UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR CURSO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO SOLUÇÃO DE NAVEGAÇÃO EM WEBSITES PARA DEFICIENTES VISUAIS Área de Sistemas de Informação por Rodrigo Della Pasqua Paulo Roberto Riccioni Gonçalves, M. Sc. Orientador Itajaí (SC), Junho de 2007.
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR
CURSO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
SOLUÇÃO DE NAVEGAÇÃO EM WEBSITES PARA DEFICIENTES VISUAIS
Área de Sistemas de Informação
por
Rodrigo Della Pasqua
Paulo Roberto Riccioni Gonçalves, M. Sc. Orientador
Itajaí (SC), Junho de 2007.
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR
CURSO DE CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
SOLUÇÃO DE NAVEGAÇÃO EM WEBSITES PARA DEFICIENTES VISUAIS
Área de Sistemas de Informação
por
Rodrigo Della Pasqua
Relatório apresentado à Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão do Curso de Ciência da Computação para análise e aprovação. Orientador: Paulo Roberto Riccioni Gonçalves, M. Sc.
Itajaí (SC), Junho de 2007.
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SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................... v
LISTA DE FIGURAS ........................................................................ vi LISTA DE TABELAS.......................................................................vii RESUMO...........................................................................................viii ABSTRACT ........................................................................................ ix
3.1 MODELO DE AMBIENTE PROPOSTO - NAVEGAÇÃO WEB PARA DEFICIENTES VISUAIS ..............................................................................36 3.2 CONVERSÃO DE TEXTO EM ÁUDIO ...............................................38 3.3 PRÉ-REQUISITOS .................................................................................39 3.4 MODELAGEM........................................................................................40 3.4.1 Caso de Uso ...........................................................................................40 3.4.2 Requisitos Funcionais e Não Funcionais .............................................41 3.4.3 Outros Diagramas.................................................................................41 3.5 DIFICULDADES ENCONTRADAS......................................................41 3.6 PERSPECTIVAS FUTURAS .................................................................42
A MODELAGEM ............................................................................46 A.1 CASO DE USO .........................................................................................46 A.2 DIAGRAMA DE ROBUSTEZ ................................................................49 A.3 DIAGRAMA DE CLASSES ....................................................................50 A.4 DIAGRAMA DE SEQUÊNCIA...............................................................51
v
LISTA DE ABREVIATURAS
ADA American with Disabilities Act ASCII American Standard Code for Information Interchange CANTIC Centro de Acessibilidade às Novas Tecnologias de Informação e
Comunicação para pessoas com deficiência CD-ROM Compact Disk - Read Only Memory CGI.br Comitê Gestor da Internet no Brasil CIC Centros de Informação e Convivência GUIA Grupo Português pelas Iniciativas em Acessibilidade HTML Hypertext Markup Language HTTP HyperText Transfer Protocol IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBM International Business Machine ICIDH International Classification of Impairments, Disabilities and
Handicaps INRIA Institut National de Recherche en Informatique et Automatique ISO International Standards Organization J2SDK Java 2 Software Development Kit JRE Java Runtime Environment JVM Java Virtual Machine LCS Laboratory for Computer Science MB Megabyte MHz Megahertz MIT Massachusetts Institute of Technology MP3 Moving Picture Experts Group 1 (MPEG) Audio Layer 3 NCAM National Center for Accessible Media OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas PC Personal Computer PDF Portable Document Format RAM Random Access Memory SIDAR Seminario Iberoamericano sobre Discapacidad y Accesibilidad en la
Red TCC Trabalho de Conclusão de Curso UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí USB Universal Serial Bus UTAD Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro W3C World Wide Web Consortium WAI Web Accessibility Initiative
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Desafios para Inclusão Digital ........................................................................................ 14 Figura 2. Símbolo da Acessibilidade na Web................................................................................. 25 Figura 1. Caso de uso “Digitar opção do menu”................................................................................38
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Tabela comparativa entre soluções para navegação na Internet ........................................25
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RESUMO
DELLA PASQUA, Rodrigo. Solução de Navegação em Websites para Deficientes Visuais. Itajaí, 2007. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciência da Computação)–Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2007. Segundo o SERPRO (2006), o uso da Internet está, cada vez mais, em todas as áreas da
sociedade, tornando-a um importante recurso para educação, governo, entretenimento,
comunicação e comércio. Em média, 10% da população mundial são de pessoas com
deficiências e segundo os dados estatísticos do censo 2000 do IBGE, o Brasil possui 24,6
milhões de pessoas com deficiência, sendo 16,6 milhões com algum grau de deficiência
visual. O benefício do uso da Internet, como a possibilidade da troca de informações de
maneira rápida e eficiente, deve estar disponível também para estes cidadãos, pois os
deficientes visuais atualmente têm grandes dificuldades para navegação em websites que, em
sua grande maioria, são criados para pessoas sem restrições. Existem atualmente algumas
soluções para navegação web, mas estas acabam encontrando grandes empecilhos para fazer a
leitura dos websites, tornando a navegação e a conseqüente aquisição de conhecimento muitas
vezes impossível para um deficiente visual. Portanto, este trabalho apresenta o
desenvolvimento de uma ferramenta para promover a inclusão digital dos deficientes visuais
através da elaboração de uma solução que transforme o acesso às informações da Internet um
hábito normal e fácil de ser executado. Esta solução se baseia em uma ferramenta
desenvolvida na linguagem Java com a capacidade de transformar todo conteúdo texto de um
website em áudio, possibilitando assim, que um deficiente visual consiga o acesso ao
conteúdo de uma forma fácil e acessível. Desta forma, o trabalho pretende oferecer uma nova
vertente para aquisição de conhecimento pelos deficientes visuais, além de uma mudança em
seus hábitos e sua vida, com uma nova ferramenta que o trata como uma pessoa comum.
According to SERPRO (2006), the use of the Internet is, each time more, in all the areas of
the society, becoming it an important resource for education, government, entertainment,
communication and commerce. In average, 10% of the world-wide population are of people
with deficiencies and according to statistical data of census 2000 of the IBGE, Brazil possess
24,6 million people with deficiency, being 16,6 million with some degree of visual deficiency.
The benefit of the use of the Internet, as the possibility of the exchange of information in fast
and efficient way, must be available also for these citizens, therefore people who have visual
deficiency currently have great difficulties for navigation in websites that, in its great
majority, are created for people without restrictions. Some solutions for navigation exist
currently web, but these finish finding great dificulty to make the reading of the websites,
becoming the navigation and the consequent acquisition of knowledge many times impossible
for a people who have visual deficiency. Therefore, this work presents the development of a
tool to promote the digital inclusion of the people who have visual deficiency through the
elaboration of a solution that transforms the access to the information of the Internet a normal
and easy habit of being executed. This solution if bases on a tool developed in the Java
language with the capacity to transform all content text of a website into audio, thus making
possible, that a people who have visual deficiency obtains the access to the content of an easy
and accessible form. Of this form, the work intends to offer a new source for acquisition of
knowledge for the people who have visual deficiency, beyond a change in its habits and its
life, with a new tool that treats it as a common person.
Keywords: Visual Disability. Technology of Support. Navigation web.
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1 INTRODUÇÃO
O projeto baseia-se no desenvolvimento de uma solução inovadora e de fácil acesso, para que
pessoas com necessidades especiais possam navegar em websites. O foco é uma solução para
pessoas com deficiência visual capaz de prover o acesso às informações da Internet de uma
forma fácil e rápida.
Atualmente existem diversas soluções disponíveis no mercado e de forma gratuita para
deficientes visuais, mas infelizmente ainda são softwares complicados no quesito navegação
web, e muitas vezes é necessária a participação em cursos por parte do deficiente para
aprender a utilizar o sistema.
O objetivo é apresentar um website audível, na qual sua navegação é somente por meio do
teclado numérico e, além disso, sua forma visual é apresentada normalmente aos usuários,
tornando possível a navegação de deficientes ou não, ou ainda a utilização de instrutores para
pessoas com maiores dificuldades.
O projeto trata o deficiente visual como uma pessoa sem restrições, que poderá ir a qualquer
Cyber Café e navegar normalmente, consultando notícias e novidades do mundo automotivo,
por exemplo. Tudo isso sem a necessidade de softwares especiais para leitura de tela, cursos,
manuais ou qualquer estrutura especial para a navegação.
O projeto envolve uma pesquisa social em fundações de educação especial, técnicas atuais
para navegação em websites, pesquisa na área de pedagogia, fonoaudiologia, tudo em busca
da melhor forma possível para tornar o conteúdo da Internet acessível também a pessoas com
necessidades especiais.
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO
1.1.1 Formulação do Problema
Deficientes visuais atualmente têm grandes dificuldades para navegação em websites, pois
estes, em sua grande maioria, são criados para pessoas sem restrições. Existem atualmente
algumas soluções para navegação web, mas estas acabam encontrando grandes empecilhos
para fazer a leitura dos websites, tornando a navegação e a conseqüente aquisição de
conhecimento muitas vezes impossível para um deficiente visual.
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Os deficientes visuais precisam de softwares especiais, cursos, manuais e vários outros
recursos, muitas vezes somente para aprender a navegar em websites. Estas dificuldades
acabam afastando estas pessoas da informação e resultam, de certa forma, em uma exclusão
digital.
1.1.2 Solução Proposta
Este trabalho se limita ao desenvolvimento de uma proposta de navegação em um portal de
notícias, sendo este dividido por canais ou categorias que identificam seus temas.
Inicialmente, uma aplicação em linguagem Java é carregada para informar via áudio as
instruções de navegação e os canais disponíveis. Posteriormente, após a navegação neste
menu, as notícias selecionadas pelo usuário serão informadas também via áudio.
A tecnologia envolvida no contexto do projeto é a Tecnologia Java, mais especificamente
Java Applet.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Este trabalho tem como objetivo propor uma solução de navegação na web para deficientes
visuais através de uma ferramenta para navegação auditiva.
1.2.2 Objetivos específicos
• Conhecer as tecnologias e metodologias para passagem de conhecimento aos
portadores de deficiência visual;
• Elaborar uma proposta de implementação que auxilie deficientes visuais na navegação
em websites;
• Facilitar aos deficientes visuais o acesso à informação disponível na Internet, sem a
necessidade de recursos extras, como cursos, softwares leitores de telas ou qualquer
estrutura especial;
• Implementar o trabalho proposto com uso de tecnologia WEB;
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• Elaborar uma estrutura que indique as opções de navegação por meio de áudio e
capture as escolhas do usuário através do teclado numérico; e
• Disponibilizar aos deficientes visuais uma nova forma de inclusão digital, oferecendo
os mesmos, outra opção para adquirir conhecimento.
1.3 METODOLOGIA
Primeiramente foi desenvolvida uma pesquisa a respeito das soluções para deficientes visuais
mais populares para navegação em websites, com análise de características ergonômicas,
análise de custos, pontos positivos e negativos de cada solução.
Em uma segunda etapa, foi desenvolvida uma pesquisa em fundações de educação especial e
instituições relacionadas em busca de opiniões, sugestões e críticas para conseguir chegar à
solução mais adequada para os problemas de navegação na Internet dos deficientes visuais.
Quando a melhor solução estava definida, esta foi modelada computacionalmente e
totalmente documentada para iniciar a fase de desenvolvimento.
O desenvolvimento foi efetuado utilizando a tecnologia Java e esta fase foi concluída após
diversos testes e validação da ferramenta.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este documento está estruturado em cinco capítulos. O Capítulo 1, Introdução, apresentou
uma visão geral do trabalho, seus objetivos e os motivos da pesquisa. No Capítulo 2,
Fundamentação Teórica, é apresentado o conceito e uma análise da Inclusão Digital, assim
como da Deficiência Visual no Brasil. Neste capítulo, também é feita uma descrição das
Tecnologias Assistivas atuais disponíveis para os Deficientes Visuais, além de conceituar os
termos Acessibilidade, Usabilidade e a tecnologia utilizada no trabalho - Java. O Capítulo 3,
Desenvolvimento, apresenta o projeto detalhado do sistema desenvolvido, incluindo sua
especificação e a sua modelagem em UML. O capítulo também discute sobre a
implementação do sistema proposto, com a apresentação da metodologia utilizada no
desenvolvimento, seus pré-requisitos e exemplo de funcionamento. Concluindo, no Capítulo
4, apresentam-se as considerações finais, onde são abordados os resultados esperados do
trabalho.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 INCLUSÃO DIGITAL
O acesso à tecnologia da Informação é possível somente para um grupo seleto da sociedade,
que obtém informações via Internet. Esta, como meio de comunicação, assume no mundo um
papel essencial no desenvolvimento da sociedade.
Neste contexto, constata-se que a inclusão digital é uma demanda atualmente, pois se vive na
era da informação e mesmo com os questionamentos sobre as mudanças causadas na
sociedade pela utilização de tecnologias da informação e comunicação, é notável o impacto
que estas tecnologias causam de forma significativa nas relações sociais, econômicas,
políticas e culturais. (SILVEIRA, 2001)
De acordo com SILVINO (2004), a Internet “permite um novo padrão de comunicação, uma
sociedade em rede, com oferta de produtos, serviços, informação e conhecimento em
diferentes níveis. É a possibilidade de uma comunicação globalizada, em que a ausência se
torna outra forma de segregação social”.
Esta tecnologia causa implicitamente a exclusão digital dentro da sociedade, ou seja,
desigualdades tecnológicas, falta de acesso à informação, pouca infra-estrutura solidária para
utilização das tecnologias da informação e comunicação, e não só de pessoas portadoras de
deficiência, mas também de uma grande parte da sociedade que não dispõe de condições para
reverter esta situação.
MIRANDA (2002) acredita que a inclusão digital provê a diminuição da “exclusão sócio-
econômica”, portanto, a inclusão digital implica na inclusão social. Para que isto se torne
realidade e para que o direito de acesso ao mundo digital seja garantido para toda população,
várias ações referentes à inclusão digital estão sendo tomadas e, algumas delas, são integradas
em esferas Federais, Estaduais e Municipais.
A respeito da inclusão digital, SILVEIRA (2001) faz a seguinte colocação:
“A Internet permite aumentar o armazenamento, o processamento e a análise de informações, realizar bilhões de relações entre milhares de dados por segundo... A revolução tecnológica amplia exponencialmente as diferenças na capacidade de tratar informações e transformá-las em conhecimento. Por isso, essa revolução, não apenas pode consolidar desigualdades sociais, como também elevá-las, pois aprofunda o distanciamento cognitivo entre aqueles que já convivem com ela e os que dela estão apartados”
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De acordo com o CGI.br - Comitê Gestor da Internet no Brasil, o acesso e utilização do
computador e da Internet no Brasil depende principalmente do nível sócio-econômico das
pessoas, renda familiar e região onde vivem. A utilização de computador e Internet se
concentram nos indivíduos de famílias mais ricas e que moram em regiões mais ricas. Além
disso, pessoas mais jovens utilizam mais o computador e Internet em relação às pessoas mais
idosas.
As pesquisas realizadas pelo CGI.br (2006) constatam que:
Quanto ao uso do Computador:
• 55% da população brasileira nunca utilizou um computador;
• 16,6% da população brasileira possui um computador em casa;
• 30% da população brasileira utilizou um computador nos últimos três meses;
• 13,8% da população brasileira usa computador diariamente.
Quanto ao uso da Internet:
• 68% da população brasileira nunca utilizou a Internet;
• 24% da população brasileira utilizou nos últimos três meses;
• 9,6% da população brasileira usa a Internet diariamente;
• 41% da população brasileira utiliza a Internet para atividades educacionais;
• 32% da população brasileira utiliza a Internet para fins pessoais;
• 26% da população brasileira utiliza a Internet para trabalho.
Segundo SILVINO (2004), a Figura 1 mostra as ações mais freqüentes para o favorecimento
da inclusão digital:
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Figura 2. Desafios para Inclusão Digital Fonte: SILVINO e ABRAHÃO (2003)
Para promover a inclusão digital, deve-se inicialmente favorecer o acesso às tecnologias de
informação e comunicação, com o objetivo de, conseqüentemente, reduzir o analfabetismo
digital da sociedade. Além disso, deve-se prover interfaces com boa acessibilidade e
usabilidade para garantir um correto aprendizado e fácil acesso aos objetivos do usuário. Com
estas ações cumpridas, a sociedade em geral estará mais próxima da inclusão digital e
conseqüente inclusão social.
A inclusão digital, de acordo com MIRANDA (2002), não deve tratar somente da
disponibilidade de recursos de tecnologia de informação e comunicação, mas também da
eliminação de barreiras arquitetônicas, de comunicação e de acesso físico para pessoas com
determinadas deficiências. Assim, será possível promover a equiparação de oportunidades de
acesso ao mercado de trabalho através de adequação de recursos físicos, tecnológicos e
humanos.
2.2 DEFICIÊNCIA VISUAL
Temos presente na sociedade diversos tipos de deficiência, e estas foram classificadas pela
Organização Mundial da Saúde através do documento ICIDH - International classification of
impairments, disabilities, and handicaps. Este documento possui uma proposta de
classificação da conceituação de deficiência e, com objetividade e uma hierarquia de
intensidade, estabelece uma escala de deficiências de acordo com o nível de dependência e
limitação. Seguem abaixo as classificações de acordo com AMIRALIAN (2000):
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Deficiência (Impairment): perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica, temporária ou permanente. Podemos citar como exemplos a
ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer outra
estrutura do corpo, inclusive das funções mentais. Representa a exteriorização de um estado
patológico, refletindo um distúrbio orgânico, uma perturbação no órgão.
Incapacidade (Disability): restrição, resultante de uma deficiência, da habilidade para
desempenhar uma atividade considerada natural para o ser humano. Surge como conseqüência
direta ou é resposta do indivíduo a uma deficiência psicológica, física, sensorial ou outra.
Representa a objetivação da deficiência e reflete os distúrbios da própria pessoa nas atividades
e comportamentos essenciais à vida diária.
Desvantagem (Handicap): prejuízo para o indivíduo, resultante de uma deficiência ou uma
incapacidade, que limita ou impede o desempenho de papéis de acordo com a idade, sexo,
fatores sociais e culturais Caracteriza-se por uma discordância entre a capacidade individual
de realização e as expectativas do indivíduo ou do seu grupo social. Representa a socialização
da deficiência e relaciona-se às dificuldades nas habilidades de sobrevivência.
Em relação ao conceito de deficiência visual, este é muito abrangente, e conforme
MIRANDA (2002), inclui desde a chamada visão em tubo - redução do campo visual e de
visão periférica, quando toma as bordas da visão, até a falta de acuidade - conceito utilizado
para qualificar a precisão, capacidade ou nitidez da visão. Também pode-se considerar como
deficiência visual a dificuldade para distinguir cores, a sensibilidade excessiva à luz ou
cegueira noturna.
Segundo MASINI (1994), educacionalmente os deficientes visuais são divididos em dois
grupos: cegos e portadores de visão subnormal. Tradicionalmente a classificação tem sido
feita a partir da acuidade visual, sendo cego àquele que dispõe de 20/200 de visão no melhor
olho, após correção; e portador de visão subnormal aquele que dispõe de 20/70 de visão nas
mesmas condições.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1% da população
mundial apresenta algum grau de deficiência visual e mais de 90% dos portadores de
deficiência encontram-se nos países em desenvolvimento.
Segundo dados do IBGE, o Censo 2000 mostra que aproximadamente 24,6 milhões de
pessoas, ou seja, 14,5% da população total do Brasil, apresentam algum tipo de incapacidade
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ou deficiência. Entre estas pessoas, são 16,6 milhões com algum grau de deficiência visual,
sendo que 150 mil pessoas já se declararam cegos.
Estima-se que no Brasil aproximadamente 3.000 deficientes visuais têm acesso ao
computador e a Internet. Entre estes, existem pessoas em cursos superiores, ou que já
completaram sua formação superior e, “devido às dificuldades de acesso à tecnologia, estes se
vêem, muitas vezes privados de meios para continuarem seus estudos ou exercerem sua
profissão”. (MIRANDA, 2002)
Vários fatores dificultam ou comprometem a aquisição de conhecimento pelos deficientes
visuais. A falta de material ampliado ou em relevo, livros transcritos para o Braille, livros
sonoros e a insuficiência e precariedade de serviços especializados continuam aumentando a
exclusão digital e social destas pessoas.
Os sistemas web atualmente precisam ser mais acessíveis, para que “indivíduos com
necessidades especiais, em diferentes ambientes e situações, através de diferentes
equipamentos e navegadores, consigam acessar informações”. (GODINHO, 2001)
Em relação à história dos deficientes visuais no Brasil, pode-se observar que as primeiras
iniciativas que aconteceram em relação à educação dos mesmos ocorreram em 12 de setembro
de 1854, quando o Imperador Pedro II baixou o decreto Imperial n° 1428, fundando o
Imperial Instituto de Meninos Cegos. Este instituto foi o marco inicial da educação de
deficientes visuais no Brasil e América Latina. (MASINI, 1994)
O instituto recebeu o nome de Benjamin Constant após o início da República no Brasil, e foi a
única instituição responsável pela educação dos deficientes visuais no Brasil até 1926, quando
foi inaugurado o Instituto São Rafael, em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais.
(MASINI, 1994)
De acordo com muitos pesquisadores e educadores cerca de 85% do aprendizado é feito de
forma visual. Portanto, como uma pessoa cega está privada deste tipo de recurso, Telford e
Sawrey (1974) citam que “a adaptação para sua educação exige transferência de visão para os
sentidos auditivo, tátil, sinestésico, como vias de instrução, aprendizagem, orientação”.
2.3 TECNOLOGIAS ASSISTIVAS
Tecnologias Assistivas são tecnologias de apoio com o intuito de quebrar barreiras, prover
recursos e serviços para proporcionar ou ampliar as habilidades de pessoas com deficiência.
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São diversos recursos disponíveis atualmente que abrangem e auxiliam os mais diversos tipos
de deficiências, como cadeiras de rodas, telefones especiais, softwares etc.
Formalmente, as tecnologias assistivas são definidas como “dispositivos que correspondem a
qualquer item, peça de equipamento ou sistema de produtos, adquirido comercialmente ou
desenvolvido artesanalmente, produzido em série, modificado ou feito sob medida, que é
usado para aumentar, manter ou melhorar habilidades de pessoas com limitações funcionais,
sejam físicas ou sensoriais”. (DATI, 2002)
De acordo com o ADA1 - American with Disabilities Act, que consiste em um conjunto de
leis regulamentadoras dos direitos dos cidadãos deficientes dos Estados Unidos, a tecnologia
assistiva se compõe de recursos e serviços, sendo ambos detalhados a seguir:
Recursos: Podem variar entre softwares especiais, hardwares, roupas, bengalas, equipamentos
de comunicação, para escuta ou auxílios visuais, ou seja, “todo e qualquer item, equipamento
ou parte dele, produto ou sistema fabricado em série ou sob-medida utilizado para aumentar,
manter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficiência”.
Serviços: São prestados aos deficientes por meio de profissionais, como por exemplo,
treinamentos, avaliações, experiências, ou seja, “aqueles que auxiliam diretamente uma
pessoa com deficiência a selecionar, comprar ou usar recursos”.
Com a utilização de tecnologias assistivas, os deficientes visuais conseguem usufruir do
computador, fazer o acesso a páginas e navegar na Internet. Portanto, por meio delas, algumas
barreiras podem ser quebradas com a utilização de softwares leitores de tela, navegadores
textuais ou navegadores com voz, em vez de utilizar um navegador comum com interface
gráfica.
A seguir são citadas as principais tecnologias assistivas que auxiliam os deficientes visuais na
utilização do computador:
Leitor de Tela: é um software que interpreta o texto que está sendo visualizado na tela do
computador, além de transformar em voz tudo o que é digitado – os caracteres digitados são
soletrados pelo computador. A saída desta informação é feita através de um sintetizador de
voz ou um display Braille. Na prática, o leitor de tela “fala” o texto apresentado para o usuário
ou dispõe em Braille através de um dispositivo onde os pontos são salientados ou rebaixados
1 Importante elemento jurídico dentro da legislação norte-americana conhecida como Public Law, que compõe, com outras leis, o ADA - American with Disabilities Act.
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para permitir a leitura. (SERPRO, 2006).
Os softwares leitores de tela são utilizados principalmente por cegos ou pessoas com uma
deficiência visual elevada e possuem uma grande quantidade de adeptos devido ao seu baixo
custo em relação às outras soluções para deficientes visuais. Vale lembrar que este custo varia
de acordo com o nível de qualidade do software leitor de tela.
Navegador Textual: é um navegador que apresenta o conteúdo dos websites de forma textual -
somente. Portanto, imagens não são consideradas, somente o conteúdo texto. Inclusive, este
tipo de navegador é muito utilizado em conjunto com o software leitor de tela, pois em ambos
as imagens são desconsideradas e com isso, o leitor de tela consegue trabalhar de forma
otimizada, podendo ser utilizado em conexões mais simples com a Internet e em
computadores com baixos recursos de hardware disponíveis.
Navegador com Voz: é um sistema que permite a navegação orientada pela voz. Alguns
navegadores contemplam o reconhecimento de voz e apresentação do conteúdo com som, mas
ainda possuem várias limitações.
Um exemplo é o recém lançado navegador Opera – disponível em www.opera.com, que
aceita comandos de voz para navegar entre os links da página, ir para página inicial do
navegador, atualizar a página que está sendo visualizada, fazer a leitura de blocos de textos
mostrados na página, entre várias outras funcionalidades. Está disponível somente para
Windows 2000 e XP, além de outras restrições, como o dicionário ser na língua inglesa, ou
seja, todos os comandos devem ser informados em inglês.
Ampliadores de Tela: são softwares utilizados por pessoas com visão subnormal, e se baseiam
em aumentar os caracteres e gráficos apresentados no monitor.
De acordo com BONATTO (2003), consistem em dois tipos de sistemas de ampliação de tela:
• Lentes de Aumento: estes sistemas possuem uma forma retangular e ampliam apenas
uma parte da tela. Podem ser movidos para a área a ser ampliada, mas acabam fazendo
com que a visão de conjunto da tela desapareça, pois a ampliação será por partes.
• Ampliação de Tela: são sistemas que fazem a ampliação de toda informação
visualizada na tela do computador.
Algumas características comuns no desenvolvimento de páginas para a Internet podem
ser contornadas com a utilização de um software ampliador de tela. Estas podem ser
desenvolvidas com o tamanho de fonte fixo, sem permitir sua alteração pelo usuário
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através do navegador. Portanto, com um ampliador de tela, todo conjunto é ampliado e
a visualização pode ser feita sem problemas.
Além disso, os softwares ampliadores de tela geralmente são utilizados em conjunto
com um monitor de tamanho maior, de acordo com a necessidade do deficiente.
Sistemas de Saída em Braille: De acordo com BONATTO (2003), estes sistemas são
divididos em dois grupos:
Impressoras em Braille: é uma tecnologia que permite a impressão de textos eletrônicos no
formato Braille. Podem ser utilizadas por deficientes visuais e até cegos, pois possui um
painel de comandos em Braille e algumas aceitam comandos de voz para realizar suas
funções.
Podem ser ligadas normalmente em computadores através de porta serial ou paralela e,
algumas aceitam como entrada de dados folhas escritas a mão ou impressas, fazem sua leitura
e em seguida a impressão do mesmo conteúdo em Braille. O custo de uma impressora em
Braille importada é em média de R$ 40 mil, mas já temos iniciativas nacionais que pretendem
baixar o custo para aproximadamente R$ 3 mil. (AME, 2006).
Terminais de Acesso em Braille (Display Braille): podem reproduzir em Braille os textos
mostrados na tela do computador. É um dispositivo composto por uma fila de células
eletrônicas Braille, com uma variação de 20 a 80 células, que faz a transformação instantânea
do texto mostrado na tela do computador em Braille, por meio da ativação de suas células.
Assim, os pontos nas células são salientados ou rebaixados para permitir a leitura do conteúdo
codificado em Braille.
Existem diversas barreiras que podem prejudicar ou até impossibilitar o acesso às páginas da
Internet pelos deficientes visuais. As principais serão citadas abaixo:
• Imagens sem texto alternativo, ou “hint”;
• Vídeos sem texto alternativo;
• Tabelas sem sentido quando lidas célula a célula;
• Frames sem a alternativa “noframe”, ou sem nomes significativos;
• Formulários sem seqüência lógica de navegação entre os campos ou sem rótulos; e
• Navegadores que não possuem suporte ao teclado para todos os comandos.
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Pode-se observar que, além destas dificuldades citadas, podem existir várias outras ainda não
encontradas pelos softwares de leitura de tela. As limitações encontradas pelas tecnologias
assistivas acabam muitas vezes impossibilitando as mesmas de obterem seus objetivos.
Assim, a maioria das informações muitas vezes não são interpretadas pelos softwares leitores
de tela devido ao modelo utilizado no desenvolvimento dos websites.
2.3.1 SOLUÇÕES ATUAIS PARA DEFICIENTES VISUAIS
Existem várias soluções no mercado para auxiliar os deficientes visuais no acesso ao
computador. São diversas tecnologias assistivas e algumas nacionais que possuem um custo
mais baixo em relações as soluções estrangeiras – existem disponíveis até softwares gratuitos
nacionais. Seguem abaixo as principais soluções utilizadas pelos deficientes visuais:
2.3.1.1 DOSVOX
O DOSVOX, de acordo com PROJETO DOSVOX (2006) é um sistema projetado para
auxiliar os deficientes visuais na utilização de computadores da linha PC, com o intuito de
viabilizar um alto grau de independência no estudo e no trabalho. Por meio do uso de
sintetizador de voz, o sistema “conversa” com o deficiente visual em Português e sem
qualquer sotaque, oferecendo um sistema com baixo índice de estresse para o usuário, mesmo
com uso prolongado.
Desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, o sistema foi criado inicialmente para atender as necessidades da própria
Universidade. Atualmente é um dos sistemas mais utilizados no Brasil, pois sua distribuição é
feita gratuitamente na Internet, e já conta com mais de 6.000 usuários adeptos ao sistema.
O desenvolvimento é efetuado por programadores deficientes visuais, que utilizam
arduamente o DOSVOX e conseguem detectar claramente suas novas necessidades.
Atualmente o DOSVOX é composto por mais de 70 programas e, além disso, novas versões
são disponibilizadas sempre com aplicativos e funções atualizadas.
Alguns pré-requisitos mínimos são necessários para execução do DOSVOX:
• Microcomputador com Microsoft Windows 95 ou superior;
• Pentium 133 MHz ou equivalente, sendo possível executá-lo com menor velocidade
em máquinas a partir de 486;
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• Placa de som; e
• Caixas de som.
O sistema é composto basicamente por um sistema operacional complementar ao DOS,
sistema de fala na língua Portuguesa, editor e leitor de textos, impressor em Braille, caderno
de telefones, agenda de compromissos, calculadora, jogos, programa para ajuda à educação de
crianças com deficiência visual, entre vários outros recursos.
Segundo BONATTO (2003), sua grande aceitação pelo público, principalmente no Brasil, se
deve aos seguintes aspectos:
Fala em Português: foi o primeiro sistema no mundo desenvolvido para cegos com a síntese
de voz na língua portuguesa.
Alto Nível de Interatividade: seu desenvolvimento é baseado utilizando o conceito de
“interface especializada”, que consiste na preocupação em reduzir ao máximo os
comprometimentos técnicos para utilização.
Custo: atualmente existe uma versão gratuita disponibilizada na Internet. Além disso, o
DOSVOX possui uma versão completa – também chamada de “PRO”, que sempre se
apresentou com um custo acessível em relação ao poder aquisitivo dos deficientes visuais
brasileiros.
De acordo com PROJETO DOSVOX (2006), as mudanças na vida e na cultura de um
deficiente visual com a inclusão digital podem ser verificadas na simples frase: “um cego
agora pode escrever e ser lido e ler o que os outros escreveram”. Com tecnologia Brasileira, é
um dos sistemas mais adequados para os deficientes visuais, com grande aceitação e foi o
precursor da iniciativa no Brasil, fatos esses constatados em diversas mídias – jornais, rádios e
TVs.
2.3.1.2 VIRTUAL VISION
O Virtual Vision é um sistema criado pela empresa brasileira MicroPower focado em auxiliar
deficientes visuais na utilização do sistema operacional Windows e suas ferramentas, como o
conjunto de aplicativos Microsoft Office e Internet Explorer. Utiliza como tecnologia para
síntese de voz o DeltaTalk, desenvolvida pela própria MicroPower, que sustenta o status de
melhor sintetizador de voz em português do mundo.
23
Atualmente encontra-se na versão 5.0 e é compatível com Windows 2000 e XP. Além disso,
os requisitos de hardware mínimos para ambos sistemas operacionais citados são:
• Computador PC Pentium III 300 MHz;
• 64 MB Memória RAM;
• 30 MB de espaço livre em disco rígido;
• Placa de som Sound Blaster 16 bits ou 100% compatível; e
• CD-ROM com velocidade de leitura mínima de 8x.
De acordo com BONATTO (2003), temos características importantes no Virtual Vision que
garantem maior autonomia do deficiente visual:
• O procedimento de instalação não necessita de interferência do usuário;
• Não requer qualquer equipamento adicional – dispensa sintetizador externo;
• Oferece a leitura de páginas da Internet, inclusive com a citação dos links encontrados
para outras páginas;
• Faz a pronúncia das letras digitadas, ou pronúncia por palavra, pronúncia por linha,
pronúncia por parágrafo ou texto completo continuamente; e
• Possui um módulo de treinamento falado e um panorama do ambiente Windows.
A MicroPower e a Fundação Bradesco firmaram uma parceria para o desenvolvimento de
uma ferramenta de Internet Banking voltada aos deficientes visuais após solicitação de um
cliente portador de deficiência visual. Lançado em 1998, o sistema proporcionou a integração
do Internet Banking do Banco Bradesco e o Virtual Vision oferecendo aos portadores de
deficiência visual - clientes do banco, a oportunidade de efetuarem suas transações bancárias
sem auxílio de terceiros. Atualmente, o produto é conhecido como Bradesco Internet Banking
para Deficientes Visuais.
Segundo LIDEC (2006), os clientes do Banco Bradesco podem adquirir o Virtual Vision
gratuitamente. Entretanto, qualquer deficiente visual pode comprar o Virtual Vision pelo valor
aproximado de R$ 1.800,00. Assim, os deficientes visuais usuários de computador podem
usufruir um software robusto e com imensas possibilidades.
24
2.3.1.3 JAWS
Segundo BONATTO (2003), o JAWS foi desenvolvido pela empresa Center of Applied
Special Tecnology e é considerado o software leitor de telas mais completo do mercado.
Como citado por LAMARA (2006), o JAWS proporciona uma tecnologia de voz sintetizada
para o ambiente Windows com acesso aos aplicativos e recursos para Internet, além de utilizar
as caixas de som conectadas ao computador para informar os dados que estão sendo exibidos
no monitor, permite que estes dados sejam enviados para as linhas Braille.
De acordo com LAMARA (2006), o processo de instalação é completamente falado e o
usuário é guiado em todos os passos. O sistema permite escolher para instalação entre
Americano, Francês, Francês Canadense, Alemão, Italiano, Português Brasil e Finlandês. O
resultado é uma instalação personalizada para cada usuário, tornando o sistema acessível em
diversos locais do mundo.
O software, após a instalação, ainda permite personalizar as configurações de voz – homem,
mulher, criança, timbre, velocidade, eco etc, disponibiliza um sofisticado sistema de teclas de
atalho para navegação rápida em páginas da web, suporte a leitura de páginas que utilizam a
tecnologia Flash, leitura de arquivos no formato PDF, utilização do Winamp – player de MP3,
entre vários outros recursos.
Baseado em FREEDOM SCIENTIFIC (2006), o JAWS já foi traduzido em 17 diferentes
linguagens e possui atualmente duas versões: Standard e Professional. A versão Standard
trabalha com o Windows XP Home e a versão Professional com o Windows XP Professional,
XP Home e Media Center Editions. Os custos das versões variam entre U$ 895,00 para versão
Standard e U$ 1.095,00 para versão Professional.
2.3.2 COMPARATIVO
Em uma análise comparativa entre a principal solução voltada aos deficientes visuais utilizada
nacionalmente para navegação na Internet e a solução proposta neste trabalho, obteve-se
como resultado a Tabela 1:
25
Tabela 1. Tabela comparativa entre soluções para navegação na Internet.
Característica Solução Proposta DOSVOX Utiliza computador específico para a solução?
Não. Sim.
Necessita de cursos ou manual de usuário para utilização da solução?
Não Sim. Varia de acordo com o usuário.
Sistema Operacional onde a solução pode ser utilizada pelo usuário final.
Windows, Linux, Solaris SPARC, Solaris x86, Solaris x64, Linux x64, Windows x64, Macintosh OS X.
DOS
Tecnologia utilizada. Java Não informada. Website utilizado pela solução necessita de alterações para a perfeita passagem de conteúdo ao usuário?
Sim. Fácil implantação. Sim. Recomendações W3C para acessibilidade na Web.
O design do website é prejudicado para o perfeito funcionamento da solução?
Não. A solução é totalmente independente do design do website. Este pode ser implementado em diversas tecnologias.
Sim. Algumas tecnologias podem inviabilizar a passagem de conteúdo. Exemplo: Flash, Applet.
Velocidade da conexão com a Internet recomendada.
256 kbps. 56 kbps.
Qual a complexidade da interface com o usuário?
O usuário faz suas escolhas utilizando somente o teclado numérico. Teclas de 0 (zero) a 9 (nove) e a tecla “Enter”.
O usuário utiliza letras e números para fazer suas escolhas, além das teclas “Ctrl”, “Alt”, “Shift”, “Esc”, entre outras.
A solução suporta formulários e ferramentas de busca?
Não. Não. Em desenvolvimento.
Fonte: Adaptado de PROJETO DOSVOX (2006).
A análise demonstrada na Tabela 1 deixa claro alguns pontos positivos e negativos de cada
solução. Certas características da solução proposta são vitais para facilitar a aquisição de
conhecimento através da Internet e, além disso, proporcionar que a uma entidade tenha um
website acessível, tanto para deficientes visuais quanto para pessoas sem restrições – neste
último caso, a possibilidade de um design de acordo com suas necessidades.
26
2.4 ACESSIBILIDADE
Acessibilidade é um termo utilizado para descrever o quanto um sistema é utilizado pelo
maior número possível de pessoas sem modificação. Um dos focos da acessibilidade são as
pessoas com necessidades especiais e a utilização de tecnologias assistivas.
Segundo MIRANDA, acessibilidade é a qualidade de ser acessível, ou seja, se algo é
acessível, considera-se que é de fácil acesso, inteligível e compreendido por diversas pessoas
independente de suas condições. Entende-se, portanto, que o ambiente relacionado e o estado
físico das pessoas não devem interferir no acesso. (MIRANDA, 2002).
A acessibilidade está diretamente ligada ao conceito de desenho universal. Este propõe tornar
o acesso a produtos, serviços e ambientes os mais usáveis possíveis, ou seja, tornar acessível
para uma grande variedade de pessoas, independente de idade, habilidade ou situação. Ambos
conceitos estão ligados conseqüentemente à inclusão social, pois acabam por beneficiar uma
gama de pessoas com necessidades especiais ou, até mesmo, pessoas sem restrições.
A ONU define acessibilidade como a “possibilidade de acesso, processo de conseguir
igualdade de oportunidade em todas as esferas da sociedade”.
Na Internet, a acessibilidade deve ser flexível de tal forma que as informações que trafegam
na rede possam ser, por exemplo, convertidas em “fala” ou Braille, impressas ou utilizadas
por diferentes dispositivos, como teclado, comandos de voz etc. (MIRANDA, 2002)
O W3C apresenta o seguinte conceito em relação à acessibilidade na web:
“Acessibilidade na web significa que pessoas portadoras de necessidades especiais sejam capazes de usar a Web. Mais concretamente, significa uma Web projetada de modo a que estas pessoas possam perceber, entender, navegar e interagir de uma maneira efetiva com a Web, bem como criar e contribuir com conteúdos para a Web”. (W3C, 2006)
O conceito de acessibilidade muitas vezes se confunde com o de “usabilidade”, mas veremos
que são conceitos distintos e ambos muito importantes. Ambos buscam a satisfação do
usuário, o acesso aos sistemas da forma mais autônoma possível, e como vimos,
acessibilidade é um termo mais genérico, pois contempla todos os tipos de usuários e abrange
vários aspectos da tecnologia, além da interface.
2.4.1 INSTITUIÇÕES QUE PROMOVEM ACESSIBILIDADE NA WEB
De acordo com BONATTO (2003), o W3C deu seu primeiro passo em relação à
acessibilidade na web em 5 de maio de 1999, quando lançou o documento “Web Content
27
Accessibility Guidelines 1.0”, ou Recomendações para Acessibilidade do Conteúdo Web. O
documento se baseia em mostrar como tornar o conteúdo de páginas web acessível a pessoas
com deficiências de um modo geral, ou seja, independente das condições físicas do usuário,
sensoriais ou motoras, da ferramenta utilizada – PCs, laptops, celulares etc.
Além do W3C, temos um grupo chamado WAI – Web Accessibility Initiative, que também
visa promover a acessibilidade na web para pessoas com deficiência. Este grupo não visa
somente a acessibilidade, mas também a usabilidade em documentos web por meio do
desenvolvimento de tecnologias, instrumentos, educação e pesquisa. Suas especificações
podem eventualmente fazer parte do W3C após analisadas e aprovadas pelo consórcio.
Segundo MIRANDA (2002), além destes, tem-se vários outros grupos nacionais e
internacionais que efetuam pesquisas sobre acessibilidade na Internet. Entre eles, destacam-
se:
SIDAR – Seminario Iberoamericano sobre Discapacidad y Accesibilidad en la
Red.(Seminário Iberoamericano sobre Incapacidade e Acessibilidade na Rede) Criado em
1996, tem como objetivo estimular o desenho universal e a inclusão digital na Internet, além
de promover o intercâmbio de informações e pesquisas sobre a evolução das diretrizes,
ferramentas e normas de acessibilidade na Internet. (Espanha) (SIDAR, 2006)
CANTIC - Centro de Acessibilidade às Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
para pessoas com deficiência. Criado em março de 2001 com o objetivo de continuar e
fortalecer os trabalhos efetuados pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)
nas áreas de engenharia de reabilitação e de acessibilidade para pessoas com deficiência.
(Portugal) (CANTIC, 2006)
NCAM - CPB/WGBH National Center for Accessible Media (CPB/WGBH Centro Nacional
para Meios Acessíveis). Fundada em 1993, atua em pesquisas e no desenvolvimento de
tecnologias e políticas com o objetivo de assegurar ambientes acessíveis para pessoas com
deficiências. O símbolo da Acessibilidade na Web (Figura 2) é propriedade da NCAM e sua
reprodução é livre e gratuita. (Estados Unidos) (NCAM, 2006)
28
Figura 3. Símbolo da Acessibilidade na Web Fonte: www.ipt.pt/artigos/10_1.jpg
IBM Human Ability and Accessibility Center – O foco da IBM em relação à acessibilidade
é desenvolver soluções e contemplar as diversas necessidades de seus clientes e da própria
IBM - em relação aos seus funcionários. A acessibilidade já está no processo de
desenvolvimento de seus produtos, junto aos procedimentos de testes como uma lista de pré-
requisitos que visam a validação da solução. Além disso, dispõe de consultoria para
acessibilidade em websites e pesquisas na área de tecnologias para acessibilidade. (Estados
Unidos) (IBM, 2006)
REINTEGRA - Rede de Informações Integradas sobre Deficiências. Fundada em janeiro de
1990, fornece serviços na área da informação sobre deficiências e é provedora de conteúdo da
Rede SACI. Efetua a coleta, tratamento e divulgação de informações sobre deficiência a
portadores de deficiência e a seus familiares, profissionais especializados, empresários, poder
público, pesquisadores e pessoas interessadas no tema. (Brasil) (REINTEGRA, 2006)
REDE SACI - Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação. O objetivo da Rede SACI é
promover o contato entre instituições de ensino, pesquisa, organizações, amigos, familiares,
profissionais especializados, entre outros, através de canais de comunicação para a
disseminação de informações sobre deficiência.
Atua principalmente na Internet, através de seu website www.saci.org.br, com suporte
técnico, softwares adaptados, listas de discussão, agenda de eventos, entre outros, e através
dos CICs - Centros de Informação e Convivência, onde são ministrados cursos de capacitação
para utilização da Internet e informática, todos gratuitamente. (Brasil) (REDE SACI, 2006)
Um grupo chamado GUIA - Grupo Português pelas Iniciativas em Acessibilidade, pertencente
à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), foi extinto em Janeiro de 2001.
Apesar disso, seus trabalhos tiveram continuidade por meio do CANTIC, fundado em março
do mesmo ano.
29
2.4.2 RECOMENDAÇÕES W3C PARA ACESSIBILIDADE NA WEB
O W3C - World Wide Web Consortium, é a entidade responsável pela definição dos padrões
da Internet. Segundo MIRANDA (2002), o W3C trabalha nos Estados Unidos juntamente
com o MIT/LCS – Massachusetts Institute of Technology Laboratory for Computer Science,
na Europa com o INRIA - Institut National de Recherche en Informatique et Automatique.
Juntos, somado aos esforços da comunidade global, produzem as especificações e referências
que promovem a evolução e interoperabilidade da Internet.
Em 5 de maio de 1999, o W3C lançou o documento “Web Content Accessibility Guidelines
1.0”, com o objetivo de mostrar como tornar o conteúdo de páginas web acessível a pessoas
com deficiências e promover a acessibilidade. O documento é formado por 14
recomendações que serão exploradas a seguir (DIAS, 2006):
Fornecer alternativas ao conteúdo sonoro e visual
Deve-se transmitir, em essência, as mesmas informações que o conteúdo sonoro ou visual por
meio de equivalentes textuais - por exemplo, com as propriedades "alt" ou "longdesc" do
HTML. Pode-se representar o conteúdo não textual – imagens, animações, mapas de imagem,
applets, arte ASCII, áudios, vídeos etc, por meio de textos que fazem suas descrições. Assim,
proporciona-se um modo acessível a estas informações para pessoas com diferentes
deficiências.
Não recorrer apenas à cor
Pode-se ter usuários com dificuldades para diferenciar cores, dispositivos não coloridos ou
monitores não visuais. Portanto, deve-se garantir a percepção do texto e elementos gráficos
mesmo quando vistos na ausência de cores.
Utilizar corretamente marcações e folhas de estilo
Os desenvolvedores de conteúdo web devem fazer a utilização de folhas de estilo para a
apresentação e controle do conteúdo, tanto para controle de fontes – tamanho, formato etc,
quanto para posicionamento no documento. Não se deve utilizar, por exemplo, uma tabela
para posicionar objetos na página, pois dificulta a compreensão da organização do conteúdo
pelos softwares especializados. Outro exemplo comum é a utilização da tag <PRE> para
apresentar uma tabela de dados, o que dificulta a interpretação do conteúdo pelos dispositivos
especiais.
30
Indicar claramente qual o idioma utilizado
Deve-se marcar claramente a mudança de idioma nos documentos web, assim como o
significado de abreviaturas ou siglas. Desta forma, os sintetizadores de voz e dispositivos
Braille podem alterar automaticamente o idioma e tornar o documento mais acessível para
usuários multilíngües.
A identificação do idioma pode ocorrer no cabeçalho HTTP do documento ou por meio de
marcações no conteúdo de idioma diferenciado.
Criar tabelas passíveis de transformação harmoniosa
Tabelas devem ser utilizadas somente para representar informações tabulares genuínas.
Apesar disso, independente do uso, acarretam problemas para os softwares leitores de tela. A
navegação ocorre célula a célula, portanto, se não forem corretamente marcadas, as tabelas
não fornecerão as informações apropriadas ao usuário.
Assegurar que as páginas dotadas de novas tecnologias sejam transformadas
harmoniosamente
Deve-se proporcionar o acesso à página, mesmo quando novas tecnologias forem utilizadas.
Recursos nos navegadores podem ser desativados por questões de desempenho, usuários
podem estar utilizando navegadores mais antigos, portanto, mesmo com estas limitações, a
página deve continuar acessível e fornecer conteúdo equivalente.
Assegurar o controle do usuário sobre as alterações temporais do conteúdo
Pessoas com deficiências cognitivas ou visuais encontram dificuldades na leitura de texto em
movimento ou muitas vezes não são capazes de lê-lo. Além disso, os softwares leitores de tela
não são capazes de ler texto em movimento e os elementos utilizados para gerar estes recursos
no HTML não são definidos em qualquer especificação do W3C.
Tem-se ainda a situação em que pessoas não são capazes de fazer movimentos ou ter a
precisão que os objetos em movimento exigem, dificultando ou até impossibilitando o acesso
à informação ou recurso.
Assegurar acessibilidade direta de interfaces do usuário integradas
As interfaces com o usuário devem seguir os princípios do design para acessibilidade, ou seja,
permitir que o acesso seja independente de dispositivos, além de garantir a operacionalidade
do teclado. Em casos em que uma interface não é acessível, uma solução alternativa deve ser
fornecida.
31
Projetar páginas considerando a independência de dispositivos
A independência de dispositivos significa que o usuário possa interagir com os dispositivos de
sua preferência, como mouse, teclado, voz, ponteiro de cabeça, entre outros. Alguns recursos
auxiliam nesta interação, como a seqüência lógica de tabulação para percorrer links,
formulários e objetos, além de atalhos via teclado para links ou recursos importantes.
Utilizar soluções de transição
Devido às tecnologias de apoio e navegadores mais antigos possuírem diversas limitações já
solucionadas em versões mais atuais, deve-se utilizar soluções de acessibilidade transitórias,
ou seja, formas de garantir que navegadores e tecnologias de apoio mais antigos funcionem
corretamente sem problemas.
Utilizar tecnologias e recomendações do W3C
Deve-se utilizar sempre que possível às tecnologias e recomendações do W3C, pois estas já
possuem funções de acessibilidade integradas. Quando não for possível esta utilização, deve-
se fornecer uma versão alternativa do conteúdo para garantir acessibilidade. Temos como
exemplo os formatos de arquivo PDF e Flash, que exigem aplicações independentes e
extensões exclusivas dos fabricantes. Portanto, quanto menor a utilização de funcionalidades
não normalizadas, maior a tendência das páginas em se tornarem acessíveis a um maior
número de usuários de diversos equipamentos e programas.
Fornecer informações de contexto e orientações
O fornecimento de informações sobre as relações existentes entre elementos de um conteúdo
web ou elementos complexos podem ser um diferencial para os usuários, como por exemplo,
a simples identificação dos frames e as descrições de suas funcionalidades.
Fornecer mecanismos de navegação claros
Itens como barras de navegação, mapa do site e informações de orientação podem facilitar a
navegação e aumentar as probabilidades de uma pessoa encontrar o que procura no website.
Pessoas com deficiências cognitivas ou cegueira se beneficiam com mecanismos de
navegação claros e eficientes, além de promoverem maior eficiência dos softwares leitores de
tela na navegação do conteúdo web.
Assegurar a clareza e a simplicidade dos documentos
Os documentos devem ser claros e simples, com uma paginação coerente e sistemática, com
gráficos reconhecíveis e uma linguagem fácil de compreender, além dos equivalentes textuais
32
em benefício dos cegos ou pessoas com baixa visão. A clareza e a simplicidade da linguagem
utilizada nas páginas promovem a eficácia da comunicação e faz com que os documentos
sejam mais fáceis de compreender.
As recomendações citadas, além de promover maior acessibilidade para pessoas com
deficiências, na realidade, tornam o conteúdo web mais acessível para todos os usuários,
independente da ferramenta utilizada - navegador e dispositivo de acesso. Em um website de
acordo com as recomendações do W3C, qualquer usuário terá um acesso às informações e
uma navegação mais rápida.
O “Web Content Accessibility Guidelines 1.0” é considerado uma referência mundial para
acessibilidade e design na web, e suas recomendações detalhadas podem ser encontradas em
http://www.w3.org/TR/WAI-WEBCONTENT.
2.5 USABILIDADE
A usabilidade pode interferir na eficiência de um processo ou de determinada interação entre
um usuário e um produto, portanto, é uma característica a ser considerada seriamente no
desenvolvimento de uma solução.
De acordo com BEVEN (1998), usabilidade é um termo técnico que indica a qualidade da
interação entre o usuário e uma determinada interface, que deve ser medida, segundo a ISO
9924, pela efetividade, eficiência e satisfação do processo de interação.
A usabilidade de uma interface pode ser medida de acordo com alguns critérios elaborados
por NIELSEN (1994):
• Facilidade de aprendizado;
• Facilidade de lembrar como realizar uma tarefa após algum tempo;
• Rapidez no desenvolvimento de tarefas;
• Baixa taxa de erros; e
• Satisfação subjetiva do usuário.
Considerando os ambientes e equipamentos a serem utilizados por determinados usuários,
problemas de usabilidade podem eventualmente retardar, prejudicar ou até mesmo inviabilizar
33
a realização de uma tarefa. Neste aspecto, pode-se detectar previamente os problemas citados
com uma análise de usabilidade realizada por profissionais da área.
Análises de usabilidade envolvem principalmente uma avaliação heurística e testes de
usabilidade propriamente ditos. Em relação à avaliação heurística, esta consiste em analisar a
interface com base em uma lista pré-determinada de critérios de navegação e usabilidade. Os
critérios serão analisados separadamente e o resultado será o grau de severidade de cada
critério com problema encontrado. Em relação aos testes de usabilidade, estes são efetuados
de acordo com uma lista de tarefas pré-definidas, sendo executadas uma a uma, formando
junto com o resultado da avaliação heurística, um documento com a análise de usabilidade.
(USABILITY, 2006).
WOLRYCK e COCKTON (2001) propõem algumas escalas de severidade em relação aos
problemas e dificuldades com a usabilidade. Seguem abaixo:
Grave
• Usuários precisam de mais de dois minutos sem progresso na realização da tarefa;
• Usuários abandonam a tarefa ou demonstram stress na realização da mesma;
• Usuários não concluem a tarefa.
Importante
• Usuários gastam até dois minutos e obtém êxito na realização da tarefa;
• Usuários podem demonstrar stress visível ou perda de qualidade na interação.
Pouco Impacto
• Usuários encontram problemas, mas conseguem contorná-los sem prejuízo
significativo para qualidade da realização da tarefa.
Como se pode observar, a usabilidade é essencial para que um produto ou serviço seja fácil de
usar, com grande produtividade, facilidade, com rapidez de aprendizado, memorização de
operações e pouco espaço para erros. Portanto, pode-se concluir que a usabilidade provê a
inclusão digital de pessoas com restrições ou não, e conseqüentemente, a inclusão social
também destas pessoas.
34
2.6 A LINGUAGEM JAVA
Java é uma linguagem de programação orientada a objeto desenvolvida na década de 90 e
anunciada oficialmente em 1995 pela empresa Sun Microsystems. O responsável pela sua
criação foi o programador James Gosling, encarregado por adaptar o “Oak” para Internet –
linguagem de programação também criada por Gosling para o projeto *7 (leia-se
“StarSeven”), lançando então uma nova versão rebatizada com o nome de Java.
Desde seu lançamento, mais precisamente em maio de 1995, o Java causou interesse no
mundo todo. Grandes empresas se interessavam devido aos novos recursos oferecidos pelo
Java, como criação de conteúdo web dinâmico e interativo, desenvolvimento de aplicações
robustas em grande escala, entre vários outros, mas todos inovadores na época.
Além de uma linguagem de programação robusta, o Java hoje oferece diversos recursos e uma
imensa biblioteca de aplicações, junto a portabilidade de código – devido a sua estrutura
diferenciada que utiliza a Máquina Virtual Java, ou também chamada JVM (Java Virtual
Machine), recursos de rede, segurança, possibilidade de desenvolver aplicações distribuídas,
desalocação automática de memória através do “coletor de lixo” – ou Garbage Collector, e
uma imensa comunidade em todo mundo para colaborar com o desenvolvimento de novos
recursos, novos padrões, correção de bugs e validação das versões lançadas.
2.6.1 JAVA APPLET
Java Applets são aplicações desenvolvidas na linguagem Java, executadas principalmente,
através dos navegadores web. Também podem ser executadas através do aplicativo fornecido
pela Sun, o AppletViewer, integrante dos pacotes J2SDK (Java 2 Software Development Kit).
Por meio dos documentos HTML2, mais especificamente utilizando as tags3
<applet></applet>, os applets podem ser embutidos dentro de uma página web, sendo assim,
carregados e executados pela JVM existente na máquina cliente, ou muitas vezes, por uma
JVM já embutida no navegador. Vale lembrar que a JVM não é utilizada somente para
executar applets, mas sim, para executar toda e qualquer aplicação Java localizada em
qualquer sistema operacional que possua a JVM instalada.
A execução de um Java Applet está limitada às restrições da chamada Sandbox, que é um
ambiente protegido no servidor web. Dentro da Sandbox, os programas possuem poucos 2 HTML - HyperText Markup Language, ou em português, Linguagem de Formatação de Hipertexto. 3 Estruturas de linguagem de marcação, tendo sempre uma marca de início e outra de fim.
35
privilégios e o Java utiliza este ambiente para executar os Java Applets. Desta forma, os
Applets não são considerados como confiáveis e estes podem acessar somente os recursos
limitados disponibilizados dentro da Sandbox.
De acordo com JAVAFREE (2006), a Sandbox garante que mesmo Applets desenvolvidos de
forma maliciosa, não consigam danificar a máquina local - máquina que carregou ou está
visualizando o Java Applet. Tem-se como exemplo a operação de apagar um arquivo do disco
rígido, que não seria permitida dentro deste ambiente protegido.
Porém, pode-se ter Applets que necessitem de mais recurso em relação aos disponibilizados
na Sandbox e, para estes casos, pode-se fazer a assinatura digital de um Java Applet. A
assinatura digital é utilizada para garantir a origem das informações, semelhante a uma
assinatura escrita em papel. Portanto, depois de assinado, o código é tratado como confiável e
terá suas permissões definidas em um arquivo texto chamado “java.policy”.
Abaixo segue um exemplo simples de um código HTML com as tags <applet></applet> e
acesso a um Java Applet com o nome de “MeuApplet.class”:
<applet code="MeuApplet.class" width="300"
height="250"></applet>
O carregamento de um Applet se dá pela transferência de seus bytecodes4 para a Máquina
Virtual Java, que interpreta e executa o mesmo para proporcionar a interatividade e diversos
recursos oferecidos pela linguagem Java e não disponíveis na HTML.
Um Java Applet foi desenvolvido para auxiliar e permitir a navegação dos deficientes visuais
na web, mais especificamente, no website proposto neste trabalho, pois já está preparado para
interagir com o Applet e suportar estes novos recursos.
A grande vantagem em utilizar Applets é a possibilidade de grande interação com o website,
além de permitir carregar arquivos remotos de um servidor web. O acesso a biblioteca de
áudio que está no servidor – necessária para a implementação desta proposta, é efetuado pelo
Applet através da estrutura da linguagem Java, que possibilita para carregar os arquivos
remotos e em seguida tocá-los para o usuário.
4 Forma intermediária de código gerada através da compilação dos códigos fonte da linguagem Java. Tornam possível a independência de plataforma – uma das principais características da linguagem Java.
36
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 MODELO DE AMBIENTE PROPOSTO - NAVEGAÇÃO WEB PARA
DEFICIENTES VISUAIS
O principal foco do trabalho é promover a inclusão digital dos deficientes visuais, e para isto,
disponibilizar uma ferramenta diferenciada das soluções atualmente existentes que propõe
facilitar a navegação web deste grupo de pessoas. Esta ferramenta foi desenvolvida na
tecnologia Java, mais especificamente, Java Applet integrado ao código HTML.
O website com suporte para os deficientes visuais é disponibilizado com duas interfaces
simultaneamente, uma para os deficientes visuais através de áudio e outra para pessoas sem
restrições, com a apresentação visual do website. Com esta característica, pode-se ter um
instrutor para auxiliar os deficientes visuais em casos de maior necessidade e
acompanhamento. Portanto, o design do website é apresentado normalmente e agregado a este
está um Applet capaz de oferecer a navegação via áudio para os deficientes visuais.
Esta navegação proporcionada pelo Applet é efetuada com a utilização somente do teclado
numérico, ou seja, com a utilização dos números de 0 a 9 e a tecla “enter”. O intuito é facilitar
também a interação com o teclado do computador, possibilitando uma navegação fácil de ser
efetuada, além da acessibilidade e usabilidade adequadas.
O website modelo utilizado no trabalho tem seu foco em notícias, com diversos canais sobre
vários assuntos, ou seja, um website informativo. Relembre que a solução proposta neste
trabalho também pode ser utilizada no website de uma empresa, por exemplo, com a
utilização do áudio para apresentar a mesma, seus objetivos, sua história, produtos e serviços,
contatos etc.
Portanto, agora será demonstrado como funciona o acesso ao website efetuado pelo deficiente
visual:
O primeiro passo é o acesso a página pelo deficiente visual (exemplo)
http://especial.website.com.br.
O usuário deve aguardar até ouvir a mensagem de “Boas Vindas”, pois neste período o
website estará sendo carregado, junto ao Java Applet. A partir deste momento, serão
oferecidas as seguintes opções:
37
• Digite 1 para Instruções de Navegação;
• Digite 2 para iniciar o website.
Neste momento, considerando a opção n° 1 como selecionada, serão passadas ao usuário as
instruções para navegação no website através dos comandos no teclado numérico,
metodologia utilizada no processo de navegação e as opções padrões do sistema que facilitam
a navegação.
Considerando a opção n° 2 como escolhida, serão passados os canais disponíveis no website.
Um detalhe importante é que a opção “Menu Anterior” sempre estará presente como 1ª
Opção. Assim, o usuário sempre saberá que a opção n° 1 voltará ao menu anterior, caso ele
deseje iniciar o website – sair das instruções, acessar as instruções após iniciar o website, ou
caso não queira ouvir as notícias disponíveis, por exemplo.
Nos próximos menus, a palavra “Digite” será omitida para agilizar o processo de navegação –
esta mudança será informada nas Instruções de Navegação, ou seja, será informado somente o
número e o nome do canal ou título da notícia.
Algumas opções como exemplo para este próximo passo seguem abaixo:
• 1 Menu Anterior;
• 2 Política;
• 3 Economia;
• 4 Automobilismo;
• 5 Educação;
• 6 Saúde;
• 7 Horóscopo.
Após escolher um dos canais disponíveis, o usuário receberá uma lista de notícias referentes
ao canal escolhido. Segue abaixo uma simulação, considerando o canal escolhido n° 4 -
Automobilismo:
• 1 Menu Anterior;
• 2 Salão de São Paulo 2006: Novidades no Mercado Mundial;
38
• 3 Lobini com Novas Versões;
• 4 Novo Audi S3 com 260 cv;
• 5 Chevrolet anuncia o Prisma. Mais que um Celta Sedan;
• 6 Audi R8: O superesportivo agora com motor central.
Com a escolha da notícia, esta será informada ao usuário através de áudio, ou seja, a notícia
será “falada” ao deficiente visual. Após o término da mesma, será informado o “Fim da
Notícia” junto às opções:
• 1 Menu Anterior;
• 2 Repetir Notícia.
Caso a opção n° 2 seja escolhida, a mesma notícia será informada novamente e após seu
término, serão oferecidas as opções já citadas acima.
O usuário poderá fazer sua seleção sem aguardar o término do menu, ou seja, se o menu tem
10 opções e está sendo informado, o usuário tem interesse pela opção n° 3, este não precisa
aguardar até que a 10ª opção seja informada. Portanto, após o sistema informar a opção n° 3,
este pode escolhê-la e o áudio restante do menu será cancelado automaticamente.
3.2 CONVERSÃO DE TEXTO EM ÁUDIO
Através da navegação via teclado numérico, o Java Applet coleta a seleção do usuário e
direciona o website para a página solicitada. Em seqüência, a página solicitada, depois de
carregada, informa ao Applet o texto a ser “tocado” para o usuário. Esta troca de informações
entre o website e o Java Applet é transparente ao usuário, ou seja, a única tarefa executada é a
de escolha da notícia ou canal de interesse no menu audível. Após isso, o usuário somente
aguardará o carregamento das informações.
Para efetuar a conversão em áudio do texto informado ao Applet, são necessárias as
bibliotecas Java, principalmente as bibliotecas java.applet.Applet e java.applet.AudioClip,
junto a uma biblioteca de arquivos de áudio com as palavras “faladas”, ou seja, cada arquivo
de áudio representa uma palavra. Portanto, com a concatenação destes áudios é possível
formar uma frase totalmente em áudio a partir de texto.
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Em resumo, um texto é separado em palavras, e cada palavra tem seu arquivo de áudio
correspondente. As bibliotecas do Java permitem informar o nome de um arquivo de áudio a
ser “tocado”, portanto, será fornecida a palavra de interesse e esta deve ter seu arquivo de
áudio correspondente. Também existem estruturas em Java que permitem a formação de listas
de objetos, portanto, pode-se agrupar uma seqüência de áudios e tocá-los, formando no final
uma frase em áudio.
Temos como exemplo a frase “Solução de navegação web para deficientes visuais”. Portanto,
deve-se ter os áudios correspondentes a cada palavra, ou seja, um arquivo de áudio com a
palavra falada “Solução”, outro arquivo de áudio com a preposição “de”, outro arquivo de
áudio com a palavra falada “navegação”, e assim sucessivamente. Vale lembrar que os nomes
dos arquivos de áudio devem ser correspondentes à palavra falada do mesmo, ou seja, o
arquivo de áudio que possui a palavra falada “Solução”, deve se chamar “Solução.au”.
Desta forma, será informado via áudio no website de notícias, utilizado como exemplo neste
trabalho, os nomes dos canais, notícias e instruções de navegação. Entretanto, como já citado,
este modelo também pode ser aplicado na apresentação de uma empresa, informações sobre
produtos, dados para contato etc.
3.3 PRÉ-REQUISITOS
Alguns pré-requisitos são necessários para prover o correto funcionamento da ferramenta
proposta, tanto na máquina servidora – utilizada para hospedagem do website, quanto na
máquina cliente – utilizada pelo deficiente visual para o aceso ao website. Seguem abaixo:
• Máquina Cliente
o JRE 5.0 (Java Runtime Environment) - contém a Máquina Virtual Java, ou
JVM (Java Virtual Machine).
o Navegador Firefox Mozilla 1.5 ou Microsoft Internet Explorer 6.0 - ou
versões superiores;
o Teclado numérico;
o Caixas de Som Multimídia.
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• Máquina Servidora
o JRE 5.0 (Java Runtime Environment) - contém a Máquina Virtual Java, ou
JVM (Java Virtual Machine);
o Apache HTTP Server ou Servidor Web similar.
Foram detectadas algumas limitações em relação aos notebooks, pois a grande maioria não
possui o teclado numérico. Para estes dispositivos com ausência de teclado numérico,
recomenda-se a aquisição de um teclado numérico USB, facilmente conectado e reconhecido
pela máquina.
3.4 MODELAGEM
3.4.1 Caso de Uso
O caso de uso demonstra a principal característica do sistema que auxiliará os deficientes
visuais na navegação web. A simplicidade da interface com o usuário é demonstrada pelo
único caso de uso necessário para a ferramenta, o que comprova a acessibilidade do sistema.
Veja na Figura 3 o caso de uso “Digitar opção do menu”.
Figura 4. Caso de uso “Digitar opção do menu”
No apêndice do trabalho, pode-se encontrar o caso de uso “Digitar opção do menu” completo,
com todas informações necessárias para o entendimento do processo de navegação pelo
deficiente visual.
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3.4.2 REQUISITOS FUNCIONAIS E NÃO FUNCIONAIS
3.4.2.1 Requisitos Funcionais
• Ao iniciar a ferramenta, esta deve informar as opções do website disponíveis através
do menu principal audível;
• A ferramenta deve capturar a escolha numérica do usuário para direcioná-lo a um
menu ou notícia;
• A ferramenta deve informar a escolha do usuário, seja ela um menu ou uma notícia,
em forma de áudio;
• A ferramenta deve controlar a página que será exibida no navegador do usuário, de
acordo com sua escolha – menu ou notícia;
3.4.2.2 Requisitos Não-Funcionais
• A ferramenta deve buscar os arquivos de áudio remotamente;
• A ferramenta deve ser operacionalizada em qualquer sistema operacional que possua
uma JVM disponível para o mesmo;
3.4.3 OUTROS DIAGRAMAS
No apêndice do trabalho, pode-se encontrar outros diagramas UML, como os diagramas de
robustez, classe e seqüência.
3.5 DIFICULDADES ENCONTRADAS
Algumas dificuldades foram encontradas no decorrer do trabalho, como quando surgiu a
necessidade de testes locais da ferramenta. A mesma funcionava perfeitamente no
AppletViewer, aplicação fornecida junto com JSDK, mas no navegador web ocorriam erros
de permissão de acesso devido as limitações da SandBox. A ferramenta não conseguia acessar
os arquivos de áudio locais da máquina devido ao Applet não estar assinado, sendo assim,
limitado pela SandBox.
Dificuldades foram encontradas também para encontrar documentações e exemplos mais
complexos com a utilização de áudio, além de como descobrir o tempo de duração de cada
arquivo de áudio. Devido a estas dificuldades, a solução utiliza dois tipos de arquivos para
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conseguir tocar os áudios, um sendo o áudio propriamente dito, capaz de ser tocado, e outro
somente para obter a duração deste áudio.
3.6 PERSPECTIVAS FUTURAS
Muito pode ser feito para aperfeiçoar a solução proposta, pois atualmente possui um pequeno
dicionário de áudio para demonstração de seu funcionamento que deverá ser complementado
com novas palavras caso a solução seja colocada em produção. O dicionário de áudio também
pode ser otimizado quanto ao tamanho dos arquivos, pois atualmente possuem o tamanho
médio de 100 kb e com um compactador adequado pode-se chegar a bons resultados.
Além disso, a solução suporta automaticamente a característica de multilinguagem. Basta uma
biblioteca de áudios em determinado idioma e o fornecimento dos textos no mesmo idioma
para que o áudio correspondente seja informado ao usuário. A flexibilidade da solução
garante a expansão dos seus resultados.
A mesma solução proposta neste trabalho pode ser implementada em outras tecnologias,
como a Flash aliado ao streaming de dados para agilizar o processo de download dos arquivos
de áudio. A característica do streaming é muito interessante devido ao retorno rápido ao
usuário, ainda mais se forem utilizados pequenos arquivos de áudio, como neste o caso.
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4 CONCLUSÕES
Devido às dificuldades enfrentadas pelos deficientes visuais para o acesso à Internet, o
trabalho propõe uma nova visão em relação à navegação em páginas web. Temos atualmente
diversas tecnologias assistivas que auxiliam a navegação na Internet, além de proporcionar o
acesso as principais ferramentas do sistema operacional Windows, mas estas ainda enfrentam
diversas dificuldades para efetuar a navegação e leitura dos websites.
Os websites muitas vezes são complexos em relação ao código HTML – código analisado
pelos softwares leitores de tela para o reconhecimento do website. Em grande parte, estes
possuem mapas de imagens, animações em Flash, menus complexos, ausência de equivalentes
textuais, entre outros itens que dificultam a leitura de um website. Portanto, após a análise
pelo software leitor de tela, o entendimento do website por parte do deficiente visual pode ser
prejudicado ou até impossibilitado devido a falta de um código HTML voltado para este tipo
de software.
Existem diversas recomendações homologadas pelo W3C com o intuito de difundir a
acessibilidade na Internet, mas atualmente poucos websites consideram estas recomendações
ou promovem sua divulgação. Além disso, ainda é pequena a porcentagem de websites
totalmente acessíveis e independentes de dispositivos, como, por exemplo, que permitem o
acesso por dispositivos móveis, navegação somente via teclado, mouse ou voz etc – muitos
necessários ou vitais para os deficientes visuais.
Entretanto, existem instituições nacionais e internacionais que promovem a acessibilidade na
Internet, além de pesquisas focadas na acessibilidade para deficientes em geral – muitas
possuem pesquisas focadas exclusivamente nos deficientes visuais. Tem-se como exemplo,
iniciativas nacionais focadas no desenvolvimento de uma impressora Braille a um custo
acessível e muito baixo em relação às importadas atualmente no mercado.
Portanto, o trabalho visa promover a inclusão digital dos deficientes visuais, oferecendo uma
alternativa de navegação em websites que não necessite de qualquer software especial,
participação em cursos pelos deficientes visuais ou manuais complexos de utilização. Utiliza
tecnologia web gratuita difundida no mercado mundial e são mínimos os pré-requisitos
necessários para utilizar a solução. Desta forma, o trabalho pretende oferecer uma nova
vertente para aquisição de conhecimento pelos deficientes visuais, além de uma mudança em
seus hábitos e sua vida, com uma nova ferramenta que o trata como uma pessoa comum.
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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AME – Amigos Metroviários dos Excepcionais. Disponível em: http://www.ame-
sp.org.br/noticias/news/tenews33.shtm. Acessado em: 08 de novembro de 2006.
AMIRALIAN, Maria L.T.; PINTO, Elizabeth B.; GHIRARDI, Maria I.G., LICHTIG, Ida;
MASINI, Elcie F.S.; PASQUALIN, Luiz. Conceituando deficiência. São Paulo, 2000.