TRIPES A PRAGA SILENCIOSA Alexandre Pinho de Moura Engenheiro agrônomo, doutor em Entom%gia e pesquisador da Embrapa Horta/iças O triPes, da espécie Thrips taba- ci, é considerado uma praga si- lenciosa porque se instala nas lavouras de cebola e, com frequência, sua chegada não é percebida pelos pro- dutores. Na maioria das vezes sua presença é detectada somente quando sua popu- lação se torna bastante elevada, tendo causado grandes problemas à cultura; isso dificultou o controle e causou pre- juízos aos produtores. Com ataque intenso, observam-se áreas esbranquiçadas ou prateadas nas folhas que ficam retorcidas. Elas secam completamente e, nesse caso, compro- metem o crescimento da planta. Perdas Os tripes causam perdas na pro- dução devido à redução de tamanho e peso dos bulbos. Plantas bastante danifi- cadas não tombam por haver a matura- ção fisiológica; isso facilita a entrada de água até o bulbo, aumentando as per- das da produção por apodrecimento. O período crítico compreende os estádios vegetativos e de bulbificação. Foi verificado que existe correlação en- tre altas populações de tripes e a doen- ça mancha púrpura, causada pelo fungo Alternaria porri. Além disso, o tripes pode transmi- tir viroses. Em anos secos, as ninfas ata- cam os bulbos, permanecem sob a pele e causam danos à escama externa, com- prometendo a qualidade do produto e o tempo de armazenamento. Conheça a praga Os tripes (adultos e ninfas) costu- mam formar colônias numerosas que se localizam nas bainhas das folhas de ce- bola, onde se alimentam sugando a sei- ~ FEVEREIRO c ~CiO..! va da planta. Ataques severos compro- metem o crescimento dos vegetais, o tamanho e o peso dos bulbos, reduzin- do a produção em até 50%. A espécie I tabaci também é res- ponsável pela transmissão do Iris Yellow Spot Virus (/YSV), uma doença devasta- dora para a cultura da cebola e que apresenta ampla distribuição mundial. e o hábito de viver principalmente nas axilas das folhas da cebola tornam o tri- pes um inimigo silencioso para os pro- dutores. Essas características da praga dificultam a detecção do problema logo no início da infestação da lavoura, bem como o seu controle, pois a forma das folhas e a arquitetura da planta de cebo- la reduzem o contato do inseticida com o inseto. Portanto, o primeiro passo para o controle eficaz dessa praga é a inspeção do cultivo, pelo menos uma vez por se- Medidas de controle O tamanho diminuto dos indivíduos
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TRIPESA PRAGA SILENCIOSA
Alexandre Pinho de MouraEngenheiro agrônomo, doutor em Entom%gia e
pesquisador da Embrapa Horta/iças
OtriPes, da espécie Thrips taba-ci, é considerado uma praga si-lenciosa porque se instala nas
lavouras de cebola e, com frequência,sua chegada não é percebida pelos pro-dutores.
Na maioria das vezes sua presençaé detectada somente quando sua popu-lação se torna bastante elevada, tendocausado grandes problemas à cultura;isso dificultou o controle e causou pre-juízos aos produtores.
Com ataque intenso, observam-seáreas esbranquiçadas ou prateadas nasfolhas que ficam retorcidas. Elas secamcompletamente e, nesse caso, compro-metem o crescimento da planta.
Perdas
Os tripes causam perdas na pro-dução devido à redução de tamanho epeso dos bulbos. Plantas bastante danifi-cadas não tombam por haver a matura-ção fisiológica; isso facilita a entrada deágua até o bulbo, aumentando as per-das da produção por apodrecimento.
O período crítico compreende osestádios vegetativos e de bulbificação.Foi verificado que existe correlação en-tre altas populações de tripes e a doen-ça mancha púrpura, causada pelo fungoAlternaria porri.
Além disso, o tripes pode transmi-tir viroses. Em anos secos, as ninfas ata-cam os bulbos, permanecem sob a pelee causam danos à escama externa, com-prometendo a qualidade do produto eo tempo de armazenamento.
Conheça a praga
Os tripes (adultos e ninfas) costu-mam formar colônias numerosas que selocalizam nas bainhas das folhas de ce-bola, onde se alimentam sugando a sei-
~ FEVEREIRO c~CiO..!
va da planta. Ataques severos compro-metem o crescimento dos vegetais, otamanho e o peso dos bulbos, reduzin-do a produção em até 50%.
A espécie I tabaci também é res-ponsável pela transmissão do Iris YellowSpot Virus (/YSV), uma doença devasta-dora para a cultura da cebola e queapresenta ampla distribuição mundial.
e o hábito de viver principalmente nasaxilas das folhas da cebola tornam o tri-pes um inimigo silencioso para os pro-dutores. Essas características da pragadificultam a detecção do problema logono início da infestação da lavoura, bemcomo o seu controle, pois a forma dasfolhas e a arquitetura da planta de cebo-la reduzem o contato do inseticida como inseto.
Portanto, o primeiro passo para ocontrole eficaz dessa praga é a inspeçãodo cultivo, pelo menos uma vez por se-
Medidas de controle
O tamanho diminuto dos indivíduos
mana, a partir do estabelecimento dasplantas. Isso pode ser feito pela buscade tripes nas axilas das folhas e dos sin-tomas de ataque, percorrendo a lavouraem zigue-zague de modo que sejam ins-pecionadas várias plantas da bordadurae do centro da área cultivada.
Uma alternativa seria o uso de pla-cas adesivas de coloração azul. Essas ar-madilhas atraem e aprisionam tripes quevoam, o que facilita o monitoramentopopulacional ao longo da safra e permite
a detecção dos focos de infestação; des-sa forma, constata-se se há necessidadede controle ou se as medidas adotadasforam efetivas contra a praga.
As placas adesivas podem ser cons-truídas na propriedade com o uso degarrafas plásticas tipo PET pintadas ex-ternamente de azul escuro e untadascom graxa, ou ser adquiridas de em-presas especializadas, com vendas pelainternet. É necessário instalar essas ar-madilhas em estacas de bambu na altu-
LABORATÓRIO '.I"""
FARROUPILHA
GRUPO <R>FARROUPILHA
CERTIFICAÇÃO
1509001
2008
Lavoura destruída peloataque de tripes
ra do ápice das plantas em, pelo menos,20 pontos distribuídos dentro da áreacultivada. As vistorias deverão ocorrersemanalmente, e as armadilhas terão deser substituídas quando ficarem cheiasde insetos e poeira.
Cuidados
Quando for necessário algum tipode controle, deve-se optar por um pia-no que envolva dois ou mais métodosutilizados simultaneamente contra ostripes. O manejo do ambiente de culti-vo consiste em medidas a serem consi-deradas como a primeira linha de defe-sa contra a praga. Assim, recomenda-sea adoção planejada e preventiva das se-guintes medidas:- Isolamento dos talhões de cebola por
data e área, evitando o escalonamen-to de plantio e os cultivos muito pró-
cuidando da TERRA,das PLANTAS e do /.'nosso FUTUROdesenvolvendoprodutos biológicospara o manejo de fungos de solo,nematoides e pragas
~Fungicida biológico registrado no MAPA para manejode fungos de solo como: Sclerotinia sclerotiorum(mofo branco), Fusarium spp. e Rhizoctonia solani.
Certrficaçóes:
www.grupofarroupilha.com (34) 3822 9907Av. Júlia Fernandes Caixeta 555 . Cidade Nova
Patos de Minas, MG ' Cep 38706-420
ca~~gócil!!fIF FEVEREIRO @J
ximos. o produtor deve se conscien-tizar de que, sem isolamento entre aslavouras, a eficácia do controle dos tri-pes pode ser questionável.
- Implantação de barreiras vivas ou fai-xas de cultivos por meio do plantio desorgo (Sorghum bicolor L.), capim ele-fante (Pennisetum purpureum Schum),milheto (Pennisetum g/aucum L.) oucrotalária (Crota/us spp.) ao redor daárea a ser cultivada, com antecedên-cia de 30 dias em relação ao plantioda cebola.
- Escolha de cultivares de folhas lisas epouca cerosidade, com bainha circu-lar e maior ângulo de abertura, cujascaracterísticas permitem maior expo-sição dos tripes aos seus inimigos na-turais e aos inseticidas aplicados sobrea cultura. O produtor também devedar preferência aos cultivares de ci-cio curto (precoces), pois com elesé possível adequar a época de plan-tio na região de tal forma que a cul-tura escape dos maiores picos de in-festação da praga no ano (períodosde maior sensibilidade).
- Manejo adequado do solo, sendo quepráticas conservacionistas e de ma-nejo da fertilidade do solo devem seradotadas para garantir condições fa-
voráveis ao desenvolvimento da cul-tura. Nesse contexto tem-se o cul-tivo de cebola no sistema de plantiodireto, o qual vem sendo adotadocada vez mais nas principais regiõesprodutoras da hortaliça. Tal sistemaproporciona menor revolvimento dosolo e, por isso, maior estabilidadeno agroecossistema, melhor recicla-gem de nutrientes, manutenção daumidade do solo e ambiente mais fa-vorável à ação de organismos bené-ficos como os inimigos naturais daspragas. Pesquisas recentes no Distri-to Federal também indicam que, nosistema de plantio direto, a cebolaapresenta maior vigor e área foliar e,com isso, a cultura poderia suportarmaiores ataques do tripes sem efei-to sobre a produção.
- Nutrição adequada da cebola combase em análises de solo e/ou foliar,de modo a manejar corretamente aadubação das plantas (principalmen-te nitrogênio) em função dos reque-rimentos da cultura. Com isso evi-tam-se deficiências e/ou excessos deadubação, reduzindo a suscetibilida-de dos vegetais ao ataque do tripes.
- Sucessão e rotação de culturas complantas não hospedeiras de tripes, im-
pedindo plantios sucessivos de cebo-la, alho, soja, feijoeiro, cucurbitáceas(pepino melancia, abóboras) e algo-doeiro na mesma área de cultivo. Emqualquer situação, os restos culturaisdevem ser destruídos e incorporadosao solo, evitando-se a permanênciade cultivos abandonados.
- Manejo adequado da irrigação para evi-tar o estresse hídrico, estabelecendoas plantas de modo rápido. A irrigação,por aspersão ou pivô central, tambémpode auxiliar no controle dos tripes emregiões onde a umidade não é tão altae não há condições favoráveis a doen-ças fúngicas na cebola. Nesse caso, talprocedimento teria o mesmo efeito dachuva sobre a população da praga. Porexemplo, no Distrito Federal, a irriga-ção com pivô central, quando bem ma-nejada, permite manter a infestação dotripes sob controle em boa parte do ci-cio da cebola, reduzindo significativa-mente o número de aplicações de in-seticidas durante a safra.
Todas essas medidas são igualmenteimportantes e, se combinadas de formaconveniente, podem favorecer o cres-cimento das plantas e reduzir a infes-tação do tripes, resultando em menoruso de inseticidas. •