50 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO / MAIO 2014 Reciclagem de RCD SOLUÇÕES INOVADORAS A geração dos resíduos da construção e demolição (RCD) ocorre em quantidade tão significativa no Brasil que se torna necessário escoá-los e destiná-los adequadamente para minimizar os impactos ambientais e econô- micos das deposições ilegais na malha urbana, e evitar o esgotamento de áreas de aterros, escassas em grandes centros urbanos. As Resoluções 307 e complementares do Conama atribuem responsabilidades aos gera- dores, transportadores e gestores públicos do RCD. Cabe aos municípios definir um Plano Integrado de Gerenciamento desses resíduos. A Resolução determina o estabelecimento de Pontos de Entrega Voluntária e Áreas de Transbordo e Triagem para receber RCD e, após triagem, encaminhá-lo para um Aterro classe A e solo, o que possibilita o uso futuro da área, e/ou para a Reciclagem do RCD classe A. Um aspecto importante é a necessidade do diagnóstico do RCD (quantidade, tipo) gerado, para estimar a composição do RCD a ser reciclado e possibilitar a escolha dos equipamentos e outros itens da reciclagem. Na operacionalização da reciclagem, as questões mais difíceis e/ou mais importantes, na maioria dos casos, são: a) a retirada manual (catação) dos conta- minantes que deverão ser reduzidos a valores mínimos para a obtenção do agregado reci- clado Classe A; b) a escolha do equipamento (usina de reciclagem), que tem importância fundamental quanto aos custos envolvidos, assim como a estratégia de obtenção dos produtos reciclados. No Brasil, as usinas de reciclagem do RCD Classe A são geralmente unidades fixas. As usinas móveis de britagem estão sendo bastante disseminadas no país, com equipamentos importados da Itália e da Ale- manha. São unidades compactas com 4 a 12 m de comprimento e de 1,5 a 4,5 m de largura, ocupando uma área inferior a 65 m². Este tipo de usina móvel não prevê a retirada de contaminantes típicos dos RCD brasileiros (a não ser barras de aço dos resíduos de concreto para os quais há um separador magnético). A catação então deverá ser feita de forma semelhante à realizada em usina fixa, ou seja, com o RCD em pilhas de resíduos estocados na área de reciclagem. Uma alternativa de usina móvel de tec- nologia de reciclagem de baixo custo –que não utiliza britador, apenas peneiramento– foi desenvolvida pela USP e implantada pelo IPT com recursos do governo paulista, associado à empresa Nortec. O protótipo construído objeti- vou a disseminação e treinamento tecnológico da reciclagem do RCD, para aplicação em pavimentos em municípios de pequeno porte. A vantagem a considerar é o baixo custo. O britador pode chegar a 50% do custo de im- plantação ou operação da usina de reciclagem. A usina de baixo custo também enfatiza a tria- gem dos resíduos mistos (comum na realidade brasileira), realizando-a sobre transportadores de correia, uma condição mais adequada. Isso pode ser de grande interesse para viabilizar a reciclagem em pequenos municípios. A usina móvel de baixo custo foi utilizada pelo IPT em reciclagem de 300 m³ de RCD no município de Novo Horizonte (SP). A eliminação de contaminantes é um dos aspectos básicos do processo. A catação sobre os transportadores de correia removeu de 66% a 99% da massa de contaminantes e foi mais eficiente que a catação em pátio (aplicável em usinas de britagem). Após o processamento de 100 caçambas de RCD na unidade, foram obtidos, em média, 56% da massa de brita graduada reciclada, 41% de rachão reciclado e 3% de contaminantes, a maioria inorgânica. Após a operação na usina, o teor de con- taminantes das britas graduadas recicladas Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: [email protected] [email protected] [email protected] SIDNEI RODRIGUES DE OLIVEIRA é engenheiro civil e técnico em Edificações do IPT (LMCC-CTObras) SERGIO CIRELLI ÂNGULO é professor doutor da Escola Politécnica-USP LUIZ TSUGUIO HAMASSAKI é engenhei- ro, mestre em Engenha- ria Civil e pesquisador do Laboratório de Mate- riais de Construção Civil (LMCC) do IPT