu Deus, pela sua infinita graça, pela força
concedida ao longo dessa jornada, e por ter me permitido concluir essa tão desejada
etapa em minha vida.
À minha família, que é o meu “porto seguro” diante todas as adversidades,
apoiando-me incondicionalmente. Sobretudo, agradeço à minha mãe por estar sempre
ao meu lado, dando-me todo o suporte necessário dia após dia. TE AMO, MÃE!
Agradeço à minha amiga e parceira de TCC, Mylle, que compartilhou comigo
grandes momentos, uns de alegria e conquistas, outros de muita luta e dificuldades, onde
o nosso laço de amizade se fez fundamental no apoio mútuo ao longo desses 4 anos.
Obrigada por tudo, amiga!
Agradeço à turma de ADM 2015 pela parceria, em especial aos grandes amigos
que a UFRA me deu, Mylle, Cris, Vanessa, Carlos e Berg, quero vocês para toda a vida.
Não poderia deixar de agradecer também dois grandes amigos, Samara e
Marcílio, que nos momentos de desânimo e esgotamento, utilizaram-se de sábias
palavras, que serviram de estímulo e encorajamento para seguir firme em frente. Sou
grata à Deus pela vida de vocês.
Agradeço ao meu irmão, Antônio, que disponibilizou seu tempo e seu
empreendimento para que pudéssemos realizar este trabalho.
A todos os docentes, pelo empenho e dedicação no compartilhamento de seus
conhecimentos, e contribuição para o nosso crescimento profissional. Nesse momento,
agradeço especialmente, à professora Luciane Soares, pela sua orientação na
construção desse trabalho.
Leidiane Silva dos Santos
AGRADECIMENTOS
Pelo dom da vida, infinita graça e bondade, agradeço primordialmente a Deus,
presentes no Pai, Filho e Espirito Santo, juntamente à doce e amada Maria, por me
permitirem esta conquista, a qual me proporcionou não só o conhecimento, como também
a maturidade pessoal e profissional.
Aos meus pais, Antonielza Telino Nogueira Rocha e James Silva Rocha, pelo
amor, respeito, apoio, ensinamentos e auxílio, sou majestosamente grata, amo muito
vocês.
Agradeço ao meu grande irmão, Jamerson Telino Nogueira Rocha, pois em sua
total paixão e dedicação por sua profissão, fisioterapeuta, e por seu caráter, tornou-se
um grande exemplo para mim, me ajudando a não desistir nunca de alcançar meus
objetivos. A você meu irmão, GRATIDÃO!
Agradeço aos parceiros “ufranianos”, que se tornaram grandes amigos e irmãos,
da Ufra para a Vida, Berg, Carlos, Cris e Vanessa, por cada sorriso e lágrima que
expressei diante de vocês.
Ao corpo docente presente em toda a trajetória acadêmica, em especial expresso
meus agradecimentos ao professor João Paulo, Edson, Phillip, Rayra, Ana Paula e à
professora Luciane Soares, por sua orientação e apoio.
E por fim, agradeço especialmente a minha grande parceira, amiga e irmã, Leidi,
por sua personalidade, caráter e postura profissional e em sociedade, para mim és uma
aluna exemplar, tenho muito orgulho de você, e por tais motivos não poderia deixar de
passar mais um “sufoco”, essa etapa acadêmica primordial para nossa formação.
Jamylle Telino Nogueira Rocha
"O insucesso é apenas uma oportunidade para
recomeçar com mais inteligência".
Henry Ford
RESUMO
A piscicultura, processo pelo qual se realiza a criação de peixes, podendo proceder em
diferentes estruturas e modalidades de cultivo, tem ganhado cada vez mais espaço no
mercado, em função da relevância econômica que essa atividade vem demonstrando.
Em consequência a esse fator, surge o interesse dos pequenos e médios produtores,
uma vez que a atividade não requer grandes extensões, nem altos investimentos para
sua implantação, favorecendo boa rentabilidade e taxa de retorno. Assim, a presente
investigação teve como objetivo realizar um estudo para atestar a viabilidade econômica
da piscicultura na modalidade de tanque escavado de um produtor no Município de Tomé-
Açu, atuando na criação do Curimatã (Prochilodus sp.) e Tambatinga, o qual resulta do
cruzamento entre a fêmea do tambaqui (Colossoma macropomum) e o macho
da pirapitinga (Piaractus brachypomus), em cultivo intensivo. Os procedimentos
metodológicos utilizados no estudo se deram a partir de uma pesquisa bibliográfica de
caráter exploratório, onde buscou-se encontrar fontes a respeito do tema proposto, sendo
ainda de natureza quantitativa, haja vista, que se realizou a análise dos dados numéricos
através dos procedimentos estatísticos. Em vista disto, para atestar a viabilidade dos
fluxos de caixa elaborados para produção no município, foram calculados os indicadores
do VPL (Valor Pressente Líquido), IBC (Índice Benefício Custo), TIR (Taxa Interna de
Retorno), PB (Payback) e P.E (Ponto de Equilíbrio), submetidos a diferentes taxas de
desconto de fontes de financiamentos existentes na região. Os dados demonstraram
valores otimistas e positivos na implantação piscícola no Município de Tomé-Açu
atestando um VPL de R$ 90.043,93, um IBC no valor de R$ 4,48, uma TIR de 77,74% e
um Ponto de Equilíbrio equivalente a 2.825 Kg, gerando um retorno do investimento em
2 anos e 3 meses. Desta forma, afirma-se que a atividade mostrou-se economicamente
viável, comprovando a viabilidade econômica da criação de peixes utilizando-se a
modalidade de tanque escavado de um produtor independente no Município de Tomé-
Açu, ratificando a efetividade desse segmento da atividade agropecuária no município
estudado.
Palavras-chave: Indicadores de Viabilidade. Piscicultura. Tanque escavado.
ABSTRACT
Fish farming, a process by creation of fish, can happen in different structures and
cultivation methods, has gained more and more space in the market. This activity has
been demonstrating this economic relevance. As a consequence of this factor, the interest
of small and medium producers have arisen, since the activity does not require large
extensions, nor high investments for its implantation, favoring good profitability and rate
of return. Thus, the present research had as objective to check a study to attest the
economic viability of the fish culture in the mode of dug tank of a producer in the country
city of Tomé-Açu, acting in the creation of Curimatã (Prochilodus sp.) And Tambatinga,
which results of the cross between the tambaqui female (Colossoma macropomum) and
the male of the pirapitinga (Piaractus brachypomus), under intensive cultivation. The
methodological procedures used in the study were based on exploratory bibliographical
research where we sought to find sources about the proposed theme, and it was still
quantitative, given that the numerical data analysis was performed through statistical
procedures. In order to verify the feasibility of cash flows prepared for production in the
countru city, the indicators of NPV (Net Benefit Value), IBC (Benefit Cost Index), IRR
(Internal Rate of Return), PB (Payback) and PE (Point of Balance), submit to different
discount rates from sources of financing existing in the region. The data showed positive
and positive values in fish farming in the countru city of Tomé-Açu attesting a NPV of R $
90,043.93, an IBC in the amount of R $ 4.48, an IRR of 77.74% and an Equivalent Point
of Equilibrium to 2,825 kg, generating a return on investment in 2 years and 3 months.
This way, it is affirmed that the activity was economically viable, proving the economic
viability of fish farming using the dug tank modality of an independent producer in the
Municipality of Tomé-Açu, ratifying the effectiveness of this segment of agricultural activity
in the countru city studied.
Keywords: Indicators of Feasibility. Fish farming. Dug tank.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fotografia 1 – Tanques escavados do empreendimento ................................................ 3
Figura 1 – Evolução histórica dos tanques para piscicultura (de A para F) ..................... 5
Fotografia 2 – Piscicultura em tanque escavado ............................................................ 6
Fotografia 3 – Piscicultura em tanque elevado ............................................................... 6
Fotografia 4 – Piscicultura em tanques-redes ................................................................. 7
Tabela 1 – Principais espécies cultivadas no Brasil ....................................................... 10
Figura 2 – Tambaqui ..................................................................................................... 11
Figura 3 – Tilápia ........................................................................................................... 12
Figura 4 – Curimatã ....................................................................................................... 12
Figura 5 – Tambatinga .................................................................................................. 13
Figura 6 – Pirapitinga .................................................................................................... 13
Gráfico 1 – Ponto de equilíbrio (PE) .............................................................................. 24
Tabela 2 – Fluxo de caixa líquido e acumulado do sistema de produção piscícola no município de Tomé-Açu ................................................................................................. 30
Quadro 1 – Resultado dos indicadores de viabilidade e Payback do sistema de produção piscícola em Tomé-Açu .................................................................................. 31
Tabela 3 – Custos Fixos e Custos Variáveis do projeto ................................................. 32
Gráfico 2 – Ponto de equilíbrio (PE) do sistema de produção piscícola em Tomé-Açu 33
Tabela 4 – Ponto de equilíbrio (PE) e Margem de Contribuição Unitária ....................... 33
LISTRAS DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
CF Custo Fixo
CT Custo Total Anual
Ctme Custo Total Médio
CV Custo Variável
FAO Food and Agriculture Organization (Organização das Nações Unidas para
O peixe de água doce Curimatã (Prochilodus sp.) é conhecido por outras diversas
nomenclaturas, bem como, Curimbatá, Curibatá, Curimatá, Curimataú, Curimba,
Curumbatá e Crumatá, uma de suas individualidades está em suas escamas que são
caracteristicamente mais ásperas, sua coloração é cinza-prateada, com faixas
transversais escuras e sinais mais discretos no dorso, medindo cerca de 30cm de
comprimento e atingindo 450 gramas (OLIVEIRA, 2018).
Figura 4 – Curimatã
Fonte: http://www.peixesdeaguadoce.com.br
A Tambatinga, um exemplo híbrido na piscicultura, é decorrente do cruzamento
gerido entre a fêmea do tambaqui (Colossoma macropomum) e o macho
da pirapitinga (Piaractus brachypomus), espécies características da região amazônica,
tal conjuntura, demonstra a evolução de peixes para cultivo nesse nicho de mercado,
13
contrastando de seus progenitores, a espécie híbrida apresenta vantagem relacionada
ao peso médio que se demonstra superior (MATHIAS, 2015).
Figura 5 – Tambatinga
Fonte: http://www.aquiculturasantaclara.com.br
A Pirapitinga (Piaractus brachypomus) é característica por ser um peixe de
escamas, de corpo arredondado, alto e alongado, sua coloração é cinza claro com
manchas alaranjadas na fase jovem e cinza arroxeado uniforme quando adultos,
podendo medir cerca de 80 centímetros de comprimento e pesar 20 Kg, sendo
considerada uma espécie de grande porte (G1, 2015).
Figura 6 – Pirapitinga
Fonte: http://www.aquaculturabrasil.com.br
5.5 Manejo alimentar na Piscicultura
Sussel (2008) atesta que, mesmo admitindo a aquicultura como uma atividade
milenar, somente nas últimas décadas se pode observar de forma mais exclusiva o
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fornecimento de uma alimentação específica para animais aquáticos, isso se dá pelo
aumento na produção comercial desta atividade. Inicialmente para a alimentação dos
peixes utilizava-se sobras de outras culturas agrícolas, como rações para aves e suínos,
no entanto, o uso dessas rações acabava resultando em uma baixa eficiência de ingestão
alimentar, além de gerar um grande desperdício das vitaminas e minerais, visto que, o
balanceamento dos nutrientes não era apropriado para peixes e outros organismos
aquáticos.
O autor afirma que “os hábitos alimentares e as dietas dos peixes não só
influenciam diretamente seu comportamento, integridade estrutural, saúde, funções
fisiológicas, reprodução e crescimento, mas também alteram as condições ambientais do
sistema de produção – qualidade da água”, isto posto, admitindo-se que o acesso ao
alimento natural disposto no ambiente é restringido pelo confinamento do peixe, convém
ao piscicultor dispor das informações necessárias sobre a alimentação neste tipo de
cultivo, atendendo as exigências nutritivas do peixe, bem como saber escolher as rações
adequadas a sua produção.
Dentre os diversos aspectos relacionados à piscicultura, aqueles envolvidos com a alimentação vêm sendo amplamente discutidos, principalmente por representarem cerca de 70% dos custos de produção em sistema de cultivo intensivo. Em relação à criação de peixes, este problema é geralmente mais grave. Isto porque suas exigências proteicas são maiores quando comparadas às demais espécies. Torna-se necessário, então, uma ração rica em proteína, o que aumenta ainda mais os custos de produção. Portanto, o fornecimento de alimento adequado em quantidade e qualidade é importante para o sucesso econômico da piscicultura. (RIBEIRO; GOMIERO; LOGATO, [20-?], p. 1)
Ribeiro, Gomiero e Logato [20--?] admitem que, o conhecimento sobre os hábitos
alimentares dos peixes, o sistema de cultivo, produtividade natural, o manuseio do
alimento, condições climáticas, entre outros fatores, devem ser considerados de forma
indispensável para que se compreenda as necessidades nutricionais do peixe para assim
fazer a devida adequação da ração, fornecendo de forma econômica uma nutrição
apropriada para o seu desenvolvimento, priorizando alimentos de qualidade e na
quantidade correta, com o manejo adequado.
15
Tendo isto posto, os autores classificam três formas físicas de ração que estão
disponíveis no mercado e três formas de manejo, as quais serão descritas a seguir:
a) Ração farelada: os ingredientes da ração são moídos e misturados. Seu uso
não é recomendado, devido ao alto grau de perda, gerando problemas aos peixes e
poluindo a água dos tanques.
b) Ração peletizada: característica pela aglomeração de partículas, resultado da
combinação de umidade, calor e pressão em partículas menores. O tempo até a absorção
na superfície da água é de aproximadamente 15 minutos, proporcionando maior
qualidade na alimentação, pois reduz perdas de nutrientes, diminui a toxidade da água,
além de reduzir o volume no transporte e armazenamento da ração, no entanto, seu custo
de produção é mais elevado quando comparada à ração farelada.
c) Ração extrusada: é a forma de ração mais indicada para a piscicultura, a
extrusão é um processo de cozimento em alta temperatura, pressão e umidade
controlada, o tempo de absorção na superfície da água é de cerca de 12 horas, facilitando
o manejo alimentar.
Em relação ao manejo, Ribeiro, Gomiero e Logato [20--?] declaram que este
pode ser realizado de três maneiras, sendo elas:
a) Fornecimento manual: proporciona um maior contato visual com os peixes,
onde é possível para o produtor identificar potenciais problemas fisiológicos dos animais,
contudo, exige uma maior disponibilidade de maior mão-de-obra;
b) Fornecimento em comedouros: é feito através de cochos (utilizado em
sistemas tradicionais, com a ração farelada), ou mecanizada, onde o alimento é
impulsionado por um equipamento fixado a um trator, permitindo uma alimentação rápida
em uma maior extensão de área, neste manejo há um limite no contato entre o
produtor/tratador e os peixes.
c) Fornecimento em comedouros automáticos: neste manejo a distribuição da
ração é feita em espaços curtos de tempo no tanque, o contato também é limitado. O
equipamento encontra-se disponível no mercado, onde é previamente relevante analisar
sua relação custo/benefício quando da sua utilização.
Os autores ainda destacam critérios importante relacionados a quantidade de
ração que é fornecida aos peixes, tendo em vista que, esta quantidade varia conforme a
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espécie, o tipo de ração, a fase de crescimento, as condições ambientais do viveiro e
com a condição de saúde dos animais. A forma mais indicada a ser adotado, está
relacionada a utilização da biomassa, isto é, o número estimado de peixes presentes no
tanque multiplicado pelo seu peso médio, como critério para alimentação, essa estimativa
deve ser feita periodicamente a cada 30 - 45 dias, pois, essa estimativa possibilita ao
piscicultor observar o desenvolvimento dos peixes, para então planejar a oferta diária de
ração em conformidade ao seu crescimento, uma vez que, na fase de alevinagem, a
alimentação deve ser feita de duas a três vezes por dia e na fase de engorda a frequência
diminui, sendo de uma a duas vezes por dia.
5.6 Conceito de custo de produção
Sabendo-se que na implantação de um projeto são incorridos diversos custos,
sejam eles nas instalações ou na manutenção de seu sistema produtivo, percebeu-se a
indispensabilidade em se tratar a importância e a ocorrência desses custos, onde os
conceitos a seguir auxiliam as análises de viabilidade econômica, apresentando os
impactos gerados por cada elemento no processo de análise, contribuindo na decisão
para a implantação ou não de determinado projeto.
Os custos de produção, são aqueles efetuados por uma organização na
realização do seu processo produtivo, ou seja, são todos os gastos com bens ou serviços
necessários para a produção de outros bens. Marques (2013, p.10) ao conceituar custo
de produção declara que “é o valor expresso em valores monetários de atividades,
serviços ou produtos efetivamente consumidos e aplicados na sua realização com
fabricação”.
Todo custo contraído na construção/elaboração de um determinado bem, sejam
esses custos com matéria-prima, mão-de-obra direta, consumo de energia elétrica, entre
outros, é apontado como custo de produção. Esses custos podem ser divididos em Custo
Fixo (CF) e Custo Variável (CV), sobre os quais Martins (2003, p.33) enfatiza a
importância de se identificar que “a classificação em Fixos e Variáveis leva em
consideração a unidade de tempo, o valor total de custos com um item nessa unidade de
tempo e o volume de atividade”. Por exemplo, a matéria-prima é denominada como um
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Custo Variável, uma vez que, em um determinado período, seu montante utilizado
origina-se da quantidade de bens produzidos (MARTINS, 2003).
O Custo Fixo deverá remunerar os fatores de produção, cujas quantidades não
deverão ser modificadas a curto prazo e representa a parte dos custos que o produtor
terá que assumir, mesmo que os recursos não estejam sendo plenamente utilizados
(RICHETTI et al.,1996). Segundo Clemente et al. (1998), são considerados fixos todos
os custos que, periodicamente, oneram a empresa, independentemente do nível de
atividades.
Os custos fixos, em função de sua natureza, independem do volume de produção praticado pelas empresas, ou seja, mesmo que a produção esteja abaixo do previsto ou até nula, o montante de custos fixos mantém-se constante, dentro de um determinado intervalo relevante de tempo, pois não se trata de sacrifícios para fabricação de uma unidade específica. (COLAURO et al., 2004, p. 37)
Os Custos Fixos podem ser categorizados como: Custos Repetitivos em valor,
que são aqueles que ocorrem em diversos períodos subsequentes e com o mesmo grau
de importância, tendo como exemplo as depreciações; e Não-Repetitivos em valor, que
são aqueles que a cada período diferenciam-se, resultando em valores distintos, a título
de exemplo, tem-se a energia elétrica e manutenção (MARTINS, 2003). É relevante
salientar que os Custos Fixos, até mesmo os repetitivos, sofrem mutações de valor, onde
os principais fatores contribuintes para que essas alterações ocorrem são, a oscilação de
preços, avanço tecnológico e, ainda, a ampliação da organização, por exemplo, a
inclusão de mais um imóvel pode aumentar o valor do custo com aluguel.
O Custo Variável, por sua vez, se refere às despesas realizadas com fatores de
produção, cujas quantidades podem ser modificadas de acordo com o nível de produção
desejado (MELO FILHO; KRUKER, 1990). Lima (2014) declara que os Custos Variáveis
são aqueles onde o fator volume de produção da empresa gera alterações em seus
valores, ou seja, os custos variáveis aumentam ou diminuem de acordo com a quantidade
elaborada no processo produtivo. A somatória de ambos os custos, fixos e variáveis, é
denominada de Custo Total.
18
O estudo sobre os custos de produção compreende alguns objetivos, como,
estabelecer preço de venda, auxiliar no processo de tomada de decisão, decidir sobre a
compra ou aluguel de determinados itens que compõem o processo produtivo, otimizar a
linha de produção de determinados produtos, dentre outros. Contudo, é necessário que
se faça um estudo continuado de todos os custos de produção, de tal forma que o
processo de produção seja potencializado.
De posse dos conceitos de custo de produção e em análises dos custos do
empreendimento investigado, foram considerados para fins de cálculo, sendo como
custos fixos: mão-de-obra para o manejo da produção, depreciação das instalações
piscícolas e custo de oportunidade; e custos variáveis: compra de alevinos, ração para
as diferentes fases de crescimento dos peixes (ração inicial, ração de crescimento e
ração de engorda final), gasolina para a bomba d’água e a calagem dos tanques,
processo este realizado a cada 2 anos.
5.7 Análise da viabilidade econômica de projetos
Analisar a viabilidade econômica de um determinado projeto, expressa a ideia de
mensurar e estudar as expectativas de desempenho financeiro do produto e serviço,
objetivando atestar se o projeto de implantação será economicamente viável ou não, de
tal forma a atestar se este resultará em resultados positivos ou negativos para o
empreendedor.
Neves (2010), afirma que estudar a viabilidade econômica de um projeto ou
empreendimento é a prática de analisar os ativos humanos, recursos financeiros, bens
permanentes e materiais, evidenciando a competência do empreendimento em conceber
lucro, além de atestar a capacidade de recuperação do capital investido inicialmente na
implantação do projeto. Para se atestar a viabilidade econômica, Bordeaux-Rêgo et al.
(2013), declara que deve ser considerado o tempo de vida útil do projeto, que de acordo
o autor é “a vida econômica ou obsolescência, respectivamente, dos equipamentos
iniciais do projeto ou do bem ou serviço produzido”.
Assaf Neto e Lima (2009) corroboram da mesma idealização ao afirmarem que
as tomadas de decisões englobam todo um processo de assimilação das alternativas e
posteriormente na escolha daquela que viabilize maior índice de rentabilidade econômica
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em um período futuro, a fim de garantir a sua perpetuidade e valorização. “As decisões
de investimentos são atraentes quando os investimentos realizados criam valor aos
proprietários de capital, ou seja, quando a taxa de retorno exigida excede ao retorno
mínimo esperado da alternativa de investimento” (ASSAF NETO E LIMA, 2009, p. 6).
5.8 Indicadores de viabilidade econômica:
Acerca do crescente desenvolvimento da atividade piscícola na região Norte do
país, é inicialmente necessário conhecer todos os aspectos econômicos que envolvem
esta atividade, classificando os itens do custo de produção e os principais critérios que
influenciam na rentabilidade, haja vista, verificar a viabilidade dos projetos aquícolas e
identificar a causa de possíveis desistências (BRABO et al., 2013).
À vista disso, os indicadores de viabilidade econômica, os quais são
provenientes de cálculos que buscam determinar a geração de capital e quitação dos
custos de uma determinada atividade econômica, foram utilizados na pesquisa em
questão: Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Índice Benefício-
Custo (IBC), Ponto de Equilíbrio (PE) e Payback (PB).
5.8.1 Valor presente líquido (VPL)
O Valor presente líquido (VPL) é um recurso matemático que serve para
determinar quanto os pagamentos futuros valeriam hoje deduzido os juros e o custo
inicial. Este é, sem dúvida, um dos indicadores mais importantes para mensurar a
viabilidade financeira de certo projeto de investimento, segundo Clemente et al. (1998).
O mesmo, também vem indicar se o investimento aplicado, trará benefícios ou prejuízos
ao empreendimento, para que assim possa atender ao retorno esperado.
O VPL de um determinado investimento, conforme Assaf Neto e Lima (2009, p.
96), “é o valor presente dos fluxos futuros de caixa desse investimento, menos o custo
inicial do investimento”. Desta forma, constata-se que a concretização de tal investimento
representa uma excelente oportunidade a partir do momento em que o VPL é maior que
20
zero, ou seja, apresenta um VPL positivo haja vista que vale mais do que o seu custo. A
respeito do VPL é afirmado que:
É a diferença entre o valor presente das entradas de caixa e o valor presente das saídas de caixa, assumindo-se determinada taxa de desconto para as avaliações. Essa taxa de retorno é o mínimo que deve ser obtido em um projeto para que o valor de mercado da empresa fique inalterado. Assim, esse é um dos métodos de cálculo de retorno de uma proposta de investimento (GITMAN, 2004, apud NEVES, 2010, p. 17).
Logo, no processo decisório para diferentes projetos, a escolha mais adequada
nesse método, será sempre àquela em o VPL apresentar maior valor. Por outro lado,
caso a análise esteja sendo aplicado apenas a um único projeto, aprova-se o
investimento se o VPL for positivo, e caso este resulte em valor negativo, o investimento
deve ser vetado. Há ainda a possibilidade de o VPL ser igual a zero (0), nesta situação,
a opção de implementar esse projeto ou não, será indiferente (NEVES, 2010). Todavia,
acentua-se que o VPL deve estabelecer uma “folga” a fim de considerar os possíveis
erros de hipóteses, evitando que o projeto demonstre incertezas quanto a sua
lucratividade.
5.8.2 Taxa interna de retorno (TIR)
A Taxa Interna de Retorno (TIR) pode ser interpretada de várias formas. Do ponto
de vista matemático, é a taxa que torna nulo o Valor Presente Líquido de um fluxo de
caixa, segundo Clemente et al. (1998). Sendo este, um indicador importante para verificar
se o investimento aplicado terá um retorno positivo ou não à um determinado projeto.
Sobre a TIR, afirma-se ainda que:
A taxa interna de retorno (TIR) representa, por meio de um único valor percentual, os benefícios de um projeto de investimento. A TIR é a taxa de desconto que faz com que o somatório dos valores presentes das entradas de caixa se iguale ao somatório dos valores presentes das saídas de caixa. É a taxa que torna o valor presente líquido da operação nulo (NETO, 2011, p. 233).
21
Dentre as técnicas de orçamento de capital, a taxa interna de retorno é,
certamente, a mais utilizada. Esta técnica, segundo Gitman (2010, p. 371) “consiste na
taxa de desconto que faz com que o VPL de uma oportunidade de investimento seja igual
a $ 0 (já que o valor presente das entradas de caixa iguala-se ao investimento inicial) ”.
De acordo a afirmação, Neves (2010) ressalta a forte conexão existente entre o VPL e a
TIR, levando a escolhas semelhantes quanto ao investimento ou não em determinados
projetos. Alguns critérios de decisão devem ser considerados para aceitação ou
reprovação de um projeto, onde Gitman (2010) define esses critérios da seguinte forma:
quando a TIR for superior ao custo de capital, o projeto deve ser aceito, contudo se a TIR
for inferior ao custo de capital, este deve ser rejeitado.
Conforme Silva (2008), a TIR está fundamentada em diferentes fatores, dentre
eles: a taxa de juros de captação e o risco apresentado pelo projeto. Podendo, a TIR,
caracterizar ainda, a menor rentabilidade aceitável pelo investidor, a partir da qual optará
por aplicar ou não o seu capital em determinado projeto. O autor declara ainda que a
aprovação ou rejeição de investimento, baseado neste indicador, é fixada por meio da
confrontação entre a TIR identificada e a TMA (Taxa Mínima de Atratividade) determinada
pela empresa, onde considera-se viável o investimento viável se a TIR for maior que
TMA, do contrário, este não é atraente.
5.8.3 Índice benefício–custo (IBC)
O Índice Benefício-Custo (IBC) ou ainda Índice de Lucratividade (IL) “Indica
quanto se ganha por unidade de capital investido. É, na verdade, um aprimoramento do
conceito de rentabilidade do projeto e é também uma variante do método do VPL”,
segundo Clemente et al. (1998).
Em outros termos, Neto (2011) declara que o IL é a relação existente entre cada
unidade de capital investida e o retorno esperado para cada uma delas, isto é, o retorno
calculado e aguardado para cada unidade monetária aplicada no empreendimento. De
acordo Ross et al. (2015, p. 154, grifo do autor), o cálculo do IL se dá a partir do “valor
presente dos fluxos de caixa futuros esperados após o investimento inicial dividido pela
quantia do investimento inicial”, originando, dessa forma, o valor do Índice de
Lucratividade.
22
Diante o quociente encontrado no cálculo do IBC há a análise de aceitação ou
rejeição do projeto, e para tal, deve-se considerar favorável ao investimento o valor de
IBC maior ou igual a um, entendendo que as entradas foram iguais ou superiores ao
investimento inicial, em contrapartida, caso o IBC encontrado seja menor que um, o
projeto deve ser desaprovado, levando em conta que as entradas foram inferiores às
saídas de investimento, inviabilizando a aplicação econômica em determinado projeto.
5.8.4 Payback (PB)
O método do Payback é uma ferramenta muito relevante quando se fala em
análise de investimento de projetos, pois pode ser interpretado como uma medida do
grau de risco do empreendimento. Como já mencionado, as incertezas associadas a
projetos de investimento tendem a aumentar à medida que as previsões das receitas e
dos custos se afastam do tempo. Nesse sentido, o referido instrumento pode ser utilizado
para mensurar o risco associado ao projeto, isto é, quanto maior o PAYBACK mais incerta
será a recuperação do capital, segundo Clemente et al. (1998).
Conforme Assaf Neto e Lima (2009, p. 92) o Payback, dentre as ferramentas de
análise econômica de investimentos, é o mais comum, pois ao considerar o tempo do
investimento, acaba tendo vantagem sobre o VPL, os autores ainda declaram que “este
método visa calcular o número de períodos ou quanto tempo o investidor irá precisar para
recuperar o investimento realizado”.
Logo, sabendo que um investimento expressa a saída de capital, espera-se que,
após a consecução do empreendimento e decorrido certo período, seja possível restituir
o dinheiro investido inicialmente.
Para que o Payback (PB) ocorra, se faz necessário que a somatória de todas as
entradas de caixa e o investimento aplicado inicialmente sejam equivalentes. E quanto
menor for o Payback, ou seja, quanto menor o período para reembolso do capital
investido, mais satisfatório tornar-se-á o projeto, uma vez que será possível investir em
outros negócios em um menor espaço de tempo.
Para utilizar o PPB a fim de determinar a aceitação do projeto, o avaliador deve estipular um prazo máximo de retorno do investimento. Este é um
23
prazo até quando o investidor deseja ter de volta o dinheiro investido e servirá de base para a avaliação. Quaisquer projetos que tenham prazo de retorno superior ao máximo não serão aceitos. Entretanto, se o período de recuperação do investimento for igual ou inferior ao prazo máximo, este será aceito. (NETO, 2011, p. 225).
5.8.5 Ponto de equilíbrio (PE)
Santos (2012), ao conceituar Ponto de Equilíbrio (PE), declara que este
representa o quanto a empresa necessita vender para que seja possível liquidar todos os
custos fixos e variáveis, ou seja, o ponto de equilíbrio tem o propósito de indicar o
momento em que as vendas da organização se torna nula, de tal forma que não gere
nem lucro nem prejuízo, oportunizando apenas que a empresa tenha conhecimento no
que se refere ao grau de vendas, mesmo antes de empreender. Em outras palavras, a
empresa começa a contabilizar lucro quando as vendas superam o ponto de equilíbrio.
“A sua análise é de grande importância porque mostra qual o esforço necessário
para que se comece a obter lucro, influenciando na percepção dos administradores e
investidores quanto à viabilidade ou inviabilidade de um determinado empreendimento”
(GONÇALVES et al, 2009, p. 42). O PE é importante para a organização em relação ao
seu cumprimento de metas e melhor conhecimento de sua produção. Neves (2010)
enfatiza que por meio do cálculo do ponto de equilíbrio a empresa consegue detectar a
quantidade mínima que as operações precisam realizar para assim assumir todos os
custos operacionais incorridos, e ainda, conforme as vendas, apontar o grau de
lucratividade do negócio. Para melhor compreensão do ponto de equilíbrio, segue gráfico
abaixo:
24
Gráfico 1 – Ponto de equilíbrio (PE).
Fonte: Neto (2011, p. 44), adaptado pelos autores.
De acordo o gráfico, percebe-se que a receita total inicia no ponto zero, enquanto
que os custos totais se dão a partir do eixo vertical na marca dos custos fixos, o que
resulta em uma interseção entre as respectivas retas, evidenciando uma equivalência
entre ambas, haja vista que a unidade monetária adquirida foi a necessária para cobrir
os custos operacionais totais, sendo este cruzamento, portanto, denominado de ponto de
equilíbrio (NETO, 2011).
5.9 Definição de Receita
Receita é compreendida como a entrada bruta de benefícios econômicos durante
o período que ocorre o curso das atividades habituais de uma empresa, excluídos
aqueles decorrentes de contribuições dos proprietários, acionistas ou cotistas. Essas
entradas, após a atribuição dos custos e despesas e posterior apuração do lucro, podem
resultar em aumento do patrimônio líquido, e concomitantemente a ampliação do ativo.
Marques (2013) ressalta que:
Entende-se por receita a entrada de elementos para o ativo, sob forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondente, normalmente, à venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços. Uma receita também pode derivar de juros sobre depósitos bancários ou títulos de
outros ganhos eventuais (MARQUES, 2013, p. 7).
25
O autor supracitado ainda confirma que a receita de uma organização, ao longo
de um determinado período de tempo, demostra uma aferição do valor de troca dos
produtos, bens ou serviços, de uma empresa no decorrer de um certo período. Martins
(2003) declara que o reconhecimento contábil do resultado, sendo este lucro ou prejuízo,
ocorre, efetivamente, a partir da consumação da receita, ou seja, a receita realiza-se
quando ocorre a transmissão do bem ou serviço para terceiros.
A receita segmenta-se em duas categorias, sendo elas: Receita Operacional, a
qual compreende a fração procedente do principal produto ou co-produtos (ou serviço)
da empresa, ressaltando-se que fazem parte somente aqueles produtos ou serviços que
representam a função principal da organização; e Receita não Operacional, que por sua
vez, resulta de rendimentos oriundos de aplicações financeiras, integrando assim os
acréscimos do patrimônio líquido e dos ativos da empresa (MARQUES, 2013).
5.10 Fluxo de caixa: Instrumento de gerenciamento financeiro
Para Silva (1996) o Fluxo de Caixa (FC) é considerado um dos principais
instrumentos de análise financeira, o qual possibilita identificar o processo de circulação
do capital, tendo a capacidade de examinar as entradas e saídas dos recursos financeiros
que circulam pela empresa, considerando ainda transações projetadas para o futuro. O
fluxo de caixa atua como um instrumento que demonstra, sem exceção, todas as
entradas e saídas da organização, receitas ou despesas, onde o resultado apresentado
é o que a empresa detém de saldo em um dado período (SALIM, 2004, apud NEVES,
2010).
Ross et al. (2015, p. 7), ao pronunciar- se sobre a importância do fluxo de caixa,
declara que “a tarefa mais importante de um gestor financeiro é criar valor com as
atividades de orçamento de capital, estrutura de capital e capital de giro da empresa”.
Mediante o exposto, percebe-se a dimensão e relevância do instrumento fluxo de caixa
para o gerenciamento dos recursos financeiros dentro de uma determinada organização,
pois é através deste mecanismo que os gestores serão auxiliados nas tomadas de
decisões quanto ao uso adequado do capital da entidade, estabelecendo projetos de
curto, médio e longo prazo que resultem na longevidade organizacional.
26
O fluxo de caixa financeiro tem como “objetivo principal fornecer informações
relevantes sobre os recebimentos e pagamentos de caixa da empresa, durante certo
período, propiciando informações relevantes sobre as movimentações de entradas e
saídas de caixa neste período”, (BARBIERI, 1995). O controle do fluxo de caixa é
fundamental para que o setor financeiro da organização disponha de informações
precisas sobre todas as transações de entradas e saídas efetuadas e também as
transações projetadas a se materializarem, de tal forma que o capital da empresa seja
administrado com precisão e competência.
Conforme Neto (2011), o Fluxo de Caixa (FC) é um mecanismo que auxilia na
administração financeira da organização, sendo esta ferramenta indispensável para as
tomadas de decisões dos gestores. O autor enfatiza que, dependendo da atividade fim
de se utilizar esse instrumento, o FC pode resultar em diversos objetivos, como,
indicadores de desempenho, projeções, análises financeiras, dentre outros.
Diante disso, a utilidade do FC pode abranger diferentes perspectivas, podendo
se destinar ao uso operacional, tático e estratégico, os quais são diferenciados através
de seus cenários temporais, definições específicas e critérios de apresentação do fluxo
de caixa.
A finalidade do uso no âmbito operacional tem seu enfoque no gerenciamento e
acompanhamento da liquidez de curto prazo, sendo comumente exibido em bases diárias
ou semanais e ainda para períodos de alguns meses e, é aplicado por tesoureiros no que
tange as contas a pagar e contas a receber, além de conceber aos gestores, referências
para se realizar uma avaliação tática; sob a ótica do uso tático, sua visão é voltada para
a administração da liquidez de médio prazo, sendo este utilizado pelos gestores na
tomada de decisão, em consonância com as imposições da alta gestão, de tal forma a
nortear nas definições de investimento e financiamento do capital circulante da empresa;
e por fim, o uso do FC do ponto de vista estratégico, que atua como uma ferramenta que
assessora nas resoluções estratégicas de longo prazo, além de instruir nas
determinações de investimento e financiamento para projetos de longo período e ativos
permanentes (NETO, 2011).
Além das três utilidades do fluxo de caixa supracitadas por Neto (2011), o autor
ainda reforça que esse instrumento pode ser segmentado em três dissemelhantes
27
categorias ou atividades, sendo elas: operacional, investimento e financiamento. O fluxo
operacional contempla as movimentações de caixa relacionadas à função principal da
organização (receitas, custos e despesas), por exemplo, em uma empresa industrial
serão considerados os fluxos de caixa referente à compra de matéria-prima, fabricação
e comercialização do produto finalizado, além das obrigações com as despesas correntes
para o seu andamento.
Ainda de acordo o autor, o fluxo de investimentos “é composto de movimentos
de caixa decorrentes das atividades de investimento e desinvestimento da empresa”,
esses investimentos são desembolsos de caixa que futuramente resultarão em
resultados positivos; e por fim, o fluxo de financiamento que compreende as transações
de financiamento da empresa, sejam elas de curto à longo prazo, podendo proceder dos
seus próprios recursos (acionistas) ou de terceiros (credores).
6. METODOLOGIA
A metodologia é uma somatória de procedimentos realizados, isto é, etapas
percorridas para execução de uma pesquisa ou estudo. Desta maneira a elaboração do
trabalho teve seu início a partir de uma pesquisa bibliográfica, que de acordo Gil (2002)
refere-se a instrumentos já elaborados, formado essencialmente por artigos, livros e
demais publicações científicas, em que no trabalho em questão buscou-se encontrar
nesses materiais fontes a respeito do tema apresentado, sendo estes, a piscicultura,
custos de produção e indicadores de viabilidade.
A pesquisa em pauta é de cunho exploratório, tendo em vista que pesquisas
deste caráter buscam oportunizar a compreensão do problema de tal forma que o mesmo
se torne nítido ou possibilitando ainda a construção de hipóteses, sendo ainda de
natureza quantitativa onde realiza-se a análise do dados numéricos através de
procedimentos estatísticos, possibilitando a geração de tabelas de forma manual ou por
meio de ferramentas como softwares com o auxílio do computador (GIL, 2002).
Em seguida, foram realizadas as visitas junto ao produtor independente,
localizado no município de Tomé-Açu/PA, onde foram aplicadas planilhas de implantação
e manutenção, obtendo-se os dados para a geração do fluxo de caixa. Posteriormente
foi utilizado o software Excel, versão 2016, para tabulação dos dados, gerando assim o
28
fluxo de caixa da piscicultura, considerando um horizonte para análise produtiva de dez
anos, com investimento integral aplicado no ano zero.
Para verificar se o sistema é ou não viável foi aplicado os indicadores do VPL,
IBC, TIR, Payback e P.E, os quais foram submetidos a diferentes taxas de desconto de
fontes de financiamentos existentes na região, sendo os indicadores calculados através
das seguintes fórmulas matemáticas:
Valor presente líquido (VPL)
Onde:
VPL = Valor presente liquido
FC0 = Ano zero de investimento
FC1 = Ano 1 de investimento
n = Múltiplos indefinido de um fator
i = Taxa
Taxa Interna de Retorno (TIR)
Onde:
TIR = Taxa Interna de Retorna
L.L = Lucro Líquido
I = Capital Inicial
Índice Benefício Custo (IBC)
ni
FCn
i
FC
i
FCFCVPL
)1(...
)1(
2
)1(
10
21
1001.
I
LLTIR
29
Onde:
IBC = Índice Beneficio/Custo
Σ = Somatória
CFj = Fluxo de Caixa
CF0 = Ano 0 de investimento
Payback (PB)
Onde:
PB = Payback
Σ = Somatória
Tquando = Horizonte do projeto
CFt = Fluxo de Caixa total
I0 = Investimento inicial
Ponto de equilíbrio (PE)
Onde:
Q = Quantidade produzida
CF = Custo fixo
P = Preço
CVme = Custo Variável médio
0
)1/(
CF
iCFIBC
j
j
T
I
T ICFTquandoPB0
0
)( CVmeP
CFQ
30
7. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para fins de cálculo dos indicadores de viabilidade considerou-se um horizonte
produtivo de 10 (dez) anos e ainda, a não existência de produção no Ano 0 das
atividades, com isso o valor inicial do Fluxo de Caixa Líquido (FCL) corresponde ao
primeiro investimento da produção, sendo o valor inicial investido pelo produtor de
pequeno porte do Município de Tomé-Açu o equivalente a R$ 25.900,00. A estrutura da
propriedade compreende um total de 9 hectares, onde 1/3 desse total, ou seja, 3 hectares
são destinados ao cultivo piscícola, o qual é composto por 6 tanques escavados com
extensão de 600m² em cultivo intensivo, tendo assim uma capacidade de produção de
2.850 peixes por ano, considerando uma taxa de mortalidade de 5%.
Nos anos posteriores, a atividade aponta uma receita de R$ 39.900,00, tendo em
vista que a produção anual equivale a 2.850 peixes, sendo 1.425 de cada espécie
cultivada, pesando em média 2Kg/unidade, os quais são distribuídos nos pontos de
revenda à R$7,00/Kg. Sabendo-se que é gerado um custo de manutenção de R$
19.442,00, obtêm-se um FCL positivo de R$ 20.458,00 na produção piscícola,
considerando o Ano 1. É importante salientar que a cada 2 anos o produtor realiza o
processo de calagem dos tanques, procedendo primeiramente com a drenagem da água,
para então suceder com a adubação da terra, aplicando o calcário, a fim de realizar a
correção do solo, com o objetivo de equilibrar o pH e a alcalinidade do solo e da água,
ressalta-se também que no Ano 5 haverá um custo com o implemento de uma nova rede
de pesca. De acordo às informações, observa-se, portanto, uma variação anual dos
custos de manutenção, influenciando diretamente no FCL, como mostra a tabela 2:
Tabela 2 - Fluxo de caixa líquido e acumulado do sistema de produção piscícola no município de Tomé-Açu.
Custos Receita FCL FC Acumulado
Ano 0 R$ 25.900,00 R$ - -R$ 25.900,00 -R$ 25.900,00
Ano 1 R$ 19.442,00 R$ 39.900,00 R$ 20.458,00 -R$ 5.442,00
Ano 2 R$ 19.862,00 R$ 39.900,00 R$ 20.038,00 R$ 14.596,00
31
Ano 3 R$ 19.442,00 R$ 39.900,00 R$ 20.458,00 R$ 35.054,00
Ano 4 R$ 19.862,00 R$ 39.900,00 R$ 20.038,00 R$ 55.092,00
Ano 5 R$ 20.742,00 R$ 39.900,00 R$ 19.158,00 R$ 74.250,00
Ano 6 R$ 19.862,00 R$ 39.900,00 R$ 20.038,00 R$ 94.288,00
Ano 7 R$ 19.442,00 R$ 39.900,00 R$ 20.458,00 R$ 114.746,00
Ano 8 R$ 19.862,00 R$ 39.900,00 R$ 20.038,00 R$ 134.784,00
Ano 9 R$ 19.442,00 R$ 39.900,00 R$ 20.458,00 R$ 155.242,00 Fonte: Elaborado pelos autores a partir de pesquisa de campo (2019).
O cálculo do Valor Presente Líquido (VPL) ratifica a capacidade de o
empreendimento suportar taxas de desconto, onde no estudo apresentado foi utilizado o
Pronaf B (0,5%) e o Pronaf Mais Alimentos, sendo este analisado frente à duas diferentes
taxas (2,5% e 5,5%). Desta forma, analisando pelo âmbito financeiro, nota-se que a
atividade piscícola suportaria facilmente taxas de juros de 0,5% à 10% a.a., sendo que
esse fato inicial é consolidado através dos cálculos da Taxa Interna de Retorno (TIR) e
do Índice Benefício Custo (IBC), onde o primeiro indicador demonstra que o
empreendimento têm capacidade de suportar taxas de desconto de até 77,74% a.a., e o
segundo indicador, por sua vez, demonstra um retorno de R$ 6,82 com a taxa mais baixa
à R$ 4,48 com a taxa mais alta, para cada real investido. Os resultados ainda apontam
um Payback de 2 anos e 3 meses, isto é, levando em consideração as instalações
piscícolas em um horizonte de 10 anos, o produtor irá recuperar o investimento inicial no
período de 2 anos e 3 meses iniciais do projeto, conforme apresentado no quadro 1.
Quadro 1 - Resultado dos indicadores de viabilidade e Payback do sistema de produção piscícola em Tomé-Açu.
Custo de Oportunidade R$ 1.554,00 Ração de crescimento R$ 1.632,00
Ração de engorda final R$ 1.728,00
Gasolina (bomba D'água) R$ 5.400,00
Calagem dos tanques R$ 420,00
Total (CF) R$ 9.314,00 Total (CV) R$ 10.548,00 Fonte: Elaborado pelos autores a partir de pesquisa de campo (2019).
À vista disso, a tabulação demonstrou um nível de produção total que
corresponde a 2.850 peixes/ano, o que equivale a 5.700 Kg/ano, considerando que o
peso médio unitário é igual a 2 Kg, assim sendo o estudo constatou um PE de 2.825
Kg/ano, correspondente à 49,56% da capacidade produtiva anual, sabendo-se que os
custos totais equivalem a R$ 19.862,00, o valor do PE encontrado resulta em uma
equivalência entre ambos. Logo, sendo a capacidade produtiva total igual a 5.700 Kg/ano
e um PE de 2.825 Kg/ano, constata-se que 2.875 Kg/ano são responsáveis pela geração
dos lucros, conforme demonstrado no gráfico 2.
33
Gráfico 2 – Ponto de equilíbrio (PE) do sistema de produção piscícola em Tomé-Açu.
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de pesquisa de campo (2019).
Em complemento, para demonstrar o PE identificado, primeiramente encontra-se
o Custo Total Médio - Ctme, através da divisão do Custo Total Anual – CT pela
Quantidade Produzida por ano (R$ 19.862,00/2.850 unid.), em seguida, encontra-se a
Margem de Contribuição Unitária – MCU, onde subtrai-se o Preço recebido pelo Produtor
(é recebido em média R$ 14,00 por peixe) do Ctme (R$ 14,00 – R$ 6,97), e por fim, para
constatar o PE, divide-se o CT pelo MCU (R$ 19.862,00/R$ 7,03), conforme a tabela 3:
Tabela 4 - Ponto de Equilíbrio (PE) e Margem de Contribuição Unitária.
Ponto de Equilíbrio Corrigido 2.825 Kg/Peixe/Ano
CT (Custo Total Anual) R$ 19.862,00
Ctme (Custo Total Médio) R$ 6,97
P (Preço recebido pelo Produtor) R$ 14,00
MCU (Margem de Contribuição Unitária) R$ 7,03
P.E (Ponto de Equilíbrio) 2.824,97
Quantidade Produzida por ano 5.700 Fonte: Elaborado pelos autores a partir de pesquisa de campo (2019).
34
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fundamentado no propósito de explanar de forma teórica os procedimentos
realizados na implantação e manutenção de instalações piscícolas na modalidade tanque
escavado, embasando-se principalmente em conceitos e fundamentações teóricas
voltados à custo de produção, onde considerou-se indicadores de viabilidade como: VPL,
IBC, TIR, Payback e P.E, o presente trabalho resultou na comprovação da viabilidade
econômica da criação de peixes utilizando-se a modalidade de tanque escavado de um
produtor independente em Tomé-Açu, ratificando a potencialidade desse segmento da
agropecuária no município estudado.
Diante a afirmação supracitada, concluiu-se que a Piscicultura apresenta um grau
satisfatório de rentabilidade no município de Tomé-Açu, onde os dados obtidos
corroboram para essa afirmação. Isto posto, os indicadores econômicos apresentaram
dados positivos e satisfatórios ao produtor, haja vista que a partir da manipulação dos
dados, os indicadores geraram os seguintes resultados: um VPL de R$ 90.043,93, um IBC
no valor de R$ 4,48, uma TIR de 77,74% e um Ponto de Equilíbrio equivalente a 2.825
Kg, gerando um retorno do investimento em 2 anos e 3 meses, utilizando-se de um
programa de financiamento com taxa de 10%, atestando a disponibilidade do projeto em
suportar a taxa mais alta considerada na pesquisa.
Logo, acentua-se que os mecanismos, técnicas e ainda a aplicação dos cálculos
realizados nessa pesquisa não são absolutos, assim como, os conceitos, e o andamento
da análise financeira, haja vista que cada região possui suas especificidades e
adaptabilidade mercadológica, compreendendo que em cada território a demanda sofre
variações. Deste modo, os resultados obtidos exprimem que o mercado de consumo do
peixe na localidade é favorável, despertando o interesse de novos entrantes a atuarem
na implantação dessa cultura, uma vez que, esse sistema é economicamente viável na
região.
35
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