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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM PRODUÇÃO ANIMAL www.neppa.uneb.br SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE OVINOS E CAPRINOS DE CORTE Danilo Gusmão de Quadros NEPPA-UNEB Apostila técnica do Curso sobre “Sistemas de produção de ovinos e caprinos de corte”, realizado na Pró- Reitoria de Extensão da UNEB Salvador Bahia Novembro de 2005
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SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE OVINOS E CAPRINOS …...Os aspectos mais importantes da criação de ovinos e caprinos são: - alimentação, - sanidade, - manejo, - genética, - reprodução

Aug 18, 2020

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO

NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM PRODUÇÃO ANIMAL

www.neppa.uneb.br

SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE OVINOS E CAPRINOS DE CORTE

Danilo Gusmão de Quadros

NEPPA-UNEB

Apostila técnica do Curso sobre “Sistemas de produção de ovinos e caprinos de corte”, realizado na Pró-Reitoria de Extensão da UNEB

Salvador – Bahia

Novembro de 2005

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1.0 Introdução

No Brasil, a carne de cordeiros e cabritos, apesar de ainda possuírem preços considerados elevados, vem cada vez mais conquistando novos consumidores, principalmente nos grandes centros urbanos. A forma que atualmente se apresentam esses produtos (cortes selecionados, resfriados ou congelados) e a sua alta qualidade intrínseca, tornam-os quase irresistíveis ao consumidor.

Na região Nordeste do Brasil, a ovino-caprinocultura é uma importante atividade sócio-econômica, com destaque para a agricultura familiar. Atualmente, a atividade se expande com investimentos de empresários e incentivos governamentais, dotando o criatório com soluções alternativas baseadas em tecnologias regionais.

O Estado da Bahia conta com a maior população caprina e a segunda maior ovina do Brasil, com 4,8 e 3,0 milhões de cabeças, respectivamente. Entretanto, os sistemas de criação predominantes são caracterizados por baixos índices zootécnicos, em conseqüência da precária nutrição, dos problemas sanitários, do manejo ineficiente e do baixo potencial genético dos animais.

Apesar da rápida expansão da ovino-caprinocultura de corte no Brasil, urge o fortalecimento de vários setores da cadeia produtiva. Os fatores mais limitantes são:

- falta de fornecedores de insumos para ovinos; - presença de pastagens inadequadas; - incipiente experiência do proprietário na atividade; - dificuldade de aquisição dos animais com qualidade de bom preço para iniciar o

plantel; - mão-de-obra despreparada; - inexistência de associativismo e cooperativismo dos produtores.

A maioria dos produtores interessados é iniciante e muitos outros desejam entrar

na atividade. Assim, o primeiro passo é o planejamento das etapas da criação, utilizando a tecnologia adequada ao nível de investimento. Para tanto, é imprescindível o apoio técnico qualificado, resultando em alta relação benefício:custo, otimização dos recursos existentes, alocação correta do capital e definição do sistema produtivo.

Os aspectos mais importantes da criação de ovinos e caprinos são: - alimentação, - sanidade, - manejo, - genética, - reprodução - mercado. O proprietário deve estar atento a todos os segmentos da cadeia produtiva. A

tomada de decisão no “fora-da-porteira” é tão importante quanto “dentro-da-porteira”. 2.0 Principais raças ovinas e caprinas – seleção e cruzamento para produção de carne

Existem cerca de 351 raças caprinas e 920 ovinas no mundo. No Nordeste brasileiro as mais encontradas são: caprinos - Moxotó, Mambrina, Jamnapari, Bhuj, Anglo-nubiana, Saanen, Toggenburg, Parda Alpina, Alpina Britânica, Alpina Americana, Angorá, Boer, e os grupos étnicos Canindé, Marota, Repartida e Gurgéia; ovinos -

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Morada Nova, Santa Inês, Bergamácia, Somalis e Rabo Largo. Raças ovinas lanadas de corte também foram introduzidas (Texel, Suffolk, Hampshire Down, Ilê-de-France, Dorset) e, mais recentemente, as raças sulafricanas ovinas deslanadas Dorper e Damara, além da Savanna e Kalarari de caprinos de corte.

2.1 Raças ovinas 2.1.1 Deslanadas – rebanho base

No nordeste, as raças deslanadas são comumente criadas puras, sendo selecionadas pelas características desejáveis, ou formarem rebanho base, materno, no qual novas raças exóticas, tipo carne, são introduzidas como parentais.

2.1.1.1 Santa Inês A demanda de ovinos da raça Santa Inês no Brasil tem aumentado

significativamente nos últimos anos, devido ao crescimento do número de criadores que aderem à criação de ovinos dessa raça. A raça Santa Inês é nativa do nordeste brasileiro, oriunda, provavelmente, do cruzamento de Morada Nova e Bergamácia. Alguns sugerem a participação de uma terceira raça, que pode ser a Somalis, na sua formação. O Santa Inês é um ovino deslanado, de grande porte, com machos adultos pesando de 80-100 kg e fêmeas adultas com 60-70 kg. Cabeça com perfil semi-convexo, mocha, mucosas pigmentadas, exceto nas variedades brancas, orelhas de tamanho médio em forma de lança. Pescoço bem inserido com, ou sem, brincos, dorso reto, podendo apresentar pequena depressão atrás da cernelha. Garupa levemente inclinada, cauda de comprimento médio, não passando dos jarretes, ossatura vigorosa, cascos escuros, ou brancos, de acordo com a cor das mucosas nasais e órbitas oculares. Pelagem preta, vermelha, branca e combinações. Aptidões para carne e pele, fêmeas prolíferas com boa habilidade materna e produção de leite, sendo exigente quanto à alimentação. Em 2001, animais da raça Santa Inês ocupavam em relação ao número de registros de animais puros de origem (PO), a nona posição. No entanto, quando se trata de animais puros por cruza de origem conhecida e desconhecida (PCOC e PCOD), a raça possui a maior população de ovinos controlados, cerca de 90 mil animais, correspondente a 60 % do total dessas categorias. Levando em consideração o pouco tempo de controle genealógico e o impulso na criação de animais dessa raça, em breve, o Santa Inês deverá também apresentar a maior população de ovinos PO do Brasil.

2.1.1.2 Morada Nova Raça de porte pequeno. Boa adaptação aos trópicos, alta prolificidade.

2.1.1.3 SRD - Sem Raça Definina Tipo comum, de raça não identificada. Geralmente apresenta boa rusticidade e adaptação ao meio ambiente. Como exemplo de outras raças deslanadas temos a Rabo Largo, Somalis Brasileira. De lanadas rústicas temos a Bergamácia.

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2.1.2 Raças exóticas tipo carne para cruzamento

2.1.2.1 - Lanadas

Sullfolk - Raça de origem inglesa, de porte grande, denominada “cara negra” com orelhas bem desenvolvidas, face e patas pretas. Não apresenta lã nas extremidades (cabeça, patas e barriga), suporta melhor solos úmidos. Hampshire Down – Raça de origem inglesa, de porte médio a grande, denominada “cara negra” com orelhas não muito desenvolvidas, face e patas pretas. Apresenta lã nas extremidades (cabeça, patas e barriga), mesmo possuindo cascos escuros, não suportam solos úmidos, mal drenados e alagados. Texel – Raça de origem holandesa, de porte médio, apresenta orelhas pequenas e eretas, mucosas pigmentada, sem lã nas extremidades e com cascos escuros. Produz bem em solos mais úmidos. Ilê-de-France – Raça de origem francesa, de porte grande, possui orelhas não muito desenvolvidas, mucosa despigmentada rosada. Apresenta uma certa quantidade de lã nas extremidades e com cascos claros despigmentados. Não pode ser criada em solos úmidos.

2.1.2.2 Deslanadas

Dorper – Raça de origem sul-africana, de porte médio, introduzida no Brasil aproximadamente em 2000. Apresenta boa conformação de carcaça e bons rendimentos de cortes.

2.1.3 Cruzamentos para produção de carne ovina Nas Tabelas 1, 2, 3 e 4 são apresentados os resultados de pesquisa sobre alguns

aspectos da produção de carne e qualidade da pele obtidos com ovelhas sem raça definida cruzados com carneiros de raças exóticas tipo corte e Santa Inês e outro trabalho cruzando matrizes Santa Inês com reprodutores de raças exóticas tipo carne.

TABELA 1 – Peso ao nascer, ao desmame, ganho de peso diário (GPD) e taxa de sobrevivência de cordeiros na fase de produção.

Genótipo* Peso ao nascer (kg)

Peso ao desmame

(kg)

GPD (g/dia)

Taxa de sobrevivência

(%)

Fonte

½ SI-SRD 3,2 11,4 98 89

Machado et al. (1999)

½ SU-SRD 3,9 12,7 105 84 ½ HD-SRD 3,7 12,5 105 71 ½ TX-SRD 3,8 14,1 124 90 ½ IF-SRD 3,8 13,1 113 80

SI 3,6 13,5 175 - Santos et al. (2001) ½ SI-SU 4,4 17,0 210 -

½ SI-IF 3,8 14,1 171 - *SRD – Sem raça definida; SI – Santa Inês; SU – Sullfolk, HD – Hampshire Down; TX – Texel; IF – Ilê-de-

France

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TABELA 2 – Ganho de peso diário (GPD), peso de abate, idade de abate e conversão alimentar de cordeiros na fase de acabamento.

Genótipo* GPD (g/dia)

Peso de abate (kg)

Idade de abate (dias)

Conversão alimentar

(kg ração:kg ganho)

Fonte

½ SI-SRD 165 29 187 6,1 Fernandes et al.

(1996) ½ SU-SRD 190 32 176 5,5 ½ HD-SRD 174 30 188 6,0 ½ TX-SRD 168 30 177 6,3 ½ IF-SRD 197 32 186 5,4

SI 175 30 162 - Santos et al. (2001) ½ SI-SU 258 32 105 -

½ SI-IF 215 31 129 - *SRD – Sem raça definida; SI – Santa Inês; SU – Sullfolk, HD – Hampshire Down; TX – Texel; IF – Ilê-de-

France

TABELA 3 – Rendimento de carcaça de cordeiros.

Genótipo* Rendimento de carcaça (%)

Fonte

½ SI-SRD 44,8

Fernandes et al. (1996)

½ SU-SRD 44,9 ½ HD-SRD 47,6 ½ TX-SRD 46,2 ½ IF-SRD 47,0

SI 47,6 Santos et al. (2001) ½ SI-SU 46,5

*SRD – Sem raça definida; SI – Santa Inês; SU – Sullfolk, HD – Hampshire Down; TX – Texel; IF – Ilê-de-France

TABELA 4 – Qualidade da pele de cordeiros cruzados.

Genótipo* Qualidade da pele

½ SI-SRD Melhor ½ TX-SRD Boa ½ IF-SRD Razoável ½ HD-SRD Razoável ½ SU-SRD Ruim

Fonte: EMBRAPA (1993) *SRD – Sem raça definida; SI – Santa Inês; SU – Sullfolk, HD – Hampshire Down; TX – Texel; IF – Ilê-de-

France

2.2 Raças caprinas para produção de carne

2.2.1 SRD – Sem raça definina Compõe quase 90% dos animais do rebanho do nordeste, com muita rusticidade,

pela seleção natural que vieram sofrendo ao longo do tempo, mas baixo potencial de produção e inadequada conformação de carcaça.

2.2.2 Anglonubiana Anglonubiana é uma raça de caprinos com temperamento manso, bem adaptada a

climas quentes e secos, originária da Núbia, no centro-oeste africano. Boa produtora de

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leite e carne. Peso corporal e altura variando, respectivamente, de 40-50 kg e 70 cm, para as fêmeas e 50-95 kg e 90 cm, para os machos adultos. Os padrões da raça Anglonubiana descrevem os animais apresentando a cabeça com perfil convexo, permitindo subconvexo, com orelhas de tamanho médio, formato longo, espalmadas, pendentes, dirigidas para fora e com as extremidades voltadas para frente, ultrapassando a ponta do focinho em até 3 cm. São animais de grande porte, com pêlos curtos e pelagem variada, sendo aceita qualquer cor para efeito de registro genealógico. A pelagem de caprinos da raça Anglonubiana é negra, castanho escuro, baia ou cinza, podendo apresentar manchas pretas, ou castanhas, para formar o padrão tartaruga1. Aspado, com pescoço bem levantado com, ou sem, barbela nos machos e nas fêmeas, corpo longo e profundo, com linha dorso-lombar retilínea e larga. Garupa longa, suavemente inclinada, com membros e cascos fortes, apresentando coloração de acordo com a pelagem.

Os caprinos da raça Anglo-Nubiana tem bom potencial para a produção de carne, pois tem elevado desenvolvimento ponderal, em ambos os sexos, mesmo evidenciando a superioridade do macho. Em programas de cruzamento de caprinos é comum a indicação da raça Anglo-Nubiana para a produção de carne, pois são facilmente encontrados no nordeste brasileiro.

2.2.3 Boer A raça Boer foi introduzida no Brasil, introduzida na década de 90, e é a única raça

caprina especializada para a produção de carne disponível em maior escala no Brasil. Animais dessa raça apresentaram pesos aos oito meses de 64 Kg e aos 12 meses de 92,2 kg. Com relação a caprinos nascidos e criados no Brasil, apresentaram perímetros de coxa de 36,8 cm, comparados a 34,6 e 22,4 cm de caprinos Anglo-Nubiana e Canindé, respectivamente, demonstrando um tipo adequado para o abate.

Os aspectos como prolificidade e adaptação de raças de menor porte devem ser consideradas, quando comparadas em peso ou tamanho metabólico, ser mais eficiente ou mais rentáveis que caprinos Boer, que têm exigências de manutenção altas devido ao maior peso.

Dados da EMEPA-PB, demonstraram que caprinos da raça Boer tiveram maiores ganhos de peso médio diários do nascimento ao desmame e do desmame aos 196 dias de idade e maiores rendimentos de carcaças (141,7 g, 62 g e 47-52%, respectivamente) quando comparados a caprinos SRD, Anglo-Nubiana, Alpina e Canidé (73 g, 23,8 g e 42-44%; 89,2 g, 47,6 g e 44-47%; 98,2 g, 41,6 g e 41-44% e 64,7 g, 22,6 g e 41-44%, respectivamente). Ao desmame, cabritos da raça Boer atingiram 18 kg, em relação a 12,8 kg dos Anglo-Nubiana e 10,2 kg dos SRD. Cabritos Boer altamente melhorados podem atingir ganhos de peso diário da ordem de 250 g até os 270 dias, sendo que até os 100 somente, chegaram a quase 300 g.

2.3 Cruzamentos de raças caprinas para produção de carne

Visando o cruzamento terminal, há uma necessidade do sistema possuir raças maternas com boas características de habilidade e adaptabilidade, enquanto a raça paterna uma superioridade comprovada e as características apresentarem boa herdabilidade. Na literatura, a herdabilidade de média a alta para os atributos de peso ao nascer e ao desmame (32% e 27% respectivamente) para animais da raça Boer.

1 manchas que lembram o casco de tartaruga, com várias combinações de cores, normalmente em tons castanho ou

cinza, mas com presença de outras cores também

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O desempenho e características de carcaças de cabritos Saanen, Boer x Saanen e Anglo-Nubiana castrados, encontrados em trabalhos de pesquisa indicaram maiores teores de gordura intramuscular, quando abatidos com 28 ou 33 kg, e subcutânea, quando abatidos com 38 kg, nas carcaças dos cruzados em relação às de animais da raça Saanen.

Há diferenças de composição dos ácidos graxos da gordura subcutânea de carcaças de machos e fêmeas. Em geral, atribui-se ao macho uma maior proporção de gordura saturada que as fêmeas, enquanto a proporção de polinsaturadas é semelhante em ambos os sexos.

3.0 Escolha da planta forrageira para ovinos e caprinos No sistema de produção ovina e caprina baseada em pastagens, a tomada de

decisão na escolha do genótipo (espécie e cultivar) que mais se adequa às condições de clima e solo locais, além do manejo que lhe será imposto, deve ser criteriosa, pois a área implantada deve ter uma longa vida útil. Os pesquisadores da área de forragicultura e melhoramento genético vegetal vêm trabalhando incessantemente na seleção de genótipos tolerantes as adversidades ambientais e com características agronômicas favoráveis para a produção animal. Não existe uma planta "milagrosa", mas sim uma planta selecionada para o ecossistema desejado, com certas qualidade e limitações, as quais devem ser comparadas.

Na Tabela 5 são apresentadas as características de algumas gramíneas forrageiras tropicais utilizadas para ovinos e caprinos.

TABELA 5 - Características de adaptação de diversos capins utilizados para ovinos.

Resistência a

Nome comum Seca Sombrea-mento

Alaga-mento

Acidez Escesso de Al+++

Salini-dade

Desfo-lha

capim-braquiária 2 2 3 3 5 - 5 capim-buffel 5 - 2 1 1 3 4 capim-coast-cross 3 2 3 5 5 5 5 grama-estrela 2 - - 4 - - 4 capim-colonião 3 3 3 3 4 - 3 grama-batatais 3 - 4 4 - - 4 Fonte: Adaptado HUMPHREYS (1986) Valor 1 = menos resistente Valor 5 = mais resistente

3.2 Gramíneas Brachiaria spp.

Os capins dessa espécie possuem diversos hábitos de crescimento e características. É um gênero importante que alicerçou o crescimento da pecuária bovina nacional. Hoje, ocupam cerca de 75% dos 100 milhões de hectares de pastagens cultivadas, principalmente as espécies B. decumbens cv. Basilisk (capim-braquiária) e B. brizantha cv. Marandu (capim-marandu). As outras espécies, de representatividade menor, são: B. humidicola (quicuio da amazônia ou humidícola), B. mutica (capim angola ou capim fino), B. ruziziensis e B. dictioneura.

Casos de fotossensibilização têm sido associado a presença do fungo Pithomyces chartarum na macega dos capins desse gênero (exceto B. humidicola). Geralmente, a

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formação de material morto em excesso na base das plantas ocorre devido ao manejo inadequado que permite por um longo tempo o sombreamento das partes basais.

Entretanto, pela representatividade dos capins desse gênero, pode ser utilizado para a criação ovina/caprina com restrição. Progressivamente, na renovação de pastagens há a necessidade da introdução de espécies mais adequadas.

Deve-se atentar para as fêmeas em terço final de gestação e início de lactação, pois nesses estádios fisiológicos, os animais estão mais sensíveis. Havendo casos de fotossensibilização, os animais devem ser deixados em piquete com sombra abundante e espécie forrageira de outro gênero à disposição, com tratamento tópico e aplicação de anti-tóxico. Ademais, as braquiárias apresentam de médio a baixo valor nutritivo e aceitabilidade variada. Deve-se lembrar que os ovinos e caprinos são exigentes em nutrientes de alto valor agregado. Assim, recomenda-se ofertar forragem de bom valor nutritivo. Panicum maximum

O capim mais conhecido dessa espécie é o capim colonião, introduzido no período colonial. Hoje, existem vários ecótipos e cultivares.

Apresentam boa difusão no Brasil. Apresentam hábito de crescimento ereto, perfilhando em forma de touceira. Atualmente, os cultivares Tanzânia e aruana vêm se destacando na criação de ovinos e caprinos.

As folhas decumbentes e a boa produção de massa seca, quando bem adubado, do capim-Tanzânia são fatores favoráveis a manutenção de alta taxa de lotação na época chuvosa do ano. Há ocorrência de alguns problemas da dificuldade de manejo devido a presença de colmos rijos, causando até cegueira nos animais, além do baixo valor nutritivo da forragem.

Deve-se ressaltar que a ingestão de forragem por pequenos ruminantes é favorecida pela por estrutura com folhas mais curtas e estreitas, em grande densidade.

Grande densidade de perfilhos, folhas mais finas e tenras, melhor distribuição anual de forragem e médio porte são algumas características que fazem do capim-aruana uma planta forrageira muito promissora para ovino-caprinocultura.

No estado de São Paulo, o cv. Tanzânia produziu 25,6 toneladas de folhas/ha, enquanto o cv. Aruana apresentou produções variando entre 18 a 21 toneladas de MS/ha/ano.

Outras variedades e cultivares dessa espécie, como gatton panic, green panic, vencedor e massai também podem ser utilizados, pois apresentam porte médio e boas produções e qualidade de forragem, se bem manejados. A propagação é feita por sementes, facilitando sua adoção.

Pelo hábito de pastejo de ovinos e caprinos mantidos em áreas exclusivas de gramíneas, não recomenda-se a escolha de plantas de porte muito alto, como alguns cultivares dessa espécie. Cynodon spp.

As gramíneas forrageiras desse gênero apresentam o hábito de crescimento prostrado e quando bem implantados e manejados, apresentam boa cobertura do solo e agressividade, devido aos vigorosos estolões.

As espécies de Cynodon spp. são bastante utilizadas na criação ovina e caprina, por apresentarem boas características nutricionais e produtivas, apesar do custo de implantação ser relativamente alto, pois são plantados por estolões (mudas vegetativas). Neste grupo se encontram os capins tifton-85, coast-cross, estrela africana, tifton-68, florico, florona e florakirk, entre outros. Também possuem boas características para

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conservação de forragem para época seca do ano como feno, silagem pré-secada, silagem ou mesmo pasto reservado. O plantio deve ser realizado por mudas sadias com gemas maduras. São utilizadas cerca de 3 toneladas de mudas para plantar 1 hectare.

Cenchrus ciliaris

O capim-buffel apresenta de crescimento ereto, com boa densidade de perfilhos. No sertão nordestino, a introdução de gramíneas perenes (principalmente o capim buffel) trás vantagens óbvias, não só pela manutenção de maior quantidade e qualidade de forragem no período seco, como também pelo rápido rebrote da pastagem no início das águas. Essa planta forrageira possui uma grande variabilidade genética, devido as suas variedades serem advindas de linhagens e hibridações utilizando-se materiais com diferentes características agronômicas, sendo portanto mais ou menos preferidas pelos ruminantes. A produção de matéria seca/ha, segundo a literatura, nas variedade Americano, Biloela, Malopo, Gaydah e CNPC-30 atingiram mais de 10, 5, 8, 3 e 8 toneladas de MS/ha, respectivamente.

3.3 Leguminosas forrageiras As leguminosas (herbáceas e/ou arbustivas submetidas à podas) utilizadas na forma de consórcio com gramíneas ou como banco de proteína, representam fontes de alimentos interessantes dos pontos de vista: nutricional, pois possuem alto teor de proteína e digestibilidade; e estratégico, para reserva de alimento verde na época seca do ano, devido ao sistema radicular mais profundo. Outras vantagens do uso de leguminosas é a fixação de nitrogênio para a gramínea em sistemas consorciados.

As bactérias dos gêneros Rhizobium e Bradrhizobium, em simbiose com as raízes das leguminosas, fixam quantidades de até 500 kg de nitrogênio no solo. No entanto, essas quantidades são bem inferiores nas regiões tropicais. O uso de leguminosas em consórcio com gramíneas, recomendado para criações menos intensivas, pode substituir adubações nitrogenadas, melhorar a qualidade da dieta e quantidade de forragem disponível. Deve-se atentar para que a proporção da leguminosa esteja em torno de 25-30% da matéria seca total disponível na pastagem. A aceitatabilidade relativa de espécies prostradas ou porte arbustivo poderá ser vantajosa na manutenção desse percentual.

A adição de leguminosas nas áreas de pastagem exclusivas de gramíneas, especialmente no tropical úmido e sub-úmido, freqüentemente aumentam a produtividade. São indicadas as seguintes leguminosas: estilosantes (Stylozanthes guianensis), centrosema (Centrosema pubecens) e siratro (Macroptilium atropurpureum cv. Siratro). Há outras espécies como: calopogônio (Calopogonium mucunoides), soja perene (Neotonia wihgtii), leucena (Leucaena leucocephala), guandu (Cajanus cajan) e amendoim forrageiro (Arachis pintoi), dentre outras, devendo ser escolhidas de acordo adaptação às condições de solo, clima e adequar-se a gramínea em consórcio. Algumas das leguminosas citadas são anuais, dependendo diretamente de ressementeio natural, e mesmo as perenes necessitam de recrutamento de novas plantas, então deve-se escolher espécies precoces que floresçam entre março e maio, época do ano que permitem a vedação, devendo-se evitar as de florescimento tardio, entre junho e julho, pois é uma época de necessidade de utilização desses pastos, sendo assim o produtor não irá vedar a pastagem, podendo levar ao insucesso do programa.

A adubação nitrogenada permite produções de massa verde maiores do que aquelas advindas da fixação de nitrogênio pelas leguminosas, entretanto deve-se analisar cada situação para decidir de qual recurso devemos utilizar.

Entende-se como banco de proteína como uma área mantida exclusivamente com leguminosas, nas quais os animais não têm acesso, ou o tem programadamente. É uma alternativa interessante, pois pode-se estabelecer um manejo adequado da planta,

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permitindo uma boa persistência e produção do estande. A parte aérea da leguminosa também pode ser cortada (a altura de corte depende da principalmente espécie) e fornecida no cocho. Nesse caso, pode-se fazer uso de culturas intercalares visando a diminuição dos custos de implantação. A rotação de culturas é um ponto forte nessa técnica, pois a cultura subsequente se beneficiará dos resíduos da leguminosa.

3.4 Manejo de pastagens com ovinos e caprinos A época de pastejo (águas e seca), o sistema (contínuo ou rotacionado), a intensidade

(altura do resíduo) e a freqüência de pastejo (dias de ocupação e de descanso) são aspectos que devem ser considerados no manejo da pastagem. Na intensificação do uso das pastagens, há a forte tendência da adoção de pastejo rotacionado. Uma das principais dúvidas do criador sobre esse sistema está relacionada à necessidade de muitos piquetes pequenos com alto custo das cercas. Contudo, a rotação é possível mesmo com pastagens de dimensões maiores, com período de ocupação mais longos (máximo de sete dias), ajustando adequadamente a lotação para consumo da forragem ofertada durante o período planejado. A utilização de cercas eletrificadas possibilita a redução no custo de divisão de pastagens.

O manejo de pastagens com ovinos e caprinos está relacionado com a espécie forrageira em questão, principalmente com relação ao porte e ao hábito de crescimento (Tabela 6). Pela característica de hábito gregário desses animais, não se deve deixar a altura da pastagem atingir mais de 1 m ou, na prática, a altura do focinho, para ocorrer à visualização uns dos outros enquanto pastejam.

TABELA 6 – Sugestão de manejo para o pastejo rotacionado com ovinos e

caprinos, na época das “águas” em pastagens intensificadas.

Gramínea Período de descanso (dias)

Altura de entrada (cm)

Altura de saída (cm)

capim-Tanzânia 30-35 70 20-30 capim-aruana 30-35 40-50 10-20 capim-braquiária 28-32 25-30 10-15 capim-coast-cross ou capim-Tifton

20-25 25-30 10-15

Fonte: NEPPA (2005). Adaptado de vários autores.

3.5 Utilização de pastagens tropicais para a criação de caprinos e ovinos Dentre as pastagens naturais utilizadas para caprinos e ovinos na região tropical,

destaca-se a caatinga, a qual apresenta baixa capacidade de suporte (0,2 UA/ha), em relação às pastagens formadas de gramíneas, cujo potencial de produção pode manter mais de 5,0 UA/ha, quando há escolha correta da espécie, adoção de pastejo rotacionado, correção do solo e adubação das plantas. A introdução de gramíneas melhora a capacidade de suporte da caatinga releada e rebaixada, pois apenas cerca de 7-10% dos 4000 kg MS/ha/ano da fitomassa produzida da vegetação é considerada forragem consumível, sendo o restante impalatável e de baixo valor nutritivo.

O sistema CBL-Caatinga-Buffel-Leucena (EMBRAPA SEMI-ÁRIDO) não conta só com a união dessas espécies forrageiras adaptadas a região, mas também com fontes diversas de alimento como a algaroba, a palma forrageira e alguns resíduos culturais, principalmente os de milho, mandioca e feijão. Na racionalização de recursos alimentares potencialmente disponíveis na região semi-árida, entra a caatinga raleada e rebaixada. O raleamento é o corte de espécies não consumidas, permitindo a penetração da luz solar nos estratos mais inferiores da vegetação, aumentando as espécies de porte herbácio. Já o rebaixamento, constitui em podas drásticas de espécies arbóreas e arbustivas, visando aumentar a massa de forragem no horizonte de pastejo.

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Apesar dos caprinos apresentarem a habilidade de assumir postura bipedal característica e até mesmo subir em algumas árvores, a manutenção de um maior número de folhas mais facilmente acessíveis acarretará em menor dispêndio de energia na busca de alimento e maiores ganhos.

Para criação de caprinos e ovinos no semi-árido nordestino recomenda-se os capins: andropógon (Andropogon gayanus), buffel grass (Cenchrus ciliaris), gramão (Cynodon dactylon var Aridus cv. Calie) e corrente (Urochloa mosambicensis). Comparando-se as espécies caprina e ovina, em relação ao hábito alimentar, quando mantidas em vegetação botânica heterogenia, os ovinos exercem maior seletividade pelas gramíneas, enquanto os caprinos apresentam preferência alimentar por espécies arbustivas. Cordeiros em pastagens de capim-Florakirk (Cynodon), no Estado de São Paulo, não tiveram diferenças significativas no consumo de forragem (404 g MS/animal/dia), no ganho por animal (41 g/animal/dia) e por área (3,4 kg/ha/dia) ao comparar o manejo de desfolha a 5; 10; 15 e 20 cm de altura, sob lotação contínua e carga variável de ovinos. Todavia, a desfolha a 5 cm necessita de manejo cauteloso, pois podem expor as plantas a redução da persistência, levando a degradação da pastagem. Em outro trabalho no mesmo Estado, cordeiros apresentaram ganho de peso diário de 106 g em pastagens de capim coast-cross (Cynodon dactylon) com a lotação fixa de 20 animais/ha.

A intensificação da produção e uso das pastagens leva ao aumento das lotações e da produtividade. Trabalhos mostraram que aumentou da produção por hectare de borregos desmamados, de 459, 504 e 582 kg, e de carne ovina, de 280, 312 e 346 kg, quando as lotações aumentaram de 16, 21 e 26 ovelhas/ha, respectivamente. Entretanto, houve acréscimo no déficit de forragem nas estações de baixo crescimento das plantas. Por outro lado, ao considerar o desempenho de cabritos, da raça Cashmire, em pastagens australianas, notou-se variações de acordo com a estação do ano, podendo estacionar o crescimento ou perder peso na época de escassez de forragem, mas capazes de atingir ganhos de 70-80 g/dia quando a forragem está abundante, sendo que no início das chuvas, chega a 100-140 g/dia. 4.0 Suplementação alimentar para ovinos e caprinos As misturas minerais, ou sal mineral, devem permanecer continua e initerruptamente à disposição dos animais em cochos próprios. Se compararmos o consumo de forragem e o teor de elementos essenciais ingeridos, contataremos que alguns minerais não suprirão as exigências das diferentes categorias. Na forrageira existem variações nos teores minerais com a espécie, o estádio de maturação da planta, a época do ano, o tipo de solo e o nível de adubações. Pastagens com alta disponibilidade de forragem de bom valor nutritivo podem ser capazes de suprir os nutrientes necessários a manutenção e gestação, em relação aos teores de proteína e energia. Como geralmente as condições de nossas pastagens não são as ideais, podem-se fornecer suplementos para ovelhas em pré e pós-parto, pois evita distúrbios metabólicos, principalmente em partos duplos. Deve-se ressaltar a importância da reserva de alimentos volumosos na forma de feno, silagem, pastagem vedada, cana-de-açúcar corrigida, capineiras, resíduos agroindustriais, entre outros, que devem ser produzidos na fazenda, devido aos custos. Nesse planejamento, a área plantada será de acordo número de animais (expressos em UA2) e o período de arraçoamento, visando equilibrar o suprimento e a demanda de forragem o ano inteiro.

2 UA = unidade animal. 5 cabras = 1 UA. 1 cabra = 0,2 UA

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5.0 - Criação de ovinos e caprinos

5.1 - Cuidados com a gestante: – PIQUETE DE FÁCIL ACESSO, TRANQUILO, BOA TOPOGRAFIA,

OFERTA DE FORRAGEM, SOMBRA – INSTALAÇÃO FECHADA

▪ CUIDADOS COM VENTOS FRIOS E O PISO RIPADO ASSISTÊNCIA NO PARTO, SE NECESSÁRIO O PÓS-PARTO Na Figura 1, estão resumidos os primeiros cuidados com a cria recém-nascida.

FIGURA 1 – Resumo dos primeiros cuidados com a cria recém-nascida.

Fonte: Ribeiro (1998)

Com duas semanas antes do parto, a matriz deve ser vacinada contra clostridiose

(enterotoxemia). Pode-se administrar também o vermífugo. Ao nascer, os umbigos das crias devem ser cortados a 2 cm da barriga e curados

com solução de iodo 10%, duas vezes ao dia, durante três dias consecutivos. A ingestão do colostro (primeiro leite) deve ocorrer o mais rápido possível, nunca

depois de 6 horas pós-parto. Os cordeiros e cabritos devem ser vacinados contra clostridioses aos dois meses

de idade, com revacinação 15-20 dias após.

5.2 - Índices Zootécnicos O acompanhamento zootécnico do rebanho é necessário para condução de

criações caprina e ovina. A identificação dos animais permite a escrituração zootécnica dos animais, revelando todas as informações para orientar a seleção das matrizes, que está baseada no desempenho das mesmas e, principalmente, das crias.

Seguem alguns índices zootécnicos padrão para ovinos deslanados: Peso ao Nascer = 3 kg Peso no desmame = 12 kg Peso em 224 dias = 22 kg Tempo para alcançar 16 kg = 120 dias

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5.3 “Creep feeding” e “creep grazing” na alimentação de cordeiros e cabritos A alimentação exclusiva e diferenciada das crias, seja ela concentrada (“creep feeding”) ou em pastagens (“creep grazing”), podem ser realizada para melhorar o ganho de peso dos borregos/cabritos e diminuir o tempo de abate, aproveitando a fase de maior eficiência alimentar dos animais e resultar em carne de melhor qualidade. Nas fêmeas, pode reduzir a idade à primeira cria, melhorando o giro de capital e velocidade de melhoramento do rebanho, desde que economicamente viável.

Na Figura 2, está esquematizado um modelo de “creep grazing” com uma pastagem na qual só as crias têm acesso e um cocho para colocação de suplementos concentrados. A espécie forrageira plantada no “creep grazing” pode ser outra em relação a das matrizes. Pode adaptar o “creep feeding” para o fornecimento de feno de boa qualidade.

FIGURA 2 – Esquema de “creep grazing” e “creep feeding” para ovinos/caprinos

P

AS

TO

PA

P

AS

TO

RA

cocho

PARA

CRI

AS

AS

MATRI

ZES

Para os cordeiros e cabritos, o “creep grazing” (área de pasto ou cocho com

alimentos volumosos de alta qualidade exclusiva as crias) pode ser usado com baixo custo e grande eficiência, podendo ser acrescido do “creep feeding” (cocho com alimentos concentrados), principalmente quando se deseja a terminação dos animais em confinamento ou quando o produtor é especializado em venda de cordeiros a terceiros.

A ração do “creep feeding” deve possuir alta digestibilidade que não leve ao acúmulo de material fibroso indigestível no rúmen. O farelo de soja e o milho são ingredientes importantes para dieta inicial. O farelo de soja apresenta aceitabilidade elevada e alta concentração de proteína e o milho moído fermenta rapidamente no rúmen. O consumo de alimento sólido precoce acelera o tempo necessário a desmama e aumenta o desempenho. Os cordeiros devem comer alimentos sólidos o mais rápido possível e precisam ter acesso a esse alimento a partir do 12º dia de vida. A formulação para “creep feeding” não precisa ser complexa. Entretanto, ela deve conter os ingredientes que os cordeiros preferem, incluindo farelo de soja, milho e melaço que age como palatabilizante favorecendo o aumento do consumo.

6.0 - Manejo reprodutivo de ovinos e caprinos O manejo reprodutivo dos ovinos e caprinos de corte pode ser facilitado com a adoção da estação de monta. Raças de ovinos deslanadas e caprinos nativos apresentam poliestria contínua, naturalmente apresentam a maior concentração de cios (ovulações)

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na época de maior disponibilidade de forragem. Contudo, as raças ovinas lanadas e caprinos de raças exóticas (européias) apresentam cios quando há redução no fotoperíodo (poliestria estacional). Assim é comum a utilização de 1 cobertura/ano.

Por outro lado, pode-se conseguir 3 partos em 2 anos, como está demonstrado na Figura 3.

FIGURA 3– Sugestão de estação de monta para obtenção de 3 partos em 2 anos.

Fonte: CRUZ, J.F. (1998) - UESB

6.1 Manejo Reprodutivo da fêmea O manejo reprodutivo correto deve-se observar o planejamento da alimentação e controle sanitário (principalmente da verminose), fundamentais eficiência da reprodução. Os períodos em que as matrizes devem receber a melhor alimentação possível, em quantidades e qualidade são:

1) Pré-acasalamento (mínimo 30 dias antes do acasalamento); 2) Durante o período de acasalamento (45 a 52 dias); 3) Segunda fase da gestação: ultimo terço ou após aos 100 dias da gestação; 4) Aleitamento (45 a 52 dias após o parto), ou seja, do parto até o desmame. As matrizes devem receber alimentação, praticamente somente para mantença: na

primeira fase da gestação, que compreende aos dois primeiros terços, ou seja, até aos 100 dias da gestação, exceto as de escore corporal baixo, as quais devem receber tratamento especial para recuperação do escore antes do parto.

As matrizes devem sofrer restrição alimentar por 2 a 3 dias na época do desmame. As matrizes deverão ser desverminadas nos períodos pré (aos 30 dias antes) e no

final do acasalamento; inicio da 2ª fase da gestação e após parto. Os cordeiros e cabritos a cada 30 dias. Os reprodutores 30 dias antes acasalamento e sucessivamente junto com as matrizes.

As matrizes deverão ser vacinadas contra enterotoxêmia ou Clostridiose aos 30 dias antes do parto. Os reprodutores 30 dias antes do período de acasalamento.

Os cordeiros 20 dias de vida e uma dose reforço após 30 dias. Para a produção ser eficiente, as matrizes devem ser condicionadas para produzir

um parto a cada 8 meses (de preferência gêmeos), ou seja, devem produzir, no mínimo, 5 a 6 partos e média de 8 a 10 cordeiros/cabritos, durante os 6 anos da vida útil.

Os critérios de seleção utilizados em ovinos de corte são:

• Habilidade materna

• Capacidade reprodutiva

• Ganho de peso

• Conformação de carcaça

As ovelhas e cabras devem ser identificadas para facilitar a seleção. A puberdade ocorre simultaneamente à liberação do pênis (4 a 6 meses), ou com

40-50% do peso adulto. Entretanto a primeira cobertura deve ocorrer com 60 a 70 % do peso adulto. Em raças ovinas lanadas de grande porte, que são tardias, geralmente isso

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ocorre com 18 meses (45 kg em raças de corte) e 9-10 meses em raças deslanadas (Santa Inês 35-38 kg).

O ciclo estral dos ovinos é de 17 dias (14 a 19 dias), com duração do estro de 12 a 48 horas. Já nos caprinos, a média é de 21 dias, variando de 17 a 24 dias, com duração de 36 a 48 horas.

6.2 Escolha do macho

– Exame andrológico – Características raciais e potencial melhorador – Aprumos – 30-36 cm de perímetro escrotal (PE), nos ovinos e 28 a 32 nos caprinos

6.3 Avaliação reprodutiva

O reprodutor é muito importante quando se avalia o desempenho reprodutivo do rebanho, pois representa menor número e possui alto efeito multiplicador de suas características. No exame andrológico inclui-se:

- Exame clínico, - Exame do ejaculado, - Perímetro escrotal - Teste de libido.

6.3.1 Exame clínico:

Deve-se realizar uma avaliação geral do animal e uma específica do aparato reprodutivo.

Em geral, avalia-se o estado corporal, tentando observar sintomas de doenças, deficiências nutricionais, etc.

6.3.2 Aparato locomotor Aprumos, cascos, articulações. Diagnóstico de defeitos e/ou lesões que

prejudiquem ou empeçam a realização da cópula. A avaliação se realiza com o animal parado e em movimento.

6.3.3 Aparato reprodutivo Escrotos, testículos e epidídimo, pênis, prepúcio.

-Escroto: observar a presença de miasses, abscessos, etc. -Testículos e epidídimo: aderências, consistência, simetria, cicatrizes. -Pênis: Conformação, deslizamento, presença de flexura peniana. -Prepucio: Conformação, presença de fimose ou parafimose.

Um ajudante segura o animal sentado sobre os quartos traseiros, e o médico

veterinário realiza a exploração do aparato genital pela frente do reprodutor.

6.3.4 Exame do ejaculado Pode-se obter o sêmen por coleta com vagina artificial ou com eletroejaculador avaliando-se:

-Volume, -Concentração, -Anormalidades, -pH, -Cor,

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-Vigor e -Movimento massal. O exame de ejaculado é um excelente estimador da função testicular, só superado

pelo índice reprodutivo determinado pelas percentagens de prenhêz. (Tabela 7).

TABELA 7 - Parâmetros de qualidade do ejaculado

Parâmetros Valores Médios Valores Mínimos

Volume 1,0 ml 0,5 ml Motilidade 80 % 50 % Movimento Massal 4 2 Concentração 3 * 109/mm3 1 * 106/mm3 Defeitos Maiores 5 % 10 % Defeitos Menores 10 % 20%

Fonte: CRUZ, J.F. (1998) - UESB

6.3.5 Perímetro escrotal (P.E.) É aferido com fita métrica, na porção do maior diâmetro escrotal e é utilizado na estimativa do tamanho testicular. O tamanho testicular, estimado pelo P.E., é um excelente indicativo da potencialidade reprodutiva de carneiros, considerando sua associação com a função testicular, sendo correlacionado como indicativo da precocidade sexual das filhas. Os valores do P.E. mudam com a época do ano, idade, raças, nutrição, sanidade, etc; sendo recomendada a utilização deste parâmetro dentro de grupos contemporâneos. Alem disso, com os resultados de diferentes trabalhos de investigação, foi estabelecido um P.E. mínimo para algumas raças e idades (Tabelas 8 e 9). TABELA 8 - Perímetro escrotal mínimo previsto para carneiro Corriedale e seus respectivos pesos corporais.

Peso Corporal (kg) Perímetro Escrotal (cm)

20 30 40 50 60 70 80 90

100 110

19 23 26 29 30 31 32 32 33 33

Fonte: Moraes (1997).

TABELA 9 -Valores médios de perímetro escrotal (P.E.) em carneiros de diferentes raças.

RAÇA Nº ANIMAIS P.E. (cm) AMPLITUDE

Corriedale 250 32,0 26 – 38 Hampshire Down 92 33,0 21 – 40 Ile-de-France 56 32,5 27 – 37 Texel 31 30,0 23 – 35 Suffolk 29 35,5 27 - 38

Fonte: Moraes (1997).

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7.0 - Sanidade de ovinos e caprinos As principais doenças dos ovinos podem ser divididas em:

- Doenças infecciosas (Tabela 10) - Doenças parasitárias - Distúrbios metabólicos

TABELA 10 - Principais doenças infecciosas de ovinos e caprinos.

Doença Espécie Prevenção

Febre aftosa Caprina e Ovina Vacinação (não obrigatória) Clostridioses Caprina e Ovina Vacinação Lifadenite caseosa Caprina e Ovina Vacinação Brucelose ovina Ovina Teste-descarte dos positivos Pododermatite Caprina e Ovina Evitar locais úmidos Ectima contagioso Caprina e Ovina Vacinação Pneumonias Caprina e Ovina Evitar correntes de ar Fonte: Adaptado de Nunes et al. (1997)

A artrite encefalite caprina a vírus (CAEV) é uma doença que clinicamente

apresenta-se de várias formas: a articular, a nervosa e a mamária são as mais freqüentes. Em rebanhos com alta prevalência da doença, recomenda-se a utilização de programas de controle objetivando reduzir a incidência clínica e sorológica, bloqueando a transmissão da doença, considerando-se que ainda não existe vacina eficaz. Para tanto, deve-se separar os cabritos das mães imediatamente, tratando o leite ou colostro com aquecimento a 56º C por 60 minutos.

Os procedimentos sanitários preventivos são as vacinações e desverminações, medidas de higiene e assepsia, uso de quarentena para animais novos que são introduzidos na propriedade, isolamento de animais doentes, proteção dos animais contra os vetores de doenças (insetos e roedores), testes sorológicos de diagnósticos (brucelose, leptosprose e outros), exame das fezes (OPG e coprocultura), etc.

Casos de enterotoxemia (Clostridiose) são freqüentes nos animais confinados. Principalmente quando altas proporções de concentrado são usadas na dieta. A doença geralmente está relacionada com mudanças bruscas de alimentação. A letalidade pode atingir 100 % dos animais. Duas semanas antes do confinamento, os animais devem ser vacinados. Na ocorrência de surto, os animais devem ser re-vacinados e diminuição da quantidade de alimento por 15-20 dias, até que instale imunidade. Duas a três semanas após, o reforço da vacina é necessário. A vacina deve ser a polivalente.

As doenças parasitárias mais comuns são: - verminose, - sarna, - piolho e - carrapato.

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FIGURA 4 – Ciclo de vida de nematódeos gastrintestinais

A principal espécie endoparasito de ovinos e caprinos no Brasil é Haemonchus

contortus, que parasita o abomaso e é hematófago, alimentando-se de sangue durante toda a sua vida parasitária. Os animais com um número grande de parasitas podem apresentar anemia e edema submandibular. Uma fêmea pode produzir até 5000 ovos por dia, contaminando rapidamente as pastagens. Os ovos eclodem e as larvas L3 são ingeridas pelos animais no ato do pastejo. A fase de vida livre (no pasto) dura de 7 a 10 dias, enquanto a fase parasitária (no animal) de 20 a 30 dias (Figura 4).

Os prejuízos econômicos, em conseqüência das verminoses, são devidos à redução da produtividade, alta taxa de mortalidade e despesas com antiparasitários.

Existem apenas três grupos de anti-helmínticos de amplo espectro – benzimidazóis, imidazotiazóis e avermectinas – e dois grupos de pequeno espectro utilizados no controle de Haemonchus spp. – salicilanilidas/fenóis substituídos e organofosforados. Essa classificação baseia-se no mecanismo de ação dos anti-helminticos sobre os nematódeos.

As desverminações devem ocorrer quando o OPG (ovos por grama de fezes) passar de 500, amostrado em 10% dos animais do rebanho.

A podridão de casco deve ser controlada pelo uso do pedilúvio após a apara de cascos, usando formol 5%. Nos animais sadios, fornecer 0,5 g/dia de sulfato de zinco no cocho.

A ceratoconjutivite pode ocorrer e se disseminar rapidamente, inflamando a conjutiva dos animais. Para o controle, pode-se utilizar colírios, pomadas, ou sprays oftálmicos contendo terramicina, tiosina, ou clorafenicol. Nas infecções leves e em poucos animais, lavar diariamente com solução de sulfato de zinco a 10%. Quando afeta um grande número de animais, controla-se o problema com vacina. Separam-se os animais afetados do resto do rebanho.

Os principais distúrbios metabólicos que acometem os ovinos e caprinos são: a hipotermina de recém-nascidos, a toxemia da prenhêz e os cálculos renais.

A hipotermina de recém-nascidos é reduzida mantendo-se a cria aquecida. Os cálculos renais ocorrem devido a relação inadequada de Ca:P. A relação

adequada é de 2:1. A toxemia da prenhêz é uma importante doença metabólica que causa perdas

econômicas significativas em pequenos ruminantes, principalmente em ovinos. De maneira geral, os animais acometidos encontram-se no terço final da gestação, apresentando gestações gemelares ou múltiplas, com os fetos bem desenvolvidos. Na maioria das vezes é determinada por um programa nutricional inadequado durante o período gestacional, provocando hipoglicemia, acetonemia e acidose sistêmica,

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manifestando-se clinicamente por anorexia, depressão nervosa, prostração, seguida de morte.

Basicamente, a toxemia da prenhêz pode ser induzida por duas condições determinantes, relacionadas com o nível nutricional e às condições orgânicas da ovelha gestante. O tipo I é caracterizado pelo estado de subnutrição no período gestacional, associado à presença de fetos múltiplos, dietas impróprias e doenças intercorrentes, entre outros fatores. O tipo II está relacionado à super alimentação, principalmente nos dois terços iniciais da gestação.

Outro distúrbio metabólico importante em cordeiros e cabritos confinados é o timpanismo espumoso ou empanzinamento, principalmente quando há alto consumo de concentrados. Nesse caso, deve-se preventivamente adicionar bicarbonato de sódio (tamponante) nas rações. 8.0 Produção de carne de cordeiros/cabritos

A carne de cabritos possui quantidades de gordura e colesterol mais baixas quando comparadas a de cordeiro, sendo este um aspecto positivo para o "marketing" do produto.

O animal, no processamento cárneo, apresenta vários componentes (Figura 5). Figura 5 – Divisão dos componentes corpóreos de ovinos após o abate

Fonte: Silva Sobrinho (2001)

9.0 Terminação de cordeiros e cabritos em confinamento

Geralmente, em confinamento a dieta de custo mínimo é aquela com alta proporção de concentrado.

Uma das vantagens da terminação em confinamento é o rápido e mais eficiente crescimento dos animais do que aqueles terminados em pastagens, por um determinado período de tempo. A terminação de cordeiros e cabritos em pastagens resulta em carcaças de menor teor de gordura e reduzidos custos de produção. Todavia, aumenta o número de dias necessários para atingir um determinado peso de abate.

O desempenho dos ovinos criados em sistemas mais intensivos (pasto + confinamento) em comparação com pastagens extensivas é apresentado na Tabela 11.

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TABELA 11 – Desempenho de ovinos criados em sistema tradicional em pastagens e

intensivo em pastagens para cria e terminação em confinamento no estado de São Paulo.

Sistema tradicional em

pastagens

Sistema intensivo de pastagens para cria e

terminação em confinamento

Taxa de lotação de matrizes 10-12 30-35 Idade à primeira cobertura (dias) 540 300 Prolificidade (%) 130 145 Intervalo de partos (meses) 12 8 Peso ao nascer (kg) 3,5 4,5 Idade de desmame (dias) 90 45 Peso ao desmame (kg) 18,8 17,1 Ganho de peso pré-desmame (g/dia) 170 280 Peso vivo de abate (kg) 28-30 28-30 Idade de abate (dias) 169 95 Ganho de peso pós-desmame (g/dia) 130 240 Rendimento de carcaça fria (%) 42 45 Custo estimado (R$/kg carcaça) 2,26 2,32 Fonte: Adaptado de Macedo et al. (1998)

As dietas oferecidas em confinamento são ricas em concentrados, com cerca de 80

a 100 % de concentrado. Isso melhora a conversão alimenta e a economicidade. Nesse caso, o milho pode ser utilizado sem ser moído, forçando ao ato de ruminação e salivação, tamponando o pH ruminal.

10.0 Mercado de carne ovina e caprina

A demanda por carne de ovina/caprina tem crescido nos últimos anos, principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil.

No Nordeste, cerca de 35 % de toda a carne caprina e ovina comercializada, através de supermercados, vêm da região Sul do Brasil, do Uruguai e da Argentina, de qualidade questionável.

Além do mercado interno, como grandes redes de restaurantes de São Paulo, por exemplo, países como a Espanha e a Arábia Saudita vêm demonstrando interesse em importar carne ovina/caprina de qualidade, com freqüência e padronização do produto.

A pele do ovino deslanado e dos caprinos, que é de excelente qualidade, é exportada para países da Europa e os Estados Unidos. No Brasil, o Rio Grande do Sul é o principal comprador de pele de ovino produzida no Nordeste.

11.0 Bibliografia básica

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