Página: 11 CYAN MAGENTA YELLOW BLACK PÁGINA 11 - QUARTA-FEIRA - 22/OUTUBRO/2008 - 22:39 Fale com o editor: [email protected] A GAZETA Vitória (ES), quarta-feira, 22 de outubro de 2008 n n n n nnnnn BRASIL 11 Ancelmo Gois [email protected] - ---------------------------------- Levar ferro A crise afeta fortemente projetos que ainda estão na dependência de levan- tar recursos no mercado financeiro. Teme-se, por exemplo, pela sorte dos planos da Ferrous, lança- dos em julho, de produzir 50 milhões de toneladas de ferro a partir de 2014. O projeto prevê a constru- ção de um porto em Presi- dente Kennedy, no Espíri- to Santo, para exportar mi- nério de Minas Gerais. A bolsa e a vida É que a Ferrous, criada por um grupo de investidores es- trangeiros, pretendia, ainda este ano, captar uns US$ 5 bi- lhões na Bolsa de Londres. Não é fácil. Patrimônio Embora os supermercados sejam operados desde 2004 pelo grupo Pão de Açúcar, a família Sendas continua do- na dos imóveis da rede. São 120, ao todo. Alguns deles em áreas valorizadas na Zo- na Sul do Rio. Tragédia carioca A 14ª Câmara do TJ man- dou o Estado indenizar em R$ 30 mil o casal Alan No- gueira e Rita de Cássia No- gueira, moradores de Ra- mos, subúrbio do Rio. É que há quatro anos, a polí- cia usou o prédio em que eles viviam para observar e combater o tráfico no Morro do Adeus. Mas... quando os policiais saí- ram, 35 bandidos invadi- ram o imóvel e expulsaram seus moradores como vin- gança pela morte de dois traf icantes. Cuba libre Em dezembro, Raul Cas- tro, o novo manda-chuva cubano, vem ao Brasil em visita oficial. Tem culpa eu? É dura a vida de jornalista. O candidato democrata a pre- sidente dos EUA, Barack Obama, está cobrando mil dólares para o credencia- mento dos coleguinhas que queiram assistir ao seu dis- curso em Chicago, após o re- sultado da eleição. Novo rei da Bahia No Planalto, já há certo cli- ma de constrangimento com as exigências feitas pe- lo ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacio- nal) para evitar a presença de ministros petistas em Salvador. Além disso, tem gente no governo contraria- da com a aliança entre Ged- del e o deputado ACM Neto (BA), líder do DEM na Câ- mara, que já chegou a amea- çar da tribuna da Casa dar uma surra em Lula. Aliás... Um auxiliar direto do presi- dente chegou a afirmar que é preciso limite até mesmo pa- ra o pragmatismo eleitoral. Vida dura Nos últimos 30 dias, Israel te- ve, acredite, apenas seis dias úteis – os restantes foram to- dos feriados. Deve ser duro viver num país onde se traba- lha tão pouco... Pezão 48 Momento de descontração segunda no coquetel que Sérgio Cabral ofereceu para uma missão da Unesco no Palácio Laranjeiras. O go- vernador sugeriu que esta agência da ONU estudasse a possibilidade de tombar o pé do seu vice, Pezão... que calça 48. Barraco de bacanas Acabou na delegacia da Gá- vea um barraco no Jardim Pernambuco, bairro de baca- nas do Rio. Uma moradora furou com um punhal três pneus de um carro de uma pessoa que estacionou em frente a sua casa. Por que sirene? Ontem, cerca de 9h, o Santa- na que faz a segurança do de- putado José Nader seguia em direção à Barra, com sirene ligada, na saída do Túnel Zu- zu Angel, no Rio. Samba é petróleo A Petrobras, sempre ela, vai patrocinar projetos sociais e culturais da Beija-Flor. Panelaço e apitaço Vários movimentos gays se uniram para realizar uma manifestação, hoje, às 16h, contra a homofobia, no Via- duto de Madureira, no Rio. Os gays prometem levar pa- nelas e apitos. - ---------------------------------- Edson Celulari e Cláudia Raia compraram um casarão em Araras, região serrana do Rio. A propriedade tem 11 mil metros quadrados. O casal desembolsou R$ 1,580 milhão pelo imóvel. Decisão abranda pena de ex-namorado agressor Superior Tribunal de Justiça entendeu que Lei Maria da Penha não pode ser aplicada após fim de relacionamento nn Uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) está sendo vista com preocupação por especialistas em violên- cia contra a mulher. No julga- mento de um homem que ha- via agredido a ex-namorada, os ministros entenderam que o caso não configura violên- cia doméstica e não se enqua- drava na Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha. A agressão aconteceu na ci- dade mineira de Conselheiro Lafaiete. Um homem encon- trou a ex-namorada com o novo parceiro, jogou cerveja no rosto dela, deu-lhe um tapa e amea- çou-a. Os ministros entende- ram que a Lei Maria da Penha não abrange um namoro acaba- do, então não poderia ser apli- cada nesse caso. Mas para a advogada Rubia Abs da Cruz, coordenadora da ONG Themis, que ajuda mulhe- res vítimas de violência, os mi- nistros erraram. “A lei vale para maridos, ex-maridos, namora- dos e ex-namorados. É justa- mente quando o relacionamen- to acaba que eles ficam mais vio- lentos”, explica. A decisão pode abrir prece- dentes. Por isso a titular da De- legacia da Mulher de Vitória, Cláudia Dematté, está preocu- pada. “Antes, em casos de le- são corporal, o inquérito não era instaurado. O homem assi- nava um termo circunstancia- Tragédia em Santo André Perdão pode ajudar a aliviar sofrimento diante da perda FÁBIO VICENTINI SUPERAÇÃO. Zenaide Monteiro fala sobre perdão até em cadeias Psicóloga especialista em luto diz que atitude, como a da mãe de Eloá, pode ser bom ao menos imediatamente Do desejo de vingança à vida nova Após assassinato do marido, professora quis matar bandido; superou isso e hoje dá palestras DANIELA CARLA [email protected] nn “Eu consigo perdoar o Lin- demberg. De todo meu cora- ção.” A afirmação da mãe da menina Eloá, Ana Cristina Pi- mentel, que, ainda durante o velório da filha, disse ser ca- paz de perdoar o assassino da adolescente, morta em São Paulo, surpreendeu a muitos e levantou o debate sobre a im- portância do perdão. Mas e você? Faria o mesmo se esti- vesse no lugar dela? Se sua resposta for não, é me- lhor rever suas atitudes. A psi- cóloga Daniela Reis e Silva, es- pecialista em luto, afirma que perdoar pode ajudar a reduzir o sofrimento causado pela perda de alguém que amamos. “Não existe uma pesquisa que comprove que o perdão ajuda na superação do luto, mas, para algumas pessoas, perdoar pode trazer conforto em meio a tanta dor”, avalia. A psicóloga destaca que, nor- malmente, as pessoas que se- guem alguma religião têm mais facilidade para perdoar. RELIGIOSIDADE Realmente, líderes religiosos têm uma posição parecida quando o assunto é não guardar raiva dos outros. O arcebispo emérito de Vitória, dom Silves- tre Scandian, viveu na pele uma situação dramática e deu o exemplo. Em julho de 2003, aos 71 anos, foi esfaqueado no peito na sede da arquidiocese quando prestava atendimento espiritual a um homem, que tinha proble- mas psicológicos. O religioso não teve dúvidas de que tomou a atitude certa ao perdoar agres- sor. “O perdão faz bem. Além disso, perdoar é um dever do cristão verdadeiro, que sabe que a justiça cabe a Deus”, destaca. O presidente da Associação de Pastores de Vitória, Abílio Rodrigues, tem a mesma opi- nião. “O perdão liberta e traz cu- ra. É uma obrigação do cristão, porque, na oração do Pai Nosso, pedimos a Deus para nos per- doar assim como perdoamos a quem nos ofende. Como vamos pedir perdão se não perdoa- mos?”, questiona. A vice-presidente da Federa- ção Espírita do Estado, Dalva Silva e Souza, também afirma que perdoar traz paz ao coração. “Perdoar é uma receita de saúde. A energia que está ao nosso re- dor assume o colorido dos nos- sos sentimentos. Se guardamos raiva e mágoas, criamos um vín- culo com a energia ruim e pas- samos a sofrer mais”, avalia. - ------------------------------------ nn COMENTE NA WEB Você concorda com a mãe de Eloá Pimentel, que perdoou o assassino da filha? Acesse www.gazeta online.com.br/forum. - ------------------------------------ Seis meses de dor, e nada de perdão Cabeleireiro diz que não absolve causador de acidente que matou sua mulher e seus dois filhos nn No dia 20 de abril deste ano uma tragédia mudou pa- ra sempre a vida do cabelei- reiro Ronaldo Andrade, de 36 anos. Por causa de um grave acidente de trânsito, ele convive com a dor de ter perdido, de uma só vez, a es- posa Maria Sueli Costa Mi- randa, de 29 anos, e os filhos Ronald Costa Andrade, 3 anos, e Rafael Scalfoni An- drade, de 13 anos. O acidente foi provocado por um comerciante que voltava de uma balada e di- rigia, embriagado, seu veí- VITOR JUBINI/ARQUIVO DOR. “Não perdoei, nem sei se conseguirei”, diz Ronaldo nn Há 15 anos, a professora e consultora Zenaide Monteiro dos Santos perdeu o marido e, com ele, três anos de sua vida. Sérgio Malta tinha 39 anos quando foi assassinado a tiros por um bandido que roubou a loja da família, em São Paulo. Zenaide ficou com três filhas pequenas para criar e com uma dor que, aos poucos, se trans- formou em uma raiva enorme. “Eu sentia ódio do homem que matou meu marido e, o tempo todo, pensava em me vingar. Comecei a fazer aulas de lutas marciais, porque que- ria matá-lo com minhas pró- prias mãos. Esse sentimento me fez ficar doente. Na mes- ma época, até um nódulo apa- receu no meio seio”, lembra. Mas ela conseguiu superar esse sentimento. “Durante uma palestra para empresá- rios, ouvi falar que temos de praticar o perdão para viver melhor. A oração do Pai Nosso ensina isso. Comecei a tirar esse sentimento do meu cora- ção e consegui me ver livre de- le”, lembra. O bandido que matou o es- poso de Zenaide nunca foi preso, mas ela mudou de vida. Hoje é psicoterapeuta e dá pa- lestras em empresas e até em presídios sobre os benefícios do perdão. “Minha saúde está ótima, e o nódulo no seio de- sapareceu”, destaca. culo na BR 101 Sul. Esse mo- torista foi preso, mas já está solto. A Ronaldo só resta confiar na Justiça, porque perdoar o homem que aca- bou com sua família ele ain- da não consegue. “Até o presente momento não perdoei esse cidadão nem sei se um dia vou per- doar. Sou católico, mas ain- da não encontrei forças para isso. Só quem vive uma si- tuação como a que eu vivi pode ter idéia da dor que eu sinto. Ontem (segunda-fei- ra), completaram-se seis meses do acidente, mas ain- da sofro muito. E é doloroso saber que um cidadão des- ses está solto. Mas ainda confio que a Justiça será fei- ta. Talvez assim minha dor seja reduzida”, desabafa. - ------------------------------------ Você perdoaria? Acho que eu não perdoaria tão rápido como a mãe da Eloá. Perdoar quando o mal acabou de ser feito é muito difícil, a ficha teria que cair primeiro. Mas, com o passar do tempo, talvez fosse possível.” BLEY LEAL, MOTORISTA, 40 ANOS - ------------------------------------ Eu acredito que perdoar é aceitar o prejuízo, mas perdoaria mesmo assim, porque sei que guardar, nutrir sentimento como o ódio ia me fazer mal. Mas acredito que a Justiça tem que ser feita, independente de haver perdão.” IORLANA DE JESUS MARTINS, PEDAGOGA, 31 ANOS - ------------------------------------ - ------------------------------------ O que diz a lei Lei nº 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha n Artigo 5º. (...) Esse tipo de violência se configura em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a agredida, independentemente de coabitação do e era liberado. Nos juizados, pagava-se pelo crime com ces- tas básicas. Hoje, o agressor pode ser preso em flagrante, e o inquérito é instaurado na ho- ra”, explica a delegada. Pesquisa. Dados são do Estado 330 mil casas sem serviços básicos ANNY GIACOMIN nn A pesquisa divulgada on- tem pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) revelou que mais de 330 mil domicílios particulares no Espírito Santo convivem com uma situação lamentável: não têm, simulta- neamente, rede de água cana- lizada, rede de esgoto e coleta de lixo. Os dados são referen- tes à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007, do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística (IBGE). Do total de 892 mil domicí- lios particulares urbanos no Estado, 63% têm acesso simul- taneo a serviços básicos como abastecimento de água com canalização interna, rede geral de esgotamento sanitário e ser- viço de coleta de lixo direta- mente no domicílio. Esse número corresponde ao pior desempenho entre os Estados do Sudeste. E, inclusi- ve, é um número inferior ao al- cançado pelo Espírito Santo em 2006, que foi de 68,2%. No Brasil, ainda foram ana- lisadas as condições de super- lotação familiar. Mas, de acor- do com a supervisora de divul- gação do IBGE no Espírito San- to, Shella Bodart, o número de pessoas que vivem em cada ca- sa não foi analisado no Estado. A amostragem revelou, ain- da, que no país pelo menos 34% da população vivem em moradias inadequadas, o que afeta 54,6 milhões de pessoas.