UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Enfermagem BRUNO FERNANDO MONETA MORAES PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE TERAPIA INTENSIVA DE ACORDO COM SEU TURNO DE TRABALHO, SONO, CRONOTIPO E QUALIDADE DE VIDA CAMPINAS 2016
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Enfermagem
BRUNO FERNANDO MONETA MORAES
PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE
TERAPIA INTENSIVA DE ACORDO COM SEU TURNO DE
TRABALHO, SONO, CRONOTIPO E QUALIDADE DE VIDA
CAMPINAS
2016
BRUNO FERNANDO MONETA MORAES
PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE TERAPIA
INTENSIVA DE ACORDO COM SEU TURNO DE TRABALHO, SONO,
CRONOTIPO E QUALIDADE DE VIDA
Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade
de Enfermagem da Universidade Estadual de
Campinas – UNICAMP, para obtenção do título de
Mestre em Ciências da Saúde. Área de
Concentração: Enfermagem e Trabalho.
Orientadora: Profa. Dra. Milva Maria Figueiredo De Martino
Co-Orientadora: Profa. Dra. Jaqueline Girnos Sonati
CAMPINAS
2016
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO
DEFENDIDA PELO ALUNO BRUNO FERNANDO MONETA MORAES,
ORIENTADO PELA PROF. DRA. MILVA MARIA FIGUEIREDO DE MARTINO.
BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO
BRUNO FERNANDO MONETA MORAES
Orientador(a) PROF(A). DR(A). MILVA MARIA FIGUEIREDO DE MARTINO
MEMBROS:
1. PROF(A). DR(A). MILVA MARIA FIGUEIREDO DE MARTINO__________________________
2. PROF(A). DR(A). ERIKA DA SILVA MACIEL________________________________________
3. PROF(A). DR(A). ERIKA CHRISTIANE MAROCCO DURAN_____________________________
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.
Data: 10 de junho de 2016
DEDICATÓRIA
A Deus e aos Seres de Luz que me acompanham e me auxiliam perenemente;
Ao Luiz Feliciano dos Santos Junior, meu grande amor e companheiro de todas as
horas;
À Celina, Natália, Francisca e Daniela Carreira, meus anjos da guarda na Terra;
À Maria de Fátima Xavier Simoni Maia, enfermeira, amiga, companheira, mãe do
coração;
Aos meus pais, Maria Helena e José Nain, meus irmãos, César e Milena e meus
sobrinhos, meus alicerces;
Às Tias Elza e Jô e ao Tio Edson, meus queridos.
À Joice Marçal, companheira de Mestrado e grande amiga;
Às enfermeiras Grácia Maria Garcia Silva, Dinaura Souza de Matos, Cláudia
Soler, Valdirene César, Lucinéia Amaral, Juliana Thimóteo e Juliana Sutilo, grandes
exemplos, colegas, amigas!
Às professoras de Enfermagem da PUC-SP, meus exemplos!
Às professoras de Enfermagem do CEUNSP, colegas de profissão, pelo carinho e
incentivo a todo o momento!
À Daniela Said e Margaret Said, por contribuírem profundamente com este sonho!
A todos os trabalhadores de enfermagem de Unidades de Terapia Intensiva, por
lutar de forma sagaz pela vida e dignidade do ser humano.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e ao nosso Mestre Jesus, pela imensa luz que nos guia e nos faz
evoluir como seres humanos e como espíritos, no amor, na caridade e na sabedoria. À nossa
Mãe Maria Santíssima, terna, doce, protetora, candeeiro no caminho da vida, minha
devoção e gratidão!
Agradeço ao Luiz, meu companheiro, amigo, cúmplice, grande incentivador, pela
paciência, pela dedicação, pela força, pelos catorze anos de sua presença em minha vida, por
acreditar em mim e por sonhar junto a mim esse sonho!
Agradeço a todos que trilharam comigo esse caminho, retirando pedras e tornando
tudo mais fácil:
Aos meus pais, Maria Helena e José Nain e meus irmãos, César e Milena, pelo alicerce e pela
base que me deram... sem essa formação, eu não teria conseguido... e por compreenderem as
ausências, necessárias para a concretização desse projeto!
Fátima Maia, Marina Maia e João Maia, por me abrigarem em sua casa com tanto carinho
e tanto desprendimento, permitindo-me horas de estudo em seu lar;
Francisca, Celina, Margaret, Jô, pelas orações e vibrações de paz e auxílio, pela força, pelos
momentos de riso e lazer, que tanto me fizeram bem durante essa caminhada;
Tia Elza, minha mãe do coração, pelo simples fato de existir em minha vida;
Aos meus sobrinhos, em especial, Natália, um anjinho em minha vida!
A todos os colaboradores e gestores das Unidades de Terapia Intensiva: Hospital Santa
Lucinda de Sorocaba, Santa Casa de Sorocaba, Hospital Evangélico de Sorocaba, Hospital
Santo Antonio de Votorantim, Hospital São Camilo de Salto e Hospital de Clínicas da
Unicamp!
Especialmente, quero agradecer às Professoras Doutoras Milva Maria Figueiredo
De Martino e Jaqueline Girnos Sonati, pela dedicação extrema... mais que orientadoras,
foram conselheiras, amigas e incentivadoras... foram minha grande referência durante o
desafio do Mestrado; ao Professor Doutor José Luiz Tatagiba Lamas, à Doutora Priscila
Rangel Dordetto e ao Grupo GEPPA, meus primeiros contatos na Unicamp e minhas
inspirações!
“Sim, todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é
mais que sagrado (...) a massa que faz o pão vale a luz
do seu suor! Lembra que o sono é sagrado e alimenta de
horizontes o tempo acordado de viver!”
Ronaldo Bastos & Beto Guedes
RESUMO
Atualmente, vê-se grande influência da atividade profissional no cotidiano dos
indivíduos, o que impacta em seu comportamento socio-familiar, fisiológico e em sua
qualidade de vida. A Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva, como campo
profissional, liga-se diretamente ao âmbito produtivo do trabalho. Considerando a
assistência ininterrupta a pacientes graves, essa área profissional tem suas jornadas
laborais organizadas em diferentes turnos. Porém, essa forma de divisão do trabalho
pode alterar significativamente os ritmos biológicos e o padrão circadiano, sobretudo
do ciclo vigília-sono, impactando na saúde e na qualidade de vida desses
profissionais. Nesse contexto, esta pesquisa descritiva, transversal, de caráter
quantitativo, buscou descrever o perfil dos profissionais de enfermagem de terapia
intensiva, de acordo com seu turno de trabalho, cronotipo e sono, relacionando
essas características aos escores de qualidade de vida, através de três instrumentos
de coleta de dados: questionário de dados individuais, que incluiu aspectos
sociodemográficos, do turno e trabalho, sono e saúde; Questionário de
Matutinidade-Vespertinidade de Horne e Östberg, para classificação da preferência
cronotípica; e o instrumento de avaliação de qualidade de vida WHOQOL-Bref.
Responderam aos questionários 224 profissionais de enfermagem, auxiliares,
técnicos e enfermeiros, de seis unidades de terapia intensiva, nas cidades de
Sorocaba, Votorantim, Salto e Campinas. Os dados foram analisados por meio de
estatística descritiva e testes de comparação e associação, adotando-se o nível de
significância p>0,05. Houve predomínio de sujeitos do sexo feminino, casados, com
mais de dez anos de profissão, com, pelo menos, cinco anos de experiência em UTI
e com único emprego. Quanto ao cronotipo, prevaleceram os indivíduos indiferentes
(58,93%) e apenas 7,58% dos sujeitos estavam em turnos discordantes de sua
preferência cronotípica. Na avaliação geral sobre a qualidade de vida, o domínio
físico apresentou média de 69,53 (dp=14,56) enquanto o meio ambiente, média de
56,82 (dp=13,86). Na comparação entre os turnos, os trabalhadores da manhã
apresentaram menores médias no domínio social e em facetas dos domínios físico e
psicológico, em relação aos outros sujeitos. Na comparação entre as categorias, os
enfermeiros apresentaram melhor qualidade de vida geral, médias superiores no
domínio meio ambiente e psicológico em relação às outras categorias de
enfermagem. Algumas variáveis cofundidoras foram comparadas em relação aos
domínios e facetas do WHOQOL-Bref. A prática de atividade física influenciou
positivamente todos os itens, exceto a satisfação com a saúde; os sujeitos que
tinham menor tempo médio de sono diário apresentaram menores escores para
todos os itens, exceto para o domínio meio ambiente; trabalhar em mais de um
emprego reduziu a percepção de satisfação com o sono, qualidade de vida geral e o
domínio social; os problemas de saúde e o uso de substâncias estimulantes
influenciaram negativamente os resultados da percepção de qualidade de vida geral,
satisfação com a saúde e o sono. Conclui-se que os hábitos da vida diária,
condições de saúde, o tempo médio de sono e o duplo vínculo empregatício
influenciam diretamente a percepção de qualidade de vida dos trabalhadores de
UTI-Adulto, contudo, esta não foi influenciada naqueles indivíduos em turno de
trabalho discordante de sua preferência circadiana.
Linha de Pesquisa: Processo de Cuidar em Saúde e Enfermagem
Descritores: Sono; Trabalho em Turnos; Enfermagem; Terapia Intensiva; Qualidade
de Vida, Ritmo Circadiano.
ABSTRACT
Nowadays, there is a great influence of the professional activity in daily life, which
impacts on their social, family and physiological behavior, and in their quality of life.
Nursing in Intensive Care Unit, as a professional field, is connected directly to the
productive work environment. Considering the continuous care of the critically ill
patients, this area has its working days organized in different work shifts. This form of
division of labor can significantly alter the biological rhythms and the circadian
pattern, especially the sleep-wake cycle impacting on health and quality of life of
these professionals. In this context, this descriptive, cross-sectional and quantitative
research, sought to describe the profile of intensive care nursing professionals,
according to their work shift, chronotype and sleep, relating these characteristics to
quality of life scores, through three data collection instruments as follows:
questionnaire of individual data , which included sociodemographic characteristics,
and the shift work, sleep and health; Morningness-Eveningness Questionnaire of
Horne and Östberg, to classification of chronobiological preference; and the
assessment instrument of quality of life WHOQOL-Bref. Replied to these
questionnaires, 224 professionals of nursing, auxiliary, technicians and nurses, in six
Intensive Care Units in the cities of Sorocaba, Votorantim, Salto and Campinas, in
São Paulo State. Data were analyzed using descriptive statistics and comparison
and association tests, adopting the significance level of p>0.05. There were female
subjects prevalence, married , with over ten years of professional experience, with at
least five years of experience in ICU and working in only one job. In assessing the
chronotype prevail individuals of indifferent type (58.93%) and only 7.58% of the
subjects were in discordant shifts of their chronobiological preference. In the general
assessment of the quality of life, the physical domain averaged 69.53 (SD = 14.56)
while domain environment, mean 56.82 (SD = 13.86). Comparing the shifts, the
morning workers had lower averages in the social domain and in aspects of physical
and psychological domains, in relation to the other subjects. Comparing the different
categories, the nurses showed better overall quality of life, higher averages in the
environment domain and facets of psychological and environmental fields, in relation
to other categories of nursing
Some confused variables were compared in relation to domains of WHOQOLBref
facets. The physical activity positively influenced all items except the satisfaction with
health; the subjects who had lower average daily sleep time had lower scores for all
items except for the environmental domain; work in more than one job reduced the
perception of satisfaction with sleep, general quality of life and the social field; health
problems, average sleep time and the use of stimulants negatively affected the
results of the perception of overall quality of life, satisfaction with health and sleep. It
follows that the habits of daily life, health and the double employment directly
influence the perception of quality of life of the adult workers of the Intensive Care
Unit, but it was not affected in individuals in discordant shift their circadian
preference.
Keywords: Sleep; Shift-Work; Nursing; Intensive Care; Quality of Life, Circadian
Rhythm.
LISTA DE FIGURAS
Pág
Figura 1Localização da glândula pineal no núcleo supraquiasmático do hipotálamo
anterior........................................................................................................................25
Figura 2Distribuição, em porcentagem, dos profissionais de enfermagem de UTI-A por
renda mensal, em Salários Mínimos (SM).................................................................41
Figura 3Distribuição, em porcentagem, dos sujeitos, por horário do segundo vínculo
empregatício...............................................................................................................43
Figura 4Distribuição, em porcentagem, da frequência de atividade física dos profissionais
de enfermagem de UTI-A (em vezes por semana)...................................................45
Figura 5Distribuição, em porcentagem, do tempo médio de sono por turno de trabalho dos
profissionais de enfermagem de UTI-A...................................................................... 46
Figura 6Distribuição, em porcentagem, da preferência cronotípica dos profissionais de
enfermagem de UTI-A................................................................................................48
Figura 7Distribuição dos escores do MEQ dos profissionais de enfermagem de UTI-A, em
cada turno de trabalho................................................................................................ 49
Figura 8Distribuição dos escores de Qualidade de Vida dos profissionais de enfermagem
de UTI-A, por domínio.................................................................................................50
Figura 9Distribuição das frequências das respostas de percepção de qualidade de vida
geral (Q1) dos profissionais de enfermagem de UTI-A............................................. 50
Figura 10Distribuição das frequências das respostas de percepção de saúde geral (Q2)
dos profissionais de enfermagem de UTI-A...............................................................51
LISTA DE TABELAS
Pág
Tabela 1 Características individuais dos profissionais de enfermagem de UTI-A................... 40
Tabela 2 Características profissionais dos trabalhadores de enfermagem de UTI-A............. 41
Tabela 3Características profissionais quanto aos turnos dos trabalhadores de
enfermagem de UTI-A................................................................................................42
Tabela 4 Hábitos e problemas de saúde dos profissionais de enfermagem de UTI-A............ 44
Tabela 5Descanso semanal, média de sono, uso de substâncias estimulantes e indutores
do sono dos profissionais de enfermagem de UTI-A................................................46
Tabela 6Descanso semanal, média de sono, uso de substâncias estimulantes e indutores
do sono dos profissionais de enfermagem de UTI-A do plantão noturno..................47
Tabela 7Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio
Físico do WHOQOL-Bref...........................................................................................52
Tabela 8Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio
Psicológico do WHOQOL-Bref..................................................................................54
Tabela 9Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio
Social do WHOQOL-Bref..........................................................................................55
Tabela 10Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio
Ambiental do WHOQOL-Bref....................................................................................56
Tabela 11
Comparação da média do escore do Morningness-Eveningness Questionnaire
(MEQ) entre os diferentes turnos de trabalho dos profissionais de enfermagem de
UTI-A...........................................................................................................................
58
Tabela 12Associação dos cronotipos aos turnos fixos de trabalho e às categorias
profissionais de enfermagem da UTI-A......................................................................58
Tabela 13Comparação dos escores do WHOQOL-Bref em relação aos diferentes turnos
de trabalho dos profissionais de enfermagem de UTI-A...........................................59
Tabela 14Comparação dos escores do WHOQOL-Bref em relação às diferentes
categorias de enfermagem da UTI-A..........................................................................61
Tabela 15
Comparação entre os domínios, percepções de QV geral, satisfação com a
saúde e sono dos profissionais de enfermagem de UTI-A praticantes e não
praticantes de atividade física....................................................................................
62
Tabela 16Comparação dos escores do WHOQOL-Bref dos profissionais de enfermagem
de UTI-A entre as diferentes durações de sono referidas em 24h...........................63
Tabela 17Comparação dos escores dos domínios do WHOQOL-Bref dos profissionais de
enfermagem de UTI-A quanto ao número de vínculos empregatícios......................64
Tabela 18Comparação dos escores da Q1 e Q2 do WHOQOL-Bref entre os profissionais
de enfermagem de UTI-A quanto aos hábitos de saúde e vínculos empregatícios..65
Tabela 19Comparação dos escores da Q16 do WHOQOL-Bref entre os profissionais de
enfermagem de UTI-A quanto aos hábitos de saúde e vínculos empregatícios........66
Tabela 20
Comparação entre os escores da Q1 e Q16 do WHOQOL-Bref entre os
profissionais de enfermagem de UTI-A classificados como matutinos dos turnos
diurno e noturno.........................................................................................................
66
LISTA DE ABREVIATURAS
AMIB Associação de Medicina Intensiva Brasileira
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
COREN Conselho Regional de Enfermagem
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MEQ Morningness-Eveningness Questionnaire
NSQ Núcleo Supraquiasmático
OMS Organização Mundial de Saúde
PSQI Pittsburgh Sleep Quality Index
QV Qualidade de Vida
RDC Resolução de Diretoria Colegiada
SAS Statistical Analysis System
SM Salários Mínimos
UTI Unidade de Terapia Intensiva
UTI-A Unidade de Terapia Intensiva Adulto
WHOQOL World Health Organization – Quality Of Life
WHOQOL-Bref Instrumento de Qualidade de Vida da Organização
Mundial de Saúde – Versão Abreviada
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 17
2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 22
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 23
3.1 Ritmo Circadiano ..................................................................................... 23
3.2 O Papel da Glândula Pineal e da Melatonina na Ritmicidade Biológica . 24
3.3 O Ciclo Vigília-Sono ................................................................................ 25
3.4 O Trabalho em Turnos na Enfermagem .................................................. 26
3.5 Aspectos de Saúde e Sono no Trabalho em Turnos na Enfermagem .... 28
3.6 Qualidade de Vida ................................................................................... 30
4 OBJETIVOS .................................................................................................. 34
4.1 Objetivo Primário ..................................................................................... 34
4.2 Objetivos Secundários ............................................................................ 34
5 MÉTODOS .................................................................................................... 35
5.1 Tipo de Estudo ........................................................................................ 35
5.2 Local de Estudo ...................................................................................... 35
5.3 Sujeitos ................................................................................................... 35
5.4 Instrumentos de Coleta de Dados ........................................................... 36
5.4.1 Levantamento de Dados Individuais ........................................................... 36
5.4.2 Instrumento para Percepção de Qualidade de Vida WHOQOL-Bref ........... 36
5.4.3 Questionário de Identificação do Cronotipo – Morningness-Eveningness
Questionnaire ...................................................................................................... 37
5.5 Coleta de Dados ..................................................................................... 38
5.6 Processamento e Análise dos Resultados .............................................. 38
5.7 Aspectos Éticos ....................................................................................... 39
6 RESULTADOS .............................................................................................. 40
6.1 Dados sociodemográficos, profissionais, hábitos de vida e saúde ......... 40
6.2 Classificação da Preferência Cronotípica por meio do Morningness-
Eveningness Questionnaire .......................................................................... 48
6.3 Avaliação de Qualidade de Vida por meio do WHOQOL-Bref ................ 49
7 DISCUSSÃO ................................................................................................. 67
8 CONCLUSÃO ............................................................................................... 84
9 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 86
APÊNDICE 1 .................................................................................................... 97
ANEXO 1........................................................................................................ 100
ANEXO 2........................................................................................................ 105
ANEXO 3........................................................................................................ 109
17
1 INTRODUÇÃO
O trabalho, atualmente, significa para o homem, além de sua
subsistência, o desenvolvimento de suas relações sociais. Todas as atividades
laborais humanas compreendem atos produtivos, no intuito de modificar ou
produzir algo, sendo atividades organizadas e realizadas em conjunto.
Trabalhar permite ao homem modificar a natureza e modificar-se, uma vez que
influencia seu modo de pensar e agir e, desse modo, é considerada uma
atividade inerente ao ser humano(1). Entretanto, vê-se grande influência da
atividade profissional no cotidiano dos indivíduos, o que pode impactar em seu
comportamento social, familiar, comprometimentos fisiológicos que podem
refletir em sua saúde, seu bem-estar e em sua qualidade de vida. Por vezes, o
ser humano despende mais tempo dedicando-se a seu trabalho, desde o
momento em que deixa sua casa, até o seu retorno, do que permanecendo
com pessoas de sua família e amigos(2).
A Enfermagem, como área do conhecimento e campo profissional da
Área de Saúde, está diretamente ligada ao âmbito produtivo do trabalho e
recebe influência dos processos de produção. As atividades profissionais na
Enfermagem relacionam-se à produção do cuidado de forma coletiva,
integrando processos, normas, instrumentos e tecnologias(1). O produto final
dessas atividades é consumido no ato de sua produção, no momento em que a
assistência é prestada.
No Brasil, a equipe de enfermagem, atualmente, é composta por três
categorias, de acordo com o nível de formação: auxiliares de enfermagem e
técnicos de enfermagem, profissionais de nível médio e técnico e os
enfermeiros, profissionais de nível universitário, cujas atribuições são
regulamentadas pela Lei do Exercício Profissional número 7498/1986. Suas
atribuições estão descritas nessa legislação, mas variam de acordo com a sua
especialidade e seu local de trabalho, havendo uma grande variedade de
especializações e uma gama de locais em que o enfermeiro e sua equipe
podem atuar, desde indústrias e ambientes administrativos até hospitais
terciários com alta tecnologia, atuando junto ao usuário e grupos sociais na
18
promoção de saúde, prevenção, intervenção em quadros de adoecimento e
reabilitação(3).
No âmbito hospitalar está presente num setor para cuidados a pacientes
críticos e altamente dependentes de cuidados intensivos, com grande arsenal
tecnológico e que exige muita concentração de seus profissionais: a Unidade
de Terapia Intensiva (UTI). Conforme definição contida nas Resoluções da
Diretoria Colegiada (RDC) número 7 (2010) e número 26 (2012), a UTI é uma
área crítica destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção
profissional especializada de forma contínua, materiais específicos e
tecnologias necessárias para a recuperação de pacientes graves. De acordo
com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), em seu censo de
2010, havia, no Brasil, 25.367 leitos em 2.342 UTIs, em 1421 estabelecimentos
de saúde. Do total de UTIs, 1.267 eram classificadas como UTIs de adulto.
Ainda, de acordo com esse censo, 39,5% das UTIs brasileiras eram privadas,
33,5% eram filantrópicas e 25,2% eram públicas. Nessas unidades de alta
complexidade, o cuidado é realizado por uma equipe multiprofissional e
multidisciplinar, das quais os profissionais de enfermagem fazem parte(4-6).
De acordo com a Resolução número 293/2004 do Conselho Federal de
Enfermagem (COFEN), para o atendimento de enfermagem a pacientes que
requerem cuidados intensivos, a equipe de enfermagem deveria ser composta
por 52 a 56% de enfermeiros, sendo os demais técnicos de enfermagem. No
entanto, de acordo com as RDCs 7 e 26, a proporção de enfermeiros e
técnicos é determinada pela quantidade de leitos de UTI e não pela
complexidade dos pacientes. Segundo a RDC 7, para o funcionamento
adequado das UTIs, deve-se ter um enfermeiro para cada oito leitos ou fração
e um técnico de enfermagem para cada dois leitos ou fração, além de um
técnico de enfermagem de apoio. A RDC 26, atualmente vigente, aumentou o
número de leitos para cada enfermeiro de oito para dez, manteve a proporção
de técnicos e extinguiu o técnico de apoio. Essa normativa foi amplamente
criticada pelos órgãos de classe no ano de sua publicação, porém, continua
vigente(4,5,7).
19
O trabalho na UTI, como nos demais setores hospitalares, tem sua rotina
de trabalho segmentada em turnos, que podem ser de diferentes durações e
em distintos intervalos. Geralmente, a divisão dos horários de trabalho nesse
setor compreende os períodos matutino, vespertino e noturno. A jornada diária
pode variar entre seis e 12 horas noturnas ou diurnas, dependendo da carga
horária semanal estipulada pelas instituições hospitalares. Geralmente,
compreendem os horários diurnos entre 7h e 13h para as manhãs, das 13h às
19h para o período vespertino e das 19h às 7h para as noites alternadas, com
período de descanso de 36 horas neste último, podendo ainda sofrer várias
combinações, adaptações e durações, de acordo com o funcionamento dos
hospitais(8,9).
No entanto, essa forma organizacional do trabalho da enfermagem em
UTI pode contribuir para alterações nos ritmos biológicos em relação aos
horários de trabalho, seja diurno ou noturno. Os ritmos circadianos,
amplamente estudados pela Cronobiologia, são determinados por eventos
internos e externos, com duração cíclica de 24 horas (±4 horas), gerando os
padrões temporais dos seres vivos. Entre seus fatores endógenos, destaca-se
a secreção hormonal e, entre os sincronizadores externos, a luminosidade,
calor, temperatura ambiental, alimentação e atividades sociais, incluindo a
jornada de trabalho(10). Esses sincronizadores externos interferem fortemente
no ciclo endógeno, alterando o ritmo biológico(11).
Um dos ritmos biológicos de maior relevância para os trabalhadores em
turnos é o ciclo vigília-sono. Este é regulado pelas células do Núcleo
Supraquiasmático (NSQ) do hipotálamo anterior e constitui no padrão
circadiano mais proeminente no comportamento humano (12,13).
De forma conceitual, as pessoas são classificadas em três grupos de
acordo com seu perfil cronobiológico: matutinos, vespertinos e intermediários
ou indiferentes, sendo a maior parte da população situada no último grupo(14).
A sincronização dos horários sociais, incluindo a jornada profissional,
depende de uma tendência individual pela escolha e pela preferência dos
horários para realizar suas atividades, bem como o melhor horário para acordar
e dormir. Trata-se de parâmetros biológicos e comportamentais diferentes entre
as pessoas, que alteram a expressão dos ritmos circadianos nos diferentes
20
indivíduos. Suas características se classificam de acordo com as preferências
para determinar os períodos de atividade e de repouso durante as 24 horas do
dia(15).
Estudos recentes mostram que a avaliação do cronotipo do indivíduo é
importante na determinação dos períodos de melhor desempenho laboral e
para uma maior qualidade de vida no que se refere aos diferentes domínios,
isto é, fatores físicos, sociais, psicológicos, ambientais e dos distúrbios
relacionados a eles(16).
O perfil cronobiológico pode, então, minimizar ou potencializar os efeitos
negativos das alterações do ciclo vigília-sono. Consequentemente,
compreender questões tais como cansaço, sonolência excessiva e duração e
qualidade do sono inadequadas em trabalhadores da Terapia Intensiva é de
grande interesse atualmente, uma vez que esses fatores estão associados a
um maior risco de acidentes de trabalho. Há evidências de que trabalhadores
de enfermagem cujo cronotipo é concordante com o turno de trabalho
apresentam maiores escores de qualidade de vida(17).
O termo Qualidade de Vida (QV) tem sido utilizado por vários segmentos
da sociedade, abrangendo principalmente os aspectos subjetivos e mostrando
a necessidade do ser humano buscar o equilíbrio interno e externo. A
Organização Mundial de Saúde conceitua a QV como a “percepção do
indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores
nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações”(18). O Ministério da Saúde conceitua “Qualidade de Vida” como
o “grau de satisfação das necessidades da vida humana – como alimentação,
acesso à água potável, habitação, trabalho, educação, saúde, lazer e
elementos materiais – tendo como referência noções subjetivas de conforto,
bem-estar e realização individual e coletiva(19).
Mediante a grande importância desse conceito e a necessidade de
avaliar a QV da população, em seus diversos aspectos, o WHOQOL-Group
desenvolveu um instrumento para a avaliação da QV, que pôde ser utilizado
internacionalmente. Inicialmente, esse instrumento, denominado WHOQOL-
100, era composto por 100 questões, o que caracterizava um instrumento
muito longo. Assim, o grupo adequou o questionário para uma versão curta,
21
denominado WHOQOL-Bref (WHOQOL-Breve em português). Esse
questionário contém 26 questões divididas em quatro domínios, mais fácil de
ser aplicado e mais rápido de ser respondido(20).
O Whoqol-Bref tem sido aplicado em alguns segmentos profissionais,
demonstrando uma preocupação atual com a saúde do trabalhador. Para a
enfermagem, alguns estudos já foram elaborados nesse sentido, contudo,
ainda poucos têm focado avaliar de forma conjunta o cronotipo, a carga de
trabalho e a qualidade de vida(21).
22
2 JUSTIFICATIVA
Vários estudos apontam que o turno de trabalho e o cronotipo
influenciam significativamente na Qualidade de Vida (QV) das pessoas bem
como seu desempenho no trabalho, como Lima(2), De Araújo(17), Mendes e De
Martino(13) e Ferreira et al(12). Ainda, estudos como o Rios et al(22) e Conceição
et al(20), têm debatido a QV dos trabalhadores de enfermagem, sobretudo os
atuantes em Unidades de Terapia Intensiva.
Neste contexto, a relevância do presente estudo está em investigar a
percepção de qualidade de vida de profissionais de enfermagem da terapia
intensiva, considerando seu turno de trabalho e a preferência circadiana, com o
intuito de identificar os fatores que influenciam os escores da QV. Isto permitiu
que, ao término da pesquisa, fossem sugeridas estratégias que contribuam
para a melhoria da QV, evitando-se, assim, potenciais agravos à saúde
decorrentes dessa alteração.
Além disso, os resultados deste estudo poderão contribuir com a
mudança da carga horária de trabalho do profissional de Enfermagem e a
adequação do turno de trabalho ao cronotipo apresentado, melhorando os
aspectos da QV dessas pessoas.
Para tanto foram elencadas as seguintes hipóteses:
H1: Os escores de qualidade de vida dos profissionais que atuam em
turnos diurnos e noturnos são diferentes.
H2: Os trabalhadores da UTI têm sua preferência cronobiológica
compatível com seu turno de trabalho.
23
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Ritmo Circadiano
A cronobiologia é uma vertente das Ciências Biológicas que estuda as
características temporais dos seres vivos, bem como seus ritmos biológicos, ou
seja, a ritmicidade dos seres vivos de acordo com sua interação com o meio
ambiente. Os organismos vivos possuem diferentes ciclos fisiológicos durante
diferentes períodos, os quais são organizados de acordo com estímulos
externos ambientais, sejam eles físicos, químicos, biológicos ou sociais(11).
Essa ritmicidade biológica, que é um processo que apresenta
periodicidade variável no tempo, é explicada pelo conceito de relógio biológico
ou oscilador endógeno e é caracterizada por fenômenos fisiológicos,
comportamentais e bioquímicos a intervalos regulares. Podem se manifestar
em períodos que vão desde milissegundos até anos. Dentre os ritmos
biológicos mais evidentes, está o ciclo claro-escuro, importante para todas as
espécies, que apresenta uma variação circadiana, ou seja, entre 20 e 28 horas
de duração. O termo “circadiano” (circa – quase, dies – dia) foi utilizado
pioneiramente por Franz Halberg, para se referir aos ritmos que tenham
duração de 24 horas (±4 horas), como o ciclo sono-vigília, repouso-atividade,
claro-escuro e a temperatura corporal de um mamífero(23).
Nos seres humanos há numerosas variáveis fisiológicas e psicológicas
que apresentam ritmicidade de 24 horas, incluindo a temperatura corporal, o
ciclo sono-vigília, variáveis hemodinâmicas, fatores imunológicos e endócrinos,
variáveis de ansiedade e humor e padrão cognitivo. Em condições normais em
que se realizam atividades durante o dia e tem-se o sono noturno, o sistema
circadiano é sincronizado com as 24 horas do dia solar e pelas condições
externas, que regulam o relógio biológico(24). Entretanto, os ritmos circadianos
humanos são fortemente influenciados por fatores exógenos ou ambientais.
Esses fatores são chamados de sincronizadores ou zeitgebers, um neologismo
alemão que significa doador de tempo. Os zeitgebers significam agentes
arrastadores dos ritmos biológicos, ou seja, estão relacionados a um processo
de ajuste temporal de organismos a ciclos ambientais (como sincronização do
ritmo da temperatura central com o claro/escuro ambiental). Para os seres
24
humanos, os zeitgebers predominantes são as atividades sociais, como as
refeições; estímulos auditivos, como os despertadores e outros estímulos
ambientais, como a luminosidade, que sugerem, por exemplo, a hora do dia(11).
Os relógios biológicos respondem de maneira distinta a estímulos dos
zeitgebers ambientais: pode haver atraso ou adiantamento no ajuste temporal
ou ainda não resposta(25).
3.2. O Papel da Glândula Pineal e da Melatonina na Ritmicidade Biológica
A melatonina, hormônio produzido pela glândula pineal, foi isolado pela
primeira vez em 1958 por Lerner et al. Desde então, essa substância passou a
ser fundamental no estudo dos ritmos biológicos e é considerada o marcador
mais confiável para análise da ritmicidade circadiana, além de estar
relacionada aos mais diversos ciclos endócrinos do corpo humano(26).
A regulação da melatonina se dá pelo ciclo claro-escuro, sendo que sua
produção é estritamente noturna. A glândula pineal é atingida por projeções
diretas ou indiretas, através do sistema nervoso autônomo (SNA), estimulado
pelas projeções de iluminação direta nas células retinianas, isto é, o ciclo de
iluminação ambiental é percebido pelas células da retina que, através do SNA,
enviam informações de luminosidade para a pineal (Figura 1).
Em suma, a secreção de melatonina tem o papel de sinalizar para o
meio interno, pela alternância nos seus níveis endógenos, se é noite ou se é
dia no meio externo(27). Frente a isso, nota-se a imprescindibilidade da pineal
para todo o sistema neuroendócrino, responsável pela organização temporal de
vários eventos fisiológicos e comportamentais necessários à adaptação aos
aspectos temporais cíclicos, entre eles, o ciclo sono-vigília e o da temperatura
corporal(11).
25
3.3 O Ciclo Vigília-Sono
O homem é considerado um ser de comportamento diurno. Após um dia
normal de despertar, em alerta, ao fim do dia, o ser humano se sente cansado
e pronto para dormir. Além disso, o ambiente mais frio e mais quieto à noite
proporciona condições ideais para o sono(28). Por definição, o sono é um estado
comportamental reversível de desligamento perceptual aos estímulos do meio
ambiente, regulado por processos fisiológicos e comportamentais e é,
geralmente (mas não necessariamente), acompanhado por decúbito postural,
imobilidade comportamental, olhos fechados e todos os outros indicadores que
comumente se associam ao sono(29).
O ciclo sono-vigília, bem como a necessidade, a profundidade e duração
do sono, além de hábitos pessoais, são regulados por fatores circadianos
(Processo C) e fatores homeostáticos (Processo S). Os fatores do ritmo
circadiano (C) relacionam-se à alternância dia-noite, pela diferença de
luminosidade e está sob o controle do NSQ do hipotálamo. Este núcleo é
responsável pela organização cíclica e temporal do organismo e do ciclo sono-
vigília, sendo influenciado pela luz do ambiente durante o dia (através do feixe
Figura 1: Localização da glândula pineal no núcleo supraquiasmático do
hipotálamo anterior.
http://homepage.smc.edu/wissmann_paul/intranetstuff/dept/scienceLRC/wissman
n_site/pineal.htm
26
retino-hipotalâmico) e pela melatonina (produzida pela glândula pineal) durante
a noite. A secreção da melatonina ocorre de forma intensa nesse período,
sendo responsável pelo início e manutenção do sono(30).
O processo S relaciona-se aos fatores de homeostase e representam a
“necessidade de dormir”, provavelmente vinculada à acumulação de uma
molécula metabólica hipnogênica, a adenosina no prosencéfalo basal durante o
estado de vigília e privação de sono. De forma resumida, o processo
homeostático está relacionado ao “acúmulo de horas sem sono” durante as
atividades do dia. Quando os processos C e S se cruzam, o indivíduo sente a
necessidade de dormir(31,32). Assim, o sistema homeostático tende a propiciar o
sono após o período de vigília, independentemente de saber se é dia ou noite;
já o sistema circadiano promove a vigília na presença de luminosidade e o
sono na sua ausência. Devido à complexidade desta interação, é geralmente
aceito que a qualidade do sono e descanso é melhor quando o horário de sono
é regularmente sincronizado com os ritmos circadianos internos e com o ciclo
claro-escuro(33).
A harmonia entre os processos circadianos dá condições para que o
indivíduo tenha certa regularidade na duração do sono, uma vez que existe,
então, uma sincronização entre os ritmos biológicos e o ambiente. Contudo,
essa regularidade pode ser afetada em situações em que o horário e a duração
habituais do sono são modificados pelo indivíduo, tais como em voos
transmeridionais, folgas e férias, trabalho em turnos e compromissos sociais.
Esses fatores comprometem o sono saudável dos indivíduos e pode acarretar
em problemas de saúde física, psicológica e social(34).
3.4. O Trabalho em Turnos na Enfermagem
A enfermagem, como profissão da saúde, foi reconhecida desde a
segunda metade do século XIX, por meio das experiências e atuação de
Florence Nightingale, durante a Guerra da Criméia, que permitiu que o cuidado,
antes, milenarmente, desenvolvido por diferentes grupos em distintos cenários,
27
ganhasse especificidade no conjunto da divisão do trabalho social. Esse fato
fez com que o cuidado de enfermagem fosse reconhecido como um campo de
atividades especializadas, úteis e indispensáveis para a sociedade. A partir daí,
seu exercício passou a exigir formação e produção de conhecimentos. Em
nosso país, atualmente, a enfermagem corresponde a 50% do total de
trabalhadores da saúde, que, somam, aproximadamente, 3,5 milhões de
pessoas. Segundo o DATASUS, em 2010, o Brasil contava com 287 mil
enfermeiros, 626 mil técnicos de enfermagem e 533 mil auxiliares de
enfermagem, ou seja, uma força de trabalho que supera 1,4 milhões de
pessoas(35-36).
A maior parte dessa força de trabalho realiza, em seu cotidiano,
atividades relacionadas ao cuidado, de forma ininterrupta. Para tanto, a
enfermagem representa um grande contingente que tem sua atividade laboral
dividida em turnos de trabalho, para que não haja cessação de suas atividades
durante o dia ou à noite.
O trabalho em turnos, por definição, é aquele no qual há continuidade da
produção ou da prestação de serviços, que pode ser realizado no período
diurno e noturno, com ou sem interrupção, durante os sete dias da semana ou
em dias úteis. Trata-se de um regime laboral bastante adotado por indústrias
de manufatura com linha de produção contínua e de alto volume. Ademais, o
trabalho por turnos, há muito tempo, vem sendo praticado pelas áreas de
saúde, como a enfermagem, nas quais se exige cuidado ininterrupto,
configurando um dos ramos profissionais em que este regime é mais
antigo(37,38).
A segmentação do trabalho de enfermagem em turnos tem uma ampla
variabilidade de horários e formas de escalação, de acordo com a necessidade
e políticas institucionais e segue um padrão atual de organização do trabalho.
Segundo Smith et al (1998)(39), os principais sistemas de turno, na atualidade,
são: jornadas de seis ou oito horas, fixas pela manhã, tarde ou noite; jornadas
alternadas de oito ou 12 horas; jornadas de 12 horas fixas, diurnas ou
noturnas; jornadas fixas em horário comercial. Desses padrões, a enfermagem
está inserida em todos, dependendo da área de atuação. Os turnos podem
28
apresentar um padrão de alternância, que pode ser no sentido horário ou anti-
horário e, ainda, ter uma rotatividade lenta ou rápida. Padrões de alternância e
de organização dos turnos podem trazer consigo implicações ao trabalhador,
sobretudo à sua saúde e vida social(39).
3.5 Aspectos de saúde e sono no trabalho em turnos na Enfermagem
As características da organização das jornadas de trabalho, bem como a
incorporação de tecnologias e inovações, hierarquização e gestão por
resultados têm repercutido em aspectos da vida do trabalhador. Todos esses
aspectos podem desencadear conflitos na relação do homem com seu
trabalho, possibilitando alterações em sua percepção de qualidade de vida e
danos à sua saúde.
O trabalho em turnos pode determinar efeitos negativos para os
trabalhadores, tanto de ordem psicológica como fisiológica, sobretudo àqueles
que desenvolvem seu plantão no período noturno. Esses malefícios incluem
insônia, fadiga e sonolência diurna, com redução da atenção, distúrbios de
humor, alterações cognitivas, aumento do risco de acidentes de trabalho, além
de prejuízos à vida social do indivíduo(40,41). Tais prejuízos à saúde têm relação
direta com a redução do tempo e/ou qualidade de sono dos trabalhadores em
turnos, além do reduzido tempo para atividades físicas e de lazer. Muitos
estudos apontam para riscos cardiovasculares, diabetes e obesidade em longo
prazo, sobretudo em virtude de intervalos irregulares entre os plantões, fato
este que altera o ciclo vigília-sono e altera as condições de descanso do
profissional. Para o sexo feminino, os riscos são ainda superiores, se for
considerada a jornada doméstica paralela à jornada profissional e fatores
biológicos endógenos, como as labilidades hormonais no período pré-
menopausa. As deficiências de estrogênio durante a menopausa são
associadas a disfunções endoteliais e vasculares através da redução da
complacência das grandes artérias, resultando em hipertensão sistólica. As
queixas de diminuição da qualidade do sono também são experimentadas com
a menopausa(42).
29
Poulsen et al (2014)(43) estudaram 7305 profissionais da saúde do sexo
feminino da Dinamarca e concluíram que o Diabetes Mellitus era notavelmente
prevalente entre as trabalhadoras de saúde, condição influenciada diretamente
pela obesidade e inatividade física e indiretamente por condições ocupacionais.
Ainda, Gangwisch et al (2013)(44) demonstrou, através do Estudo de Saúde da
Enfermagem, nos Estados Unidos, que o sono de curta duração em
enfermeiros tinha maior probabilidade de se relacionar com Diabetes Mellitus,
índices de massa corporal acima de 30kg/m2 e trabalho em turnos. Aqueles
profissionais com período de sono de seis horas ou cinco horas ou menos
apresentaram aumento significativo na prevalência de hipertensão, sobretudo
em mulheres com mais de 60 anos.
Num estudo nacional com 60 enfermeiros, quase dois terços
apresentaram má qualidade do sono na avaliação com o Índice de Qualidade
de Sono de Pittsburgh (Pittsburgh Sleep Quality Index – PSQI), característica
usualmente encontrada em trabalhadores de turnos e associada à falta de
exercícios físicos e ao perfil de trabalho da enfermagem(45).
A tolerância ao trabalho em turnos, em especial no período noturno,
pode ter fatores individuais de tolerância e ser mais ou menos prejudicial de
acordo com as características individuais. Num estudo comparativo entre
enfermeiros com menos de um ano e mais de seis anos de trabalho noturno,
foram evidenciados alguns fatores individuais de tolerância à rotação de turnos
e ao labor à noite, como idade, gênero, cronotipo e ter tarefas domésticas,
como cuidar de crianças em casa. Profissionais mais jovens apresentaram
melhor tolerância, ao passo que ter crianças em casa foi fator de menor
tolerância ao trabalho noturno rotativo. Além disso, os profissionais menos
experientes no horário da noite apresentaram maior consumo de álcool e
ansiedade, enquanto os enfermeiros com mais de seis anos nesse período
demonstraram maiores índices de massa corporal consumo de cafeína
excessiva e sinais de depressão. Num estudo neozelandês realizado com
enfermeiros que trabalhavam em turnos, com mais de 50 anos de idade, houve
relatos de impactos negativos na vida social e familiar, alterações no padrão de
30
sono e dificuldade de lidar com a rotatividade dos turnos, à medida que a idade
aumenta(46,47).
Nesse contexto, admite-se que o trabalho por turnos pode ser
responsável pela desorganização dos ritmos biológicos pelas frequentes
mudanças nos horários de descanso e labor, o que determina adaptações do
organismo, que podem levar a desfechos no sono, na saúde física e
psicológica, na vida familiar e social, no desempenho, tolerância e segurança
no trabalho(48).
3.6 Qualidade de Vida
O termo “qualidade de vida” (QV) foi citado precipuamente em 1920 por
Arthur C. Pigou (1877-1959), um economista inglês, num livro sobre economia
e bem-estar. Nessa obra ele discutiu o suporte governamental para pessoas de
classes sociais menos favorecidas e o impacto sobre suas vidas e sobre o
orçamento do Estado. Nessa época, o termo não foi valorizado e caiu no
ostracismo. No entanto, esse termo voltou à tona e foi difundido por Lyndon
Johnson que, em 1964, era o então presidente dos Estados Unidos. Nessa
ocasião, Johnson declarou que os objetivos não poderiam ser medidos por
meio do balanço dos bancos, mas, sim por meio da qualidade de vida que
proporcionam às pessoas. Vale ressaltar que, nessa época, aquele país sofria
os efeitos devastadores do acelerado crescimento industrial e tecnológico,
provocado pelo pós-guerra, sobre o meio-ambiente(49).
Atualmente, o termo QV tem sido discutido e empregado em diversos
estudos das mais variadas áreas do conhecimento humano, como no
jornalismo, ciências políticas, sociologia, medicina, enfermagem, psicologia,
economia, geografia, história social e filosofia(49). Dentre suas definições mais
clássicas, está a que foi determinada pela Organização Mundial de Saúde:
“percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e
sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações”(19). No entanto, sua abrangência
remonta a áreas sociais, da psique, de conceitos objetivos e subjetivos que
permeiam a existência do homem. Dentre as muitas expressões conceituais
31
vigentes, a QV seria um todo que pode ser compreendida pela análise de suas
partes, em aspectos estruturados por domínios e facetas que estão
relacionadas aos componentes de ordem física, emocional, do ambiente e das
relações sociais(50).
A QV refere-se tanto à esfera objetiva como à subjetiva das percepções
humanas. Na primeira, relacionada às condições e modos de vida, considera
aspectos como alimentação, habitação, acesso aos serviços de saúde,
trabalho, saneamento básico, educação e transporte, isto é, bens materiais ou
de consumo que norteiam a sobrevivência humana em sociedade. Já a esfera
subjetiva permeia o estilo de vida e considera aspectos históricos, sociais,
culturais e de interpretação individual sobre as condições de vida da pessoa.
Além disso, abrange aspectos emocionais, expectativas, possibilidades de
indivíduos ou grupos acerca de suas realizações e da percepção que os
indivíduos têm de suas próprias vidas, em aspectos abstratos como o prazer,
felicidade, angústia e tristeza(51).
Numa dimensão mais abrangente, Minayo et al (2000)(52) afirma que a
qualidade de vida apoia-se nos pilares da história, em que, de acordo com seu
desenvolvimento tecnológico, econômico e social, ao longo do tempo, uma
sociedade altera seus parâmetros para esse conceito; da cultura, em que os
valores da sociedade são pautados e vivenciados de acordo com suas crenças
e tradições; e das classes sociais, na qual a ideia de qualidade de vida pode
estar apoiada na migração de uma classe para outra considerada superior.
Nesse âmbito, consideram-se, também, concepções de renda, saúde e
educação de uma população, refletidas em seu índice de desenvolvimento
humano (IDH).
Em suma, a qualidade de vida pauta-se em aspectos materiais da vida
do ser humano, mas, também, em questões inerentes à sua essência, como
valores, tradições e princípios. Com isso, não existe uma única definição de
qualidade de vida, tampouco é uma tarefa fácil defini-la devido à ampla
abrangência de seus conceitos. As dimensões da qualidade de vida devem
delinear-se aos seus pilares e identificar os domínios a serem avaliados, uma
32
vez que cada domínio identifica um foco particular de atenção e agrupa
diversos aspectos(53).
Nas áreas de saúde e trabalho, a qualidade de vida é atribuída a fatores
sociais que são influenciados pelas políticas de saúde e pelas formas de
organização laboral. Alguns estudos, como o de Souza e Figueiredo (2004)(54)
apontam os impactos na saúde e qualidade de vida do trabalhador a partir a
influência da atividade profissional no cotidiano das pessoas, bem como seu
acesso a recursos sociais, educação, saúde, lazer, entre outros. Com isso, a
qualidade de vida tornou-se uma preocupação recente na ótica das instituições
empregadoras, uma vez que, partindo-se da premissa de que o homem é um
ser bio-psico-sócio-espiritual, a dissociação de qualquer aspecto relacionado
ao seu bem-estar pode influenciar no seu desempenho no trabalho. Fatores
como ergonomia, segurança no desempenho da função, lazer, relacionamento
interpessoal, bem-estar físico e emocional, satisfação com o trabalho,
remuneração e sentido à vida são influenciadores da qualidade de vida no
trabalho. Portanto, quanto melhores forem as condições laborais do indivíduo,
mais satisfatória será sua atuação no ambiente de trabalho(54). No tocante à
saúde, a qualidade de vida tem se voltado para a percepção da condição de
saúde do indivíduo, bem como a influência do processo saúde-doença nas
esferas sociais, psicológicas e físicas(52).
Para os trabalhadores da área de saúde, as pesquisas de qualidade de
vida são relativamente recentes. Contudo, o número de publicações neste
sentido tem aumentado significativamente nos últimos anos. Isso se deve à
reestruturação dos sistemas de saúde, que têm exigido, cada vez mais, uma
prática ampliada, com bases sólidas e com a ampliação exponencial da gama
de conhecimento científico. Com isso, no âmbito da saúde coletiva, tem-se hoje
a discussão das condições de saúde dos trabalhadores dessa área e a
preocupação com os diversos aspectos da qualidade de vida desses
trabalhadores(55). Isso vem à tona devido às dificuldades encontradas no
exercício das profissões, devido à alta carga emocional, baixa remuneração,
complexidade de procedimentos e longas jornadas de trabalho impostas a essa
33
área de atuação, o que pode influenciar negativamente em todos os aspectos
de sua qualidade de vida(56,57).
Entre os efeitos experimentados por profissionais de saúde, no âmbito
do trabalho, em estudos recentes, estão desordens de saúde mental e física
como Burnout, depressão, dificuldades de relacionamento social e com
pacientes, estresse, aumento de cortisol salivar, alterações metabólicas e de
índice de massa corporal. Essas alterações podem resultar em insatisfação
com o trabalho, aumentar o índice de absenteísmo e prejudicar a percepção de
qualidade de vida em todos os seus domínios(58).
Em suma, o estudo da qualidade de vida nos trabalhadores de saúde,
sobretudo na área de enfermagem torna-se imprescindível para a
compreensão de sua relação com o trabalho, uma vez que a influência da
organização do trabalho em diferentes turnos pode acarretar em alterações
fisiológicas, bioquímicas e comportamentais oriundas da mudança em seus
ritmos biológicos, como o ciclo vigília-sono. Esse fenômeno pode manifestar-se
nesses profissionais na forma de doenças físicas e psicológicas, ocasionando
afastamento do trabalho, limitações na vida cotidiana e, por consequência,
impactando negativamente em sua percepção de qualidade de vida.
34
4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo Primário
Avaliar a percepção de qualidade de vida dos profissionais de
enfermagem de terapia intensiva de acordo com seu turno de trabalho e
categoria de enfermagem.
4.2 Objetivos Secundários
– Identificar a preferência circadiana dos profissionais;
– Conhecer o tempo médio de sono desses indivíduos;
– Verificar os escores de qualidade de vida dessa população;
– Relacionar os escores de qualidade de vida com o cronotipo,
turno de trabalho e categoria de enfermagem.
35
5 MÉTODOS
5.1 Tipo de Estudo
Trata-se de um estudo observacional, descritivo, do tipo transversal, com
abordagem quantitativa.
5.2 Local do Estudo
A pesquisa foi realizada em Unidades de Terapia Intensiva de Adultos
de seis instituições hospitalares: três em Sorocaba-SP, uma em Salto-SP, uma
em Votorantim-SP e uma em Campinas-SP. Das seis unidades pesquisadas,
uma realizava o atendimento de pacientes conveniados e particulares, três
atendiam pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), conveniados e
particulares e duas atendiam somente pacientes do SUS. Duas instituições são
consideradas hospitais-escola, ainda que outros dois recebam alunos de
cursos técnicos e de graduação de enfermagem. O número de leitos oferecidos
variou entre seis e 50 leitos.
5.3 Sujeitos
Os sujeitos do estudo foram selecionados por amostragem não-
probabilística. O tamanho amostral foi calculado considerando o objetivo de
comparar os turnos (manhã, tarde e noite) com relação aos escores de
qualidade de vida (WHOQOL-Bref). Para o cálculo considerou-se a
metodologia de um cálculo amostral para um modelo de ANOVA. Nesse
cálculo foi assumido um nível de significância de 5%, um poder do teste de
80%, um tamanho de efeito de 0,25, que segundo Cohen (1988)(59) pode ser
considerado um tamanho de efeito de grau médio, e três grupos de
comparação. O cálculo resultou em uma amostra total de 159 indivíduos (53
indivíduos por turno). Para a realização do cálculo amostral foi utilizado o
software G*Power 3.1.9.2(60,61).
Todos os indivíduos trabalhadores da área de enfermagem das UTI-A,
das três categorias de enfermagem (auxiliares de enfermagem, técnicos de
36
enfermagem e enfermeiros), foram convidados a participar da pesquisa, exceto
os que estavam em afastamento, férias ou folga no momento da pesquisa. Ao
todo, 239 sujeitos aceitaram participar da pesquisa e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Desse total, 224 sujeitos foram
considerados para análise estatística. Os 15 sujeitos restantes foram excluídos
por não responderem adequadamente uma ou mais questões dos instrumentos
propostos para avaliação do cronotipo e/ou da qualidade de vida. No entanto,
os indivíduos que deixaram de responder algum item do questionário de dados
individuais foram considerados para a análise e os dados faltantes foram
apresentados como “sem resposta” nas tabelas descritivas no capítulo
“Resultados”.
5.4 Instrumentos para Coleta de Dados
5.4.1 Levantamento de Dados Individuais
Trata-se de um instrumento autopreenchível constituído por 30 questões
abertas e fechadas acerca das condições sócio demográficas, dados laborais,
atividades como estudo, lazer e sono e aspectos de saúde, como uso de
estimulantes, indutores de sono, problemas de saúde, uso de medicamentos e
atividade física. (Apêndice 1).
5.4.2 Instrumento para Percepção de Qualidade de Vida WHOQOL-
Bref (Anexo 1)
Esse instrumento foi desenvolvido pelo Grupo de Qualidade de Vida da
Organização Mundial de Saúde (World Health Organization – Quality of Life). É
um questionário derivado do WHOQOL-100, sendo uma versão mais breve
deste. O instrumento foi traduzido e validado para a língua portuguesa por
Fleck et al(62,63). Durante o processo de validação, o instrumento mostrou
características satisfatórias de consistência interna, validade discriminante,
validade de critério, validade concorrente e fidedignidade teste-reteste. O
WHOQOL-Bref alia um bom desempenho psicométrico com praticidade de
uso(62).
Para responder as 26 questões deste instrumento autopreenchível, o
sujeito considerou aspectos vivenciados nos últimos 15 dias. O instrumento é
37
dividido da seguinte forma: duas questões gerais, referentes, respectivamente,
à vida e à saúde. As demais 24 perguntas são divididas em quatro domínios e
suas respectivas facetas:
Físico – dor e desconforto físico, dependência de medicação e/ou
tratamento médico, energia e fadiga, locomoção, sono e repouso,
atividades da vida cotidiana e capacidade para o trabalho;
Psicológico – ato de aproveitar a vida, sentido da vida,
capacidade de concentração, satisfação consigo mesmo e com a
aparência física e sentimentos negativos;
Relações sociais – apoio e suporte social, relações pessoais e
vida sexual; e
Meio ambiente – segurança física e proteção, ambiente físico,
recursos financeiros, disponibilidade de informações,
oportunidades de lazer, condições de moradia, acesso aos
serviços de saúde e meio de transporte.
Cada resposta é composta por cinco itens opcionais em escala tipo
Likert que variam de um a cinco pontos. Os resultados dos domínios foram
transformados em valores entre zero e 100 pontos, de acordo com as
orientações do Grupo WHOQOL(64), sendo o pior resultado mais próximo de
zero e melhor resultado mais próximo de 100.
5.4.3 Questionário de Identificação do Cronotipo – Morningness-
Eveningness Questionnaire
Para a identificação da preferência cronotípica, foi utilizada a versão
traduzida para o português do Morningness-Eveningness Questionnaire (MEQ)
(Anexo 2). Esse instrumento foi desenvolvido por Horne & Östberg(65) em 1976
e foi traduzido para a Língua Portuguesa por Benedito-Silva et al(66) em 1990.
Ele é composto por 19 questões relacionadas a situações cotidianas. Nesse
instrumento autorrespondível, o respondente pode registrar seus horários
preferenciais em relação às suas atividades diárias e o escore total pode variar
entre 16 e 86 pontos. Para este estudo, de acordo com o escore resultante, os
sujeitos foram classificados em três categorias de preferência cronotípica
abaixo:
38
16 a 41 pontos: indivíduos vespertinos;
42 a 58 pontos: indivíduos indiferentes;
59 a 86 pontos: indivíduos matutinos.
5.5 Coleta de Dados
Os dados foram coletados pelo próprio pesquisador, in loco, no horário
de trabalho dos respondentes, após a assinatura do TCLE (Apêndice 1), no
qual constavam informações sobre o estudo riscos, benefícios, a participação
de forma voluntária e a garantia do anonimato. Após a assinatura desse
documento, o pesquisador fez uma breve explanação sobre o estudo e a forma
correta de resposta dos instrumentos. Os questionários, então, foram
entregues, agrupados na seguinte ordem, em páginas numeradas:
Levantamento de Dados Individuais (páginas 1 a 3); WHOQOL-Bref (páginas 4
a 8) e MEQ (páginas 9 a 12). O preenchimento dos instrumentos foi
acompanhado individualmente e orientações para esclarecimento de dúvidas
foram fornecidas quando solicitadas. A coleta de dados transcorreu entre
agosto de 2015 e janeiro de 2016.
5.6 Processamento e Análise dos Resultados
Os resultados obtidos através dos instrumentos utilizados foram
inicialmente armazenados em planilha do Microsoft Excel Plus 2010.
Para as comparações envolvendo a variável atividade física com relação
às variáveis de qualidade de vida foi aplicado o teste não-paramétrico de
Mann-Whitney. O teste de Mann-Whitney é similar ao teste t não-pareado e é
aplicado quando a variável qualitativa apresenta apenas dois níveis. As
comparações envolvendo as variáveis turno e categoria com relação às
variáveis quantitativas e ordinais foram realizadas por meio do teste de
Kruskal-Wallis seguido do pós-teste de Dunn, ou por meio do modelo de Anova
seguido do pós-teste de Tukey, de acordo a distribuição dos dados(67).
39
Para estudar as associações entre a classificação obtida pelo
instrumento MEQ e as variáveis turno e categoria profissional foi aplicado o
teste Qui-quadrado. Este teste é utilizado quando se quer verificar se existe
associação entre duas variáveis qualitativas(67).
Para todas as análises foi considerado um nível de significância igual a
5% e o software estatístico SAS versão 9.4 foi utilizado para a realização das
mesmas.
5.7 Aspectos Éticos
O presente projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) através da
Plataforma Brasil, respeitando-se os trâmites determinados na Resolução
466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Foi aprovado em maio de 2015 pelo
órgão supracitado, conforme parecer número 1.047.641, CAAE
43731215.80000.5404 (Anexo 3).
40
6 RESULTADOS
Os resultados deste estudo serão apresentados em formas de tabelas,
quadros e figuras, a fim de demonstrar a caracterização da amostra por meio
de estatística descritiva e relações entre as variáveis de interesse. Nas tabelas
que contém dados de caracterização, os itens figurados como “sem
informação” referem-se aos indivíduos que deixaram o item sem resposta.
6.1 Dados sociodemográficos, profissionais, hábitos de vida e
saúde
Foram considerados neste estudo 224 voluntários das UTIs de Adulto de
seis hospitais gerais. Do total, a maioria (70,09%), era do sexo feminino,
casados (45,74%), e 57,40% referiram ter filhos (Tabela 1). A média de idade
foi de 36,12 (dp=8,26) anos, com mínimo de 20 e máximo de 62 anos.
Tabela 1: Características individuais dos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016 (n=224)
Variáveis n %
Gênero Masculino 67 29,91
Feminino 157 70,09
Estado civil Solteiro 63 28,25
Casado 102 45,74
Viúvo 2 0,90
União estável 26 11,66
Separado 25 11,21
Outros 5 2,24
Sem informação = 1 Filhos Não 95 42,60
Sim 128 57,40
Sem informação = 1 Número de filhos 0 95 44,19
1 53 24,65
2 45 20,93
3 19 8,84
4 2 0,93
5 1 0,47
Sem informação = 9
41
Em relação à informação sobre renda mensal (Figura 2), 43,72%
referiram receber entre três e cinco salários mínimos, seguidos daqueles com
menos de três salários mínimos (29,77%). Apenas 9,77% afirmaram ter mais
de sete salários-mínimos mensais. O valor do salário mínimo considerado
neste estudo foi de 788 reais, valor vigente no ano de 2015.
Na Tabela 2 é possível observar as características profissionais dos
sujeitos pesquisados.
Tabela 2: Características profissionais dos trabalhadores de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016 (n=224)
Variáveis N %
Perfil do Hospital 100% SUS 149 66,52
SUS/Convênios/Particulares 61 27,23
Convênios/Particulares 14 6,25
Categoria de Enfermagem Auxiliar de Enfermagem 36 16,07
Técnico de Enfermagem 133 59,38
Enfermeiro 55 24,55
Tempo na Profissão
Menos de 1 ano 4 1,79
Entre 1 e 2 anos 5 2,24
Entre 2 e 5 anos 27 12,11
Entre 5 e 10 anos 60 26,91
Mais de 10 anos 127 56,95
Sem informação = 1
Tempo de UTI-Adulto Menos de 1 ano 23 10,36
Entre 1 e 2 anos 25 11,26
Entre 2 e 5 anos 54 24,32
Entre 5 e 10 anos 60 27,03
Mais de 10 anos 60 27,03
Sem informação = 2
29,77%
43,72%
16,74%
9,77%
Menos que 3 SM Entre 3 e 5 SM Entre 5 e 7 SM Mais que 7 SM
Figura 2 – Distribuição, em porcentagem, dos profissionais de
enfermagem de UTI-A por renda mensal, em Salários Mínimos (SM).
42
Observou-se que a maioria dos sujeitos (66,52%) trabalhava em
hospitais com atendimento exclusivo ao SUS, constituiu-se por técnicos de
enfermagem (59,38%); a maior parte (56,95%) trabalhava na profissão há mais
de dez anos e 27,03% trabalhavam em UTI entre cinco e 10 anos e há mais de
dez anos.
Tabela 3 - Características profissionais quanto aos turnos dos trabalhadores de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016. (n=224)
Variáveis n %
Turno
Fixo 222 99,11
Rotativo 2 0,89
Horário do Turno Manhã - 6h/dia 47 21,17
Tarde - 6h/dia 47 21,17
Diurno - 8h/dia 4 1,80
Diurno 12x36h 28 12,61
Noite 6h/dia 1 0,45
Noite 12x36h 95 42,79
Sem informação = 2 Tempo no turno atual
Menos de 1 ano 24 10,81
Entre 1 e 2 anos 37 16,67
Entre 2 e 5 anos 58 26,13
Entre 5 e 10 anos 49 22,07
Mais que 10 anos 54 24,32
Sem informação = 2
Número de vínculos
1 144 64,29
2 78 34,82
Mais que 2 2 0,89
Em relação ao turno de trabalho e vínculos empregatícios (Tabela 3),
apenas dois sujeitos (0,89%) classificaram seu turno como rotativo, sendo que
a maioria estava alocada em turnos fixos. Para esses 99,11% (n=222), o
horário do turno variou conforme a instituição hospitalar, visto que uma das
instituições adota plantões diurnos de 12 horas (com 36 horas de descanso) e
as outras adotam plantões de seis horas pela manhã e seis horas à tarde (com
descanso de 18 horas), podendo, no entanto, haver, esporadicamente,
plantões de 12 horas.
Em relação à distribuição dos sujeitos nos horários dos turnos, 42,79%
trabalhavam no plantão noturno (12 horas de trabalho por 36 horas de
43
descanso). Do total de sujeitos em turno fixo (n=222), a maioria (26,13%)
admitiu estar no horário fixo atual há entre dois e cinco anos, seguidos dos que
afirmaram estar há mais de dez anos no horário atual (24,32%). Dos 54
sujeitos que estavam fixos no turno atual há mais de 10 anos, 66,66% eram do
plantão noturno.
Quando questionados sobre o número de vínculos empregatícios,
predominaram os sujeitos com vínculo único (64,29%). Dos indivíduos com
duplo vínculo (n=78), 32,05% eram do plantão noturno.
Dos sujeitos que tinham dois vínculos empregatícios (n=78), houve
predomínio do segundo emprego no horário noturno (12 horas de trabalho por
36 horas de descanso – 12x36h), seguidos dos que trabalhavam num outro
vínculo no horário diurno (12x36h) (Figura 3).
Quanto ao fato de conciliar estudo e trabalho, 22,32% dos sujeitos
(n=50) estavam estudando no momento e destes, 98,00% estavam
matriculados em cursos presenciais, que variaram entre duas e 40 horas
semanais. A grande maioria cursava a graduação e no período da manhã
(66,00% e 64,00%, respectivamente). Dos cursos universitários realizados
pelos sujeitos, prevaleceu a graduação em Enfermagem (36,00%), seguida de
pós-graduação lato sensu (16,00%) e stricto sensu (10,00%). Ainda, 26,00%
12,50%15,00%
1,25%
25,00%
1,25%
33,75%
11,25%
Manhã6h/dia
Tarde6h/dia
Diurno8h/dia
Diurno12x36h
Noturno6h/dia
Noturno12x36h
Outros
Figura 3 – Distribuição, em porcentagem, dos sujeitos, por horário
do segundo vínculo empregatício.
44
dos sujeitos que conciliam trabalho e estudo estavam cursando graduação fora
da área de enfermagem e apenas 4,00% se dedicavam a cursos de idioma.
Os sujeitos foram questionados quanto a alguns hábitos e problemas
de saúde (Tabela 4). Nesse sentido, 31,7% afirmaram ter algum distúrbio de
saúde, 8,04% eram fumantes e apenas um sujeito (0,45%) considerou-se
etilista. Quanto à atividade física, a maioria (57,59%) admitiu não ter essa
prática e 42,41% praticam-na, numa frequência que variou de uma a sete
vezes na semana (Figura 4). Dos 95 sujeitos que referiram dedicar-se aos
exercícios físicos, 41,05% trabalhavam à noite, 61,05% eram técnicos de
enfermagem e 24,21% eram enfermeiros.
Tabela 4: Hábitos e problemas de saúde dos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016 (n=224)
Variáveis n %
Problemas de Saúde Não 153 68,30
Sim 71 31,70
Tabagismo
Não 194 86,61
Sim 18 8,04
Ex-tabagista 12 5,36
Etilismo Não 221 99,55
Sim 1 0,45
Sem informação = 2 Prática de Atividade Física
Não 129 57,59
Sim 95 42,41
45
A população estudada também respondeu sobre seu período de
descanso semanal para atividades de lazer. Conforme a Tabela 5 houve uma
diferença muito pequena, sendo que 50,22% julgam inadequado esse período
de descanso por semana, enquanto 49,78% o consideram adequado. Dos que
referiram não estar satisfeitos com o tempo de descanso semanal (n=112),
45,53% tinham dois ou mais vínculos empregatícios e 58,03% trabalhavam em
algum turno diurno.
Quanto ao tempo de sono médio num período de 24 horas (n=223), a
maioria admitiu dormir, em média, 6 horas (32,29%), seguidos daqueles que
dormem, em média, 8 horas (21,97%). No entanto, 19,73% admitiram ter uma
média de sono de cinco horas ou menos. Na figura 5 é possível observar a
comparação do tempo médio de sono por turno de trabalho. Para esta
descrição, os sujeitos dos turnos da manhã, tarde, diurno de oito horas e diurno
de 12 horas foram re-categorizados em grupo diurno (n=127), bem como os
sujeitos dos turnos noturno de seis horas e noturno de 12 horas compuseram o
grupo noturno (n=96).
8,51%
14,89%
38,30%
15,96% 17,02%
1,06%
4,26%
1 vez 2 vezes 3 vezes 4 vezes 5 vezes 6 vezes 7 vezes
Figura 4 – Distribuição, em porcentagem, da frequência de atividade
física dos profissionais de enfermagem de UTI-A (em vezes por
semana).
46
Tabela 5: Descanso semanal, média de sono, uso de substâncias estimulantes e indutores do sono dos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016 (n=224)
Variáveis n %
Se julga adequado seu período de descanso semanal Não 112 50,22 Sim 111 49,78
Sem informação = 1 Tempo médio de sono em 24h
Menor ou igual a 5h 44 19,73 6h 72 32,29 7h 42 18,83 8h 49 21,97
Maior ou igual a 9h 16 7,17 Sem informação = 1
Uso de substâncias estimulantes Não 144 64,29
Sim 80 35,71
Uso de indutores do sono Não 204 91,07 Sim 20 8,93
Ainda quanto aos hábitos, do total de sujeitos, 35,71% referiram fazer
uso de substâncias estimulantes e 8,93% admitiram fazer uso de substâncias
indutoras do sono (Tabela 5).
Na figura 5, observa-se que os sujeitos do plantão noturno são mais
prevalentes nos extremos do gráfico, representando a maior parte dos
indivíduos que dormem cinco horas ou menos, contudo, também, sendo a
maioria que dorme nove horas ou mais. No entanto, nota-se diferença
considerável nas demais médias de sono entre os sujeitos de ambos os turnos.
8,52%
18,84%
13,00%15,25%
1,34%
11,21%13,45%
5,83% 6,73% 5,83%
Menor ou igual a5h
6h 7h 8h Maior ou igual a9h
Diurno Noturno
Figura 5 – Distribuição, em porcentagem, do tempo médio de sono por
turno de trabalho dos profissionais de enfermagem de UTI-A.
47
Quando essa análise é realizada considerando apenas os trabalhadores
do plantão noturno (n=96), os que julgam inadequado seu período de descanso
semanal representam 48,95%, a maioria, 57,30%, dorme seis horas ou menos,
35,41% fazem uso de alguma substância estimulante e 10,41% fazem uso de
substâncias indutoras do sono (Tabela 6). Considerando, ainda, somente os
sujeitos que dormem menos de oito horas diárias (n=158), 39,24% fazem uso
de alguma substância estimulante.
Tabela 6: Descanso semanal, média de sono e uso de substâncias estimulantes e indutores do sono entre os profissionais de enfermagem de UTI-A do plantão noturno. Estado de SP, 2016 (n=96)
Variáveis n %
Se julga adequado seu período de descanso semanal Não 47 48,95 Sim 49 51,05
Tempo médio de sono em 24h Menor ou igual a 5h 25 26,04
6h 30 31,26 7h 13 13,54 8h 15 15,62
Maior ou igual a 9h 13 13,54
Uso de substâncias estimulantes Não 62 64,59
Sim 34 35,41
Uso de indutores do sono Não 86 89,59 Sim 10 10,41
No Quadro 1 é possível observar os três problemas de saúde mais
incidentes, bem como os três indutores de sono e estimulantes mais utilizados.
Quadro 1 - Problemas de saúde, estimulantes e indutores do sono mais frequentes nos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016.
Problemas de Saúde (n=71)
Uso de Estimulantes (n=80)
Uso de Indutores do Sono (n=20)
Hipotireoidismo 21,12% Café/Cafeína 93,75% Benzodiazepínicos 75,00% Hipertensão Arterial 18,30% Energéticos 21,25% Zolpidem 15,00%
Alterações Osteomusculares 18,30% Pó de Guaraná 5,00% Levomepromazina 10,00%
48
6.2 Classificação da Preferência Cronotípica por meio do
Morningness-Eveningness Questionnaire
No que tange à classificação geral da preferência cronotípica (Figura 6),
houve a predominância de indivíduos indiferentes, seguidos dos sujeitos
matutinos e, por fim um reduzido percentual de vespertinos.
Para avaliar as médias dos escores do MEQ por turno de trabalho, os
indivíduos que trabalham nos períodos da manhã, da tarde, diurno 8 horas e
diurno 12x36 horas foram re-categorizados em turno diurno (n=126). Os
sujeitos que trabalhavam no noturno por 6 ou 12 horas foram re-categorizados
em turno noturno (n=96). A mediana, bem como os quartis e valores mínimo e
máximo do MEQ foram maiores para o turno diurno (Firgura 7), demonstrando
maior tendência à matutinidade.
29,02%
58,93%
12,05%
Matutino Indiferente Vespertino
Figura 6 – Distribuição, em porcentagem, da preferência cronotípica
dos profissionais de enfermagem de UTI-A.
49
6.3 Avaliação de Qualidade de Vida por meio do WHOQOL-Bref
Na análise da qualidade de vida, através do WHOQOL-Bref, houve uma
diferença entre o domínio meio ambiente e os demais domínios, conforme está
demonstrado na Figura 8. O domínio físico apresentou os maiores escores,
com média de 69,53 (dp=14,56), apresentando, também, maior valor mínimo
entre os quatro domínios. O domínio psicológico foi o segundo a apresentar os
maiores escores com média de 68,21 (dp=14,61), apresentando, também, o
segundo maior valor mínimo dentre os quatro domínios. O domínio social teve
média de 67,37 (DP=18,13) com valor mínimo de zero.
16
26
36
46
56
66
76
86
Diurno Noturno
Figura 7 – Distribuição dos escores do MEQ dos profissionais de
enfermagem de UTI-A, em cada turno de trabalho.
50
O domínio meio ambiente apresentou a menor média entre os quatro
domínios, 56,82 (dp=13,86) e demonstrou menor valor máximo.
Quanto à percepção de qualidade de vida geral (Q1) e saúde geral (Q2),
as respostas dos sujeitos estão demonstradas nas figuras 9 e 10.
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
Físico Psicológico Social Meio Ambiente
0,45%
10,71%
31,25%
53,13%
4,46%
Muito Ruim Ruim Nem Ruim NemBoa
Boa Muito Boa
Figura 8 – Distribuição dos escores de Qualidade de Vida dos
profissionais de enfermagem de UTI-A, por domínio.
Figura 9 – Distribuição das frequências das respostas de percepção de
qualidade de vida geral (Q1) dos profissionais de enfermagem de UTI-A.
51
Com base nas figuras 9 e 10, é possível observar a distribuição dos
sujeitos de acordo com a qualidade de vida geral e a satisfação com a saúde. A
maioria dos sujeitos avaliou sua qualidade de vida geral como boa (53,13%). A
média do escore da qualidade de vida geral (Q1) foi de 3,50 (dp=0,76). Quanto
à percepção de saúde (Q2), mais da metade dos indivíduos (52,23%) estavam
satisfeitos com ela. A média do escore para a satisfação com a saúde (Q2) foi
de 3,57 (dp=0,89), pouco maior que a média da qualidade de vida geral.
0,45%
15,63%
20,98%
52,23%
10,71%
MuitoInsatisfeito
Insatisfeito Nem InsatisfeitoNem Satisfeito
Satisfeito Muito Satisfeito
Figura 10 – Distribuição das frequências das respostas de percepção de
saúde geral (Q2) dos profissionais de enfermagem de UTI-A.
52
A Tabela 7 traz a distribuição dos sujeitos por facetas do Domínio Físico
do WHOQOL-Bref. Na questão sobre dor e desconforto (Q3), prevaleceram os
sujeitos que referiram nenhuma ou muito pouca influência de dor nas
atividades diárias, embora, quase 8,93% referiram bastante ou extrema
influência. Nota-se esta mesma tendência para a dependência de
medicamentos ou tratamento médico (Q4), ainda que, 7,15% necessitassem
bastante ou extremamente desses recursos no seu dia-a-dia. Em relação à
energia e fadiga (Q10), mobilidade (Q15), atividades da vida cotidiana (Q17) e
capacidade para o trabalho (Q18), a maioria demonstrou satisfação. No
entanto, os resultados foram relativamente equilibrados para sono e repouso
(Q16), com 28,13% de indivíduos insatisfeitos ou muito insatisfeitos, 33,93%
não se sentiam satisfeitos nem insatisfeitos e 37,94% estavam satisfeitos ou
muito satisfeitos com seu sono e repouso.
Tabela 7: Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio Físico do WHOQOL-Bref. Estado de SP, 2016 (n=224)
Facetas do Domínio Físico
Dor e desconforto (Q3) n %
Extremamente 1 0,45
Bastante 19 8,48
Mais ou Menos 43 19,20
Muito Pouco 84 37,50
Nada 77 34,38
Necessidade de medicação ou tratamentos (Q4) n %
Extremamente 1 0,45
Bastante 15 6,70
Mais ou Menos 19 8,48
Muito Pouco 85 37,95
Nada 104 46,43
Energia e fadiga (Q10) n %
Nada - -
Muito Pouco 24 10,71
Médio 109 48,66
Muito 74 33,04
Completamente 17 7,59
Mobilidade (Q15) n %
Muito Ruim 2 0,89
Ruim 8 3,57
Nem Bom Nem Ruim 15 6,70
Bom 104 46,43
Muito Bom 95 42,41
Continua...
53
Sono e Repouso (Q16) n %
Muito Insatisfeito 12 5,36
Insatisfeito 51 22,77
Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 76 33,93
Satisfeito 69 30,80
Muito Satisfeito 16 7,14
Atividades da vida cotidiana (Q17) n %
Muito Insatisfeito 1 0,45
Insatisfeito 25 11,16
Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 49 21,88
Satisfeito 131 58,48
Muito Satisfeito 18 8,04
Capacidade para o trabalho (Q18) n %
Muito Insatisfeito - -
Insatisfeito 8 3,57
Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 38 16,96
Satisfeito 148 66,07
Muito Satisfeito 30 13,39
Na Tabela 8 observa-se a distribuição dos profissionais de enfermagem
de UTI-A quanto às facetas do domínio Psicológico. Nesse domínio, a maioria
dos sujeitos referiu aproveitar bastante sua vida (Q5), ainda que, mais da
metade, admita aproveitá-la mais ou menos ou pouco. No entanto, 85,26%
acham que sua vida tem bastante ou extremo sentido (Q6). Mais da metade
dos sujeitos (59,37%) aceitam completamente ou muito sua aparência física
(Q11), muito embora 10,27% aceitem-na muito pouco ou, simplesmente, não a
aceitem. Essas respostas assemelham-se à satisfação consigo mesmo (Q19),
em que a maioria está satisfeita ou muito satisfeita. Quanto à capacidade de
concentração (Q7), grande parte dos sujeitos referiu concentrar-se bastante ou
extremamente, ainda que, mais de um terço tenha referido concentrar-se mais
ou menos. Com relação a sentimentos negativos (Q26), 63,39% os sentem às
vezes e 21,87% os têm frequentemente ou muito frequentemente.
54
Quanto às facetas do Domínio Social, a distribuição dos sujeitos está
demonstrada na Tabela 9.
Tabela 8: Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio Psicológico do WHOQOL-Bref. Estado de SP, 2016 (n=224)
Facetas do Domínio Psicológico
Aproveitar a vida (Q5) n %
Nada 4 1,79
Muito Pouco 42 18,75
Mais ou Menos 81 36,16
Bastante 84 37,50
Extremamente 13 5,80
Sentido para a vida (Q6) n %
Nada - -
Muito Pouco 6 2,68
Mais ou Menos 27 12,05
Bastante 97 43,30
Extremamente 94 41,96
Capacidade de concentração (Q7) n %
Nada - -
Muito Pouco 10 4,46
Mais ou Menos 78 34,82
Bastante 117 52,23
Extremamente 19 8,48
Aceitação da aparência física (Q11) n %
Nada 5 2,23
Muito Pouco 18 8,04
Médio 68 30,36
Muito 80 35,71
Completamente 53 23,66
Satisfação consigo mesmo (Q19) n %
Muito Insatisfeito 2 0,89
Insatisfeito 18 8,04
Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 49 21,88
Satisfeito 116 51,79
Muito Satisfeito 39 17,41
Sentimentos negativos (Q26) n %
Sempre 8 3,57
Muito frequentemente 11 4,91
Frequentemente 38 16,96
Às Vezes 142 63,39
Nunca 25 11,16
55
Tabela 9: Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio Social do WHOQOL-Bref. Estado de SP, 2016 (n=224)
Facetas do Domínio Social
Relações Sociais (Q20) n %
Muito Insatisfeito 4 1,79
Insatisfeito 23 10,27
Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 49 21,87
Satisfeito 111 49,55
Muito Satisfeito 37 16,52
Vida sexual (Q21) n %
Muito Insatisfeito 9 4,02
Insatisfeito 14 6,25
Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 52 23,21
Satisfeito 100 44,64
Muito Satisfeito 49 21,88
Apoio dos amigos - Suporte social (Q22) n %
Muito Insatisfeito 2 0,89
Insatisfeito 12 5,36
Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 71 31,70
Satisfeito 115 51,34
Muito Satisfeito 24 10,71
Observa-se nesse domínio, que a maioria dos indivíduos está satisfeita
ou muito satisfeita com suas relações sociais (Q20), vida sexual (Q21) e apoio
que recebem dos amigos (Q22), havendo um equilíbrio entre os três itens
desse domínio.
Na Tabela 10 é possível observar a distribuição dos sujeitos nas facetas
do domínio meio ambiente. Este foi o domínio com os menores índices de
satisfação e, por consequência, o domínio com menores escores médios
(Figura 8).
56
Tabela 10: Distribuição dos profissionais de enfermagem de UTI-A por facetas do Domínio Ambiental do WHOQOL-Bref. Estado de SP, 2016 (n=224)
Facetas do Domínio Ambiental
Segurança e Proteção (Q8) n %
Nada 1 0,45
Muito Pouco 10 4,46
Mais ou Menos 74 33,04
Bastante 115 51,34
Extremamente 24 10,71
Ambiente Físico Saudável (Q9) n %
Nada 8 3,57
Muito Pouco 34 15,18
Mais ou Menos 130 58,04
Bastante 48 21,43
Extremamente 4 1,79
Recursos Financeiros (Q12) n %
Nada 21 9,38
Muito Pouco 58 25,89
Médio 113 50,45
Muito 23 10,27
Completamente 9 4,02
Disponibilidade de Informações (Q13) n %
Nada 1 0,45
Muito Pouco 31 13,84
Médio 108 48,21
Muito 76 33,93
Completamente 8 3,57
Oportunidades de lazer (Q14) n %
Nada 4 1,79
Muito Pouco 74 33,04
Médio 106 47,32
Muito 34 15,18
Completamente 6 2,68
Ambiente onde mora (Q23) n %
Muito Insatisfeito 3 1,34
Insatisfeito 16 7,14
Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 43 19,20
Satisfeito 98 43,75
Muito Satisfeito 64 28,57
Acesso aos serviços de saúde (Q24) n %
Muito Insatisfeito 21 9,38
Insatisfeito 52 23,21
Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 65 29,02
Satisfeito 73 32,59
Muito Satisfeito 13 5,80 Continua...
57
Meio de transporte (Q25) n %
Muito Insatisfeito 10 4,46
Insatisfeito 19 8,48
Nem Satisfeito Nem Insatisfeito 51 22,77
Satisfeito 90 40,18
Muito Satisfeito 54 24,11
Apenas as facetas segurança e proteção (Q8), ambiente no lar (Q23) e
meio de transporte (Q25) obtiveram maiores índices de satisfação, uma vez
que 62,05% referiram sentir-se bastante ou extremamente seguros em seu
cotidiano, 72,32% julgaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com o
ambiente no lar e 64,29% admitiram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com
seu meio de transporte. Quanto à salubridade do ambiente físico (Q9), 58,04%
referiram “mais ou menos” e 18,75% admitiram que seu ambiente físico é muito
pouco ou nada saudável. Mais da metade dos sujeitos (50,45%) jugaram como
“médio” a disponibilidade de dinheiro para satisfazer suas necessidades (Q12)
e 35,27% referiram ter muito pouco ou nada de recursos financeiros para o seu
cotidiano. Seguindo essa tendência, 48,21% dos profissionais referiram como
“médio” o acesso a informações no seu dia-a-dia (Q13), contudo, 37,50%
admitiram ter acesso a muitas informações ou disponibilidade completa a elas.
Para as oportunidades de lazer (Q14), a maioria assinalou a opção
“médio” (47,32%) e 34,83% têm muito pouco ou não têm momentos de lazer.
As respostas para o acesso aos serviços de saúde apresentaram certo
equilíbrio, mas seguiram a mesma tendência, visto que 29,02% se julgam nem
satisfeitos nem insatisfeitos com este item.
Ainda no domínio meio ambiente, 32,59% referiram estar insatisfeitos ou
muito insatisfeitos com os serviços de saúde disponíveis para si, enquanto
38,39% estão satisfeitos ou muito satisfeitos.
Para comparar a média dos escores do cronotipo entre os diferentes
turnos de trabalho dos sujeitos com turno fixo, utilizou-se o Modelo de Anova,
conforme demonstrado na Tabela 11. Nota-se que os sujeitos do plantão diurno
de 12 horas apesentaram maior escore médio (57,66) de classificação de
cronotipo, seguidos dos sujeitos do turno da manhã (56,83), enquanto os
indivíduos do turno noturno tiveram escore médio menor (48,63). O modelo de
Anova mostrou que houve diferença estatisticamente significante entre, pelo
58
menos, dois turnos de trabalho em relação à média do escore do MEQ. Após o
pós-teste de Tukey, concluiu-se que houve diferença estatisticamente
significante na comparação da média do escore do MEQ entre os sujeitos do
período noturno e diurno e entre os indivíduos do período noturno e os da
manhã. Não houve diferença estatisticamente significativa na comparação da
média dos escores do cronotipo entre as diferentes categorias de enfermagem,
pelo Modelo de ANOVA.
Tabela 11 - Comparação da média do escore do Morningness-Eveningness Questionnaire (MEQ) entre os diferentes turnos de trabalho dos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016. (n=222)
Turno de Trabalho n % Escore do MEQ
p-valor Média DP
Manhã 47 21,17% 56,83 9,07
< 0,0001* Tarde 47 21,17% 52,66 9,65
Diurno 32 14,41% 57,66 7,06
Noturno 96 43,25% 48,63 9,41
* p-valor obtido por meio do modelo de ANOVA
Na Tabela 12 é possível observar a análise comparativa entre as três
classificações do cronotipo em relação aos diferentes turnos fixos de trabalho e
às diferentes categorias profissionais de enfermagem, através do teste Qui-
Quadrado.
Tabela 12: Associação dos cronotipos aos turnos fixos de trabalho (n=222) e às categorias profissionais de enfermagem da UTI-A (n=224). Estado de SP, 2016
Variável
Cronotipo
p-valor* Matutino
Indiferente Vespertino
n % n % N %
Turno de Trabalho
0,0001 Manhã 23 48,94 22 46,81 2 4,26 Tarde 13 27,66 28 59,57 6 12,77 Diurno 14 43,75 18 56,25 0 0,00
Noturno 15 15,63 62 64,58 19 19,79
Categoria Profissional
0,9496 Auxiliar de Enfermagem 10 27,78 22 61,11 4 11,11 Técnico de Enfermagem 38 28,57 80 60,15 15 11,28
Enfermeiro 17 30,91 30 54,55 8 14,55
* p-valor obtido por meio do teste Qui-quadrado.
59
Houve diferença estatisticamente significante nas proporções dos três
cronotipos por turno trabalhado, havendo uma tendência de vespertinidade
para os trabalhadores do turno noturno. É importante ressaltar que, dos
indivíduos matutinos, 15,63% estão alocados no período noturno e, dos
sujeitos classificados como vespertinos, 4,26% estão alocados no plantão da
manhã. Não houve resultado estatisticamente significante entre a proporção
dos cronotipos por categorias profissionais.
Foi realizada a comparação dos escores dos domínios e facetas do
WHOQOL-Bref entre os diferentes turnos de trabalho, por meio do Teste de
Kruskal-Wallis (Tabela 13). Houve diferença estatisticamente significante entre,
os turnos de trabalho, quando foram comparados os sujeitos dos diferentes
turnos em relação à mediana do domínio social do WHOQOL-Bref, bem como
em relação às medianas das facetas concentração (Q7), energia para o dia-a-
dia (Q10), satisfação com a aparência física (Q11), satisfação com a vida
sexual (Q21) e satisfação com o local onde mora (Q23).
Tabela 13 - Comparação dos escores do WHOQOL-Bref em relação aos diferentes turnos de trabalho dos profissionais de enfermagem de UTI-A. Estado de SP, 2016.
Variáveis
Turnos Fixos de Trabalho (n=222) p-
valor* Manhã (n=47)
Tarde (n=47)
Diurno (n=32)
Noturno (n=96)
Domínio Social
Média (DP)
61,52 (15,00)
71,10 (18,94)
71,87 (16,77)
66,84 (19,12) 0,0102
Mediana 58,33 75,00 75,00 66,67
Concentração (Q7)
Média (DP)
3,55 (0,77)
3,72 (0,62)
3,91 (0,64)
3,57 (0,71) 0,0470
Mediana 4,00 4,00 4,00 4,00
Energia (Q10)
Média (DP)
3,13 (0,77)
3,40 (0,74)
3,66 (0,75)
3,40 (0,79) 0,0195
Mediana 3,00 3,00 4,00 3,00
Imagem Corporal e Aparência (Q11)
Média (DP)
3,47 (0,91)
3,74 (0,97)
4,13 (0,91)
3,66 (1,04) 0,0144
Mediana 3,00 4,00 4,00 4,00
Atividade Sexual (Q21)
Média (DP)
3,47 (1,04)
4,06 (0,82)
3,97 (0,82)
3,64 (1,08) 0,0155
Mediana 4,00 4,00 4,00 4,00
Ambiente no Lar (Q23)
Média (DP)
3,94 (0,82)
3,43 (1,02)
4,09 (0,82)
4,07 (0,93) 0,0010
Mediana 4,00 4,00 4,00 4,00
*p-valor obtido por meio do Teste de Kruskal-Wallis.
60
Após a aplicação do Teste de Kruskal-Wallis, foi realizado o pós-teste de
Dunn para todas as comparações presentes na Tabela 13. No domínio social
do WHOQOL-Bref, houve diferença estatisticamente significativa nas
comparações entre os turnos da manhã e da tarde e da manhã e diurno.
Já, no que tange às facetas do WHOQOL-Bref, o pós-teste de Dunn
evidenciou que, a diferença na percepção de Energia (Q10) e de Imagem
Corporal e Aparência (Q11) foi estatisticamente significante apenas entre os
turno da manhã e o diurno. Para a Atividade Sexual (Q21), foram significantes
as comparações entre os turnos da manhã e da tarde e, para o Ambiente
Físico (Q23), as comparações estatisticamente significativas foram entre os
turnos da tarde e diurno e tarde e noturno. Não houve diferença significativa
entre os turnos com relação à capacidade de concentração (Q7) pelo pós-teste
de Dunn, muito embora o teste de Kruskal-Wallis tenha evidenciado p<0,05
nessa comparação. Também não houve diferença estatística significante na
comparação dos demais domínios e facetas do WHOQOL-Bref entre os turnos
de trabalho.
Foi realizada também a comparação dos escores dos domínios e facetas
do WHOQOL-Bref entre as diferentes categorias de Enfermagem, por meio do
Teste de Kruskal-Wallis (Tabela 14). Os resultados apontaram que houve
diferença estatisticamente significativa entre as categorias em relação à
mediana do domínio meio ambiente e à percepção geral de Qualidade de Vida,
bem como em relação às medianas das facetas sentimentos positivos (Q5),
ambiente físico (Q9), recursos financeiros (Q12), cuidados de saúde e sociais
(Q13) e recreação e lazer (Q14). Após a realização do pós-teste de Dunn,
houve diferença estatisticamente significativa nas comparações entre Técnicos
de Enfermagem e Enfermeiros com relação ao domínio meio ambiente.
Quanto às facetas do WHOQOL-Bref, o pós-teste de Dunn evidenciou
que houve diferença estatisticamente significante entre: Auxiliares de
Enfermagem e Enfermeiros em relação à diferença na percepção de Qualidade
de Vida Geral (Q1) cuidados de saúde e sociais (Q13) e recreação e lazer
(Q14); entre Auxiliares de Enfermagem e Enfermeiros e entre Técnicos de
Enfermagem e Enfermeiros para sentimentos positivos (Q5) e recursos
financeiros (Q12). Não houve diferença significativa entre as categorias com
relação ao ambiente físico (Q9) pelo pós-teste de Dunn, muito embora o teste
61
de Kruskal-Wallis tenha evidenciado p<0,05 nessa comparação. Também não
houve diferença estatística significante na comparação dos demais domínios e
facetas do WHOQOL-Bref entre as diferentes categorias de enfermagem.
Tabela 14 - Comparação dos escores do WHOQOL-Bref em relação às diferentes categorias de Enfermagem da UTI-A. Estado de SP, 2016.
Variáveis
Categorias de Enfermagem (n=224)
p valor*
Auxiliar de Enfermagem
(n=36)
Técnico de Enfermagem
(n=133)
Enfermeiro (n=55)
Domínio Meio Ambiente
Média (DP)
55,73 (14,26)
55,36 (14,06)
61,08 (12,40) 0,0307
Mediana 53,13 56,25 62,50
Qualidade de Vida Geral
Média (DP)
3,31 (0,75)
3,49 (0,77)
3,67 (0,72) 0,0395
Mediana 3,00 4,00 4,00
Sentimentos Positivos (Q5)
Média (DP)
3,03 (0,94)
3,21 (0,90)
3,56 (0,79) 0,0054
Mediana 3,00 3,00 4,00
Ambiente Físico (Q9)
Média (DP)
3,17 (0,85)
2,92 (0,72)
3,18 (0,77) 0,0281
Mediana 3,00 3,00 3,00
Recursos Financeiros (Q12)
Média (DP)
2,56 (1,03)
2,65 (0,88)
3,05 (0,85) 0,0054
Mediana 2,50 3,00 3,00
Cuidados de Saúde e Sociais (Q13)
Média (DP)
3,03 (0,77)
3,25 (0,72)
3,45 (0,79) 0,0470
Mediana 3,00 3,00 3,00
Recreação e Lazer (Q14)
Média (DP)
2,58 (0,69)
2,81 (0,83)
3,07 (0,74) 0,0084
Mediana 2,00 3,00 3,00
*p-valor obtido por meio do Teste de Kruskal-Wallis
Os sujeitos foram comparados também acerca da influência da prática
de atividade física em relação aos domínios, Percepção de QV Geral (Q1),
Percepção de Saúde Geral (Q2) e Satisfação com o Sono (Q16), conforme
descrito na Tabela 15. Por meio do Teste de Mann-Whitney, houve diferença
estatisticamente significativa entre os sujeitos que praticavam atividade física,
em relação aos que não praticavam, havendo índices mais altos de QV Geral
(Q1), percepção de QV nos domínios Físico, Psicológico, Social e Meio
Ambiente e na satisfação com o sono (Q16) para os sujeitos que afirmavam ter
essa prática regularmente. No entanto, não houve diferença significativa para a
percepção de saúde (Q2).
62
Tabela 15 - Comparação entre os domínios, percepção de QV Geral, satisfação com a saúde e sono dos profissionais de enfermagem de UTI-A praticantes e não-praticantes de Atividade Física. Estado de SP, 2016.
Variáveis Prática de
Atividade Física Média DP Mediana p-valor*
Domínio Físico Sim (n=95) 73,80 13,20 75,00
0,0001 Não (n=129) 66,39 14,77 67,86
Domínio Psicológico Sim (n=95) 71,93 13,84 75,00
0,0008 Não (n=129) 65,47 14,61 66,67
Domínio Social Sim (n=95) 71,23 15,36 75,00
0,0211 Não (n=129) 64,53 19,50 66,67
Domínio Meio Ambiente Sim (n=95) 60,30 12,91 62,50
0,0009 Não (n=129) 54,26 14,03 53,13
Percepção de QV Geral (Q1) Sim (n=95) 3,65 0,77 4,00
0,0069 Não (n=129) 3,40 0,74 3,00
Percepção de Saúde Geral (Q2)
Sim (n=95) 3,69 0,92 4,00 0,0850
Não (n=129) 3,48 0,87 4,00
Satisfação com o Sono (Q16) Sim (n=95) 3,36 0,97 3,00
0,0024 Não (n=129) 2,94 1,01 3,00
* p-valor obtido por meio do teste de Mann-Whitney. Resultados estatisticamente significativos em negrito.
A Tabela 16 demonstra a comparação entre as diferentes durações de
sono, em média, num período de 24h, em relação aos domínios do WHOQOL-
Bref, bem como quanto à percepção de qualidade de vida geral (Q1), saúde
geral (Q2) e satisfação com o sono (Q16), por meio do teste de Kruskal-Wallis.
Os resultados apontam que houve diferença estatisticamente significativa
entre os grupos de sujeitos de acordo com seu tempo médio de sono, uma vez
que os escores do WHOQOL para essas questões diminuíram quanto mais
curto era o período de sono médio em 24h. Após a realização do pós-teste de
Dunn, para a comparação dos escores dos domínios físico e psicológico,
constatou-se diferença significativa entre os sujeitos que dormiam cinco horas
ou menos e os que dormiam oito horas, em média, por dia e entre os
profissionais que dormiam seis e oito horas, em média, por dia. Com relação ao
domínio social, a diferença significativa foi entre os sujeitos que dormiam cinco
horas ou menos e aqueles que dormiam sete ou oito horas, em média, por dia.
Na análise da Q1, constatou-se diferença estatística significativa entre: os
63
sujeitos que dormiam, em média, cinco horas ou menos em relação aos que
dormiam sete horas; os indivíduos que dormiam cinco horas ou menos e
aqueles que dormiam oito horas ou mais por dia; os sujeitos que dormiam seis
horas, em relação àqueles que dormiam oito horas ou mais por dia.
Tabela 16 - Comparação dos escores do WHOQOL-Bref dos profissionais de enfermagem de UTI-A entre as diferentes durações do sono referidas em 24h. Estado de SP, 2016.
Variáveis
Tempo médio de sono referido em 24h (n=223)
p-valor* ≤5h
(n=44) 6h
(n=72) 7h
(n=42) ≥8h
(n=65)
Domínio Físico
Média 62,74 66,82 70,49 76,81
<0,0001 DP 16,45 13,82 12,74 11,86
Mediana 60,71 71,43 71,43 75,00
Domínio Psicológico
Média 64,49 64,87 70,54 73,53
0,0033 DP 17,34 14,93 11,40 11,54
Mediana 66,67 66,67 72,92 75,00
Domínio Social
Média 59,47 66,20 70,83 72,31
0,0010 DP 17,29 19,68 14,29 17,00
Mediana 58,33 66,67 75,00 75,00
Domínio Meio Ambiente
Média 55,54 54,99 57,81 59,62
0,2145 DP 14,76 12,69 13,58 13,91
Mediana 53,13 56,25 56,25 59,38
Percepção de QV Geral (Q1)
Média 3,09 3,39 3,71 3,80
< 0,0001 DP 0,91 0,68 0,60 0,67
Mediana 3,00 3,50 4,00 4,00
Percepção de Saúde Geral (Q2)
Média 3,23 3,58 3,62 3,78
0,0092 DP 0,94 0,83 0,79 0,93
Mediana 3,00 4,00 4,00 4,00
Satisfação com o Sono (Q16)
Média 2,30 2,96 3,36 3,72
< 0,0001 DP 0,95 0,85 0,79 0,89
Mediana 2,00 3,00 3,50 4,00
*p-valor obtido por meio do Teste de Kruskal-Wallis
Quanto à percepção de saúde geral (Q2), houve diferença
estatisticamente significativa entre os indivíduos que dormiam cinco horas ou
menos e aqueles que dormiam oito horas ou mais, em média, por dia, pelo pós-
teste de Dunn. No que tange à satisfação com o sono (Q16), foram
estatisticamente significativas a comparação entre os sujeitos que dormiam
menos que cinco horas e aqueles que dormiam seis horas, em média, por dia.
64
A Tabela 17 apresenta a comparação entre as médias dos escores dos
domínios de qualidade de vida em relação ao número de vínculos
empregatícios, por meio dos testes de Mann-Whitney e t de Student (para o
domínio Meio Ambiente).
Tabela 17: Comparação dos escores dos domínios do WHOQOL-Bref dos profissionais de enfermagem de UTI-A quanto ao número de vínculos empregatícios. Estado de SP, 2016 (n=224)
Variáveis Ter mais de um vínculo
empregatício p-valor
Sim (n=80) Não (n=144)
Domínio Físico
Média 68,44 70,14
0,2137** DP 12,98 15,38
Mediana 71,43 73,21
Domínio Psicológico
Média 66,20 69,33
0,1249** DP 14,90 14,38
Mediana 68,75 70,83
Domínio Social
Média 64,48 68,98
0,0444** DP 16,60 18,79
Mediana 66,67 75,00
Domínio Meio Ambiente
Média 56,09 57,23
0,5590* DP 14,26 13,67
Mediana 56,25 56,25
*p-valor obtido pelo Teste t de Student
**p-valor obtido pelo Teste de Mann-Whitney
Valores significativos em negrito
O domínio Social foi o único a ter diferença estatisticamente significante,
mostrando que trabalhar em apenas um vínculo influenciou uma média maior
nesse domínio.
As Tabelas 18 e 19 mostram a comparação entre as médias dos escores
das da percepção de qualidade de vida geral (Q1), saúde geral (Q2) e
satisfação com o sono (Q16) com relação aos sujeitos que conciliam ou não
trabalho e estudo, que têm ou não mais de um vínculo empregatício, que têm
ou não o hábito de usar substâncias estimulantes e que têm ou não algum
problema de saúde, por meio do Teste de Mann-Whitney.
Na Tabela 18, observa-se que houve diferença estatisticamente
significativa na percepção de QV geral para os sujeitos que têm mais de um
65
vínculo empregatício, os quais apresentam média mais baixa quando
comparados aos indivíduos com apenas um emprego. O fato de ter algum
problema de saúde influenciou negativamente, tanto na percepção de QV geral
quanto na percepção de saúde geral, pois os sujeitos que não relataram algum
agravo à saúde apresentaram médias mais elevadas. Houve também diferença
estatisticamente significativa na percepção de saúde geral entre os sujeitos que
fazem uso de substâncias estimulantes, os quais apresentaram média menor
neste item, frente às pessoas que não fazem uso. Conciliar trabalho e estudo
não foi relevante para esses dois itens do WHOQOL-Bref, bem como não
houve influência de mais de um vínculo empregatício na saúde nem do uso de
estimulantes na QV geral.
Tabela 18: Comparação dos escores da Q1 e Q2 do WHOQOL-Bref entre os profissionais de enfermagem de UTI-A quanto aos hábitos de saúde e vínculos empregatícios. Estado de SP, 2016
Variáveis n Percepção de QV Geral (Q1) Percepção de Saúde (Q2)
Média DP Mediana p-valor* Média DP Mediana p-valor*
Conciliar trabalho e
estudo
Sim 50 3,56 0,73 4,00 0,6908
3,62 0,85 4,00 0,8012
Não 174 3,49 0,77 4,00 3,56 0,91 4,00
Ter mais de um vínculo
empregatício
Sim 80 3,28 0,83 3,00 0,0009
3,58 0,88 4,00 0,8304
Não 144 3,63 0,70 4,00 3,57 0,91 4,00
Uso de substâncias estimulantes
Sim 80 3,40 0,76 4,00 0,1580
3,36 0,92 4,00 0,0075
Não 144 3,56 0,76 4,00 3,69 0,86 4,00
Ter algum problema de
saúde
Sim 71 3,25 0,79 3,00 0,0005
3,15 0,94 3,00 <0,0001
Não 153 3,62 0,73 4,00 3,76 0,81 4,00
*p-valor obtido por meio do Teste de Mann-Whitney. Resultados estatisticamente significantes em negrito.
A Tabela 19 permite verificar que houve diferença estatisticamente
significante na satisfação com o sono entre os sujeitos que tinham mais de um
vínculo empregatício e que utilizavam substâncias estimulantes. Ambos tiveram
médias mais baixas com piores percepções de satisfação com o sono do que
os indivíduos com único vínculo e que não utilizavam estimulantes. Não houve
diferença estatisticamente significante na satisfação com o sono entre os
66
profissionais que conciliavam trabalho e estudo ou que apresentavam algum
agravo à saúde.
Tabela 19: Comparação dos escores da Q16 do WHOQOL-Bref entre os profissionais de enfermagem de UTI-A quanto aos hábitos de saúde e vínculos empregatícios. Estado de SP, 2016
Variáveis n Satisfação com o Sono (Q16)
Média DP Mediana p-valor*
Conciliar trabalho e estudo Sim 50 3,04 0,95 3,00
0,3692 Não 174 3,14 1,03 3,00
Ter mais de um vínculo empregatício Sim 80 2,86 0,90 3,00
0,0039 Não 144 3,26 1,05 3,00
Uso de substâncias estimulantes Sim 80 2,83 0,99 3,00
0,0018 Não 144 3,28 0,99 3,00
Ter algum problema de saúde Sim 71 2,97 1,07 3,00
0,1079 Não 153 3,18 0,98 3,00
*p-valor obtido por meio do Teste de Mann-Whitney. Resultados significantes em negrito.
Os indivíduos que foram classificados como matutinos pelo MEQ
(escores entre 59 e 86) foram comparados, conforme o seu turno de trabalho,
em relação à sua percepção de QV geral (Q1) e satisfação com o sono (Q16)
por meio do Teste de Mann-Whitney (Tabela 20). Dos 65 sujeitos matutinos, 50
foram categorizados em turno diurno, somando-se os profissionais que
atuavam de manhã, à tarde ou durante o dia por 12 horas. Os 15 restantes
estavam alocados no plantão noturno. No entanto, não houve diferença
estatisticamente significativa para essas variáveis.
Tabela 20: Comparação entre os escores da Q1 e Q16 do WHOQOL-Bref entre os profissionais de enfermagem de UTI-A classificados como Matutinos dos turnos diurno e noturno. Estado de SP, 2016 (n=65)
Variável Turno** Média DP Mediana p-valor*
Percepção de QV Geral (Q1) Diurno (n=50) 3,70 0,74 4,00
0,1676 Noturno (n=15) 4,00 0,53 4,00
Satisfação com o Sono (Q16) Diurno (n=50) 3,44 0,84 4,00
0,9454 Noturno (n=15) 3,40 0,83 4,00
* p-valor obtido por meio do teste de Mann-Whitney.
** Os turnos da manhã, tarde e diurno foram re-categorizados para esta análise, formando dois grupos: diurno e noturno
67
7 DISCUSSÃO
A UTI está presente na maioria dos hospitais públicos e privados do
nosso país. Trata-se de uma unidade complexa, com alto desenvolvimento
tecnológico, fármacos que requerem vigilância constante como drogas
vasoativas e sedativas, procedimentos longos e uma alta carga de
responsabilidade O trabalho da enfermagem nessa unidade ocorre
ininterruptamente, sendo o cuidado crítico o seu principal produto. Esse labor é
desenvolvido por diferentes categorias de enfermagem e requer atenção
máxima durante sua execução.
No presente estudo, 239 sujeitos, das três categorias de enfermagem,
foram inquiridos no intuito de conhecer a sua percepção de qualidade de vida,
em suas diversas facetas, de acordo com sua preferência circadiana, turno de
trabalho e tempo estimado de sono. Para tanto, foram envolvidas seis UTIs de
Adulto em quatro cidades diferentes, sendo cinco unidades na Região
Metropolitana de Sorocaba e uma na Região Metropolitana de Campinas. Do
total de sujeitos inquiridos, 224 foram considerados para as análises nesta
pesquisa.
Predominaram os sujeitos do sexo feminino, 70,09%, que, ainda nos
dias atuais, é uma característica da profissão de enfermagem. Todavia, os
achados desta pesquisa estão abaixo da média nacional e do Estado de São
Paulo. De acordo com um estudo recente sobre o perfil da enfermagem, por
iniciativa do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), realizado pela
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), atuam, no Estado de São Paulo, 453.665
profissionais de enfermagem, sendo que, destes, 83,3% são mulheres, número
um pouco abaixo da média nacional (85,6%)(68). A feminização da enfermagem
está relacionada a aspectos culturais e históricos, já que está atrelada ao ato
de cuidar, atribuído culturalmente às mulheres, fundindo-se às atividades de
cuidado doméstico e às ações caritativas relacionadas aos cuidados de saúde
nos primórdios dessa profissão(69).
Quanto à divisão dos sujeitos por categorias de formação,
predominaram os técnicos de enfermagem (59,38%), seguidos dos enfermeiros
(24,55%) e dos auxiliares de enfermagem (16,07%). Essa proporção foge aos
68
dados nacionais do DATASUS (2010)(36), que traz a existência de,
aproximadamente, 43,29% de técnicos de enfermagem, 36,87% de auxiliares
de enfermagem e 19,84% de enfermeiros no país. Essa diferença pode ser
explicada pela alta complexidade dos cuidados dispensados aos pacientes nas
unidades estudadas. Pela lei do exercício profissional da enfermagem (lei
7.498/86), cuidados de maior complexidade devem ser realizados pelo
profissional enfermeiro. Conforme a Resolução 293/2004 do Conselho Federal
de Enfermagem(7), os cuidados intensivos devem ser realizados por uma
equipe de enfermagem composta por 52 a 56% de enfermeiros. Ainda, de
acordo com as RDCs 7 e 26, que regulamentam o funcionamento das UTIs no
Brasil(4,5), fazem parte da equipe de enfermagem desses setores apenas
enfermeiros e técnicos de enfermagem. O que chama a atenção nos resultados
do presente estudo é a presença de 16,07% de auxiliares de enfermagem
ainda atuando em setor crítico, o que está em desacordo com as legislações
vigentes, tanto do Ministério da Saúde quanto do conselho de classe.
Neste estudo, prevaleceram os sujeitos casados (45,74%), bem como
aqueles que tinham filhos (57,40%), muito embora haja certo equilíbrio entre ter
ou não filhos. Quanto ao número de filhos, predominaram aqueles com apenas
um (24,65%) ou dois filhos (20,93%). Esses dados podem ser comparados à
tendência para a população brasileira. De acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de nupcialidade legal vem aumentando
entre 2002 e 2014. Neste último ano, foram registrados mais de 1,1 milhão de
casamentos legais, tanto de cônjuges masculinos e femininos, quanto de
uniões homoafetivas, número mais expressivo do que o registrado em 2004
(mais de 800 mil casamentos legais). No entanto, ainda de acordo com o IBGE,
a taxa de fecundidade entre as mulheres brasileiras vem diminuindo
gradativamente, sendo que, no ano 2000, a média do número de filhos por
mulher era de 2,4. Já em 2015, essa taxa diminui para 1,7 filhos por mulher(70).
Dentro da categoria de enfermagem há uma variabilidade de estado
marital e ter ou não filhos ao redor do mundo. Os dados deste estudo são
corroborados por diversas pesquisas em que a maioria dos sujeitos era casada
e com filhos(22,71-73). Contudo, alguns estudos mostram achados distintos: para
Silva et al (2011)(74), houve um predomínio de sujeitos que viviam sem
69
companheiro e que tinham filhos; já para Zencirci e Arslan (2011)(75),
predominaram os sujeitos casados, mas sem filhos.
A média de idade deste estudo mostra uma população relativamente
jovem (36,12 anos), sendo que, a maioria (48,87%) tinha entre 31 e 40 anos.
Mesmo com essa média de idade, prevaleceram profissionais com tempo de
formação superior a 10 anos (56,95%) e com grande experiência em UTI
(27,03% com mais de 10 anos). Estes resultados estão de acordo com outras
pesquisas envolvendo profissionais de enfermagem de terapia intensiva(76-79).
O trabalho na UTI requer agilidade, experiência e disposição física devido à
alta carga de trabalho da enfermagem inerente a esse setor, o que,
consequentemente, vincula-se a um perfil mais jovem, porém experiente, de
seu pessoal de enfermagem.
Quanto à renda mensal, a maioria dos sujeitos declarou receber entre
três e cinco salários-mínimos mensais (43,72%), seguidos dos que ganhavam
menos de três salários-mínimos (29,77%). Além disso, houve diferença
estatisticamente significativa no escore da questão 12 do WHOQOL-Bref, que
trata sobre os recursos financeiros entre, ao menos, duas categorias de
enfermagem (Tabela 15), sendo que a satisfação nesse item foi menor para os
auxiliares de enfermagem. A satisfação com os recursos financeiros faz parte
do domínio meio ambiente do WHOQOL-Bref, o qual apresentou menor escore
dentre os quatro domínios. Esses achados corroboram com aqueles apontados
pela Fiocruz na pesquisa de perfil da enfermagem, na qual 64,7% dos 36 mil
entrevistados na amostragem nacional revelaram receber entre R$ 1 mil e R$ 3
mil mensais(68).
Atualmente a categoria de enfermagem vem lutando pela valorização da
profissão, através do estabelecimento do piso salarial e da obrigatoriedade do
cumprimento de 30 horas semanais, projeto de lei que vem tramitando na
esfera federal desde 2000. Enquanto não há regulamentação, muitos
profissionais de enfermagem brasileiros são remunerados de forma
incompatível com o desempenho de sua função e revelam-se insatisfeitos com
os proventos, como nos mostra o estudo de Lino(80). Em outros dois estudos
nacionais sobre a qualidade de vida de trabalhadores de UTI(22,57), o domínio
70
meio ambiente apresentou menores escores, sendo que a renda foi citada
como insuficiente pela maioria dos entrevistados nesses estudos.
Do total de sujeitos, apenas dois afirmaram desempenhar suas funções
em horários rotativos. Este foi um achado inesperado, pois se acreditava que
havia um contingente de trabalhadores que trabalhavam na cobertura de folgas
e férias, tanto no horário diurno quanto nos plantões à noite. No entanto, o que
se observou nas instituições pesquisadas foi que o colaborador contratado para
cobertura de folgas e férias era fixo do noturno ou diurno, podendo, neste
último, apenas, alternar entre os plantões da manhã e da tarde ou 12 horas
diurno, mas trabalhando em mais de uma unidade para cobertura. O que se
conclui com esse achado é que, atualmente, dá-se preferência para que o
colaborador alterne os setores hospitalares, sem, no entanto, alterar seu turno
de trabalho. Não houve estudos consistentes para comparação deste achado
com a realidade de outras instituições brasileiras. Não foram feitas análises
comparativas do cronotipo e qualidade de vida dos sujeitos de turno rotativo em
relação aos de plantões fixos, devido ao número reduzido de sujeitos nesse
regime de trabalho.
Quanto à distribuição dos sujeitos por turnos, houve um predomínio dos
trabalhadores dos turnos diurnos, 56,76%. Em geral, há um número reduzido
de trabalhadores de enfermagem no período noturno em determinadas
unidades hospitalares devido a menores demandas de trabalho. Esse fato
condiz com unidades de cuidados mínimos ou intermediários, mas não deveria
ser aplicada a cuidados intensivos. Para a análise de carga de trabalho e
dimensionamento de pessoal em UTI, devem-se levar em consideração
instrumentos próprios, como o Nursing Activities Score (NAS), índices
prognósticos como o Therapeutic Intervention Scoring System (TISS), a
Resolução 293/2004 do Conselho Federal de Enfermagem e a RDC 26/2012,
considerando, também, as características individuais de cada realidade, já que,
cada normativa, traz uma preconização distinta(81). Em um estudo realizado por
Kakushi e Évora(82), avaliando o tempo de assistência direta e indireta em UTI,
constatou-se que o uso do prontuário eletrônico, em minutos foi maior no
plantão noturno e que houve maior tempo de assistência direta ao paciente em
feriados e fins de semana, justamente quando o quadro de pessoal tende a ser
71
menor. Portanto, os achados deste estudo estão em desacordo com a
preconização do conselho de classe e com a carga de trabalho do plantão
noturno, contudo, são corroborados com estudos semelhantes que mostram
menor força de trabalho à noite, o que, em potencial, gera sobrecarga de
trabalho aos profissionais desse turno(57,74,79).
No que tange ao número de vínculos, os resultados deste estudo
mostraram que, apenas 34,82% dos sujeitos têm dois empregos e, destes,
33,75% desenvolvem sua segunda atividade no período noturno. Esses dados
são corroborados por alguns estudos recentes, cujos resultados descritivos
mostram uma menor porcentagem de trabalhadores de enfermagem com
duplo-vínculo(74,83-85). No entanto, não há um estudo nacional que mostre a
exata proporção de trabalhadores de enfermagem que têm dois empregos
formais, contudo, o duplo-vínculo ainda é uma prática corriqueira, devido à
baixa remuneração dessa área no Brasil, o que acarreta em alta carga de
trabalho e possíveis alterações em sua qualidade de vida.
Neste estudo, os indivíduos com duplo vínculo apresentaram escores
significativamente menores de percepção de qualidade de vida geral (Q1) e na
satisfação com o sono (Q16) em relação aos demais, mas não demonstraram,
de forma estatisticamente significante, influência da dupla jornada na saúde
geral (Q2). Quanto aos domínios, ter mais de um emprego influenciou
negativamente apenas a percepção de qualidade de vida no domínio social.
Ainda, dos 78 sujeitos que relataram ter duplo-vínculo, 34,61% e 33,33%
dormiam cinco horas ou menos e seis horas por dia, respectivamente e 45,53%
referiram não julgarem adequado o seu período de descanso semanal, um
resultado que era esperado neste estudo, uma vez que a carga horária
semanal é consideravelmente mais extensa para esses indivíduos. Esses
achados podem explicar a baixa satisfação com o sono e pode ter influenciado
a menor percepção de qualidade de vida geral para esses indivíduos, além da
percepção de relações sociais diminuída. Os achados deste estudo são
diferentes dos encontrados na literatura, muito embora haja um número
reduzido de publicações que avaliam a qualidade de vida e o sono de
trabalhadores com duplo-vínculo. Num estudo nacional de 2007 com 126
técnicos e auxiliares de enfermagem de um hospital-escola de São Paulo(57),
72
foram correlacionados os domínios de qualidade de vida do WHOQOL-Bref ao
número de empregos. Houve correlação negativa de fraca intensidade nos
domínios desse instrumento, exceto para meio ambiente, indicando que,
quanto maior o número de empregos, menor a percepção de QV nesses
domínios, isto é, não houve correlação com o domínio que inclui a satisfação
com o sono (físico). Num outro estudo com 30 profissionais de enfermagem
com dois ou mais vínculos, a sobrecarga de trabalho e o pouco tempo para o
lazer foram considerados, pelos sujeitos, agentes motivadores de estresse, o
que poderia impactar na sua percepção de saúde(86).
Neste estudo também foi analisada a influência de conciliar trabalho e
estudo, uma vez que atividades acadêmicas ou cursos de aperfeiçoamento
exigem dedicação e podem reduzir o tempo para o sono e outras atividades
nos horários de folga. Apenas 22,32% dos indivíduos desta pesquisa relataram
estar matriculados em algum curso. No entanto, ao contrário do esperado,
esses indivíduos apresentaram médias maiores de QV Geral e Saúde Geral,
embora a diferença não tenha sido estatisticamente significativa. Da mesma
forma, a satisfação com o sono não apresentou relevância estatística na
comparação entre os dois grupos, mas, numericamente, a média foi menor
para aqueles que conciliavam trabalho e estudo.
Esses dados diferem do estudo de Ferreira e De Martino(87), em que
estudantes de enfermagem apresentaram privação de sono e sonolência
diurna no período letivo. Os achados da presente pesquisa, no entanto, podem
ser justificados pela satisfação proporcionada pelo aprimoramento profissional
e aquisição de novos conhecimentos, o que, indiretamente, influencia de forma
positiva na qualidade de vida, como evidenciado no estudo de Fontana e
Brigo(88). Nessa pesquisa, com 25 técnicos de enfermagem que cursavam a
graduação, o estudo foi fator de melhora na percepção de qualidade de vida,
ainda que de forma conceitual, mesmo reconhecendo o desgaste promovido
pela conciliação das atividades acadêmicas com o trabalho.
Na análise dos problemas de saúde e hábitos de vida, os achados foram
positivos, uma vez que a grande maioria dos sujeitos não referiram problemas
de saúde, tampouco fumavam ou ingeriam bebidas alcoólicas. Dentre os
73
problemas de saúde referidos por 31,07% dos sujeitos, prevaleceram o
hipotireoidismo, a hipertensão arterial e as alterações osteomusculares. Para
Barboza et al(89), as doenças osteomusculares estão presentes nos
profissionais de enfermagem devido à necessidade de força física durante o
exercício da profissão e a inobservância de princípios ergonômicos.
Considerando a UTI, associa-se este fato ao manejo de pacientes acamados,
em anasarca, com alto grau de dependência e com mobilidade prejudicada. No
estudo de Serranheira et al(90), com 1.396 enfermeiros da área hospitalar em
Portugal, houve prevalência de 60,9% de lombalgias num período de 12
meses. Num estudo semelhante em duas UTIs de Ribeirão Preto com 48
enfermeiras, a prevalência de lombalgia em 12 meses foi de 91,7%, mostrando
que os sintomas osteomusculares são comuns em trabalhadores de
enfermagem, sobretudo de Terapia Intensiva(91). Num estudo sobre o
adoecimento da enfermagem com 49 trabalhadores de UTI(92), os principais
achados também foram o hipotireoidismo e a hipertensão arterial, o que vem
corroborar com os achados deste estudo.
O fato de o indivíduo apresentar algum problema de saúde foi
significativo para reduzir seus escores para qualidade de vida geral (Q1) e
saúde geral (Q2), porém, não foi significativo para satisfação com o sono
(Q16). Esses achados são semelhantes aos de Teixeira(93), a qual avaliou 23
enfermeiros portadores de doenças crônicas. Em seu estudo, a doença
crônica, como a hipertensão e o hipotireoidismo, impacta diretamente nas
esferas comportamental e física dos profissionais, com influência em seu
cotidiano, trabalho e qualidade de vida.
Quanto aos hábitos de vida, mais da metade dos sujeitos estudados
referiram não aderir à prática de atividade física. Isso influenciou
significativamente a redução dos escores para todos os domínios, para a
satisfação com o sono (Q16) e para a qualidade de vida geral (Q1), em relação
aos que tinham essa prática. Quanto à percepção de saúde (Q2), ainda que o
valor de p não tenha sido significativo, a média do escore foi menor para os
indivíduos sedentários. Portanto, ainda que a frequência semanal tenha variado
entre os sujeitos praticantes de atividade física, este hábito influenciou
positivamente a qualidade de vida em, praticamente, todos os seus aspectos.
74
Nos estudos de Acioli et al, com 246 profissionais de saúde de unidades de
terapia intensiva(94) e de Freire et al, com 59 profissionais da mesma área(95), a
qualidade de vida dos sujeitos praticantes de exercícios físicos foi superior em
diversos aspectos, sobretudo na saúde física. Em ambos os estudos, os
técnicos de enfermagem foram a categoria profissional mais ativa, dado que
corrobora também os achados desta pesquisa.
Entre as categorias de enfermagem, o tempo médio de sono diário
apresentou variabilidade quanto ao horário do turno de trabalho. Dentre os
sujeitos que referiram dormir cinco horas ou menos, a maioria trabalhava no
horário noturno, o que era um resultado esperado, uma vez que vários estudos
apontam a redução da qualidade e do tempo de sono para os profissionais que
trabalham à noite. Isso se deve ao fato da conciliação de dupla jornada
profissional, jornada doméstica, afazeres diários relacionados a serviços que
funcionem em horário comercial, além dos fatores que prejudicam o sono
durante o dia, como ruídos, trânsito, obras, claridade, calor, entre outros(74,83,96).
Esses dados também estão parcialmente de acordo com o estudo de Allen et
al(97), no qual 20 enfermeiros intensivistas canadenses foram avaliados quanto
à duração do sono entre turnos rotativos. Nessa pesquisa, o tempo médio de
sono entre turnos noturnos consecutivos foi significativamente menor que a
média do sono entre os intervalos dos demais turnos.
A privação de sono nos profissionais de enfermagem de UTI, sobretudo
nos que conciliam dois vínculos noturnos, pode acarretar alterações cognitivas,
especialmente quando sobrepostas à disfunção do ritmo circadiano, inerente
aos trabalhadores do noturno, o que, indiretamente, pode impactar na
qualidade de vida(97). Neste estudo, as médias dos domínios, exceto o Meio
Ambiente e da percepção de qualidade de vida geral (Q1), de saúde (Q2) e a
satisfação com o sono (Q16) foram gradativamente menores quanto menor era
a média de sono diário, com diferença relevante entre os sujeitos que dormiam
cinco horas ou menos e aqueles que dormiam oito horas diárias, em média.
Além de haver impacto direto na percepção da qualidade de vida, o
tempo médio de sono reduzido pode associar-se ao uso de substâncias
estimulantes, como artifício para manter-se acordado por mais tempo em
75
virtude do trabalho. O uso de estimulantes no cotidiano dos profissionais
estudados nesta pesquisa foi significativo para reduzir os escores de
percepção de saúde (Q2) e satisfação com o sono (Q16), mas não foi
significativo para a qualidade de vida geral (Q1). O uso de substâncias como a
cafeína, pó de guaraná, energéticos e outros foi referida por 35,71% dos
sujeitos e por mais de um terço dos indivíduos que referiam dormir menos de
oito horas por dia, revelando, assim, um fato preocupante. Embora não haja
estudos relacionando as facetas de qualidade de vida e o consumo de
substâncias estimulantes em profissionais de saúde, em diversos estudos o
uso desses artifícios está relacionado ao turno noturno ou jornadas
excessivamente longas, para que o profissional mantenha seu nível de atenção
e estado de alerta e com o intuito de não haver sonolência durante o turno da
noite, sobretudo entre profissionais com menor experiência nesse horário. No
entanto, o alto consumo de cafeína tem sido associado a distúrbios de saúde e
de sono nesses profissionais, em longo prazo(46,47,98,99).
Na análise geral, os escores dos domínios de qualidade de vida do
WHOQOL-Bref foram satisfatórios, com médias acima de 65,00, exceto para o
domínio meio ambiente (média de 56,82). Não existe um consenso do Grupo
WHOQOL no tocante aos pontos de corte para categorização dos escores de
qualidade de vida. Em apenas um trabalho há uma menção de categorização
dos escores dos domínios do WHOQOL-Bref em pior ou melhor QV, levando-
se em consideração valores abaixo ou acima da mediana de cada domínio,
respectivamente(100). No entanto, essa classificação não foi pautada em
estudos anteriores. Portanto, a análise dos resultados dos domínios é realizada
comparando-se os resultados com estudos anteriores semelhantes.
Para a questão de saúde geral (Q2), a maioria estava satisfeita ou muito
satisfeita (62,94%) com seu estado de saúde e, para a questão sobre
qualidade de vida geral (Q1), a maioria (57,59%) a considerou boa ou muito
boa. No entanto, ao considerar apenas a média do escore de ambas as
questões (Tabela 7), estas foram menores que as de outro estudo envolvendo
enfermeiros(101).
76
A análise das médias ou da proporção de respostas para as questões
qualidade de vida geral (Q1) e satisfação com a saúde (Q2) é pouco explorada
em estudos vigentes na literatura, uma vez que, a grande maioria dos estudos
citados a seguir, consideram apenas as médias dos quatro domínios do
WHOQOL-Bref. Ainda assim, observando os dados do presente estudo,
acredita-se que o índice de sujeitos com algum tipo de doença, com reduzido
tempo de descanso semanal, trabalhadores de duplo-vínculo e o sedentarismo
podem ter influenciado a redução das médias para essas questões.
Os achados do presente estudo se assemelham a outras pesquisas com
profissionais de enfermagem, nas quais o domínio meio ambiente apresentou
média inferior aos demais(21,22,57,83,102-105). Este fato pode ser associado,
sobretudo, à insatisfação com a renda mensal, uma vez que quase três quartos
dos sujeitos recebem até cinco salários mínimos mensais, como já foi citado
anteriormente.
Os rendimentos baixos para as categorias de enfermagem é uma
realidade nacional e influencia a satisfação de anseios pessoais e pode
interferir negativamente na percepção de qualidade de vida no domínio meio
ambiente(57).
Além disso, a unidade de terapia intensiva é um setor em que há grande
volume de ruídos oriundos de alarmes sonoros de diversos equipamentos,
iluminação artificial, além de procedimentos complexos e convívio com a dor e
a perda, o que reduziu a percepção de salubridade do ambiente físico (Q9)
para os profissionais de enfermagem, fato corroborado por um estudo
nacional(57). Embora a questão sobre ambiente físico não seja específica para
ambiente de trabalho, acredita-se que a maior parte dos respondentes
considerou o ambiente de UTI para responder a esse item, devido ao fato de
haver a descrição “clima e barulhos” entre parênteses na questão. A
insatisfação com o acesso aos serviços de saúde (Q24) também influenciou a
redução da média do domínio meio ambiente, fato que pode ser explicado por
uma possível insatisfação com os convênios médicos disponibilizados pelos
hospitais empregadores, embora não haja estudos que descrevam esse fato de
forma concreta. Os resultados da avaliação desse domínio podem demonstrar
77
aspectos a serem melhorados, tanto no aspecto laboral quanto pessoal desses
profissionais.
Ainda no que tange à análise do domínio meio ambiente, houve
diferença significante entre o escore geral do domínio e entre as facetas sobre
acesso aos serviços de saúde (Q13), recreação e lazer (Q14) e recursos
financeiros (Q12) para as três categorias de enfermagem (Tabela 14), sendo
que os enfermeiros obtiveram os maiores escores nessas facetas.
A comparação entre as facetas do WHOQOL-Bref com relação às
categorias de enfermagem constituiu-se num estudo raro e, portanto, de difícil
comparação com a literatura. No entanto, em duas pesquisas com técnicos e
auxiliares de enfermagem, utilizando o WHOQOL-Bref, o domínio meio
ambiente apresentou menores escores que os demais e, num estudo com 264
profissionais de enfermagem das três categorias, um maior grau de
escolaridade influenciou positivamente o escore do domínio meio ambiente(83).
É possível inferir, neste estudo, que melhores condições de renda mensal e o
cargo ocupado influenciaram as demais facetas desse domínio, determinando
maior média para os enfermeiros (61,08).
Na comparação entre as facetas e a média do domínio meio ambiente
de acordo com o turno trabalhado, houve diferença estatisticamente
significativa apenas para a faceta ambiente onde mora (Q23) (p=0,001), sendo
que os sujeitos dos plantões diurno (12x36h) e noturno (12x36h) apresentaram
maiores médias quando comparados aos turnos da manhã e da tarde, ambos
com duração de seis horas. Esse achado corrobora a pesquisa de Oliveira(106).
Em seu estudo com 167 enfermeiras de UTI, Centro Cirúrgico e Clínica Médica,
o escore do domínio meio ambiente foi menor para as profissionais com maior
número de plantões no mês. Os profissionais dos turnos da manhã e tarde
estão diariamente no hospital e isso pode influenciar um menor tempo de
dedicação à família e aos amigos ou, ainda, a sua percepção de tempo livre
fora do trabalho. No estudo de Arroyo et al(107), os enfermeiros que trabalhavam
em turnos de 12 horas tiveram maior percepção de tempo livre em casa,
quando comparados aos profissionais que exerciam sua função em turnos de 7
horas diárias.
78
Não obstante não haja diferença estatisticamente significativa entre os
escores do domínio meio ambiente em relação aos diferentes turnos de
trabalho, as médias foram superiores também para os turnos diurno e noturno
(56,64 e 57,71, respectivamente) quando comparadas aos turnos da manhã e
da tarde (56,45 e 55,19, respectivamente), indicando melhores tendências para
a percepção do meio ambiente para esses profissionais.
O domínio físico apresentou a maior média neste estudo, em
comparação com os demais domínios (69,53), o que é corroborado por outras
pesquisas semelhantes(21,102,103). Esse resultado certamente foi proporcionado
pelo fato da maioria dos sujeitos não conviver ou conviver muito pouco com dor
e desconforto (Q3), não necessitar ou necessitar pouco de medicação e
tratamento médico (Q4), ter mobilidade boa ou muito boa (Q15), estar satisfeita
ou muito satisfeita com o desempenho das atividades da vida cotidiana (Q17) e
com sua capacidade para o trabalho (Q18). Esses resultados bastante
satisfatórios podem ser explicados pelo perfil mais jovem dos profissionais
estudados, cuja média de idade foi 36,12 anos (DP=8,26), pela maioria ter
apenas um vínculo empregatício (64,29%), pela ausência de problemas de
saúde em 68,30% dos sujeitos, além de baixos índices de etilismo (0,45%) e
tabagismo (8,04%). Ademais, há uma grande parcela dos sujeitos que são
praticantes de atividade física (42,41%), embora esta porcentagem esteja
abaixo da média nacional, que era de 54,1% em 2013(108).
A única faceta do domínio físico a apresentar menores índices de
satisfação foi sono e repouso (Q16), com apenas 37,94% de sujeitos satisfeitos
ou muito satisfeitos. Todavia, chama a atenção o fato de 28,13% estarem
insatisfeitos ou muito insatisfeitos com esse item, parcela que chega a quase
um terço da amostra estudada. Como foi discutido anteriormente, o tempo
médio de sono reduzido, a conciliação de trabalho e estudo e trabalhar em
mais de um vínculo empregatício foram determinantes para a redução da
satisfação nessa faceta. Os achados deste estudo estão de acordo com os de
uma pesquisa iraniana, em que 1456 enfermeiros foram avaliados quanto à
qualidade de vida, relacionada à qualidade e duração do sono. Nesse estudo,
os profissionais que apresentaram duração média de sono maior que 9 horas
por dia obtiveram maiores escores em todos os domínios da qualidade de vida,
79
enquanto a duração média de sono menor que cinco horas por dia foi
associada aos menores escores naquela avaliação(109). Isso vem ressaltar a
importância da duração e qualidade do sono para a saúde e qualidade de vida
das pessoas.
Na comparação entre as três categorias de enfermagem, não houve
resultado estatisticamente significativo para o domínio físico nem para cada
uma de suas facetas, pelo teste de Kruskal-Wallis. Quando esses dados foram
comparados entre os diferentes turnos, apenas a faceta energia e fadiga (Q10)
mostrou diferença estatisticamente significante pelo teste de Kruskal-Wallis
(p=0,0195). No pós-teste de Dunn, a diferença evidenciada foi entre os turnos
da manhã, com menor média (3,13 – dp=0,77) e o diurno, com maior média
(3,66 – dp=0,75). Isto também pode ser explicado pela maior percepção de
tempo livre àqueles profissionais que trabalham em turnos de 12 horas. Para
esses profissionais, o fato de permanecerem 36 horas fora do ambiente de
trabalho determina maior sensação de tempo livre e menor sensação de fadiga,
ainda que a jornada seja mais longa, como mostra o estudo de Arroyo et al(107).
Na avaliação do domínio social, este apresentou a segunda menor
média (67,37 – dp=18,13), ainda que, consideravelmente acima da média do
domínio meio ambiente. Contudo, é notável o fato de ser o único domínio em
que o valor mínimo foi zero (Figura 8). Além disso, na comparação entre os
turnos, os trabalhadores do horário da manhã demonstraram menor média no
domínio social, bem como na satisfação com a vida sexual (Q21), quando
comparados aos outros turnos. Esses achados são diferentes daqueles
disponíveis na literatura, uma vez que, em outros estudos, são apontados
prejuízos nas relações sociais para os trabalhadores noturnos ou de turnos
alternados, pela incompatibilidade de horários com as pessoas da família,
amigos e cônjuges que, muitas vezes, desempenham suas funções em horário
comercial(21,110-112). Neste, estudo, porém, o turno noturno não influenciou
negativamente o domínio social. Este foi um dado de difícil comparação com a
literatura pela escassez de trabalhos acerca da vida sexual de trabalhadores de
turno.
80
Quanto ao domínio psicológico, sua média de 68,21 (dp=14,61)
demonstra um resultado satisfatório, mesmo estando abaixo do valor
apresentado por estudos semelhantes(21,102). Esse dado positivo certamente
está relacionado às respostas satisfatórias na maioria de suas facetas, já que
85,26% dos sujeitos creem que sua vida tem bastante ou extremo sentido (Q6),
a capacidade de concentração (Q7) é bastante ou extrema em 60,71% dos
profissionais, estão satisfeitos ou muito satisfeitos consigo mesmos (Q19)
69,20% dos sujeitos e 74,55% da amostra refere ter sentimentos negativos
apenas às vezes ou nunca os têm (Q26).
Essas facetas também não apresentaram diferenças estatisticamente
significativas na comparação em relação aos diferentes turnos e às diferentes
categorias de enfermagem. Contudo, os profissionais dos turnos da manhã
apresentaram média significativamente menor na faceta imagem corporal e
aparência (Q11) em relação àqueles do plantão diurno. Quando a comparação
foi feita entre as categorias, os enfermeiros tiveram média significativamente
superior aos auxiliares e aos técnicos de enfermagem no que tange à faceta
aproveitar a vida (Q5). Isso pode ser explicado pelo fato de, proporcionalmente,
a porcentagem de auxiliares de enfermagem e técnicos de enfermagem com
mais de um vínculo empregatício (63,88% e 32,33%, respectivamente) ser
superior à de enfermeiros (25,45%), mostrando que o tempo livre entre os
plantões é maior para os enfermeiros, fato que pode gerar mais oportunidades
de lazer e descanso.
No estudo de Spiller et al com 109 profissionais de saúde de Curitiba-
PR(104), os resultados do domínio psicológico foram correlacionados
positivamente aos escores do domínio físico, isto é, quanto melhores as
percepções de saúde, capacidade, dor e desconforto, atividades do dia-a-dia e
trabalho, melhores seriam as percepções no domínio psicológico, como
autoimagem e aproveitamento da vida. Seguindo esse raciocínio, pode-se
atribuir que os menores escores no domínio físico influenciaram na menor
percepção de imagem corporal para os trabalhadores do turno da manhã,
como já evidenciado anteriormente.
81
Por fim, na análise da percepção cronotípica, evidenciou-se que a
maioria dos profissionais foi classificada como indiferente, seguidos daqueles
com preferência matutina e vespertina, conforme figura 6. Esses achados
corroboram vários estudos de preferência cronotípica publicados
anteriormente, tanto com profissionais da saúde quanto com a população em
geral(21,75,113,114). Essa análise torna-se fundamental para o trabalhador de
turnos, que necessita adaptar seus horários habituais a escalas de
revezamento. O cronotipo pode relacionar-se a essa capacidade de adaptação,
todavia, pode influenciar o desempenho de atividades diárias no momento em
que mudanças nos hábitos de sono são exigidas em função do trabalho(113).
A preferência cronotípica do ser humano é caracterizada conforme a
característica cronobiológica endógena do indivíduo e é manifestada por
preferências de horário em relação ao bem-estar e ao melhor rendimento nos
diferentes momentos do dia: o tipo matutino possui a preferência de dormir
mais cedo e acordar mais cedo e seu melhor desempenho físico e mental
ocorre pela manhã. Isto significa que esses indivíduos caracterizam-se por um
adiantamento de fase do ciclo vigília-sono, o que propicia o adormecer e
despertar mais cedo. O tipo vespertino prefere dormir mais tarde e acordar
mais tarde, tendo o fim da tarde e início da noite como melhor horário de
desempenho físico e mental. Isto significa que esses indivíduos caracterizam-
se por um arrastamento de fase de seu ciclo vigília-sono, o que determina o
adormecer e despertar mais tarde. Os tipos indiferentes, no entanto, têm uma
plasticidade de horário maior, adaptando-se aos horários de acordo com a
rotina e necessidades do dia(115,116).
Neste estudo, a distribuição da preferência cronotípica foi analisada de
forma geral e relacionada aos diferentes turnos de trabalho e categorias de
enfermagem. Primeiramente, a figura 7 trouxe a distribuição do escore do MEQ
entre os turnos diurno e noturno e foi possível observar menores valores do
mínimo, da mediana e do máximo para os trabalhadores da noite. Analisando a
tabela 12, essa tendência se manteve quando o plantão diurno foi desdobrado
em manhã, tarde e diurno de 12 horas, sendo o p-valor significante para as
diferenças entre eles, de acordo com o modelo de ANOVA. Na tabela 13 é
possível, também, observar que o turno de trabalho associou-se ao cronotipo
82
apresentado, havendo diferença na distribuição dos cronotipos por turno. Nos
resultados é possível observar que há maior proporção de indivíduos matutinos
nos plantões da manhã e no diurno de 12 horas e maior proporção de
indivíduos vespertinos e indiferentes no plantão noturno. No entanto, não
houve diferença estatisticamente significativa na distribuição de cronotipos nem
nas médias do MEQ nas diferentes categorias de enfermagem.
Na análise desses resultados, então, é possível afirmar que a maioria
dos sujeitos está alocada adequadamente nos turnos de trabalho, ainda que,
em todas as instituições pesquisadas, não haja avaliação da preferência
cronotípica para a alocação de profissionais de enfermagem nos diferentes
turnos. Essa concordância da preferência cronotípica com o horário trabalhado
é um fator positivo para a saúde e aspectos da qualidade de vida dos
profissionais, além do bom desempenho em seu trabalho, ao desenvolver os
cuidados de enfermagem(41).
Contudo, chama a atenção o fato de haver 17 profissionais (7,58%)
alocados em turnos inadequados a seu perfil cronotípico, embora não exista
diferença estatisticamente significativa na percepção de qualidade de vida geral
(Q1) e satisfação com o sono (Q16) nos indivíduos matutinos que trabalham
em plantões noturnos (Tabela 21). Porém, conforme estudos anteriores, os
tipos matutinos que estão escalados para trabalhar à noite e, da mesma forma,
os tipos vespertinos que desempenham suas atividades no horário da manhã,
não possuem uma boa adaptação, uma vez que seu ritmo endógeno
permanece dissociado de seu ritmo de trabalho. Isso pode levar à redução da
qualidade de sono, a não reparação do sono diurno, sobretudo para aqueles
que trabalham à noite e à sonolência excessiva durante o dia(75). Ademais, a
inadaptação ao turno de trabalho pode, além da dissociação dos ritmos
biológicos, afetar o aspecto social e psicológico desses profissionais, oriunda
do desnivelamento entre seu sistema circadiano e os sincronizadores
ambientais, o que, em médio e longo prazo, pode acarretar em perturbações de
desempenho no trabalho, na vida familiar e social e na saúde, ou seja, fatores
que são envolvidos diretamente na percepção de qualidade de vida. O sono,
associado à restauração das funções fisiológicas durante a noite, na ausência
de luminosidade, é um dos fatores mais importantes a serem estudados, pela
83
sua relevância na qualidade de vida e no trabalho, quando há o desequilíbrio
entre o cronotipo e o turno de trabalho(8).
O fato de não haver influência para a percepção de qualidade de vida
geral e satisfação com o sono àqueles sujeitos em turnos discordantes de sua
percepção cronotípica pode ser explicada pelo reduzido número de sujeitos
nessa situação, o que pode ter impedido uma diferença estatística significativa.
84
8 CONCLUSÃO
Conclui-se que os hábitos da vida diária, condições de saúde e o duplo
vínculo empregatício influenciaram diretamente na percepção de qualidade de
vida dos trabalhadores de UTI-Adulto.
A maioria dos sujeitos trabalhava durante o dia, em turnos fixos,
estavam naquele horário há mais dois anos e tinham apenas um vínculo
empregatício.
Entre os sujeitos que tinham mais de um emprego, a maioria tinha um
vínculo noturno e isso influenciou negativamente a percepção de qualidade de
vida geral, o domínio social e a satisfação com o sono.
Os indivíduos do plantão noturno referiram ter menor tempo médio de
sono por dia e mais da metade dos sujeitos referiu dormir seis horas ou cinco
horas ou menos por dia.
Quanto à preferência circadiana, os sujeitos classificados como
indiferentes constituíram a maioria e seguiu-se, portanto, uma tendência
populacional.
Grande parte dos indivíduos estava alocada em turnos de trabalho
concordantes com sua preferência circadiana.
Trabalhar no turno da manhã e pertencer à categoria de nível médio
influenciou negativamente a percepção de qualidade de vida para os
profissionais de enfermagem dessa área.
Na análise geral e dos domínios da qualidade de vida, o domínio meio
ambiente foi o pior avaliado e o domínio físico foi o melhor pontuado. Houve
predomínio, também, da percepção de qualidade de vida geral como boa ou
muito boa e de indivíduos satisfeitos ou muito satisfeitos com sua saúde.
Os indivíduos que praticavam atividade física tiveram melhor percepção
de qualidade de vida geral, maior satisfação com o sono e maiores escores em
todos os domínios.
85
Os sujeitos que consumiam algum tipo de substância estimulante
tiveram menor satisfação com a saúde e com o sono e os que admitiram ter
algum problema de saúde demonstraram menor satisfação com sua saúde e
tiveram menor percepção de qualidade de vida geral.
Em suma, conclui-se que o turno de trabalho e o tempo médio de sono
influenciaram diretamente a percepção de qualidade de vida, contudo, esta não
foi influenciada naqueles indivíduos em turno de trabalho discordante de sua
preferência circadiana.
O presente estudo apresenta limitações pelo fato de utilizar o
Morningness-Eveningness Questionnaire, o qual não é específico para análise
da preferência circadiana de trabalhadores de turno, sobretudo o turno noturno.
Isso pode ter influenciado no escore do cronotipo para esses trabalhadores,
devido às situações cotidianas simuladas nesse questionário. No entanto, não
há nenhum outro instrumento que seja validado para o português para esse
fim, o que limita os estudos de preferência circadiana em trabalhadores de
turno no Brasil.
Sugere-se que, com vistas a estes resultados, que as instituições
pesquisadas adotem rotinas de trabalho que permitam ao trabalhador noturno
ter pausas para descanso durante sua jornada, além da urgente
regulamentação da carga horária semanal da enfermagem, em trâmite nas
esferas federais há mais de 15 anos, o que permitiria maior tempo de descanso
no período intrajornadas. Ademais, a pesquisa da preferência circadiana para
alocação do trabalhador no horário mais adequado é uma política que deve ser
adotada nas instituições hospitalares, a fim de minimizar os impactos do
trabalho por turnos na saúde e qualidade de vida.
86
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97
APÊNDICE 1
Levantamento de Dados Individuais
Projeto: PERFIL CRONOBIOLÓGICO, SONO E QUALIDADE DE VIDA DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE TERAPIA INTENSIVA
Sujeito n°. Grupo (0) F (1) R Hospital
1. Gênero
( ) Masculino ( ) Feminino
2. Idade (anos):__________
3. Estado Marital
( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo
( ) União estável ( ) Separado ( ) Outros
4. Tem filhos? ( ) sim ( ) não Quantos:__________________
5. Grau de Escolaridade:
( ) Médio incompleto ( ) Médio completo ( ) Superior incompleto
( ) Superior completo ( ) Pós-graduação
6. Há quanto tempo você trabalha na área de enfermagem (anos)?
( ) < 1 ( ) > 1 e < 2 ( ) > 2 e < 5
( ) > 5 e < 10 ( ) > 10
7. Desse total, quanto tempo em UTI (anos)?
( ) < 1 ( ) > 1 e < 2 ( ) > 2 e < 5
( ) > 5 e < 10 ( ) > 10
8. Seu turno de trabalho nesta UTI é: ( ) fixo ( ) rotativo
Para uso do pesquisador
98
8.1. Se fixo, qual é o turno em que você trabalha nesta UTI?
( ) Matutino (6h) ( ) Vespertino (6h) ( ) Diurno (8h)
( ) Diurno (12h) ( ) Noturno (6h) ( ) Noturno (12h)
( ) Outro_________________________
9. Há quanto tempo está nesse horário (anos)?
( ) < 1 ( ) > 1 e < 2 ( ) > 2 e < 5
( ) > 5 e < 10 ( ) > 10
10. Possui quantos vínculos empregatícios?
( ) 1 ( ) 2 ( ) Mais que 2
10.1. Qual horário do turno no seu(s) outro(s) vínculo(s)?
( ) Matutino (6h) ( ) Vespertino (6h) ( ) Diurno (8h)
( ) Diurno (12h) ( ) Noturno (6h) ( ) Noturno (12h)
( ) Outro_________________________
11. Qual é o período de trabalho semanal (horas)?_____________________
12. Qual é a sua renda salarial mensal, considerando todos os vínculos?
( ) < 3 Salários mínimos ( ) > 3 e < 5 Salários mínimos
( ) > 5 e < 7 Salários mínimos ( ) > 7 Salários mínimos
13. Você está estudando no momento? ( ) sim ( ) não
13.1. Se sim, qual curso?___________________________________
13.2. Qual é a carga horária semanal (horas)?_________________________
13.3. Em qual horário? ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite
14. Você julga seu período de descanso semanal adequado, considerando atividades
como lazer e convívio familiar? ( ) sim ( ) não
99
15. Em geral, quanto tempo você dorme num período de 24h?
( ) < 5 horas ( ) 6 horas ( ) 7 horas
( ) 8 horas ( ) > 9 horas
16. Você faz ou já fez uso de medicamentos ou substâncias estimulantes (p.ex. café,
energéticos, inibidores de sono) de forma frequente? ( ) sim ( ) não
16.1. Se sim, qual(is)?____________________________________________
17. Você faz ou já fez uso de medicamentos ou substâncias indutoras do sono de
forma frequente? ( ) sim ( ) não
17.1. Se sim, qual(is)?____________________________________________
18. Você tem algum problema de saúde? ( ) sim ( ) não
18.1. Se sim, qual(is)?____________________________________________
19. Você considera-se fumante?
( ) Sim ( ) Não ( ) Sou Ex-Fumante
20. Você considera-se etilista?
( ) Sim ( ) Não ( ) Sou Ex-Etilista
21. Você pratica atividade física regularmente?
( ) Sim ( ) Não
21.1. Frequência de exercícios físicos semanal: _________________ dias/semana
Muito obrigado pela sua participação!
100
ANEXO 1
Questionário de Qualidade de Vida - WHOQOL-Bref
Instruções:
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem certeza
sobre qual resposta dar em uma questão, por favor, escolha, entre as alternativas, a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha. Por favor, tenha
em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas.
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule o número que lhe parece a melhor resposta.
Muito Ruim Ruim
Nem Ruim Nem Boa
Boa Muito Boa
1
Como você avaliaria sua qualidade de
vida?
1 2 3 4 5
Muito
Insatisfeito Insatisfeito
Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito
Satisfeito Muito
Satisfeito
2 Quão satisfeito(a)
você está com sua saúde?
1 2 3 4 5
101
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.
Nada
Muito Pouco
Mais ou Menos
Bastante Extrema-
mente
3
Em que medida você acha que
sua dor (física) te impede de fazer o que você precisa?
1 2 3 4 5
4
O quanto você precisa de um
tratamento médico para levar sua vida diária?
1 2 3 4 5
5 O quanto você aproveita sua
vida? 1 2 3 4 5
6
Em que medida você acha que a
sua vida tem sentido?
1 2 3 4 5
7 O quanto você consegue se concentrar?
1 2 3 4 5
8 Quão seguro(a)
você se sente em sua vida diária?
1 2 3 4 5
9
Quão saudável é o seu ambiente
físico (clima, barulho, poluição,
atrativos)?
1 2 3 4 5
102
As questões seguintes perguntam sobre o quão completamente você tem se sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.
Nada
Muito Pouco
Médio Muito Completa-
mente
10 Você tem energia
suficiente para seu dia-a-dia?
1 2 3 4 5
11 Você é capaz de
aceitar sua aparência física?
1 2 3 4 5
12
Você tem dinheiro suficiente
para satisfazer suas
necessidades?
1 2 3 4 5
13
Quão disponíveis para você estão
as informações de que precisa no seu dia-a-dia?
1 2 3 4 5
14
Em que medida você tem
oportunidade de lazer?
1 2 3 4 5
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos da sua vida nas últimas duas semanas.
Muito Ruim Ruim
Nem Bom Nem Ruim
Bom Muito Bom
15 Quão bem você é
capaz de se locomover?
1 2 3 4 5
103
Muito
Insatisfeito Insatisfeito
Nem Satisfeito
Nem Insatisfeito
Satisfeito Muito
Satisfeito
16 Quão satisfeito(a)
você está com seu sono?
1 2 3 4 5
17
Quão satisfeito(a) você está com
sua capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia?
1 2 3 4 5
18
Quão satisfeito(a) você está com
sua capacidade para o trabalho?
1 2 3 4 5
19
Quão satisfeito(a) você está com
consigo mesmo(a)?
1 2 3 4 5
20
Quão satisfeito(a) você está com suas relações
pessoais (amigos, parentes,
conhecidos, colegas)?
1 2 3 4 5
21 Quão satisfeito(a)
você está com sua vida sexual?
1 2 3 4 5
22
Quão satisfeito(a) você está com o apoio que recebe de seus amigos?
1 2 3 4 5
23
Quão satisfeito(a) você está com as condições do local
onde mora?
1 2 3 4 5
24
Quão satisfeito(a) você está com o seu acesso aos
serviços de saúde?
1 2 3 4 5
104
25
Quão satisfeito(a) você está com seu meio de transporte?
1 2 3 4 5
A questão seguinte refere-se acom que frequência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.
Nunca
Algumas Vezes
Frequente- mente
Muito Frequente
Sempre
26
Com que frequência você tem sentimentos negativos, tais
como mau humor, desespero,
ansiedade ou depressão?
1 2 3 4 5
Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?
Quanto tempo você levou para preencher este questionário?
Você tem algum comentário sobre este questionário?
OBRIGADO PELA COLABORAÇÃO!
105
ANEXO 2
QUESTIONÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE INDIVÍDUOS MATUTINOS E
VESPERTINOS
1. Considerando apenas o seu bem-estar pessoal e com liberdade total de planejar o
seu dia, a que horas você se levantaria?
Entre 5h e 6h30 (5);
Entre 6h30 e 7h45 (4);
Entre 7h45 e 9h45 (3);
Entre 9h45 e 11h (2);
Entre 11h e 12h (1);
2. Considerando apenas o seu bem-estar pessoal e com liberdade total de planejar
sua noite, a que horas você se deitaria?
Entre 20h e 21h (5);
Entre 21h e 22h15 (4);
Entre 22h15 e 00h30 (3);
Entre 00h30 e 1h45 (2);
Entre 1h45 e 3h (1);
3. Até que ponto você depende do despertador para acordar de manhã?
Nada dependente (4);
Não muito dependente (3);
Razoavelmente dependente (2);
Muito dependente (1);
4. Você acha fácil acordar de manhã?
Nada fácil (1);
Não muito fácil (2);
Razoavelmente fácil (3);
Muito fácil (4);
5. Você se sente alerta durante a primeira meia hora depois de acordar?
Nada alerta (1);
Não muito alerta (2);
Razoavelmente alerta (3);
Muito alerta (4);
6. Como é o seu apetite durante a primeira meia hora depois de acordar?
Muito ruim (1);
Não muito ruim (2);
Razoavelmente bom (3);
Muito bom (4);
106
7. Durante a primeira meia hora depois de acordar, você se sente cansado?
Muito cansado (1);
Não muito cansado (2);
Razoavelmente em forma (3);
Em plena forma (4);
8. Se você não tem compromisso no dia seguinte e, comparando com sua hora
habitual, a que horas você gostaria de ir deitar?
Nunca mais tarde (4);
Menos que uma hora mais tarde (3);
Entre uma e duas horas mais tarde (2);
Mais do que duas horas mais tarde (1);
9. Você decidiu fazer exercícios físicos. Um amigo sugeriu o horário das 7h às 8h,
duas vezes por semana. Considerando apenas o seu bem-estar pessoal, o que você
acha de fazer exercícios nesse horário?
Estaria em boa forma (1);
Estaria razoavelmente em forma (2);
Acharia isso difícil (3);
Acharia isso muito difícil (4);
10. A que horas da noite você se sente cansado e com vontade de dormir?
Entre 20h e 21h (5);
Entre 21h e 22h15 (4);
Entre 22h15 e 00h45 (3);
Entre 00h45 e 2h (2);
Entre 2h e 3h (1);
11. Você quer estar no máximo de sua forma para fazer um teste que dura duas horas
e que você sabe que é mentalmente cansativo. Considerando apenas o seu bem-estar
pessoal, qual destes horários você escolheria para fazer esse teste?
Das 8h às 10h (6);
Das 11h às 13h (4);
Das 15h às 17h (2);
Das 19h às 21h (0);
12. Se você fosse se deitar às 23h, em que nível de cansaço você se sentiria?
Nada cansado (0);
Um pouco cansado (2);
Razoavelmente cansado (3);
Muito cansado (5);
107
13. Por alguma razão você foi dormir várias horas mais tarde do que é seu costume.
Se, no dia seguinte, você não tiver hora certa para acordar, o que aconteceria com
você?
Acordaria na hora normal, sem sono (4);
Acordaria na hora normal, com sono (3);
Acordaria na hora normal e dormiria novamente (2);
Acordaria mais tarde do que seu costume (1);
14. Se você tiver que ficar acordado das 4h às 6h para realizar uma tarefa e não tiver
compromissos no dia seguinte, o que você faria?
Só dormiria depois de fazer a tarefa (4);
Tiraria uma soneca antes e dormiria depois (3);
Dormiria bastante antes e tiraria uma soneca depois (2);
Só dormiria antes de fazer a tarefa (1);
15. Se você tiver que fazer duas horas de exercício físico pesado e considerando
apenas o seu bem-estar pessoal, qual destes horários você escolheria?
Das 8h às 10h (4);
Das 11h às 13h (3);
Das 15h às 17h (2);
Das 19h às 21h (1);
16. Você decidiu fazer exercícios físicos. Um amigo sugeriu o horário das 22h às 23h,
duas vezes por semana. Considerando apenas seu bem-estar pessoal, o que você
acha de fazer exercícios nesse horário?
Estaria em boa forma (1);
Estaria razoavelmente em forma (2);
Acharia isso difícil (3);
Acharia isso muito difícil (4);
17. Suponha que você possa escolher o seu próprio horário de trabalho e que você
deva trabalhar cinco horas seguidas por dia. Imagine que seja um serviço interessante
e que você ganhe por produção. Qual o horário que você escolheria? (Marque a hora
do início).
18. A que horas do dia você atinge seu melhor momento de bem-estar?
Entre 5h e 8h (5);
Entre 8h e 10h (4);
Entre 10 e 17h (3);
Entre 17h e 22h (2);
Entre 00h e 5h (1);
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
1 5 4 3 2 1
108
19. Fala-se em pessoas matutinas e vespertinas. As primeiras gostam de acordar
cedo e dormir cedo, as segundas, de acordar tarde e dormir tarde. Com qual desses
tipos você se identifica?
Matutino (6);
Mais matutino que vespertino (4);
Mais vespertino que matutino (2);
Vespertino (0).
ESCORE TOTAL:______________________
109
ANEXO 3