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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO ESTADO NUTRICIONAL DE VITAMINA A EM IDOSOS DO MUNICÍPIO DE CAMARAGIBE - PE, 2003 ANA LUIZA DO NASCIMENTO RECIFE 2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE … · hipovitaminose A em idosos do Programa de Saúde da Família (PSF), em Camaragibe, PE. ... Isto porque os danos biológicos decorrentes

Nov 09, 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

ESTADO NUTRICIONAL DE VITAMINA A EM IDOSOS DO MUNICÍPIO DE CAMARAGIBE - PE, 2003

ANA LUIZA DO NASCIMENTO

RECIFE 2005

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ANA LUIZA DO NASCIMENTO

ESTADO NUTRICIONAL DE VITAMINA A EM IDOSOS DO MUNICÍPIO DE CAMARAGIBE - PE, 2003

ORIENTADOR: Profº Alcides da Silva Diniz CO-ORIENTADOR: Profª Ilma Kruze Grande de Arruda

RECIFE 2005

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do grau de mestre. Área de concentração: Bases Experimentais da Nutrição.

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DEDICATÓRIA

A minha mãe Nilza (in memorian), por seu exemplo de vida.

À minha irmã Rejane, alicerce importante em minha vida.

Estado nutricional de vitamina A... NASCIMENTO, A.L.

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“A vida não é medida pelo número de vezes que você respirou, mas pelos momentos em que você perdeu o fôlego... de tanto rir... de surpresa... de êxtase... de felicidade...”

Entenda que o “ser feliz” é diretamente proporcional ao “fazer feliz” e colhemos, indubitalvemente, tudo o que plantamos.

(Autor desconhecido)

Estado nutricional de vitamina A... NASCIMENTO, A.L.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, razão de nossa existência, fonte inesgotável de amor.

Ao Professor Alcides da Silva Diniz, pelo ensinamentos, experiência passados e pela

orientação segura e precisa.

À Professora Ilma Kruze Grande de Arruda, pela sua paciência a apoio permanente,

sempre disposta a ajudar.

À toda a minha família, pelo apoio nesta caminhada.

Às amigas Keila Dourado e Paula Simplício, companheiras nesta longa jornada.

À Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco.

À Maria de Jesus Araújo pela dedicação e ajuda na formatação da dissertação.

À Necy Nascimento, secretária da Pós-Graduação em Nutrição, sempre disposta a nos

ajudar.

Enfim, agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração deste

trabalho.

Estado nutricional de vitamina A... NASCIMENTO, A.L.

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RESUMO

A deficiência de vitamina A tem sido considerada como um problema nutricional em

países em desenvolvimento. No entanto, sua dimensão na população idosa, ainda não foi

devidamente avaliada. O presente trabalho teve como objetivo estimar a prevalência de

hipovitaminose A em idosos do Programa de Saúde da Família (PSF), em Camaragibe,

PE. Utilizou-se um estudo de corte transversal, com amostra representativa de 315

indivíduos ≥ 60 anos, inscritos no PSF, em 2003. O status de vitamina A foi avaliado

pelas concentrações séricas de retinol e pelo inquérito de freqüência do consumo de

alimentos-fonte de vitamina A. Na avaliação do estado nutricional protéico energético, foi

utilizado o Índice de Massa Corporal (IMC). A prevalência de hipovitaminose A (retinol

sérico < 1,05 µMol/L) foi de 26,1% (IC 95% 21,2 – 31,6), enquanto que a freqüência de

consumo de alimentos fonte de vitamina A de origem animal e vegetal, superior a três

vezes por semana, foi de 46,1% e 63,2%, respectivamente. As concentrações séricas de

retinol não mostraram correlação com o sexo (p= 0,54) nem com a idade (p= 0,34). Cerca

de 54,8% dos idosos apresentaram sobrepeso/obesidade e apenas 4,4% baixo peso. As

concentrações séricas de retinol não mostraram correlação com o IMC (p= 0,95), nem

com o consumo de alimentos fonte de vitamina A (p> 0,05). A deficiência de vitamina A,

entre idosos do PSF de Camaragibe, mostrou-se uma carência nutricional importante.

Logo, um plano integrado de prevenção e controle do problema seria fortemente

recomendável nesse contexto.

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ABSTRACT

Vitamin A Deficiency (VAD) is a major nutritional problem in many developing

countries. However, the extent of the problem among elderly people has not been well

established. This study To estimate the prevalence of VAD among elderly people

attending the Health Family Programme in the city of Camaragibe, Northeast Brazil.

Following a systematic sampling procedure, a cross-sectional study was carried out

involving 315 subjects >60 years in 2003. VAD was assessed by serum retinol levels and

vitamin A-rich-food intake. Protein-energy nutritional status was assessed by Body Mass

Index (BMI). The prevalence of VAD (Serum ret. <1,05µMol/L) was 26.1% (95%CI 21,2

– 31,6) and the weekly frequency of vitamin-rich food intake was 46,1% and 63.2%,

animal and vegetal origin, respectively. The prevalence of overweight/obesity was 54.8%

and low weight only 4.4%. Serum retinol levels were not correlated to sex (p= 0.54) and

age (p= 0.34) distribution. On the other hand, serum retinol was not related to vitamin A

rich-food intake (p >0.05) and to BMI (p= 0.95). VAD seems to be very prevalent among

elderly people attending the Health Family Programme in Camaragibe, Northeast Brazil.

Concerted actions to prevent and control VAD are strongly recommended in this context.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS

LISTA DE QUADROS E FIGURAS

RESUMO

ABSTRACT

1- INTRODUÇÃO 13

1.1. Considerações gerais 13

1.2. Aspectos metabólicos da vitamina A 14

1.3. Aspectos epidemiológicos da hipovitaminose A 16

1.4. Aspectos diagnósticos da vitamina A 18

1.5. Tratamento e prevenção 20

1.6. Aspectos fisiopatológicos do idoso 21

2- JUSTIFICATIVA 26

3- OBJETIVOS 28

3.1. Objetivo Geral 28

3.2. Objetivos Específicos 28

4- METODOLOGIA 29

4.1. Área de estudo 29

4.2. Desenho do estudo 30

4.3. População de estudo 30

4.3.1. Amostragem 31

4.3.2. Tamanho 31

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4.3.3. Seleção 32

4.3.4. Critérios de exclusão 33

4.4. Métodos e técnicas de avaliação 34

4.4.1. Bioquímico 34

4.4.1.1. Retinol Sérico 34

4.4.2. Dietético 35

4.4.3. Antropométricos 36

4.4.3.1. Peso 36

4.4.3.2. Altura 36

4.5. Análise de dados 37

4.6. Aspectos éticos 38

5- RESULTADOS 39

5.1. Características da amostra 39

5.2. Estado nutricional de vitamina A 40

5.2.1. Concentrações séricas de retinol 40

5.2.2. Consumo de alimentos fonte de vitamina A 42

5.3. Avaliação antropométrica 43

5.3.1. Índice de Massa Corporal 43

5.4. Estado nutricional de vitamina A vs variáveis demográficas 45

5.4.1. Retinol sérico vs sexo 45

5.4.2. Retinol sérico vs idade 46

5.4.3. Retinol sérico vs consumo 47

5.4.4. Retinol sérico vs IMC 48

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5.5. Consumo de alimentos fonte de vitamina A vs variáveis demográficas 48

5.5.1. Consumo de alimentos fonte de vitamina A vs sexo 48

5.5.2. Consumo de alimentos fonte de vitamina A vs idade 49

5.6. Índice antropométrico vs variáveis demográficas 51

5.6.1. IMC vs sexo 51

5.6.2. IMC vs idade 53

5.6.3. IMC vs consumo 53

6- DISCUSSÃO 56

7- CONCLUSÕES 66

8- RECOMENDAÇÕES 68

9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70

10- ANEXOS 83

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LISTAS DE TABELAS

1 - Distribuição da amostra segundo o sexo de idosos inscritos no Programa de Saúde

da Família. Camaragibe-PE, 2003.

39

2 - Distribuição da faixa etária em idosos inscritos no Programa de Saúde da Família.

Camaragibe, 2003.

40

3 - Concentrações de retinol sérico de idosos inscritos no Programa de Saúde da

Família. Camaragibe-PE, 2003.

42

4 - Freqüência do consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem animal e

origem vegetal referida pelos idosos inscritos no Programa de Saúde da Família.

Camaragibe-PE, 2003.

43

5 – Distribuição do estado nutricional de idosos, segundo o índice de massa corporal

(IMC), Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

45

6 - Concentrações séricas de retinol, em idosos segundo o sexo, inscritos no

Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

46

7 - Níveis de retinol sérico, segundo a faixa etária, em idosos inscritos no Programa

de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

47

8 - Distribuição das concentrações de retinol sérico de idosos, de acordo com o

consumo, inscritos no Programa de Saúde da Família, Camaragibe-PE.

47

9 – Distribuição das concentrações séricas de retinol de idosos, em relação ao índice

de massa corporal, inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe, 2003.

48

10 – Freqüência do consumo de alimentos fonte de vitamina A referidos pelos idosos,

de acordo com o sexo, inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE,2003.

49

11 – Consumo de alimentos fonte de vitamina A de origem animal de idosos, 50

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segundo idade, inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

12 - Consumo de alimentos fonte de vitamina A de origem vegetal de idosos,

segundo idade, inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003

51

Tabela 13 – Médias e desvios padrão do Índice de massa corporal, segundo o sexo,

em idosos inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe – PE, 2003.

52

14 – Percentual de adequação nutricional, de acordo com o sexo, de idosos inscritos

no Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003

52

15 – Índice de massa corporal de idosos inscritos, segundo idade, no Programa de

Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

53

16 – Consumo de alimentos fonte de vitamina A de origem animal de idosos,

segundo o índice de massa corporal, inscritos no Programa de Saúde da Família.

Camaragibe-PE, 2003.

54

17 – Consumo de alimentos fonte de vitamina A de origem vegetal de idosos,

segundo o índice de massa corporal, inscritos no Programa de Saúde da Família.

Camaragibe-PE, 2003.

54

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LISTA DE QUADROS E FIGURAS

Quadro 1 – IMC segundo a classificação recomendada pela OMS em categorias. 37

Figura 1- Curva de distribuição das concentrações de retinol sérico, em idosos

inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe - PE, 2003.

41

Figura 2 – Curva de distribuição do IMC de idosos inscritos no Programa de Saúde

da Família. Camaragibe - PE, 2003.

44

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Considerações Gerais

A deficiência de micronutrientes constitui importante problema de saúde pública que afeta

o bem estar e saúde da população. Isto porque os danos biológicos decorrentes dos

estados carenciais repercutem significativamente no estado de saúde, na diminuição da

produtividade no trabalho, aumentam substancialmente o custo em saúde e representam

um sério obstáculo para o desenvolvimento sócioeconômico na maioria dos países em

desenvolvimento (OPAS,1990; OPAS/OMS,1992).

Com relação à vitamina A, é um micronutriente essencial à manutenção das funções

fisiológicas normais do organismo. Desempenha papel imprescindível como constituinte

dos pigmentos visuais, na promoção do crescimento, na diferenciação e manutenção

celular epitelial, na atividade do sistema imunológico e reprodução, dentre outros

(GOODMAN, 1984). Merece destaque o papel decisivo na integridade do globo ocular,

uma vez que as lesões oculares decorrentes de sua falta se constituem na principal causa

de cegueira evitável na infância (WHO,1996).

No Egito, por volta de 1500 a.C. a cegueira noturna foi descrita pela primeira vez. O mais

antigo texto médico conhecido no ocidente, o papyrus Ebers (1600 a.C.), prescrevia, às

pessoas atingidas pela oftalmopatia, uma dieta rica em fígado, conduta também

recomendada por Hipócrates (WOLF e PHILL, 1978). Celsus (25 a.C. - 50 d.C.) parece

ter sido o primeiro a utilizar o termo xeroftalmia para descrever a entidade nosológica no

13

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seu livro De Medicina (DEMAEYER, 1986 APUD DINIZ, 1997). No entanto, a

descrição detalhada das lesões da córnea e a possível origem nutricional da xeroftalmia

parecem ter sido registradas pela primeira vez na literatura científica pelo médico

brasileiro Manuel da Gama Lobo que, em 1864, descreveu a ocorrência das lesões

oculares típicas da doença em crianças escravas no Rio de Janeiro. Segundo Gama Lobo,

a ocorrência dessa síndrome ocular estaria relacionada a erros na alimentação (GAMA

LOBO, 1865 APUD DINIZ e SANTOS, 2000). Em 1920, observou-se que o extrato

amarelo das plantas amarelas e verdes, denominado β-caroteno, possuía também atividade

biológica similar. Este achado levou o pesquisador Paul Karrer a elucidar a estrutura

química, tanto da vitamina A, quanto do β-caroteno (REILLY e GMÜNDER, 1989), o

que lhe rendeu o prêmio Nobel em 1937.

1.2. Aspectos metabólicos da vitamina A

O termo vitamina A compreende os compostos (retinódes) que têm atividade metabólica.

Estes compostos podem apresentar-se sob a forma de álcool (retinol), aldeído (retinal) e

ácido (ácido retinóico) nos produtos animais. Como carotenóide, nos vegetais, o β-

caroteno é o composto com maior atividade biológica, e também o mais significativo

quantitativamente (GUILLAND e LEQUEU, 1995).

Esta vitamina está presente nos alimentos sob duas formas: a vitamina A pré-formada

(ésteres de retinil), de origem animal; e a pró-vitamina A (β-caroteno e carotenóides de

atividade pró-vitamina A), de origem vegetal (OLSON, 1987).

14

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No estômago, os ésteres de retinil e os vários carotenóides sofrem ação de enzimas

proteolíticas, separam-se dos alimentos e são agregados em glóbulos junto a outros

lipídeos da dieta (OLSON, 1987). Todos os ésteres de retinil são enzimaticamente

convertidos a retinol na luz intestinal, antes da absorção pelos enterócitos; já os

carotenóides são parcialmente convertidos em retinol ao nível do enterócito, no qual

ambos são melhores absorvidos na porção mais alta do intestino delgado. Em quantidades

fisiológicas, o retinol é mais eficientemente absorvido do que os carotenóides; o

percentual de absorção do retinol gira em torno de 70-90%, enquanto o dos carotenóides,

principalmente o β-caroteno situa-se numa faixa de 20-50% (SIVAKUMAR e REDDY,

1972). À medida que a quantidade ingerida aumenta, a eficiência na absorção do retinol

continua alta (60-80%), enquanto que a dos carotenóides cai acentuadamente, situando-se

em patamares inferiores a 10% (WHO, 1988).

Após ser reduzido a retinol, o composto é transportado pelos quilomicrons. Uma pequena

quantidade de β-caroteno não sofre nenhuma hidrólise e chega ao fígado via canal

torácico e pela circulação geral (GOODMAN, 1984).

Quase todo retinol absorvido é armazenado nas células do parênquima hepático, o que

corresponde a cerca de 90% da reserva de vitamina A do organismo; os 10% restantes são

distribuídos pelas células do sangue, medula óssea, tecido adiposo e baço. Quando há

necessidade orgânica, o retinol hepático (ésteres de retinil) é hidrolisado e transportado,

ao tecido ou célula alvo, ligado a uma proteína específica, denominada proteína

carreadora de retinol (PCR), sintetizada no fígado.

15

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O complexo PCR-retinol liga-se a pré-albumina (PA), também sintetizada no fígado.

Após liberar o retinol ao tecido ou células alvos, a molécula de PCR é hidrolisada e não é

capaz de ligar-se à PA (Sommer e West, 1996). Como resultado, a PCR humana existe em

duas formas fisiológicas: uma contendo retinol (holo-PCR) e outra, livre de retinol e sem

a capacidade de ligar-se à PA (apo-PCR). A meia-vida do complexo holo-PCR-pré-

albumina é de, aproximadamente, 11 a 16 horas. A meia-vida da apo-PCR é menor em

relação a holo-PCR (GUILLAND e LEQUEU, 1995).

Como fontes alimentares de vitamina A pré formada destaca-se o fígado, rimo, leite

integral, creme de leite, queijos, manteiga, peixes, gema de ovos; e de pró vitamina A

vegetais folhosos, legumes ou frutos (FRANCO, 1998).

1.3. Aspectos epidemiológicos da hipovitaminose A

A deficiência de vitamina A se constitui em um grave problema em mais de 60 países.

Sua prevalência é particularmente alta em regiões como a Ásia, África e América Latina,

onde a hipovitaminose A é a principal causa de cegueira não acidental na infância

(RAMALHO, FLORES e SAUNDERS, 2002). Cerca de 44% das crianças com esta

deficiência vivem no Sul e Sudeste da Ásia, enquanto 26% e 10% vivem na África e

região oriental do Mediterrâneo, respectivamente. Estudos realizados nos Estados do

Ceará, Paraíba, Pernambuco e Bahia, nos anos de 1987-1991, mostraram prevalências de

35,5%, 16,0%, 34,1% e 55,1%, respectivamente, de níveis séricos de retinol abaixo de

20µg/dL em crianças pré-escolares (McAULLIFE et al., 1991).

16

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Vale ressaltar que o maior número de crianças portadoras desta deficiência vive na Índia

(35,3 milhões), Indonésia (12,6 milhões), China (11,4 milhões) e Etiópia (6,7 milhões), e

aproximadamente 6,5% (8,2 milhões) vivem nas Américas (WEST, 2002). O Brasil foi

classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Organização

Panamericana de Saúde (OPAS) como área de carência subclínica grave. West (2002)

afirma que, aproximadamente, 127,2 milhões de crianças em idade pré-escolar no mundo

têm deficiência da vitamina. Este número representa 25% de pré-escolares em regiões de

alto risco dos países em desenvolvimento.

Quatro metanálises realizadas a partir de ensaios clínicos comunitários, evidenciaram que

a deficiência de vitamina A, mesmo subclínica, pode elevar a mortalidade infantil em

cerca de 23 a 34% (BEATON et al, 1994). Por outro lado, estudo realizado no Nepal

concluiu que a suplementação com vitamina A, em mulheres no ciclo reprodutivo, reduziu

em cerca de 45% a mortalidade nesse grupo biológico (WEST et al, 1999).

No Brasil, os inquéritos de consumo alimentar realizados nos últimos anos indicam que a

ingestão da vitamina de fontes naturais é extremamente baixa em 60% ou mais da

população. A monotonia alimentar entre as diversas camadas contribui para a manutenção

do quadro. Por outro lado, inquéritos bioquímicos confirmam que a hipovitaminose A têm

prevalência elevada em bolsões de pobreza dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio

de Janeiro (RAMALHO, FLORES e SAUNDRES, 2002).

O problema carencial tem sido melhor caracterizado na região Nordeste, local também

onde se originaram os únicos estudos de base populacional. Santos et al (1996), em

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levantamento cartográfico da hipovitaminose A, nesta região, identificaram 16 estudos

bioquímicos e três clínicos abordando o problema. De uma forma geral, os estudos

demonstraram que a hipovitaminose A no Nordeste deve ser considerada como um

problema de saúde pública de moderado a grave, principalmente, na região semi-árida.

Na Paraíba, manifestações clínicas de xeroftalmia moderada, bem como seqüelas

cicatriciais, foram também documentadas em crianças de dois a vinte e oito meses de

idade, sobretudo na seca prolongada de 1981 a 1984 (ARAÚJO, DINIZ e SANTOS,

1984; DRICOT D`ANS et al., 1988). Em 1986, evidências de xeroftalmia também foram

observadas no Rio Grande do Norte (MARIATH, LIMA e SANTOS, 1989).

Em termos epidemiológicos, a ingestão inadequada de alimentos fontes seria um dos

fatores etiológicos em todas as áreas endêmicas do mundo. Além disso, nas mesmas áreas,

há fatores coadjuvantes, como a reduzida ingestão de lipídeos, alta prevalência de

infecções, falta de saneamento ambiental e de água tratada, condições sócioeconômicas

desfavoráveis e tabus alimentares que aumentam a demanda ou interferem na ingestão ou

metabolização da vitamina A pelo organismo (RAMALHO, FLORES e SAUNDRES,

2002).

1.4. Aspectos diagnósticos da vitamina A

Segundo Diniz (1997), o diagnóstico clínico consubstanciado, sobretudo, nas lesões ou no

comprometimento do sistema visual, é o indicador mais fidedigno no diagnóstico da

hipovitaminose A. Alterações subclínicas, que ocorrem mais precocemente, são

traduzidas por anomalias nos epitélios de revestimento dos sistemas orgânicos, sendo

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mais evidentes na mucosa da conjuntiva ocular. A metaplasia ceratinizante do epitélio

ocular pode ser evidenciada pelo estudo histológico da conjuntiva ocular, empregando-se

o método de diagnóstico da citologia de impressão conjuntival (CARLIER et al, 1993).

Por outro lado, a determinação das concentrações de retinol sérico tem sido o teste

bioquímico mais utilizado no diagnóstico do estado nutricional de vitamina A. Embora

amplamente usado, tem-se revelado um indicador fidedigno apenas nas situações onde as

concentrações de vitamina A estão muito baixas ou em excesso (OLSON, GRUNNING e

TILTON, 1984). Sabe-se ainda que, nas infecções, há uma alteração nas concentrações de

proteínas que participam no processo de resposta da fase aguda, dentre as quais, as

proteínas carreadoras da vitamina A (FILTEAU et al., 1993). Nesse sentido, nos

processos infecciosos/inflamatórios, os níveis séricos de retinol podem estar baixos,

embora coexistindo, na maioria dos casos, com reservas hepáticas adequadas. No entanto,

a grande maioria dos estudos sobre vitamina A, em pacientes com infecção, tem usado o

retinol sérico para medir o status dessa vitamina A (DINIZ e SANTOS, 2000), e,

seguramente, devem ter incorrido em erros na interpretação dos resultados, não ajustados

para os marcadores da atividade infecciosa/inflamatória.

Os estudos atuais a partir de inquéritos dietéticos, ou inquéritos de consumo alimentar são

os únicos instrumentos capazes de identificar o que uma pessoa ou um grupo populacional

consome. Ao longo das décadas, estes inquéritos têm se constituído em um instrumento

fundamental nos estudos nutricionais em comunidades (MENCHÚ, 1993; MORÓN,

1997). Em tese, permitem identificar e quantificar os diversos tipos de alimentos

consumidos, suas deficiências e excessos dietéticos, conhecer os hábitos e padrões

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alimentares da população, avaliar programas de alimentação suplementar, proporcionar

informações para a vigilância epidemiológica e, conseqüentemente, contribui na tomada

de decisões (MENCHÚ, 1993). No entanto, o inquérito para estimativas de consumo de

alimentos fontes de vitamina A, embora pouco oneroso e exeqüível em trabalhos de

campo, tem sofrido pesadas críticas no que diz respeito a sua precisão (UNDERWOOD,

1990).

1.5. Tratamento e prevenção

Estudos têm demonstrado que as evidências clínicas da deficiência de vitamina A devem

ser tratadas como uma emergência médica. No momento da suspeita diagnóstica, o

esquema terapêutico padrão (WHO, 1988) deve ser instituído de imediato. No diagnóstico

são recomendados para maiores de 1 ano, 200.000 UI de vitamina A (110mg de palmitato

de retinol ou 69 mg de acetato de retinol), repetindo-se a dose 24 horas após, e uma

terceira dose, quando possível, ao cabo de quatro semanas. Para menores de 1 ano

recomenda-se a metade desta posologia. (ROTHMAN, et al, 1995).

Para a prevenção recomenda-se a mesma posologia, porém em dose única, com repetição

a cada seis meses. A absorção da vitamina A é significativamente maior nas preparações

hidrossolúveis (SIRIKANIA e REDDY, 1970; SIVAKUMAR e REDDY, 1972) e a via

oral, além de mais prática, é tão efetiva quanto à administração parenteral no tratamento

da xeroftalmia severa (SOMMER, et al, 1980).

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Batista Filho e Diniz (1993) referem que são várias as estratégias universalmente

reconhecidas para controlar e eliminar as deficiências de micronutrientes da população.

Em 1985, a OMS no seu plano decenal de ações para a prevenção e controle da

deficiência de vitamina A estabeleceu estratégias que envolviam medidas a curto prazo, a

exemplo da distribuição massiva de megadoses de vitamina A; a médio prazo, como a

fortificação de alimentos; e a longo prazo, pelo do aumento da disponibilidade e do

consumo de alimentos ricos em vitamina A (WHO, 1985 APUD DINIZ 1997).

1.6. Aspectos fisiopatológicos do idoso

As mudanças no perfil epidemiológico e na estrutura etária da população continuarão

acelerados no primeiro quarto do século XXI, período em que as projeções têm indicado

que o segmento populacional que compõe a terceira idade será bastante substancial

(ARANHA et al, 2000).

O Brasil, à semelhança dos demais países latino-americanos, está passando por um

processo de envelhecimento rápido e intenso. A evolução da população geriátrica

brasileira crescerá 3,22 vezes, até o ano 2025; o segmento acima de 65 anos aumentará

8,9 vezes, e o acima de 80 anos, 15,6 vezes. Com isso, a proporção de idosos que em 1980

era menor que 6%, subirá em menos de 50 anos, para 14%, devendo o Brasil ocupar o

sexto lugar na esfera mundial no ano 2025, com estimativa de 31,8 milhões (CAMPOS,

MONTEIRO e ORNELAS, 2000).

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A Associação Internacional de Gerontologia considera idosa a pessoa com mais de 65

anos de idade. No entanto, no Brasil, conforme a Lei n.8.842, de 4 de janeiro de 1994

(BRASIL..., 1994), regulamentada pelo decreto n.1.948, de 3 de julho 1996 (BRASIL...,

1996), idosa é toda pessoa de 60 anos de idade ou mais.

A definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) utilizou o critério cronológico para

analisar o fenômeno do envelhecimento populacional, determinando o limite de 65 anos

para os países desenvolvidos e 60 anos para os países subdesenvolvidos (DUARTE,

1998).

Atualmente, baseado na teoria do envelhecimento por radicais livres, proposta desde

1954, acredita-se que existe uma causa básica simples e que o processo de

envelhecimento pode ser a simples soma das reações prejudiciais dos radicais livres,

avançando constantemente pelas células e pelos tecidos. Esta teoria possibilita a

determinação da longevidade pela velocidade de envelhecimento da mitocôndria

(HARMAN, 1994).

O envelhecimento é um fenômeno complexo que abrange modificações moleculares,

celulares, fisiológicas e psicológicas (GARRY e VELLAS, 1997). Apesar de ser um

processo natural, estas alterações anatômicas e funcionais têm repercussões nas condições

de saúde e nutrição do idoso. Muitas dessas mudanças são progressivas, ocasionando

efetivas reduções na capacidade funcional, desde a sensibilidade para os gostos primários

até nos processos metabólicos do organismo (MITCHELL, RYNBERGEN e

ANSERSON, 1978).

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Esta fase da vida consiste na perda paulatina da capacidade de adaptação do organismo,

devido à interação de fatores intrínsecos (genéticos) e extrínsecos (ambientais). A perda

da habilidade tem como conseqüência à apresentação de quadros patológicos com

diversas características próprias. Esse quadro nosológico complexo envolve não apenas

as manifestações peculiares das enfermidades, como também a deterioração acelerada

com ausência de tratamento, a incidência elevada de complicações, dificuldades inerentes

ao tratamento e a maior necessidade de reabilitação (ARANHA et al., 2000).

O idoso tem uma fisiologia diferente da do adulto, onde as perdas de parte das suas

reservas nutricionais e da sua capacidade da adaptação são mais evidentes, tornando-o

mais vulnerável à agressão do meio. Por outro lado, a diminuição da sua plasticidade

torna-o ainda mais frágil (MIQUEL, 1995). O ancião também apresenta alterações na

composição tecidual corpórea, com redução da massa magra, que tem maior atividade

metabólica, simultaneamente, ao aumento da quantidade de tecido adiposo,

metabolicamente menos ativo (ALENCAR, 1992).

No que tange à geriatria, no início da década de 90, a freqüência do baixo peso atingia

21% dos homens e 17% das mulheres. Em números absolutos, o Brasil possuía 1,3 milhão

de idosos com baixo peso. Os idosos de baixa renda eram os mais atingidos, visto que, à

medida que aumentava a renda per capta, reduzia-se o percentual de baixo peso. O

sobrepeso e, principalmente a obesidade afetava, proporcionalmente, mais as mulheres do

que os homens (CAMPOS, MONTERIO e ORNELAS, 2000).

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Campos, Monteiro e Ornelas (2000) relatam que entre os fatores mais importantes na

gênese da nutrição do idoso, encontram-se os fatores psicossociais, tais como perda do

cônjugue, depressão, isolamento social, pobreza e redução da capacidade cognitiva. Na

velhice, ocorrem mudanças progressivas no organismo, o que conduz a efetivas reduções

nas funções fisiológicas (WATKIN, 1982). As mudanças fisiológicas que interferem no

estado nutricional são: diminuição do metabolismo basal; redistribuição da massa corporal

(NOGUÉS, 1995); alterações no funcionamento digestivo (atrofia da mucosa gástrica,

alteração na mastigação, por falta de dentes, por exemplo) (RUSSEL, 1992; NOGUÉS,

1995); alteração na percepção sensorial (perda da acuidade visual, audição, olfato e

sensação de degustação, que podem estar associadas ao decréscimo de apetite (RIVLIN,

1981; PODRABSKY, 1995); e diminuição da sensibilidade à sede (NOGUÉS, 1995).

Pesquisas têm demonstrado deficiência de energia, minerais e vitaminas, em pessoas

acima de 65 anos, que residem em asilos ou domicílios, fato atribuído aos fatores sócio

econômicos desfavoráveis e às doenças presentes, além de alterações no modo de vida e

nos hábitos alimentares (CAMPOS, MONTEIRO e ORNELAS, 2000).

Em relação a vitamina A, a terceira idade não é considerada um grupo de risco para sua

deficiência. Os níveis médios de retinol na circulação aumentam gradativamente e

linearmente com a idade (GARRY et al, 1987). Esse fato ocorreria porque, com o

envelhecimento haveria mudanças na camada não agitada de água do intestino, fato que

facilitaria a penetração de substâncias lipossolúveis nos enterócitos, caso da vitamina A

(ALBERICO e DO CARMO, 1998).

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Deve-se ressaltar a importância do papel antioxidante da vitamina A nessa faixa etária,

onde este micronutriente poderia proteger contra doenças crônicas não transmissíveis e

condições associadas à idade, e contribuir para uma velhice saudável (HALLFRISCH,

MULLER e SINGH, 1994; VOGEL et al, 1997). Suas propriedades antioxidantes

poderiam proteger a membrana celular dos danos oxidativos acumulados com a idade.

Assim como atuaria na manutenção do sistema imune (PASATIEMPO et al, 1992). Altas

ingestões de vitamina A ou β caroteno, são associadas com menor risco de certos tipos de

câncer (WALD et al, 1980; HALLFRISCH, MULLER e SINGH, 1994). Porém dados

mais consistentes sobre os níveis de vitamina A nesta população ainda são limitados.

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2. JUSTIFICATIVA

Com o aumento da expectativa de vida no mundo e, conseqüentemente, o número da

população idosa, é cada vez maior o interesse da comunidade científica em investigar

distúrbios nutricionais nesse contingente populacional. Devido à importância da vitamina

A na biologia humana e a escassez de informações sobre sua deficiência nessa faixa

etária, faz-se necessário estudos a respeito do tema.

Os idosos são um segmento da população bastante vulnerável a problemas nutricionais e

que talvez apresente dificuldade em converter a pró-vitamina A para sua forma ativa

(RONCADA, MARUCCI e LAMONICA, 1985). Devido ao decréscimo da ingestão

calórica e alteração no metabolismo dos idosos, alguns autores têm sugerido a

vulnerabilidade desse grupo, especialmente, com relação a deficiências vitamínicas

(GARRY et al, 1982).

O processo de envelhecimento pode interferir no metabolismo dos nutrientes e que as

pessoas de mais de 60 anos estão propensas a desordens que podem conduzir a carências

de vitaminas (RONCADA, MARUCCI e LAMONICA, 1985). Já em 1948, Kirk e Chieffi

chamavam a atenção para a escassez de dados sobre a concentração plasmática de

vitamina A em indivíduos idosos e de meia-idade, apesar da existência de uma extensa

literatura sobre os aspectos clínicos da hipovitaminose A. Logo, informações adicionais

sobre o status bioquímico e dietético, concernentes à vitamina A, contribuirão,

sobremaneira, para o preenchimento dessa lacuna na literatura especializada. Por outro

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lado, fornecerá subsídios importantes para o delineamento de um programa de prevenção

e controle da hipovitaminose A, tendo como alvo esse grupo populacional.

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3. OBJETIVOS

3.1. Geral

Avaliar o estado nutricional de vitamina A, em idosos inscritos no Programa de

Saúde da Família do município de Camaragibe.

3.2. Específicos

• Estimar a prevalência de hipovitaminose A pelas concentrações de retinol

sérico e pelo consumo de alimentos fonte de vitamina A;

• Avaliar o estado nutricional de idosos utilizando indicadores antropométricos;

• Verificar associações entre o estado nutricional da vitamina A e as variáveis

sexo, idade e o índice de massa corporal.

• Investigar o grau de correlação entre os níveis séricos de vitamina A e o

consumo dietético de vitamina A.

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4. METODOLOGIA

Este estudo constitui parte de um projeto global intitulado “Perfil epidemiológico como

instrumento para estratégias de intervenção na atenção à saúde do idoso no Município de

Camaragibe – Pernambuco- Brasil”, realizado no ano de 2003, que teve como objetivo

geral traçar o perfil epidemiológico da população idosa pelo Programa de Saúde da

Família (PSF), com enfoque no diagnóstico das doenças crônico não transmissíveis,

visando o planejamento de estratégias de intervenção à saúde do idoso no município.

4.1. Área de estudo

O estudo foi desenvolvido no município de Camaragibe, integrante da região

metropolitana do Recife (RMR), estado de Pernambuco. O município tem uma população

de 118.968 habitantes (IBGE, 1999) e densidade demográfica de 2.100 hab/km2. A

principal atividade econômica é o comércio (69%), grande parte dele informal e como

atividade crescente o turismo, uma vez que a região denominada Aldeia, constitui-se num

patrimônio ambiental, com trechos de Mata Atlântica, rios e um clima ameno.

O Programa de Saúde da Família (PSF) no município contava, em 2003, com 32 Unidades

que atendiam 32.256 famílias, com uma cobertura de 92% da população local. O

programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) tinha 231 agentes comunitários de

saúde atuando junto com as equipes do PSF.

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O município possuía 02 policlínicas com emergências médica e odontológica (adultos e

crianças) e 01 ambulatório de especialidades (oftalmologia, dermatologia,

otorrinolaringologia, nutrição, odontologia, medicina do trabalho, psiquiatria, psicologia,

terapia ocupacional). O Centro de Diagnóstico do município, dentre outras atividades, faz

a cobertura em relação aos exames laboratoriais.

4.2. Desenho do Estudo

Foi desenvolvido um estudo de corte transversal. Esse tipo de estudo exige um menor

complexo operacional, quando comparado aos estudos de caso-controle e de coorte,

apresenta baixo custo e possibilita maior rapidez na obtenção dos resultados, sendo,

portanto, o mais amplamente difundido em epidemiologia. No entanto, seus resultados

não são indicativos de seqüência temporal, não fornecendo dados de incidência e as

únicas conclusões derivadas da análise desse tipo de estudo, restringem-se às relações de

associações e não de causalidade (ROUQUAYROL e ALMEIDA FILHO, 1999).

4.3. População de estudo

Adultos de ambos os sexos com idade > 60 anos, inscritos no PSF do município de

Camaragibe-PE nos meses de novembro e dezembro de 2003. Esse grupo etário é

denominado idoso, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998).

Atenderam aos critérios de elegibilidade, 7581 indivíduos, inscritos em 32 Unidades de

Saúde da Família (USF).

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4.3.1. Amostragem

Para definição do tamanho amostral, foi realizado um estudo piloto para uma estimativa

das concentrações séricas de retinol inadequadas. A prevalência observada foi de 25% de

teores abaixo de 1,05µMol/L.

4.3.2. Tamanho

O tamanho da amostra foi calculada pela fórmula 1:

n= z2 x pq/d2 (Fórmula 1)

onde: z = limite de confiança (1,96)

p = prevalência estimada (25%)

q = 1-p

d = margem de erro aceitável (5%)

Uma vez que se trata de uma população finita, o “n” amostral foi ajustado de acordo com

a fórmula 2.

n = nº /1+(nº/N) (Fórmula 2)

Onde: nº = “n” amostral

N = “n” populacional

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Em virtude de se tratar de um desenho amostral do tipo aleatório sistemático, o tamanho

amostral mínimo calculado foi de 279. Para corrigir eventuais perdas, procedeu-se a

adição de 15% ao tamanho amostral, resultando numa amostra de 321 indivíduos.

4.3.3.Seleção

Para seleção sistemática da amostra, tomou-se como base, para definição do intervalo

amostral, a equação descrita na fórmula 3.

N (Fórmula 3) n

Onde: N = população do estudos

n = tamanho da amostra

K = intervalo amostral

Após o cálculo do intervalo amostral (K), fez-se um sorteio entre os números 1,2...K,

onde o número sorteado foi chamado de início amostral (i). Logo, nestas condições, com

apenas este sorteio, toda a amostra ficou selecionada, sendo composta de unidades

amostrais que tenham recebido os seguintes números (ou ocupem a posição

correspondente), considerando-se a freqüência acumulada dos idosos, segundo os PSFs

identificados no município de Camaragibe:

i

i + K

i + 2K

= K

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i + (n-1)K

4.3.4. Critério de exclusão

Como critérios de exclusão foram considerados:

• Indivíduos que embora estivessem inscritos no Programa de Saúde da Família, não

se encontravam no município, por ocasião da coleta de dados.

• Idosos que apresentaram atividade infecciosa/inflamatória, diagnostica pelas

concentrações de proteína C reativa, com teores superiores a 12mg/dL.

• Idosos que referiram a ingestão de vitamina A e/ou suplementos nos 3 meses

prévios à coleta de dados.

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4.4. Métodos e técnicas de avaliação

4.4.1. Bioquímico

4.4.1.1. Retinol Sérico

Coleta

A coleta foi realizada no Centro de Especialidades Médicas de Vera Cruz, no município

de Camaragibe por profissionais de saúde, com experiência comprovada em punção

venosa. Foi colhida uma alíquota de, aproximadamente, 1 mL de sangue venoso, por

flebotomia cubital, realizada em jejum noturno de 12 horas, pela manhã, utilizando-se

seringas e agulhas descartáveis.

Imediatamente após a coleta, as amostras foram colocadas em tubos de ensaio

previamente identificados e protegidos da luz. Após completa coagulação, as amostras

foram centrifugadas a 3.000 rpm (rotação por minuto) durante 10 minutos, para a

separação total do soro, que foi transferido para tubos eppendorf. Em seguida, as amostras

foram acondicionadas em freezer à temperatura de - 20ºC, para posterior análise. As

amostras foram transportadas para o Centro de Investigação em Micronutrientes

(CIMICRON) da Universidade Federal da Paraíba, em caixas de isopor com gelo,

mantendo-se a cadeia de frios.

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Processamento

Após o descongelamento das amostras, utilizando-se pipetas automáticas, foram

transferidos 100µL de soro para tubos cônicos de vidro, com tampa esmerilhada e

adicionaram 100µL etanol absoluto (C2H5OH), para promover a precipitação de hexano

(C6H14), responsável pela extração do retinol. Em seguida, as amostras foram agitadas por

30 segundos no agitador de tubos em velocidade contínua, e centrifugados à velocidade de

3.000 rpm por 5 minutos (BESSEY et al, 1946; ARAÚJO e FLORES, 1978).

Posteriormente, foram extraídos 100µL do sobrenadante, colocados em tubos de vidro

pequeno e evaporados com nitrogênio, por aproximadamente 1 minuto. O resíduo da

amostra foi redissolvido com 50µL de metanol e deste retirados 20µL para leitura.

Análise

As concentrações séricas de retinol foram determinadas pelo método cromatográfico,

utilizando-se a Cromatografia Líquida de Alta Resolução (High Pressure Liquid

Chromatography-HPLC) (FURR, TANUMIHARDJO e OSLON, 1992).

4.4.2. Dietético

O método utilizado para avaliar o consumo de alimentos, fonte de vitamina A, foi o

Questionário de Freqüência Alimentar (QFA). Elaborou-se uma lista de grupos de

alimentos com significativo teor de vitamina A, de origem vegetal e animal, onde a

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freqüência semanal de consumo desses alimentos foi indagada. Este método tem as

vantagens do baixo custo, rapidez, pode descrever padrões de ingestão alimentar e gera

resultados padronizados. Como desvantagens, encontramos: não fornece informações

sobre a quantidade consumida, pode ocorrer subestimação, visto que nem todos os

alimentos consumidos pelo indivíduo podem constar da lista (Anexo1).

4.4.3. Antropométricos

4.4.3.1 Peso

Na tomada de peso, utilizou-se uma balança digital eletrônica, da marca Filizola, modelo

Personal Line E-150, com capacidade de até 150kg e precisão de 100g. Os idosos foram

pesados descalços, sem objetos nas mãos ou bolsos e sem adornos na cabeça.

4.4.3.2. Altura

A altura dos idosos foi determinada com fita métrica Stanley-milimetrada, com precisão

de 1mm e exatidão de 0,5 cm. A fita foi afixada na parede e os idosos colocados em

posição ereta, descalços, com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, os

calcanhares, o dorso e a cabeça tocando a parede, e olhando pra frente.

O indicador utilizado para avaliar o estado nutricional foi o Índice de Massa Corporal

(IMC) calculado a partir da operação descrita na fórmula 4:

IMC = (Fórmula 4) Peso (Kg) Altura (m2)

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As categorias de IMC, para avaliação nutricional do idoso estão representadas no

Quadro1:

Quadro 1 – IMC segundo a classificação recomendada pela OMS em categorias.

Categorias (Kg/m2) Classificação

< 18,5 Baixo peso

18,5-24,9 Eutrofia

25-29,9 Sobrepeso

> 30 Obesidade

Fonte: WHO, 1998

As informações foram devidamente anotadas em formulário específico (Anexo 2).

4.5. Análise de dados

Na construção do banco de dado, foi utilizado o pacote estatístico EpiInfo (EpiInfo,

versão 6,04b CDC, Atlanta, 1997). Os dados foram digitados em dupla entrada e a

consistência testada pelo módulo “validate”. O algoritmo desenhado para análise dos

dados compreendeu, inicialmente, um estudo das variáveis contínuas, no que diz respeito

à distribuição normal, pelo teste de Kolmogorov – Smirnov. Na descrição das variáveis

contínuas, utilizou-se a média e o desvio padrão, como medidas de tendência central e

variabilidade. Na descrição das proporções, procedeu-se uma aproximação da distribuição

binomial à distribuição normal pelo intervalo de confiança de 95%. As médias

intergrupos/categorias foram comparadas pelo teste t de student, para dados não pareados

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(duas médias), e pela análise de variância (> de duas médias), utilizando-se o teste de

Scheffé, como teste a posteriori. As proporções foram comparadas pelo teste do Oui

quadrado de Pearson. Foi utilizado o nível de significância de 5% para rejeição da

hipótese de nulidade. Para a análise estatística, foi utilizado o programa Statistical

Package for Social Sciences (SPSS, versão 12.5, Inc., Chicago, 2005).

4.6. Aspectos éticos

O estudo foi pautado pelas normas éticas para pesquisa envolvendo seres humanos,

constantes da resolução 196 do Conselho Nacional da Saúde, submetido e aprovado pelo

comitê de ética da Universidade Federal de Pernambuco (Anexo 3).

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5. RESULTADOS

Foram estudados 315 indivíduos. A avaliação bioquímica foi realizada em 291, o

inquérito de consumo alimentar em 313 e a avaliação antropométrica em 272 idosos. As

perdas ocorreram por razões diversas, a exemplo do preenchimento incompleto do

formulário, impossibilidade ou recusa na coleta de sangue, além das perdas no

processamento e análise laboratorial do material biológico.

5.1 Características da amostra

Como pode ser observado na tabela 1, a amostra se mostrou heterogênea em relação à

variável sexo (p=0,000), com predomínio de indivíduos do sexo feminino.

Tabela 1 – Distribuição da amostra segundo o sexo de idosos inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

Sexo n % IC*

Masculino 119 37,8 32,5-43,5

Feminino 196 62,2 56,6-67,6

Total 315 100

*intervalo confiança de 95%

Em relação à faixa etária, a distribuição dos idosos mostrou-se igualmente heterogênea (p

= 0,000), com maior freqüência de incidindo na faixa etária de 60 a 65 anos (Tabela2).

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Tabela 2 – Distribuição da faixa etária em idosos inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe, 2003.

Idade (anos) n % IC*

60 � 65 99 31,4 26.4-36,9

65 � 70 89 28,3 23,4-33,6

70 �75 64 20,3 16,1-25,3

≥ 75 63 20,0 15,8-24,9

Total 315 100,0

*intervalo de confiança de 95%

5.2. Estado Nutricional de vitamina A

5.2.1. Concentrações de retinol sérico.

As concentrações de retinol sérico apresentaram distribuição normal (KS = 0,86; p=

0,857), com média de 1,5 µmol/L (42µg/dL), desvio padrão de 0,54µmol/L (15,5µg/dL),

valor mínimo de 0,29 µmol/L (8,2 µg/dL) e valor máximo de 2,73µmol/L (78,2µg/dL)

(Figura 1).

40

Estado nutricional de vitamina A... NASCIMENTO, A.L.

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2,75

2,50

2,25

2,00

1,75

1,50

1,25

1,00

,75

,50

,25

40

30

20

10

0

Figura 1- Curva de distribuição das concentrações de retinol sérico, em idosos inscritos no

Programa de Saúde da Família. Camaragibe, 2003.

Como pode ser observado na tabela 3, 26,0% (IC 21,2-31,6) apresentaram concentrações

de retinol sérico consideradas inadequadas (< 1,05 µMol/L), embora apenas um indivíduo

tenha apresentado nível considerado deficiente (< 0,35 µMol/L).

DP = 0.54 Média = 1.46 V. mínimo = 0,29 V. máximo = 2,73 n = 291

41

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Tabela 3 - Concentrações de retinol sérico de idosos inscritos no Programa de Saúde da

Família. Camaragibe-PE, 2003.

Retinol sérico (µµµµMol/L) n % IC*

< 0,35 1 0,3 0,02-2,2

0,35 � 0,70 26 8,9 6,0-12,9

0,70 �1,05 49 16,8 12,8-21,7

1,05 �1,40 66 22,7 18,1-28,0

> 1,40 149 51,2 45,3-57,0

Total 291 100,0

* intervalo de confiança de 95%

5.2.2. Consumo de alimentos fonte de vitamina A

Conforme pode ser observado na tabela 4, menos da metade da população estudada

(46,1% IC 40,7-52,0) referiu o consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem

animal, mais de 3 vezes na semana. Com relação aos alimentos de origem vegetal, o

percentual de idosos que referiu consumo numa freqüência superior a 3 vezes por semana

(63,2% IC 57,5-69,5) foi significativamente maior (p=0,000) do aquele observado na

ingestão dos alimentos de origem animal.

42

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Tabela 4 – Freqüência do consumo de alimentos fonte de vitamina A, de origem animal e origem vegetal referida pelos idosos inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

Freqüência semanal

Fonte de origem animal Fonte de origem vegetal

n % IC* n % IC* < 3 vezes 167 53,9 47,9 – 59,3 115 36,8 31,5 – 42,5

> 3 vezes 144 46,1 40,7 – 52,0 197 63,2 57,5 – 69,5

Total 311 100,0 312 100,0

* intervalo de confiança de 95%; χ2 = 17,2

Vale salientar que apenas um indivíduo referiu o consumo de vísceras com uma

freqüência superior a três vezes por semana.

5.3. Avaliação antropométrica

5.3.1. Índice de Massa Corporal

O IMC teve distribuição normal (KS=1,02; p= 0,25), com média de 26Kg/m2, desvio

padrão de 4,65 e valores limítrofes de 15,2 Kg/m2 e 40,0 Kg/m2 .(Figura 2)

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Estado nutricional de vitamina A... NASCIMENTO, A.L.

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39,037,0

35,033,0

31,029,0

27,025,0

23,021,0

19,017,0

15,0

40

30

20

10

0

Figura 2 – Curva de distribuição do IMC de idosos inscritos no Programa de Saúde da

Família. Camaragibe, 2003.

Adotando-se as recomendações da OMS, para classificação do estado nutricional, a partir

do indicador IMC, observou-se que apenas um pequeno percentual de idosos (4,4%; IC

2,4-7,8) encontravam-se com baixo peso. No entanto, 54,8% (IC 48,6-60,8) apresentavam

sobrepeso/obesidade (Tabela 5).

DP = 4,66 Média = 26,0 V. mínimo = 15,2 V. máximo = 40,0 n = 272

44

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Tabela 5- Distribuição do estado nutricional de idosos, segundo o índice de massa

corporal (IMC), Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

IMC * n % IC**

< 18,5 (baixo peso)

18,5-24,9 (normal)

25-29,9 (sobrepeso)

>30(obesidade)

Total

12

111

102

47

272

4,4

40,8

37,5

17,3

100

2,4-7,8

35,0-45,0

32,0-45,0

13,1-22,4

* índice de massa corporal (Kg/m2) ** intervalo de confiança 95%

5.4. Estado nutricional de vitamina A vs variáveis demográficas

5.4.1 Retinol sérico vs sexo

A distribuição dos níveis séricos de retinol, segundo sexo, foi homogênea, conforme pode

ser observado na tabela 6.

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Tabela 6- Concentrações séricas de retinol, em idosos segundo o sexo, inscritos no

Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

Sexo

n

Retinol (µµµµMol/L) � X ±±±± DP

Valor máximo (µµµµMol/L)

Valor mínimo

(µµµµMol/L)

p*

Masculino 109 1,49±0,55 0,29 2,72

Feminino 182 1,45±0,53 0,38 2,73

Total 291 1,47±0,54 0,54

* teste t de student para dados não pareados

5.4.2. Retinol sérico vs idade

De maneira similar ao sexo, a distribuição das concentrações de retinol sérico não

variaram segundo os diferentes estratos etários (p= 0,34). No entanto, deve-se ressaltar

que os indivíduos com mais de 75 anos parecem apresentar médias de retinol mais baixas

do que aqueles das demais faixas etárias, embora esse resultado não tenha sido

significante (Tabela 7).

46

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Tabela 7 – Níveis de retinol sérico, segundo a faixa etária, em idosos inscritos no

Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

ANOVA, F3,287 = 1,2; p= 0,34

5.4.3. Retinol sérico vs consumo

Quando analisado a distribuição das concentrações de retinol em relação ao consumo, não

se observou diferença significativa entre a ingestão de alimentos fonte de vitamina A de

origem animal e vegetal (t =0,18) (Tabela 8).

Tabela 8 – Distribuição das concentrações de retinol sérico de idosos, de acordo com o

consumo, inscritos no Programa de Saúde da Família, Camaragibe-PE.

Categoria Freqüência semanal

Retinol(µµµµMol/L) � X±±±±DP

Valor máx. � X±±±±DP

Valor min. � X±±±±DP

p* Animal < 3 vezes 1,45±0,54 2,73 0,29

> 3 vezes 1,47±0,53 2,70 0,38 0,67

Vegetal < 3 vezes 1,46±0,55 2,72 0,29

> 3 vezes 1,45±0,52 2,73 0,38 0,83

* teste “t “de student para dados não pareados

Idade (anos) n Retinol (µµµµMol/L) � X ±±±±DP

60 � 65 99 1,43 ± 0,50

65 � 70 89 1,53 ± 0,54

70� 75 63 1,50 ± 0,60

≥ 75 40 1,36 ± 0,53

Total 291

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5.4.4. Retinol sérico vs IMC

Como pode ser observado na tabela 9, quando analisado as concentrações de retinol sérico

de acordo com o índice de massa corporal, não houve diferença significativa entre as

diferentes categorias.

Tabela 9 – Distribuição das concentrações séricas de retinol de idosos, em relação ao

índice de massa corporal, inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe, 2003.

IMC (Kg/m2) Retinol sérico (µµµµMol/L)

� X

DP

< 18,5 1,42 0,61

18,5 – 24,9 1,45 0,51

25,0 – 29,9 1,49 0,52

≥ 30,0 1,47 0,64

ANOVA F3,254 = 0,12; p = 0,95

5.5. Consumo de alimentos fonte de vitamina A vs variáveis demográficas

5.5.1 Consumo de alimentos fonte de vitamina vs sexo

O consumo de alimentos fonte de vitamina A foi similar entre os sexos, em relação tanto

aqueles de origem animal (p= 0,94), quanto os de origem vegetal (p= 0,81) (Tabela 10).

48

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Tabela 10 – Freqüência do consumo de alimentos fonte de vitamina A referidos pelos

idosos, de acordo com o sexo, inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe-

PE,2003.

Sexo Freqüência

semanal Fonte de origem animal Fonte de origem vegetal

n % IC* n % IC* p** Homens < 3 vezes 62 52,7 43,6 – 62,2 42 35,6 16,2 – 28,2

> 3 vezes 55 47,3 37,8 – 56,4 76 64,4 32,3 – 46,5 0,94

Mulheres < 3 vezes 105 54,2 46,8 – 61,3 73 37,5 30,8 – 44,8

> 3 vezes 89 45,8 38,7 – 53,1 121 62,5 55,1 – 69,1 0,81

Total 311 100 311 100

*intervalo de confiança de 95% ** teste do χ2

5.5.2. Consumo de alimentos fonte de vitamina A vs idade

De forma semelhante, não foram observadas diferenças significantes entre o consumo de

alimentos, sejam de origem animal (p= 0,69), sejam aqueles de origem vegetal (p= 0,38)

de acordo com a faixa etária (Tabela 11 e Tabela 12).

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Tabela 11 – Consumo de alimentos fonte de vitamina A de origem animal de idosos,

segundo idade, inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

Idade (anos) Freqüência semanal

Fonte de origem animal

n % IC* 60 � 65 < 3 vezes 7 58,3 28,6 – 83,5

> 3 vezes 5 41,7 16,5 – 71,4

Total 12 100,0

65� 70 < 3 vezes 46 53,5 42,7 – 64,2

> 3 vezes 40 46,5 35,8 – 57,5

Total 86 100,0

70 � 75 < 3 vezes 30 48,4 35,5 – 61,3

> 3 vezes 32 51,6 38,8 – 64,3

Total 62 100,0

> 75 anos < 3 vezes 37 58,7 45,6 – 70,7

> 3 vezes 26 41,3 29,2 – 54,3

Total 63 100,0

*intervalo de confiança de 95%; χ2= 1,45; p=0,69

50

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Tabela 12 - Consumo de alimentos fonte de vitamina A de origem vegetal de idosos, segundo idade, inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

Idade (anos) Freqüência semanal

Fonte de origem vegetal

n % IC* 60 � 65 < 3 vezes 4 33,3 11,3 – 65,6

> 3 vezes 8 66,7 35,4 – 88,7

Total 12 100,0

65� 70 < 3 vezes 34 39,5 29,3 – 50,7

> 3 vezes 52 60,5 49,3 – 70,7

Total 86 100,0

70 � 75 < 3 vezes 22 35,5 24,0 – 48,7

> 3 vezes 40 64,5 51,3 – 75,9

Total 62 100,0

> 75 anos < 3 vezes 16 25,4 16,6 – 38,1

> 3 vezes 47 74,6 61,8 – 84,4

Total 63 100,0

*intervalo de confiança de 95% ; χ2=3,1, p= 0,38

5.6. Índice antropométrico vs variáveis demográficas

5.6.1. IMC vs sexo

A adequação do estado nutricional teve distribuição similar (p= 0,74) entre os dois sexos,

conforme pode ser observado na Tabela 13.

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Tabela 13 – Médias e desvios padrão do Índice de massa corporal, segundo o sexo, em

idosos inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe – PE, 2003.

Sexo n IMC (Kg/m2) � X + DP

Valor máximo (Kg/m2)

Valor mínimo (Kg/m2)

Masculino 101 26,1 ± 5,0 40,0 15,2

Feminino 171 25,9 ± 4,4 39,8 16,6

Total 272

“t” de student = 0,32; p = 0,74

Resultado similar foi observado quando a variável IMC foi tratada de forma categórica,

onde os diferentes percentuais de adequação/inadequação do estado nutricional tiveram

distribuição homogênea nos dois sexos (Tabela 14).

Tabela 14 – Percentual de adequação nutricional, de acordo com o sexo, de idosos

inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

IMC* Homens Mulheres n % IC** n % IC**

< 18,5 2 2,0 0,3 – 7,6 10 5,8 2,9 – 10,8

18,5 – 24,9 44 43,6 33,8 – 53,8 67 39,2 31,9 – 46,9

25,0 – 29,9 35 34,6 25,6 – 44,8 67 39,2 31,9 – 46,9

≥ 30,0 20 19,8 12,8 – 29,2 27 15,8 10,8 – 22,3

Total 101 100,0 171 100,0

*índice de massa corporal (Kg/m2); χ2 = 3,4; p= 0,34 **intervalo de confiança de 95%

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5.6.2 IMC vs idade

Conforme pode ser observado na Tabela 15, a distribuição das médias de IMC foi similar

entre os diferentes grupos etários (p = 0,32).

Tabela 15 – Índice de massa corporal de idosos inscritos, segundo idade, no Programa de

Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

Idade (anos) IMC (Kg/m2)* � X±±±± DP

Valor máximo � X±±±± DP

Valor mínimo � X±±±± DP

60 � 65 26,3 ± 4,2 29,4 16,6

65 � 70 25,6 ± 4,8 40,0 15,2

70 � 75 26,5 ± 5,1 39,8 17,6

≥ 75 25,1 ± 4,6 35,9 16,7

*Índice de massa corporal ANOVA, F3,268 = 1,2; p= 0,32

5.6.3. IMC vs consumo

Como pode ser observado, houve diferença estatisticamente significante entre o consumo

de alimentos fonte em relação ao IMC (p = 0,02). (Tabela 16 e Tabela 17).

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Tabela 16 – Consumo de alimentos fonte de vitamina A de origem animal de idosos, segundo o índice de massa corporal, inscritos no Programa de Saúde da Família. Camaragibe-PE, 2003.

IMC (Kg/m2)* Freqüência semanal

Fonte de origem animal

Classificação** n % IC*** < 18,5 < 3 vezes 7 58,3 28,6 – 83,5

> 3 vezes 5 41,7 16,5 – 71,4

Total 12 100,0

18,5 – 24,9 < 3 vezes 59 54,1 44,3 – 63,6

> 3 vezes 50 45,9 36,4 – 55,6

Total 109 100,0

25 – 29,9 < 3 vezes 54 53,0 42,8 – 62,8

> 3 vezes 48 47,0 37,2 – 57,2

Total 101 100,0

≥ 30 < 3 vezes 25 53,2 38,2 – 67,6

> 3 vezes 22 46,2 32,4 – 61,7

Total 67 100,0

*índice de massa corporal; χ2= 16,4 ** OMS(1998) ***intervalo de confiança de 95%

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Tabela 17 – Consumo de alimentos fonte de vitamina A de origem vegetal de idosos,

segundo o índice de massa corporal, inscritos no Programa de Saúde da Família.

Camaragibe-PE, 2003.

IMC (Kg/m2)* Freqüência semanal

Fonte de origem animal

Classificação** n % IC*** < 18,5 < 3 vezes 6 50,0 22,3 – 77,7

> 3 vezes 6 50,0 22,3 – 77,7

Total 12 100.0

18,5 – 24,9 < 3 vezes 42 38,5 29,5 – 48,4

> 3 vezes 67 61,7 51,6 – 70,5

Total 109 100,0

25 – 29,9 < 3 vezes 35 34,3 25,4 – 44,4

> 3 vezes 67 65,7 55,5 – 74,6

Total 102 100,0

≥ 30 < 3 vezes 20 42,5 28,6 – 57,7

> 3 vezes 27 57,5 42,3 – 71,4

Total 67 100,0

*índice de massa corporal; χ2= 16,4 **OMS(1998) ***intervalo de confiança de 95%

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6. DISCUSSÃO

A deficiência de micronutrientes tem sido objeto de crescente preocupação por parte de

governo, agências internacionais e pesquisadores, em virtude de sua ampla magnitude,

distribuição espacial e danos à saúde. Segundo dados da década de 90, estima-se que pelo

menos 1 bilhão de pessoas sofrem de desnutrição protéico-calórica ou desnutrição em

micronutrientes nos países em desenvolvimento. Em escala mundial, a desnutrição

contribui com a estrondosa cifra de 1,1 bilhão de dias de doença/ano (SILVA Jr, 1998).

Tais números servem para dimensionar o tamanho dos recursos necessários e como

melhor aproveitá-los nas políticas de alimentação e nutrição, promovendo menor custo e

gerando maior benefício.

Os indivíduos idosos estão particularmente mais susceptíveis à desnutrição protéico-

calórica, vitamínica e de minerais. As principais causas de desnutrição dos idosos são a

ingestão alimentar diminuída, as necessidades alteradas de nutrientes, a má absorção, a

presença de flora bacteriana anormal, a interação com drogas, o alcoolismo, o catabolismo

aumentado, a reserva diminuída de nutrientes e a menor conversão de vitaminas para suas

formas ativas (FISHER, HENDRICKS e MAHONEY, 1978). Da mesma forma, a

prevalência de doenças crônicas tende a aumentar com o envelhecimento (MITCHELL e

LIPSCHITZ, 1982), o que pode contribuir para o aparecimento de anorexia, aumento das

necessidades nutricionais e o conseqüente estado carencial de vitaminas (VANUCCHI et

al, 1994).

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Estado nutricional de vitamina A... NASCIMENTO, A.L.

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A elevada prevalência de níveis inadequados de retinol sérico, observada na nossa

casuística, vem demonstrar que a deficiência de vitamina A é um problema nutricional

importante entre os idosos da população de Camaragibe, atendidos pela rede de saúde

local. Essa alta prevalência seria o reflexo da ocorrência de vários fatores de risco a que

essa população está submetida, destacando-se aqueles que contribuem para o déficit na

ingestão de alimentos, bem como aqueles que interferem na utilização biológica desse

micronutriente. Populações que habitam o meio tropical convivem com quadros de

endemia, onde predominam as infecções e infestações parasitárias.

Sabe-se que os processos infecciosos são extremamente danosos para o estado nutricional

de vitamina A, uma vez que causam anorexia (OLSON, 1972), depletam as reservas

hepáticas, pela diminuição na absorção intestinal, nos quadros diarréicos (SIVAKUMAR

e REDDY, 1972), elevada utilização biológica nos estados febris (SOMMER, 1995), bem

como aumentam de forma significativa a excreção urinária da vitamina A

(STEPHENSEN et al, 1994). Por outro lado, as infestações parasitárias, sobretudo a

ascaridíase e giardíase, reduzem em até 65% a absorção de vitamina A ao nível do

enterócito (MAHALANABIS et al, 1979)

Vale, ainda, salientar que as alterações do trato gastrointestinal inerentes ao

envelhecimento podem incidir negativamente na ingestão alimentar do idoso, destacando-

se as alterações sensoriais por diminuição do número de terminações nervosas e papilas

gustativas, levando à perda do interesse ou estímulo pelo alimento. Contribui também

para o quadro carencial, a diminuição da secreção salivar, bem como, alterações da

motilidade esofágica e gástrica, que embora assintomáticas levam a um retardo do

57

Estado nutricional de vitamina A... NASCIMENTO, A.L.

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esvaziamento gástrico, levando a uma maior sensação de saciedade (ENTERRIA e

FERNÁNDEZ, 2000).

A confrontação da magnitude da prevalência de hipovitaminose A, observada nos idosos

de Camaragibe, com relatos da ocorrência em outros espaços geográficos, bem como o

tipo de população estudada, tem sido dificultada em virtude da adoção de diferentes

pontos de definição diagnóstica para caracterizar o estado de deficiência. Vannuchi et al

(1994) relataram, em idosos portadores de patologias diversas, internados em um Hospital

de Ribeirão Preto, uma prevalência de 13,2% de níveis baixos de retinol sérico

(<0,7µMol/L).

Roncada, Marucci e Lamonica (1985), estudando idosos não institucionalizados na cidade

de São Paulo, observaram uma concentração média de retinol sérico da ordem de 1,44

µMol/L. Dados reportados pelo estudo Framingham Heart Sutdy (VOGEL, 1997),

envolvendo idosos, mostram que a média de retinol sérico, identificada naquela população

americana, foi de 1,7 µMol/L, valor bem superior aquele observado na nossa casuística.

Por sua vez, Krasinski et al (1989) reportaram que a ocorrência de concentrações baixas

de retinol, na população americana hígida, era um fato raro.

No Second National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES II) foi

observado que, em idosos de 65 a 74 anos, a prevalência de níveis baixos das

concentrações séricas de retinol foi de apenas 1,8% (BULUX, 1992). Relatos de uma

população institucionalizada nos subúrbios de Paris, França, mostraram prevalência

significativa de hipovitaminose A subclínica, usando como indicador a citologia de

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impressão conjuntival (CARLIER et al, 1989). Em países onde a hipovitaminose A é

endêmica, em crianças, parece haver um risco potencial de que gerações idosas sejam

mais susceptíveis a estado nutricional inadequado (BULUX et al, 1992).

Pesquisa realizada na Guatemala, envolvendo idosos da área rural, encontrou, em 21% da

amostra estudada, níveis circulantes de retinol sérico abaixo de 1,05µMol/L. Sabe-se que

níveis marginais de vitamina A podem retardar a adaptação visual em ambientes de baixa

luminosidade. Logo, a cegueira noturna comprometeria ainda mais a deambulação

noturna dos idosos, uma vez que são mais susceptíveis a outros problemas visuais típicos

da idade (BULUX et al, 1992). Esses achados vêm ratificar a importância de se

contextualizar o problema nos diferentes espaços geográficos, para a sua adequada

interpretação.

A similaridade na distribuição dos níveis séricos de retinol, entre os dois sexos, foi de

certa forma inesperada na população idosa, comparando-se com o padrão de distribuição

em crianças na idade pré-escolar, onde a suscetibilidade à deficiência de vitamina A tem

sido significativamente maior em crianças do sexo masculino. Araújo, Diniz e Santos

(1984) observaram que crianças do sexo masculino, além de apresentar concentrações

mais baixas de retinol sérico, têm um risco três vezes maior de desenvolverem xeroftalmia

grave (lesões corneais), quando comparadas àquelas do sexo feminino.

Essa homogeneidade, na distribuição quanto ao sexo, na população idosa, tem sido

também relatada em outros estudos abordando a temática (GILLUM, MORGAN e

SAILER, 1955; RONCADA, 1985; GARRY et al, 1987; KRASISINKI et al, 1989). No

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entanto, Hallfrisch et al (1994) relataram, em idosos americanos, que os homens

apresentavam concentrações de retinol sérico superiores aquelas observadas entre as

mulheres, variabilidade que os autores atribuíram, pelo menos parcialmente, ao maior

consumo de alimentos fonte de vitamina A observado entre os homens.

Com relação à distribuição etária, o comportamento similar das concentrações de retinol

sérico, nas diferentes faixas etárias, encontrado entre os idosos de Camaragibe, mostra

uma característica peculiar nesse grupo etário, se compararmos com outros grupos

biológicos, a exemplo de crianças nas idades pré-escolar e escolar. Nesses dois grupos

etários, a vulnerabilidade maior, à deficiência sub-clínica e clínica da deficiência de

vitamina A, ocorre nas crianças mais jovens (DRICOT D’ANS et al, 1988). Sintomas e

sinais clínicos da xeroftalmia moderada (cegueira noturna e xerose conjuntival com

mancha de Bitot) são mais prevalentes na idade escolar, enquanto que a xeroftalmia

severa (úlcera de córnea e ceratomalácia) na idade pré-escolar (DINIZ e SANTOS, 2000).

Essa ausência de correlação entre as concentrações de retinol sérico e as diferentes faixas

etárias, observada nos nossa casuística, tem sido igualmente descrita em outros estudos

epidemiológicos (RONCADA, MARUCCI e LAMONIA, 1985; HALLFRISCH,

MÜLLER e SINGH, 1994). No entanto, Gillum, Morgan e Sailer (1955), estudando

idosos da Califórnia, Estados Unidos da América, observaram um declínio significativo,

embora, irregular, das concentrações de retinol sérico e caroteno, principalmente em

homens, com o aumento da idade. Essa correlação negativa entre as concentrações de

vitamina A e a idade, na população idosa, seria, em princípio, esperada, considerando que,

com a evolução da idade, haveria uma menor absorção de nutrientes, devido às alterações

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fisiológicas ao nível da mucosa intestinal, sobretudo, no que diz respeito à ação

enzimática. Por outro lado, no indivíduo idoso, os processos oxidativos ocorrem com

maior intensidade, conseqüentemente, induzindo a uma maior utilização biológica da

vitamina A, em virtude do seu potencial efeito antioxidante.

Os níveis de retinol sérico, quando analisados em relação ao índice de massa corporal,

apresentaram médias elevadas, o que também foi encontrado por Cunha et al (2001) em

idosos hospitalizados na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo. Por outro lado Vogel et al

(1997) não encontrou relação entre as concentrações séricas de retinol e o IMC.

O baixo consumo de alimentos fonte de vitamina A, observado na nossa casuística, vem

corroborar a maior vulnerabilidade que esses indivíduos têm de apresentar carência de

vitamina A. Deve-se salientar que o maior consumo de alimentos fonte de vitamina A, de

origem vegetal, em relação aos de origem animal, é um fato preocupante, considerando a

baixa bio-conversão dos carotenóides de atividade pró-vitamina A, em retinol. Recentes

estudos têm documentado que essa bio-conversão, que se acreditava ser de 1 Equivalente

de Retinol (ER) para 6 de betacaroteno e 12 para carotenóides de atividade pró-vitamina

A, diminuiu, substancialmente, onde a recomendação atual é de um valor médio de bio-

conversão de carotenóides para retinol, seja da ordem de 1:25 (MCLAREN e FRIGG,

2001).

O padrão similar de consumo de vitamina A, tanto de origem animal, quanto vegetal,

entre os sexos e as faixas etárias, foi consoante com a distribuição das concentrações

séricas de retinol, observadas em nossa população de estudo, e parecem indicar que tanto

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o sexo, quanto a idade, não devem ser considerados fatores de risco para a hipovitaminose

A, nos idosos de Camaragibe. Resultados semelhantes foram encontrados por Vogel et al

(1997) e Velásquez-Meléndez et al (1997). No entanto, deve-se ressaltar que Hallfrisch et

al (1994), observaram que nos idosos da cidade de Baltimore, Estados Unidos da

América, os homens mostraram um maior consumo de fontes de vitamina A de origem

animal, enquanto que nas mulheres o maior consumo era o de fontes de origem vegetal.

A ausência de correlação entre o consumo de alimentos fonte de vitamina A e as

concentrações séricas de retinol, foi um achado de certa forma inusitado, considerando

que um dos potenciais fatores explicativos para o estado nutricional de vitamina A é a

ingestão dietética desse micronutriente. Guilum, Morgan e Sailer (1955) já descriam, no

início da segunda metade do século XX, uma associação positiva entre o consumo de

alimentos fonte de vitamina A e as concentrações séricas de retinol. No entanto, na

interpretação dos nossos achados, deve-se levar em conta de que o papel da

biodisponibilidade das fontes dietéticas de vitamina A, bem como da bio-conversão dos

alimentos de atividade pró-vitamina A, podem ter sido fatores intervenientes na ausência

de visibilidade dessa potencial associação.

Nesse sentido, vale ressaltar o papel das infestações parasitárias e outras co-morbidades,

freqüentes nesse grupo etário, bem como do reduzido poder de conversão a retinol,

provavelmente devido a atividade enzimática reduzida, da grande maioria dos

carotenóides de atividade de atividade pró-vitamina A. Deve-se ainda enfatizar de que a

utilização biológica desse nutriente pode estar comprometida na ocorrência de processos

infecciosos pregressos, de ocorrência freqüente na população idosa, sobretudo, as que

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vivem em meio tropical, contribuindo de forma substancial para a redução das reservas

hepáticas de vitamina A.

Por outro lado, deve-se enfatizar que os níveis séricos de vitamina A não refletem,

necessariamente, as concentrações orgânicas desse micronutriente, uma vez que as

concentrações séricas estão condicionadas ao controle homeostático, traduzindo, dessa

forma, o estado nutricional de vitamina A apenas quando as reservas hepáticas estão

completamente exauridas ou quando os estoques orgânicos estão muito elevados.

O processo de envelhecimento acarreta alterações corporais importantes que impõem uma

avaliação no plano nutricional. O peso e a estatura sofrem alterações que acompanham o

envelhecimento. Há diminuição da massa magra e modificação no padrão de gordura

corporal, onde o tecido adiposo dos braços e pernas diminui, concomitantemente com

uma distribuição centrípeta da gordura, principalmente, ao nível do abdômen.

A obesidade tem sido conceituada como excesso de tecido adiposo no organismo, e

representa, atualmente, um problema de saúde pública, em função de sua magnitude,

distribuição espacial e danos à saúde, seja pela relação direta ou indireta com outras

enfermidades ou situações patológicas de importância considerável (CABREIRA, 1998;

SCHIERI, 1998).

A prevalência de obesidade vem aumentando nas últimas décadas, em todas as faixas de

idade, tendo um comportamento semelhante ao envelhecimento populacional, enquanto

fenômeno mundial. Essa elevação da prevalência de sobrepeso, com tendência

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tipicamente epidêmica poderia ser atribuída, dentre outros fatores, ao sedentarismo, aos

hábitos alimentares inadequados, onde prepondera a ingestão excessiva de alimentos com

alta densidade lipídica e calórica (MARQUES, 2004).

A ausência de correlação entre o estado nutricional protéico energético e o gênero,

observada nos idosos de Camaragibe, parece não estar em acordo com outros dados

reportados em estudos epidemiológicos similares. Falque-Madrid et al (1996)

encontraram uma prevalência de sobrepeso da ordem de 42% nos homens e 29,8% em

mulheres idosas da Venezuela. Por sua vez, Tavares e Anjos (1999) verificaram uma

prevalência de 30,4% em homens e de 50,2% em mulheres, em idosos da cidade do Rio

de Janeiro. Na Europa, Dirren (1994) observou uma ocorrência de sobrepeso e obesidade

em 43% em homens e 56% nas mulheres na Itália. No entanto, Santos (1998), estudando

população idosa no Rio de Janeiro, observou resultados semelhantes aos nossos, onde a

prevalência de sobrepeso e obesidade teve distribuição homogênea entre os sexos.

A estabilidade do índice de massa corporal com a progressão etária, evidenciada em

nossos achados, foi também documentada por Menezes e Marucci (2005), na cidade de

Fortaleza. Fato esse igualmente inusitado, considerando-se a história natural do processo

de envelhecimento. A diminuição do IMC, no avançar da idade, poderia ser atribuída à

diminuição da massa muscular e à diminuição da quantidade de gordura corporal,

tendência que seria esperada depois dos 70 anos. Essa redução, nesses dois indicadores,

foi observada em estudo epidemiológico desenvolvido por Barreto, Passos e Costa (2003).

Nesse mesmo sentido, Burr e Phillips (1984) observaram diminuição nos valores de IMC

nas mulheres, a partir dos 65 anos, mas os homens só apresentaram diminuição depois dos

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75 anos, chegando, inclusive, a haver incremento desse índice na faixa etária de 65 a 74

anos.

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7. CONCLUSÕES

A deficiência de vitamina A entre os idosos fidelizados ao Programa de Saúde da Família

de Camaragibe foi elevada, considerando que cerca de um quarto da população estudada

apresentou retinolemia inadequada. Logo, esse grupo biológico deve ser também

considerado como um grupo de alta vulnerabilidade ao estado carencial.

A baixa ingestão de alimentos fonte de vitamina A, sobretudo de origem animal, vem

ratificar o estado de potencial susceptibilidade a essa carência nutricional específica,

sobretudo, se considerarmos o papel primordial da vitamina A pré-formada para a

manutenção de um status orgânico adequado dessa vitamina.

O consumo de vitamina A, na população idosa de Camaragibe, parece não refletir de

forma acurada e fidedigna os níveis circulantes de vitamina A. Isso vem demonstrar que

os indicadores comumente utilizados na avaliação do estado nutricional de vitamina A,

ainda não são suficientes para uma estimativa confiável na identificação do status

orgânico desse micronutriente, em toda a sua complexidade.

O sexo e a idade não se comportaram como variáveis preditivas do estado nutricional de

vitamina A, seja em relação aos níveis circulantes de retinol, seja em relação ao consumo

de alimentos ricos em vitamina A pré-formada ou pró-vitaminas A.

A população idosa de Camaragibe parece vivenciar, de forma inequívoca, o fenômeno da

transição nutricional, uma vez que a prevalência de baixo peso foi extremamente

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reduzida, com cifra dentro dos níveis aceitáveis para a distribuição na população normal,

enquanto que a ocorrência de sobrepeso e obesidade atingiu mais da metade da população

estudada.

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8. RECOMENDAÇÕES

No campo da pesquisa

Expandir as estimativas da prevalência da hipovitaminose A, bem como de outros

micronutrientes, em outros espaços geográficos para uma melhor descrição cartográfica

do problema.

Testar outros indicadores do estado nutricional de vitamina A, além da retinolemia, a

exemplo da cegueira noturna e das alterações histológicas da conjuntiva ocular,

objetivando uma avaliação mais abrangente do status orgânico dessa vitamina na

população idosa.

Avaliar a consumo alimentar de vitamina A, utilizando técnicas de coleta de dados com

maior precisão e acurácia, preferencialmente que combinem dados obtidos através da

memória, em diferentes momentos, bem como aqueles que avaliem mais diretamente (tipo

pesagem direta) a quantidade e a qualidade dos alimentos consumidos.

Estudar os principais fatores de risco, dentro da complexa rede causal da hipovitaminose

A, em idosos, visando uma abordagem do problema, com maior racionalidade e

integralidade.

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Investigar a inter-relação entre os micronutrientes vitamina A, ferro e zinco, bem como

outros nutrientes de importância na saúde humana, para definir estratégias de intervenção

mais eficientes.

Para o serviço de saúde

O desenho de um programa de combate à deficiência de vitamina A, ou a adição de um

módulo específico ao Programa Nacional de Combate a Hipovitaminose A, levando em

consideração as peculiaridades da população idosa e utilizando as estratégias de contato

dessa clientela com a rede de saúde, nas ações de intervenção. Assim com mais estudos

sobre o tema.

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10. ANEXOS

Anexo 1 – Questionário de Freqüência alimentar

Anexo 2 – Ficha de identificação e dados antropométricos

Anexo 3 -Parecer do comitê de ética da Universidade Federal de Pernambuco.

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