7/31/2019 SOIS Grau de Mestre Macom
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Grau de MESTRE MAOM
SOIS?
Grau de
MESTRE MAOM
Viajando com os Mestres do Imaginrio...
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RESUMO DOS TRS PRIMEIROS GRAUS
SEGUNDO ANDRES CASSARD
O homem e suas paixes, desde a poca de seu nascimento
at sua morte e ainda depois desta, so o objetivo que tiveram em
vista os fundadores de nossa Instituio. O edifcio manico foi
fundado sobre essa base moral.
A vida do homem divide-se, de ordinrio, em quatro
perodos: a infncia, a juventude, a maturidade e a velhice. Poder-
se-ia reduzi-la, com mais propriedade, s duas pocas
intermedirias: juventude e maturidade. A infncia nos aparece
como uma terra no cultivada, e a velhice, como uma terra
esgotada.
Para o Maom, ou seja, para o filsofo, no h nada perdido
na criao. Tudo , para ele, objeto de estudo, tanto em sentido
prprio quanto figurado. Admite todas as idades, todos os talentos,mas estabelece uma diviso a sua maneira como a que
apresentamos: juventude, virilidade e maturidade. Na juventude,
fundamenta-se o Grau de Aprendiz; na virilidade, o de
Companheiro; na maturidade, o de Mestre.
Vejamos a exatido desta diviso, examinando os trs graus
simblicos. Cada um vai precedido do resumo do grau e seguido do
correspondente apanhado da vida do homem em sua diviso
ternria: a juventude que compreende tambm a infncia; a
virilidade e a maturidade que abraam tambm a velhice.
O homem que aspira aos benefcios da Iniciao Manica
apresentado no Templo com uma venda sobre os olhos, sinal da
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escurido em que se encontra todo profano. No est nem nu nemvestido, para representar a inocncia. Despoja-se-lhe dos metais,
emblema dos vcios. Para que percorra a senda inicitica,
necessrio dar-lhe um guia. Est nas trevas. Busca a Luz. Esta
agonia moral termina com sua morte para o mundo profano, a fim
de que ressuscite no mundo manico. Bem assim, como na
religio, se despoja o homem, na hora suprema, de sua forma
terrestre, para ascender a uma vida toda espiritual.
Esta sublime idia da destruio e regenerao dos seres,
estabelecida pela natureza e reproduzida em todos os antigos e
modernos dogmas religiosos, o objetivo moral que nos propomos
a inculcar, principalmente, no primeiro grau.
Preparado o aspirante, entregue a profundas meditaes em
meio s borrascas que atormentam seu esprito, oscila longo tempo
entre temores e esperanas. Se persistir em sua nobre e valorosa
resoluo, ser submetido, corporal e espiritualmente, a provasfsicas e morais.
As primeiras tm por objetivo conhecer sua fora e sua
resistncia; as segundas, sondar seu esprito, conhecer o poder de
sua alma e penetrar o fundo de seu corao por meio de impresses
instantneas.
No basta saber que tem a fora necessria para lutar com
um inimigo, seno que conta tambm com meios morais paravencer, tendo a coragem necessria para desprezar os perigos,
estimulada a alma por uma sublime abnegao.
Ns nos fazemos donos de suas inclinaes, de seus gostos,
de seus costumes, de suas doutrinas, tanto em moral natural quanto
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em moral especulativa ou sistemtica. Impomo-nos s suas idiascomo cidados de uma nao e s suas crenas sobre as relaes
que os homens devem ter entre si, enquanto cidados do mundo.
Por isso no admitimos iniciao seno aspirantes livres e de bons
costumes que tenham adquirido os rudimentos de uma educao
liberal e se proponham a fazer bom uso de suas faculdades
intelectuais. Por isso retificamos suas noes quando so errneas e
as fortificamos quando justas, com o duplo poder do exemplo e dos
preceitos. Conhecemo-lo intimamente, e ele nos conhecer aindacom maior intimidade. O contrato que proporemos, se o aceita,
indissolvel e reciprocamente obrigatrio para ambas as partes.
Admitido o aspirante iniciao, v, diante de si, um templo
material e os primeiros utenslios de que se vai servir. Se lhe
instruiu de que este templo material o emblema de um templo
moral. Passa a conhecer, logo aps, o uso dos primeiros
instrumentos da arte.O PRIMEIRO PERODO DA VIDA DO HOMEM:
A JUVENTUDE
Recm sado o homem do plantel onde se lhe instrui a
respeito dos primeiros rudimentos da juventude, quando se fixa
momentaneamente debaixo do teto paterno sem conhecer qualquer
objetivo, ento, no se apresenta seno idealmente na grande cena
da sociedade com a simplicidade, a confiana e a boa f da infncia;mas ardendo em desejos que no sabe moderar e cheio de
necessidades que sonha satisfazer.
Sem experincia, percorre os caminhos da humanidade,
errando, se no for guiado; entregar-se- a todas as paixes, se no
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Se foi dcil aos conselhos, zeloso no trabalho e desejoso deinstruir-se, guiado, pela mo do Mestre, at o lugar que ocupam os
Companheiros. Se, ao aspirar o termo fixado para sua educao
manica, forem felizes suas disposies, se lhe instrui no uso dos
instrumentos, tanto em sentido prprio quando simblico; da forma
e da natureza das pedras; da qualidade dos materiais. O
Companheiro dirige e vigia os Aprendizes e o auxiliar dos
Mestres.
Recebe novas palavras, novos sinais, novo salrio. Seu
avental, com a beta baixada, anuncia o obreiro laborioso e diligente
entregue com fervor ao estudo e prtica de sua arte. O trabalho
manual cessou: da prtica passou teoria. Encontra-se numa esfera
mais elevada e j no caminha com temor e vacilao: mais
segura a senda que percorre e o ponto a que se dirige est mais
perto. Tudo estmulo, nimo e esperana para ele. Possuindo a
cincia das coisas materiais, instruindo nas morais. OCompanheiro goza da satisfao que produz a combinao de
ambas aos olhos de seus irmos e reala, perante os seus, sua
prpria importncia.
A partir deste momento, -lhe permitida uma nova e nobre
ambio. O terceiro e ltimo grau da Maonaria Simblica vem a
ser ento toda a sua esperana. Um Companheiro hbil ser sem
dvida um excelente Mestre.
A VIRILIDADE
A espcie de idealidade traada na primeira fase da vida do
homem assume aqui um carter de realidade ainda abrasada pelo
fogo da juventude. Sai o homem do crculo estreito em que
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permanecia, entrando no mundo. Nos estudos que realizou, teve aparte elementar de todos os estgios; mas no possui ainda uma
cincia, uma arte ou profisso que lhe assegure uma posio social:
carece dos conhecimentos necessrios a respeito dos costumes da
sociedade, e necessrio que os estude e trace sobre eles um plano
de conduta til a seus interesses e no prejudicial aos interesses dos
demais.
A profisso a que chamado pelo voto de seus pais ou por
suas prprias inclinaes se faz objeto de profundas meditaes.
Trabalha unido a seus novos Irmos, sob a direo de hbeis
Mestres. Uma vez instrudo, lana-se carreira dos negcios
pblicos: chega a ser homem de estado, jurisconsulto, mdico,
magistrado, literato, negociante, agricultor, artista, industrial, etc.
Tambm associa seu destino ao de uma mulher e torna-se pai de
famlia. Os novos deveres que contraiu absorvem todo seu tempo.
Tudo o interessa ardentemente, tudo o encanta, o arrebata; mas,dentro em pouco, j no o satisfazem seus veementes desejos:
sonha, delira, espera, cede s iluses e, seja qual for sua sorte,
deseja mais... infeliz por sua louca ambio, e o que foi antes um
sentimento nobre vem a ser agora uma paixo funesta!
Chegamos j ao segundo perodo da vida do homem.
o Companheiro que quer ser Mestre.
Observemos o homem profano e homem maom e veremosmais justificada ainda a propriedade de nossas observaes.
RESUMO DO TERCEIRO GRAU: MESTRE
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Ultrapassado o grau de Companheiro, esfora-se para chegarao de Mestre, ou seja, pretende exaltar-se ao ltimo grau do
simbolismo. Cr fazer jus a isso mediante seus trabalhos. Louvvel
ambio, se a guiam sentimentos nobres e magnnimos; perniciosa,
se seu mvel a v ostentao. So os Mestres os chamados a
julgar a utilidade desta ambio.
O Companheiro trabalhou sobre a direo do Mestre:
adquiriu cincia na prtica e na teoria de seu grau. Est mais
ilustrado e ativo, porque a esperana de uma recompensa prxima o
engrandece; mais hbil na execuo das obras e mais consciente de
seu prprio valor, quer chegar, de improviso, e sem interstcio
algum, satisfao de seu desejo. Mas estes mesmos dotes enchem
sua alma de ambio. No bastante, para ele, possuir as
qualidades que lhe tornaro fcil a viagem por um caminho regular
e ordenado, mas lento a seus olhos, e o frenesi de desejos
imoderados conturba suas idias. Revolta-se contra a regularidadeque se observa nos trabalhos. No consegue compreender que a
multiplicidade destes so as novas e mais severas provas a que lhe
submetem os Mestres. No quer venc-las com constncia e labor,
mas apela para a violncia. Quer apressar o fim. Sua audcia o
torna suspeito, e torna-se o foco da desconfiana geral.
Eis aqui, em toda sua plenitude, a moral do terceiro grau da
Maonaria.
Para o Companheiro sbio e moderado estas dificuldades
so emblemticas; para o Companheiro ambicioso e violento, so
realidades.
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O homem fraco, de ordinrio, em todas as situaes davida. Cede ao temor, fora, perfdia. H sabedoria e
generosidade em seus Irmos, quando o advertem sobre os erros em
que pode incorrer, livrando-o das penas que o podem alquebrar.
Uma longa e triste experincia comprovou que o temor faz rus de
graves faltas tambm queles que pareciam mais fortes e animados,
salvando-os hoje, com coragem, de um perigo para derrub-los
depois num abismo onde caem por fraqueza.
Ponhamos agora em ao a conduta do Companheiro
ambicioso.
Para ser Mestre, tudo esquece, tudo sacrifica. Trata de
obter, empregando a astcia ou a ameaa, recorrendo at ao crime,
aquilo que no pode licitamente alcanar; exercitando todas as suas
faculdades, engana, despreza, violenta o Mestre. Frustrados todos
os esforos, v uma espantosa verdade: foi temerrio,
comprometeu-se: ao partir, fechou com as prprias mos a porta doarrependimento. Na impossibilidade de voltar atrs, chega s
ltimas conseqncias do crime: um erro leva a outro guardai-vos
bem de no cometer o primeiro.
Ferido o Mestre, sucumbe ao impulso dos excessos do
Companheiro; mas guardou seu segredo, e o Companheiro cometeu
um crime intil. Logo se conhecer sua perfdia. O remorso do
culpado far triunfar a razo, e a divindade e a virtude,profundamente ofendidas, sero vingadas.
No Grau de Mestre, reaparece o Companheiro e se
desenvolve perante seus olhos, em toda sua extenso, a idia matriz
dos filsofos antigos e modernos: do seio da morte nasce a vida;
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ou, de outro modo, segundo Ovdio: tudo muda de forma, mas nadadesaparece.
Esta sublime idia que alguns homens sistematizaram,
menos por ignorncia do que por m-f, deve nos predispor s mais
sublimes meditaes. nesta base que se fundamentam os mais
belos e consoladores princpios morais e os maiores dogmas
religiosos, iguais no fundo e na essncia, ainda que variados na
forma. Todos os povos da terra no reconhecem outra fonte.
Bem-aventurados os homens de virtude e conscincia que
limitam sua ambio pratica da moral! Glria e prosperidade aos
que, propagando esta moral protetora da espcie humana, elevam
seu esprito at o G\A\D\U , implorando graas aos homens
virtuosos de toda a terra e perdo para o delinqente arrependido.
A MATURIDADE
Chegado o homem maturidade, perodo da vida entre a
juventude e a velhice, aspira obter o prmio de seus talentos por
meios nobres e decorosos, ttulos, honras, glria e felicidade.
Moderado e prudente, seria suficiente esperar tudo da apreciao de
seu trabalho ao longo do tempo.
Entregue a si mesmo, seria a mais inefvel das sortes, a mais
pura das glrias, possuir o que ningum pode dar ou pagar: a
tranqilidade da conscincia e lembrana das boas aes. Mas, se a
ambio o domina, j no haver nem prudncia, nem meditao,
nem freio; sero seus prprios mritos que o iro enganar, longe de
se tornarem o baluarte de sua felicidade. O mrito dos demais no
tem brilho a seus olhos e em cada homem v um rival que quisera
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reduzir a p. O prmio que lhe est oferecido se afasta cada vezmais ante sua inflamada imaginao, porque no o v chegar
velozmente. Quer arrebat-lo e no o detm os meios em seus fins:
astcia, perfdia, calnia, fraqueza, crime, tudo acredita bom e
legtimo. O egosmo seu Norte; o instinto da usurpao, sua
estrela; a ambio, sua bssola; nesse mar bravio, seu juzo resta
perturbado e corrompido seu corao. Junta-se com aqueles que
obram como ele e meditam e cometem um crime... desmascarados,
acham o suplcio na vergonha. Para o cmulo do castigo, seucorao torturado pelo remorso sem trgua, sem fim; estril para
os demais, porque o exemplo pode horrorizar por instantes, mas
raramente corrige. As lies que recebemos so inteis, quando as
paixes so superiores ao homem.
Sua ambio no legtima disse o ambicioso diante de
um rival. Elevar-me-ei onde ele sucumbiu: no venceu porque as
circunstncias lhe foram adversas, mas a mim favorecem... aaudcia ajuda a sorte.
Insensato! ... Acredita ver o trmino feliz de suas
esperanas, mas no v os perigos que o rodeiam e, se chega a
enxerg-los, os experimentar, desperdiando em vo sua audcia e
sua fortuna!
Ambiciosos de todas as pocas e de todas as condies!
Compreendei que a sorte, quando foi filha do crime ou da loucura,por mais brilhante que fosse na aparncia, teve sempre cruis
remorsos e recnditos pesares. Quando viveis cheios de poder,
reinava o silncio nas abbadas do Templo; mas, uma vez na
tumba (fsica ou moral), a histria ou as tradies vulgares afastar
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o vu de vossos crimes e vossos nomes ficaro manchados numaeterna afronta.
Honrai a prudncia, o talento, a elevada razo dos
fundadores da Maonaria que nos legaram os meios de abater as
paixes, sobretudo a ambio, cujo extermnio um dos mais altos
fins do sublime Grau de Mestre.
A Lenda Interpretada
De todas as instituies humana, a Franco-Maonaria anica que soube prever sua prpria decadncia e o modo de
remedi-la.
Ela no se faz iluses sobre o perigo interiorque ameaa os
seres vivos, em razo dos germens de morte e de dissoluo
inerentes a todo organismo. Os inimigos exteriores podem entravar
e ainda paralisar nossa atividade; mas no nos matam seno muito
excepcionalmente. So as enfermidades resultantes de perturbaes
internas as que, mais amide, nos conduzem tumba.
Toda higiene previdente levar, pois, em conta, os elementos
dissolventes que tendem a nos minar de maneira srdida, tendo
importante papel em nosso funcionamento vital. Para resistir
morte, preciso conhecer seus agentes, a fim de neutralizar
constantemente sua obra nefasta.
Em Maonaria, a solidez do edifcio no tem nada a temer da
chuva, do vento ou dos furiosos clamores do exterior; mas os
obreiros que trabalham com mau esprito comprometem a
corporao e podem mat-la, se ela no possuir um poder suficiente
de resistncia contra a dissoluo.
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Uma instituio indispensvel ao desenvolvimento daHumanidade no poderia, de outra parte, desaparecer, porque possui
um esprito de Vida que, do mesmo modo que a Fnix, a faz
renascer perpetuamente de suas cinzas. Ao instrumento usado ou
corrompido que se afasta, este imperecvel Arcano, o Fogo
Construtivo, os substitui incessantemente por organismos novos
mais e mais adaptados sua misso.
Cada vez mais, o Filho da Putrefao sucede mais
resplandecente a seu pai assassinado, como Hrus, o sol da manh,
empreende diariamente a carreira de Osris que declina a partir do
meio-dia, para submergir, tarde, nas trevas do Ocidente.
Mas, para ressuscitar mais forte e mais gloriosa, a Maonaria
deve precaver-se contra o mal que determina sua perda. Trata-se de
uma trplice praga representada pela Ignorncia, o Fanatismo e a
Ambio. Estes so os Companheiros indignos que acometem ao
respeitvel Mestre Hiram, ou seja, a Tradio Manicapersonificada.
Contanto que os criminosos da lenda sejam obreiros que
cooperam conosco para a construo do Templo, no procuremos
fora da Maonaria seus mais temveis inimigos.
Seguramente, os trs vcios estendem seus estragos a toda
humanidade, a qual preciso curar gradualmente da ignorncia, do
fanatismo e da superstio. Mas antes de nos constituirmos, demaneira ambiciosa, em curadores dos demais, sejamos modestos e
cuidemos, antes de tudo, de nossa prpria sade.
A Maonaria comear, pois, por si mesma, esforando-se
por extirpar de seu prprio seio os vcios dissolventes.
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No se achar verdadeiramente altura de sua misso, senono dia em que seus membros saibam mostrar-se instrudos,
tolerantes e desinteressados. Ento, mas somente ento, sua
influncia intelectual e moral afirmar-se- irresistivelmente.
Desmascaremos agora os matadores de Hiram. So
numerosos! Mas, amide, no sabem o que fazem, encontrando-se
submersos na ignorncia manica mais deplorvel. precisamente
porque ignoram tudo em Maonaria que censuram com
intransigncia o que ultrapassa sua compreenso impotente. Em
nome de um racionalismo limitado, reclamam a supresso das
frmulas e dos usos, cuja razo de ser no discernem. Seu
vandalismo inspira-se em uma lgica rgida e em um dogmatismo
estreito, cuja imagem a Rgua que se arroja sobre o ombro de
Hiram e paralisa seu brao direito. Privado de seus sinais materiais
de manifestao, o esprito manico encontra-se, com efeito,
reduzido impotncia, em razo das mutilaes ou dos transtornosque o simbolismo tradicional tem sofrido. Nenhum ensinamento
inicitico possvel, se os smbolos sobre os quais se ensina no
existem. Racionalizada segundo o gosto dos anti-simbolistas, a
Franco-Maonaria no seria seno uma escola na qual os alunos que
no sabem ler houvessem decretado a supresso do alfabeto...
A estreiteza do corao, porm, ainda pior que aquela da
inteligncia. A Maonaria ensina os homens a se amarem, apesar de
tudo que os divide. Devemos nos elevar acima das divises, para
comungar, entre ns, pelo efeito dessa mtua tolerncia, fora da
qual no existe Franco-Maonaria. O que pensar, depois disto,
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daqueles pretensos Maons que, acreditando-se eles sozinhos naposse da verdade manica, tomam dio a quem quer que no pense
como eles? Como se houvessem se proclamado infalveis em suas
opinies, estes pontfices as erigem em dogmas e fulminam
incessantes excomunhes contra os herticos postos sua maneira
de ver. Eles tendem a desorganizar a Maonaria, a estreit-la s
dimenses de uma igreja restrita, enquanto a Loja deve estender-se
do Oriente ao Ocidente e do Meio-Dia ao Norte, para expressar at
que ponto se impe a universalidade nossa instituio,essencialmente anti-sectria. Assim, infiltrando-se entre ns,
debaixo de qualquer disfarce que seja, o esprito de sectarismo
reduz a p os cimentos de nossa fraternidade universal. Desprende
as pedras do edifcio, pretendendo voltar a talh-las com maior
exatido. , pois, com o Esquadro de sua concepo particular do
justo que os intolerantes, os sectrios e os fanticos golpeiam no
corao o Mestre Hiram.
Como todos os vcios, o fanatismo resulta, de outra parte, do
exagero de uma qualidade, porque preciso formar uma convico
justa para trabalhar. Eminentemente ativo, o Companheiro no pode
se ater a uma excepcionalidade flutuante: -lhe de toda necessidade
uma base de certeza, ao menos relativa, para edificar. Aceitar,
pois, com discernimento, certos princpios, e dar-lhes- crdito,
enquanto guias de sua conduta. Mas, havendo-se determinado
livremente, respeitar a liberdade dos demais, dando-se conta dedivergncias de opinio que resultam da complexidade do aspecto
das coisas, tanto quanto certos Irmos, e com maior razo os
profanos, podem chegar, com toda sinceridade, a concluses
contraditrias.
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Grau de MESTRE MAOM
Quando a incompreenso e o sectarismo realizaram sua obra,no resta a Hiram mais que receber o golpe de graa. Quebrantado,
cai sob o malhete dos ambiciosos. Estes no pensam seno em tirar
partido, em seu proveito, de uma Instituio falseada em via de
deslocamento. Desviando-a de seu objetivo elevado, mas
longnquo, assinam um objetivo prtico imediato que pode servir
aos seus desgnios. A Franco-Maonaria torna-se ento o
instrumento de uma camarilha poltica monopolizadora do poder ou
de uma conspirao dirigida contra o interesse geral. Isto a mortedo Maonismo seguida da indiferena pela sorte de seu cadver.
Oswald Wirth
In-flio da Cmara do Meio
Ir.'. Adayr Paulo Modena
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Emulao (York)
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Painel do Rito at 1928
recpia
SUBSDIOS AO ESTUDO DO PAINEL
guisa de prlogo, convm alertar que o atual Painel de
Mestre no o original do Rito Escocs. O deste foi substitudo, em
1928, quando adotamos o ritual vigente, e com ele o painel do Rito
de York, decorrendo da algumas discrepncias entre a descrio
inglesa e a nossa - acrescidas por modificaes feitas nas cpias e
recpias do painel, pintado pelo Ir:. J. Harrys, em 1823, para o Rito
Emulation (York).Ao longo deste texto, apontaremos tais diferenas, e - para
elucid-las -, vamos ter que ir e vir entre os dois ritos, o York e o
Escocs, mas, como somos do segundo, algumas das nossas
referncias talvez soem estranhas, e at esdrxulas, aos cnones do
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Grau de MESTRE MAOM
primeiro. Feita a ressalva, e sendo o nosso propsito o de informarda forma mais sucinta possvel, vamos ver somente pontos no
enfocados na 1 Instruo do Ritual de Mestre do R.'. E.'. A.'. A.'. ,
em vigor em nossa Grande Loja. Portanto, percorrendo o painel de
alto abaixo, vejamos:
1. A orientao - os painis do Aprendiz e o do Companheiro tm
o topo para o Leste, o de Mestre fica ao contrrio. Isso, dizem uns,
decorre da liturgia religiosa, onde os atades dos sacerdotes e o dos
fiis so posicionados em direes opostas na nave do templo: os
daqueles, com a cabeceira para o oriente, e os destes, para o
ocidente. No primeiro caso, simbolizando a despedida do padre
parquia, e, no segundo, a dos leigos igreja. Inaplicvel analogia,
ilgica, pois para ser vlida, teramos a presena do atade tambm
nos demais painis simblicos. Isso, sem falar que - esotericamente
-, a orientao do atade inversa, se considerada a paridade
dignitrio religioso = mestre maom. Portanto, no a presenadeste ou daquele smbolo que determina a orientao, e sim a
tipificao do trabalho expresso no painel, ou seja, ele fica voltado
para o Oriente porque deve ser "decifrado" pelos mestres no sentido
oposto ao do afeioamento externo da Pedra - feito no Ocidente,
pela "leitura" dos obreiros da oficina. Aqueles laboram sob a
Verdadeira Luz, a da Lmpada Mstica; estes, luminosidade do
reflexo, luz da Flamgera. Em sntese, a orientao dos painis
obedece ao sentido esotrico do trabalho, o da Cmara do Meio embusca do subjetivo; o do Ocidente, dirigido objetividade.
2. O ramo de accia - o ato do exaltando segur-lo, detalhe
relevante, e que antigos rituais faziam executar, hoje,
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inexplicavelmente, desapareceu do texto ritualstico, embora sualembrana ainda permanea inserida na 2 instruo do mestre.
Quanto ao significado mtico, simblico, etimolgico etc da accia,
a literatura manica prdiga em informaes. Assim, pinamos
somente trs tpicos para este sumrio:
a) a frmula a a.'. m.'. c.'. oriunda do rito Hredom (antecessor
do Escocs);
b) nos Antigos Mistrios, simbolizando o renascimento - "O Eterno
Retorno" - sempre houve a presena de uma planta que, por vezes,
personificava o iniciado, vtima inocente de uma morte violenta que
o conduzia imortalidade.
c) segundo J. Campbell, em "As Transformaes do Mito atravs do
Tempo", pode se dizer que o ramo de acciaest plantado acima
do atade, como se "rvore apotropaica" fosse, isto , como meio
de defesa contra presenas malvolas e, atravs do seu poder
regenerador, tambm para marcar "o limiar"...
3. O atade - pintado em negro, que o fundo branco ressalta,
propositadamente conduz o raciocnio imediata especulao sobre
a morte. No caso, a de Hiram (tal como Osiris) vtima inocente,
cadver ocultado, exumado e, com os devidos ritos, reenterrado.
Sepultar em dois tempos foi, em tempos arcaicos, prtica esotrica
complexa, imposta ao cadver ou aos ossos daqueles dignitrios
destinados perptua lembrana. Expresso alqumica dos estgioscontguos, sucessivos e circulares da Grande Obra: ora em Negro,
ora em Branco. Ambos necessrios e complementares aproximada
compreenso do Todo.
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Em sntese, por no podermos "viver" a morte (i., express-
la em todos os seus momentos e nuances), ela somente nos
inteligvel quando ritualizada ou simbolicamente expressa, no caso,
pelo atade contido no painel, mas este, concomitantemente, pela
presena da accia, nos acena com a perenidade da vida...
4. Os utenslios do mestre - vistos em conjunto, tm a
particularidade de apresentar a seqncia 1, 2, 3, decorrente do
mnimo nmero de marcas que cada um deles pode assinalar sem
descaracterizar-se em seus fins: o lpis, com o ponto; o compasso,
com a medida; e o cordel , com o ngulo. Coincidncia ou no,
tais nmeros correspondem aos graus simblicos que o mestre
sintetiza, expressa e amplia.
5. a lpide - a placa em forma de cartucho hieroglfico (sinal de
distino entre os antigos egpcios), gravada com caracteres
manicos e algarismos arbicos, identifica, pelas iniciais, o nomedo morto, sua profisso, linhagem e a poca do passamento . Deve
ser decifrada da direita para a esquerda, e, na forma inglesa de
expresso, assim:
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nos semicrculos - Tubal, no primeiro, e Cain, no segundo
(Tubalcaim, o bblico primeiro artfice - a P.'.P.'. );
no retngulo 1 linha, Hiro Abiff the Builder (H.'. A.'. , o
construtor); 2a linha, Anno Lucis 3000 (para ns, A.'. V.'. L.'. ).
Cumpre esclarecer que o sentido da leitura, da direita paraesquerda, no decorre da presuno do texto ter sido feito nos
moldes das escritas sagradas, mas sim porque foi gravado segundo a
imagem vista num espelho (antiga prtica de segredo), o que se
comprova pelo exame do algarismo 3 dos trs mil anos, voltado
para a direita (ao contrrio), mostrando ser um reflexo. E mais, a
presena de algarismos arbicos no dstico exclui, por incompatvel,
ter sido seguido o modo hiertico de escrita .
Os trs milnios transcorridos da criao do mundo at a
morte de Hiram so, evidentemente, mticos. No entanto,
historicamente reais, se tomados como tempo comeado no IV
milnio anterior a nossa Era (3000 anos antes da construo do
Templo), quando o mundo conhecido se restringia ao Mediterrneo
oriental e adjacncias - poca dos primrdios da escrita, da
metalurgia, da arquitetura etc. - isso, aliado instituio do Estado e
da religio, agregando as comunidades isoladas e as crenasesparsas, fez surgirum mundo novo, no doado, mas gerado pelo
trabalho humano e concebido por seu esprito demirgico. Portanto,
nesse nvel, aproximadamente, coincidem as dataes: a profana, a
hebraica e a manica. Finalizando este tpico, deveramos, por
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certo, fazer algumas consideraes sobre os artfices nominados nalpide; dispensvel para com Hiram abiff, pois, em decorrncia do
contexto da Lenda, est suficientemente justificada a meno de seu
nome no painel. Mas, quanto a Tubalcaim, sua insero necessita
ser explicada. Ela advm das Antigas Lendas Operativas, quando os
maons buscaram uma nobiliarquia bblica, mtica e at histrica,
que enobrecesse a origem e justificasse a antigidade da
Corporao obreira. Muitos nomes ento foram agregados
Instituio: No, Nemrod, Euclides, Pitgoras, Jabal, Salomo eoutros; a maioria no deixou traos nos atuais rituais. Mas o de
Tubalcain, que manejou o martelo, e foi artfice em toda a
qualidade de obras de cobre e de ferro (Gen. 4.22) , um dos mticos
gro-mestres e lendrio ancestral de Hiram Abiff, ficou na Palavra
de Passe. O porqu de tal continuidade credita-se ao esoterismo
implcito ao ofcio de ferreiro, detentor do segredo do fogo e da
transmutao dos metais, possibilitando a "passagem" do Homem
condio ativa de "posse do mundo" (do hebraico, tebele kanah), o
que nos reconduz e, concomitantemente, reafirma a gnese dos
3000 anos.
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6. 0s ossos - decussados (cruz de Santo Andr) so fmures, e noas tbias ditas na Instruo; tal evidncia ainda no sensibilizou os
ritualistas, apegados letra, e no sensveis ao smbolo. Este, no
formato do conjunto (caveira e fmures), alegoriza a figura do
atanor alqumico com suas tenazes, simbolicamente pertinente, pois
nele se buscava a transmutao do chumbo em metais nobres. No
caso, a regenerao inicitica do homem atravs da ultrapassagem
do Portal da Morte purificadora. Mas morte que vida, pois o
vocbulo grego, raiz de atanor, thanatos = morte, antecedido danegao "a", no-morte, imortalidade ou a manica ressurreio
de Hiram no novel mestre. Tambm vlido lembrar que, na
cabalstica rvore da Vida, as sefiras Kether, Hod e Netzach
correspondem, na figura humana, respectivamente, ao crnio e aos
fmures e, em loja, ao Ven.'. e aos VVig.'. .
7. As palavras - abaixo dos ossos e acima do prtico esto as letras
manicas MB (iniciais das PPSS:. do grau). Lidas da mesmaforma do dstico, da direita para a esquerda. Alguns desenhos
deformaram tais signos, deixando-os iguais s letras UE do alfabeto
profano, dificultando a correta decodificao. A origem dos
vocbulos provm de uma lenda, posteriormente adaptada estria
de Hiram, segundo a qual, em busca de um segredo, o corpo de No
teria sido exumado por seus filhos S:.C:.J:.. A dupla acepo da
palavra substituta, M:. ou MB:.,
decorre do desacordo entre os Modernos e os Antigos sobre qual
teria sido a exclamao pronunciada na mtica exumao; derivadas
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do hebraico, como querem uns, ou do dialeto galico (uma dasvertentes do idioma escocs) como postulam outros, o importante
no o significado literal, mas sim a idia transmitida: o
desligamento do esprito da "carne-morta" e o "re-nascer" do
Mestre!
8. O prtico - seu lugar central sobre o atade est em consonncia
com a sua importncia esotrica, geralmente despercebida, pois
embora j o tenhamos visto entrada do templo (na 2 instr. de
Apr.'. e na 1 de Comp.'. ), somente o associamos com a utilitria
idia de passagem ou de embelezado ornamento, e ento, no
despertamos para ver o seu real e extenso simbolismo, calcado
sobre: Centro, Gnese, Incio, Fundamento. Idias todas pertinentes
mtica primeira loja que, segundo antigos manuscritos, reunia-se
no Prtico do Templo de Salomo. Alm disso, passagem e
ornamento significam, respectivamente, iniciao e litrgica
cobertura. E, afora isso tudo, ainda temos a acepo do prticosobre o atade representar o 25 Caminho da rvore da Vida (entre
a Porta dos Homens e a dos Deuses, ou seja, da sfira Yesod = O
Fundamento Tiphereth = a Harmonia), pois cobre, do plexo solar
ao baixo ventre do corpo prostrado, em sntese: do Sol Lua, do
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faremos consideraes quanto ao simbolismo numrico, pois, se ofizssemos, teramos que especular, e muito, o que nos levaria a
ultrapassar os limites desta dissertao. No entanto, quanto ao
nmero original das colunas, no podemos esquecer que ele est
conforme o esprito bblico e lendrio do rito ingls, pois quatro
pares significam a famlia de No, os noaquidas, patronmico que
Anderson, na segunda edio de sua Constituio, diz ter sido o
primitivo nome dos maons. Reforando o mtico oito, e ligando-o
arquitetura, h tambm o aspecto documental Ingls, o dos anaisde construo da abadia de Vale Royal em 1277, quando, pela
primeira vez, historicamente, est expresso que oito canteiros
(artfices) compem um grupo denominado loja. Quanto ao estilo, o
corntio, supomos que sua escolha possa ter sido feita em
decorrncia de ter sido o ltimo, o mais belo e completo, criado
pelo gnio grego, conotaes essas, de sntese e pinculo,
perfeitamente cabveis Loja de Mestre.
8.4 - o pavimento no o nosso, composto de losangos, mas sim, o
de York, em quadrados. Tal diferenciao no encontrou o seu
exegeta final, pois ainda discutvel at a existncia de tal
ornamento no Templo de Salomo. Maonicamente bizantina tal
pesquisa e discusso, pois inamovvel a tradio de cada um dos
ritos a tal respeito (v.g. o rito Schroeder no especifica o
pavimento). consensual que a disposio e o tamanho dos
ladrilhos sejam mdulos da posio dos ps nos passos regulares. Oque no elide, e de certa forma at refora, a reminiscncia
"operativa" do grande quadriculado de medidas, destinado ao corte,
talhe, entalhe e ajuste das peas estruturais, possibilitando que,
justas e perfeitas, fossem encaixadas na construo.
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O pavimento em exame, tanto pode ser visto como oconjunto de 7x7=49 ladrilhos, correspondendo assim ao Quadrado
Mgico de Vnus, no caso, simbolizando a Fraternidade, ou,
unitariamente tomados como padro de medida, localizam o tmulo
de H.'. A.'. no texto York (trs de cada Ponto Cardeal, apontando o
Centro - e cinco ou mais de profundidade). Ressalte-se que no h
contradio entre o no sepultar no Templo e o sepultar sob o
Pavimento, pois o Prtico no o Templo! No o Sanctus
Santorum. Este est aps o pavimento quadrangular e alm docortinado que deixa entrever a Arca da Aliana. Portanto, seja o
dizer escocs (exceto os nmeros) quanto o ingls, ao
estabelecerem que H.'. A.'. foi sepultado o mais prximo possvel
do S.'. S.'. , so coincidentes na velada aluso honrosa inumao
do Grande Mestre sob o piso da Loja que dirigiu.
9. As ferramentas - so as de antanho, do passado Operativo, e
que, segundo o Rito York, foram empregadas no mtico homicdio.
Esto empilhadas na seqncia dos golpes desferidos: primeiro, a
rgua de prumo; depois o nvel de assentar; por ltimo, o malho
pesado.Hoje, compreensivelmente, na representao do drama
mtico, os IIr:. daquele rito, observando os fins, adequaram-se ao
ferramental de uso dos pedreiros atuais, ou seja, utilizam a
chumbada do prumo, o nvel de bolha e o malho. Ns, escoceses,
empregamos a rgua de 24" e o esquadro (coincidimos no malho),
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pois a nossa verso da Lenda nos impe essas e no aquelasferramentas.
10. O esquadro - no carece de maiores explicaes, pois sabido
que ele representa a Lei em seu mais amplo aspecto e, no caso, a
condio de maestria de Hiram Abiff.
11. A trade dos 5 - no rito ingls, tais nmeros correspondem s
trs lojas de Companheiros (cinco em cada uma), constitudas por
Salomo para pesquisar o paradeiro do mestre desaparecido, e que
partiram das trs portas do Templo. Findas as buscas, os 15 obreiros
foram honrados com a participao nas exquias de H.'. A.'. . Entre
ns, escoceses, tal dizer fica difcil, pois a nossa lenda alude
somente a quinze conspiradores, e no a igual nmero de leais e
dignos CComp.'. . Assim, somente nos ficou a presena de um mau
companheiro em cada porta (os trs facnoras) ou, numa
interpretao numerolgica: a acepo malfica do 15 (o fogo dos
nferos). E, por falar nisso, vamos ao ltimo item de nossacomplementao.
12. O triplo sinal aos ps do atade - os copistas fizeram algumas
estampas apresentar trs jotas em vez da tripla repetncia da crptica
letra "c" (adiante veremos por qu). Para os ritos ingleses so as
iniciais de chalk (giz), charcoal (carvo) e clay (argila) -
alegoricamente: liberdade, fervor e zelo, apangios do perfeito
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maom. Condies essas que, ao longo dos rituais, so, juntas ouseparadamente, diversas vezes mencionadas.
No prembulo deste trabalho aludimos s mudanas de 1928
(rituais e painis), realizadas no sentido de marcar diferenciao
litrgica entre a ex-obedincia (o GOB) e as novis GGLL, mas
feitas, compreensvel, no calor dos acontecimentos, da
decorrendo senes que no foram at hoje sanados. Dentre eles est
a no correspondncia pontual entre a Lenda Hirmica escocesa e o
Painel de Harrys. No sentido de conciliar a tradio escocesa com a
mensagem do York, buscamos dar aos "cs" a interpretao que os
nossos desenhistas quiseram ver ao transformarem tais signos em
"jotas". Assim, dos Operativos da Esccia trouxemos trs cowans -
pedreiros grosseiros - no possuidores da Palavra (mason's word),
os algozes de Hiram, inominados no York, mas personalizados nos
nossos J.'. J.'. J.'. , simbolicamente presos na caverna do remorso e
calcados aos ps da vtima...Iniciamos, com um exguo prlogo, este trabalho de
complementao dissertao sobre o Painel do Mestre,
compatvel que o finalizemos da mesma forma. Conclumos, pois,
dizendo que o painel da Lenda Hirmica, ao apresentar as
ferramentas e o esquadro colocados abaixo do Prtico e acima dos
cowans, faz remisso ao justo e perfeito trabalho de levantar
templos e cavar masmorras.
NOTAS
- nos ritos ingleses, Emulation (York) e outros, o utenslio cordel
no simplesmente um cordo, um dos instrumentos dos
Operativos, o skirret: carretel com eixo em ponta que, fixado no
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solo, permitia desenrolar a linha de marcao da obra e tambmesquadrejar o canteiro da construo ao formar o tringulo com
lados na razo 3-4-5 (teorema de Pitgoras).
- retngulo com extremidades em oval, dentro do qual se escrevem
os nomes dos faras, a partir da 4 dinastia. Exemplos
pormenorizados mostram que o sinal representa um n de corda
com laada, de modo a no ter fim, simbolizando o retorno cclico,
possivelmente relacionado com o sol. Os faras tinham dois nomes
em cartucho, o primeiro era o de sua entronizao (praenomen =
"nome de trono") e o segundo o prprio - talvez da tenha se
originado o costume do Mestre, ao atingir a realeza dos iniciados,
fazer a escolha do seu nome simblico (!?).
- copistas "inventivos" colocaram um ponto no crptico A de
anno, transformando-o em J; outros, da mesma estirpe, fizeram
mais, alm da dita incluso, excluram o ponto antecedente ao 3, ali
aposto para marcar, assinalar, a singularidade de tal algarismo.
- tais dsticos, em hebrico ou em ingls, constavam dos brases
das duas primeiras Grandes Lojas Britnicas.
- possvel que a forma do pavimento que adotamos tenha sido
escolhida em homenagem a Christopher Wren, maom Operativo e
tambm Aceito, arquiteto real e construtor da Catedral de S. Paulo
(o seu pavimento composto de ladrilhos quadrados,
alternadamente pretos e brancos, dispostos diagonalmente); no triodaquele templo reunia-se uma das quatro lojas fundadoras da
Grande Loja de Londres e Westminster.
as dimenses do tmulo York sugerem um ossurio ou um tmulo
vertical; a primeira hiptese congruente com o arcaico rito de
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sepultar em dois tempos, a "impura carne" no ficaria sequerprxima ao SS - a segunda, lembra o costume da Antiga
Mesopotmia: sepultar seus reis em fossos verticais.
- em vez de ferramentas, simbolizando-as, antigos rituais
escoceses determinavam o uso de canudos de cartolina, talvez para
evitar acidentes decorrentes de pancadas mais fortes.
FONTES DE CONSULTA (as bsicas em negrito):
A Maonaria Operativa - N.Aslan - Ed. AuroraApreciao Sumria do Painel de Mestre - Trab. do Ir.'. Jos
Wainberg
A Simblica Manica - J. Boucher - Ed.Pensamento
As Transformaes do Mito atravs do Tempo Joseph Campbell
Cultrix
Dic. Judico de Lendas e Tradies - A. Unterman - Ed. J.Zahar
Ferreiros e Alquimistas - M. Eliade - Ed. Relgio d'gua
Free Mason at Work - Harry Carr (ainda no public. em
portugus)
Grande Dic. Enciclop. de Ma. e Simbologia - N.Aslan - Ed. Arte
Nova
Instru. p/Loja de Mestre - IIr.'. Assis e F.S. Paschoal - A Trolha
(nota abaixo)
Mesopotmia - Ed. Del Prado
O Mestre Maom - Assis Carvalho - Ed.A Trolha (nota abaixo),
O Mundo Egpcio - Deuses, Templos e Faras - Ed. Del Prado
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O Painel nas LLoj. do R.'. E.'. A.'. A.'. - Modena - O Vigilante,Jun/92
O Prtico - Modena - A Renascena, Ago/96
O Templo de Salomo na Tradi.Ma. - Alex Horne - Ed.
Pensamento
Sentido Oculto dos Ritos Morturios - J.P.Bayard - Ed. Paulus
Wren - Margaret Whinney - Thames and Hudson Ltd, London,
1971.
NOTA - tais obras dizem que J.Harrys fez um outro Painel para
uma loja hebraica, e no qual deu uma viso mais completa de sua
concepo acerca do tema. Na verdade, tal pintura foi feita pelo Ir.'.
Esmond Jefferies para o Rito Logic, conforme consta de minscula
legenda ao p da estampa reproduzida e textualmente expressa por
H.Carr em "The Freemason at Work". Alm disso, seus autores
incidem no erro de uma pretensa retificao de 3000 para 2992como origem da V.'. L.'. , quando, na verdade, o que Jefferies
apontou, com a segunda data em hebraico, e sem omitir a primeira
em algarismos arbicos, foi o trmino da obra: mais de sete anos de
trabalho. Mas, afora isso, nos particularmente importante assinalar
que tal painel faz constar abaixo das crpticas letras "ces" as iniciais
de liberty, fervency e zeal- dispensveis no nosso entendimento, a
no ser que tal redundncia seja aparente e, ento, a nossa
interpretao dando ao triplo "c" = cowans, no s uma hiptese,mas assertiva vlida, pois tambm est no contexto manico
ingls.
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Reconhecendo que, a despeito de seus esforos, no realizoua imagem do homem-tipo figurado no Pentagrama, o Companheiro
retorna Pedra Cbica atingida por numerosas imperfeies
mostradas atravs do controle minucioso da Rgua e do Esquadro.
Estes instrumentos lhe permitem reparar as negligncias de seu
trabalho. Ele retoma a Alavanca e censura-se por no a haver
manejado escrupulosamente na iniciao. Muito freqentemente,
no desejou estar inspirado por motivos rigidamente direitos, como
exige a rgua. Deve acabar de disciplinar sua vontade. Sua razono foi nunca arrastada para fora dos limites que traa o Compasso?
E, a seu governo, foi seu julgamento sempre aplicado a ele mesmo
com severidade? Discernindo estas faltas, desembaraou-se delas
sem pena, atravs de golpes de Malho assentados com vigor sobre
um cinzel bem dirigido?
Perscrutando sua conscincia, o Companheiro reconhece que,
a despeito de sua aplicao ao trabalho, est longe de haverrealizado a perfeio. Sua primeira instruo inicitica deve ser
retomada, porque se pergunta se a venda da ignorncia profana
realmente saiu da frente de seus olhos. So tantos os preconceitos
tenazes que o cegam ainda, que deve, mais do que nunca, lutar para
conquistar a luz. Depois, deseja o Clice da Amargura, que nem
sempre teve a coragem de esvaziar at as fezes, pois o homem recua
perante as crueldades contnuas da vida, ainda que tenha coragem
para lanar-se ao Fogo purificador da grande prova, porque maisfcil consentir em morrer bruscamente por um ideal, do que viver
exemplarmente, sem desfalecer, ao curso de peripcias de uma
longa e montona existncia renovadas incessantemente por
torturas mesquinhas. A constncia a virtude daqueles que a gua
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fortaleceu, ao mesmo tempo em que os lavou das imundciescontradas por contatos impuros. Mas quem pode gloriar-se de
escapar a toda mcula moral? Mesmo intelectualmente,
conseguimos nos defender sempre de todo o preconceito? As
discusses humanas no nos atraem para um dos campos
antagnicos? Para que o ternrio discreto se torne verdadeiro,
indispensvel que saibamos planar acima do terreno das querelas
estreis, porque dois pontos figuram dois contraditores que no
conseguem se ouvir, enquanto um terceiro ponto mediano no secolocar acima deles como rbitro e conciliador.
Sntese, apreciao imparcial
Tese, afirmao Negao, anttese
Elevar-se ao terceiro ponto fazer prova de serenidade de
julgamento prpria daquele que alcanou o cume da montanha onde
foi purificado pelo Ar. Mas uma viso clara no se adquire senoao preo de um prvio aprofundamento. Disso resulta que a
elevao do esprito sublimao filosofal acompanhada de um
esforo equivalente na descida a si mesmo.
por esta razo que o Companheiro, desejoso de entrar na
posse integral dos dois primeiros graus da Arte Real, retorna
Cmara de Reflexes onde comea por se submeter prova da
Terra: ei-lo de regresso ao ponto de partida, chamado, pela segunda
vez, a morrer voluntariamente.
Em realidade, est se examinando a ele mesmo, tal e qual na
Iniciao e sua incompetncia o abate: ele nada sabe e permanece
impuro, a despeito das purificaes sofridas. Tudo est para
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recomear, se quer tornar-se Maom, realizando o ideal manico,ou melhor, ambicionando o Mestrado.
II. A CMARA DO MEIO
Quando, voltando sobre seus passos, no aprofundamento dos
ensinamentos recebidos, o Companheiro chega ao ponto de partida,
no h lugar para mostrar-se orgulhoso de si mesmo. Ele quer
tornar-se um Iniciado, um homem mais esclarecido que os outros e
no se furtar das penas para instruir-se, praticando a virtude. Seus
estudos o fazem, finalmente, reconhecer que nada sabe e os
esforos consagrados realizao do bem o deixam convencido de
sua impotncia. tomo perdido na imensido, nfimo. loucura
de sua parte aspirar ao cumprimento da Grande Obra. No seria
mais sbio resignar-se ao inevitvel e deixar o mundo tal como ,
vivendo o menos mal possvel encouraado numa desdenhosa
indiferena?
Desencorajado, o pensador se fixa em suas reflexes. Onde
elas conduzem? Ele retorna para contemplar o lugar onde
mergulhou em suas meditaes. uma caverna tenebrosa onde no
brilha nenhuma claridade. Nada se manifesta sua vista, mas
escutam-se surdos gemidos que parecem provir de fantasmas.
Esses lamentos so sugestivos, pois evocam imagens lgubres. O
Companheiro, adepto da vida, tem a impresso de haver descido ao
antro da Morte onde esqueletos o rodeiam.
E ele no se engana, porque est na cripta da segunda morte
dos Iniciados, no centro simblico da Terra onde tem lugar a
Cmara do Meio, o santurio da desiluso absoluta. Penetrando-o,
somos chamados a morrer, no mais simplesmente para as
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grosseiras iluses do mundo profano, como no comeo de nossainiciao, mas para tudo o que frvolo e mesquinho. Desta vez,
no bastante se despojar dos metais, operao fcil
comparativamente ao despojamento integral que exige a segunda
morte: trata-se de se pr a nu alm da pele e das carnes, a fim de
no ser mais que um esqueleto, porque o futuro Mestre deve se
identificar com o Arcano XIII do Tarot, aquele que corta as
cabeas do Rei Razo e da Rainha Imaginao, mas que, ceifando,
faz surgir da terra, a cada movimento, mos para agir e ps paracaminhar. Isso significa que ser desencorajado pela desiluso
torna-se fecundo para o homem de ao, discpulo do progresso. A
tarefa positiva e a evoluo vital se afirma como realidade.
Que, alis, ensina a Geometria? O ponto matemtico sem
dimenso nada , mas, posto em movimento, este nada engendra a
linha, geradora da superfcie, me de todos os corpos de trs
dimenses. No somos nada enquanto permanecemos imveis, masnosso movimento deixa um traado luminoso, mesmo que no
sejamos mais que efmeras estrelas cadentes. Se concebermos que
tudo no mais que o nada em marcha, tornamos ativa nossa
inao, sem nos enganarmos sobre nosso prprio valor e nossa
capacidade. Agimos, sem nos debater em pura perda, porque
vamos construir, porque este o objetivo da vida.
Todavia, aps haver sondado a profundidade de nossa
ignorncia, como podemos trabalhar em segurana, certos de queno nos enganaremos em nossa empresa? Ora, a desiluso paralisa:
ela destri a confiana adquirida pelo Companheiro e a certeza dos
princpios segundo os quais ele trabalha. Perdendo sua f ativa, ele
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abandona seus utenslios para permanecer desamparado entreaqueles que sucumbem, como ele, na grande prova da decepo.
Em que o desiludido poria sua confiana? Est sem iluses
mesmo quanto Maonaria, instituio que formula os bons
princpios, mas no os aplica mesmo em seu prprio seio. Os
maons pretendem fazer reinar a harmonia no mundo: ora, eles se
agrupam em organizaes que se opem umas s outras e se
recusam a confraternizar entre elas. As Lojas recrutam mal e so
invadidas por ignorantes vaidosos, incapazes de se iniciar
realmente: tambm a iniciao ela fictcia, e a Maonaria vegeta
como um corpo sem alma do qual o esprito foi retirado.
Tal , eis, a irreparvel catstrofe prevista pelo Ritual: o
Esprito no mais governa. O Arquiteto do Templo est morto, e
ningum capaz de substitu-lo. Os Mestres que recebiam suas
instrues esto desamparados. Esto reunidos na Cmara do Meio,
mas avaliam a situao sem sada e se abandonam dor de no ter sua cabea o sbio Hiram, detentor dos supremos segredos da Arte
de construir.
III. O MESTRE DOS MESTRES
A Bblia no faz aluso a Hiram, o arquiteto do Templo de
Salomo: artista hbil em trabalhar os metais, esse fundidor no
intervm seno tardiamente para preparar o Mar de Bronze, umaespcie de vaso sagrado, sem esquecer as colunasJakin e Boazque
se desenhavam exteriormente direita e esquerda da entrada
principal do santurio.
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Grau de MESTRE MAOM
Nenhum escritor judeu faz aluso morte de Hiram, o quefaz supor que retornou a Tiro aps o trmino dos trabalhos que
aceitara executar em Jerusalm. O que os Maons contam a esse
respeito , pois, pura lenda, um mito que no tomou de emprstimo
da Bblia seno o nome de seu heri.
Para os iniciados, tornou-se o arquiteto que traava os planos
e dirigia os trabalhos dos obreiros construtores que dividiu em
Aprendizes, Companheiros e Mestres. Todas as classes de obreiros
recebiam salrios de forma diferente: Os Aprendizes, junto
Coluna Boaz; os Companheiros, em Jakin; os Mestres, na Cmara
do Meio. Mas cada categoria, para esta finalidade, deveria fazer-se
reconhecer pelos mistrios particulares do grau.
Ora, trs Companheiros haviam, inutilmente, solicitado o
mestrado. Foram julgados insuficientemente instrudos pelos
Mestres que, assim, adiaram sua exaltao. Porm, satisfeitos deles
mesmos, os trs obreiros acreditaram-se vtimas de uma injustia eresolveram obter, pela astcia, o que lhes fora recusado.
Seu plano era o de constranger Hiram a comunicar-lhes o
segredo dos Mestres. Postaram-se, ento, perto do meio-dia, junto
s trs portas do Templo, porque o trabalho era interrompido nesse
horrio e o arquiteto tinha o costume de percorrer sozinho o
canteiro de obras, a fim de controlar o avano da construo.
Tendo acabado sua inspeo, Hiram quis sair pela porta ondeespreitava o primeiro dos trs conspiradores. Um dilogo se engaja.
O Companheiro julga-se digno de passar a Mestre e intima Hiram a
revelar-lhe imediatamente o segredo do terceiro grau. Hiram recusa
com indignao, da o furor do Companheiro que desfere no Mestre
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um violento golpe com a Rgua. Visava cabea, mas ummovimento de sua vtima desviou o instrumento que se abateu sobre
o ombro, perto do pescoo.
Hiram retira-se e dirige-se para outra sada, onde se choca
com o segundo conjurado, mais insolente ainda que o primeiro em
suas pretenses. Permanecendo firme em sua recusa, o Mestre ,
desta vez, atingido na regio do corao com a ajuda de um
Esquadro ou de uma alavanca, segundo certos Rituais.
Cambaleante, Hiran encontra foras para ganhar a terceira
porta que est guardada pelo mais exaltado dos trs malfeitores. O
Mestre declara insensatas as suas exigncias, o que lhe vale um
mortal golpe de Malhete sobre a fronte.
Apavorados com seu intil crime, os assassinos escondem o
corpo de Hiram sob escombros. Depois, com a vinda da noite, eles
o transportam para longe, enterrando-o num local pouco propcio.
O desaparecimento de Hiram consternou a todos os Obreiros,
em particular, os Mestres que, em seu abatimento, se puseram a
gemer, sentindo-se incapazes de substituir o Arquiteto
traioeiramente entregue morte, porque o crime, isto era
evidente, unicamente maus Companheiros o teriam podido
perpetrar.
Enquanto os Mestres se lamentavam, um Companheiro
penetrou em seu asilo de luto e recolhimento. No seria este umdos assassinos de Hiram vindo confessar seu crime movido pelo
remorso?
IV. OS ASSASSINOS DE HIRAM
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Exata em seu significado, a lenda mais verdica, a seumodo, que a Histria, muito freqentemente edificada com a ajuda
de informaes equvocas. O fundidor Hiram dos textos bblicos,
por hbil que fosse, um personagem de muito pouca importncia
histrica, no tendo em comum seno o nome com o Mestre Hiram
do Ritual manico. Todavia, o que personifica esse arquiteto
imaginrio uma formidvel realidade. No , pois, de nenhum
modo, pueril exigir de um candidato a Mestre a prova de sua
inocncia no assassinato de Hiram.
Para o Iniciado, Hiram no outro seno o esprito manico.
Enquanto ele vive, a Maonaria persiste em sua tarefa construtiva, o
Templo construdo e, bem inspirados, os maons trabalham com
mtodo, satisfeitos com o progresso que constatam. Mas trata-se de
um perodo conturbado, em que Hiram no mais dirige o trabalho
manico, pois caiu vtima dos conspiradores da lenda que, eles
tambm, no so reais.O primeiro encarna a ignorncia. No mais aquela dos
profanos, mas a dos maons que deveriam ser instrudos em suas
qualidades de Companheiros, iniciados nos mistrios da Estrela
Flamgera. Infelizmente, certos portadores de insgnias ignoram
tudo a respeito da Maonaria que eles pretendem, melhor que
ningum, compreender, pois que foram admitidos entre aquela
maioria de obreiros que sabem trabalhar. Colocando tudo a seu
nvel que , a seus olhos, unicamente a intelectualidade racional,
tm eles por certo que nada poderia ultrapassar sua compreenso,
salvo se fosse absurdo. Armados dessa Rgua inflexvel, golpeiam
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o Mestre. No o matam imediatamente, mas o paralisam em suaao (brao direito).
O candidato ao terceiro grau nunca pactuou com espritos
superficiais sempre prontos a condenar aquilo que no
compreendem? No se pronunciou pela supresso daquilo que no
se enquadrava em sua lgica estreita, muito solcito em atrelar-se
tradio manica? Qual foi sua atitude em presena de criticas
inconsideradas, formuladas vista dos usos pretendidos ridculos
ou, no mnimo, ultrapassados? Est certo de no haver nunca
participado da mentalidade que fez abater sobre o Mestre a pesada
Rgua do primeiro assassino? Se pecou, reconhece seu erro e toma
a resoluo de repar-lo?
O segundo assassino representa ofanatismo. No aquele dos
inimigos exteriores da Maonaria. As organizaes so ameaadas
por maus internos que simbolizam os maus Companheiros,
promotores da morte de Hiram. So os que medem com oEsquadro, aplicando a outrem este instrumento de controle, quando
deveriam servir-se dele para assegurar o corte correto de sua prpria
pedra: proclamam-se eles mesmos justos e impecveis e se impem
como modelo.
Infeliz daquele que se recusa conformar-se com sua norma!
Os maons que no partilham de sua opinio so denunciados como
herticos e rejeitados como falsos irmos. A tradio vital da
tolerncia assim ignorada. Hiram perigosamente atingido no
corao pelos maons que tomam dio de seu contraditor,
contestando sua boa f.
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O futuro Mestre admite que algum possa pensar e agir deoutra maneira que ele? Considera como vlida apenas sua prpria
interpretao da lei manica? Legislando arbitrariamente, segundo
o particularismo de suas estreitas concepes, no espreita Hiram
perfidamente, armado de um Esquadro falseado pela intolerncia?
Aqui, agora, a falta deve ser confessada e reconhecida em
todas as suas conseqncias e depois expiada por um
arrependimento profundo.
Isso no tudo. O pior dos criminosos figura a ambio dos
exploradores da ignorncia e do fanatismo. Esses perversos
apoderam-se do Malhete que mata Hiram: so os polticos que
pem a Maonaria a servio de sua ideologia particular. Todos
aqueles que desviam a Instituio de persistir em sua Grande Obra
construtiva, tornam-se culpados do crime irreparvel contra a
tradio simbolizada por Hiram.
A ignorncia corrige-se pela instruo, e a intolerncia
sectria uma enfermidade curvel. Mas o egosmo que a ambio
possui revela-se indigno da Arte Real. O mestrado no convm
seno quele que se esquece dele mesmo e no sucumbe
fascinao de qualquer miragem de vaidade. O orgulho de
comandar ou brilhar num posto eminente no conduz seno a
grandezas ilusrias. Para tornar-se realmente Mestre, o indivduo
deve concentrar seus desejos sobre o desenvolvimento de sua
capacidade de servir a outrem. Esforcemo-nos por nos tornar teis
na medida de nossos talentos e de nossa energia, se quisermos nos
elevar.
V. O CADVER DA TRADIO
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A imperfeio humana tende a matar continuamente oArquiteto do Templo humanitrio. Hiram morre diariamente
quando os homens erram, porque os Iniciados tm por tarefa
constante a de ressuscitar. Mas, para proceder a uma ressurreio,
indispensvel encontrar-se em presena do despojo mortal do
defunto. A procura do cadver de Hiram se impe, pois, aos
adeptos que a morte do Mestre mergulhou no luto e na
consternao.
Chorando Hiram, rendem em sua alma um culto ao ideal
desconhecido e mantm vivo o esprito que cessou de dirigir o
trabalho manico. Eles permanecem fiis ao sentimento pela
tradio que est intelectualmente perdida. So os bons maons que
fazem confusamente uma idia muito alta da Maonaria, instituio
gloriosa no passado, mas atualmente enfraquecida, doente e em vias
de desorganizar-se. Eles sofrem e choram, porque tm conscincia
de uma palavra perdida e do apagar das luzes que esclareceramoutrora os verdadeiros iniciados.
Ns no sabemos mais nada, dizem eles, tudo foi
esquecido; mas restam-nos os vestgios mortos do antigo saber
vivente. Essas relquias so sagradas para ns, porque, se nada
mais subsiste nas runas do edifcio do qual queremos retomar a
construo, como poderemos persistir na eterna Grande Obra? Eis
o que resta de p na tradio morta para compreenso do maons,
uma conjuntura supersticiosa da Maonaria so seus usos
inveterados, os smbolos obrigatrios e os ritos iniciticos que a
prtica impe. Tal o cadver de Hiram que se presta evocao
de seu esprito animador, se no for subtrado s homenagens dos
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fiis tradio pelos maus Companheiros. Encontrar esse cadver, pois, a tarefa que se impe aos Mestres, desde que, dominando
sua dor, tomem conscincia daquilo que exigem deles as
circunstncias.
Nove Mestres se dispersam por grupos de trs, para procurar
o corpo de Hiram. Isis, em luto, percorreu toda a terra para
descobrir, um a um, os pedaos do corpo de seu esposo, porque
Osiris no pode ser chamado vida, se seu cadver no for
reconstitudo em sua integridade. Em Maonaria, o esoterismo o
mesmo: deve-se restabelecer o simbolismo manico em seu
conjunto coerente, a fim de tomar sua significao e fazer reviver o
esprito daqueles que praticam apenas uma rotina supersticiosa.
Como o de Osris, o corpo de Hiram sofreu mutilaes. Em
seu falso racionalismo, os Companheiros amputaram-lhe os
membros; outros, por sectarismo, enxertaram estranhos apndices
aos organismo normal do Mestre. Convm restituir aqueles que osprimeiros arrancaram, desembaraando das adjunes heterclitas
dos segundos o corpo do Mestre que vai ressuscitar. Distinguir o
que manico daquilo que no tal deve ser o cuidado dos
expertos encarregados de encontrar o cadver de Hiram. Eles se
dirigem para o Ocidente, Oriente e Meio-Dia, concordando em se
reunir ao Norte. Isso quer dizer que se informam por tudo o que
universalmente tradicional, fazendo abstrao das fantasias locais e
no retendo seno aquilo que incontestavelmente inicitico. Uma
cincia positiva no seu guia; tambm eles erram muito tempo
antes de encontrar indcios satisfatrios. Finalmente, um deles deita
vistas sobre um ramo de Accia.
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Para se chegar a compreender o alcance do mito manico, necessrio lembrar que a planta de que se trata aqui aparece como a
nica em meio s areias desrticas. Trata-se de um arbusto
espinhoso entre os Orientais que vem nele um emblema da
imortalidade. Em Maonaria, os adeptos que se gabam de conhecer
a Accia, tm-se como iniciados nos mistrios do terceiro grau da
Arte Real. Uma particular importncia liga-se, ento, ao ramo
verde que sinala a terra sob a qual se descobrir o corpo de Hiram.
Que significa esse ramo revelador? O verde, cor da
esperana, faz aluso que subsiste ainda em meio ao desespero. A
crena no amanh reanima a coragem daqueles que o presente
desilude. Ora, esta confiana nasce de um sentimento indestrutvel
que liga o homem Vida e Grande Obra que ela persegue.
Conhecer a Accia tomar conscincia do incessante trabalho vital,
adquirir a certeza de que esse trabalho necessrio no sofrer
qualquer interrupo prolongada. Se pra momentaneamente, para ser retomado de imediato com novo vigor. Direcionado por
um falso caminho, sofre curta interrupo que o obriga a melhor
orientar-se. Hiram no saberia permanecer morto: ele no foi morto
seno em vista de sua ressurreio.
VI. O TMULO DE HIRAM
Fixado na terra entre um Esquadro e um Compasso, o ramo
de Accia revela o lugar da sepultura do Arquiteto assassinado.
Hiram foi enterrado a pouca profundidade e as trolhas postas em
ao no tardam em remover a areia que recobria o corpo do Mestre
venerado.
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Esse trabalho de liberao efetuado por aqueles maonsque aprofundaram a Maonaria, porque, enquanto ela permanecer
incompreendida, no representar seno o tmulo da Tradio
morta, essa colina que se eleva acima da banalidade do deserto
humano, mas que o Esquadro e o Compasso, acompanhando a
Accia, designam ateno dos fiis de Hiram. A Maonaria no ,
vista do exterior, seno uma coisa muito pobre, um acmulo de
insignificantes gros de areia; mas o que ela esconde sob essa
modstia inestimvel aos olhos dos sbios, porque a tradioinicitica est morta, mas intacta, reconstituda em sua sntese
orgnica.
Sem dvida, um gesto de horror escapa daqueles que so
postos em presena desse majestoso conjunto. Como semelhantes
ensinamentos puderam se perder? Que perverso ousa matar aquele
que, acima de tudo, merece viver? O crime cometido abominvel
e enche de horror aqueles que o avaliam em toda a sua ignomnia.Se a Maonaria estivesse viva, se seus adeptos se compenetrassem
em traz-la vida, praticando-a em esprito e verdade, que no seria
ela em comparao com o que mostra presentemente?
Contemplando os traos imveis do Mestre, os adeptos fiis
admiram a Tradio, mas desesperam de o fazer reviver, em
presena das disposies refratrias de muitos maons
contemporneos.
Todavia Hiram repousa em tal calma serena, que parece
dormir. D a iluso de respirar ainda e de estar prestes a despertar.
Um dos Mestres no consegue se impedir de tomar a mo direita do
morto que pressiona como Aprendiz, pronunciando a palavra
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sagrada do primeiro grau. Hiram permanece insensvel a estaprimeira tentativa que no tem outro resultado seno uma
desoladora constatao: a carne se desprende dos ossos.
Deve-se conhecer integralmente a Maonaria, seus usos e
seu simbolismo para ressuscitar Hiram, reanimando espiritualmente
o cadver da Tradio morta. Limitada aos mistrios do primeiro
grau, a Iniciao impotente para expulsar dele a morte e permitir
que fique de p, caminhe e viva. Os segredos de Companheiro
mostram-se, eles tambm, impotentes, porque Hiram permanece
inerte, mesmo quando a palavra sagrada do segundo grau lhe
soprada na orelha e lhe dado o toque correspondente. Eis: tudo se
desune uma compreenso parcial insuficiente; deve-se tomar em
conjunto o esprito vital da Iniciao, para reanimar o corpo de
Hiram.
Isso significa que um conhecimento experimental da
Maonaria, tal como se pratica, Compagnonnage ouCompanheirismo, no confere ainda o poder de despertar o
Mestre. A tradio que deve reviver mais augusta do que aquela
da qual os maons atuais detm a herana parcial. A Arte Real
excede-os em sua insuficiente compreenso inicitica. Eles
possuem os smbolos e os ritos, as exterioridades corporais, mas o
esprito animador lhes escapa.
Este esprito de vida permanece surdo ao apelo do
racionalismo dos Aprendizes: o raciocnio desagrega e os
argumentos lgicos no engendram, em sua frieza, qualquer calor
vital; doutra parte, a galvanizao sentimental dos Companheiros
no consegue vencer a inrcia cadavrica.
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articulaes e ritmo respiratrio. Ele vive, mas permanece fraco ecrispa sua direita, ainda impotente, naquela que lhe comunica a
energia reanimadora. Na realidade, ele dorme ainda e recairia por
terra, caso seu vivificador no o sustentasse com a mo esquerda
que desliza pelo ombro do desfalecente. Nesse momento, trs
slabas so sopradas na orelha do ressuscitado que permanece
inconsciente. Elas significam: Ele vive nos Filhos e revificam o
Mestre intelectualmente.
O que deve reviver em todo Companheiro entregue morte
como Hiram e ressuscitado segundo o procedimento tradicional o
Esprito Manico. Esse esprito anima o Construtor que se
consagra Grande Obra, quando aplica sua inteligncia em
discernir o plano do Arquiteto, a fim de consagrar toda sua energia
realizao desse plano. Para passar a Mestre, deve-se discernir o
que se quer fazer, decifrar o plano segundo o qual o trabalho da
vida universal se concretiza. Este discernimento confere a supremainiciao, porque ns no podemos nada ambicionar alm de
compreender como o Universo se constri, a fim de podermos nos
associar, a seguir, com todas as nossas foras, ao grande Trabalho
construtivo. Hiram revive em ns quando o esprito manico nos
anima, quando, mortos para tudo o que mesquinho, consagramo-
nos sem reserva e com absoluta abnegao Grande Obra do
progresso humano. O Mestre deve estar morto para todo egosmo;
no sonha com a felicidade individual nem com a glria ligada aseu nome: no verdadeiramente Mestre seno quem se identifica
com a Obra. Diante desta, ele se apaga e se aniquila, porque no se
eleva ao Mestrado seno quem absorvido pela Obra, para morrer a
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fim de poder viver. Os mistrios do grau de Mestre so aqueles daVida e da Morte, antagonismo no mais que aparente.
O verdadeiro Mestre vive em tudo, estando morto. Ele
permanece afastado de tudo aquilo que torna o homem escravo.
Desiludido, indiferente a ele mesmo e nada ambiciona, nem a
sabedoria, e ainda menos a glria. Morto para ele mesmo,
insensvel ao que lhe toca, ele matou em seu corao todo desejo
egosta. Sua vontade no se torna seno mais potente em seu
desinteresse: ele comanda o Futuro, porque, se o Presente escapa ao
Mestre, tem ele o poder de determinar o Amanh. Seu sonho lcido
plstico; seu pensamento fecundante projeta-se na matriz daquilo
que deve nascer. Ele o profeta mudo daquilo que se prepara para
se objetivar. um homem pacfico que observa em silncio e deixa
perorar os energmenos; ele pode passar despercebido, mas sua
ao irresistvel, mesmo quando no mais que metal.
O Mestre influencia: quando se cala, seu silncio faz osoutros pensarem; assim como um orador brilhante, no , talvez,
seno um mdium inconsciente, eco retumbante do pensamento do
Mestre silencioso. Graas aos iniciados do Terceiro Grau, a
Maonaria realiza sua obra, a despeito dos tagarelas superficiais e
dos excitados que a comprometem. Onde estaria a instituio sem
fiis discpulos de Hiram que saibam ressuscitar o Mestre que maus
Companheiros no cessam de matar? Tudo simultneo em
Iniciao.
VIII. OS SUPERIORES DESCONHECIDOS
O drama do Mestrado se desenrola na obscuridade at o
momento em que Hiram, na pessoa do recipiendrio, ergue-se
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revificado. Uma cortina se afasta, ento, revelando o Oriente, ondea luz resplandece, como se emanasse de Mestres integralmente
iniciados reunidos nessa parte da Loja.
Esses Mestres permanecem separados de ns, enquanto
Hiram no for ressuscitado em nossa pessoa. Sem v-los, podemos
compreend-los: so os inspiradores daqueles que sabem escutar os
Superiores Desconhecidos, escondidos atrs da cortina das
aparncias sensveis de onde prosseguem os trabalhos, visando
plena utilizao das foras do bem. esse o sentido que lemos em
Symbolum, poesia composta por Goethe ao sair de uma Sesso de
Mestre:
Doch rufen von drben,
Die Stimmen der Geister,
Die Stimmen der Meister:
Versamt nicht zu ben
Die Krfte des Guten.
Do alm chamam as vozes dos espritos, as vozes dos Mestres:
no negligencieis de aplicar as foras do bem.
Esta estrofe assimila os verdadeiros Mestres aos espritos,
gnios invisveis que entraram na imortalidade. Quando nos
debatemos no seio das trevas do canteiro terrestre, no possumos oMestrado seno na medida em que entramos em comunicao com
inteligncias liberadas da priso do corpo. Submetendo-se
segunda morte, o Mestre se espiritualiza, rechaando, como indica o
smbolo do Terceiro Grau, tudo o que nele subsiste de inferior e de
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grosseiramente animal. Elevando-se acima de sua estreitapersonalidade, torna-se acessvel s influncias misteriosas.
Guardemo-nos aqui de todo materialismo. Os Superiores
Desconhecidos no so chefes em carne e osso, como se lhes
figurou o Baro de Hund, mal instrudo a esse respeito no Sculo
XVIII, quando ento fundou a Estrita Observncia, organizao
manica acolhida com zelo na Alemanha. Uma insuficiente
iniciao tem difundido, em nossos dias, a concepo de umaLoja
Branca, composta por sbios que se desdobram metapsiquicamente
para instruir ao longe seus discpulos, sem precisarem sair
materialmente de seu inacessvel monastrio tibetano. Perturbadora
para os gegrafos, semelhante localizao parece uma infantilidade.
O esprito sopra onde quiser, manifestando-se por tudo, sem ter
necessidade de um refgio onde se prenda.
Seguramente, a direo superior da Maonaria no pertence
aos dignitrios que so eleitos anualmente. Os chefes de Lojas oude Grandes Lojas dirigem a menor e, muito freqentemente, com
mesquinharia: s vezes, manobram mal o Malhete que lhes
confiado; a despeito de seus ttulos e de seus penduricalhos, no so
os Superiores efetivos, ou, falando de outro modo, os verdadeiros
Mestres.
O verdadeiro Mestre discreto: indiferente s honras, ele
pode aceit-las, mas prefere esquivar-se delas. Sua ao
silenciosa, porque o verdadeiro Mestre deixa falar e contenta-se
com agir; ele obra modestamente em sua esfera, sem deixar-se
perturbar pela agitao dos profanos fantasiados de iniciados. Fiel a
seu ideal, limita-se a viver exemplarmente. Aplica-se a bem
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trabalhar, por puro amor Arte. Ele no est abandonado a simesmo. Desconhecido pelos excitados que se debatem sob o
aguilho da cobia egosta, ele atrai a ateno e a simpatia dos
Mestres efetivos, desconhecidos eles tambm: sua ajuda fraternal
no lhe falta; ela se traduz numa colaborao ntima e constante,
contanto que o Mestre trabalhe superiormente.
Quando se inclina sobre a Tbua de Delinear, no o nico a
coordenar o plano segundo o qual se deve construir o amanh. Se
est ento lcido, no credor da colaborao de inteligncias
liberadas do corpo? Sem cair nas puerilidades do espiritismo
evocador de fantasmas, lhe permitido considerar que nada se
perde no domnio das idias. O pensamento vital permanece
vivendo, independente de crebros que vibrem sob sua ao.
Inacessvel em sua sutileza transcendente, ele se particulariza, se
condensa e se coagula ao apelo dos pensadores; meditando,
atramo-lo para ns, emprestando-lhe uma forma expressiva: tal otrabalho sobre a Tbua de Delinear.
Esse trabalho uno no que tende unio da individualidade
pensante com o Pensamento Superior generalizado. Se o mstico se
engaja na via unitiva sentimentalmente, por contemplao passiva,
o Iniciado permanece fiel ao mtodo ativo: ele procura a Verdade
com confiana e a extrai de toda parte, porque tem a misso de
construir segundo imutveis princpios de solidez. Construtor
prtico do futuro prximo, no sonha durante a vida. Em sua boa f
e fervorosa vontade de realizao, merece ser ajudado, quando
aspira a bem dirigir seus prprios esforos e o daqueles
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Companheiros que se reportam sua experincia. Tendo carregadoa alma de energias atuantes, a luz nutriz lhe dada.
Ela lhe vem muito naturalmente, por um mecanismo de alta
psicologia ao qual faz aluso a teoria dos Superiores
Desconhecidos, enigma sutil proposto sagacidade dos Mestres.
IX. A RESSURREIO DOS MORTOS
Tudo verdadeiro, com a condio de ser entendido
espiritualmente. O organismo decomposto no se reconstri emseus elementos definitivamente separados e postos na circulao
geral. O morto que ressuscita no um corpo, mas um esprito; no
um espectro ou um fantasma, mas uma energia real e indomvel.
Aquilo que vive merece reviver e retoma uma nova forma
apropriada s circunstncias. assim que o passado cado no
esquecimento surge de sua tumba para responder ao apelo do
presente. Quando uma necessidade se faz sentir, h de fato
mesmo uma evocao, e aquele que espera sobre a terra
rejuvenesce ento como rebentos primaveris. Hiram revive porque
a tradio inicitica no pode se perder; essa luz que se vela e
parece s vezes extinta no pode sofrer seno eclipses
momentneos. Presa em lanternas sujas, ela nos foi transmitida
apenas reconhecvel. Ao longo de sculos de incompreenso,
Hiram dormiu, mas acorda quando seus adeptos prevenidos
aproximam-se do tmulo da letra morta, para atrair a si o corpo
inanimado. Aquele que compreende d a vida aos mortos de
esprito, assassinados pela incompreenso. Incompreendida, a
Iniciao pode se praticar sob a forma de culto exterior,
perpetuando ritos e transmitindo smbolos; a Maonaria quase nada
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faz melhor que isso: um jogo inicitico atraindo crianas grandesque se comprazem em ser postas em cenas das quais no
adivinhavam seno vagamente o sentido. Mas o adolescente pra
de brincar com o que lhe parece pueril; tomando-se a srio, no se
abandona mais em infantilidades, desvia-se da Tradio que no
estiver mais viva e que no subsistiria seno como corpo sem alma.
Tornada habitvel, a habitao solicita um habitante.
Praticada corretamente, segundo a letra, a Iniciao rebela-se e
conduz reflexo; con