7/21/2019 TN 105 Issue Jan Feb 2016
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sumário edição nº 105 jan/fev 2016
n o s s a s r e d e s s o c i a i s
Especial PD&I
Retrospectiva
Perfil profissional
Inovação: umademanda contínua
2015, o ano daságuas paradas
Um engenheiroarretado
Ubiratan Gomes de Carvalho Sá
14
20
32
42
41 Descobertas confirmam potencialbrasileiro em diversas frentes
29 Veículo autônomo submarinoFlatFish
30 Petrobras: expertise sob as águas
Entrevista exclusiva
com Antônio Guimarães,secretário executivo de E&P do IBP
O Brasil tempotencial geológicopara atrair investimentosdo mundo inteiro
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Coffee Break
Caderno de Sustentabilidade
CONSELHO EDITORIAL
Affonso Vianna Junior
Alexandre Castanhola GurgelAntonio Ricardo Pimentel de
Oliveira
Bruno Musso
Colin Foster
David Zylbersztajn
Eduardo Mezzalira
Eraldo Montenegro
Flávio Franceschetti
Gary A. Logsdon
Geor Thomas Erhart
Gilberto Israel
Ivan Leão
Jean-Paul Terra Prates
João Carlos S. PachecoJoão Luiz de Deus Fernandes
José Fantine
Josué Rocha
Luiz B. Rêgo
Luiz Eduardo Braga Xavier
Marcelo Costa
Márcio Giannini
Márcio Rocha Melo
Marcius Ferrari
Marco Aurélio Latgé
Maria das Graças Silva
Mário Jorge C. dos Santos
Maurício B. Figueiredo
Nathan MedeirosPaulo Buarque Guimarães
Roberto Alfradique V. de Macedo
Roberto Fainstein
Ronaldo J. Alves
Ronaldo Schubert Sampaio
Rubens Langer
Samuel Barbosa12 A guerra econômica no mercado mundial de petróleo:
como fica o Brasil? , por Edmar de Almeida
56 Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade:Perfil do líder integral? , por Wanderlei Passarella
62 Um fundo para financiar o futuro do Brasil ,por Lívia Paiva de Carvalho e Luís Eduardo Duque Dutra
2 editorial
4 hot news
6 indicadores tn
42 perfil profissional
47 caderno de sustentabilidade
58 pessoas
59 produtos e serviços
65 feiras e congressos
66 fino gosto
68 coffee break
71 opinião
artigos
Ano XVI • Número 105 • jan/fev 2016Foto: Cortesia BG Group
seções
48
Frida Khalo,as cores e aalma do México
Fundação SOS MataAtlântica: três décadasem defesa do biomabrasileiro mais agredidopela ação humana
Mario Mantovani
68
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2 TN Petróleo 105
editorial
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EDITOR DE ARTE, CULTURAE GASTRONOMIAOrlando Santos (21 99491-5468)
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RELAÇÕES INTERNACIONAISDagmar Brasilio (21 99361-2876)[email protected]
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PRODUÇÃO GRÁFICA E WEBMASTERLaércio Lourenço (21 2224 1349)[email protected]
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ASSINATURAS(21 2224 1349)[email protected]
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DISTRIBUIÇÃOBenício Biz Editores Associados.
Filiada à ANATECOs artigos assinados são de total responsabilidadedos autores, não representando, necessariamente,a opinião dos editores. TN Petróleo é dirigida aempresários, executivos, engenheiros, geólogos,técnicos, pesquisadores, fornecedores ecompradores do setor de petróleo.
Oportunidade x Inércia
Benício BizDiretor da Benício Biz Editores
TN Petróleo
TAGS#105
CANSEI DA CRISE, assim como todos os brasileiros etambém estrangeiros que vivem e investem no país. Nãoadianta nada reclamar da crise e ficar de braços cruzados
esperando que ela acabe em um passe de mágica. Tergi-versar sobre crise e oportunidade, lembrando o ideogra-ma chinês para crise, formado pelas palavras wei = perigoe ji = oportunidade, tampouco nos leva a avançar. Vocênunca enfrentará um problema que não esteja carregadode oportunidades.
É necessário sair da inércia e arregaçar as mangaspara trabalhar, ainda que seja para cortar um dobrado, como se dizia antigamen-
te. É pensando e agindo dessa forma que, a despeito dosdesafios, estamos entregando mais uma edição da TNPetróleo. Mantemos assim o nosso compromisso de ser,além de um foro de debates e reflexão, um painel dessesetor que não pode parar – parafraseando o dito popular
sobre São Paulo. Temos que aprender a crise e usá-la como ‘obra de terraplena-gem’ para a construção de uma indústria sustentável, competitiva dentro e forado cenário nacional.
Reinventar-se, se necessário for, como está fazendo a Petrobras, que im-plementa nova estrutura organizacional e modelo de gestão e governança, para‘ajustar-se à nova realidade do setor de óleo e gás’. E continuar a fazer a liçãode casa para reequilibrar receitas x investimentos, como destaca o nosso en-trevistado do mês Antônio Guimarães, secretário executivo de E&P do InstitutoBrasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), que fala dos desafios e dasoportunidades deste momento.
Desafios e oportunidades que têm forte suporte no trinômio pesquisa, de-senvolvimento e inovação (PD&I), como veremos na matéria de capa dessa edi-
ção, que traz um pouco do que vem sendo feito por essa cadeia produtiva nessesentido. Parte com recursos próprios das empresas e agências de fomento. Boaparte com os investimentos obrigatórios previstos na cláusula dos contratos deE&P da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), quesomaram, até 2015, cerca de R$ 10,38 bilhões. Mais de 90% oriundos da Petro-bras. No entanto, tem aumentado progressivamente os recursos provenientesde outras operadoras, como BG, Shell, Statoil e Sinopec que, como grandesfornecedoras de bens e serviços, também vêm investindo por conta própria emPD&I no Brasil, e em parceria com instituições brasileiras.
Enfim, é hora de trabalhar para superarmos essa crise. Sem mais delongas.Como dizia o filósofo Sêneca há mais de dois mil anos: “Sorte é o que acontecequando capacidade se encontra com oportunidade”. Boa sorte para todos.
WEI JI
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Argus Latin America LNG Summit9-11 de março de 2016Windsor Atlântica HotelRio de Janeiro, Brasil
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4 TN Petróleo 105
hot news
Shell concretiza compra da BG
A SHELL TEM COMO principal ati-
vo no Brasil a participação de 20%
no campo de Libra, anunciada pelo
governo brasileiro como a maior
província petrolífera descoberta no
país, com 8 a 12 bilhões de barris re-
cuperáveis de petróleo. Agora, alémde agregar ao seu portfólio 25% do
campo de Lula, o principal produtor
do pré-sal e o líder nacional em pro-
dução de gás natural, a operadora
passa a ter participação em áreas
produtoras estratégicas, como Sa-
pinhoá e Iracema.
“Os investimentos no pré-sal no
Brasil se manterão firmes e sólidos.
Continuo esperando que o Brasil terá
grande apelo para investidores este
ano e nos anos vindouros”, assegu-
rou Ben van Beurden, presidente
global da Shell. Com a compra da
BG, a empresa se torna a segunda
maior produtora no Brasil, com 240
mil boe/d. A Shell incorporou também 25%
da área de Iara – que teve sua comer-
cialidade declarada em 2014, dando
origem a três campos sob regime de
concessão: Berbigão, Sururu e Atapu.
Tem ainda 30% do campo de Lapa
(antiga área de Carioca), no qual a
Petrobras estimou um volume de 459
milhões de boe, quando fez a decla-
ração de comercialidade em 2013.
Tacadas certeiras: pré-sal e GNL – O
pré-sal apresenta o maior potencial
de expansão das reservas da empresa
nas próximas décadas, que preten-
de elevar a produção no Brasil para
550 mil barris de petróleo por dia
(bpd) até 2020. "O Brasil será um dos
três principais países para a Shell e,
em uma perspectiva de exploraçãoe produção, provavelmente será o
país mais valioso em nosso portfólio"
afirmou Beurden.
Em vista do cenário que indica
que a demanda por gás natural terá
o crescimento mais acelerado dentre
os combustíveis fósseis até 2035 – e
que a maior parcela será atendida por
fontes de gás natural liquefeito (GNL)
–, a Shell garantiu acesso às reservas
estratégicas de gás no Leste da África,EUA e principalmente na Austrália,
onde a BG construiu uma das maio-
res estações de liquefação de gás no
mundo, a Queensland Curtis LNG.
Assim, a companhia está am-
pliando sua capacidade de produção
de GNL para 45 milhões de tonela-
das métricas, marca que a tornará
a maior participante do mercado
mundial com 18%.
No dia 15 de fevereiro entrou em vigor a primeira grande fusão do setor de petróleo em mais
de uma década. Com a aquisição, as reservas mundiais da anglo-holandesa aumentaram
cerca de 30%, passando de 13 bilhões para 17 bilhões de barris de óleo equivalente (boe).
F o t o : D i v u l g a ç ã o S
h e l l
A GEONAVEGAÇÃO, empresa do grupo Geora-
dar, entregou no dia 6 de fevereiro a embarca-
ção SDSV Cidade Ouro Preto para a Petrobras.
Construída em parceria com a BELOV Enge-
nharia Subaquática e Portuária, a embarcação
do tipo Shallow Diving Support Vessel (SDSV)
realizará mergulhos de inspeção, reparo e
manutenção (IRM) das unidades marítimas
estacionárias (UME) e linhas submarinas da
estatal de até 1000 m de profundidade.
Com 42 metros de comprimento e 500
toneladas, a SDSV foi projetada em casco
de aço, sistema de posicionamento dinâmico
classe II (DP II), propulsão em hidrojato,
sistema hidro acústico e com capacidade
para acomodar até 35 pessoas. Além do
sistema de comunicação de última geração
com câmeras de monitoramento 24 horas por
dia, conforme padrão exigido pela Petrobras,
todos os camarotes terão sistema de internet
e TV via satélite, promovendo assim conforto
extra aos tripulantes.
Georadar entrega barco para manutenção de plataformas
Ben van Beurden, CEO global da Shell e Andr Araújo, presidente da Shell Brasil
Primeira embarcação SDSV emcasco de aço com DP II afretadapela Petrobras.
F o t o : D i v u l g a ç ã o
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TN Petróleo 105 5
OS GOVERNOS DE Riad, Moscou, Ca-racas e Doha anunciaram no dia 16
de fevereiro a iniciativa de manter osníveis de produção de janeiro de 2016.O objetivo é conter a queda dos preçosdo barril. Logo após o anúncio, o preçodo barril do tipo Brent, subiu 2,4% emLondres, para US$ 34,20. SegundoMohammed Saleh al Sa'adah, ministro
de Energia e Indústriado Catar e presidenterotativo da Organizaçãodos Países Exportado-res de Petróleo (Opep),a “medida não só bene-ficiará os países pro-
dutores e exportadoresde petróleo, mas a economia global".
De acordo com a Agência Inter-nacional de Energia (AIE), a ArábiaSaudita produziu 10,2 milhões de bar-ris por dia (bpd) em janeiro, abaixo doúltimo pico, de 10,5 milhões, registrado
em junho de 2015. A Rússia produziuquase 10,9 milhões bpd no mesmomês, recorde na era pós-soviética. Omovimento esperado é que os paísesprodutores de petróleo, sejam ou nãomembros da Opep, apliquem a mesmalógica. O ministro catariano anunciou
que liderará uma próxima rodada denegociações com outros países, como
Irã e Iraque.
Arábia Sadita, Rússia,Venezuela e Catardecidem congelarprodução de petróleo
Os quatro países consideramadotar a medida, desdeque os outros grandesprodutores também o façam.
A UNIVERSIDADE FEDERAL da Bahia (Ufba)
e a BG Brasil inauguraram dia 22 de janeiro,
o Centro de Excelência em Geoquímica do
Petróleo, localizado no Instituto de Geoci-
ências da Ufba. Este é o primeiro centro
brasileiro para pesquisas na área aberto à
indústria, que poderá atender às necessi-dades de empresas da cadeia de petróleo.
O projeto é resultado do investimento de
R$ 11 milhões disponibilizados pela BG Brasil,
via Cláusula de Investimento em Pesquisa
e Desenvolvimento da Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP). Este valor inclui a aquisição e ca-
libração de instrumentos analíticos, assim
como a realização dos primeiros projetos
de P&D do centro. As pesquisas conduzi-
das no laboratório permitirão avanços tanto
para a academia, quanto para a indústria,
possibilitando correlacionar a composição
química de rochas, sedimentos, água e es-
pécies marinhas a áreas mais apropriadasà existência de acumulações de petróleo e
gás, como no pré-sal.
Dentre os equipamentos disponíveis
no Centro estão o cromatógrafo gasoso –
capaz de separar, identificar e quantificar
compostos orgânicos de hidrocarbonetos
– e o Rock Eval –, equipamento que fornece
características do tipo e grau de evolução
térmica da matéria orgânica, auxiliando na
identificação de rochas potencialmente ge-
radoras de petróleo.
Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleoé inaugurado em Salvador
GE Oil & Gas fazparceria global comSBM Offshore
A GE OIL & GAS anunciou uma série
de acordos inovadores em Florença(Itália), durante o 17º Encontro Anualda GE Oil & Gas e clientes, em 1º defevereiro, totalizando um valor esti-mado, durante a vigência, de mais deUS$ 700 milhões. Os novos acordosintegram vários elementos da diversagama de produtos e serviços da GE, in-cluindo soluções digitais, que atendemàs necessidades em transformação desua base global de clientes.
Entre eles, está o primeiro contratode manutenção global para toda umafrota de FPSOs, em parceria com aSBM Offshore. Pelo acordo, a GE Oil& Gas irá fornecer peças de reposi-ção, revisões de depósito, serviços decampo e soluções digitais, incluindomonitoramento remoto e diagnósticopara as turbinas a gás industriais ae-roderivadas, geradores elétricos, com-pressores centrífugos e vários sistemasauxiliares atualmente instalados na
frota de FPSOs da SBM Offshore emoperação no Brasil e na África Subsa-ariana. Este acordo também irá cobrirfuturas unidades em construção.
Essa parceria é importante paraambas as empresas, pois representa aprimeira vez em que um contrato demanutenção é assinado para uma frotade FPSOs em nível global, que une aperícia em manutenção comprovadada GE Oil & Gas e a expertise da SBMOffshore em soluções digitais.
Com investimento de R$ 11 milhões,este é o primeiro centro aberto àindústria para pesquisas na área.
F o t o : C o r t e s i a B G B r a s i l
F o t o : C o r t e s i a G E
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6 TN Petróleo 105
indicadores tn
A SEGUNDA ETAPA da 13ª Ro-
dada de Licitações – Acumulações
Marginais, que ocorreu no dia 10
de dezembro de 2014, no Rio de Ja-
neiro, arrecadou R$ 4.248.201,00 em
bônus de assinatura, com um ágio
médio de 623,88%. Além do bônus,
estão previstos investimentos de R$
7.910.000,00 nas áreas arrematadas.O maior ágio, da mesma área, foi de
3.002,07%.
A licitação ofereceu dez áreas
inativas com acumulações margi-
nais, das quais nove foram adqui-
ridas pelas empresas. No total, foi
arrematada uma área de 52,41 km².
Quatorze empresas fizeram ofertas,
sendo nove vencedoras.
Nessa etapa, as ofertas foram
compostas exclusivamente com aindicação do valor do bônus de as-
sinatura. O percentual de conteúdo
local obrigatório é de 70% tanto para
a fase de reabilitação quanto para a
fase de produção.
Áreas inativas com acumulações
marginais abrangem a área de con-
cessão com descobertas conhecidas
de petróleo e/ou gás natural onde
não houve produção ou a produção
foi interrompida por falta de interesse
econômico.
As áreas foram selecionadas embacias de novas fronteiras e bacias
maduras, com o objetivo principal
de oferecer oportunidades a peque-
nas e médias empresas, possibili-
tando a continuidade dessas ativi-
dades nas regiões onde exercem
importante papel socioeconômico,
com geração de empregos e distri-
buição de renda.
Assinados 25 contratos da 13ª Ro-
dada – De um total de 37 blocos ar-
rematados na 13ª Rodada de Licita-
ções de Blocos Exploratórios, a ANP
promoveu no dia 23 de dezembro de
2014 a assinatura de 25 contratos deconcessão com 13 empresas: Ouro
Preto Óleo e Gás, Vipetro, BPMB
Parnaíba, Parnaíba Participações,
Parnaíba Gás Natural, GDF Suez
Brasil, Oil M&S, Petrosynergy, Tek,
Geopark Brasil, Geopar-Geosol, Ime-
tame e Queiroz Galvão.
Dos 12 blocos restantes, sete tive-
ram a data de assinatura prorrogada
até 19 de fevereiro de 2016, por de-
cisão da diretoria da ANP, conformepublicado no DOU do dia 21 de de-
zembro de 2015, e cinco, de acordo
com a publicação do Diário Oficial
da União do dia 10/12/2015, tiveram
a data de adjudicação e homologação
dos blocos postergada para o dia 4
de fevereiro de 2016.
Segunda etapa da 13ª Rodada arrecadaR$ 4,2 milhões em bônus de assinaturaO maior bônus de assinatura foi de R$ 2.577.700,00, oferecido pela empresa EPG Brasil para aárea Barra Bonita, na bacia do Paraná.
A WÄRTSILÄ, LÍDER GLOBAL em solu-ções energéticas de ciclo de vida comple-to para mercados marítimos e de geraçãode energia, assinou com a Gera Amazo-nas (Geradora de Energia do AmazonasS/A) a extensão do contrato para opera-ção e manutenção da UTE Ponta Negra,localizada em Manaus. O acordo incluio fornecimento de peças de reposição eserviços de manutenção dos motores.
A planta, composta por cinco moto-
res 18V46GD, sendo quatro em operação
e um de reserva, tem capacidade instala-da de 85 MW com geração a motor bio-combustível, trabalhando prioritariamen-te com gás natural e com opção para uso
de óleo combustível.
O contrato, assinado no dia 9 de de-zembro, é a extensão do acordo firmadopela primeira vez em 2006 por cinco anos
e renovado em 2011 por igual período etem duração atéfevereiro de 2018.“Este contrato estátotalmente alinhadocom nossa estraté-gia de crescimentopara o Brasil e de-monstra a parceriae a confiança do
cliente nos produtos e serviços da Wärt-silä”, destaca Gabriel Siqueira, gerente
de Vendas de Contratos da empresa.
Wärtsilä conquista extensão do acordo deO&M para a UTE Ponta Negra
F o t o : D i v u l g a ç ã o
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TN Petróleo 105 7
OS AJUSTES LEVARAM em contaos novos patamares do preço do pe-tróleo e da taxa de câmbio e visam apreservar “os objetivos fundamentaisde desalavancagem e geração devalores para os acionistas”, como selê no PGN 2015-2019.
Segundo a companhia, a revisão
para 2015 e 2016 levou a uma reava-liação do portfólio da empresa paraos cinco anos do PNG 2015-2019 ea um consequente ajuste na carteiraglobal de investimentos. As novaspremissas decorrem da otimizaçãodo portfólio de projetos (economia deUS$ 21,2 bilhões) e do efeito cambial(redução de US$ 10,7 bilhões).
Dos investimentos totais dacompanhia, US$ 80 bilhões serãodestinados à área de exploração eprodução, o equivalente a 81% dototal; US$ 10,9 bilhões (11%) sãopara abastecimento e refino; e US$5,4 bilhões (6%), para a área de gás eenergia. As demais áreas ficam cominvestimentos de US$ 2,1 bilhões.
Do total dos investimentos naárea de exploração e produção, estãoprevistos US$ 4,9 bilhões para as ati-vidades no exterior. Os recursos paraabastecimentos incluem os que serãodestinados à Petrobras Distribuidora(BR).No novo Plano de Negócios e
Gestão, os desinvestimentos (vendade ativos) para o biênio 2015-2016foram mantidos em US$ 15,1 bilhões,volume de recursos bastante superioraos US$ 700 milhões atingidos em2015.De acordo com a Petrobras, osajustes promovidos na carteira deinvestimentos resultaram em umaredução da projeção de produção depetróleo no Brasil de 2,185 milhõesde barris por dia para 2,145 milhões,em 2016, e de 2,8 milhões para 2,7
milhões, em 2020.
Companhia anuncia novo modelo de
gestão e governança – O presidenteda Petrobras, Aldemir Bendine, dis-
se que o novo mo-delo faz parte de“um plano muitobem estrutura-do”, envolvendo
mudanças na go-vernança da com-panhia que “vãoser aprofundadas
ao longo do tempo”. Segundo ele, aindicação política para cargos nãofaz mais parte do modelo da empre-sa. "É uma grande blindagem quese faz", afirmou. Bendine defendeuque o novo modelo, para ter sucesso,precisa ter o engajamento de toda aempresa. "Vai ser um processo deconstrução coletiva", acrescentou.
Na primeira fase da reestrutura-ção haverá redução de 14 funções naalta administração e nas diretorias,que passarão de sete para seis com a junção das áreas de Abastecimento eGás e Energia. As funções gerenciaisligadas diretamente ao Conselho de Administração, ao presidente e aosdiretores, cairão de 54 para 41.Asdemais funções do corpo gerencialserão avaliadas na segunda fase, pre-vista para fevereiro. Segundo a em-
presa, as nomeações e a alocação deequipes ocorrerão a partir de março.
A nova Diretoria de Desenvol-vimento da Produção & Tecnologia(DP&T) centralizará a execução dosprojetos de investimento. “Essa novaestrutura concentrará a gestão e ascompetências técnicas de implanta-ção de empreendimentos”, explicou aPetrobras.A empresa informou que amudança é decorrente “da necessida-de de alinhamento da organização à
nova realidade do setor de óleo e gás
e da prioridade da rentabilidade e dis-ciplina de capital, além de fortalecera governança da companhia por meiode maior controle e conformidade nosprocessos e da ampliação dos níveisde responsabilização dos executivos”.
Com as alterações houve fusão deáreas e centralização de atividades.
Haverá ainda novos critérios para aindicação de gerentes-executivos eresponsabilização formal de gestorespor resultados e decisões.
A Petrobras estima que vai econo-mizar R$ 1,8 bilhão por ano com asmudanças e prevê uma redução depelo menos 30% no número de funçõesgerenciais em áreas não operacionais.Conforme a companhia, existem cercade 7,5 mil funções gerenciais aprova-das, 5,3 mil em áreas não operacionais.
A empresa anunciou tambémque serão criados seis comitês téc-nicos estatutários, compostos porgerentes-executivos. Após análiseprévia, eles terão a função de emitirrecomendações sobre os temas queserão deliberados pelos diretores,que serão corresponsáveis nos pro-cessos decisórios.
A partir de agora, a escolha dosgerentes-executivos, passará pornovos critérios de análise de capa-citação técnica e de gestão. As no-
meações e o desligamento dessasfunções terão que ser aprovadas peloConselho de Administração.
Bendine disse que o novo mo-delo é um desenho para o futuro eenvolverá mudança de cultura dentroda empresa. “Estou extremamentesatisfeito com este desenho. Era umsonho ter isso realizado. Acredito quea empresa agora passa a caminharsobre nova ótica, uma nova maneira".empresa mais moderna, mais focada
no seu business”, disse
Petrobras aprova ajstes no Plano de Negóciose Gestão 2015-2019O Conselho de Administração da Petrobras aprovou a revisão do Plano de Negócios
e Gestão 2015-2019 (PGN 2015-2019), que prevê investimentos de US$ 98,4 bilhões no período,
uma redução de US$ 32 bilhões – ou 24% –, em relação ao valor anterior de US$ 130,3 bilhões.
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8 TN Petróleo 105
indicadores tn
A Organização dos Países Exporta-dores de Petróleo (Opep) apontou paraum excedente de oferta de petróleo
maior do que o esperado no mercadomundial neste ano, com a Arábia Sau-dita e outros integrantes bombeandomais petróleo e compensando reduçõesna extração de países não membros dogrupo atingidos pela queda dos preçosda commodity. Segundo o grupo, ospreços mais baixos não compensaram oapetite reduzido dos consumidores - e,ao mesmo tempo, prejudicam grandespaíses, como Rússia e Brasil.
A Opep produziu 32,33 milhões debarris por dia (bpd) em janeiro, uma
alta de 130 mil bpd ante dezembro. Aprodução extra da Opep veio com ogrupo esperando um ritmo menor decrescimento da demanda de petróleoem 2016. O relatório da entidade apon-ta para um excesso de oferta de 720mil bpd em 2016 se o grupo mantiver
a taxa de produção de janeiro, acima
do excedente esperado de 530 mil bpdimplícito no relatório do mês passado.
O documento também afirma que ospreços baixos do pretróleo começam aprejudicar o desempenho da economiaglobal e não têm aumentado a demandapor gasolina e outros derivados no nível
em que muitos esperavam. Apesar dos
preços baixos serem consideradospositivos para os consumidores e paraa economia global em geral, "o efeitogeral negativo do forte declínio dospreços do petróleo desde meados de2014 tem superado os benefícios nocurto prazo", disse a Opep.
Opep diz que equilíbrio de preços do petróleo começa ainda em 2016
A DOW CHEMICAL E DuPont,duas das maiores companhias quí-micas dos Estados Unidos, fecha-ram acordo para criar um conglo-merado que terá receita deUS$ 84 bilhões e manterá uma
dupla sede, nos estados americanosde Michigan e Delaware. A fusãoserá seguida por uma cisão naforma de três empresas separadas:uma se concentraria em sementes eagrotóxicos; a segunda em mate-riais como plásticos; e a terceira emprodutos químicos especializados.
Um dos pontos fortes da Dowé a produção de resinas origi-nadas a partir do petróleo ou dogás natural e que são utilizadasna indústria de plásticos para
fabricar embalagens, brinque-dos, peças de automóveis etc. A DuPont tem presença maissignificativa nas fases poste-riores da cadeia produtiva, emque os químicos são usados na
indústria de beleza (ácidos paratratamento de pele, por exem-plo) ou no setor têxtil (fibraspara colete à prova de balas).
“Certamente haverá demissões.Não sabemos detalhes ainda”,afirmou o presidente executivo daDuPont, Edward Breen, ao jornalbritânico Financial Times. A Du-pont afirmou em comunicado quelançaria em 2016 uma iniciativa deredução de custos que afetaria 10%de sua força de trabalho.
Juntas, as duas empresasteriam 5.731 funcionários, 25 fá-bricas e receita de US$ 5,5 bilhões,superando a rival Basf.
Dow Chemical e DuPont se fundem e criam
gigante da química de US$ 130 bilhõesA empresa resultante da fusão se chamará DowDuPont.
Edward D. Breen, presidente executivo da DuPonte Andrew N. Liveris, CEO da Dow
Prodão de países-membros da Opep e não membros – fev/2014 a Jan/14
mb/d (Opep) mb/d (total)Produção de
países-membros da Opep
Outros países
produtores 96
95
94
93
92
91
90
89
33
32
31
30
29
28
27
26
F e v 1 4
M a r 1 4
A b r i l 1 4
M a i o 1 4
J u n 1 4
J u l 1 4
A g o 1 4
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M a i o 1 5
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TN Petróleo 105 9
PELO MUNDO
EUA: Apósa suspensão
da proibiçãoque, por 40anos, impediu o país de exportarpetróleo, dois navios com carre-gamentos de petróleo zarparamde portos no Texas. O primeirocarregamento partiu de CorpusChristi, no Texas, e foi feito pelaConocoPhillips, com destino aoEstado alemão da Baviera. Outrocarregamento foi feito a partirdo terminal da Enterprise em
Houston, e seguiu para a cidadefrancesa de Marselha. De lá, o pe-tróleo foi transportado via oleodu-to para uma refinaria na Suíça.
VENEZUELA:Segundo aempresa depesquisa de
dados sobre a indústria petrolíferaClipperData, citada em reporta-
gem da rede americana CNN,o país recebeu um carregamentocom meio milhão de barris depetróleo importado dos EstadosUnidos. Apesar de ser o detentordas maiores reservas de petróleodo mundo, as importações vene-zuelanas não são raras.O óleo que existe no país é con-siderado muito pesado, de difícilrefino, o que exige sua misturacom outros tipos de óleo cru, mais
leves. O que não é comum é quea Venezuela importe petróleo dosnorte-americanos.
ARÁBIASAUDITA: Deacordo com opresidente do
conselho da Saudi Aramco, Khalidal-Falih, em entrevista concedidaao The Wall Street Journal, a em-presa estatal está considerando apossibilidade de abrir o capital deseus ativos de exploração e pro-dução, com mais de 260 bilhões
de barris de petróleo em reservascomprovadas e o equivalente a 50bilhões de barris em reservas degás natural.
IRÃ: Teerãretomou asexportaçõesde petróleo
para o Ocidente. No dia 14/2, opaís do Oriente Médio fez seuprimeiro embarque de óleo para
a Europa desde o fim das san-ções comerciais. A Agência deNotícias da República Islâmica(IRNA, a agência oficial irania-na) citou informações do vice--ministro de Petróleo, RokneddinJavadi, de que o embarque foi oprimeiro em cinco anos e marcou
“um novo capítulo” na história daindústria do petróleo no país. Se-gundo o ministro, o Irã já chegoua acordos para exportar petróleopara França, Rússia e Espanha.
IRAQUE: O
porta-voz doMinistério doPetróleo, Asim
Jihad, afirmou que produção depetróleo do Iraque atingiu umrecorde em dezembro, com aextração aumentando a partir doscampos localizados no centroe no sul do país. A produção depetróleo do Iraque a partir decampos nas áreas central e sulfoi de 4,13 milhões de barris por
dia (bpd). Enquanto os camposna regiões central e do sul de sãocontrolados pelo governo cen-tral, as exportações de petróleodos campos do norte estão sobo controle do governo regionalcurdo e estão produzindo cercade 600 mil bpd.
F o t o
: D i v u l g a ç ã o
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10 TN Petróleo 105
indicadores tn
Prodão de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil
Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Bacia de Campos 1.480,7 1.519,5 1.390,4 1.442,1 1.426,4 1.491,7
Otras (offshore) 472,7 498,6 480,4 471,4 469,3 501,5
Total offshore 1.953,4 2.018,1 1.870,7 1.913,5 1.895,7 1.993,1
Total onshore 188,6 187,6 187,5 187,0 175,7 185,2Total Brasil 2.142,0 2.205,7 2.058,3 2.100,5 2.071,4 2.178,4
Prodão de GN sem liqefeito (em mm³/d)* - Brasil
Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Bacia de Campos 26.326,2 27.187,5 25.162,1 25.196,2 24.387,3 25.090,8
Otras (offshore) 30.350,5 31.949,4 31.804,2 32.146,3 30.681,5 33.903,4
Total offshore 56.676,7 59.136,9 56.966,3 57.342,5 55.068,7 58.994,2
Total onshore 17.847,4 17.390,3 18.063,3 17.390,3 16.653,3 17.676,8
Total Brasil 74.524,0 77.182,0 75.029,6 74.732,8 71.722,0 76.671,0
Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Prodão de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional
Exterior 95,9 101,2 96,8 99,5 95,8 96,3
Prodão de GN sem liqefeito (em mm³/d) - Internacional
Exterior 15.078,1 15.416,4 15.491,0 16.133,0 15.974,8 16.199,3
Prodão total de óleo, LGN e de gás natral (em mboe/d)
Brasil+Exterior 2.795,3 2.883,1 2.718,1 2.765,0 2.712,4 2.852,3
3.9293.699
-0.530.28
-0.572.30
4.433.93
Variação no período: -19.45%
Variação no período: -16.73%
Variação no período: 5.49 %
Variação no período: 11.42%
AS PERSPECTIVAS PARA a deman-da global de Gás Natural Liquefeito
(GNL) no longo prazo são incertas,
mas promissoras. Essa é a princi-
pal conclusão do relatório ‘Águas
desconhecidas: demanda de GNL
em uma indústria de transformação’
(em inglês: Uncharted waters: LNG
demand in a transforming industry ),
que destacou os cinco principais fa-
tores que devem moldar a demanda
desse mercado em 2030: crescimento
econômico asiático e pressões am-
bientais; diversificação da oferta;comoditização do produto, novos
mercados e problemas geopolíticos
como guerra, sabotagem e desastre
ambiental.
“Na verdade, o mercado de GNL
global está passando por um gran-
de período de mudança. Ele está se
globalizando, conforme os números
e tipos de compradores e vendedores
aumentam; os modelos de precifi-
cação estão mudando sob a pressão
do aumento da oferta e redução dos
preços de energia,e há grandes in-
certezas sobre a
demanda, quan-
do as expectativas
dos participantes
sobre o preço e
planos para a
nova oferta dependem da demanda
prevista”, analisa o diretor da KPMG,
André Donha.
O relatório apontou ainda as incer-
tezas nas demandas em diferentes
KPMG: Demanda global de GNL é incerta, mas promissoraCrescimento econômico, pressão ambiental e guerra podem moldar o setor até 2030.
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TN Petróleo 105 11
FRASES
“Se estes números se confirmarem
(aumento do excedente da oferta
para 2016), em um mercado já
inundado de petróleo, é dificil pensar
como os preços do pretróleo pode-
riam aumentar significativamente.”
Relatório da Agência Internacional de Energia
(AIE), 09/02/2016 – Folha de São Paulo
“ Há mais conversas em andamento
agora. Acho que quando nos encon-
tramos em dezembro último...eles
(membros da Opep) mal estavam
conversando um com o outro. Todo
mundo estava protegendo a lógicade sua própria posição.”
Emmanuel Ibe Kachiwku, ministro do petróleo da
Nigéria, 14/02/2016 – Reuters.
“A fim de estabilizar o mercadodo petróleo decidimos congelara produção.”
Mohammed Saleh al Sa'adah, ministro de
Energia e Indústria do Qatar e presidente rota-
tivo da Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (Opep), 16/02/2016 – G1.
“A Shell, por exemplo, já produz
mais gás natural do que petróleo,
porque é mais barato e menos
poluente. Ele será o combustível
da transição, mas a Petrobras está
diminuindo a importância da área,
vendendo ativos. Está se tornando
uma outsider.”
Adriano Pires, diretor de Centro Brasileiro de
Infraestrutura (CBIE), 14/02/2016 – Estado deSão Paulo.
“À medida que a produção no pré-sal
começar a crescer e tomar uma
proporção maior em relação ao todo,
a tendência é que esse prejuízo dimi-
nua, e até se transforme em lucro.”
Eric Barreto, professor do Insper, 13/02/2016 – CBN
R$10,45
R$
14,47
R$10,90
R$8,50
R$
12,03
R$25,59
R$6,12
R$
10,20
R$11,65
R$4,31
R$
7,73
R$23,31
30.9745.12
27.3542.72
Variação no período: -33.66 %
Variação no período: -38.02 %
Variação no período: -42.21 %
Variação no período: -28.70 %
Variação no período: 4.83 %
Variação no período: -57.67 %
Variação no período: -38.17 %
Variação no período: -8.40 %
períodos: retomada nucelar japonesa,
crise na Ucrânia, armazenamento
de GNL, trading de integração ver-
tical (curto prazo); novas alianças de
compradores, desregulamentação
japonesa, crescimento econômicochinês, novos gasodutos russos, no-
vos importadores (médio prazo); e
urbanização asiática, GNL em trans-
portes, energia renovável, política
climática (longo prazo).
Segundo Donha, o grande au-
mento na oferta de GNL nos últi-
mos anos baseou-se no crescimen-
to da demanda asiática, que estava
previsto para ser de 70% a 80% do
crescimento global. “Esperava-se
que essa demanda pudesse ser sus-
tentada com preços elevados, mas
fatores emergentes lançaram algu-
mas dúvidas sobre essas previsões
de demanda. Já aqui no Brasil, te-
mos um bom nível de maturidade
de diferentes setores para projetosde Exploração e Produção (E&P),
em termos de engenharia, nível de
competência dos profissionais e dos
trabalhadores e, dessa forma, posicio-
nar uma planta de GNL em um local
remoto não será um grande problema
para nós. O país é um importador de
GNL e também está estudando criar
fábricas flutuantes para liquefação
do GNL como uma solução para o
gás produzido em campos pré-sal
offshore”, explica.
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12 TN Petróleo 105
indicadores tn
como fica o Brasil?A situação do mercado mundial de petróleo no Brasil mudou radicalmente
nos últimos meses. O preço do barril atingiu patamares impensáveis há
cerca de um ano. Esta nova realidade de preços baixos afetou em demasia
as estratégias dos principais agentes do mercado internacional de petróleo.
Uma grande guerra econômica está sendo travada com a disputa para
decidir quem perderá participação no mercado mundial.
De um lado estão países da Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep) e a Rússia, que produzem petróleo a baixo custo. De
outro, os países de elevado custo de produção, onde os investimen-
tos são em geral realizados com recursos privados. No caso da Rússia e dos
países da Opep, os preços baixos do petróleo ameaçam o financiamento
dos governos, com consequências políticas imprevisíveis. No caso dos ou-
tros países fora da organização, os baixos preços ameaçam a viabilidade
econômica de empresas, com risco de perdas econômicas importantes para
o mercado de capitais.Existe um processo de ajuste econômico muito forte em curso no mer-
cado internacional de petróleo. Os investimentos em E&P no mundo caí-
ram fortemente desde 2014. Segundo a consultoria Rigzone, o investimen-
to global em E&P caiu 20% em 2015 e poderá cair ainda mais em 2016. Na
América do Norte, o ajuste é ainda mais drástico. O número de sondas em
operação caiu pela metade nos EUA após a queda do preço do petróleo no
final de 2014. Este corte nos gastos com investimentos não será suficiente
para impedir a quebra de grande número de empresas norte-americanas.
A consultoria americana CreditSights estima que cerca de 45% dessas em-
presas de petróleo correm risco de recorrer a alguma modalidade de recu-
peração judicial até 2017 se os preços permanecerem no patamar atual.
A guerra econômica do setor petrolífero deixará, forçosamente, grandenúmero de mortos e feridos. Nesta guerra, as principais batalhas serão tra-
vadas em 2016. Empresas e governos podem entrar em default até que o
mercado se ajuste através da redução da produção mundial de petróleo. A
queda acentuada das bolsas de valores mundiais em janeiro são consequ-
ência da antecipação dos estragos potenciais da guerra do petróleo.
Como fica o Brasil nesse contexto? Infelizmente, ele está mal preparado
para a batalha e corre sério risco de ser parte dos mortos e feridos. Como a
disputa do mercado mundial é para decidir quem vai sair do mercado, os in-
vestimentos do pré-sal representam um alvo interessante para ser “abatido”.
O Brasil tem condições de dobrar a produção nacional de petróleo e se
tornar um concorrente significativo da Opep no mercado mundial de pe-
Edmar de Almeida édiretor do Instituto deEconomia da Universi-dade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ)
A guerra econômica no mercado mundial de petróleo:
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TN Petróleo 105 13
tróleo. Entretanto, esta expansão depende basicamente
de dois fatores: 1) da capacidade de investimento da
Petrobras; 2) e da redução dos custos de produção no
pré-sal. Quanto ao primeiro fator, a Petrobras é a em-
presa de petróleo mais endividada do mundo petrolífe-
ro. Sua dívida total atingiu 120 bilhões de dólares nofinal de 2014. A empresa de petróleo mais endividada
depois da Petrobras é a Petrochina, com uma dívida de
cerca de 60 bilhões de dólares. Asfixiada por esta dívi-
da gigantesca, a Petrobras vem promovendo cortes nos
investimentos em E&P que comprometeram a curva de
expansão da produção no país. Além disso, a empresa
corre sério risco de enfrentar uma crise financeira mais
grave ao longo de 2016.
É importante ressaltar que a atual situação finan-
ceira da Petrobras é resultante da falta de uma estra-
tégia de expansão sustentável. Após a descoberta do
pré-sal, a Petrobras tornou-se a empresa de petróleocom o maior volume de recursos petrolíferos a serem
desenvolvidos no mundo. São cerca de 40 bilhões de
barris a serem desenvolvidos na próxima década que
irão requerer da empresa investimentos de cerca de
400 bilhões de dólares. O governo brasileiro e as lide-
ranças da empresa partiram da premissa de que tais
investimentos poderiam ser feitos sem alterar de modo
significativo a configuração e a estratégia da empresa.
A partir de 2007, a Petrobras aumentou seus investi-
mentos para patamares muito acima da sua capacidade
de geração de caixa. Num contexto de preços elevadosde petróleo, ela se apoiou na credibilidade que o pré-
-sal trouxe e na forte liquidez do mercado internacional
para se endividar e aumentar os investimentos em to-
das as áreas. A trajetória de endividamento e a crise de
governança rapidamente erodiram a credibilidade da
empresa nos mercados internacionais, forçando uma
redução dos investimentos a partir de 2014. Desde en-
tão, a luz amarela acendeu.
A resposta da nova direção da Petrobras, a partir de
2015, foi anunciar um plano de vendas de ativos e pro-
mover cortes sucessivos dos investimentos. A empresa
vem enfrentando muita dificuldade política e opera-cional para promover ajustes estruturais com a venda
de ativos para garantir a capacidade de investimento
no atual contexto do mercado mundial de petróleo. A
demora na realização dos ajustes estruturais tende a
prolongar a crise econômica da Petrobras, o que repre-
sentará um adiamento da expansão da curva de produ-
ção no Brasil.
Mas recuperar a Petrobras seria apenas parte da ta-
refa para evitar que o Brasil seja uma vítima preferencial
da disputa atual. O pré-sal é uma fronteira petrolífera
de custos elevados para o contexto atual do mercado
mundial de petróleo. Apesar da enorme produtividade
dos poços, trata-se de uma área offshore de águas ultra-
profundas que requer poços caros que atravessam uma
espessa camada de sal. Trata-se de uma nova fronteira
geológica que requer tecnologias novas, ainda sujeitas a
um processo de aprendizado tecnológico.
Assim, é fundamental acelerar o processo de apren-
dizado tecnológico de forma a trazer os custos do pré--sal para um patamar seguro. O desafio que se coloca
é reduzir o nível de custo de produção no pré-sal para
que o break-even dos projetos caia de um patamar de
50 dólares para cerca de 30 dólares. Após os ajustes
estruturais na Petrobras, esta redução de custo deveria
ser o principal desafio estratégico do setor petrolífero
nacional. Neste patamar de viabilidade (cerca de 30
dólares), o Brasil poderia ser atrativo para investimen-
tos não apenas da Petrobras, mas de operadoras priva-
das, mesmo no pior cenário para evolução do mercado
mundial de petróleo. Esse desafio estratégico deve ser
colocado não apenas para as empresas, mas tambémpara o governo brasileiro. Este último tem condições de
contribuir muito para a redução de custos, sofisticando
e melhorando a política de conteúdo local e a taxação
sobre o setor.
O ano de 2016 será o momento da verdade para
o setor de petróleo brasileiro. Vamos esperar que
as autoridades governamentais e as lideranças em-
presariais do setor entendam os riscos e os desafios
do momento atual para formularem estratégias que
permitam preservar o sonho de transformar o Brasil
numa potência petrolífera.
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14 TN Petróleo 105
entrevista exclusiva
Com um potencial tão atraente para os investidores internacionais do setor de óleo e gás, o que falta
para a indústria petrolífera brasileira retomar a curva de crescimento? Ajustes fiscais e regulatórios
(inclusive da política de conteúdo local), estabilidade jurídica e restabelecimento do equilíbrio entre
receita e investimentos da Petrobras, em um cenário crítico, que não é apenas local. Estes são alguns
dos pontos destacados por Antônio Guimarães, secretário executivo de E&P do Instituto Brasileiro
de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) nesta entrevista exclusiva à TN Petróleo.
O Brasil tem
POTENCIAL GEOLÓGICO
para atrair investimentos do mundo inteiro
RESPALDADO EM QUASE três
décadas de atuação na indústria de
petróleo e gás, o engenheiro quími-
co brasileiro afirma que os players mundiais querem estar no Brasil, do
ponto de vista geológico. “Mas essa
atratividade esbarra nos fatores cita-dos. O grande desafio é fazer o ajuste
fino da regulamentação – o governo
já dá sinais positivos nesse caminho
– para retomarmos a atratividade ecompetitividade do mercado brasi-
leiro que possibilitará captar novos
investimentos”, pontua Guimarães,afirmando que o país pode atrair de
7% a 10% dos investimentos globais
do setor de óleo e gás (que no ano
passado somaram em torno de US$
540 bilhões), bem acima dos 4% a 5%que capta hoje.
TN Petróleo – O Governo do Rio san-cionou, em dezembro, duas leis que
aumentam a tributação do setor de
óleo e gás: a Lei nº 7183/2015, qedispõe sobre a incidência de ICMS
na extração de petróleo e gás e a Lei
nº 7182/2015, qe institi a Taxa deControle, Monitoramento e Fiscali-
zação das Atividades de Pesquisa,
Lavra, Exploração e Aproveitamento
de Petróleo e Gás (TFPG). Qais osimpactos negativos dessas medidas?
Antônio Guimarães – O principal,
como o IBP já pontuou, é que as duasmedidas são inconstitucionais.
E representam um sinal muito nega-tivo para o investidor. Ninguém quer
investir em um país no qual, a qualquermomento, seja possível fazer algo
contra os princípios constitucionais.
Os investidores preferem investir empaíses nos quais sabem que as regras
estabelecidas serão mantidas por
muito tempo. É um péssimo sinal que,
mais uma vez, sejam criadas regrasque criam instabilidade jurídica. Temos
ainda a questão do impacto econômi-
co. A cobrança do ICMS na extraçãovai aumentar o custo da mesma: em
uma análise econômica do pré-sal, por
exemplo, a cobrança desse imposto
representaria um aumento de 40% noscustos. Portanto, essa tributação vai
ter um impacto enorme nas operações
do pré-sal. O Rio está na contramão dahistória: as empresas petrolíferas que-
rem reduzir custos e os governos dos
países produtores, cientes da impor-
tância dessa cadeia produtiva, estão
revendo seus termos de conduta para
tornarem-se mais atrativos e reter es-
ses investimentos. Esse movimento doRio de Janeiro terá impacto nacional,
uma vez que 60% a 70% dos investi-
mentos estão na área de abrangência
do estado, mas mobilizam a indústriado país inteiro. E tem outro aspecto
preocupante: não estaremos apenas
afastando os investimentos futuros,como também reduzindo a longevi-
dade de poços em produção uma vez
que o aumento do custo vai levar asempresas a determinarem, mais cedo,
a parada de produção de poços, devido
à sua inviabilidade econômica. Ou seja:
ele se tornará inviável comercialmente,acelerando o fim da vida útil do poço.
É um tiro no pé pensar que haveráaumento da arrecadação fazendo essetipo de tributação: na realidade, vai
acelerar a redução de investimentos e
a fuga de capital, devido à insegurança
jurídica, e terá impactos diretos naprodução, na arrecadação de impostos
e na geração de empregos.
Que medidas o IBP, em nome da
indústria, vem bscando adotar para
minimizar estes impactos?
por Beatriz Cardoso
7/21/2019 TN 105 Issue Jan Feb 2016
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TN Petróleo 105 15
Nós acabamos de contratar um
escritório de advocacia para analisaras medidas cabíveis para impedir essa
cobrança. Quando tivermos uma po-
sição desse escritório, que não quere-mos nominar no momento, vamos
divulgar os resultados dessa análise
e quais os próximos passos, as ações
cabíveis recomendadas.
O setor tem reclamado bastante dasmultas decorrentes do não cumprimen-
to dos índices de conteúdo local. Não
hora, afinal, de rever a regra para evitar
penalizações exorbitantes assim comoo risco de atraso ou inviabilização de
projetos de E&P devido a impossibili-
dade de se alcançar os índices requeri-
dos sem pagar um alto custo?
É mais do que tempo de se
avaliar principalmente se aquilo quefoi proposto, que era objetivo dessa
política de conteúdo nacional, vem
sendo alcançado. Hoje sabemos dasreais dificuldades de se atingir esse
índice. É hora de revermos essas
regras. Como a questão do waiver (perdão) – cláusula de isenção da
obrigação nos contratos da Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), quando ficaconfigurada a impossibilidade de se
atingir os índices de Conteúdo Localestipulados num projeto, por nãohaver fornecedor, tecnologia dis-
ponível, capacidade de entregar no
prazo e preços competitivos. Desde
2005, quando a regra foi criada, nãofoi feita a regulamentação dessa
regra. Também é necessário que seja
previsto um mecanismo de neutrali-zação dos preços. Por exemplo: em
2005, as sondas tinham um peso de
30% do custo total do poço. Em 2013,
NINGUÉM QUER
INVESTIR EM UM PAÍS
NO QUAL, A QUALQUERMOMENTO, SEJA
POSSÍVEL FAZER ALGO
CONTRA OS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS. OS
INVESTIDORES PREFEREM
INVESTIR EM PAÍSES NOS
QUAIS SABEM QUE ASREGRAS ESTABELECIDAS
SERÃO MANTIDAS POR
MUITO TEMPO.
Antônio Guimarães, secretário Executivo de E&P do IBP
F o t o : D i v u l g a ç ã o I B P
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16 TN Petróleo 105
entrevista exclusiva
2014, esse custo já representava 50
a 60% (o dobro), devido à demanda
do mercado. É disso que se trata aneutralização. São coisas que vão se
observando no decorrer do tempo e
que precisam ser corrigidas. É umacurva de aprendizado. Hoje sabemoso que funciona e o que não funciona.
Temos que olhar para trás, no sentido
de levar em consideração o que estácomprometido, e para adiante, no
sentido de ajustar a política para que
esteja alinhada com a realidade do
mercado. A política de conteúdo localfoi feita não para penalizar as empre-
sas e sim para incentivar o desenvol-
vimento da cadeia produtiva local.
Mas há diversas atividades de E&P
que demandam tecnologias, proces-
sos e serviços avançados, que nãoestão disponíveis, na escala necessá-
ria, na indústria local o qe, qando
existem, têm preços muito acimados externos (mesmo levando em
consideração a valorização do dólar.
Qais os segmentos/tecnologias nas
atividades de E&P que o senhor con-
sidera qe o conteúdo nacional deveser menos restritivo?
É importante levar em consideraçãoa vantagem competitiva que o país tem
e para quais segmentos ele tem maior
vocação. Temos uma política local de
amplo espectro, que, como já perce-bemos, não traz resultados satisfató-
rios, pois afasta o foco do que é mais
importante para o país. Deveríamosfocar nos itens de maior valor agregado
que são de segmentos nos quais temos
competitividade, expertise para crescerde forma sustentável: se eles não foremcapazes de competir tanto no mercado
local como no externo, essa política
não será sustentável. Isso porque, como passar do tempo, há o risco de a
indústria nacional fomentada desapare-
cer junto com a diminuição da demanda
doméstica offshore. Apresentamos umestudo, contratado junto à consultoria
Bain & Company, nos quais mostramos
os segmentos em que o Brasil não
somente tem escala como tambémcapacidade de criar valor e competitivi-
dade para seguir adiante. Criar valor no
futuro. Foram mapeados sete setores
para serem priorizados, a partir de umaanálise do valor socioeconômico que
estes têm para o País e da relevância
mundial da demanda brasileira. São ossetores de projeto, fabricação e instala-
ção de módulos e topsides; equipamen-
tos submarinos; serviços de instalação
submarinos; perfuração e completaçãode poços de alta tecnologia; máquinas e
equipamentos de alta tecnologia; máqui-
nas e equipamentos de média tecnolo-
gia; e construção naval de embarcaçõesde apoio marítimo (EAM).
Para alguns especialistas, o atualpatamar de preços do petróleo colo-
caria em xeqe o pr-sal? O senhor
concorda com isso?
Primeiro, é importante destacarque as empresas não fazem análise
baseada no preço de hoje. Não fun-
ciona assim: as análises têm visão delongo prazo. Todas têm um cenário,
a partir de 2020, 2025, de barril depetróleo a 50, 70 dólares. Ninguémtoma uma decisão de investimento
hoje baseado no preço atual e sim em
cenário de longo prazo. Porque as
empresas acreditam nisso? Em parte,pelas lições aprendidas do passado.
Hoje temos um desiquilíbrio entre
oferta e demanda que se deve, prin-cipalmente, ao fator shale, a produção
não convencional dos EUA. Mas,
quando se faz uma análise, a percep-
ção é de que muitas dessas empresas
que estão produzindo hoje não vão se
sustentar. Na medida em que forem
perdendo a capacidade produtivadevido aos preços, essas empresas
vão parar de produzir. Mas a demandacontinuará a crescer, mais ainda como crescimento demográfico global. No
longo prazo, o preço deverá estar em
torno de 50 a 70 dólares. Portanto,
nestes níveis, o pré-sal é viável.
O senhor acredita que a OPEP não
poderá manter por muito tempo a suapolítica de produção, que derrubou os
preços dessa commodity ?
Acredito que a Opep não deverá
ter o mesmo papel de regular os pre-ços, de ser o swing producer (o papel
de produtor de última instância), como
no passado. O shale deverá assumiresse papel de fazer o balanço do mer-
cado, de ser o swing producer .
Voltando ao pr-sal, qais os fatoresqe hoje pesam positivamente para a
continuidade das operações no pré-
-sal? Alta prodtividade dos poos?
Grandes reservas? Sinergias com ainfraestrtra já existente? Novas
tecnologias?
Trata-se de um ativo diferenciadoe muito atrativo. Primeiro porque são
grandes volumes, com poços de alta
produtividade e óleo de boa quali-dade, fatores que fazem do pré-sal
muito atrativo. E há ainda um quarto
elemento a se considerar: a curva de
aprendizagem consolidada. Os desa-fios iniciais foram reduzidos substan-
cialmente, assim como os custos, comganhos tanto em produtividade comoem escala. Se considerarmos a média
dos poços de melhor produtividade
nas áreas do pré-sal, hoje, com 30 mil
barris diários, a um custo médio emtorno de 40 dólares o barril, em um
cenário de 60 dólares o barril, como
projetado para após 2020, teremosuma margem de 20 dólares para
trabalhar. Hoje se faz um poço em 1/3
do tempo necessário do que era há
A POLÍTICA DE CONTEÚDO
LOCAL FOI FEITA NÃO PARA
PENALIZAR AS EMPRESAS
E SIM PARA INCENTIVAR
O DESENVOLVIMENTO DA
CADEIA PRODUTIVA LOCAL.
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TN Petróleo 105 17
O Brasil tem potencial geológico para atrair investimentos do mundo inteiro
dez anos, quando o prazo era de 120
a 150 dias: hoje é em torno de 30, 40
dias. Tanto o pré-sal é atrativo que, seresolvidas as questões regulatórias e
o governo fizesse um novo leilão do
pré-sal, atrairia empresas do mundointeiro para disputar essas áreas.
Em função do cenário de crise, todas
as oil companies tiveram de rever
seus investimentos, principalmenteem E&P. O senhor considera que isso
é um processo natural e, portanto,
deve ser um fator contingencial,inclusive no caso da Petrobras?
O que está acontecendo é absolu-
tamente natural, a revisão de investi-
mentos. Temos uma crise global.E isso se reflete no mercado global
de óleo e gás. Basta ver os números:
em 2014 se investiu algo em tornoUS$ 734 bilhões em E&P. Os núme-
ros ainda não foram fechados, mas
em 2015 esse volume deve ficar em
US$ 545 bilhões, uma queda de mais
de 26%. Isso aconteceu em todas asempresas do mundo: quando se tem
barril a 100 dólares, há mais caixa,
quando se tem menos dinheiro, os
investimentos são mais seletivos.Em 2016, acredito que estes recursos
podem ficar até abaixo de US$ 500
bilhões. Ainda assim é muito dinheiroinvestido. Portanto, podíamos esperar
o mesmo para o Brasil, mas aqui a
crise foi pior. De US$ 43 bilhões em2014, caímos para US$ 25 bilhões
em 2015. Uma queda de 42%. Era
esperada uma queda, mas não tão
grande. Isso ocorreu por vários mo-tivos, incluindo a questão regulatória
e a concentração em uma empresa, aPetrobras, que está passando por umprocesso de ajuste significativo do
seu plano de investimentos.
O nível de endividamento da Petro-bras tem sido visto principalmente
do ponto de vista financeiro. No
entanto, especialistas do setor têm
ponderado que outros aspectos
devem ser considerados, como a altaprodtividade do pr-sal, grandes
reservas ainda não agregadas, índicede reposição de reservas, curva deaprendizado. Pela visão que o se-
nhor tem em 30 anos nesse setor, a
Petrobras tem lastros qe a indústria
mundial de petróleo considera vitaisno seu negócio?
Não tenho dúvidas de que a Pe-
trobras tem um ativo de valor enorme.Ela tem mais de 40, 45 bilhões de
barris a serem desenvolvidos. Dentro
do nível atual de investimentos,
acredito que ela tem muito trabalhoe receita garantida para os próximos
20, 25 anos. O desafio da gestão atual
é rever o equilíbrio da receita versusinvestimento. Os ajustes já realizados
no plano de negócios mostram que
a empresa vem tentando adequar
Nestaedição.
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18 TN Petróleo 105
entrevista exclusiva
receita X investimentos X pagamen-
to do passivo existente. Uma vez
consolidado esse ajuste, com 40 a 45bilhões de barris, a Petrobras tem um
horizonte futuro muito bom. A dis-
cussão não é se a Petrobras tem umfuturo brilhante ou não e sim que elatem que ter um plano para superar os
desafios no curto prazo. Uma empre-
sa que tem esse volume de reservaspara desenvolver tem lastro.
Houve uma redução substancial nos
custos de etapas exploratórias, prin-cipalmente de perfuração de poços
no pr-sal, qe não somente promo-
veu a quebra de paradigmas
geológicos, mostrando o potencialde uma nova fronteira, como também
alavancou essa evolução. O senhor
acredita qe sem o pr-sal esseprocesso evolutivo não se daria com
a mesma velocidade?
O que eu posso dizer é que a in-dústria evolui em função dos desafios:
ela trabalha para achar soluções e
superá-los. Ao enfrentar os desa-
fios do pré-sal foi acelerada a curva
de aprendizagem, porque havia umproblema real a ser desenvolvido. Por
isso, os desafios superados, como,por exemplo, reduzir de 150 dias para
35 dias a perfuração de um poço no
pré-sal, é um tremendo avanço tecno-
lógico. Dominar a construção do poçona camada de sal também é outro
grande avanço, pois as tecnologias
aplicadas, desenvolvidas e adequadas,estão funcionando muito bem como
mostra a produtividade dessas áreas.
Quando enfrentados, esses desafiosforçaram efetivamente uma curva deaprendizado e muitos ganhos foram
capturados.
Os custos de E&P no Brasil sãomaiores que em outros locais? Caso
sim, por que?
Há um estudo da Consultoria IHSmostrando que os custos do Brasil
são maiores por causa, principal-
mente, dos impostos, da tributação
em toda a cadeia produtiva de equi-
pamentos utilizados nessa atividade,
assim como nos serviços. No casodo pré-sal, os custos são altos
como ocorre quando se descobre
novas fronteiras. Isso ocorre emqualquer parte do mundo. Depois,com a curva de aprendizagem, com
a tecnologia dominada, estes custos
se acomodam.
Qais os maiores desafios hoje na
exploração e produção de petróleo no
Brasil?Hoje, no IBP, a grande discus-
são não se dá somente em torno da
tecnologia. Claro que existe o desafio
tecnológico, mas o maior de todos éa questão da atratividade e compe-
titividade da indústria e do país. Da
necessidade de pequenos ajustespara tornar o ambiente brasileiro mais
atrativo. Nesse sentido, o governo
vem dando sinais positivos.
E quais os fatores que tornam o
nosso mercado atrativo para os
investidores internacionais: pr-sal,
sucesso exploratório nessa fronteira,infraestrutura instalada nas principais
bacias abrangidas pelo pr-sal? Polo
instalado de apoio e suporte às ope-rações offshore, com fornecedores de
bens e serviços do mundo inteiro?
O Brasil, do ponto de vistageológico, considerando o pré-sal e
olhando o restante das bacias, tem
um potencial de descobertas enorme.
Quando falamos com grandes players,todos querem estar no Brasil, do
ponto de vista geológico. Mas essaatratividade esbarra nos fatores jácitados. O grande desafio é, portanto,
fazer o ajuste fino da regulamentação
para retomarmos a atratividade ecompetitividade do mercado brasi-
leiro, que possibilitará captar novos
investimentos. O IBP acredita que
o Brasil poderia atrair de 7% a 10%daqueles investimentos mundiais que
citamos anteriormente (e que devem
ficar em torno de US$ 500 bilhões
este ano), mas que hoje estão em
torno de 4 a 5%.
O que é necessário fazer para mudar
esse quadro?
Como teremos um ambiente debaixos preços no longo prazo – nin-guém mais acredita em barril a 100
ou 120 dólares – temos que fazer
os reajustes agora. Outros países jáperceberam isso e estão fazendo o que
é necessário. Posso dar um exemplo
muito claro: é do conhecimento de to-
dos que o Mar do Norte era uma baciadeclinante há alguns anos. A Inglaterra
percebeu que precisava rever o pacote
fiscal, para estimular a indústria local.
No ano passado, a indústria inglesaque opera no Mar do Norte reverteu
uma tendência de queda registrada há
anos e apresentou um crescimento de8% na sua produção.
E em termos regulatórios?
A experiência local, em compara-ção a de outros países, mostra que é
preciso fazer ajustes no marco regu-
latório. Basta lembrar que fizemos um
leilão em outubro, com oferta de 266blocos, dos quais somente 37 foram
arrematados e programa exploratóriomínimo na ordem de R$ 216 milhões.
Logo depois, Moçambique promoveu
um leilão, predominantemente de gás,
obtendo mais de US$ 690 milhões eminvestimentos para oito áreas. Cerca
de um mês depois, o Canadá licitou 11
áreas, com mais de US$ 1,2 bilhão eminvestimentos. Na sequência, o Méxi-
co, depois de dois leilões frustrados,
aprimorou a questão regulatória efez uma oferta de 25 blocos de áreasem terra, já com produção, e foi um
sucesso. Todos eles fizeram a lição
de casa. A mensagem é o seguinte:o Brasil tem potencial geológico para
alavancar o investimento externo. Se
tivermos um ambiente regulatório
mais atrativo e competitivo, teremostodos os ingredientes necessários
para ser um país altamente atrativo
em nível global.
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20 TN Petróleo 105
especial: PD&I
Ainda que inovação seja uma questão prioritária para qualquer
setor da economia que busca o crescimento sustentável e alongevidade de suas atividades, essa demanda é ainda mais
forte e até mesmo obrigatória em alguns segmentos, como a
indústria de óleo e gás, principal na área offshore.
Inovar é quase sinônimo de exploração e produção de óleo
e gás em águas profundas e ultraprofundas, como bem vem
demonstrando o Brasil, por meio da Petrobras, que o colocou
no ranking dos países líderes em tecnologia offshore, ao lado
de nações ricas como Noruega, Inglaterra, França, Estados
Unidos e Canadá. por Beatriz Cardoso e Felipe Salgado
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22 TN Petróleo 105
Aaprovação, no final doano passado, do Regu-lamento Técnico ANP N°5/2005, que estabelece
as regras de aplicação dos inves-
timentos obrigatórios em Pesqui-sa, Desenvolvimento e Inovação(PD&I) previstos nos contratos paraexploração e produção (E&P) depetróleo e gás natural, reforça umapolítica implementada há dez anosque já assegurou mais de R$10,38bilhões de recursos.
Regulada e coordenada pela Agência Nacional de Petróleo, GásNatural e Biocombustíveis (ANP),
essa política criada a partir de ex-
periências bem-sucedidas em paísescomo Noruega e Reino Unido, prin-cipais atores no E&P do Mar do Nor-te, um dos grandes cenários offshoredo mundo, completa 10 anos com
um saldo altamente positivo.Os investimentos autorizados
pela ANP em PD&I, em função dacláusula presente nos contratos deE&P firmados a partir de janeiro de2006, somam cerca de R$4,7 milhões– dos quais mais de 92% oriundos daPetrobras –, sendo que 23% do totalforam investidos nas áreas de E&P.
Somente no ano passado, a ANP concedeu 82 autorizações
prévias, que totalizam R$ 223 mi-
lhões, cerca de R$ 191 milhões daPetrobras, equivalente a 86% dototal. Petroleiras nacionais e estran-geiras também cumprem a cláusu-la: são mais de R$ 11,5 milhões da
Petrogal (parceira da Petrobras nopré-sal), R$ 5,5 milhões da chine-sa Sinochem e R$6,28 milhões dabrasileira Queiroz Galvão O&G.Recursos que são repassados às672 unidades de pesquisa de 118instituições do país inteiro, cre-denciadas na ANP que tem con-tabilizado quase 1.400 projetos apartir de 2006.
Desde 1998, após a quebrado monopólio, as obrigações de
investimento em PD&I geradasultrapassam os R$10,38 bilhões,sendo que até 2003, a Petrobrasrespondia sozinha por cerca de R$840 milhões dos recursos gerados.Em 2004 e 2005, dos mais de R$912,5 milhões gerados, menos deR$13,5 milhões eram origináriosde outras petroleiras atuantes nopaís, nacionais ou estrangeiras.
Números que mudaram: a Pe-
trobras continua sendo a principalinvestidora em PD&I, mas as outrascompanhias de petróleo que atuamno país somam mais de R$456,4milhões em obrigações de investi-mentos – pouco mais de 4% do total.
Na última década, empresascomo Shell-BG, Statoil, Petrogal,Sinochem, Repsol, Chevron, BPvêm dando sua contribuição. Asinglesas são as mais fortes investi-doras. E a norueguesa Statoil vem
aumentando ano a ano o volumede recursos em PD&I, embora te-nha uma única fonte de produçãono país, o campo de Peregrino, nabacia de Campos.
Tecnologia é norte da Statoil“A Statoil é uma empresa de
energia que é norteada pela tec-nologia. É algo que está no nossoDNA em todo o mundo. E no Brasil
não é diferente. Toda essa tecnolo-
especial: PD&I
A despeito do cenário de crise instalado a partir de
2008, acirrado pelos baixos preços do petróleo dos
últimos dois anos, essa indústria vem mantendo altos
níveis de investimentos em pesquisa, desenvolvimento
e inovação (PD&I). Esse trinômio vem sendo a base
de sustentação do avanço desse setor para novas
fronteiras, como o pré-sal, o ártico e águas cada vez
mais profundas e em ambientes mais e mais severos.
Ainda que as companhias de petróleo sejam as
alavancadoras desse processo, esse desafio é tambémde toda a cadeia produtiva que, de forma isolada ou
em parcerias, vem investindo no desenvolvimento de
soluções, tecnologias e processos, para dar suporte a
indústria offshore.
Nessa reportagem, a TN Petróleo mostra um pequeno
painel do que vem sendo implementado em termos de
inovação no setor, para garantir o processo evolutivo
dessa indústria, que mesmo em crise, continua sendo
um dos pilares da economia do Brasil e de outros países.
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TN Petróleo 105 23
gia aplicada em nossas operaçõesrepresenta uma constante buscapela melhor performance e maiorprodutividade em todos os camposde exploração de
petróleo onde es-tamos presentes.E isso também setraduz em efici-ência operacio-nal”, ressaltaFabiano Lobato,responsável pelo Research CenterRio (RCR), da Statoil.
Ele frisa que um dos exemplosde tecnologia que traz maior pro-dutividade e se constitui em um
dos grandes diferenciais da com-panhia é a capacidade de aumentaro fator de recuperação dos camposde petróleo. “No caso de Peregri-no conseguimos aumentar o fatorde recuperação para 15% a 20% enossa meta é ampliar para 25% a30%”, revela.
Outra expertise global da Sta-toil está no gerenciamento de CO2,por meio de captura e armazena-
mento do gás carbônico. “Hoje,por exemplo, a Statoil armazenaaproximadamente 1,5 milhãode toneladas/ano nos camposde Snøhvit, no norte da Norue-ga, Sleipner, no Mar do Norte”,destaca Lobato. Este último, umcampo de gás e condensado, a 250km a oeste de Stavanger, é o queestá em produção há mais tempo:desde 1990. Suas reservas encon-tram-se a cerca de 2.500 m (8.000
pés) de profundidade no fundo domar. “Queremos ser reconhecidoscomo a empresa petrolífera maiseficiente em Emissões de Carbo-no”, complementa.
Inaugurado em 2011, o ResearchCenter Rio da Statoil está desen-volvendo e acompanhando 19 pro- jetos de inovação em tecnologia,concentrados, principalmente, emquatro áreas tecnológicas estraté-
gicas para a companhia.
1 - Modelagem e Caracteriaão dePolímeros: projeto em execução coma Universidade de Campinas (Uni-
camp) para simulação em escala so-bre o comportamento de varredura depolímeros injetados no reservatório
junto com o desenvolvimento de umlaboratório de polímeros na universi-dade. Este projeto de pesquisa seráconcluído em 2016 e está alinhadocom o plano da empresa para o desen-volvimento de soluções poliméricas noBrasil. Área: Recuperação Avançadade Reservatórios.
2 - Caracteriaão Geomecânicado Reservatório: este projeto visa acompreensão do comportamento geo-lógico do reservatório através de seumodelamento numérico. Está sendodesenvolvido com a Schlumbergere os estudos devem ser concluídosem 2016. Área: Recuperação Avançadade Reservatórios.
3 - Caracteriaão e modelagem daformação geológica dos carbona-tos do Albiano, na Bacia de Cam-
pos: o projeto encontra-se em faseinicial em parceria com a Unicamp,visando reduzir as incertezas no mo-delamento geológico do reservatóriocom base em modelos geoestatísti-cos e matemáticos. Área: Exploração.
4 - Separaão sbmarina – “Pipeseparator”: é fruto da tecnologia de-senvolvida pela Statoil para separaçãoóleo/água em ambiente submarino,evitando a necessidade desta sepa-
ração ser realizada na superfície. Emparceria com a Aker, a Statoil desen-volve desde 2014 a extensão destatecnologia para múltiplos poços.Eventuais campos descobertos pelaStatoil em águas profundas, na Baciado Espírito Santo, podem apresentarpotencial para aplicação desta tecno-logia. Área: Engenharia Submarina.
Inovação: uma demanda contínua
Áreas tecnológicas prioritárias para a Statoil
1. Engenharia submarina: Desenvolver soluções para processamento no leitomarinho em águas profundas;
2. Gerenciamento de CO2: controle de emissões atmosféricas e captura e
armazenamento de CO2 (o chamado CCS), técnica que a Statoil é líder global;
3. Recuperação avançada de reservatórios: desenvolvimento de tecnologiasque aumentem o fator de recuperação com foco em Polímeros e ElevaçãoArtificial;
4. Exploração: ampliação de conhecimento sobre exploração, caracterizaçãoe produção dos reservatórios, tanto pré-sal quanto pós-sal.
Principais projetos apoiados pela Statoil
F o t o : H a r a l d P e t t e r s e n / S t a t o i l
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24 TN Petróleo 105
especial: PD&I
Segundo o responsável, as ati-vidades do Research Center Riocomeçaram em 2009, dois anos an-tes de seu estabelecimento no país. Além dos projetos em desenvolvi-mento, o Centro já contabilizou
até hoje 183 patentes registradasno Brasil e 130 bolsas de estudofinanciadas via programa CiênciaSem Fronteiras.
“Temos parcerias com gran-des universidades locais, quepossuem laboratórios muito bemequipados, e projetos que têm ren-didos bons frutos”, afiança. Entreas instituições de ensino nas quaisa petroleira desenvolve projetosestão as universidades federais do
Rio de Janeiro (UFRJ), Minas Ge-rais (UFMG), Rio Grande do Sul(UFRGS), Bahia (UFBA), e SantaCatarina (UFSC), além das esta-duais do Rio de Janeiro (UERJ)e do Norte Fluminense (UENF),Campinas (Unicamp), São Paulo(USP) e a Pontifícia UniversidadeCatólica (PUC) que tem campusespalhados pelo país.
“Desde 2011 já investimos mais
de R$ 110 milhões em pesquisa no
país, sendo que aproximadamen-te R$80 milhões dentro da cláusulade investimento em PD&I da ANP”,pontua Fabiano Lobato.
BG Brasil segue inovando
“Nossa operação de tecnolo-gia é baseada em um modelo deinovação aberta e está centradano Brasil. Isto significa que tudoo que fazemos em PD&I aconteceatravés de parcerias, seja com uni-versidades e institutos de pesquisaou com fornecedores, majoritaria-mente no Brasil. Nesse modelo,buscamos apro-ximar academiae indústria, para
transformar co-n h e c i m e n t ocientífico em so-luções práticaspara a indústriade óleo e gás”, afirma Giancarlo
Ciola, gerente de Parcerias paraP&D e Inovação do BG Group.
Com visão de longo prazo, acompanhia gerencia seus custospara manter em permanente ativi-
dade sua área de P&D. “O progra-
ma de Pesquisa, Desenvolvimento& Inovação do BG Group buscasoluções que beneficiem todasas etapas de exploração e produ-ção de óleo e gás”, diz o gerente,
lembrando que o Centro Global deTecnologia está instalado no Brasile boa parte do portfólio está con-centrada nos desafios tecnológicosdo pré-sal.
“Buscamos em todas as nossasiniciativas de PD&I propiciar umambiente frutífero para desenvol-ver pesquisa e inovação, e contri-buir para a estruturação de umacadeia local de fornecedores dealto valor tecnológico, converten-
do resultados bem-sucedidos emlegado para a indústria de óleo egás e para o país”, salienta.
Segundo ele, o grupo de tec-nologia é formado por uma equipetécnica no escritório da BG Brasilque atualmente conduz mais de30 projetos de PD&I colaborativono Brasil, incluindo áreas comogeociências, reservatórios carbo-náticos, engenharia submarina,
robótica, gestão de carbono e efi-ciência energética, entre outras.É o caso do Cimatec Yemoja,
um supercomputador capaz deprocessar mais de 400 trilhões deoperações por segundo e integraum programa de P&D em geofí-sica, com investimento total deaté R$ 60 milhões. “Ele foi desen-volvido pela BG Brasil em parce-ria com o Senai/Cimatec (Cam-pus Integrado de Manufatura e
Tecnologia do Senai), projetadoespecificamente para realizar oprocessamento de dados sísmicos3D e 4D de dimensões industriaisatravés da tecnologia Full Wave-
form Inversion (FWI), permitindoque pesquisas de ponta sejam fei-tas no Brasil para responder aosgrandes desafios da indústria deóleo e gás”, explica Ciola.
Ele lembra que essa tecnologia
irá contribuir de forma relevante
F o t o : Ø y v i n d H a g e n / S t a t o i l
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TN Petróleo 105 25
Inovação: uma demanda contínua
Argentina Shale Gas
SHERATON, BUENOS AIRES
WANT TO FIND OUT MORE ABOUTSHALE GAS & OIL?
VISIT ASGOS 2016 CONFERENCE & EXHIBITION
ON 9TH & 10TH MAY:
WWW.A-SGOS.COM
CONFERENCE
The two-day conference will be exploring
the latest developments, strategies and
opportunities within shale gas exploration
across Argentina. Strong focus will be placed
on investment, operations, drilling, the
environment and stakeholder engagament.
EXHIBITION
Alongside the conference, the exhibition will
play host to a variety of companies providing
services and products to the shale gas
sector in Argentina. These companies will be
showcasing and broadcasting capabilities to
the hundreds in attendace.
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26 TN Petróleo 105
indicadores tnespecial: PD&I
para o desenvolvimento de reserva-tórios de geologia complexa, comoos campos do pré-sal da Bacia deSantos, diminuindo riscos explora-tórios e ambientais e, possivelmen-te, ajudando em novas descobertas.“Isso irá aperfeiçoar ainda mais asnossas operações de perfuração doscampos em produção nessa nova
fronteira”, complementa.
Outra iniciativa pioneira de-senvolvida no Brasil é o Centro dePesquisa para Inovação em GásNatural (CIG), em parceria com aFundação de Amparo à Pesquisado Estado de São Paulo (FAPESP)e USP, para endereçar tópicos im-portantes relacionados ao papel dogás natural na matriz energética do
futuro. “Ao longo de até cinco anos,
serão investidos aproximadamenteUS$ 20 milhões divididos entre aFAPESP e a BG Brasil. A EscolaPolitécnica da USP - Poli/USP tam-bém investirá no projeto, garantindo
apoio institucional e administrativoaos pesquisadores envolvidos”, in-forma o gerente da BG.
Os principais temas de pesqui-sa desenvolvidos no CIG serão ge-ração de energia com baixa emis-são de carbono, uso de gás naturalcomo combustível para transportemarítimo, prevenção de emissõesfugitivas de gás metano, combustãoavançada de gás natural, conver-são de gás natural em matérias-
-primas para a indústria química edesenvolvimento de uma cadeia defornecimento de gás natural paraáreas remotas, entre outros.
O CIG também promoverá ainteração entre pesquisadoresdas instituições parceiras e doSustainable Gas Institute (SGI),uma parceria entre BG Group e oImperial College London. “Essainteração deve incluir atividades
de intercâmbio entre pesquisado-res e estudantes, com o compar-tilhamento de informações sobreo andamento e os resultados daspesquisas, além da promoçãode seminários, conferências e workshops”, acrescenta Ciola.
Parceria BG & ITA pode gerarpatente
Já na etapa de prova de concei-to, um motor de fundo descartável
para perfuração de poços utilizan-do tubos de revestimento (Down
hole Disposable Casing Motor –DDCM), é um dos projetos quevem sendo financiado por recursosda Cláusula de PD&I. O objetivodesse primeiro estágio é validar,por meio de simulação e testesde protótipos virtuais, o conceitodo motor.
Com investimentos, até ago-
ra, de cerca de R$ 3 milhões, que
Obrigaão de investimento em PD&I gerada por ano (em R$):Ano Petrobras Outros Total1998 1.884.529,15 — 1.884.529,151999 29.002.556,00 — 29.002.556,002000 94.197.338,86 — 94.197.338,862001 127.274.445,22 — 127.274.445,222002 263.536.939,20 — 263.536.939,20
2003 323.299.905,80 — 323.299.905,802004 392.585.952,84 11.117.686,02 403.703.638,872005 506.529.318,17 2.279.136,04 508.808.454,212006 613.841.421,04 2.547.915,10 616.389.336,142007 610.244.145,63 6.259.120,69 616.503.266,322008 853.726.088,88 7.132.143,93 860.858.232,822009 633.024.263,89 5.858.019,94 638.882.283,842010 735.337.135,72 11.579.884,64 746.917.020,362010 735.337.135,72 11.579.884,64 746.917.020,362011 990.480.683,11 41.416.211,93 1.031.896.895,042012 1.148.763.766,14 77.922.924,51 1.226.686.690,652013 1.161.786.261,66 98.080.694,58 1.259.866.956,232014 1.246.469.446,38 161.095.784,64 1.407.565.231,01Total 9.731.984.197,70 425.289.522,02 10.157.273.719,72
Posição em 31/12/2014
Detalhamento da obrigação de investimento em PD&I gerada- Otras Empresas Petrolíferas (em R$):Empresa Petrolífera 2013 2014 Acmlado (1998-2014)
BG Brasil 23.413.960,66 51.354.988,74 94.690.640,57Statoil 31.821.581,36 31.730.902,90 83.209.044,57
Repsol-Sinopec 4.161.681,38 18.732.336,46 55.981.237,37Sinochem 21.214.387,57 21.153.935,27 55.472.696,38Petrogal 9.365.584,26 13.580.329,73 30.914.590,47Chevron — — 27.711.794,97Shell — 7.541.569,02 23.869.727,22Queiroz Galvão 4.424.486,58 4.806.006,75 19.234.843,08Frade Japão — — 9.780.655,57ONGC Campos Ltda. — 4.072.447,27 4.951.848,11Brasoil Manati 983.219,24 1.068.001,50 4.274.409,57Rio das Contas 983.219,24 1.068.001,50 4.274.409,57QPI Brasil Petróleo — 3.469.121,75 3.469.121,75Parnaíba Gás Natural 1.198.802,00 1.762.700,62 2.961.502,62BP do Brasil — — 1.934.270,87
Maersk Oil — — 1.289.513,92Petra Energia Parnaiba 513.772,28 755.443,12 1.269.215,41
Total 98.080.694,58 161.095.784,64 425.289.522,02Posição em 31/12/2014
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TN Petróleo 105 27
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28 TN Petróleo 105
especial: PD&I
somam recursos próprios da BG eoriundos da cláusula de PD&I, oprojeto pode resultar em patente.Coordenado pelo professor JesuínoTakachi, do Instituto Tecnológico
de Aeronáutica (ITA), vai resultarnuma tese de doutorado.Foram utilizadas ferramentas
numéricas para o desenvolvimen-to do projeto preliminar do motorque, nessa primeira fase, foi umaturbina do tipo axial, e incluiu odimensionamento da turbina, o cál-culo do escoamento tridimensionalentre grades da turbina e o cálculoestrutural da turbo máquina. Umavez validado o conceito do motor,
pretende-se iniciar a segunda fase,na qual será desenvolvido o protóti-po físico laboratorial do equipamen-to. A terceira e última etapa será aconstrução do protótipo de campo.
A BG Brasil e o ITA acreditamque a tecnologia desenvolvida re-duzirá significativamente a com-plexidade, a duração e os riscos as-sociados às tecnologias correntesde perfuração. Seu propósito é via-
bilizar a perfuração das formaçõesacima do sal (top hole), na área dopré-sal (poços com cabeça de poçosubmarina), utilizando-se da rotaçãodo revestimento em vez de uma co-luna de perfuração. Sistemas nestaárea de tecnologia já existem há qua-se 20 anos. Entretanto, nos cenáriosatuais, as tecnologias existentes nãose aplicam ao caso do pré-sal.
A tecnologia desse projeto,100% nacional, tem um caráter
inovador devido a três premissasbásicas: o produto é não recupe-rável (requer custo comercial re-lativamente baixo); a vida útil nãoprecisa estender-se além do temponecessário para uma única utiliza-ção; e permite a continuidade daperfuração sem a necessidade dese remover qualquer mecanismode sua constituição.
No momento, não existem mo-
tores de fundo com essas caracte-
rísticas. Embora existam motoresde fundo não recuperáveis paraa perfuração da última fase daconstrução de um poço de petró-leo, eles não podem ser utilizadosna perfuração das camadas su-periores. A atual tecnologia paraperfuração da camada de pós-sal
necessita que o motor, após a ope-ração, seja retirado à plataformapara depois iniciar a perfuraçãoda camada seguinte. Geralmen-te esses motores são da classe dedeslocamento positivo (do inglêsPDM – Positive Displacement Mo-
tor ), que tem o funcionamento ba-seado no princípio de Moineau.
Turbodrill: tecnologiaestratégica
O projeto da BG e do ITA pre-tende avaliar a possibilidade dese projetar um turbodrill que sejacapaz de perfurar a camada pós-sale logo após iniciar a perfuração dacamada de sal. O uso de turbomá-quinas na indústria de óleo e gássempre foi de grande importân-cia para o transporte de fluidos,geração de energia e exploração.Dentro desse contexto, estão as tur-
bomáquinas utilizadas no processo
de perfuração de poços de petróleo.Essas turbomáquinas, geralmenteda classe de máquinas axiais, sãoconhecidas como turbodrill.
Trata-se de turbinas axiais hi-dráulicas que, montadas em rola-mentos especiais, possuem brocasde perfuração conectadas em seu
eixo, no qual o objetivo é utilizara energia de pressão oriunda dealgum sistema de bombeamento,transformar essa energia de pres-são em energia cinética e logo apósobter energia mecânica capaz degirar a broca conectada.
O interesse em se utilizar essaclasse de turbomáquinas na explo-ração de petróleo iniciou-se por voltade 1873, quando as primeiras paten-tes foram depositadas. Basicamen-
te dois países se destacaram nessedesenvolvimento: EUA e Rússia. Osesforços de ambos não obtiveramsucesso até 1934, quando os russosconseguiram fazer uso dessa tec-nologia de maneira aplicada pelaprimeira vez. Após 16 anos, os EUAiniciaram o uso de turbodrills na ex-ploração de petróleo. Por volta de1950, nota-se uma intensa utilizaçãodessa tecnologia para perfuração na
indústria de óleo e gás.
F o t o : C o r t e s i a B G G r o u p
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TN Petróleo 105 29
Inovação: uma demanda contínua
APRESENTADO EM dezembro do
ano passado, o FlatFish, veículoautônomosubmarino, émais um projetodesenvolvidopela BG Brasil eo Senai Cimatec,e suporte doInstituto Alemãode Robótica e Inteligência Artificial(DFKI). Com investimento total de
R$30 milhões realizado pela BGBrasil, Senai Cimatec e EmpresaBrasileira de Pesquisa e InovaçãoIndustrial (Embrapii), com apoio daAgência Nacional do Petróleo, GásNatural e Biocombustíveis (ANP),trata-se do primeiro protótipo dotipo desenvolvido no Brasil.
O projeto, que contou comuma equipe formada por 18pesquisadores brasileiros, seráutilizado para inspeção visual em 3D
de alta resolução, contribuindo naexploração de petróleo e gás em águasprofundas, com redução de custos deoperação, garantindo maior segurançaoperacional e ao meio ambiente.
“A tecnologia que foidesenvolvida para criação doFlatFish irá contribuir para mantero setor offshore brasileiro navanguarda do mercado mundial. Oprojeto faz parte de um programa
significativo de pesquisa,
desenvolvimento e inovação que a
BG Brasil vem concretizando e quetraz resultados duradouros para osetor de óleo e gás”, afirmou NelsonSilva, CEO da BG América do Sul.
“O FlatFish é um projetoestratégico para o Senai Cimatec.Além do seu elevado porte edesafio tecnológico, representaa consolidação do IBR - InstitutoBrasileiro de Robótica, parteintegrante com Campus Cimatec,
que tem como foco PD&I emrobótica autônoma. Ressalto,também, a parceria estratégica como DFKI, parceiro fundamental nesta
consolidação, quenos posicionacomo um dosprincipaiscentros depesquisa na áreade robótica nopaís”, afirmou o
diretor de tecnologia e inovação doSenai Cimatec, Leone Andrade.
“A Embrapii recebe comsatisfação o resultado desse projetoem parceria com a BG Brasil. Onovo robô significa extraordináriaevolução tecnológica com diminuiçãode riscos ao trabalhador queopera em águas profundas e maisproteção ao meio ambiente. Estamoscertos que esse é só o começo
de muitas outras parcerias que
desenvolveremos junto à BG Brasil
e a Cimatec”, destacou o diretor-presidente daEmbrapii, JorgeGuimarães.
O FlatFishresidirá emuma estaçãosubmarina,eliminando a
necessidade de barcos de apoio.O operador será capaz de estabelecer
missão de inspeção remotamenteda superfície. O veículo realizaráo planejamento e a execução damissão de forma autônoma, saindoda estação submarina, coletando osdados de inspeção e enviando-ospara o operador na superfície.
“Os testes em offshore como FlatFish, realizados na Bahia,são um marco fundamentalpara o desenvolvimento de umanova tecnologia de inspeção
submarina. Além de garantir aintegridade submarina, estima-seos custos deste tipo de operaçãosejam reduzidos de 30% a 50%,
eliminando anecessidade deum especialistae utilização debarcos de apoio”,ressaltou AdamHillier, CTO BG
Group.
Veículo autônomosubmarino FlatFish
F o t o : M a r c e l o G a n d r a / C o p e r p h o t o ,
S i s t e m a F I E B
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30 TN Petróleo 105
especial: PD&I
A
Petrobras ocupa hoje aposição de maior opera-dora de equipamentos
submarinos para águasprofundas e ultraprofundas daindústria de petróleo mundial,refletindo a expansão de suas ati-vidades de produção offshore. Acompanhia alcançou mais umamarca histórica nesse segmentoao instalar o milésimo equipamentosubmarino conhecido como árvorede natal molhada (ANM), no cam-po de Lapa, no pré-sal da Bacia
de Santos.Mais além desse marco, essainstalação reflete também a capa-cidade de inovação da empresa,que estimulou a cadeia produtivaa ir mais longe no desenvolvimentodesses equipamentos essenciais.
Projetada para suportar eleva-das pressões e temperaturas e com-posta por um conjunto de válvulase conectores para controle do fluxode petróleo e gás com segurança,
estes robustos equipamentos vêmincorporando inovações de últimageração para operarem em águascada vez mais profundas.
Instalados hoje em profundi-dades que vão até 2.500 metros delâmina d’água, eles envolvem umasofisticada operação tecnológica,que requer não só a utilização derobôs controlados remotamente,como, também, a mobilização de
equipes especializadas. São mi-
lhares de profissionais dedicadosem tempo integral à engenharia,à operação e à manutenção das
ANMs, instaladas ou em fase deinstalação.
Essa tecnologia foi batizadacomo árvore de natal na décadade 1930, quando moradores de lo-calidades próximas a provínciaspetrolíferas terrestres dos EstadosUnidos fizeram a associação doequipamento coberto de neve a umpinheiro natalino. Com a desco-berta de petróleo no fundo do mar,
o sistema foi adaptado às novascondições e passou a ser chamadode árvore de natal molhada, tor-nando-se amplamente utilizado emplataformas de produção offshore.
Evolução tecnológica A evolução tecnológica das
ANMs no Brasil acompanha ohistórico de desenvolvimento daprodução da Petrobras. Em agostode 1977, enquanto o mundo mer-
gulhava na maior crise de abaste-cimento de petróleo da ‘Era Indus-trial’, a Petrobras dava a partida,no campo de Enchova, à produçãocomercial da Bacia de Campos.
À medida em que a companhiaavançava em direção a horizontescada vez mais profundos, era ne-cessário desenvolver equipamentossubmarinos adaptados a essas con-dições, incluindo não só novos e
diferentes modelos de ANMs como
também sistemas inéditos de an-
coragem, entre outras inovações.No entanto, o mercado brasi-leiro não estava capacitado paraatender a esse volume de demandacom tais especificações; era precisonão só aperfeiçoar as tecnologiasimportadas, mas também qualificara indústria nacional para viabilizara produção de petróleo sob condi-ções tão peculiares.
Por isso, em 1986, a Petrobrascriou o Programa de Capacitação
em Águas Profundas (Procap), como objetivo de qualificar as univer-sidades, instituições de ensino efornecedores de bens e serviçospara gerar conhecimento e tec-nologias que tornassem viáveisa produção de petróleo naquelecenário especial.
Graças a esse esforço cooperati-vo, foram desenvolvidas inúmerassoluções tecnológicas e equipa-
mentos submarinos de ponta, ao
Petrobras
Petroleira instala milésima árvorede natal molhada, consagrandoespecialização em águas profundas
expertise sob as águas
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TN Petróleo 105 31
longo das últimas décadas, quese tornaram paradigma para todaa indústria, garantindo à Petrobrasa posição de líder mundial em tec-nologia para águas profundas e
ultraprofundas.Se, no início, as primeiras uni-dades pesavam algumas poucas to-neladas e eram instaladas com au-xílio de mergulhadores em águasrasas, hoje os modelos de conjuntos ANM chegam a pesar em tornode 70 toneladas. São mais de trêsdécadas de avanços expressivos,que culminaram ainda em modelosde ANMs em operação nos camposdo pré-sal, equipados com sensores
inteligentes, de múltiplas funções,capazes de aumentar a segurançadas operações, garantir a alta efici-ência das atividades, além de asse-gurar maior rapidez no fechamentodas válvulas do equipamento.
1977 – Início da produção da Bacia de Campos.
1979 – Instalação da primeira ANM no Brasil,no Sistema de Produção Antecipada docampo de Enchova Leste, na Bacia de
Campos, em lâmina d’água de 189 m, querepresentou um recorde de profundidadepara a época.
1985 – Instalação da primeira ANM no Brasilsem apoio de mergulhadores, com supor-te de cabos-guia utilizados na operaçãode descida do equipamento até o local deprodução, no campo Marimbá, na Baciade Campos, em lâmina d’água de 383metros, constituindo outro recorde naocasião.
1986 – Instalação no campo de Albacora,na mesma bacia, da primeira ANM queincorpora o método Lay-away guideline,
que dispensa o uso de cabos-guia.
1993 – Ano que marca a padronização doscomponentes das ANMs, que gerou maioreficiência e otimização das operações.
2010 – Instalação da primeira ANM a cabo na
Petrobras (no campo de Jubarte). Essemétodo de instalação utiliza a embarcaçãodo tipo Subsea Equipment Support Ves-sel (SESV), em substituição aos navios--sondas, cujas taxas de afretamento sãomuito mais altas.
2011 – Utilização do sistema de ANMs mul-tiplexado e padronizado no pré-sal daBacia de Santos, cuja maior vantagemé aumentar a velocidade de fechamentodas válvulas e assegurar a confiabilidade.
2015 – Primeira ANM instalada em poçosubmarino na área do pré-sal (campode Sapinhoá) com o método de instala-
ção a cabo.
Na próxima edição:UMA CADEIA PRODUTIVA INOVADORA
Evolução tecnológica sob as águas brasileiras
Inovação: uma demanda contínua
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32 TN Petróleo 10532 TN Petróleo 105
O termo ‘águas paradas’ tem conotações negativas desde a Bíblia, quando falava
sobre o Mar Morto, até os dias de hoje. Insalubridade e propagação de doenças, como
a dengue, o zika e a chikugunya, são alguns dos riscos escondidos nessas águas
estagnadas. Os lagos e lagoas escondem perigos para os incautos. Na navegação,
contudo, as águas paradas, ou águas mansas, representam condições favoráveis
para uma embarcação que tem um longo percurso pela frente. O ano de 2015, que
não foi bom para as grandes companhias petrolíferas, foi o pior de todos para a
indústria brasileira de petróleo, devido também à Operação Lava-jato. Resta-nos
esperar que os que estiverem na ponte de comando do Brasil e do setor aproveitem
essas águas paradas para conduzir a economia e o país para a frente. O percurso
é longo e não é fácil. Mas muitas coisas avançaram, a despeito do cenário crítico,
como veremos nessa retrospectiva 2015, que retrata os avanços desta área que
deseja ver mais além do noticiário policial.
retrospectiva
2015o ano daságuas paradas
por Beatriz Cardoso e Felipe Salgado
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TN Petróleo 105 33
JANEIRO
FEVEREIRO
ENTREGUE ÚLTIMO MÓDULODA P-66 – A Fábrica deMódulos do Consórcio ToméFerrostaal, localizada no Portode Maceió (AL) entregou
o último módulo do FPSOP-66, primeiro da série deoito replicantes que serãoutilizadas no desenvolvimento
da produção do pré-sal. O Estaleiro Brasfels, localizado em Angra dos Reis(RJ), foi contratado para construção do Pacote I de módulos e integração dosmesmos à P-66. O PNG 2015-2019 prevê a entrada em operação da unidadeem Lula Sul (no bloco BM-S-11) em 2017.
TRANSPETRO LANÇA AO MAR 15º NAVIO DO PROMEF – A Transpetro lançou ao mar opetroleiro Zélia Gattai , terceiro de uma série de quatro naviospanamax do Programa de Modernização e Expansão da Frota
(Promef), com capacidade para transportar 90,2 milhões delitros de petróleo ou derivados escuros. Transferido para oEstaleiro Eisa Petro-Um, em Niterói (RJ), entrou na etapafinal de acabamento.
PETROBRAS SOB NOVO COMANDO –O Conselho de Administração da Petrobrasaprovou o nome de Aldemir Bendine para apresidência da companhia, em substituiçãoa Maria das Graças Silva Foster. Tambémforam eleitos os diretores Financeiro e deRelações com Investidores, Ivan Monteiro; de Exploraçãoe Produção, Solange Guedes; de Abastecimento, JorgeCelestino; de Gás e Energia, Hugo Repsold; e deEngenharia, Tecnologia e Materiais, Roberto Moro.
P E T R O B R A SCONCLU I PR IME IROCARREGAMENTO DE
NAFTA PETROQUÍMICADA RNEST – Realizadoo primeiro carregamentode nafta petroquímica daRefinaria Abreu e Lima(RNEST), dando inícioà comercial ização doproduto.
INICIADA A PRODUÇÃO DO CAMPO DE LUCIUS,EM ÁGUAS ULTRAPROFUNDAS NO GOLFO DOMÉXICO – A Petrobras iniciou a produção do
campo de Lucius, localizado 380 km a sudoestedo Porto Fourchon, na Louisiana (EUA). Umaunidade estacionária de produção (UEP) dotipo Spar (plataforma em forma cilíndrica evertical), com capacidade diária de 80 mil barrisde petróleo e 12,7 milhões de m3 de gás naturalpor dia, vai desenvolver a produção do campo,em águas de 2.160 m.
INSTALAÇÃO DE DEZ DUTOSRGIDOS NO PRé-SAL – Iniciadainstalação de dez dutos (risers)submarinos de produção, do tiporígido, para o projeto Sapinhoá
Norte, onde está instalado oFPSO Cidade de Ilhabela. Estesdutos ficarão em profundidade de2.240 m, possibilitando o aumentoda produção da plataforma, de 30mil barris de óleo por dia (bpd)para a capacidade máxima de até150 mil bpd.
F o t o : A g ê n c i a P e
t r o b r a s
F o t o : D i v u l g a ç ã o T r a n s p e t r o
PREÇO DO BARRIL DE PETRÓLEO
PETROBRAS
AÇÕES
DA
BRENT – JAN: US$ 56,42 | DEZ: US$ 37,28WTI – JAN: US$ 56,56 | DEZ: US$ 37,04
PETR3 (ON) JAN: R$ 9,00DEZ: R$ 8,57
PETR4 (PN) JAN: R$ 9,36DEZ: R$ 6,70
“Com a quedanos gastos, as
companhias deserviços paracampos petrolí-
feros e empresasresponsáveis pelotransporte doproduto devemcomeçar a sentiresse estresse.” Steven Wood, diretor deFinanças Corporativas daMoody’s, 06/01/2015 –Estado de S. Paulo
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34 TN Petróleo 105
MARÇO
CASCO DA P-76 CHEGA AO ES-
TALEIRO INHAÚMA – O casco do
FPSO P-76 chegou ao Estaleiro
Inhaúma (RJ), para conclusão dos
trabalhos de construção e monta-gem, tais como fabricação e mon-
tagem de tubulação (no convés e
praça de máquinas), do heliponto e
principais equipamentos do convés,
assim como montagem e integração
do módulo de serviço e comissiona-
mento. A plataforma está prevista
para entrar em operação no campo
de Búzios III em 2017.
FMC E TECHNIP FORMAM JOINT-VENTURE – A FMC Technologies ea Technip lançaram a joint-venture Forsys Subsea, com foco naotimização da integração entre os
sistemas submarinos de produção eprocessamento e risers, umbilicais e
flowlines (Surf).
PETROBRAS INICIA PRODUÇÃO AN-TECIPADA NO CAMPO DE BÚZIOS– Entrou em operação o sistema deprodução antecipada do campo deBúzios, no pré-sal da Bacia de San-tos. Trata-se da primeira produçãoem larga escala e de longa duraçãona área da Cessão Onerosa.
ENTRA EM OPERAÇÃO A UNIDADE DE HIDROTRATAMENTO DE DIESELDA RNEST – A Unidade de Hidrotratamento (HDT) de Diesel da Refinaria
Abreu e Lima (RNEST) iniciou operação com uma carga inicial de 45.915
barris por dia. O HDT remove enxofre e nitrogênio das diversas correntes
que compõem o óleo diesel.
RNEST INICIA OPERAÇÃO DEUNIDADE DE COQUE – A Unida-de de Coqueamento Retardado daRefinaria Abreu e Lima (RNEST)entrou em operação para produziros diversos derivados na quali-dade requerida pelo mercado.Além da produção de coque, aunidade processará outros de-rivados mais leves de petróleo.
PETROBRAS BATE NOVO RE-CORDE DE PROFUNDIDADED’ÁGUA EM PERFURAÇÃO – Aoatingir 2.990 m de profundidaded’água na perfuração explorató-ria do poço 3-SES-184, localizadona área de Moita Bonita, no bloco
BM-SEAL-10, na Bacia de Sergipe--Alagoas, a companhia alcançou asétima maior marca já registradano mundo nessa atividade.
VENDA DE ATIVOS NA ARGEN-TINA – O Conselho de Adminis-tração da Petrobras Argentina(Pesa) informou a venda de ati-vos situados na Bacia Austral,
na província de Santa Cruz, paraa Compañia General de Com-bustibles S/A (CGC) pelo valorde US$ 101 milhões.
REPSOL SINOPEC TORNA-SE A TER-CEIRA MAIOR PRODUTORA DO PAÍS– Ao chegar aos 60 mil barris de óleoequivalente por dia (boe/dia), a conces-sionária tornou-se a terceira maior pro-
dutora de petróleo do país. O campo deSapinhoá, no pré-sal da Bacia de Santos,no qual detém 25% de participação, foio principal responsável por essa marca.
P-61 COMEçA A PRODuzIR NO CAMPO DE PAPA-TERRA – A Petrobrasiniciou a produção da P-61, no campo de Papa-Terra, localizado no extremosul da Bacia de Campos (RJ), a 110 km da costabrasileira e em profundidade d’água que variade 400 a 1.400 m. É a primeira unidade do tipoTLWP (Tension Leg Wellhead Platform) a operarno país. Conectada a uma plataforma de apoio(Tender Assisted Drilling), equipada com umasonda de perfuração e completação de poços,a P-61 está em profundidade d’água de 1.200 m.
IBP ELEGE NOVO PRESIDENTE– Jorge Camargo, que ocupavao cargo de diretor do Instituto
Brasileiro dePetróleo, GásNatural e Bio-
combustíveis(IBP) assumiua presidênciada entidade.
retrospectiva
F o t o : A g ê n c i a P e t r o b r a s
AÇÕESDA BRASKEM
BRKM5JAN: R$ 16,53 | DEZ: R$ 27,62
“Ao contrário do xisto dos EUA, a produção conven-cional nos outros lugares tem altos custos iniciaisde capital, começa lentamente e será a principalvítima da decisão da OPEP de manter a regularida-de da produção.” Harry Tchilinguirian, diretor de estratégia de mercados
de commodities do BNP Paribas, Janeiro/2015, Reuters.
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TN Petróleo 105 35
MAIO
PETROBRAS RECEBE PRÊMIO DA
OTC – A diretora de Exploração e Pro-dução da Petrobras, Solange Guedes,recebeu, pela terceira vez, o OTCDistinguished Achievement Awardfor Companies, Organizations andInstitutions, pelo conjunto de tecno-logias e inovações implementado nodesenvolvimento do pré-sal.
V I A G E M I N A U G U R A L D O N A V I O A N D R É R E B O U Ç A S –
O navio An dré Reb ouças partiu em viagem inaugural após ce-
rimônia no Estale iro At lânt ico Sul (EAS), em Ipojuca (PE).
A embarcação é a nona encomendada a estaleiros nacionais pelo Programa
de Modernização e Expansão da Frota (Promef) a entrar em operação. Quinto
dos dez Suezmax encomendados pela Petrobras ao EAS.
IBP E FIRJAN ASSINAM PRO-TOCOLO DE INTENÇÕES – A Fe-
deração das Indústrias do Estadodo Rio de Janeiro (Firjan) e o IBPassinaram, durante a OTC 2015,em Houston (EUA), um protocolode intenções para cooperação e in-tercâmbio científico e tecnológico.A parceria objetiva desenvolverprogramas de treinamentos, tec-nologias e serviços com foco nasegurança do trabalho.
SOTREQ INVESTE NA RADIX – ASotreq anunciou a aquisição de 50%da Radix Engenharia e Software.
PETROBRAS TEM LUCRO LÍQUIDO DE R$ 5,3 BILHÕES – A petroleira obtevelucro líquido de R$ 5,3 bilhões no primeiro trimestre de 2015, 1% inferior aodo mesmo período do ano anterior. O resultado reflete o aumento da despesafinanceira líquida da companhia, principalmente em função da maior depreciaçãodo real em relação ao dólar.
PETROBRAS OBTÉM FINANCIAMENTO DE US$ 5 BILHÕES DO BANCO DE
DESENVOLVIMENTO DA CHINA – A companhia assinou acordo de cooperaçãocom o Banco de Desenvolvimento da China (CDB) para os anos de 2015 e 2016,totalizando US$ 5 bilhões em 2015.
BG BRASIL E SENAI CIMATEC TÊM O SUPERCOMPUTADOR MAISRÁPIDO DA AMÉRICA LATINA – O Centro de Supercomputaçãopara Inovação Industrial do Senai Cimatec, em Salvador (BA), e aBG apresentaram um supercomputador capaz de processar 400trilhões de operações por segundo (TFlops). Batizada de CimatecYemoja (Iemanjá, em ioruba), a supermáquina, que é a mais rápidada América Latina, faz parte de um programa de P&D em geofísica,com investimento total de até R$ 60 milhões.
ABRIL
AUDITADOS RESULTADOS DE 2014 DA PETROBRAS – A estatal apresentou prejuízo de R$ 21,6 bilhões noano de 2014, em função, principalmente, da perda por desvalorização de ativos e da baixa de gastos adicionaiscapitalizados indevidamente no âmbito da Operação Lava-Jato (R$ 6,2 bilhões).
SHELL COMPRA BG – Na pri-
meira grande fusão do setor de
petróleo em mais de uma dé-
cada, a anglo-holandesa Royal
Dutch Shell adquiriu a britânica
BG Group por US$ 70 bilhões,tornando-se a maior sócia da
Petrobras no pré-sal. A aquisi-
ção só será consolidada após aprovação dos órgãos reguladores nos países
onde os ativos estão localizados, assim como pelos acionistas.
2015, o ano das águas paradas
F o t o : O T C / T o d d B
c h a n a n
I l u s t r a ç ã o : T N
P e t r ó l e o
F o t o : D i v u l g a ç ã o
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36 TN Petróleo 105
JUNHO
NOVO PRE-SIDENTE DATRANSPETRO– Antonio Ru-bens Silva Sil-
vino assumiu apresidência dacompanhia.
TRANSPETRO TEM DEZ NOVOS NAVIOS DO PROMEF EM OPERAÇÃO –O navio Anita Garibaldi partiu do Estaleiro Eisa Petro-Um, em Niterói (RJ),para sua viagem inaugural. O petroleiro é a décima embarcação do Promefa entrar em operação.
RAÍZEN REALIZA 1° TRANS-
PORTE DE BIODIESEL VIAFERROVIA – A Raízen realizou
o primeiro transporte de biodie-sel de Rondonópolis (MT) para
Paulínia (SP) pelo modal ferro-viário. A companhia passou a
utilizar a logística reversa, ao
escoar biocombustível para oSudeste e levar derivados de
petróleo para o Centro-Oeste.
EDISON CHOUEST CRIA MAIOR
BASE DE APOIO OFFSHORE DO
MUNDO NO PORTO DO AÇU –
A empresa norte-americana amplia
área no Porto do Açu (RJ) para tera maior base de apoio offshore
do mundo, com 1.030 m de cais e
capacidade de movimentar 10.800
embarcações/ano.
EUA SE TORNAM MAIOR PRODUTORMUNDIAL DE PETRÓLEO – Graças àrevolução tecnológica do shale gas(extração do óleo e gás contido nasformações de folhelho), os Estados
Unidos tornaram-se o maior produtorde petróleo do mundo, pela primeiravez desde 1975.
8ª EDIÇÃO DA BRASIL OFFSHORE – Com 50 mil visitantes, 700 empresasexpositoras, 56 empresas internacionais e representantes de 38 países, a BrasilOffshore reuniu importantes players do mercado offshore em Macaé (RJ), centrologístico da Bacia de Campos.
IBAMA LICENCIA SÍSMICA 3D
PARA ÁREA DA CHEVON –
A Petroleum Geo-Services (PGS)
tem licença ambiental aprovada peloInstituto Brasileiro de Meio Ambien-
te e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), para a realização de um le-
vantamento sísmico 3D multicliente
na Bacia do Ceará. O levantamento,
que será realizado pela Ramform
Atlas, uma das mais modernas em-
barcações para esse fim, cobrirá o
bloco CE-M-715, operado pela Che-
vron em parceria com a Ecopetrol.
ABIMAQ DEFENDE MUDANÇAS NO RE-GIME DE PARTILHA – Diretor da áreade petróleo da Associação Brasileira da
Indústria de Máqui-nas e Equipamentos(Abimaq), AlbertoMachado, defendeprojeto que deso-briga a Petrobrasde ser operadoraúnica do pré-sal ede manter partici-pação mínima de30% nos blocos lici-tados pelo governo.
retrospectiva
US$ €
JAN: R$ 2,65DEZ: R$ 3,97
JAN: R$ 3,21DEZ: R$ 4,30
ÍNDICE BOVESPAJAN: 48.512,22
DEZ: 43.349,96“O rebalanceamento que teve início com
a queda inicial de preços do petróleo em
60%, há um ano, ainda está em curso.
Os movimentos recentes sugerem que
este processo vai se estender até 2016.”
Relatório da Agência Internacional de Energia (AIE),07/07/2015.
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TN Petróleo 105 37
2015, o ano das águas paradas
JULHO
PNG 2015-2019 DA PETROBRAS PREV INVES-
TIMENTOS DE US$ 130,3 BILHÕES – Aprovado o
Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 da Petrobras,
com previsão de investimentos na ordem de US$
130,3 bilhões para o referido período. A carteira de
investimentos priorizou projetos de exploração eprodução (E&P) de petróleo no Brasil, com ênfase
no pré-sal. Do total, 83% (US$ 108,6 bilhões) serão
alocados na área de E&P. Os investimentos totais fo-
ram 37% menores em comparação ao plano anterior.
LEILÃO DE PETRÓLEO
NO MÉXICO FRUSTRA
EXPECTATIVAS – A
despeito das expectativas,
apenas dois dos 14 blocos
oferecidos à iniciativa pri-vada foram arrematados
no 1° leilão após quase
oito décadas de mono-
pólio naquele país.
FPSO CIDADE DEITAGUAÍ CHEGA AOCAMPO DE LULA –O navio-plataformaFPSO Cidade de Itaguaí foi ancorado na Área deIracema Norte do campode Lula, no polo pré-salda Bacia de Santos, nolitoral do estado do Riode Janeiro. Com capa-
cidade de produção de150 mil barris de óleopor dia e compressãode 8 milhões de m3 degás natural por dia, alémde armazenar 1,6 milhãode barris de petróleo, aunidade entra em pro-dução no mesmo mês.
CHEVRON E A PuC-RIO INAuGuRARAM DOIS NOVOS LABORATRIOS – Fruto de um investimento de cerca
de US$ 1 milhão, as instalações serão utilizadas para pesquisas em Geomecânica, com foco no setor de óleo egás. A iniciativa busca proporcionar aos alunos o acesso a equipamentos de alta tecnologia e a uma educaçãocompetitiva para o mercado de trabalho.
PETROLEIRO MARCÍLIO DIAS ENTRA EM OPERAÇÃO – O navio
Suezmax Marcílio Dias é entregue
após cerimônia no Estaleiro Atlântico
Sul (EAS), em Ipojuca (PE). A viagem
inaugural do petroleiro será para a
Bacia de Campos, onde fará sua pri-
meira operação de carregamento.
BRASIL GERA RESULTADO POSITIVOPARA A GALP ENERGIA – Duplicação
da produção no Brasil e investimen-to nas refinarias contribuíram para oresultado líquido de €310 milhões no1º semestre. Segundo a petroleira, dos € 596 milhões em investimentos reali-zados, 94% se destinaram a atividadesde E&P, principalmente no desenvol-vimento do campo Lula/Iracema, nobloco BM-S11, no Brasil.
VENDA DE PARTICIPAÇÃO NAS CONCESSÕES DE BIJUPIRÁE SALEMA – A Petrobras assinou com a PetroRio S/A a vendade sua participação de 20% nas concessões dos campos deBijupirá e Salema, atualmente operados pela Shell. O valor datransação é de US$ 25 milhões.
IBP DIVULGA PROPOSTAS PARA FOMENTARCONTEÚDO LOCAL – O IBP apresentou pro-
postas a fim de contribuir para a evolução e oaprimoramento da política de conteúdo nacionalaplicada ao setor de óleo e gás no país. Dentreelas, destaca-se a simplificação da contrataçãodos compromissos, por meio da priorização desegmentos estratégicos da cadeia de forneci-mento com maior vocação para se desenvol-verem sob a ótica da geração de empregos e aincorporação de tecnologia.
ENTRA EM OPERAÇÃO O PRIMEIRO NAVIO GA-SEIRO DO PROMEF – Cerimônia no EstaleiroVard Promar, em Niterói (RJ) marcou o início daoperação do navio gaseiro Oscar Niemeyer . Ele é oprimeiro da série de gaseiros e a 11ª embarcaçãodo Promef entregue à Transpetro.
F o t o : A g ê n c i a P e t r o b r a s
“Nunca se produziu tanto petróleo e nunca houve tanto óleoestocado. Esse cenário deixa os preços a US$ 40 e em viésde baixa, o que exige muito cuidado para as empresas.”Lavinia Hollanda, coordenadora de pesquisa da FGC Energia, 30/08/2015 – Estado de São Paulo.
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38 TN Petróleo 105
AGOSTO
K A R O O N A N U N C I A Q U EFAR FARM-OuT DE RE-AS NA BACIA DE SANTOS –A Karoon anunciou que estuda fazerfarm-out parcial da área onde fez adescoberta de Kangaroo, na Baciade Santos, onde é operadora, com65%, dos blocos S-M-1166, S-M-1165,S-M-1102, S-M-1101 e S-M-1037, em
parceria com a canadense PacificRubiales (35%). Até o final de 2014,a Karoon tinha 487 milhões de barrisrastreados como recursos contin-gentes no prospecto de Kangaroo.
PETROBRAS TEM LUCRO LÍQUIDO DER$ 5,9 BILHÕES NO 1º SEMESTRE – Olucro líquido de R$ 5,9 bilhões registradopela companhia brasileira no 1º semestrede 2015 é 43% inferior ao mesmo períododo ano anterior. O lucro operacional foide R$ 22,8 bilhões.
RECORDE DE PRODUÇÃO DE ÓLEO E GÁS NATURAL DA PETRO-BRAS – A produção de petróleo e gás natural da Petrobras, no Brasile no exterior, atingiu a marca de 2,88 milhões de barris de óleoequivalente por dia (boed). Na área do pré-sal, foram registrados doisnovos recordes em operações da companhia: o de produção diária,com volume de 896 mil bpd registrado em 19 de agosto; e mensal,com 859 mil bpd no mês.
PETROBRAS AUTORIZA A VENDA DE 25% DA PETROBRAS DISTRIBUIDO-RA – O Conselho de Administração da Petrobras autorizou a venda de 25%de ações da subsidiária Petrobras Distribuidora.
OILTANKING COMPRA20% DO TERMINAL DEPETRÓLEO DO PORTO DOAÇU – Por US$ 200 mi-lhões, a Prumo Logísticavendeu para a Oiltanking20% de sua subsidiáriaserá responsável pelo de-senvolvimento do Termi-
nal de Petróleo do Porto doAçu. A Oiltanking tambémirá gerenciar as operaçõesde transbordo que serão re-alizadas no terminal.
MARINTEC SOUTH AMERICA 2015 – Lideranças em-presariais, governamentais e especialistas se reúnem na
12ª edição da Marintec SouthAmerica para discutir os de-safios cruciais que o setor deconstrução e reparação navale offshore deve enfrentar nospróximos anos, de forma a ga-rantir a competitividade neces-sária para a sustentabilidade dacadeia produtiva.
S C H L U M B E R G E R C O M P R A C A -M E R O N I N T E R N A T I O N A L –A Schlumberger anunciou a compra da con-corrente Cameron International por cerca deUS$ 12,74 bilhões, em dinheiro e ações.
STATOIL COMEMORA 100 MILHÕES DE BARRIS
EM PEREGRINO – A Statoil e a estatal chinesaSinochem comemoraram nova conquista do campo
de Peregrino, na Bacia de Campos: a marca de
100 milhões de barris produzidos na área, onde a
companhia extraiu o primeiro óleo em abril de 2011.
PARNAÍBA GÁS NATURAL DECLARA COMERCIALIDA-DE DE FAZENDA SANTA VITÓRIA – Batizado de GaviãoVermelho, o novo campo tem volume estimado in place de2,65 bilhões de m3 de gás natural. O campo está no blocoPN-T-68, do qual é operadora, com 70% de participação.
retrospectiva
F o t o : A g ê n c i a P e t r o b r a s
F o t o : D i v u l g a ç ã o
Noterceirotrimestre
de 2015, o ProdutoInterno Brto (PIB)caiu 4,5% em relaçãoao trimestre de 2014.
PIB
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TN Petróleo 105 39
OUTUBRO
13ª RODADA DE LICITAÇÃODA ANP – Com volume to-tal de R$ 340 milhões, entrebônus de assinatura e inves-timentos mínimos, a rodada
teve arrematados apenas 37dos 266 blocos oferecidos.Do total, 35 eram terrestrese dois marítimos.
ENTIDADES DEFINEM AGENDA MÍNIMA PARA INDÚS-TRIA DE ÓLEO E GÁS – Lançado o documento “Agendamínima para o setor de petróleo”, com propostas de 23entidades para aprimorar regras, normas e políticas deapoio. O objetivo é contribuir para superar a difícil fase
que atravessa o setor de óleo e gás, com iniciativas paratornar o Brasil mais atrativo a investimentos e desenvol-ver a indústria de fornecedores de forma competitiva.
PRé-SAL SuPERA PATAMAR DE 1 MI-
LHO DE BOE/DIA – A produção de óleo
e gás natural operada pela Petrobras na
camada pré-sal se manteve acima de
1 milhão de barris de óleo equivalente
por dia (boed), com produção média de
1,028 milhão de boed, tendo atingido o
recorde histórico de 1,12 milhão de boed
durante o mês. A produção operada de
óleo alcançou 901 mil bpd.
PETROBRAS RECEBE PRÊMIO NA OTCBRASIL 2015 – O engenheiro Antonio Car-los Capeleiro Pinto, da Petrobras, recebeuo prêmio OTC Distinguished AchievementAward for Individuals durante a OffshoreTechnology Conference Brasil (OTC), rea-
lizada no Centro de Convenções do Riocentro.
NOVOS POÇOS CON-
FIRMAM POTENCIAL
DE LIBRA – O con-
sórcio responsável
pela área de Libra,
no pré-sal da Bacia
de Santos, concluiu
a perfuração do poço
3-BRSA-1310-RJS,
na porção central do
bloco. Nessa etapa foi
identificada a presença
de hidrocarbonetos em
reservatórios de baixa
porosidade.
SETEMBRO
PERFURAÇÃO CONFIRMA
ÓLEO DE BOA QUALIDADE
EM CARCARÁ – A perfu-
ração do terceiro poço na
área de Carcará (Bloco BM-
S-8), localizado em águasultraprofundas da Bacia de
Santos, confirmou a desco-
berta de petróleo leve e de
boa qualidade nesse ativo.
RIO PIPELINE CONFERENCE & EXPOSITION –A 10ª edição da Rio Pipeline 2015 comemorou20 anos e debateu o papel dos dutos submari-nos no desenvolvimento do pré-sal.
SBM OFFSHORE É AUTORIZADAA PARTICIPAR DE LICITAÇÕES– Após ter analisado o programade integridade da SBM Offshoree consultado o Ministério Público
Federal (MPF) e a Controladoria--Geral da União (CGU), a Petro-bras informou que voltará a con-vidar a SBM e demais empresasdo Grupo para participar de suaslicitações.
PPSA DIZ QUE LIBRA PODERÁ TER ISENÇÃODE CUMPRIMENTO DE CONTEÚDO LOCAL –O presidente da Pré-Sal Petróleo SA (PPSA),Oswaldo Pedrosa, afirmou que o desenvolvi-mento da maior reserva do país poderá ser
liberado de cumprir índices de conteúdo local,devido ao cenário atual e complexidade doprojeto. Segundo ele, o desenvolvimento estádentro do cronograma, com o quarto poço explo-
ratório, em fase avançada. Libra é operada pela Petrobras (40%), em parceriacom a Shell e a Total (20% cada) e as chinesas CNPC e CNOOC (10% cada).
RENÚNCIA DO PRESIDENTE DA PETRO-BRAS DISTRIBUIDORA – Presidente da
subsidiária da Petrobras desde 2009, José
Lima de Andrade Neto renunciou ao cargo,
alegando motivos de saúde.
2015, o ano das águas paradas
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40 TN Petróleo 105
NOVEMBRO
GREVE NA PETROBRAS RE-
DUZ EM 8,5% PRODUÇÃO
DE PETRÓLEO – Coordena-
da pelas entidades sindicais,
a greve dos petroleiros con-
tra o corte de investimentose venda de ativos previstos
no PNG 2015-2019 provoca
queda de 8,5% (178 mil barris
bpd) na produção.
GE CONCLUI AQUISIÇÃO DOS NEGÓCIOS DE ENER-GIA DA ALSTOM – A GE anunciou que a aquisiçãodos negócios de energia da Alstom foi concluídaapós a aprovação regulatória da operação em maisde 20 países e regiões, incluindo a União Europeia,
EUA, Brasil, China, Índia e Japão. Trata-se da maioraquisição industrial da história da GE.
PETROBRAS TEM PREJUÍZO NO 3° TRIMES-
TRE – A petroleira registrou um prejuízo de
R$ 3,759 bilhões no terceiro trimestre de 2015.
No acumulado dos nove primeiros meses do
ano, a petroleira acumula lucro líquido de
R$ 2,102 bilhões (58% inferior ao obtido nomesmo período de 2014). “O resultado reflete o
aumento das despesas financeiras líquidas em
função da desvalorização cambial e do acréscimo
nas despesas com juros”, informou a Petrobras.
REPSOL SINOPEC BRASIL ENCERROU TESTE DE FOR-MAÇÃO NA DESCOBERTA DE PÃO DE AÇÚCAR – Loca-lizado no bloco BM-C-33, sob lâmina d’água de 2.821 m opoço, com profundidade total de 7.012 m, é um dos maisprofundos do mundo.
DECLARADA COMERCIALIDADE DE JÚPITER –A Petrobras apresentou à Agência Nacional de Pe-tróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a decla-ração de comercialidade da acumulação de petróleolocalizada na porção noroeste do Plano de Avaliaçãoda Descoberta (PAD) de Júpiter (Bloco BM-S-24), nopré-sal da Bacia de Santos. O consórcio formado pelaPetrobras (80%) e a Petrogal Brasil (20%) sugeriuque o novo campo seja denominado Sépia Leste.
IRÃ APRESENTA NOVO
MODELO DE CONTRATO
DE PETRÓLEO – O Irã di-
vulgou um novo modelo de
contratos de exploração
de petróleo, com o objetivode atrair US$ 30 bilhões em investimentos estrangeiros
assim que as sanções econômicas contra o país sejam
suspensas, após o acordo com os países desenvolvidos
sobre o desenvolvimento de tecnologia nuclear.
DEZEMBRO
FPSO CIDADE DE SAQUAREMA CHEGA AO BRASIL – A perfuração doterceiro poço na área de Carcará (Bloco BM-S-8), localizado em águas ultra-profundas da Bacia de Santos, confirmou a descoberta de petróleo leve e deboa qualidade nesse ativo.
FECHADO ACORDO PARA VENDADE NAFTA A BRASKEM – A Petro-bras aprovou e assinou novo contra-to de longo prazo com a Braskem,para o fornecimento de 7 milhõesde toneladas por ano de nafta pe-troquímica. O contrato tem prazode cinco anos, a um preço 102,1%acima da referência da cotação danafta no mercado europeu, a ARA(Amsterdã, Roterdã e Antuérpia).
LEILÃO DE CAMPOS MAR-
GINAIS – O leilão de cam-
pos de óleo e gás inativos,
com acumulações margi-
nais, com foco em peque-
nas e médias empresas,
negociou nove entre dez
áreas ofertadas pela ANP.
Nove empresas arrema-
taram campos devolvidos
pela Petrobras ao governo
federal, em seis bacias se-
dimentares brasileiras, ge-
rando uma arrecadação de
R$ 4,25 milhões em bônus
de assinatura.
STATOIL E REPSOLANUNCIAM TRAN-SAÇÕES, INCLUSI-VE NO BRASIL –A Statoil fez umasérie de transações
com a espanholaRepsol, para a qualvendeu 15% de suaparticipação no campo de Gudrun, na Noruega.A parceria comercial repassará à noruegue-sa, quando aprovada pela ANP, a operaçãodo bloco BM-C-33 da espanhola na Bacia deCampos, onde utilizará sua expertise em águasprofundas para desenvolver o pré-sal nesseativo, onde estão as descobertas de Pão deAçúcar, Gávea e Seat.
retrospectiva
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TN Petróleo 105 41
2015, o ano das águas paradas
O ano de 2015 começou bem coma confirmação da descoberta de
óleo leve de cerca de 35° API na
área chamada de Pudim, em águas de
1.886 m de profundidade, no pós-sal da
Bacia do Espírito Santo. Os reservató-
rios estão localizados em profundidade
de cerca de 4.300 m.
Em águas ultraprofundas da Ba-
cia de Sergipe, a perfuração de novo
poço na concessão BM-SEAL-11, bloco
SEAL-M-426, ratificaram a descoberta
de óleo leve (entre 37º API e 40º API)e gás na área de Farfan.
No pós-sal da Bacia de Campos, a
Petrobras descobriu novas acumulações
de óleo na concessão BM-C-35, a cerca
de 143 km da cidade de Armação dos
Búzios, na costa fluminense, e em pro-
fundidade d’água de 2.214 m.
Em fevereiro, a estatal notificou à
ANP a descoberta de indícios de pe-
tróleo no campo do pré-sal de Atapu,
parte da Cessão Onerosa, em lâminad’água de 2.290 m. O óleo encontrado
é de boa qualidade (24º API a 30º API),
em profundidades que variam entre
2.000 e 2.300 m.
No mesmo mês, a Petrobras infor-
mou a descoberta de indícios de gás
no bloco terrestre AM-T-62, localizado
na Bacia do Amazonas. O bloco foi ar-
rematado em 2008 pela companhia na
10ª Rodada de Licitações da ANP, em
parceria com a Petrogal, que conta com
40% dos ativos. Em abril, a petroleirabrasileira informou nova descoberta na
Bacia do Amazonas, dessa vez no Bloco
AM-T-84, durante a perfuração do poço
conhecido como Jusante do Anebá.
No primeiro trimestre do ano, a
perfuração de dois poços de extensão
no campo de Libra confirmou a pre-
sença de uma coluna de hidrocarbone-
tos de cerca de 290 m e reservatórios
de alta qualidade, permeabilidade e
porosidade. Os testes de produção
demonstraram alta produtividade e
qualidade do petróleo (27º API). Ocampo, que é operado pela Petrobras
em regime de partilha, é a maior jazida
de hidrocarbonetos do país. Durante o
ano, o consórcio fez um total de quatro
notificações de indícios de petróleo
e gás em Libra, que deve receber o
projeto piloto de desenvolvimento da
produção em 2019.
No mês seguinte, a perfuração
do segundo poço na área de Carcará
(Bloco BM-S-8), localizado em águasultraprofundas do pré-sal da Bacia
de Santos, confirmou o potencial
de petróleo leve e de boa qualidade
(31º API). O campo é operado pela
Petrobras (66%), em parceria com a
Petrogal Brasil (14%), a Barra Energia
do Brasil Petróleo e Gás (10%) e a
Queiroz Galvão Exploração e Produ-
ção S/A (10%).
Durante o ano, testes de formação
realizados nos reservatórios atestaram
excelente produtividade. Os resulta-dos das análises de fluidos e de pres-
são obtidos indicam tratar-se de uma
única acumulação de petróleo e que
o potencial de produção de Carcará
seja equivalente aos dos melhores
poços produtores do pré-sal da Ba-
cia de Santos, com petróleo de boa
qualidade, sem a presença de con-
taminantes. Durante o ano, a estatal
faz três notificações de indícios de
hidrocarbonetos nesse bloco.
Em junho, a Petrobras anuncia nova
acumulação de petróleo em águas ul-traprofundas da Bacia de Sergipe, por
meio do Poço Verde 4, como é chamado
informalmente. Localizado a 23,5 km do
poço descobridor, em lâmina d’água de
2.479 m, o poço alcançou na época a 5.350
m de profundidade. Durante o ano são
registrados seis indícios de hidrocarbone-
tos na bacia de Sergipe – e nada menos
que oito, na parte terrestre dessa bacia.
Entre janeiro e junho, a Parnaí-
ba Gás Natural faz oito notificaçõesde indícios de petróleo e gás natural
no bloco terrestre PN-T-68, do qual é
operadora, com 70% de participação,
ao lado da BPMB Parnaíba (30%). O
consórcio tem oito campos com decla-
ração de comercialidade – Gavião Real,
Gavião Azul, Gavião Branco Sudeste,
Norte e Sul, e Gavião Caboclo e Cabo-
clo Sul. O volume estimado de gas in
place dos campos operados pela PGN
supera 26,2 bilhões de m³. A compa-
nhia estima que atingirá meta de 8,4milhões de m³/dia até julho de 2016.
O penúltimo mês do ano, a petro-
leira brasileira confirmou descoberta
de petróleo na área de Pitu, em águas
profundas, de 1.844 m, da Bacia Poti-
guar, por meio da perfuração de um
poço de extensão, denominado Pitu
Norte 1, que terá profundidade final de
4.200 m. Foram feitas duas notificações
de indícios de hidrocarbonetos nessa
bacia durante o ano.
Descobertas confirmam potencial brasileiro emdiversas frentes Declarações de comercialidade em 2015
Bloco Campo Operadora Bacia Anexado Data
ES-T-466 Bem-te-vi Petrobras Espírito Santo Não 23/12
REC-T-51 Jandaia Sul Petrobras Recôncavo Não 23/12BM-S-24 Sépia Leste Petrobras Santos Não 12/11PN-T-68 Gavião Vermelho PGN Parnaíba Não 21/08PN-T-49 Gavião Branco Norte PGN Parnaíba Não 26/06PN-T-49 Gavião Branco Sul PGN Parnaíba Não 26/06PN-T-49 Gavião Caboclo PGN Parnaíba Não 19/06PN-T-49 Gavião Caboclo Sul PGN Parnaíba Não 19/06REC-T-210 Cardeal Amarelo Imetame Recôncavo Não 05/05REC-T-210 Cardeal Amarelo Oeste Imetame Recôncavo Não 05/05REC-T-210 Cardeal Do Nordeste Imetame Recôncavo Não 02/04PN-T-68 Gavião Branco Sudeste PGN Parnaíba Não 19/03
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arretadoEsta parece ser a melhor definição para o baiano Ubiratan Gomes de Carvalho Sá, presidente da
Lanxess Canadá, que vem construindo uma bem-sucedida trajetória profissional em corporações
internacionais, brasileiras e estrangeiras. Contratado pela norte-americana Dow quatro meses an-
tes de se formar em engenharia química, Ubiratan fala da resistência de operadores que tinham de
se reportar a ele, assim como dos colegas que não viam sentido em ter um ‘menino’ com tanta res-
ponsabilidade. Da mesma forma que superou esse obstáculo, ele também quebrou o triste estigmaque ainda ronda os baianos. “No Sul, o preconceito é que o baiano é preguiçoso e despreocupado”,
diz Ubiratan, sorrindo, sem mágoas. Afinal, ele soube buscar e aproveitar todas as oportunidades
no mercado de trabalho e nas empresas nas quais atuou, em diversos países... e com o apoio da
família, que o acompanha em sua jornada de sucesso.
Com mais de 30 anos de carreira, ele se considera um
executivo internacional, sem estigmas, mas mantém in-
tacta a ‘baianidade’ de um soteropolitano, que tem entre
seus ídolos o conterrâneo Raul Seixas.
perfil profissional
A primeira opção que Ubiratan teve de fazer, ainda ado-lescente, foi entre a carreira militar ou a vida civil. “Desdea escola elementar (frequentei o colégio militar) sempre fuiinteressado em ciências naturais. Os professores de mate-mática, física e química me orientaram para uma carreira deprofissional liberal na área de engenharia, ao invés de darforça para eu seguir a carreira militar”, conta o soteropoli-tano, que mantém até hoje um ligeiro sotaque. Como tinhaum desempenho acima da média em química, decidiu fazer
vestibular para o curso de Química Industrial na antiga Es-cola Técnica Federal da Bahia – hoje parte da Rede Federalde Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Quando concluiu o segundo grau, com apenas 16 anos,foi orientado a tentar engenharia química na UniversidadeFederal da Bahia (Ufba), onde se formaria em 1986. Foi umaprofessora de Ciências Ambientais, uma disciplina obrigató-ria no currículo das engenharias, que o incentivou a buscar oprimeiro estágio, na Agência Estadual de Meio Ambiente, nosetor de Análise Industrial. “A área era responsável pela ava-liação de projetos da indústria química, tanto de novas unida-des como em projetos de expansão de plantas existentes, para
avaliar o possível impacto ambiental e as medidas de controle
Um engenheiro
por Beatriz Cardoso
F o t o s : C o r t e s i a L a n x e s s
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de poluição como tratamento deefluentes e emissões gasosas”,lembra.
Ele ressalta que aprendeumuito durante esse período(1984–1985), pois tinha acesso
a todos os projetos da indústrianaquele momento e tambémvisitava as empresas, acom-panhando um engenheiro dainstituição. Foi quando recebeuo convite para participar de umaseleção para estagiários na Dow.“Foi uma seleção rigorosa, com24 concorrentes para uma vaga”,diz com orgulho o baiano, quefoi o escolhido, indo trabalhar naunidade de síntese de herbicidas
no site de Aratu da empresa.
Estágio preparatório – “Passeipor todos os departamentos dafábrica, sendo acompanhado porum supervisor e um engenheirodo departamento. Tive acessoa conhecimentos avançados deengenharia química (a unidadetinha o estado da arte tecnoló-gica daquele momento), muitasvezes antes mesmo de ter adisciplina correspondente naUniversidade, o que me ajudouno desempenho escolar.”
Para ele, o estágio continua aser, até hoje, extremamente impor-tante, desde que seja desenvolvidocomo uma etapa complementarda formação acadêmica, ajudan-do a preparar o estudante para avida profissional. “No meu caso,tive a felicidade de estagiar numaempresa estruturada para desen-volver profissionais desde o início,
selecionando, posteriormente,os que se alinhavam ao perfildesejado por eles. Os engenheiroslevavam a sério esse processo,pois também haviam sido estagiá-rios antes”, salienta Ubiratan.
Ele acabou sendo contratadocomo engenheiro quatro mesesantes da graduação, em setembrode 1986, para atuar na unidade deCloro e Soda Cáustica do mesmocomplexo industrial, como res-
ponsável, de início, pelo depar-
tamento de acabamento de soda.“Como tinha 21 anos e ainda nãohavia completado o curso, enfren-tei muita resistência dos opera-dores que tinham de se reportara mim, assim como dos colegas,que não viam sentido em ter um‘menino’ com tanta responsabili-dade”, lembra, sorrindo.
Ele contou com o apoio da ge-rência da planta, uma vez que foido gerente a decisão de contratá–lo como engenheiro. “Ele sempreme entregou interessantes desa-fios técnicos”, afirma o engenhei-ro, que foi conquistando o respeito
dos colegas. “Havia um ambienteprofissional muito competitivo,mas não faltavam oportunidadesa quem quisesse fazer a diferençagerando resultados.”
Quebrando estigmas – Três anos emeio depois, ele deixaria o estadonatal para trabalhar no escritóriocentral da Dow no Brasil, em SãoPaulo (SP). Foi quando se depa-rou com o estigma de que baiano
é preguiçoso. “Quando comecei
a trabalhar na capital paulista,especialmente nos primeirosdois anos (1990–91), ouvi mui-tos comentários desrespeitosos,tanto diretos quanto pelas costas.Havia também críticas ao fato
de terem transferido alguém daBahia para trabalhar no escritóriocentral – imagine que absurdo,com tantos paulistas competentese disponíveis!!!”, lembra.
A partir do trabalho que desen-volveu, o preconceito transpareciade outra forma, como na pergunta:você tem certeza de que nasceuna Bahia? “Senti–me muitas vezeshostilizado e via que me criavamdificuldade simplesmente por
ser de lá. No Rio Grande do Sul,embora houvesse esse estigma,senti que o gaúcho admira a forçacultural e o jeito despreocupadodo baiano (palavras deles). Dosestados brasileiros nos quaismorei, quando fui trabalhar emoutras empresas, foi onde me sentimais bem recebido pelo fato de serbaiano”, diz Ubiratan.
Segundo ele, os desafiostécnicos foram os mais fáceis,ajudando–o a consolidar seuaprendizado acadêmico, indi-cando que precisava continuarse aperfeiçoando. “O estágio quehavia feito na Dow me preparoupara essa etapa inicial. Foramos resultados apresentados queconsolidaram minha reputaçãoe possibilitaram vencer outrosdesafios numa escala crescente”,avalia o engenheiro.
Um dos desafios organizacio-nais foi conquistar a confiança
dos subordinados, por meio daaproximação e do diálogo. “Sem oapoio da equipe seria impossívelser bem–sucedido”, frisa. Mas omaior de todos, nos primeiros anosna Dow, foi provar a competênciaprofissional, pelos padrões da or-ganização, em português e inglês,pois tinha de falar os dois idiomas.
Balanço positivo – De 1990 a96, como especialista em Pla-
nejamento de Operações, na
Local de nascimento: Salvador/BA, 1965.
Estado civil: Casado.
Filhos: uma filha.
Leitura: Outliers, de Malcolm Gladwelle Novas organizações para uma nova
economia, de Mauricio Goldstein.Livro de cabeceira: Quinta disciplina, dePeter Senge, e vários do Peter Drucker.
O que gosta de fazer nas horas de folga? Cuidar da minha filha, ler, cinema, viagense esportes individuais.
Gênero musical predileto: Rhythm andBlues.
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perfil profissional
área de Supply Chain da Dow,conduzia os planos de operaçãodos negócios sob sua responsa-bilidade: compras e importaçõesde matérias–primas, volumes deprodução, gestão de estoques,
logística de movimentação dematerial para atender a demandalocal e de exportação.
“O maior aprendizado foiconhecer todos os componentesde um negócio industrial – partepela necessidade de planejar asoperações internas, parte peloimpacto de outras atividadescomplementares naquelas queeu planejava”, pontua. O grandedesafio foi fazer a transição de um
ambiente fabril para um escritório,em função da difícil ambientaçãoe dos preconceitos enfrentados. A despeito disso, ele conseguiuconciliar a rotina de trabalho comuma pós–graduação em adminis-tração industrial, na Fundação Vanzolini, da Universidade de SãoPaulo (USP), entre 1991 e 1993.
Em 1996, passou a coorde-nar o grupo de especialistas doSAP que implementou o módulode gestão de materiais, “tradu-zindo a linguagem operacionaldas unidades para a linguagemtransacional do sistema, de modoque este último refletisse a rea-lidade material”. Foi a primeiraexperiência de trabalho no exte-rior “excitante e cheia de apren-dizados”, conforme afirma. Oúltimo período na Dow seria naárea de Polystyrene Packagingand Shipping, quando gerenciouo grupo que embalava e despa-
chava (logística) o poliestirenoda fábrica para os clientes.
“O que há de comum nas trêsposições? O conhecimento dacadeia de suprimento e das ope-rações de um negócio, de forma aexecutá–las da maneira mais efi-ciente e rentável possível. Assim,usei o conhecimento adquiridoem cada área para complemen-tar o desempenho na seguinte”,revela. Nos 14 anos de Dow, ele
trabalhou tanto em unidades bra-
sileiras, como a de Aratu (BA), noescritório central, em São Paulo,e ainda no site da empresa emGuarujá, no litoral paulista, comono exterior – Estados Unidos,Colômbia e Argentina. O balanço
deste longo período na empresaque lhe deu o primeiro emprego éaltamente positivo.
“Foi incrível e muito com-pensador. Creio que quebreiparadigmas, ao provar que háprofissionais de valor na Bahia,capacitados a competir em nívelde igualdade com os demais. Afinal, isso não é fator decisivo nodesempenho”, diz o baiano queacumulou nada menos que cinco
premiações na Dow, entre 1988 e1997. “Foram um reconhecimentoe estímulo para continuar a gerarbons resultados. Creio que fiz umpouco de história e me destaqueicomo líder de times, assim comona identificação de oportunidadese soluções criativas para antigosproblemas”, avalia.
A difícil escolha – Ubiratan viuque precisava “acelerar o cres-cimento profissional, de acordocom o plano de carreira que ha-via traçado na Dow”. Foi quandoaceitou uma proposta para ir tra-balhar na alemã Basfasf, em ja-neiro de 2000. “Foi uma decisãodifícil... me custou várias noitesde sono. Não tenho dúvidas deque meu desempenho, resulta-dos e potencial de entregar maisresultados na Dow contribuírammuito nesse processo”, afiança.
Foram 14 meses na Basfasf
como gerente das unidades deFormulação e Logística Internada planta de Paulínia (SP), atéassumir, em abril de 2001, agerência executiva de Seguran-ça, Meio Ambiente, Utilidades eLogística Interna do Negócio deTintas na América do Sul, basea-do em São Bernardo do Campo(SP) – maior site da empresa naregião. Sob sua coordenaçãoestavam também as unidades do
Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul e Pernambuco, além de umana Venezuela e outra na Argenti-na. Em novembro de 2003, assu-miu a área de Supply Chain andBusiness Administration – Auto-motive Coatings, onde ficou até
sair da empresa em 2005. Afinal“o negócio de tintas automotivaprecisava de uma reestruturaçãooperacional e organizacional,com muitas oportunidades demudanças. Foi um aprendizadointeressante”, observa.
No período na Basf, de 2000a fevereiro de 2005, o maisinstigante para o engenheiro foilidar com profissionais de culturaalemã, quando já havia se habi-
tuado ao ‘jeito’ norte–americano.“Há muitas diferenças entreessas duas culturas”, assegura.Para ele, a alemã é mais hierár-quica e valoriza a precisão naexecução de processos de traba-lho. “Creio que para os alemãesa repetição e o aperfeiçoamentolevam ao melhor resultado, even-tualmente sem importar quantotempo isso toma. As relaçõesinterpessoais e sua origem (es-pecialmente germânica) contamna avaliação de um profissionale, muitas vezes, estabelece olimite de crescimento”, observa. Já a cultura norte–americana,na visão de Ubiratan, valoriza oresultado final (bottom line) e éaberta ao questionamento como propósito de gerar melhoriae eficiência. “A individualidadetem um valor central – iniciativa,coragem e adaptabilidade podemestar à frente da hierarquia”,
conclui.“O grande desafio foi im-
plementar, em curto espaço detempo, mudanças radicais, gerarresultados e ser avaliado poralemães enviados especialmentepara isso”, destaca Ubiratan. Aimportância das redes profis-sionais em seu crescimento e oapoio em seu desenvolvimento eevolução foram um dos principaisaprendizados consolidados, além
de aprender a “desafiar o status
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quo, respeitando o limite daspessoas”. Foi assim que tornoua amealhar prêmios, desta vezde organismos externos, comoa Agência Brasil de Segurançae a Federação das Indústrias do
estado de São Paulo (Fiesp).
Experiência 100% nacional – A saí-da da Basf, no final de 2005, paraatuar na Votorantim, onde ficariaaté junho de 2008, se configurouna primeira (e única) experiênciaem uma companhia brasileira.O que o levou a deixar umamultinacional para enveredar poresse caminho? “Não tive paci-ência de esperar e construir os
relacionamentos que precisava naBasf para dar os próximos passosno meu plano de carreira e deciditentar outra opção. Basicamen-te, tinha muita ansiedade paracrescer”, explica o engenheiro,que assumiu a gerência industrialda Cia. Agroindustrial Igarassu,unidade da Votorantim que pro-duzia cloro, soda cáustica, ácidoclorídrico e hipoclorito de sódio.
Os desafios eram elevar o de-sempenho de segurança ocupa-cional e de processo, garantir aatualização tecnológica, expan-são de capacidade e adequaçãoà regulação ambiental da planta.“Para promover as mudanças ne-cessárias foi preciso desenvolvere capacitar a mão de obra no site. Alguns dos operadores eram tec-nicamente analfabetos e outrostinham escolaridade incompleta,abaixo do segundo grau”, revelao engenheiro, que descobriu
outro estigma em Pernambuco: ode que o baiano se consideravao melhor dentre os nordestinos.“Fiquei espantado ao descobririsso”, diz, rindo.
O maior aprendizado, sob suaótica, foi trabalhar numa unidadecom uma estrutura muito aquémdas empresas anteriores, porémcom ambições de crescer e de-senvolver lideranças. “Fiz parte,na Votorantim, de um projeto de
universidade interna, com o ob-
jetivo de desenvolver os líderesdo futuro das diversas unidadesde negócio do grupo”, explica,afirmando que muitos dos obje-
tivos foram plenamente alcan-çados em dois anos de trabalho.Tanto que receberia, em 2007,o prêmio “Ser Humano PauloFreire”, na categoria de Educa-ção Corporativa, da AssociaçãoBrasileira de Recursos Humanos(ABRH–PE).
“Foi gratificante saber que oprocesso de educar os operadores– muitos deles com dificuldadesde aprendizagem – em conceitosbásicos de química, física, ma-temática e ciências ambientais,abriu os horizontes dos profissio-nais, melhorou o desempenhoda unidade e inspirou outrosprojetos nas fábricas da região”,emociona–se. Na época, segundoele, muitas pessoas acharam nomínimo diferente um profissionalde engenharia engajado nesseprojeto, desenvolvido em coope-ração com professores da Univer-sidade Federal de Pernambuco.
Na direção executiva – Em julhode 2008, Ubiratan foi convidadoa assumir a presidência da sub-sidiária local do grupo holandêsDSM. Como presidente da DSMElastômeros do Brasil e gerentedo site, em Triunfo (RS), era res-ponsável por toda a operação daempresa no país, exceto a áreacomercial. Foi um head hunter que o convidou a participar do
processo de seleção. “Na medi-
da em que conheci as pessoascom quem possivelmente iriatrabalhar, a empresa, o desafioe o alinhamento disso tudo commeus planos profissionais, decidiaceitar o convite”, conta.
Nos quase três anos na DSM,acumulou importante aprendiza-do, pela autonomia e as responsa-bilidades como principal execu-tivo da empresa no Brasil paraaquela unidade de negócio, alémde trabalhar com um grupo deprofissionais maduro e experien-te. Lá, ele também conquistarianovas premiações, corporativase de organizações externas. “Osprêmios criam uma marca, um
perfil. Creio que o conhecimentoe as boas práticas relacionadas aestes aspectos devem ser divul-gados e compartilhados com omaior número de empresas. Issonão prejudica a competitividade.E, se disseminadas, melhoramo ambiente de trabalho e, porextensão, o desenvolvimento daprópria comunidade. A premia-ção possibilita compartilhar estaspráticas”, frisa. Apesar da agendaatribulada, o executivo ainda fezum mestrado em Administraçãode Negócios (MBA) na Unisinos(Universidade do Vale do Rio dosSinos), concluído em 2012.
Passaporte para o Canadá – Quan-do a DSM decidiu vender aunidade de negócios de elastô-meros, em nível global, para aalemã Lanxess (além da unidadegaúcha, três outras fábricas e umcentro de Pesquisa e Desenvolvi-
mento na Holanda fizeram partedo negócio), o novo controladordecidiu manter Ubiratan comodiretor Industrial e gerente dosite em Triunfo, uma vez que aLanxess já tinha um presidenteno Brasil. “Ajudei a conduzir atransição da DSM para a Lan-xess de maneira suave, semprejudicar o desempenho desegurança e do negócio. Umatarefa difícil, dada a ansiedade e
apreensão de movimentar todo
Um engenheiro arretado
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um grupo para uma nova cultu-ra, com previsíveis sinergias”,conta o executivo.
Os alemães gostaram dotrabalho do engenheiro baiano,convidando–o a integrar o grupo
de trabalho que conduziu o projetode nova fábrica na Ásia, do mesmomaterial produzido no Brasil e Ho-landa. “Eles queriam aproveitar acrescente demanda, em especialda China. Fui para Cingapurae fiquei lá por seis meses, comalgumas viagens à China”, dizUbiratan, afirmando ter aprendidomuitas coisas no período. “A Ásiame pareceu um mundo à parte,com relações de trabalho bem
diferentes das ocidentais e outrasperspectivas de compreensão domundo”, revela. Quando voltou delá, em outubro de 2012, foi convi-dado para assumir as operaçõesda Lanxess no Canadá.
Como principal executivo dogrupo alemão no Canadá, ele ex-plica que não tem relações de ne-gócio com a subsidiária brasileira.Mas, como expatriado, continuasendo funcionário da Lanxessno Brasil. Ele garante que, emtermos de ambiente de trabalho,tudo é muito semelhante ao queele viveu aqui – desafios, pressãopor resultados, projetos a desen-volver, etc. “A relação com as pes-soas é que muda em função doidioma, da cultura e da ética dotrabalho de cada lugar. Diferentemesmo é fora do trabalho. Nessecaso, as relações pessoais e suas
atividades, como não têm a vin-culação hierárquica do trabalho,são condicionadas pela cultura eambiente do local”, diz ele, que
soma um total de sete anos forado Brasil.Para os que desejam seguir a
mesma trajetória de Ubiratan Sá,a dica é saber construir e apro-veitar as oportunidades. Inclu-sive fazendo uso de serviços derecrutamento, como no caso dos head hunters. “Eles sempre nosprocuram e às vezes, como coma DSM, vale a pena continuaro processo até o fim. Também já indiquei muitas pessoas paravagas oferecidas a mim e fun-cionou para elas. Acho saudávelter uma boa relação com head
hunters”, afirma.O presidente da Lanxess
Canadá explica que emboranunca tenha sido orientadopor coaching, já trabalhou comesses profissionais para orientaralguns pessoas sob sua respon-
sabilidade. “Acho que é umaexcelente opção quando, dentroda empresa, o profissional ficou‘surdo’ e ‘cego’ para a orienta-ção que recebe. Um especialistaexterno, sem o vínculo emprega-
tício com a empresa e sem umaagenda diferente, alguém emquem o profissional pode confiare se abrir, discutindo suas fra-gilidades sem medo, pode fazermuita diferença”, garante.
Também faz a diferença natrajetória de um brasileiro noexterior o apoio da família,constituída em 2010. A espo-sa Aline, que ele conheceu noBrasil, e a filha, Sophia, uma
pequena canadense de 8 meses,são um importante lastro no diaa dia naquele país. “Aline seadaptou muito bem ao Cana-dá. Sem a compreensão e afetodela seria impossível adminis-trar tudo que temos em comummorando em país estrangeiro”,afirma Ubiratan, pontuandoque é preciso jogo de cinturapara conciliar vida profissio-nal e privada entre diferenteslocais. O engenheiro baianoafirma que não abre mão de virpara o Brasil, pelo menos umavez por ano. Se abriria mão deviver no Brasil para sempre?“No momento penso que não,mas como disse o sábio RaulSeixas, podemos mudar de opi-nião a qualquer instante, afinalpor que não ser uma metamor-fose ambulante?”, conclui.
perfil profissional
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TN Petróleo 105 47
Ano 5 • nº 43 • fevereiro de 2016 • www.tnsustentavel.com.br
Sumário
48 53 54Evento TecnologiaEntrevista com Mario Mantovani
IBP fa balano de projetos
em parceria com o Ibama
CPFL Energia expandeparceria com a Unicamp
para uso de veículos elétricos
Um mundo para ser transformado
Lia Medeiros, diretora do Núcleo
de Sustentabilidade da TN Petróleo
Editorial
Eficiência Energtica • Comercialiaão de Energia • Legislaão Ambiental • Reciclagem
Fundação SOS Mata Atlântica:três décadas em defesado bioma brasileiro mais agredido
pela ação humana
PENSO EM 2016, já pelo meio de fevereiro, como um papel em branco a ser preenchido.
Frente aos desafios econômicos e sociais que o mundo e o Brasil seguem enfrentando desde o ano passado – crise de refugiados
na Europa, freada da economia chinesa, barril do petróleo para abaixo dos US$ 30, Operação Lava-Jato e epidemia de Zika –, não
será lugar comum afirmar que crise é um forte elemento para impulsionar mudanças.
Entrevistamos o geógrafo Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOSMA, que nos contou que a instituição temcomo uma das suas maiores conquistas a mobilização da sociedade pela causa da preservação do meio ambiente brasileiro e afirma
que “a partir do entendimento por parte das pessoas que são elas as primeiras a sofrer consequências negativas, quando há perda
de recursos naturais. Há um impacto direto no dia a dia delas, no funcionamento das cidades, e isso se reflete na economia também”.
Na mesma esteira, o IBP e o Ibama apresentaram um balanço do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) assinado em 2013
entre as duas instituições, que só conseguiram chegar a esse final feliz depois de muitos desafios vividos na busca de uma solução
efetiva para todos.
Durante o evento, Jorge Camargo, presidente do Instituto, destacou que a área ambiental alcançou avanços importantes
nos últimos anos. E, segundo ele, o ACT é uma importante ferramenta para tornar a indústria ambientalmente sustentável.
“Construímos um ambiente de cooperação entre indústria e governo que é fundamental para que o segmento se desenvolva de
maneira sustentável”, disse.
Infelizmente, a forma cruel com que as mudanças ocorrem, envolvendo inclusive perda de vidas, não deveria ser a opção, mas
o caminho da acomodação, da negligência e do dinheiro fácil, muitas vezes é o que acaba por ditar os rumos dos fatos.
Mas vamos lá! Temos um ano inteirinho pela frente para buscarmos, como em nossos exemplos, o consenso, através do diálogo
e principalmente do respeito pelo que cada um necessita para ser feliz!
Boa leitura, bom ano e boa sorte para todos!
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48 TN Petróleo 105
suplemento especial
A Fundação SOS Mata Atlântica está completando 30 anos. Pioneira na luta pelo meio
ambiente no Brasil – tendo como bandeira o ecossistema brasileiro mais degradado
– tornou-se mais que uma ONG e, ao longo do tempo, ganhou status de movimento
socioambiental que mobiliza grande parcela da sociedade, do meio acadêmico-científico,
das empresas e dos governos. Hoje, serve de exemplo e de inspiração para outras
organizações de proteção a diferentes biomas, em seus esforços contra a perda de
cobertura vegetal e de biodiversidade.
O GEÓGRAFO MARIO MANTOVANI, Di-retor de Políticas Públicas da Fundação
SOSMA, tem mais 35 anos de atuação na
área ambiental, e vem acompanhando deperto as ações da fundação para combater
o que ele chama de “cultura da devastação
de florestas”, que persiste no Brasil desde
o descobrimento. Nas últimas três déca-das, o país passou por várias mudanças
no campo socioambiental. A instituição,
por sua vez, participou ativamente dessas
mudanças, realizando descobertas impor-tantes e alcançando conquistas decisivas.
A maior delas, na opinião de Mantovani,
foi a mobilização da sociedade.“As pessoas entenderam que são
as primeiras a sofrer consequências
negativas, quando há perda de recur-sos naturais. Há um impacto direto no
dia-a-dia delas, no funcionamento das
cidades, e isso se reflete na economia
também. As mudanças climáticas estão
confirmando isso”, afirma.
Em entrevista exclusiva para o Ca-
derno de Sustentabilidade, o ambienta-
lista fala sobre os projetos realizados,e sobre o que ainda precisa ser feito
para que os 8% restantes de cobertura
original de Mata Atlântica não sejamliteralmente suprimidos do mapa. Pode
parecer pouco, quando se pensa que os
outros 92% estão altamente degradados
ou não existem mais. Uma coisa, porém,é certa: sem o trabalho realizado pela
Fundação SOSMA, provavelmente obioma já estaria extinto.
Caderno de Sustentabilidade – Como o
Brasil tratava as questões ambientais
quando a Fundação SOSMA surgiu, equais as mudanças provocadas nesse
cenário a partir daí?
Mario Mantovani – A primeira mu-dança para o país foi em ter uma orga-
nização não-governamental brasileira
tratando desse tema. Havia várias ins-
tituições trabalhando aqui, mas todaselas eram de outros países. O Brasil
desenvolveu, a partir de então, toda uma
metodologia para isso, e nós consegui-
mos reunir e mobilizar pessoas de dife-rentes setores da sociedade. Trouxemos
a ciência para o movimento e, naquela
época, era muito difícil ocorrer esse tipode mobilização. Quando a SOS trouxe
a marca da bandeira, com uma parte
do verde faltando, foi extremamente
inovadora e fez uma provocação, poistinha na sua formação gente ligada à
academia, à economia, empresários,
gente de comunicação e ambientalistastambém. Era um grupo muito heterogê-
neo e diversificado de pessoas tratando
do assunto. A grande contribuição, no
início, foi mostrar, a partir das primeirasinformações coletadas, que o impacto
era muito maior do que imaginávamos.
A época coincidiu com a criação da nova
Constituição, e nós conseguimos incluir
por Mehane Albuquerque Ribeiro
Três décadas em defesa do
bioma brasileiro
Fundação SOS Mata Atlântica
mais agredido pela ação humana
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TN Petróleo 105 49
nela os biomas brasileiros. Isso foi uma
coisa inédita e a Constituição de 1988
ganhou um capítulo de meio ambienteque antes não existia. Houve a conso-
lidação do conceito bioma.
O fato de ser m período pós-abertrapolítica tambm ajdo?
Sim, o processo de redemocratiza-
ção trouxe novas abordagens e pessoas
interessadas na causa. Pela primeiravez, o meio ambiente foi relacionado
às questões sociais, e os movimentos
sociais também estavam se reorganizan-do. O Brasil estava começando a deixar
para trás aquela ideia de grandeza, de
“milagre”, de maior economia do mundo,
e começando a fazer outra leitura doprocesso. Foi muito legal porque mo-
bilizou pessoas em torno de um tema
que era quase desconhecido por elas.No movimento de redemocratização se
buscava educação, saúde, justiça... E o
meio ambiente ganhou o mesmo pesonas discussões.
Quando fizemos a provocação,
criamos também o conceito de bioma
e fizemos um mapeamento mostrando
que o Brasil perdia quase um campode futebol de florestas a cada quatro
minutos. Isso teve um impacto muitogrande. Esses dados foram decisivos
para fazer com que a Constituição tra-
tasse dos biomas brasileiros, e a Mata
Atlântica foi incluída.
Houve aumento na produção de conhe-
cimento sobre o tema?
Sim. É interessante falar disso, por-que enquanto a Constituição dizia: “pro-
teger a Mata Atlântica, a Amazônia e aSerra do Mar”, àquela altura a gente nãotinha muito conhecimento ainda sobre
os biomas. Até pouco tempo atrás, havia
muito mais informação sobre Mata Atlân-
tica nos centros de pesquisa da Europae dos Estados Unidos, do que no Brasil.
Nós trouxemos para a discussão to-
das as outras questões ambientais brasi-leiras, junto com o movimento SOS Mata
Atlântica. Participamos intensamente da
ECO 92, as pessoas começaram a ouvir
falar sobre coisas que nunca tinham ou-vido, como biodiversidade, por exemplo.
E isso influenciou a pesquisa?Totalmente. Já tínhamos uma produ-ção consistente de conhecimento sobre
a natureza e uma academia forte, mas
os estudos não eram completos, poistratavam isoladamente de várias ques-
tões, sem falar das consequências. Eles
pesquisavam a importância da produ-
ção do pólen das abelhas, por exemplo,mas não contextualizavam isso dentro
de todo o bioma, levando em conta os
impactos ambientais e sociais. Nós con-
seguimos fazer essa adequação para ageração de novos conhecimentos. E isso
se deu com ativismo, com campanhas
de mobilização, e com a criação de po-líticas públicas. Foi um grande ganho.
As pessoas começaram a entender o
que era biodiversidade. E a partir daconsolidação do conceito de bioma, a
coisa foi avançando. Incluímos a questão
da água, o monitoramento das florestas
por satélites, que era uma coisa muito
nova também na época, em uma par-
ceria com Inpe (Instituto de Pesquisas
Espaciais), que passou a acompanhar
o desmatamento com mais frequência.
Antes, o monitoramento era feito a cada5 anos. Passou a ser ano a ano. Isso
mostra como a sociedade é dinâmica emtermos de conhecimento. Conseguimos
cruzar informações e comprovar cienti-
ficamente o que já se sabia: que a perda
de biodiversidade não traz riquezas.Ao contrário, só traz prejuízos: para o
clima, para o abastecimento de água nas
cidades, para a vida das pessoas... Con-seguimos relacionar isso com o dia-a-dia
das populações e isso foi determinante.
E em termos de devastação, houvealguma mudança de comportamento?
É impressionante observar como a
natureza nos dá respostas. Sofremosum grande revés com o Código Flores-
tal, aprovado por aqueles que querem
continuar devastando. É uma cultura de
devastação de florestas que existe noBrasil desde o descobrimento. E desde
o início tem sido muito difícil trabalhar
contra essa cultura. Antigamente, era
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50 TN Petróleo 105
suplemento especial
comum ouvir que um sujeito que pos-
suía terras com florestas era vagabun-
do. O próprio poder público cobravamais desses proprietários de matas,
que eram tidos como improdutivos. Nós
temos essa cultura de degradação muitoforte. O sujeito tirava a cobertura ori-ginal para fazer um jardim, e plantava
Pinus europeu.
A cultura agrícola, até pouco tem-po atrás, era baseada na devastação:
plantar, explorar, exaurir e deixar para
lá. Isso ocorre porque o Brasil até hoje
vive de commodities. Era o palmito que setirava e não era replantado. O café, que
depois da terra exaurida, migrava para
outro local. E o Brasil continua sendo
um país de commodities. Agora, a bolada vez é o cerrado. Então, derruba-se
tudo o que existe lá para plantar soja e
vender “bolinhas” para a Europa.
E o Código Florestal tem brechas legais
que continuam a permitir a devastação...Esse código é qualquer coisa, menos
florestal. Não leva em conta a função
social da terra, em primeiro lugar. Foi um
código para beneficiar um momento de
euforia pelo qual o Brasil passa. A sojaestá “bombando”, assim como outros
produtos agrícolas. E o país é ponta naprodução mundial. O problema é que os
plantadores não se contentam em ocupar
as áreas que já estão abertas. No caso da
Mata Atlântica, por exemplo, são 92% deáreas abertas. Por que e para que derru-
bar os 8% que restam? E a função social
da terra e da floresta? A mata produzágua, evita a erosão na beira dos rios.
Hoje uma água suja e poluída custa
muito mais caro para toda a sociedade.Hoje, um indivíduo que possui mata nãopode dizer que é dele. Não pode simples-
mente poluir e dizer: “a terra é minha, o
rio é meu”, pois os impactos da degrada-ção serão sentidos por toda a sociedade.
Ninguém leva em conta que a abelha que
desaparece poliniza as plantações.
E o que restou de Mata Atlântica original
é uma parte ínfima. Próximo às cidades,
o qe havia abaixo da cota 100 (marca
que protege a vegetação acima dos 100metros nas encostas) já foi totalmentedestruído...
Sim, nós estamos falando de apenas
cerca de 10% de Mata Atlântica aindapreservada. E olha só que coisa interes-
sante: 80% das áreas remanescentes es-
tão nas mãos de proprietários privados.
Nós temos que criar incentivos para arestauração das outras áreas, o que está
previsto lá no Código Florestal, mas não
porque os ruralistas queriam assim. O
que sobrou de floresta em pé, só estálá porque a gente manteve.
Nós conseguimos mobilizar a socie-
dade com informação e conhecimento.Mas temos um ônus caro a pagar por
causa da questão cultural. No Brasil,
ainda se enxerga o meio ambiente comouma coisa a ser conquistada. Quando
falam mal de alguém dizem assim: “esse
aí é índio”. Nós sempre tratamos a na-
tureza como algo excludente. Até para
as criancinhas. De onde vem o boitatá,
o bicho-papão? Vem da mata. Isso estánas histórias que sempre contaram para
a gente e para várias outras gerações.
O que fizemos na SOS foi tentar
mudar essa história, associando a vida
humana aos benefícios que a naturezaproduz; relacionado a floresta com as
questões do dia-a-dia. Essa foi a grandesacada da SOS e é isso tem nos trazido
ganhos quase que civilizatórios, porque é
preciso mudar toda uma visão de mundo.
De lá para cá, a sociedade está mais
consciente?
Sem dúvida. Hoje há mais informa-
ção e as questões ambientais estão nosnoticiários. A comunicação ajuda bas-
tante. As grandes conferências sobreclima e a preocupação dos países maisricos do planeta em frear esse proces-
so, estão contribuindo também. Com o
conhecimento que temos hoje podemostransformar a natureza em riqueza, sem
gerar degradação, e fazer com que haja
pagamento por serviços ambientais.
Quando o Brasil vende toneladas desoja, não está vendendo “bolinhas”. A
soja sai do extremo do país, de cami-
nhão pela estrada, até Paranaguá e éproduzida com financiamento agrícola. E
esses custos são repassados. Mas, e os
outros? Os compradores precisam saber
que adquirindo essa soja também estãoajudando a destruir os rios, as reservas
legais que sofrem com a expansão agrí-
cola, e acabando com a biodiversidade.Ninguém aqui é contra a agricultura,
mas já que vivemos do setor primário,
de commodities agrícolas, então vamos
agregar valor a esses produtos. Aliás, a
agricultura brasileira tem batido todos osrecordes. Seria ótimo bater esses recor-
des positivos também no meio ambiente.É nessa linha temos insistido: para
que haja reconhecimento da importância
da biodiversidade. E acho que estamos
conseguindo. Eu sou muito otimista. Há35 anos que eu estou fazendo isso e antes,
quando falávamos sobre essas coisas, as
pessoas nos olhavam esquisito. Quandonós brigávamos com os militares contra a
usina nuclear, eles não nos levavam a sé-
HOJE UMA ÁGUA SUJA
E POLUÍDA CUSTA MUITO
MAIS CARO PARA TODA
A SOCIEDADE. HOJE, UM
INDIVÍDUO QUE POSSUI
MATA NÃO PODE DIZER
QUE É DELE. NÃO PODE
SIMPLESMENTE POLUIR E
DIZER: “A TERRA É MINHA,
O RIO É MEU”, POIS OS IM-
PACTOS DA DEGRADAÇÃO
SERÃO SENTIDOS POR
TODA A SOCIEDADE.
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TN Petróleo 105 51
rio. Hoje, mundo está pensando em novas
formas de gerar energia. Hoje ninguém
mais duvida das mudanças climáticas, masaté o ano passado havia muitos céticos,
grande parte influenciada pelos ruralistas.
Os países acabaram de assinar um acordoclimático, o Papa Francisco fala da “nossacasa comum”. Não tem mais volta. O tema
agora veio para ficar.
Quais as áreas mais críticas de MataAtlântica?
São aquelas mais próximas às cida-
des, que estão ameaçadas pela expansãourbana. Esse é um problema grave. Em
São Paulo, o governo pretende colocar
prédios de apartamentos em cima de um
parque, afetando os mananciais, enquan-to passa por uma grave crise hídrica.
A especulação imobiliária continuasendo, então, uma grande inimiga da
Mata Atlântica?
Hoje é a principal. Mas já foi a cana,
em uma determinada época; a madeira,em outro momento. Fora os ciclos eco-
nômicos que o país já teve.
A extração indiscriminada de espéciesvegetais e a caça clandestina também
são graves?
Têm menos impacto, porque hojeocorrem em menor escala e as áreas ori-
ginais estão sendo bem monitoradas. No
caso de Minas Gerais, que é o campeãode desmatamento, ainda tivemos mais
derrubadas. Como a Mata Atlântica de lá
tem características diferentes do litoral,
é mais seca, serve para fazer carvão.Para que? Para a siderurgia, porque o
valor do gusa estava “bombando” nomercado internacional, e o aço ainda éum produto muito valorizado, especial-
mente pela indústria automobilística.
Mas o que existe por trás disso que os
compradores desconhecem? Criançastrabalhando nos fornos, trabalho escravo.
Ou seja, todo um ciclo de exploração
ambiental e humana. Eu estou falandode século XXI, quando as pessoas têm
grande acesso à informação, e com a
conferência do clima acontecendo. Lá
nós tínhamos, até esse ano, criançastrabalhando nos fornos. As pessoas
quando compram, precisam saber disso.
No caso de Minas Gerais, falando es-pecificamente do Vale do Jequitinhonha,
que é uma das regiões mais pobres do
brasil, quanto mais exploram a natureza,
mais aumenta o ciclo de pobreza. Po-rém, naquela mesma região tem gente
plantando árvores para extração dentro
das melhores técnicas existentes, re-conhecidas internacionalmente como
exemplo de plantio. O que os outros pa-
íses levam 20, 100 anos para conseguir,
nós conseguimos em 5, por causa doclima. Em pouco tempo a madeira está
pronta para celulose, carvão e outras
aplicações. Não é muito melhor plantare vender em 5 anos, com financiamento
e certificação, do que derrubar?
Há uma inteiração intensa entre ou-
tros ecossistemas litorâneos – várze-as, restingas e manguezais – e a Mata
Atlântica. A degradação desenfreadanas áreas mais próximas ao mar afeta
o equilíbrio do bioma como um todo?
Nós fizemos um trabalho recente
sobre as regiões costeiras, e incluímosas restingas e mangues como áreas
associadas, em nosso Atlas, justamente
para trazer esse assunto à tona e mos-trar que esses trechos do litoral também
são partes integrantes da Mata Atlântica.
Tentamos mostrar, por exemplo, que o
rio poluído que desce as encostas parachega ao mar, deságua no manguezal
onde ocorre a reprodução do camarão
e de outras espécies. Estamos tentandoacrescentar a proteção dessas áreas na
legislação, pois o litoral é extremamente
ameaçado pela especulação imobiliária.
É um caso grave porque os municípioslitorâneos brasileiros decretam todo o
seu território como área de expansãourbana para cobrar mais IPTU. E as ci-dades que cresceram com os royalties do petróleo, hoje são as mais pobres.
O Brasil usa mal o seu litoral desde
1500. No nosso movimento em defesados oceanos, nós tentamos alertar: “olha,
pessoal, se continuar tirando e poluindo,
não vai ter mais pesca”. Estamos tentan-do juntar todas as partes: a floresta, a
água, as restingas, o mar, a vida, e todas
as coisas que se relacionam. A ideia
da SOS é mostrar que se todos forama favor da natureza, todo mundo ganha.
Mas se houver um único grupo levando
vantagem, como é o caso dos especu-ladores imobiliários, todo mundo perde.
Como está hoje a recperaão das áreas
degradas?Podemos dizer que a restauração
não existe. Ela vai começar agora, se
não deixarmos que haja retrocesso. O
Código Florestal determina a recupera-
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suplemento especial
ção dessas áreas no Cadastro Ambiental
Rural, que é um dos pontos positivos do
código. Se isso for cumprido, pode me-lhorar um pouco. As leis de 1930, 1960,
falavam de 25% de proteção da cobertura
vegetal. Se formos falar hoje, quandotemos apenas 8% da floresta em pé, sóas matas de beira de rio somariam isso.
E se levarmos em conta o mesmo Código
Florestal, existe anistia para quem nãofizer restauração. Estamos lutando para
que não haja retrocesso.
O qe você diria qe irreversível hoje?A mata perdida não se traz de volta.
Ninguém sabe avaliar o que foi perdido,
já que foram destruídos 92% de cobertura
vegetal e não foi feito um inventário com-pleto de tudo. Não há nichos ecológicos su-
ficientes para as espécies animais. Estive
em Assis (interior paulista), minha cidade,no fim do ano, e é uma área de plantio de
cana. Um proprietário de terras da região
criou um refúgio de animais, mas nãoconsegue cuidar, por exemplo, das onças
que agora estão vivendo nos canaviais e
aparecem mutiladas pelas colheitadeiras.
Não podem ser devolvidas para a natureza,
pois não existem matas suficientes, e nãoconseguiriam sobreviver. A caça diminuiu,
mas os animais não têm para onde ir. Serápreciso reflorestar muito para resolver
essa situação, que é crítica.
E as empresas que estão próximas àsáreas ainda preservadas?
Muitas delas viraram o jogo. As
produtoras de papel, que eram nossas
grandes inimigas no passado, hoje sãodonas de grandes áreas protegidas. A
Veracel, por exemplo, foi alvo de umaação da SOS que durou 15 anos. Hojeé dona da maior área de conservação
da Mata Atlântica, que inclui os parques
de Monte Pascoal, do Pau Brasil e do
Descobrimento, onde nem precisa degente para fiscalizar. Todos colaboram.
Todos querem que seja mantida.
Mitas indústrias polidoras ficavam
próximas a áreas remanescentes. Cuba-
tão, por exemplo. Isso mudou?
Sim. As empresas hoje estão muito
mais preocupadas com responsabilidade
socioambiental do que antes. Os acio-
nistas, inclusive. Hoje a resposta deuma empresa é muito mais rápida que
a do próprio poder público. Elas estãomais conscientes e consistentes emsuas ações. Sabem que se fizerem uma
besteira, vai ter grande repercussão. E
entenderam que sustentabilidade é lu-
cro certo. Quando uma empresa colocasua certificação em um produto como a
madeira, por exemplo, está dizendo ao
mundo: “eu me preocupo com o meioambiente”. E o mercado externo hoje
prefere comprar produtos com valor
agregado.
O palmito doce (Eterpe edlis) foi m
dos produtos mais explorados. A subs-
tituição por palmitos de açaí e pupunhanas prateleiras dos mercados trouxe
alguma trégua para essa espécie?
O palmito doce chegou ao limite
máximo. Não porque as pessoas se tor-naram mais conscientes e deixaram de
consumir. Mas porque acabou, mesmo.
As mudanças climáticas podem colocarem risco as medidas que ainda precisam
ser tomadas na preservação da Mata
Atlântica?A natureza tem suas formas de se
acomodar. É muito mais resiliente. O
impacto maior é sobre o ser humano.Nós sofremos mais, nossa resiliência
é bem menor. Antigamente, as grandes
chuvas aconteciam de 10 em 10 anos.
A gente agora já fala em enxurradasa cada ano. As grandes secas estão
aumentando e os ciclos estão em mu-dança. Todos já sabem que isso é resul-tado da ação do homem. Mas só agora
a preocupação aumentou, porque além
de perdas humanas, a economia está
sendo duramente castigada.Os países não ficaram amigos da
natureza de repente, e passaram a di-
zer: “ah, que maravilha! Vamos salvar oplaneta!”. Nada disso. Eles perceberam
que a poluição e o desmatamento vêm
acompanhados de grandes prejuízos
financeiros. A elevação do nível dos
oceanos, as enchentes, as secas e as
catástrofes climáticas custam muitocaro. As seguradoras, inclusive, incen-
tivaram essa nova postura. Para você
ver como tudo muda. Há um tempoatrás, quando alertávamos para essaspossibilidades, diziam assim: “isso é
frescura de ambientalista”. Mas hoje,
não. Tem muita grana em jogo. Sóquando a economia começou a perder
é que todos perceberam que havia algo
muito errado nesse processo, muito
caroço nesse angu.
O que precisa mudar no Código Flo-
restal?
Como disse antes, não acho quehá um código “de verdade”. Mas a
questão da anistia para desmatado-
res, por exemplo, é um absurdo. Tevevários interesses envolvidos. Não tem
nada a haver com meio ambiente.
Quando falam em “tantos metros”, já
erraram feio. Não se pode mensuraro tamanho ideal para uma mata ciliar.
Quando se discute uma coisa dessas,
que deveria prioritária, é um sinal
visível de que não há consciênciasocioambiental, e de que as pessoas
estão cegas pelo egoísmo.A Mata Atlântica tem legislação es-
pecífica. Então, não sofre tanto com as
brechas do Código Florestal. O Cadastro
Ambiental Rural foi uma conquista, masprecisa ser bem aplicado, considerando
a recuperação de áreas degradadas.
Como a Fundação pode contribuir paraqe otros biomas sejam protegidos?
Amazônia, Pantanal, Cerrado e Caa-tinga precisam logo ter leis específicas,para que consigam colocar um limite
nesse código que, na minha opinião, é
altamente predador. É isso que esta-
mos fazendo em Brasília: trabalhandocom outras organizações de proteção a
biomas, dando subsídios para que criem
suas próprias legislações e atuando emparceria na luta pelo meio ambiente, que
está apenas começando. Muita coisa
ainda precisa ser feita.
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IBP fa balano de projetosem parceria com o Ibama
Os resultados do Acordo foramapresentados no dia 18 dedezembro de 2015, durante
evento na sede do IBP, no Rio de Ja-neiro, e contou com as presenças dopresidente do Instituto, Jorge Camar-
go, do secretário executivo de Ex-ploração e Produção (E&P), AntonioGuimarães, da presidente do Ibama,Marilene Ramos, e da ministra doMeio Ambiente, Izabella Teixeira.Entre os projetos concluídos estão aprimeira fase do Plano de Proteção eLimpeza da Costa (PPLC), o Plano deProteção à Fauna Marinha e Costeirada Margem Equatorial, o Programade Educação Ambiental (PEA), o Ma-
nual de Resíduos em Bases de Apoio,o Estudo Internacional de Suportepara o Guia de Análise de Risco e oEstudo sobre o Estado da Arte dosRodolitos.
O documento prevê a capacita-ção e o aprimoramento do processode avaliação de impactos ambien-tais e o aperfeiçoamento da gestãoambiental, relacionados às ativida-des de exploração e produção depetróleo e gás. Ao todo, 12 projetos
são contemplados. Destes, dez estãoconcluídos ou em andamento – comprevisão de término para 2018. Aotodo, R$ 20 milhões já foram inves-tidos nestas iniciativas.
Para os próximos dois anos estãoprevistas as conclusões do Mapea-mento das Ilhas Costeiras, do Pla-no de Proteção à Fauna Marinhae Costeira do Brasil, Instalação deFundeios e Aperfeiçoamento da Base
Hidrodinâmica da Margem Equato-
rial Brasileira, Anuência, Plano de Área e Regulamentação de Gestão de Atividades em Áreas com Rodolitos.
Durante o evento, Jorge Camar-go destacou que a área ambiental
alcançou avanços importantes nosúltimos anos. E, segundo ele, o ACTé uma importante ferramenta paratornar a indústria ambientalmentesustentável. “Construímos um am-biente de cooperação entre indús-tria e governo que é fundamentalpara que o segmento se desenvolvade maneira sustentável”, disse.
A ministra de Meio Ambien-te também destacou o clima decooperação entre poder público
e iniciativa privada em torno deiniciativas como essa. “Estamosvivendo uma nova natureza políticaentre a iniciativa privada e o poderpúblico, baseada no diálogo paraa tomada de decisões importantesno âmbito ambiental. Essa é umacultura política em prol do desen-volvimento do Brasil”, comentou.
O secretário executivo de E&Pdo IBP, Antônio Guimarães, acre-
dita que “com essa cooperação, a
indústria poderá produzir mais emelhor para o país”. Já MarileneRamos parabenizou a iniciativada indústria: “Acordos como essesnão são usuais. É um trabalho de
muito fôlego e que requer planeja-mento. São projetos ambiciosos eque trazem resultados estruturan-tes. Eles nos dão muita base paramelhorarmos.” E se comprometeuem incorporar as informações dosbancos de dados e demais estudoscom o objetivo de aprimorar os trâ-mites referentes aos processos delicenciamento ambiental.
Segundo Carlos Henrique Abreu Mendes, gerente executi-
vo de SMS e Operações do IBP,as iniciativas propostas no âmbitodo ACT são muito importantes noprocesso de exploração e produçãode petróleo e gás no Brasil. “Nossoesforço tem o objetivo de otimizaros processos a que as operadorassão submetidas durante a fase pré-via à exploração em si, ao mesmotempo em que trabalhamos parareduzir ao máximo os riscos ao
meio ambiente”, afirmou ele.
Na esteira da COP 21, o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) eo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) apresentaram um balanço do Acordo de
Cooperação Técnica (ACT) assinado em 2013 entre as duas instituições.
Da esquerda para direita: Jorge Camargo, presidente do IBP; Marilene Ramos, presidente do Ibama;Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente; Antônio Guimarães, secretário executivo de E&P do IBP eCarlos Henrique Abreu Mendes, gerente executivo de SMS e Operações do IBP.
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54 TN Petróleo 105
suplemento especial
CPFL Energia expandeparceria com a Unicamppara uso de veículos elétricos
A CPFL Energia, maior grupoprivado do setor elétrico bra-sileiro, amplia sua parceria
com a Universidade Estadual deCampinas (Unicamp) para esti-mular o uso dos veículos elétricosno Brasil. A universidade, uma dasentidades executoras dos estudosdo Programa de Mobilidade Elé-
trica da CPFL, recebeu um carroelétrico para uso pela Reitoria dainstituição e também será o local dainstalação de um novo eletropostopúblico do projeto.
Por conta da nova parceria, aCPFL Energia concedeu à Uni-camp a versão elétrica do Fluence,da Renault. Em contrapartida, auniversidade irá compartilhar coma companhia os dados de uso do
veículo, cederá um local para a
instalação de um novo eletropostopúblico e fará uma contribuiçãofinanceira como subvenção paraajudar a financiar o projeto, umainiciativa subsidiada pelo Progra-ma de Pesquisa e Desenvolvimen-to (P&D) da Agência Nacional deEnergia Elétrica (Aneel).
O local escolhido para abrigar
o novo eletroposto – investimentoestimado em R$ 55 mil – foi umadas vagas do bolsão de estaciona-mento do Centro de Informações.Será instalado um ponto de car-regamento rápido, que reabaste-ce 80% da bateria do veículo em30 minutos. A BYD assumirá ocusto com o consumo de energiaelétrica durante as recargas dosveículos, proporcionando abaste-
cimento gratuito até que o tema
seja regulamentado pela Aneel. As despesas com a aquisição e ainstalação do equipamento ficarãoa cargo da CPFL.
Além de ampliar a infraestru-tura de recarga, o novo eletropostotestará uma nova configuração dealimentação de energia elétrica.Este será o primeiro equipamento
a receber uma estrutura dedica-da ligada diretamente à rede demédia tensão. O objetivo é testaralternativas de conexão dos pon-tos de carregamento à rede, paraidentificar o melhor modelo paranão sobrecarregar o sistema dedistribuição.
Atualmente, o Programa de Mo-bilidade Elétrica da CPFL possuisete eletropostos em operação, to-
dos ligados à rede de baixa tensão.
Universidade recebeu um veículo elétrico e terá
eletroposto público no Centro de Informações.
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TN Petróleo 105 55
O Banco Nacional de Desenvol-
vimento Econômico e Social
(BNDES) aprovou financia-mento de R$ 42,4 milhões à Enerplan
Energia Eólica IV S/A, para implanta-
ção do Parque Eólico Pontal 2A, no
município de Viamão, no Rio Grandedo Sul. O empreendimento, seleciona-
do no 17º Leilão de Energia Nova (A3),
em 2013, contará com oito aerogera-dores fornecidos pela Alstom e terá
potência total instalada de 21,6 MW de
energia limpa.
A operação, que inclui subcréditosocial de R$ 210 mil, é mista: R$ 28,3
milhões serão liberados diretamente
pelo BNDES e os restantes R$ 14 mi-
lhões serão repassados na modalidade
indireta, tendo como agente financei-
ro o Badesul. Os recursos do BNDEScorrespondem a 47% do investimento
total no projeto.
A Enerplan é uma Sociedadede Propósito Específico (SPE), que
atua como produtora independentede energia elétrica a partir de fontes
alternativas. O escoamento da ener-gia gerada pelo parque Pontal 2A e
por outros dois parques da holding
Enerplan Pontal Participações So-cietárias S/A (Pontal 28 e Pontal 38)
será feito através de uma subestação
elevadora, de uma linha de transmis-
são e do bay de conexão até a subes-tação coletora do Sistema Interligado
Nacional (SIN) Viamão 3.
A Enerplan Pontal Participações So-
cietárias S/A integra o Grupo Oleoplan,
que iniciou suas atividades em 1980,
atuando na indústria de extração deóleo de soja. Posteriormente, diversi-
ficou as atividades para o segmento
calçadista e, na década de 2000, parao setor de energias renováveis nos
segmentos de biodiesel e eólico.
Neste último, o grupo conta com
um portfólio de projetos em geraçãode energia de cerca de 409 MW em
diferentes fases de desenvolvimento,
entre os quais cinco parques vencedo-res do Leilão de Energia de Reserva de
2009, localizados em Trairi, no Ceará,
e que também foram financiados pelo
BNDES, com R$ 92 milhões.
TN Petróleo 105 55
Para conectar o novo equipamentoà média tensão, será instalado umposte com um transformador dedi-cado a fornecer energia ao equipa-mento e, consequentemente, para
recarregar os veículos elétricos.“A média tensão tem maior ca-pacidade de transmitir energia,reduzindo o risco de sobrecarregar
o sistema e miti-gando o impactono perfil de ten-são, situação quefoi mapeada du-rante a primeirafase do projeto”,diz o diretor de
Estratégia e Inovação da CPFLEnergia, Rafael Lazzaretti.
Simulações computacionaisrealizadas pela CPFL indicam queum dos impactos da conexão doseletropostos na baixa tensão é orisco de sobrecarregar o sistemade distribuição, considerando oconsumo simultâneo de energiapelos veículos elétricos e pelosclientes residenciais e comerciais,
sobretudo durante o horário depico – tal situação pode reduzir o
nível de tensão da rede, piorandoa qualidade do serviço.
“Foi justamente pensando empreservar a qualidade do serviçode fornecimento de energia que
resolvemos estudar a conexão narede de média tensão, cuja tensãoé de 11,9 mil volts (54 vezes supe-rior na comparação com os 220 Vda rede de baixa tensão)”, afirmaLazzaretti. No futuro, a CPFL pla-neja desenvolver ação orientadora junto aos proprietários dos veículoselétricos para estimular o carrega-mento fora do horário de pico, demodo a reduzir o risco de sobre-carga do sistema elétrico.
A expectativa da companhia éiniciar a instalação do novo ele-troposto público em 30 dias, colo-cando-o em operação até fevereirode 2016. A empresa irá tambéminstalar um ponto de carregamentoprivado de carga lenta para usoexclusivo da Reitoria da Unicamp.O Programa de Mobilidade Elétricado Grupo possui sete eletropostosem operação, dos quais quatro
privados e três semipúblicos (umdeles foi instalado no Posto Graal
67, na Rodovia Anhanguera, naaltura de Jundiaí).
Estudos sobre a mobilidadeelétrica
Além do veículo elétrico e doeletroposto, a Unicamp vem de-senvolvendo uma série de estu-dos sobre mobilidade elétrica noâmbito do Programa da CPFL. A Faculdade de Engenharia Elétri-ca é responsável pela análise dosimpactos da tecnologia na rede elé-trica. Já a Faculdade de Engenha-ria Mecânica estuda os impactospara o meio ambiente, avaliandoo ciclo de vida dos veículos e dos
equipamentos.O Departamento de Política
Científica e Tecnológica da Uni-camp, por sua vez, está produzindoum estudo sobre a cadeia de valorautomotiva brasileira para os carroselétricos. “Ter a Unicamp, univer-sidade de referência internacional,como parceria é fundamental parao sucesso deste projeto, pelo co-nhecimento e pela credibilidade
que a instituição agrega aos nossosestudos”, afirma Lazzaretti.
BNDES aprova R$ 42,3 milhões para novo parque eólico no Sul
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56 TN Petróleo 105
suplemento especial
Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade
Perfil do líder integral?Será que podemos
dizer que um líder
integral tem um
perfil? Assim como
não há fórmulas para
descrever as atitudes
corretas de quem querque seja, também
não se encontra base
científica para se
alardear um perfil
ideal, atributos básicos
dos líderes, ou outras
frases estereotipadassimilares.
Antes de tudo, é importante resgatar os elementos da definiçãode líder integral. Ele é alguém que conduz equipes para umasituação futura desejada (portanto, focado em resultados e li-
dando com mudanças), e o faz de forma participativa (equilibrandopoderes e aproveitando da sabedoria conjunta) e ainda atuando deforma absolutamente conectada (consigo mesmo e com a superestru-tura que o cerca). Assim, é alguém íntegro, integrado e inteiro (queutiliza ao máximo seus potenciais e inteligências).
Pela conceituação, notamos que essa pessoa realiza a difícil arte decompatibilizar três coisas ao mesmo tempo. Para esse personagem ad-
mirável, não há que se falar da conjunção “ou”, que segrega e separa,mas da conjunção do equilíbrio e da soma, o “e” que une e multiplica.Sem dúvida, esse líder é alguém maduro, para quem a sabedoria domeio termo de Aristóteles, o caminho do meio do Buda e a visão doequilíbrio de Lao-Tsé são uma realidade cotidiana.
Assim, não se pretende falar de atributos, mas desses três elemen-tos que compõem o arcabouço conceitual norteador para a decisão eação dessa figura notável que é o líder integral. Esses três elementospodem ser encontrados no legado deixado por homens e mulheres for-midáveis, que ajudaram a construir a história da humanidade.
Em primeiro lugar, verificamos que esses líderes têm um desejo por re-
sultados (relacionados a mudanças construtivas) acima da média. Quan-do falamos sobre líderes integrais a estudantes, executivos e empresários,comumente vêm às suas mentes os tipos de pessoas que gostam de ajudar,de colaborar e que, por isso, seriam menos assertivas, menos preocupadascom os resultados. Essa noção é falsa! O primeiro foco deles é o resultado,pois como asseverado por um grande líder integral da história, “conhe-ce-se a árvore pelos frutos”. Líderes memoráveis como Gandhi, MartinLuther King, Mandela, Madre Teresa, Joana D’Arc eram extremamentefocados em seus objetivos. Eram mais que focados, eram verdadeiros ba-luartes de uma causa. Cada um deles alcançou resultados fantásticos, quetrouxeram benefícios a milhares ou milhões de pessoas.
Gostaria de dedicar, aqui, uma homenagem especial a Joana D’Arc
e comentar especificamente sobre seus feitos. O momento atual é mui-to oportuno, já que a França sofreu um ataque terrorista terrível, talvezpor representar o que entendemos como um país civilizado, berço doideal da “liberdade, igualdade e fraternidade”. E Joana é a síntese des-se espírito libertário, dessa capacidade de justiça igualitária, de lutacom compaixão. Ela foi um ser humano ímpar. Uma líder, de apenas 18anos de idade, mulher e donzela, mas capaz de conduzir um exércitode homens já cansados, depois de mais cem anos de ocupação inglesaem diversos de seus territórios. Ela era extremamente focada em seuobjetivo. A história conta que Joana D’Arc não se cansava das lutasextenuantes e, ela mesma, tomava a frente da batalha inspirando seus
soldados rumo à ação heroica. A visão da vitória pulsava firme em sua
Wanderlei Passarellaé mestre em Adminis-tração de Empresas ebacharel em Economiapela FEA-USP, e tambémengenheiro mecânicopela Escola Politécni-ca da USP; pós-graduado na AbordagemTransdisciplinar Holística, pela Unipaz/FSJT. Atualmente dirige a SynchronParticipações e é coach de executivos. Foidiretor presidente da GPC Química S/A e daPetroflex S/A. Também foi diretor-geral daMenasha Materials Handling South Americae exerceu cargos gerenciais na Nitroquími-
ca (Grupo Votorantim) e Ipiranga Química.
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TN Petróleo 105 57
mente e ela transmitia isso aos que estavam ao seuredor. Apenas o resultado almejado vibrava em seuser. Não havia espaço para meias conquistas!
Em segundo lugar, esses líderes constroem rela-ções – não aquelas relações paternalistas, mas as ver-
dadeiras, que se pautam pelo respeito e admiraçãosincera. Há uma falsa compreensão deste aspecto. Re-lações superficiais, ou o famoso tapa nas costas, nãosão o caminho. Não basta se mostrar sociável ou ami-gável para construir as relações do tipo que os líderesintegrais cultivam. Pelo contrário, relações profundasrequerem a verdade, e esta pode doer. Relações pro-fundas incluem a noção do mérito, e do desempenho.Incluem reconhecimento pelas ações executadas comafinco e inteligência e correção de rumos para as açõesnegligentes ou para a falta de empenho. Incluem a de-vida atitude para que o espírito do grupo seja realçado
mais do que a vaidade individual, ou seja, não há quese deixar de considerar a justiça na avaliação indivi-dual, pois, senão, o grupo todo é afetado.
Joana, novamente, é uma inspiração nesse quesito.Ela demonstrava enorme capacidade de se preocuparde fato com o tratamento de sua tropa, a alimentação,o devido descanso. Também nutria uma compaixãosem fim pelo ser humano, a ponto de procurar mini-mizar o sofrimento de seus inimigos. Mas, não tolera-va o corpo mole, ou os comportamentos negligentes.O seu exemplo era o guia seguro para as atitudes a
serem valorizadas em seu exército.E, em terceiro lugar, esses líderes cultivam a cone-xão. Esta nada mais é do que a capacidade de olharpara dentro de si e buscar sua motivação e princípios,e de lá também extrair os valores éticos ligados aoque é universal e atemporal. Esta capacidade é, tal-vez, a pedra angular para que as duas anteriores pos-sam ocorrer simultaneamente. Observamos que aspessoas centradas, capazes de cultivar o autoconheci-mento, são aquelas que conseguem a arte de construirresultados e relações profundas ao mesmo tempo.
Nesse ponto, Joana era um exemplo sensacional.
A história contida nos arquivos de seu Processo deReabilitação descreve como era capaz de ouvir suas“vozes” interiores, e delas extrair conselhos e moti-vação. Foi talvez um dos exemplos mais soberbos,na história, de conexão consigo mesma e com o con-texto. Ali, no âmago de sua alma, ela encontrava asrespostas e os princípios elevadíssimos que utilizoupara julgar cada situação e para resolver seus pro-blemas de forma íntegra e elevada.
Assim, por esse exemplo de alto nível, quaseinalcançável, nos perguntamos: será que os líderes
integrais são viáveis na moderna corporação? E nos-
sa percepção sobre isso é de que não apenas sãoviáveis, como talvez sejam um dos poucos requisitos
mais necessários para resgatar valor, no sentido latoe no sentido estrito, aos negócios.
Que ninguém se iluda imaginando que pessoase líderes perfeitos possam existir. Mas é na compre-ensão profunda desses elementos, em primeira ins-tância, seguida pela tentativa diária de superaçãode si mesmo e das ameaças e oportunidades que seenfrentam, que os líderes integrais no ambiente or-ganizacional podem ser os catalisadores de um pro-cesso virtuoso para suas empresas. É preciso tentar,portanto, errar e aprender constantemente, com o
espírito aberto para pausar e avaliar os aprendiza-dos. É preciso “ação e reflexão”. A era do ambiente externo previsível e linear já pas-
sou. Vivemos na confluência das revoluções da infor-mação, da automação, da engenharia genética, da ro-bótica e das incertezas. Somente líderes especiais, queprocuram se aperfeiçoar constantemente como pessoase como gestores irão acompanhar essas mudanças pro-fundas e imprevisíveis e com elas compor negócios quesejam vencedores no longo prazo, verdadeiros empre-endimentos voltados para uma perenização adaptativa(como na longa história da evolução natural).
Não há outra forma. É preciso começar agoraa enxergar que o desenvolvimento desses sereshumanos íntegros e integrados, preparados paraatuarem como líderes verdadeiros e humanos é a“pedra de toque” do futuro. São eles que irão pre-parar suas equipes, seus negócios e formar outroslíderes, numa reação em cadeia capaz de contor-nar os grandes problemas que hoje nos afligem.Na raiz de nossos desafios técnicos estão questõeshumanas. Ninguém melhor do que um líder de simesmo, um líder integral, para endereçar e resol-
ver esses desafios de forma construtiva.
F o t o : P i x a b a y . c o m
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58 TN Petróleo 105
pessoas
Abespetro tem novadiretoria
A NOVA DIRETORIA da AssociaçãoBrasileira das Empresas de Serviçosde Petróleo (Abespetro) tomou possedia 1º de janeiro.
Depois de três mandatos seguidosna associação, os dois últimos comodiretor-presidente, Paulo Cesar Mar-
tins deixa a diretoria da Abespetro coma certeza de ter, juntamente com seusdemais colegas, colocado a associaçãoem um outro patamar de visibilidade e
reconhecimento, como importante re-presentante da indústria de óleo e gás.
“Logo que assumi a presidênciada Abespetro promovi um exercício deplanejamento estratégico, envolvendotoda a diretoria, secretaria executiva eex-presidentes. Nele, ficou claro quedeveríamos focar em dar à associaçãomaior visibilidade, garantindo reco-nhecimento da indústria, trabalhar
em parceria com demais stakehol-
ders, focando ao máximo nos objetivosconvergentes para a promoção dodesenvolvimento sustentável da nossaindústria local. Em seu discurso, José
Firmo, que assu-miu a presidênciaem substituiçãoao Paulo CesarMartins (Subsea7), firmou o com-
promisso, juntocom a diretoria,de dar continui-
dade ao trabalho que tem sido de-senvolvido pela associação.
Paulo Cesar Martins passa a as-sumir a posição de presidente doConselho Consultivo dos ex-presi-dentes, e continuará contribuindocom a Abespetro.
Da esquerda para direita: Eduardo Chamusca (SBM), Gilberto Cardarelli, José Firmo (Seadrill), AndreaFalcão (Schlumberger), José Mauro (FMC) e Telmo Ghiorzi (Aker).
A OIL STATES DO BRASIL, multinacionalde serviços offshore, está focando seusesforços em reestruturação, melhoriade gestão e da qualidade dos serviços,e na abertura de suas novas unidadesno país. Para atingir tais objetivos, aempresa anunciou a contratação do en-genheiro Ricardo Seixas, que assumiuem dezembro a posição de gerente de
Engenharia, reportando-se ao ManagingDirector, Marcio Robles.
Ricardo, que passou por cargos exe-cutivos em empresas como Cameron eWeatheford, terá, além da responsabilidadedo gerenciamento da área de engenharia,atuação também no apoio ao desenvolvi-mento de novos negócios, juntamente àequipe comercial da empresa.
DEPOIS DE ATUAR como presiden-
te da Chevron Colômbia, Javier LaRosa foi nomeado para a presidên-cia da Chevron Brasil. O executivoingressou na companhia em 2000e ocupou diversos cargos nas áreasde gestão, planejamento estratégicoe operações comerciais em paísescomo Estados Unidos, Inglaterra,Bélgica, Venezuela e Indonésia, alémda Colômbia. Bacharel em Ciênciaspela Rutgers University (EUA), LaRosa possui também um MBA pelaIese Business School (Espanha).
Na Chevron Brasil, o executivosubstitui Eunice de Carvalho que,depois de ocupar o cargo de pre-sidente por cerca de três anos, vaicomandar a gerência geral de AtivosNão Operados na Chevron Unida-de Estratégica de Negócios África Austral (Sasbu), sediada em Luanda, Angola.
Oil States contrata novo gerentede engenharia no Brasil
Javier La Rosaassume presidênciada Chevron Brasil
F o t o : D i v u l g a ç ã o
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TN Petróleo 105 59
A GEORADAR ASSINOU dia 8 de
janeiro novo contrato com a Petrobras
para aquisição de
dados sísmicos
terrestres 3D, comprocessamento
p r e l i m i n a r d e
campo. A campa-
nha, que abrange-
rá dois programas
(3D Sinimbu e 3D
Norte Coruripe), será realizado nos
municípios de Coruripe e Jequiá da
Praia (AL). Essa é uma das três licita-
ções de aquisição sísmica que a Petro-
bras lançou ao mercado no segundo
semestre de 2015.
“Com esta nova aquisição, a em-
presa reforça sua importante parceria
com a Petrobras e dá continuidade às
suas atividades operacionais na re-
gião Nordeste do Brasil, onde já possuigrande experiência em levantamen-
tos sísmicos”, comemora o diretor de
Operações Sísmicas da Georadar, o
geofísico Antônio Rosemberg.
Com duração estimada de seis me-
ses, o projeto para aquisição referente a
169 km² de sísmica 3D contará com cer-
ca de 550 profissionais. A Georadar ope-
rará com equipamentos sismográficos
próprios, adquirindo 11.676 registros.
“O fechamento desse contrato é
um marco que sinaliza um novo ciclo
de levantamentos sísmicos no Brasil,
reforçando a relevância da contri-
buição do gr upo
no processo de
desenvolvimento
e crescimento da
indústria de óleo
e gás no país”,
ressalta o presi-
dente , Ricardo
Savini.
Realização de levantamento sísmico 3Dna Bacia Sergipe-Alagoas
Georadar
produtos e serviços
F o t o : D i v u l g a ç ã o
Wilson Sons
O MAIS NOVO OSRV (sigla em in-glês para Oil Spill Recovery Vessel) doBrasil já está nos mares e foi construí-do pela Wilson Sons Estaleiros. A em-barcação de apoio offshore, batizadacomo Jim O’Brien, foi encomendadapela OceanPact e levou 22 mesespara ficar pronta. O investimentodo armador no OSRV foi de cercade US$ 40 milhões.
“Para nós, da Wilson Sons Es-taleiros, a entrega do Jim O’Brien
é motivo de muita comemoração.Este foi o primeiro OSRV queconstruímos e nos trouxe grandeaprendizado”,comenta o diretorexecutivo da em-presa, Adalberto
Souza. “Apesarde ser uma em-barcação menor
em dimensões, secomparada aos
PSVs (Platform Supply Vessels) eao ROVSVs (Remotely Operated
Vehicle Support Vessel) que jámontamos, possui muitos requi-sitos específicos, como sistema derecolhimento de óleo, sistema deaquecimento de tanques, grandesáreas e compartimentos à prova deexplosão.”
Com comprimento de 67,1 mpor 14 m de largura e especializa-da em recuperação de resíduos, o
Jim O’Brien é equipado com mo-tores Caterpillar, propulsão RollsRoyce, pacote elétrico WEG, alémde sistema de posicionamento di-
nâmico DP-1 Kongsberg e sistemade combate a incêndios Fire Fight1, oferecendo acomodação para20 tripulantes e com capacidadede até 1.050 m³ de óleo recolhido. A embarcação foi construída noestaleiro Guarujá I (SP), da Wil-son Sons, envolvendo mais de 300funcionários.
A Wilson Sons Estaleiros possuioutro contrato com a OceanPact: ain-da no primeiro semestre de 2016,
será entregue o OSRV Fernando deNoronha.
F o t o : C
o r t e s i a W i l s o n , S o n s
OceanPact recebe OSRV
Embarcação levou 22 meses para ficar pronta.
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60 TN Petróleo 10560 TN Petróleo 105
produtos e serviços
Petrobras
FPSO Cidade de Maricá chega ao
pr-sal na Bacia de SantosO POLO PRÉ-SAL da Bacia deSantos recebeu mais um navio--plataforma. O FPSO Cidade
de Maricá deixou, no dia 19 dedezembro de 2015, o estaleiroBrasa, em Niterói (RJ) e chegouà locação no campo de Lula (áreade Lula Alto). O Cidade de Maricá será o quinto FPSO a funcionar nocampo de Lula. Com capacidadede produzir até 150 mil barris deóleo por dia (bpd) e comprimir até6 milhões de m3 de gás naturalpor dia, a previsão é de que aplataforma entre em produção noprimeiro trimestre de 2016. Apenasconsiderando os quatro FPSOs jáem operação, o campo de Lula é omaior produtor nacional de petró-leo e gás natural.
Instalado a 250 km do litoraldo Rio de Janeiro, em área comprofundidade de água aproxima-da de 2.120 m, a embarcação teráagora suas linhas de ancorageminstaladas e, depois disso, será co-nectada a dez poços produtores esete poços injetores. O gás naturalserá exportado para a costa pormeio de um gasoduto submarino. A unidade tem, ainda, capacidadede armazenamento de 1,6 milhão
de barris de óleo e de injeção de200 mil barris de água por dia.O navio-plataforma estava des-
de julho de 2015 no estaleiro Brasapara conclusão das operações deiçamento e integração final de mó-dulos e comissionamento. Além daobra de integração, o estaleiro tam-bém foi responsável pela fabricaçãode seis módulos do FPSO (Floating
Production Storage and Offloading,sigla em inglês que identifica umaunidade flutuante de produção,
armazenamento e transferência depetróleo). Trata-se de uma embar-cação com capacidade para separaro óleo do gás e da água durante oprocesso de produção, armazená--lo nos tanques de carga para,finalmente, transferi-lo para naviospetroleiros, que serão os responsá-veis pelo seu transporte.
No último mês de novembro, aprodução de petróleo e gás naturaloperada pela Petrobras na cama-
da pré-sal atingiu a média diáriade 1,023 milhão de barris de óleoequivalente por dia (boed), umcrescimento de 1,8% em relação aomês de outubro deste ano.
A área de Lula está localizadano bloco BM-S-11, que é desen-volvido pelo consórcio no qual aPetrobras é operadora com partici-pação de 65%. As outras parceirassão a BG E&P Brasil Ltda (25%) ePetrogal Brasil S/A (10%).
Dados técnicos do FPSO Cidade de Maricá
Capacidade de processamento de petróleo ................................ 150 mil barris/diaCapacidade de tratamento e compressão de gás ........................ 6 milhões m³/diaCapacidade de tratamento de água de injeção .......................... 200 mil barris/diaCapacidade de armazenamento ...................................1,6 milhão de barris de óleoProfundidade de água ........................................................................................ 2.120 mComprimento total ..............................................................................................346,5 mBoca ........................................................................................................................... 58 mPontal (altura) ........................................................................................................32,6 m
F o t o : A g ê n c i a P e t r o b r a s
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TN Petróleo 105 61
ABB
Atualização do sistema de automaçãode plataformas offshore da Statoil Brasil
A ABB, GRUPO LÍDER em tecno-logias de energia e automação, im-plementou um projeto de upgradedo sistema de automação para asplataformas offshore da Statoil Brasil,no campo de Peregrino, localizadoa 85 km da costa do Rio de Janeiro.O plano envolveu a atualização dossistemas de controle de duas plata-formas fixas de produção e um naviode armazenamento e descarrega-mento (FPSO) para a versão da pla-taforma de integração 800XA.
O grande diferencial desse proje-to é a virtualização do sistema, quepermitiu uma redução no númerode servidores instalados de 32 paraseis, diminuindo pontos de conexão– e, com isso, atenuando possíveisproblemas de manutenção –, alémda obtenção de ganhos na veloci-
dade de resposta do sistema e naeficiência energética. Também sedestaca a questão da alteração datopologia de rede da plataforma, que
melhora a confiabilidade do sistema.O resultado do projeto é um sistema
muito mais rápido e confiável, quepermite maior produtividade.
Para entregar o projeto no prazo,a equipe da ABB traçou estratégia
com um mapa detalhado dos riscospotenciais, divididos em cinco ca-tegorias, relacionadas a servidores,switches, bibliotecas, telas gráficase manutenção do sistema. O prazopadrão para conclusão de um projetodesta envergadura é de dez a 12 me-ses, mas a entrega foi realizada emapenas seis meses. Para obter essaconquista, foram necessárias 17 milhoras/homem de trabalho divididasentre serviços em escritório e campo.
Neste período, mil telas de operaçõesforam convertidas e os trabalhos decampo concluídos em apenas dezdias de parada.
Projeto inovador permite ganho de produtividade, otimização de processose reduz falhas e custos.
F o t o : C o r t e s i a S t a t o i l
F o t o : C o r t e s i a A B B
YPF
RETOMANDO SEU CRESCIMENTOno mercado brasileiro, a YPF acaba
de adquirir uma planta de lubrifi-cantes, em Diadema (SP). O inves-timento é resultado da estratégia daempresa de dobrar seu share, até ofinal de 2017, chegando a 4%. A novafábrica, que tem capacidade de pro-dução de três milhões de litros/mês,será ampliada para quatro milhõesao longo dos próximos dois anos.
“O mercado brasileiro é um doscinco maiores do mundo”, afirmaRamiro Ferrari, diretor-geral de lu-
brificantes e derivados da YPF Brasil.
“Temos grandes metas na retomadado nosso crescimento no país e contar
com produção local de nossos produ-tos é de importância vital”, completa.
Além das linhas automotivas –Elaion para veículos a álcool e ga-solina, e Extravida para veículos adiesel –, a planta brasileira vai per-mitir a expansão dos negócios daempresa nas áreas industrial e doagronegócio.
A novidade que chega com aaquisição da fábrica no Brasil é olançamento da linha de lubrificantes
marítimos, em parceria com a britâni-
ca Gulf, que vai atender embarcações
em portos e linhas de cabotagem.
Estatal argentina expande atuação no Brasil
F o t o : C
o r t e s i a Y P F
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62 TN Petróleo 105
o futuro do BrasilA retração não deve paralisar a política e o planejamento energético no que se
refere à cadeia produtiva de óleo e gás. O fundo soberano e o fundo social são
instrumentos deixados de lado inexplicavelmente depois de terem sido lançados
com cerimônia e pompa. O primeiro foi anunciado pelo ministro Antonio Palocci e
o segundo por Guido Mantega. Não lhes falta comando: respectivamente, as leis
n. 11.887/2008 e 12.351/2010. Contudo, as iniciativas perderam fôlego no atropelodos problemas da Petrobras e da queda de preço do barril. A inação, quanto a eles,
não é bom sinal, nem para o capital tampouco para o cidadão em relação ao futuro.
Um fundo para financiar
A
reserva cambial somava US$ 360 bilhões em agosto e o país
jamais acumulara algo próximo a isso. Ao contrário, notório
devedor, por repetidas vezes, a falta de divisas o paralisou. A re-
serva atual foi resultado de superávits comerciais e investimen-tos estrangeiros numa época em que os termos de troca eram favoráveis.
Os próximos dois anos serão de ajuste econômico mundial com profundo
realinhamento de preços e continuidade de uma crise que, passados
sete anos, ainda não foi superada. Se estivessem em operação, os fundos
teriam financiado a retomada.
À baixa, segue-se a alta; é da natureza do ciclo. No petróleo, em
particular, a dinâmica cíclica está presente há 150 anos. A novidade é o
protagonismo do Brasil na liderança do desenvolvimento de águas ultra-
profundas. Descoberto em 2006, o pré-sal alcançou a produção de 800
mil barris de óleo por dia (bpd) em outubro de 2014. Em 2020, a Petrobras
alcançará 2,8 milhões bpd e demais concessionárias, 200 mil bpd.
Naquele ano, no pior cenário, as exportações líquidas alcançaram 200mil bpd. A 50 dólares por barril, são US$ 4,3 bilhões anuais. Em 2014, só
com óleo cru, a receita líquida foi de US$ 823 milhões. Um marco para
quem viveu o século XX no Brasil. Em 2025, com o campo de Libra, as
exportações alcançarão 500 mil bpd. A sina de importador será extirpada.
Todavia, a preço tão vil, tornar-se exportador líquido de óleo exige aten-
ção quanto à gestão da riqueza por vir.
O desafio de gerir a riqueza do petróleoNão deve ser fácil dar destino à renda gerada e a razão é sua natu-
reza extraordinária. É um desafio que Venezuela, Iraque, Líbia, Sudão e
Nigéria não venceram. Para os brasileiros, é parecido: após tantos ciclos
fundo soberano
Lívia Paiva de Carvalhoé engenheira de petróleopela PUC-Rio.
Luís Eduardo Duque Dutraé economista e professorda Escola de Química da
UFRJ.
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TN Petróleo 105 63
extrativos, a promessa de fortuna nunca se realizou.
Não faltaram oportunidades, nem recursos naturais.
A riqueza expropriada passava nas mãos de poucos
proprietários e longe dos demais habitantes. Foi a
tragédia colonial.
Nem sempre é assim. É possível fazer diferente.Catar, Kuwait, Brunei, Noruega, Emirados Árabes
Unidos e Arábia Saudita são exportadores de petróleo e
gás, estão entre os dez países mais ricos por habitante
e controlam os maiores fundos do planeta. O objetivo
foi assegurar que as rendas petrolíferas financiassem o
futuro ao invés de pagar o gasto presente que, além de
perdulário, é inflacionário. Reconhecer o mal, ou a do-
ença, estabelecer o diagnóstico e, em função dele, pres-
crever o remédio é uma analogia útil desde os tempos
da fisiocracia. Trata-se do “paradoxo da abundância”.
Pau-brasil, ouro, açúcar, borracha, café, ferro... só falta
óleo cru. Se pensarmos como os fundos foram tratados,a elite brasileira pouco aprendeu.
A “maldição dos recursos naturais” é conhecida.
O privilégio de detê-los não se transforma em benefício
social. No máximo, proporciona um surto de enrique-
cimento, desfeito em poucas décadas. Mais grave: a
riqueza súbita e temporária esteve associada, primeiro,
à escravidão e, em seguida, à República fraca, à falta
de democracia, à corrupção e às guerras civis. Não é
um acaso, repetiu-se em toda a América Latina.
A dependência em relação a um só recurso é péssi-
ma. Volumes e preços variam ao longo dos anos.
A concorrência internacional é intensa e deturpada
pelos mais ricos. Os ciclos são pronunciados e a volati-
lidade de preço é acentuada por especuladores e pelo
alto custo dos produtores marginais. Por fim, a “finan-
ceirização” tomou conta da economia e são imensos
os riscos à estabilidade. Quando se trata de petróleo,a renda extraordinária, a depleção das reservas e a
estrutura do mercado, dominada pela Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (Opep), elevam os ris-
cos de uma “doença holandesa”. A entrada de divisas
gera transtornos cambiais e monetários, que acabam
em estagflação. É o pior da estagnação que, combinada
à inflação, destrói a indústria local. Reverter a maldição
é condição para não desperdiçar o pré-sal.
A consolidação dos fundos soberanos no século XXI A renda petrolífera, bem aplicada, pode financiar
o futuro e as primeiras iniciativas ocorreram no séculoXIX. Os fundos surgiram para bancar a aposentadoria
dos professores nos estados norte-americanos ricos em
óleo e outros minerais. O mecanismo se multiplicou e,
hoje, estão representados pelos fundos soberanos. Po-
dem ser entendidos como uma poupança coletiva (dos
cidadãos) administrada pelo governo. De fato, são os
instrumentos de mobilização do capital, concebidos
por alguns Estados para terem um alcance global. Os
ataques às moedas nacionais, durante a década de
1990, a crise da dívida asiática, em 1997, a russa, em
1998, e a das ações “ponto-com”, em 2001, levaram à
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64 TN Petróleo 105
busca por meios para enfrentar os abalos financeiros.
Havia interesse em amortecer seus efeitos e garantir o
retorno no longo prazo.
Entre 2001 e 2009, as reservas cambiais quadru-
plicaram. Oito décimos tiveram destino outro que os
países pertencentes a Organização para a Cooperaçãoe Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na virada
do milênio, como poucas vezes, algumas mudanças
beneficiavam a periferia. O crescimento refletia uma
circulação ampliada da riqueza e China, Cingapura,
Noruega e Arábia Saudita, por exemplo, assumiram
posição de destaque. Assim, em meio ao desequilíbrio
nas trocas internacionais, os fundos se tornaram o
mecanismo pelo qual alguns países, antes marginais,
transmutaram-se em investidores globais. Os alvos
foram ativos localizados em nações centrais; numa
inversão da posição dos tempos coloniais.
A emergência dos fundos foi recebida com cau-tela. Dispunham de poder de barganha e o foco não
era o curto prazo. Refletiam a nova geopolítica e uma
estrutura de propriedade distinta. Diante da crise de
2008, a China Investment Corporation, a Temasek
de Cingapura, o Abu Dhabi Investment Council, e
outros, promoveram a liquidez em tempo de turbulên-
cias. Impediram o colapso, até que os bancos centrais
assumissem o papel de última instância. Passada a
tormenta, os benefícios ficaram evidentes. O único
membro da OCDE a sustentar um superávit fiscal foi o
Chile, graças a seus dois fundos. Pelo lado das antigaspotências nada mais simbólico do que a Espanha.
Quarenta bilhões de libras foram alocados no país e,
hoje, o Norway’s Governement Pension Fund possui
ações de 77 empresas locais. O novo capitalismo de
Estado pode ser visto em culturas e geografias tão
distintas como a China, a Arábia Saudita e a Noruega.
No atual estágio de concentração financeira, é no-
tável a consolidação dos fundos em nações periféricas
que souberam aproveitar a bonança do ciclo de maté-
rias-primas. O reconhecimento está expresso pelo FMI
nos “Princípios de Santiago”. A transparência atende
aos interesses de todos (capitalistas, trabalhadores,políticos e terceiros interessados) e pretende evitar os
desvios de conduta e a gestão temerária. Contudo, não
retira duas marcas: o controle estatal e a diversidade de
objetivos. A Noruega está preocupada com o bem-estar
social, a Austrália, com a previdência, e a China, com o
poder de compra intergeracional.
A “financeiriaão” da receita petrolíferaEm meio à crise de 2008, o Brasil formatou seu
fundo. O objetivo era proteger-se contra o ingresso
de divisas e financiar ativos estratégicos. O recurso
veio do superávit fiscal; cerca de 0,5% do PIB naquele
ano. Os regulamentos estão em conformidade com os
“Princípios de Santiago”. Seu desempenho, no entan-
to, não: em sete anos, rendeu menos que a TJLP! Pior,
somente o fundo social, criado em 2010 e não regula-
mentado. A despeito da retração, da queda da arreca-dação e do preço do óleo, eles teriam serventia.
É verdade que as finanças privadas são quase
ilimitadas, ao contrário da pública. Comparado ao
capital, o Estado se cerca de precaução quanto ao uso
da receita por vir. Os impostos financiam a oferta de
bens públicos e só isso. A vinculação deve ser parafis-
cal e exige uma contribuição. Os cânones das finanças
públicas são claros: a vinculação fiscal é exceção. É
também verdade que as crises e a produção de O&G
impuseram maior flexibilidade. Isto ocorreu na anteci-
pação dos royalties e participações especiais; imposi-
ções suis generis que recaem sobre os hidrocarbone-tos. Realizada pelos governos estaduais, a operação se
tornou comum nos últimos 15 anos no Brasil. Não foi
diferente na indústria, na década de 1980, quando a
baixa dos preços e os custos exigiram novos mecanis-
mos para bancar as plataformas no Mar do Norte. Sur-
giu, então, o financiamento estruturado em torno de
sociedades de propósito específico. O fluxo de caixa
futuro é a garantia.
A União disporá de parte do campo de Libra, do
excedente da cessão onerosa e dos demais campos
objetos de individualização. Os contratos são de par-tilha e a receita não se compara aos ingressos fiscais
e parafiscais, nem às participações governamentais. É
um ativo e serve como garantia. Seriam emitidos títu-
los, Notas do Tesouro, lastreados pelo O&G da União,
que seriam subscritos pelos bancos. Trata-se de uma
cessão definitiva de direito. É uma transação à vista e
o objeto um bem incorpóreo – a futura receita. Embora
pareça, não é uma operação de crédito. As vantagens
são o adiantamento do fluxo de caixa, a capitaliza-
ção de um fundo específico, liberando recursos para
outros fins e, por último, sem estar sujeito à lei de
Responsabilidade Fiscal. A razão: não há dívida. A alternativa não é exequível no curto prazo devido
ao juro alto e à certificação das reservas em curso. No
primeiro caso, a queda terá início até o final de 2016 e,
quanto ao segundo, ela também ocorrerá até lá. Abre-
-se uma oportunidade única. Será possível adiantar
a receita a um custo relativamente baixo, alongar a
dívida e diversificar os títulos. A perda do grau de
investimento seria compensada e os fundos capitaliza-
dos. Todavia, o desenho de um papel lastreado no O&G
da União, assim como a redefinição dos dois fundos,
demanda tempo e ciência. A tarefa é urgente.
fundo soberano
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TN Petróleo 105 65
Para divlgaão de crsos e/o eventos, entre em contato com a redaão. Tel.: 21 2224-1349 o [email protected]
3 a 5 - ÍndiaIptex – International PowerTransmission Expo 2016Local: Mumbai, ÍndiaTel.: +91 80 25357028Email: [email protected]
5 a 6 - EUAMCE DeepwaterDevelopment 2016Local: Houston, TXTel.: 713-520-4470Email: [email protected]/SLgzXn
2 a 5 - EuaOTC – Offshore TechnologyConferenceLocal: Houston, TXTel.: +1.972.952.9494Email: [email protected]
8 a 10 - BarémGEO 2016Local: Manama, BarémTel.: +44 207 840 2136Email: [email protected]://geo2016.com/
5 a 7 - FrançaMCE DeepwaterDevelopment 2016Local: Pau, FrançaTel.: +1 281 491 5900Email: [email protected]://mcedd.com/
9 a 11 - BrasilArgus Rio Oil ConferenceLocal: Rio de JaneiroTel.: +55 21 2548 0817Email: [email protected]://goo.gl/Yzn0Ku
22 a 24 - EUASubsea Tieback Forum 2016Local: San Antonio, TXTel.: +1 918 832 9245Email: [email protected]/
18 a 20 - CanadáShaleTech 2016Local: Calgary, AlbertaTel.: +1 (403) 984-5440Email: [email protected]
10 a 11 - EgitoEastern Mediterranean Gas Conference
Local: Cairo, EgitoTel.: +1 (713) 520-4475Email: [email protected]://goo.gl/HPOunV
2016Março Abril Maio
Todos bem na foto!Para relembrar bons momentos dos
grandes eventos do setor, acesse a
nossa galeria de fotos no Flickr.
Afinal de contas, recordar é viver!
feiras e congressos
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66 TN Petróleo 105
fino gosto
um homem de todos os tempos
66 TN Petróleo 105
AMAURYTEMPORALHomem público de
extraordinária sensibilidade,o empresário Amaury
Temporal, falecido anopassado, em Paris,
conseguia, como poucos,aliar seu permanente
interesse a respeito dascoisas do nosso país,
especialmente na área decomércio internacional, a umapurado ‘faro’ gastronômico,
traduzido um especial peloprofundo conhecimento dos
vinhos e da comida francesa.Qualidades marcantes que
eram reconhecidas por
muitos colegas da Federaçãodas Indústrias do Estado
do Rio de Janeiro (Firjan),assim como da Associação
Comercial do Rio de Janeiro(ACRJ) e da Confederação
das Associações Comerciaisdo Brasil, entidades
que presidiu com muita
competência.
por Orlando Santos
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TN Petróleo 105 67
AMIGOS DE LONGA DATA dão o testemunho da trajetória de Amaury à frente dessas
instituições. O amigo de mais de 40 anos e também ex-presidente da ACRJ, AntenorBarros Leal, frisa que foi Amaury quem iniciou o processo de modernização da sede
da entidade, quando a presidiu, entre 1989 e 1993.
O atual presidente da ACRJ, Paulo Protasio, garante que, se todas as propostas
feitas por Temporal fossem realizadas e incorporadas pelo governo, o Brasil seria outro.
“Se visitarmos os textos de 20, 30 ou 40 anos produzidos por ele, ou o noticiário ao
longo desse período, veremos que as reivindicações e propostas continuam válidas e
à espera de que as executem. Portanto, acredito que Amaury é um homem de todos
os tempos”, afiança.
Apontado como uma pessoa que teve a vida profissional focada no comércio ex-
terior, ele foi responsável pelo processo de internacionalização da Firjan. Quando
faleceu era diretor do Centro Internacional de Negócios da Firjan, cargo que ocupava
há mais de 20 anos, desde que a unidade foi criada.
Dias antes de seu falecimento, tornara-se membro do Conselho de Eméritos
do Sistema Firjan. Durante a vida, acumulou diversas condecorações, não apenas
no Brasil, mas também na França, Reino Unido, Portugal e Japão.
Gastronomia – Apaixonado por gastronomia, foi um dos membros
fundadores e ativo participante da Confraria dos Gastrônomo,
espécie de clube que teve como sócio mais ilustre seu fundador,
o filólogo Antonio Houaiss, além do diplomata Gilberto Chateau-
briand, o padre Leme Lopes, entre tantos outros. A confraria foi
um marco importante, sendo instituição pioneira na divulgação
da gastronomia, brasileira e de outros países. O centenário
restaurante Rio Minho, na rua do Ouvidor, até hoje exibe em
seu cardápio um prato feito à maneira e gosto de Houaiss.
Por gostar tanto de exaltar as coisas da França, Tem-
poral escreveu três livros sobre o assunto: De vinhos e
rosas, Bom tempo na França eComo um rei na França,
de 1992, 2004 e 2011, respectivamente, em que
narra suas experiências nos restaurantes e ci-
dades francesas, sempre ao lado desua mulher Maggy, em
busca dos bons vinhos
e da gastronomia típica
de cada região.
TN Petróleo 105 67
Como um rei na França160 páginas, 14 x 21 cm,Editora Record
Bom tempo na França266 páginas, 16 x 23 cmEditora Record
De vinhos e rosas325 páginas, 16,5 x 24 cm
Editora Civilização Brasileira
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68 TN Petróleo 105
FRIDA KHALOPara o carioca e outros brasileiros
que residem no Rio, assim como para
os turistas em visita à cidade, o ano
começa com um presente especial: a
exposição de uma das mais conhecidas
artistas do século XX, a mexicana
Frida Kahlo, na Caixa Cultural.
Frida Kahlo: Conexãoentre mulheres surrealistasno MéxicoEntrada franca. As senhas podemser retiradas no site frida.ingresse.com, e estarão disponíveis, também,
na recepção da CAIXA Cultural.Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro –Galerias 1, 2 e 3Av. Almirante Barroso, 25 – Centro(Metrô: Estação Carioca)Tel.: (21) 3980-3815Visitação: de 30 de janeiro a 27 demarço de 2016Horário: de terça-feira a domingo,das 10h às 21hAcesso para pessoas com
deficiência
as cores e a alma do México
por Orlando Santos
F o t o : C o r t e s i a G e l m a n C o l l e c t i o n / © N
i c k o l a s
M r a y P h o t o A r c h i v e s
coffee break
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INICIADA EM FINS DE JANEIRO, a mostra se es-tenderá até 27 de março e traz, ainda, as cores e aforça de outras artistas que nasceram ou residiramno México. São mais de cem trabalhos, agrupadosnas três galerias do espaço cultural.
A exposição de Frida e de suas contemporâneasenriquece de forma significativa o patrimônio cultu-ral do Rio, um mês depois de a cidade ganhar outrogrande presente: o Museu do Amanhã. Para um paísem crise, não deixa de ser um grande alento ter estesdois espaços, e suas coleções e exposições, separadosapenas por uma avenida.
Com o título de Frida Kahlo: Conexão entre mulhe-
res surrealistas no México, a exposição apresenta 20óleos sobre tela e dez obras em papel, entre desenhos,colagens e litografias, da artista, ao lado do trabalhode mulheres nascidas ou radicadas no México, como
Maria Izquierdo, Remedios Varo, Leonora Carrington,Rosa Rolanda, Lola Álvarez Bravo, Lucienne Bloch, Alice Rahon, Kati Horna, Bridget Tichenor, Jaqueli-ne Lamba, Bona de Mandiargues, Cordélia Urueta,Olga Costa e Sylvia Fein.
Idealizada e coordenada pelo Instituto TomieOhtake, de São Paulo, com o patrocínio da CAIXAe do Governo Federal, a exposição tem o apoio daSecretaria de Relaciones Exteriores de México (SER),Embaixada do México no Brasil, Instituto Nacionalde Belas Artes (Inba), Consejo Nacional para la Cul-
tura y las Artes (Conaculta) e Conselho de PromoçãoTurística do México (CPTM).Com curadoria da pesquisadora Teresa Arcq, o
visitante terá a oportunidade de apreciar um amplopanorama do pensamento plástico de Frida Kahlo, ede ver que: “Além de pintora, ela já se pronunciavacomo feminista. Era uma mulher muito livre, quevivia de acordo com seus próprios princípios. E issofoi o que a transformou em uma figura muito atrativapara diversos movimentos, que começaram a difundirseu trabalho a partir dos anos 70 e 80”, afirma Teresa.
Mirian Belchior, presidente da CAIXA, afirma
ser o evento um marco para a política de marketingcultural do banco. “Trazer Frida Kahlo para nossasunidades alinha-se ao objetivo de entrar na rota dasgrandes exposições do Brasil e poder proporcionarao público de nosso país o contato com artistas reno-mados internacionalmente”, destaca. Segundo ela,nos últimos quatro anos, a Caixa Econômica Federalinvestiu mais de R$ 298 milhões em cultura, sendoque, apenas em 2015, foram cerca de R$ 85 milhões.
Frida no Louvre – Nascida Magdalena Carmen Frida
Kahlo y Calderón, a artista teve uma vida de superação
TN Petróleo 105 69
F o t o s : D i v u l g a ç ã o
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70 TN Petróleo 105
coffee break
MOSTRA DE FILMES – Como parte da exposição, a Galeria
1, no térreo, foi transformada em espaço de exibição de
filmes sobre várias das artistas e da própria Frida Kahlo.
Embora não sendo necessário resgatar senhas para
assisti-los, as sessões estão sujeitas à lotação. A progra-
mação, gratuita, se repetirá nos mesmos horários, ao longoda temporada, com os seguintes títulos:
10h30 Alice Rahon (2012), 64’, de Dominique e JulienFerrandou
12h00 Rara Avis – Bridget Tichenor (1985), 21’, de TuficMakhlouf
12h30 Jacqueline Lamba (2005), 120’, de Fabrice Maze15h00 The life and times of Frida Kahlo (2005), 90’, de Amy
Stechler17h00 Leonora Carrington (2011), 107’, de Dominique e
Julien Ferrandou19h00 Remedios Varo (2013), 64’, de Tufic Makhlouf
e sofrimento, como se vê em sua obra, sentimentos queforjaram uma das mais conhecidas pintoras do século XX.
Marcou sua trajetória pessoal e artística, segundoseus biógrafos, conhecer André Breton, escritor, poetae famoso teórico do surrealismo. Breton se encanta
pela obra de Frida e lhe apresenta Julian Levy. Cole-cionador e dono de uma galeria em Nova York, Levyfoi responsável por organizar a primeira exposiçãoindividual de Frida, realizada em 1939.
Depois dessa bem-sucedida mostra – sucesso ab-soluto –, Frida logo partiu para Paris, onde conhe-ceu grandes nomes, como Pablo Picasso, Kandinsky,Marcel Duchamp, Paul Eluard e Max Ernst, e foi aprimeira pintora mexicana a ter um de seus quadrosexpostos no Museu do Louvre. Ironicamente, foi ape-nas em 1953, um ano antes de sua morte, que elaconseguiu realizar uma exposição de suas obras na
Cidade do México.Contudo, a maior influência na sua arte veio, sem
dúvida, do muralista Diego Rivera, com quem se ca-sou pela primeira vez quando tinha apenas 22 anos. A partir de um conturbado relacionamento mas quedurou toda a vida (casou-se com ele duas vezes),passou a reafirmar a identidade nacional mexicana,adotando com frequência temas do folclore e da artepopular de seu país.
O resumo de sua obra, agora apresentada ao pú-blico no Rio, chega à cidade depois de ser vista por
mais de 600 mil pessoas no Instituto Tomie Othake,em São Paulo. O visitante verá – além de filmes – es-culturas, fotografias, vestimentas, catálogos, revistasde arte editadas pelas amigas de Frida.
Um momento imperdível de bom gosto e sensi-bilidade.
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TN Petróleo 105 71
opiniãoJosé Goldemberg é professor Emérito da USP, ex-ministro de Ciência e Tecnologia do Governo Federal epresidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo)
A indústria de petróleo e gás representa hoje
70% da energia consumida no mundo. Essas fontes
de energia dominaram o século XX, substituindo o
carvão mineral e a biomassa.
Mas o século XXI apresenta novos desafios
para a indústria do petróleo, dentre os quais,estão desde 1973, a Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (OPEP) que vinha manten-
do – afora pequenas variações – elevado o preço do
petróleo, que atingiu 140 dólares por barril.
Este preço levou as grandes petrolíferas a explo-
rar petróleo em áreas antes consideradas problemá-
ticas, como o Ártico ou em grande profundidade nos
oceanos, como o pré-sal nas profundezas da costa
marítima brasileira. Isto ocorreu para compensar o
esgotamento progressivo dos poços de petróleo mais
antigos como os do Mar do Norte na Europa.Outro desafio é a evolução do consumo de petró-
leo que deixou de crescer nos Estados Unidos e nos
demais países industrializados nos últimos anos. A
queda foi de cerca de 10% nos últimos dez anos. O
consumo continuou, contudo, a crescer nos países
em desenvolvimento – principalmente na China –
não tão rapidamente como no passado.
• A emergência de novos produtores de petróleo e
gás, principalmente nos Estados Unidos, que im-
portava quase 10 milhões de barris de petróleo por
dia e que, graças à produção dos depósitos de sha-
le oil/gas, se tornou praticamente autossuficiente.
Petróleo e gás são um ingrediente essencial para
a geração de riqueza e desenvolvimento, sobretudo
na área de transportes, mas o que ocorreu nos países
industrializados é que grande parte da população já
atingiu um nível de vida elevado e a necessidade de
aumentar o consumo diminuiu. Hoje, nos Estados
Unidos, existem cerca de 240 milhões de automóveis
para uma população de 320 milhões de pessoas, ou
seja, quase um automóvel por habitante. Além disso
os automóveis estão se tornando mais eficientes e
consomem menos gasolina. Automóveis elétricos
contribuem também para reduzir a demanda porgasolina.
A combinação de um aumento de produção de
petróleo com a redução de consumo nos países in-
dustrializados levou a uma situação de abundância
de oferta que a Opep não conseguiu controlar e que
levou à queda dramática no preço do barril que se
situa hoje abaixo de 30 dólares.
Quem poderia se beneficiar desta situação seriam
os países importadores de petróleo como a China e
a Índia, mas o crescimento econômico destes países
não é mais suficiente para absorver o excedente depetróleo existente no mundo. Os demais países em
desenvolvimento, sobretudo na África, poderiam
aumentar seu consumo mas esta possibilidade é re-
mota porque há muitos outros obstáculos políticos e
institucionais que impedem que isto aconteça.
Mais ainda: um aumento significativo do consumo
de petróleo e gás levará a um aumento das emissões
de gases de “efeito estufa” resultantes da combustão
dos derivados do petróleo (gasolina, óleo diesel e óleo
combustível) e metano que escapa das tubulações
dos campos de produção de petróleo e gás. Com o
Acordo de Paris adotado pelos países signatários da21° Conferência do Clima (COP 21), este aumento de
emissões vai sofrer limitações a partir de 2020.
É esta combinação de fatores que indica que não
haverá grande aumento do consumo de hidrocarbo-
netos no futuro, mesmo com os preços baixos.
Poder-se-ia pensar que petróleo barato encoraja-
ria seu uso para produção de eletricidade. É pouco
provável que isto ocorra, já que o carvão é o princi-
pal combustível usado para a geração de eletricidade
(mais de 40%, seguido por gás – cerca de 20%, hidro-
eletricidade e nuclear). Converter as usinas termo-
o papel da
pesquisa e inovação
Energia:
F o t o
: C e c i l i a B a s t o s / J o r n a l d a u S P
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72 TN Petróleo 105
INFORMAÇÃO DE QUALIDADE.Na ponta dos seus dedos
www.tnpetroleo.com.br
A tecnologia da informação se aperfeiçoa em ritmo acelerado. Não basta ser rápido na transmissão dosfatos; preciso ser efica, saber onde prospectar a informaão e ser ágil ao transformá-la em notícia.
opinião
elétricas para uso de carvão é possível, mas exigirá
pesados investimentos.
Isso significa que inovações tecnológicas abrirão
caminho para a produção das novas fontes de ener-
gia. Os países em desenvolvimento terão aqui uma
oportunidade única porque se situam em geral emáreas temperadas do globo onde existem terra, água
e radiação solar em abundância.
O que é desejável é que o crescimento do consumo
de energia nos países em desenvolvimento ocorra a par-
tir de fontes renováveis menos poluentes que evitarão no
futuro os problemas de poluição urbana e regional que a
China, México e outros países enfrentam hoje.
As principais fontes renováveis de energias dispo-
níveis para a produção de eletricidade são:
• Energia eólica e
• Energia fotovoltaica – cujo uso em grande escala
só poderá ser feito com a utilização de reservató-rios hidroelétricos, uma vez que são intermitentes
ou bancos de baterias.
Biomassa é uma forma de energia solar como ener-
gia eólica e fotovoltaica com a vantagem que ela é não
apenas uma fonte de energia que se origina do sol via
fotossíntese, mas também armazena a energia.
Mais pesquisas são necessárias para reduzir o
custo e aumentar a capacidade de armazenamento
destas fontes. Quando isto ocorrer, automóveis elétri-
cos se transformarão em uma alternativa viável para
os atuais veículos que usam derivados de petróleo
(gasolina e óleo diesel) e gás.
Outra área de desenvolvimento importante é o
uso de biomassa para a produção de biocombustíveis,na qual os Estudos Unidos e o Brasil são os líderes.
A consequência será o abandono gradativo da ex-
ploração de óleo e gás nas áreas mais problemáticas,
o que já está ocorrendo com o adiamento de cerca de
400 bilhões de dólares de investimento pelas grandes
empresas petrolíferas.
É muito provável também que estas tendências
afetem a exploração do pré-sal no Brasil apesar
dos excelentes avanços que foram conseguidos. O
mesmo se aplica para o “fraturamento hidráulico”
para extrair petróleo e gás das formações geológicas
(folhelho ou xisto) que se desenvolveu muito nosEstados Unidos, nas regiões onde a fiscalização am-
biental é menos rigorosa.
A atual “crise do petróleo” resultante da queda
dos preços é na realidade uma crise dos grandes ex-
portadores de petróleo como a Arábia Saudita, Rússia
e Venezuela. Ela abre, contudo, novas oportunidades
para orientar setores energéticos numa direção mais
sadia da que ocorreu no século XX.
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os novos cenários de petróleo e gás,
a TN Petróleo ajuda a mostrar a
história de pioneirismo desse mercado
e os novos desafios enfrentados pela
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as oportunidades e o imenso potencial de
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