Artigo original
Marcelo de Moraes1 Lorival Jos Carminatti 2
VARIVEIS IDENTIFICADAS EM TESTES PROGRESSIVOS DE CAMPO:
PROTOCOLO CONTNUO VS. INTERMITENTE. IDENTIFIED VARIABLES IN
PROGRESSIVE FIELD TESTS: CONTINUOUS PROTOCOL VS. INTERMITTENT
PROTOCOL.
RESUMO As avaliaes de desempenho fsico do atleta, sofrem
influncia direta da especificidade, recomendando que o teste deva
primar pela maior validade ecolgica possvel. O objetivo do presente
estudo foi verificar se a resposta das variveis mximas e submximas
derivadas dos diferentes protocolos: teste de Carminatti - TCar
(intermitente) e Vameval - TVam (contnuo) so protocolo-dependentes.
Participaram do estudo 18 indivduos ativos, todos do sexo masculino
(idade 21,9 2 anos, massa 76,5 8,6 kg, estatura 178,0 8,1 cm e % de
gordura 11,2 5,4) que no praticassem modalidades esportivas de
forma competitiva. O estudo foi realizado em duas sesses com no
mnimo sete e no mximo quinze dias de intervalo. Nos resultados de
FCmx (195 11 Tcar e 194 14 TVam), PV (15,6 1,2 TCar e 15,5 1,3
TVam), FCmd, FCmxprev e FC correspondente as velocidades submximas
(9, 12 e 15 km/h), pode-se constatar que todos foram muito
similares, tanto para as variveis de esforo mximo quanto para as
variveis submximas obtidas em ambos os protocolos TCar e TVam. A
nica exceo ficou para o tempo de durao de cada teste (TD), sendo
maiores no TCar. Como concluso, os resultados no condizem com a
hiptese inicial proposta pelo estudo. De acordo com a grande
similaridade encontrada nos testes, possvel de se afirmar que a
carga imposta pelos protocolos de mesma magnitude. O TCar
apresenta-se como uma boa alternativa para avaliar a aptido aerbia
de esportes intermitentes. Palavras-chave: Pico de Velocidade;
Freqncia Cardaca; Avaliao Aerbia; teste ABSTRACT The athletes
physical performance evaluations suffer direct specificity
influence, recommending that the test should prime for the greatest
ecological validity possible. The objective of this study was to
verify whether the response of the maximal and sub-maximal
variables derived from the different protocols, TCar (intermittent)
and TVam (continuous), are protocol-dependents or not. 18 active
individuals participated in the study, all of them males (age 21,9
2, weight 76,5 8,6, height 178,0 8.1 and fat % 11,2 5,4) that did
not practice sports in a competitive way. The study was carried
through in two sessions with at least seven and a maximum fifteen
days of interval. In the results of maximum HR (heart rate), SP
(speed peak), average HR, predicted maximum HR and HR corresponding
to the sub-maximal speeds (9, 12 and 15 km/h), it could be
evidenced that all were very similar, for the maximum effort
variables as well as the sub-maximal variables obtained in both the
TCar and TVam protocols. The only exception was made for the DT
(duration time) of each test. Concluding, the
results do not reiterate the initial hypothesis proposed by this
study. In accordance to the great similarity found in the tests, it
is possible to affirm that the load imposed by both protocols
represents the same magnitude. The TCar presents itself as a good
alternative to evaluate intermittent sports aerobic endurance.
Key-words: Speed Peak; Heart Rate; Aerobic evaluation; Test.
1 Graduando do Curso de Educao Fsica do Centro de Cincias da
Sade e do Esporte CEFID / UDESC 2 Professor Ms. do Curso de Educao
Fsica do Centro de Cincias da Sade e do Esporte
INTRODUO
Nos ltimos anos o desenvolvimento de tcnicas e mtodos capazes de
determinar a performance durante o exerccio de alta intensidade
possibilitaram a grande expanso nas investigaes das respostas
fisiolgicas durante o exerccios intenso(1). No processo de avaliao
aerbia so utilizadas variveis como o VO2mx, limiares de transio
fisiolgica e velocidade mxima aerbia entre outras, obtidas com
protocolos de testes em laboratrio ou campo. Atualmente, tem-se
conhecimento que alguns dos parmetros fisiolgicos identificados nas
avaliaes de desempenho fsico de atletas, sofrem influncia direta da
especificidade do padro motor envolvido, recomendando que a escolha
do teste deva primar pela maior validade ecolgica possvel. Com esse
propsito, testes alternativos com protocolos de campo utilizando a
corrida foram desenvolvidos. Dentre eles, destacam-se os testes
progressivos de natureza contnua: o Shuttle run test multi-estgios
de 20m realizado numa quadra TLe - LEGR et. al. (1984)(2) e o teste
similar ao TLe, porm aplicado numa pista denominado Vameval TVam
(CAZORLA, 1990) e queles de natureza intermitente, como o Yo-Yo
intermittent endurance test e o Yo-Yo intermittent recovery
test(3). Mais recentemente, foi apresentado um teste progressivo de
corrida intermitent(4). Segundo os autores, neste teste existe a
possibilidade de identificao de variveis indicadoras de potncia
aerbia (pico de velocidade) e capacidade aerbia (limiar de FC de
Conconi),
que podem ser utilizadas para a discriminao da aptido aerbia e
prescrio de treinamento. Dada a importncia dessas variveis no
contexto da avaliao de esportes intermitentes, alguns estudos j
foram realizados comparando as variveis obtidas em testes de
natureza contnua vs. natureza intermitente, com objetivo de
investigar a influncia do princpio da especificidade inerente aos
diferentes protocolos,LIMA et. al. (1996)(5), DENADAI et. al.
(2002)(1) e CARMINATTI et. al. (2006)(4) Todos concluram que os
resultados tanto das variveis mximas como submximas foram
protocolodependentes. Cazorla (1990) ao comparar o TLe (realizado
numa quadra poliesportiva em sistema de ida-e-volta na distncia de
20m) com o TVam (realizado numa pista de atletismo de forma
contnua), constatou uma diferena significativa no pico de
velocidade (PV), apresentando valores maiores no TVam. Essas
diferenas foram pequenas (0,5 a 1,5 km/h) quando o PV foi baixo,
mas fazendo extrapolaes para PV mais altos ( 20 km/h), as diferenas
seriam superiores a 4 km/h em mdia. A partir de estudo similar
realizado por Carminatti et. al. (2006), que comparou o PV no TCar
e TLe, foi encontrado valores maiores no TCar (2,4 km/h em mdia).
Sendo assim, Carminatti (2006 dados no publicados) experimentou
fazer uma comparao entre os dados medidos no TCar e os valores
extrapolados para o TVam a partir dos dados do TLe obtidos em seu
estudo, utilizando a relao descrita por Cazorla (1990). O autor no
encontrou diferena significante entre os valores de PV encontrados
no TCar e obtidos a partir do TLe. Em adio, os valores apresentaram
uma correlao quase perfeita (r = 0,99). Achados que contrariam os
estudos anteriores referente ao assunto (5 ), (1), (4). Ainda que o
PV nos testes TCar e TVam no apresentaram diferenas e correlao
altamente significante (r=0,99) a partir de extrapolao de
resultados (dados hipotticos), preciso confirmar se os valores de
PV sero de fato similares, bem como, comparar outras variveis
derivadas dos testes, para que seja possvel analisar de maneira
ampliada, se a aplicao da carga interna imposta pelos diferentes
protocolos pode ser considerada de mesma magnitude. Portanto, o
objetivo do presente estudo foi analizar se a resposta das variveis
mximas e submximas derivadas dos diferentes protocolos: TCar
(intermitente) e TVam (contnuo) so protocolo-dependentes.
PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
CARACTERIZAO DA AMOSTRA Foram avaliados 18 sujeitos ativos do
sexo masculino, que no praticavam modalidades esportivas de forma
competitiva com idade entre18 e 30 anos. Os mesmos receberam
orientaes sobre vesturio necessrio, datas e horrios das avaliaes.
Nos dias de avaliao, foi solicitado aos sujeitos da amostra que se
apresentassem em estado nutricional adequado, com perodo
ps-prandial entre 2,5 e 4,0 horas. Cada participante foi informado
sobre os possveis riscos envolvidos com o experimento e logo aps,
todos assinaram um termo de consentimento, concordando em
participar
voluntariamente da pesquisa. Os procedimentos adotados no estudo
foram aprovados pelo Comit de tica da Universidade do Estado de
Santa Catarina para pesquisas envolvendo seres humanos. Todas as
avaliaes do estudo foram realizadas nas dependncias do Centro de
Cincias da Sade e do Esporte (CEFID) da Universidade do Estado de
Santa Catarina - UDESC.
PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS Para a realizao do estudo
foram realizadas duas sesses de avaliao, intercaladas por um perodo
mnimo de 7 (sete) e de no mximo 15 (quinze) dias. Antes da aplicao
do primeiro teste foi realizado a antropometria (massa, estatura e
dobras cutneas do trax, abdmem e coxa mdia). Na primeira sesso de
teste foi realizada a avaliao antropomtrica e em seguida o primeiro
teste progressivo: TCar ou TVam, definido por sorteio (aprox. 50%
dos sujeitos em cada tipo de teste). Na segunda sesso, foi aplicado
o segundo teste: TCar ou TVam, conforme o sorteio do primeiro
teste.
AVALIAO ANTROPOMETRICA Na avaliao antropomtrica foram utilizados
os seguintes equipamentos e protocolos: medida de massa corporal
atravs de uma balana digital marca Toledo com preciso de 50 gramas;
estatura atravs de um estadimetro profissional marca Sanny com
escala milimtrica; para medir as dobras cutneas (trax, coxa mdia e
abdominal), foi utilizado um adipmetro cientfico da marca Sanny com
preciso de
0,1 mm e para o clculo da estimativa de gordura percentual foi
utilizada a equao de Jackson e Pollock (1978). Para realizar o
TCar, alm de fichas para controle do teste, foram utilizados uma
caixa de som amplificada, um notebook com o programa chamado
BIP-FitnessTest v1.0, com preciso de 0,001 segundos (JARDIM &
CARMINATTI, 2003 no registrado), capaz de gerar o protocolo de
teste - TCar ,CARMINATTI, LIMA-SILVA, DE-OLIVEIRA, (2004)(4), uma
trena de 30 metros, seis cones de PVC de 50 cm de altura e duas
fitas brancas com 10 metros de comprimento (sinalizar as linhas de
referncia e distncias a percorrer em cada estgio). A freqncia
cardaca foi registrada atravs de monitores de FC da marca Polar
Electro - modelo S610, armazenadas em intervalos de 5 segundos.
TRATAMENTO ESTATISTICO Foram utilizados testes paramtricos:
estatstica descritiva (mdia, desviopadro, valores mnimo e mximo,
intervalo de confiana - 95%) Para verificar o grau de associao
entre as variveis, foi utilizado o testes- t student e para
verificar o grau de associao entre as variveis, ser utilizada a
correlao produto momento de Pearson. Em todos os testes, ser
adotado o nvel de significncia de 5% (programa SPSS for windows v.
13.0)
TESTES PROGRESSIVOS O protocolo TVam um teste continuo
progressivo mximo e realizado em uma pista de atletismo. So
colocados cones ao redor da pista intercalados em 20 metros. O
teste inicia ao lado de um cone com velocidade 8,5 km/h com um
incremento de 0,5 km/h em aproximadamente a cada 1 minuto. O ritmo
controlado por sinais sonoros. A cada sinal o participante deve
estar ao lado do cone subseqente. Para critrio de encerramento do
teste seria por abandono voluntrio ou quando tiver 2 atrasos
consecutivos aos sinais sonoros maiores que 2 metros O protocolo do
TCar do tipo escalonado, com multi-estgios de 90 segundos de durao
(5 vezes 12 segundos de corrida em sistema vai-e-vem; intercalados
por
pausas de 6 segundos de caminhada). O teste inicia com 9,0 kmh-1
(15m entre os cones) com incrementos de 0,6 kmh-1 a cada estgio,
mediante aumento de 1m na distncia entre os cones. O ritmo de
corrida ser ditado por sinais sonoros emitidos com intervalos fixos
de seis segundos.
1m 1m 1m 1m 1m 1m 1m
2,5 m (pausa)
15 m (9 km.h ) (corrida)
-1
0,6 km.h a cada 90s
-1
Figura 1 - Visualizao do esquema do teste intermitente TCar.
Em ambos os testes, cada sujeito foi orientado a acompanhar o
ritmo do protocolo at a exausto voluntria, sendo considerado um
teste mximo sempre que o sujeito atingiu pelo menos 90% da FCmx
predita (220-idade). No TCar, foi anotada FC final de cada estgio
ao longo do protocolo, at a interrupo do teste, considerando-se
como FCmx , o maior valor de FC registrado no teste. A maior
velocidade atingida foi chamada de pico de velocidade (PV). Nos
casos em que o sujeito interrompeu o teste antes de finalizar o
estgio, o PV (km.h-1) foi corrigido a partir da seguinte equao:
PVcor = v + [(nv/10)0,6], onde: v a velocidade do ltimo estgio
completo em km.h1
, o nv o nmero de voltas percorridas no estgio incompleto, 10 o
nmero total de
voltas de um estgio (excluindo-se as 4 voltas computadas como
pausas) e 0,6 kmh-1 o incremento da velocidade (adaptado de Kuipers
et al., 1985). No TVam, a FC foi registrada em intervalos de 5s nos
monitores de FC e resgatada posteriormente a FC correspondente a
cada velocidade do protocolo. A maior velocidade atingida foi
chamada de pico de velocidade (PV). Nos casos em que o sujeito
interrompeu o teste antes de finalizar o estgio, o PV (km.h-1) foi
corrigido a partir da seguinte equao: PVcor = v + [(nv/ve)0,5],
onde: v a velocidade do ltimo estgio completo em km.h-1, o nv o
nmero de voltas percorridas no estgio incompleto, ve o nmero total
de voltas de um estgio e 0,5 kmh-1 o incremento da velocidade
(adaptado de Kuipers et al., 1985).
RESULTADOS Em relao as condies ambientais, temperatura (oC) e
umidade relatuva do ar URA - (%), no houve diferenas sigificantes.
Sendo no TCar 25,5 3,1 oC (20 29) e no TVam 25,4 2,5 oC (22 29),
TCar 54,9 12,7 % (39 75) e no TVam 50,1 18,2 % (32 84), para dados
referente a temperatura e URA, respectivamente. Como pode-se
observar, a temperatura apesar de ter suas medias estabelecidas, no
grande houve grandes variaes nos testes. J na URA houve uma
diferena considervel em relao a media dos testes. As condies
previstas na metodologia a respeito de local, data e horrios foram
respeitadas. Tabela 1 Estatstica descritiva (mdia dp) das variveis
de caracterizao dos sujeitos avaliados: Variveis (n=18) Idade Massa
(anos) (kg) mdia dp 21,9 2 76,5 8,6 178,0 8,1 11,2 5,4
Estatura (cm) Gordura (%)
Tabela 2 Estatstica descritiva e comparao dos valores mdios e
desvio-padro das variveis: pico de velocidade corrigido (PVcor),
freqncia cardaca mxima (FCmx), porcentagem de freqncia cardaca
mxima prevista (%FCmx), freqncia cardaca mdia (FCmd, tempo de durao
do teste (TDT) valores das correlaes de Pearson (r) e FC nas
velocidades 9, 12 e 15 km/h obtidos nos diferentes protocolos:
Variveis (n=18) PVcor FCmx %FCmx FCmd TDT (km/h) (bpm) (%) (bmp)
(seg) mdia dp (TCar) 15,6 1,2 195 11 98,4 6,0 167 13 1067 175 mdia
dp (TVam) 15,5 1,3 194 14 98,0 7,3 167 15 947 164* r 0,98* 0,93*
0,94* 0,96* 0,99*
FCv-9(km/h) n=11 FCv-12(km/h) n=11 FCv-15(km/h) n=11 p < 0,05
*p < 0,01
128 12 159 10 185 09
131 11 161 11 181 11
0,82* 0,83* 0,80*
As FC nas velocidades 9 12 e 15 km/h foram comparadas com 11
sujeitos, pois apenas esses conseguiram atingir a velocidade de
15km/h.
18,0 17,0 velocidade km/h 16,0 15,0 14,0 13,0 12,0 1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 sujeitosFigura 1 - Grfico
ilustrativo da comparao intra-pessoal dos valores de PVcor obtidos
no TCAR e TVAM.TCAR TVAM
230 220 210 FC 200 190 180 170 160 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
14 15 16 17 18 sujeitosFigura 2 - Grfico ilustrativo da comparao
intra-pessoal dos valores de FCmx obtido no TCAR e TVAM.
TCAR TVAM
DISCUSSO
Analisando os resultados, pode-se constatar que todos foram
similares, tanto para as variveis de esforo mximo quanto para as
variveis submximas obtidas em ambos os protocolos TCar e TVam.
Pode-se observar, no entanto, que a nica exceo ficou para o tempo
de durao de cada teste, mesmo apresentando uma correlao quase
perfeita (r= 0,99), uma diferena significante foi encontrada, sendo
120 segundos superior para o TCar (12,7% em mdia). Alguma diferena
j era esperada, uma vez que o TCar um protocolo intermitente e
apresenta uma relao de esforo:pausa de 2:1 (12 segundos de corrida
intercalados por 6 segundos de pausa caminhando). No entanto, essa
diferena pode ser considerada pequena, se considerarmos que 1/3 do
tempo de durao do teste gasto com as pausas. Tentado entender os
fatores determinantes desse achado, pode-se especular que sejam as
particularidades do protocolo TCar. O teste realizado a partir de
corridas num sistema de ida-e-volta em distncia varivel, com
aceleraes, desaceleraes e mudanas de direo constantes, gerando um
desgaste fsico visivelmente superior quele observado no TVam, que
desenvolvido numa corrida contnua em velocidade constante para cada
estgio do protocolo. O estudo de BALSON et. al. (1992)(6), confirma
a importncia da recuperao para sustentar a performance durante
sprints repetidos. Em parte o que acontece no TCAR, onde o avaliado
necessita empreender uma acelerao substancial nas velocidades mais
altas do protocolo para percorrer a distncia do estgio no tempo
determinado. Assim, as pausas parecem proporcionar uma recuperao
parcial capaz de compensar o desgaste extra inerente ao protocolo
do TCar. No entanto, trata-se de um pressuposto que precisa ser
estudado, luz da etiologia da fadiga proveniente de esforos
intensos intermitentes de curta durao. Retomando a discusso da
similaridade encontrada entre dois testes bastante distintos em
vrios aspectos, os achados do presente estudo sem dvida, levantam
muitos questionamentos, seja pela escassez de pesquisas do gnero,
seja porque os resultados se contrapem aos estudos anteriores, LIMA
et. al., (1996)(5), DENADAI et. al. (2002)(1), CARMINATTI et. al.
(2006)(4), onde os autores concluram que os resultados tanto das
variveis mximas como submximas tiveram um comportamento considerado
protocolo-dependentes.
LIMA et. al. (1996)(5), compararam a velocidade do LAn com
concentraes fixas de lactato (CFL) = 3,5 mmoll-1 (V3,5) em teste
incremental contnuo sem mudana de direo (CON) vs. um teste shuttle
run de 20 m TSR (modificado de LGER e LAMBERT, (1982). A velocidade
mxima e a V3,5 no CON foram significantemente maiores (14,7 e 10,9
kmh-1 vs. 12,5 e 9,5 kmh-1 no TSR, respectivamente), com valores
similares para FC e [La] no esforo mximo, bem como FC na V3,5. No
estudo realizado por Denadai et. al. (2002)(1), foi comparado V3,5
no TSR com V3,5 no CON na esteira ergomtrica e, apesar das
correlaes altas (r=0,82 para velocidade e r=0,65 para FC; p0,05), e
que todas as correlaes foram altas e significantes. Esse mais um
achado que refora a tese de rejeio da hiptese do estudo, que tanto
as variveis mximas como as submximas seriam
protocolo-dependentes.
CONCLUSES
Como concluso, os resultados deste estudo sugerem a rejeio da
hiptese inicial de que as variveis mximas e submximas derivadas dos
protocolos, TCar (intermitente) e TVam (contnuo), teriam
comportamento considerado protocolo-
dependentes. Em adio, anlise das respostas fisiolgicas
encontradas nos testes demonstraram uma similaridade to
contundente, que possvel afirmar que a carga
interna imposta pelos diferentes protocolos pode ser considerada
de mesma magnitude, gerando repercusses relevantes para o contexto
de avaliao aerbia em campo. Cabe destacar, que esses resultados se
contrapem s concluses reportadas em estudos anteriores relativas ao
comportamento de variveis em testes contnuos vs. intermitentes,
gerando repercusses relevantes para o contexto de avaliao aerbia em
campo envolvendo corrida e, merecedoras de aprofundamento em
futuras investigaes. Em conjunto, esses achados corroboram o estudo
realizado por Carminatti (Dissertao de Mestrado, 2006), empregando
o TCar em atletas de Futsal, que concluiu que as respostas
fisiolgicas relativas a mxima fase estvel de lactato obtidas neste
tipo de teste (absolutas e relativas) so similares ao modelo
vigente para esforos de natureza contnua. Dada as caractersticas
desse protocolo, pode-se especular que o TCar rene uma
especificidade compatvel com o padro motor envolvido nos esportes
que repetem corridas intensas de curta durao durante treinos e
jogos. Sendo assim, apresenta-se como uma boa alternativa para
avaliar a aptido aerbia de esportes intermitentes.
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