Jan 09, 2017
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www.criancaeconsumo.org.br
Jos Augusto Taddeialimento afeto
Maria Delgadopapel do estado
Paula Melinjovens em risco
Rosa Cliapequeno adulto
Martha Paschoacomer sem culpa
Ana Botafogocultura do corpo
Transtornos Alimentares e Obesidade Infantil
Criana e Consumo Entrevistas
Criana e Consumo EntrevistasTranstornos Alimentares e Obesidade Infantil
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Produo e superviso: equipe Projeto Criana e Consumo
Coordenao Editorial: 2PR Comunicao
Jornalista Responsvel: Myrian Vallone - Mtb 18.229
Reprteres: Jlia Magalhes e Bartira Betini
Fotos: Alice Bravo, Elaine Balata, Renata Ursaia, Tain Frota.
Diagramao: Eliana Borges
Reviso: Patricia Cifre
Ano: 2009
Entrevistas realizadas entre abril e maio de 2009
Instituto Alana
Projeto Criana e Consumo
Presidente: Ana Lucia de Mattos Barretto Villela
Coordenadora Geral: Isabella Henriques
Coordenadora de Educao e Pesquisa: Lais Fontenelle Pereira
Rua Sanso Alves dos Santos, 102 4 andar
Cep: 04571-090
Telefone: (11) 3472-1600
E-mail: [email protected]
Site: www.criancaeconsumo.org.br
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Sumrio
Introduo .........................................................pg 04
Alimento afeto, cultura, humanidade
Jos Augusto Taddei .............................................pg. 06
Espao fsico voltado a jovens no lugar de
publicidade
Maria Jos Delgado Fagundes ...............................pg. 16
A juventude est adoecendo
Paula Melin ..........................................................pg. 25
Criana no adulto pequeno
Rosa Clia ...........................................................pg. 36
A gente tambm come pelos olhos
Martha Paschoa ....................................................pg. 46
O corpo pode determinar os hbitos de uma nao
Ana Botafogo .......................................................pg. 56
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INTRODUO
No final do ano de 2008, o Projeto Criana e Consumo, do
Instituto Alana, iniciou uma srie de entrevistas para sua
newsletter online com o objetivo de abordar os impactos
negativos do consumismo infantil nas esferas social,
ambiental e econmica.
O contedo dessas entrevistas foi sendo, ao longo de 2009,
transformado em sete edies impressas, cuja misso
promover a reflexo a respeito dos padres de consumo
estabelecidos pela poltica atual de mercado.
Os livros tratam dos reflexos do consumo na sustentabilidade
do planeta; na erotizao precoce e explorao sexual
infantil; nos altos ndices de transtornos alimentares e
obesidade infantil; no alcoolismo entre crianas e jovens;
na convivncia familiar; na diminuio das brincadeiras
criativas e na violncia e delinquncia.
Terceiro livro da srie, Transtornos Alimentares e
Obesidade Infantil traz depoimentos dos especialistas
Ana Botafogo, Jos Augusto Taddei, Maria Delgado, Martha
Paschoa, Paula Melin e Rosa Clia. Cada um deles, sua
maneira, afirma que o estmulo excessivo da comunicao
mercadolgica para o consumo de alimentos no saudveis,
bem como o modo como as pessoas passaram a se relacionar
com o prprio corpo frente aos apelos comerciais, tm
interferido seriamente na formao dos hbitos alimentares
das crianas e adolescentes.
Acreditamos que a conjugao das vrias vises aqui
expostas ser de grande valia para ampliar nossa conscincia
e apontar caminhos que nos levem a uma interveno social
efetiva sobre esse tema, que tanto compromete o futuro da
infncia como impacta os gastos em sade pblica.
Boa leitura!
Isabella Henriques Coordenadora geral Projeto Criana e Consumo
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No final do ano de 2008, o Projeto Criana e Consumo, do
Instituto Alana, iniciou uma srie de entrevistas para sua
newsletter online com o objetivo de abordar os impactos
negativos do consumismo infantil nas esferas social,
ambiental e econmica.
O contedo dessas entrevistas foi sendo, ao longo de 2009,
transformado em sete edies impressas, cuja misso
promover a reflexo a respeito dos padres de consumo
estabelecidos pela poltica atual de mercado.
Os livros tratam dos reflexos do consumo na sustentabilidade
do planeta; na erotizao precoce e explorao sexual
infantil; nos altos ndices de transtornos alimentares e
obesidade infantil; no alcoolismo entre crianas e jovens;
na convivncia familiar; na diminuio das brincadeiras
criativas e na violncia e delinquncia.
Terceiro livro da srie, Transtornos Alimentares e
Obesidade Infantil traz depoimentos dos especialistas
Ana Botafogo, Jos Augusto Taddei, Maria Delgado, Martha
Paschoa, Paula Melin e Rosa Clia. Cada um deles, sua
maneira, afirma que o estmulo excessivo da comunicao
mercadolgica para o consumo de alimentos no saudveis,
bem como o modo como as pessoas passaram a se relacionar
com o prprio corpo frente aos apelos comerciais, tm
interferido seriamente na formao dos hbitos alimentares
das crianas e adolescentes.
Acreditamos que a conjugao das vrias vises aqui
expostas ser de grande valia para ampliar nossa conscincia
e apontar caminhos que nos levem a uma interveno social
efetiva sobre esse tema, que tanto compromete o futuro da
infncia como impacta os gastos em sade pblica.
Boa leitura!
Isabella Henriques Coordenadora geral Projeto Criana e Consumo
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Alimento afeto, cultura, humanidade
Foto
: Ren
ata
Urs
aia
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J o s A u g u s t o T a d d e i livre-docente em Nutrologia Peditrica pela Universidade
Federal de So Paulo [Unifesp], onde orienta os programas
de mestrado e doutorado na rea. Uma de suas lutas
tentar impedir que o momento da refeio torne-se um
problema na vida de pais e filhos. Por isso, defende que
preciso manter hbitos alimentares mais saudveis e
regulamentar a comunicao mercadolgica de alimentos
dirigida ao pblico infantil.
Nesta entrevista para o Projeto Criana e Consumo, do qual
tambm conselheiro, Taddei lembra que o alimento o
ltimo trao cultural que desaparece em uma sociedade.
Assim, alm de nutrir, a comida tambm reflete aspectos
socioculturais importantes. E lamenta: O que criado pela
indstria uma cultura uniforme e muito sem graa porque
no tem a ver com troca, com preparo, com relaes.
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Projeto Criana e Consumo - Qual o cenrio da
obesidade infantil no Brasil e no mundo?
Jos Augusto Taddei - Se o ritmo se mantiver, as projees para 2016 indicam que a obesidade atingir
8,3% das crianas no estou falando de sobrepeso ,
o que representar 1,5 milho de crianas menores de
cinco anos obesas. O que sabemos que nas classes
A e B j no h tanta obesidade porque as pessoas so
mais esclarecidas. difcil ver um jovem esclarecido
que no v academia e que no faa algum tipo de
restrio alimentar.
necessrio fazer restrio alimentar to cedo?
Hoje, o mercado oferece muitas opes de alimento, e o jovem se tornou consumidor mais precocemente.
As indstrias de alimentos focam nas crianas e nos
adolescentes porque so pessoas que esto formando
seus padres de consumo, seus estilos de vida e
seus hbitos alimentares. Eles so extremamente
influenciveis, tambm devido ao processo de
formao da individualidade. E o alimento vem sendo,
progressivamente, algo que o adolescente tem de lidar
constantemente.
Por que so oferecidos produtos com grande
quantidade de gordura, sal e acar?
A quantidade de alimentos que comercializada, em termos de nmero de itens, altamente competitiva.
Transtornos Alimentares e Obesidade Infantil
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S a Nestl tem mais de 150 mil itens de alimentos
comercializados nos Estados Unidos. Nas prateleiras
dos supermercados no cabem mais do que 90 mil
itens. uma luta para conseguir colocar um produto
nas prateleiras. Nessa luta, existe uma campanha forte
de marketing pensando em divulgao e em toda a
parte de como seduzir o consumidor. Alm disso, a
indstria tenta desenvolver produtos palatveis.
E qual a alternativa para se fazer um produto palatvel?
Aumentar acar, gordura e sal, e diminuir fibra. Assim,
ele fica mais fcil de mastigar e dissolve na boca.
Ento verdade que o alimento mais gostoso
aquele menos saudvel?
O mais gostoso provoca apenas o prazer imediato. Ele no d prazer depois de trs horas. Pelo contrrio, ele
pode at causar problemas na funo intestinal, cansao
e sensao de desnimo. O excesso de carboidrato d
apatia, mas no momento em que se est comendo
o que mais agrada, especialmente aos humanos. Isso
tem explicao na nossa evoluo. Quando ns ramos
catadores e tnhamos de pegar frutos, flores e razes
do cho, aqueles que tinham averso pelo amargo,
pelo azedo e pelo cido cuspiam o alimento e, por
consequncia, o veneno. Na natureza, em geral, esses
sabores so associados aos venenos. Quem gostava
do doce, do gorduroso, sobreviveu. E ns somos filhos
daqueles