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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ UECE SHANDRA MELO PEREIRA MEDEIROS DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA: CAUSAS, CARACTERÍSTICAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS JUNTO A CRIANÇA DISLÉXICA FORTALEZA CEARÁ 2012
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Shandra Monografia

Dec 26, 2015

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Joshua Dunn
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Page 1: Shandra Monografia

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE

SHANDRA MELO PEREIRA MEDEIROS

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA: CAUSAS,

CARACTERÍSTICAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS JUNTO A CRIANÇA

DISLÉXICA

FORTALEZA – CEARÁ

2012

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SHANDRA MELO PEREIRA MEDEIROS

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA: CAUSAS,

CARACTERÍSTICAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS JUNTO A CRIANÇA DISLÉXICA

Monografia submetida à Coordenação do Curso de

Pedagogia da Universidade Estadual do Ceará, como

requisito parcial para a conclusão do curso de licenciatura

em Pedagogia.

Orientação: Prof. Ms. Vinícios Rocha de Souza

FORTALEZA – CEARÁ

2012

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho

Bibliotecário Responsável – Francisco Welton Silva Rios – CRB-3 / 919

M488d Medeiros, Shandra Melo Pereira

Dificuldade de aprendizagem da leitura e escrita: causas, características e práticas pedagógicas junto a criança disléxica / Shandra Melo Pereira Medeiros. – 2012.

CD-ROM. 41 f. : il. (algumas color.) ; 4 ¾ pol.

“CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho

acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm)”.

Monografia (graduação) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Educação, Curso de Pedagogia, Fortaleza, 2012.

Orientação: Prof. Me. Marcos Vinícius Rocha de Souza. Co-orientação: Profa. Me. Rosana Maria Cavalcante Soares. 1. Práticas pedagógicas. 2. Dificuldade de aprendizagem.

3. Criança disléxica. I. Título. CDD: 370.9144

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Dedico este trabalho,

À Deus primeiramente, por ter me dado a vida.

Aos meus pais, Hélio e Fátima, pelo incentivo e amor.

Ao meu esposo, Jeová, pelo apoio.

Aos meus irmãos, Shandley e Shandja, e ao meu sobrinho, Shandley pelo

carinho.

Ao meu sobrinho e afilhado, Hélio Neto, pelas alegrias.

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AGRADECIMENTOS

À Deus que na sua bondade e sabedoria guiou meus passos até aqui.

Aos meus pais Hélio Pereira e Fátima Melo, pelo amor, carinho e por sempre confiar e

acreditar no meu potencial.

Ao meu esposo Jeová Medeiros, que mesmo antes do vestibular vem me apoiando e me dando

todo o suporte para que eu pudesse realizar essa conquista.

Às minhas amigas Izabel Sousa, Ingrid Michelle, Cleonice Silva, Ana Carla e em especial a

Ariane Silva, por tornar essa caminhada mais leve e acima de tudo divertida.

Aos professores pelo conhecimento adquirido e pela atenção dada.

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Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre.

Charles Chaplin

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RESUMO

O presente trabalho faz uma abordagem sobre a dislexia, uma dificuldade de aprendizagem na

leitura e na escrita, e também apresenta suas causas e características. O principal objetivo é a

busca por informações sobre o assunto com o intuito de instruir os profissionais da educação

sobre o tema, visto que a dislexia é uma dificuldade muito comum em sala de aula. O estudo

destaca a importância da escola no diagnóstico da dificuldade, uma vez que é na escola que se

tornam evidentes as dificuldades de leitura e escrita. Reconhecer as características e

encaminhar uma criança com dislexia ao diagnóstico é papel do professor, assim definir

estratégias e direcionar o melhor caminho para o seu aluno evitando o fracasso escolar. A

metodologia consiste em pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo que tem como

instrumento para coleta de dados o questionário. Nessa perspectiva, pretendemos perceber os

conhecimentos que os professores têm sobre a dislexia buscando compreender como o

educador vem reagindo a esse desafio e sugerir estratégias pedagógicas que possam ser

utilizadas pelo professor em sala de aula com o aluno disléxico. Conclui-se com os estudos

que os professores necessitam de mais apoio para desenvolver um trabalho eficaz com o aluno

portador de dislexia, visto que a formação inicial não contempla os aspectos necessários para

um trabalho adequado às necessidades especiais do aluno disléxico.

Palavras-chave: Dislexia, Dificuldade de aprendizagem, Práticas pedagógicas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 10

1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA, CONCEITOS E SINAIS DA

DISLEXIA...............................................................................................................................

15

1.1 Conceitos e causas da dislexia........................................................................................... 17

1.2 Sinais da dislexia................................................................................................................ 19

2. IMPORTÂNCIA DA ESCOLA NO DIAGNÓSTICO E NO TRATAMENTO DA

DISLEXIA...............................................................................................................................

23

3. CONHECIMENTO DO PROFESSOR SOBRE A DISLEXIA.................................... 27

3.1 Estratégias pedagógicas utilizadas pelos professores em sala de aula.............................. 27

3.2 O que os professores relatam a respeito de sua formação para trabalhar com a

Dislexia...................................................................................................................................

30

3.3 A avaliação do aluno disléxico em sala de aula................................................................ 33

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 38

APÊNDICE............................................................................................................................ 42

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10

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo geral conhecer a dislexia e suas

características, e tem como objetivos específicos: a importância do diagnóstico precoce,

verificar o conhecimento do professor referente a dislexia, como também identificar

estratégias pedagógicas usadas em sala de aula, pelos docentes, para um melhor

desenvolvimento no processo de aprendizagem da criança disléxica.

Esse tema foi escolhido devido ao fato de eu ter presenciado em meados de 2008

uma conversa de uma mãe relatando que seu filho é disléxico e por isso estava sendo excluído

das atividades escolares em sala de aula. A partir daí, como estudante de pedagogia esse

assunto até então desconhecido para mim me causou inquietação e de certa forma indignação

pelo aluno não está participando das experiências proporcionadas em sala de aula. Então

surgiu o interesse e a curiosidade sobre o que é a dislexia, os sintomas e como a dificuldade é

vista e trabalhada em sala de aula pelos professores a fim de evitar que como futura docente

cometa os mesmos erros com meus alunos que tenham a dificuldade.

A relevância desse estudo é contribuir para melhor informar os profissionais da

educação a respeito do assunto, para possibilitar reflexões e orientá-los a trabalhar essa

dificuldade de aprendizagem para que o aluno disléxico não se sinta incapaz e desmotivado a

superar as dificuldades diminuindo assim os problemas comportamentais, a repetência, a

evasão escolar, e dessa forma obtendo sucesso em sua trajetória educacional, visto que a

leitura e a escrita desempenha um papel de destaque na escola e na nossa sociedade.

Ler é algo muito importante na vida de uma pessoa, pois proporciona a descoberta

do mundo da leitura e a inclusão no meio social. As pessoas sem que percebam estão rodeadas

pela leitura. O processo de leitura e escrita muitas vezes inicia-se antes mesmo da

escolarização, mas na escola que de fato a dislexia aparece, pois é o local onde a leitura e a

escrita são permanentemente utilizadas e, sobretudo, valorizadas. Aproximadamente 15

milhões de pessoas no mundo são disléxicos, significando uma média de três a quatro

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crianças afetadas em uma sala de aula com 25 alunos, a estimativa é de que 10 a 15% da

população tenham o distúrbio (ABC da Saúde, 2007)1.

A palavra dislexia é derivada do grego "dis" (dificuldade) e "lexia" (linguagem).

Dislexia é uma falta de habilidade na linguagem que se reflete na leitura, não sendo

decorrência de comprometimentos intelectuais. Na verdade, há uma lacuna inesperada entre a

habilidade de aprendizagem e o sucesso escolar. O problema não é comportamental,

psicológico, de motivação ou social. Não é uma doença, é um funcionamento peculiar do

cérebro para o processamento da linguagem. As atuais pesquisas, obtidas através de exames

por imagens do cérebro, sugerem que os disléxicos processam as informações de um modo

diferente. Pessoas disléxicas são únicas; cada uma com suas características, habilidades e

inabilidades próprias (Associação Nacional de Dislexia, 2009).

É preocupante o fato de que a identificação da dislexia e das diferentes

dificuldades de aprendizagem, em geral, ocorre tardiamente, após alguns anos de repetência

escolar, que podem provocar sérios desvios de comportamento da criança (JARDIM, 2007).

Isso acontece devido à falta de conhecimento e preparação dos professores sobre a

dislexia e que muitas vezes acham que a criança é preguiçosa, desinteressada ou até mesmo

“burra”, deixando de dar um suporte pedagógico para poder se desenvolver e ter um

acompanhamento com uma equipe multidisciplinar que realizará atividades educativas de

acordo com suas dificuldades individuais, melhorando, assim, sua aprendizagem na leitura.

Também pode-se considerar que a falta de experiência e conhecimento teórico do

professor sobre a dislexia faz com que o diagnóstico do distúrbio se dê de modo tardio,

podendo acarretar sérias consequências na vida de uma criança.

A linguagem é fundamental, pois está presente em todas as disciplinas da escola e

é através dela que os professores transmitem informações. Muitas vezes a dificuldade na

aprendizagem da Matemática está mais relacionada a compreensão do enunciado do que no

processo da solução do problema. Os disléxicos, em geral, sofrem com discalculia –

1 Portal direcionado ao público em geral que tem por objetivo a informação, divulgação e educação sobre temas

de saúde com mais de 750 artigos escritos exclusivamente por mais de 30 especialistas.

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dificuldade de calcular – porque possuem dificuldade em compreender os enunciados das

questões. Por isso é importante que o diagnóstico da dislexia seja precoce (MARTINS, 2001).

Dentre as dificuldades de aprendizagem, a dislexia é a de maior incidência, pois

atinge uma em cada cinco crianças, estima-se que a dificuldade com a leitura representa pelo

menos 80% de todos os problemas de aprendizagem, e é três a quatro vezes mais comuns nos

garotos do que nas garotas. Assim, preocupada com essa problemática, decidi elaborar um

estudo sobre a dislexia no contexto escolar, visto que a mesma é mais comumente identificada

em sala de aula pelo professor.

Para o presente trabalho, utilizaremos a abordagem qualitativa que segundo

Minayo (2007) trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das

crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui

como parte da realidade social.

A metodologia será composta por Pesquisa bibliográfica que tem por objetivo

levantar o conhecimento disponível na área, possibilitando o conhecer as teorias produzidas,

apresentando sua contribuição para compreender ou explicar o problema objeto de

investigação, aumentando assim meu conhecimento sobre o assunto e dando validade à minha

pesquisa, e por Pesquisa de campo, que pretende compreender os conhecimentos de três

professoras acerca da dislexia e as práticas pedagógicas que as mesmas utilizam em sala de

aula com os alunos disléxicos.

Segundo Lakatos & Marconi (1992), a pesquisa de campo é aquela utilizada com o

objetivo de conseguir informações, conhecimentos e respostas acerca de um problema

detectado. Para Franco (1985, p. 35):

A pesquisa de campo precede a observação de fatos e fenômenos exatamente como

ocorrem no real; a coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente a análise e

interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente,

objetivando compreender e explicar o problema pesquisado.

O instrumento escolhido para a coleta de informações é o questionário. O

questionário é um conjunto de perguntas, que a pessoa lê e responde sem a presença de um

entrevistador, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos,

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interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. Esse instrumento ajudará a colher dados

necessários para obtenção dos objetivos que é investigar o conhecimento dos professores

sobre a dislexia e suas práticas pedagógicas ao aluno disléxico.

A escolha desse instrumento se deu pela facilidade de utilização, pois o mesmo

possibilita que as pessoas o respondam no momento que lhes parece mais apropriado. O

questionário utilizado será com perguntas abertas, onde o interrogado responde com suas

próprias palavras, sem qualquer restrição.

O questionário foi realizado com três professoras de diferentes escolas, duas das

professoras possuem alunos com dislexia em sala de aula e uma não tem alunos com dislexia.

Para citá-las no trabalho utilizaremos nomes fictícios a fim de manter o anonimato em

respeito às pessoas.

Estabelecendo o perfil das professoras pesquisadas, a professora Aline tem apenas

26 anos e está em fase de conclusão do curso de Pedagogia e possui apenas um ano de

experiência na área; a professora Fernanda tem 45 anos é formada em Pedagogia e é

especialista em Psicopedagogia (há sete anos leciona); e a professora Bruna tem 40 anos de

idade, é Pedagoga e Mestre em Psicologia e tem dezessete anos de docência.

A elaboração do questionário seguiu como critérios os objetivos em relação ao

trabalho, buscando conhecer o perfil do professor e sua relação com os alunos com

necessidades especiais, focando a dislexia.

Após a coleta de dados, fez-se necessário a análise dos mesmos, fazendo um

paralelo entre os resultados obtidos empiricamente através das respostas dos sujeitos ao

questionário e as teorias já existentes.

A análise e tratamento do material empírico e documental diz respeito ao conjunto

de procedimentos para valorizar, compreender, interpretar os dados empíricos, articulá-los

com a teoria que fundamentou o projeto ou com outras leituras teóricas e interpretativas cuja

necessidade foi dada pelo trabalho de campo. O ciclo da pesquisa não se fecha, pois toda

pesquisa produz conhecimento e gera novas indagações (MINAYO, 2007).

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Para o desenvolvimento deste trabalho, a organização proposta implica em três

capítulos. No 1º capítulo é abordada a história da dislexia, destacando os conceitos e suas

causas, e os sinais da mesma.

O 2º capítulo aborda a importância da escola no diagnóstico e no tratamento da

dislexia, ressaltando como é importante que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível.

O 3º capítulo é composto pelos resultados da pesquisa de campo que utilizará

como ferramenta o questionário para coleta de dados, abordando as estratégias pedagógicas

desenvolvidas pelo professor na sala de aula para um melhor desenvolvimento no processo de

aprendizagem da criança disléxica, ressaltando o conhecimento que o professor possui sobre a

dislexia.

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA DISLEXIA, SEUS CONCEITOS E

CARACTERÍSTICAS DA DISLEXIA

Ao longo do tempo a dislexia teve diversas denominações, já tendo sido chamada

de “cegueira verbal”, assim chamada pela incapacidade da pessoa ler palavras, apesar da

visão, o intelecto e a fala estarem intactos.

Em 7 de novembro de 1896, o Dr. W. Pringle Morgan, de Seaforde, escreveu o

seguinte sobre Percy F., 14 anos, no Bristish Medicak Journal: Ele sempre foi um

menino brilhante e inteligente, rápido nos jogos, e em nenhum aspecto inferior aos

colegas da mesma idade. Sua grande dificuldade foi – e permanece – sua

incapacidade de ler. (…) Depois testei sua capacidade de leitura de números e

descobri que fazia tudo com facilidade (SHAYWITZ, 2006, p. 25).

Em 1905 E. Treacher Collins, um cirurgião ocular da Inglaterra depois de ter

contato com várias crianças com “cegueira verbal congênita” concluiu que os principais

sintomas do distúrbio

eram frequentemente negligenciados, sendo classificados como mera burrice, ou

algum erro de refração, o que prejudicava muito o indivíduo, que era em geral

culpado, intimidado e ridicularizado por um defeito pelo qual não tinha culpa, mas

sim o azar de possuir (SHAYWITZ, 2006, p. 29).

Borja (1989) diz que no período entre guerras (1915-1940), Samuel Orton,

neurop-siquiatra americano, defendia que a dificuldade de ler se devia a uma disfunção

cerebral de origem congênita. A esse conjunto de dificuldades, Orton denominou-as de

estrefosimbolia, ou seja, de símbolos invertidos. No trabalho, que publicou em 1925, sugeria

que essa aparente disfunção na percepção e memória visual caracterizada por entender as

letras e as palavras invertidas era, então, a causa da dislexia. Esse distúrbio explicaria também

a escrita em espelho.

Em 1968, a Federação Mundial de Neurologia utilizou pela primeira vez o termo

“Dislexia do Desenvolvimento” definindo-a como: “um transtorno que se manifesta por

dificuldades na aprendizagem da leitura, apesar das crianças serem ensinadas com métodos de

ensino convencional, ter inteligência normal e oportunidades socioculturais adequadas”

(TELES 2004, p.01).

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De acordo com Costa (2005) nos anos 70 a dislexia era considerada uma doença

social grave, que afetava um elevado número de alunos, considerados “pacientes”, como

podemos verificar através das palavras de Montenegro (1974 p. 06) “A percentagens de

escolares afectados pela Dislexia e pela disortografia são verdadeiramente notórias para que o

fenómeno deixe de constituir um grave problema para os próprios pacientes, os pais, os

mestres, os especialistas”.

No Brasil foi criado, no ano de 1983, a Associação Brasileira de Dislexia (ABD),

com o objetivo de esclarecer, divulgar, ampliar conhecimentos e ajudar os disléxicos em sua

dificuldade específica de linguagem.

Segundo Rotta (2006), a década de 1990 foi pródiga em trabalhos que tentavam

desvendar os aspectos genéticos envolvidos na dislexia.

Em 2000 foi fundada a Associação Nacional de Dislexia - AND, com sede e foro

na cidade do Rio de Janeiro. É uma sociedade civil, sem fins lucrativos, políticos ou

religiosos, com objetivo científico - culturais e sociais. A Associação Nacional de Dislexia

tem por finalidade reunir fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos, pedagogos, médicos,

profissionais de áreas afins, pais, disléxicos, instituições e associações que se dediquem ao

aprofundamento dos estudos sobre dislexia.

Em 2003, a Associação Internacional de Dislexia adotou a seguinte definição:

Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica.

É caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras e

por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de um

déficit Fonológico, inesperado, em relação às outras capacidades cognitivas e às

condições educativas (GOMES, 2011 p.27).

Em Outubro deste ano, em São Paulo, o Instituto ABCD2, organização social

criada em 2009, lançou a Semana da Dislexia, que tem como objetivo cobrar do poder público

políticas para lidar com as crianças com o transtorno. Para o instituto, é necessário que haja

políticas públicas para identificar a dislexia e ações definidas para esses alunos, que

2 O Instituto ABCD é uma organização social (OSCIP) fundada em 2009, que se dedica a gerar, promover e

disseminar projetos que tenham impacto positivo na vida de brasileiros com dislexia e outros transtornos de

aprendizagem.

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necessitam de mais tempo para aprender e de diversas ferramentas para assimilar um mesmo

conteúdo.

1.1 Conceitos e causas da Dislexia

Conforme Ianhez e Nico (2002), a dislexia pode ser classificada em Dislexia

disfonética, diseidética, visual, auditiva e mista. A primeira diz respeito às dificuldades de

percepção auditiva, na análise e síntese de fonemas; a segunda dificuldade é na percepção

visual, na análise e síntese de fonemas; na dislexia visual há uma deficiência na percepção

visual (não visualiza cognitivamente o fonema); a dislexia auditiva define-se por uma

deficiência na percepção e na memória auditiva (não audiabiliza cognitivamente o fonema),

por fim a dislexia mista seria a combinação de mais de um tipo de dislexia.

Segundo Dr. Ércio Oliveira (2007, p. 1) a dislexia:

É uma dificuldade primária do aprendizado abrangendo: leitura, escrita, e soletração

ou uma combinação de duas ou três destas dificuldades. Caracteriza-se por

alterações quantitativas e qualitativas, total ou parcialmente irreversíveis. É o

distúrbio (ou transtorno) do aprendizado mais freqüentemente identificado na sala de

aula. Está relacionado, diretamente, à reprovação escolar, sendo causa de 15 % das

reprovações. Em nosso meio, entre alunos das séries iniciais (escolas regulares) têm

sido identificados problemas em cerca de 8 %. Estima-se que a dislexia atinja 10 a

15 % da população mundial.

A dislexia apesar de não ser ainda muito conhecida pela população em geral,

como podemos observar, é um transtorno muito comum, pois atinge uma porcentagem

significativa da população mundial. A dislexia pode apresentar-se em qualquer pessoa

independentemente de sua cor ou classe social. Atualmente sabe-se que a dislexia está

relacionada a fatores genéticos.

DCDC2 é um gene recentemente relacionado com a dislexia. Segundo o Dr.

Jeffrey R. Gruen, geneticista da Universidade de Yale, Estados Unidos, ele é ativo nos centros

da leitura do cérebro humano. Uma criança que tenha um genitor disléxico apresenta

um risco importante de apresentar dislexia, sendo que 23 a 65 % delas apresentam o distúrbio

(ABC da Saúde, 2007).

Segundo Nunes, Buarque & Bryant (1992, p. 10):

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As crianças disléxicas (...) são crianças cujas dificuldades na aprendizagem da

leitura e da escrita são maiores do que se esperaria a partir do seu nível intelectual.

Essas crianças, embora com as mesmas oportunidades que as outras crianças têm

para aprender a ler, recebendo motivação adequada, pais que as apóiam

suficientemente e capacidades intelectuais normais ou até mesmo acima do normal,

mostram progresso na alfabetização surpreendentemente mais lento do que o de seus

colegas da mesma idade e do mesmo nível intelectual.

Todas as crianças no processo de aprendizagem da leitura têm dificuldades, já que

a alfabetização é uma atividade complexa, porém, para as crianças disléxicas essas

dificuldades são mais acentuadas e de mais difícil superação (Nunes, Buarque e Bryant, 1992,

p. 11). É possível que as crianças disléxicas encontrem dificuldades diferentes na

aprendizagem da leitura e da escrita e que elas tenham de lidar com obstáculos que,

normalmente, não afetam as outras crianças na alfabetização.

Segundo Johnson & Myklebust (1983) a dislexia raramente é encontrada de forma

isolada. As dificuldades severas para ler e escrever corretamente a língua falada encontram-se

associadas a outros distúrbios, tais como: Distúrbios de Memória, Distúrbio de Memória para

Seqüência, Orientação Esquerda-Direita, Orientação Temporal, Imagem Corporal, Escrita e

Soletração, Distúrbios Topográficos e Distúrbios no Padrão Motor.

De acordo com a Associação Nacional de Dislexia, ao contrário do que muitos

pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição

socioeconômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações

genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.

De acordo com Shaywitz (2006, p. 87):

Estudos recentes demonstraram que a dislexia não está só presente em muitas

famílias, como também é algo genético (...). Mesmo se uma criança carregue o gene

ou um conjunto de genes que a predispõem à dislexia, isso só quer dizer que ela

corre maior risco. Se a dislexia fosse inteiramente genética, então dois gêmeos

idênticos (que compartilham os mesmos genes) teriam problemas de leitura. Na

verdade apenas 65 a 70% dos casos, ambos os gêmeos são disléxicos; em 30 a 35%

dos casos, um dos gêmeos idênticos é disléxico e outro não. Assim, a expressão final

da dislexia depende de uma interação entre a conformação genética e seu ambiente.

Os fatores ambientais são pouco conhecidos das causas da dislexia. As

complicações perinatais apresentam uma associação fraca, não-específica, com problemas

posteriores de leitura. Alguns autores postulam que insultos ambientais infecciosos ou tóxicos

também poderão ter aqui um papel. Além disso, considera-se o tamanho da família e o nível

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socioeconômico das mesmas. Algumas famílias com nível socioeconômico baixo lêem menos

para seus filhos e fazem poucos jogos de linguagem com eles. A falta dessas experiências pré-

escolares parece retardar o desenvolvimento de habilidades posteriores de leitura (Pennington,

1997).

1.2 Sinais da dislexia

De acordo com D’Affonseca (2005) os sintomas-chave na dislexia são

dificuldades para ler e soletrar, freqüentemente com desempenho em matemática

relativamente melhor. Como algumas crianças disléxicas gostam de ler ou têm boa

compreensão de leitura, é importante verificar especificamente a leitura em voz alta e a

aprendizagem fônica. Pais e professores poderão relatar ritmos lentos de leitura ou de escrita,

inversão de letras e números, problemas na memorização dos fatos matemáticos básicos e

erros incomuns em leitura e soletração. O mais importante é que a indicação inicial pode

ocorrer não pelos sintomas cognitivos, mas pelos físicos ou emocionais, tais como ansiedade

ou depressão, relutância em ir à escola, dores de cabeça e problemas estomacais. É importante

verificar se esses sintomas ocorrem sempre ou só nos dias escolares. Mesmo que ocorram

sempre, a causa principal pode ser a dislexia devido a fracassos (ou medo do fracasso)

decorrentes da experiência disléxica.

Para Shaywitz (2006), o primeiro sinal indicativo da dislexia pode ser um atraso

na fala. As crianças disléxicas, por outro lado, têm problemas quando tentam penetrar na

estrutura sonora das palavras, e conseqüentemente, são menos sensíveis à rima, no começo da

pré-escola, quando a maior parte das crianças é capaz de julgar se duas palavras rimam, as

crianças disléxicas talvez ainda não consigam demonstrar que ouvem a rima, pois não

conseguem concentrar-se em apenas uma parte da palavra. Não é questão de inteligência, mas

apenas uma insensibilidade à estrutura sonora da linguagem.

Ainda segundo Shaywitz (2006), devido às dificuldades em acessar os fonemas

pretendidos, a criança talvez fique buscando a palavra certa, e pode começar a dizer uma

palavra e acabar com uma série de “humm”. À medida que a criança disléxica passa para a

idade adulta, sua fala continua a dar provas das dificuldades que tem de chegar à estrutura

sonora das palavras. A fala está cheia de hesitações; às vezes, há muitas pausas longas, ou ela

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talvez fique buscando a palavra certa, usando muitas palavras incorretas no lugar da palavra

correta que não consegue encontrar.

Embora a maior parte das crianças com dificuldades de leitura não seja

identificada antes da 3ª série, o momento ideal para identificar e ajudar uma criança é durante

os primeiros anos da escola, por isso me detenho em sinais que são de fácil observação

durante a pré-escola e nos primeiros anos do ensino fundamental.

Na pré-escola e 1ª série deve-se observar as seguintes características: aquisição

tardia da fala; pronunciação constantemente errada de algumas sílabas; crescimento lento do

vocabulário; persistência da chamada linguagem de bebê, dificuldade em aprender cores,

números e copiar seu próprio nome; não memorizar nomes ou símbolos; dificuldade em

aprender o alfabeto, deficiência em saber o nome das letras de seu próprio nome (ABC DA

SAÚDE, 2007, p. 01).

De acordo com Santos & Jorge (2007) a criança disléxica na pré-escola apresenta

dificuldade para decorar cantigas de roda, tem dificuldade para vestir-se sozinha, amarrar

cadarços dos sapatos ou calçá-los e abotoar a roupa, confunde tempo e espaço, ontem, hoje e

amanhã, direita e esquerda, para cima, para baixo. Não consegue se expressar com clareza e

perde-se no meio do discurso.

Além dos problemas de fala e de leitura, deve-se também observar indícios de

pontos fortes nos seguintes processos de pensamento de nível superior: curiosidade, grande

imaginação, capacidade de descobrir como as coisas acontecem, forte envolvimento com

idéias novas, compreensão do ponto essencial das coisas, boa compreensão de novos

conceitos, maturidade surpreendente, excelente compreensão de histórias que lhe são lidas ou

contadas (SHAYWITZ, 2006 p. 102).

Nos primeiros anos do ensino fundamental a criança apresenta alguns ou vários

sintomas, sendo necessário um diagnóstico e acompanhamento adequado, para que possa

prosseguir seus estudos junto com os demais colegas e tenha menos prejuízo emocional.

Confunde palavras que tenham sonoridade semelhante; necessita de mais tempo para elaborar

uma resposta oral ou apresenta incapacidade de dar uma resposta verbal rápida quando é

questionado, o problema está na linguagem expressiva, e não no pensamento. A criança sabe

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exatamente o que quer dizer, a dificuldade está em buscar a palavra certa. Dificuldade de

lembrar partes isoladas de informação verbal (memória imediata) – problema ao lembrar

datas, nomes, números de telefones, listas aleatórias; progresso muito lento na aquisição das

habilidades de leitura; problemas ao ler palavras desconhecidas (novas, não-familiares) que

devem ser pronunciadas em voz alta; tentativa de adivinhar a palavra ao lê-la; falhas na

organização dos sons das palavras quando as pronuncia etc. (SHAYWITZ, 2006 p. 103).

Se nessa fase a criança não for acompanhada adequadamente, os sintomas

persistirão e irão permear na fase adulta, com possíveis prejuízos emocionais e

conseqüentemente sociais e profissionais.

Shaywitz (2006), cita outros indícios de dislexia como: tropeços ao ler palavras

polissílabas, ou deficiência ao ter de pronunciar a palavra inteira; omissão de partes de

palavras ao ler; medo acentuado de ler em voz alta; evita ler em voz alta, a leitura em voz alta

é contaminada por substituições; omissões de palavras mal pronunciadas; a leitura em voz alta

é entrecortada e trabalhosa; não é fluente nem suave; dependência do contexto para a

compreensão do que lê; desempenho desproporcionalmente fraco em testes de múltipla

escolha; incapacidade de finalizar os testes no horário estabelecido; leitura muito lenta e

cansativa; evita ler livros ou mesmo uma frase; leitura cuja precisão aumenta com o tempo,

embora permaneça sem fluência e seja trabalhosa; autoestima em declínio; presença de

sofrimentos nem sempre visíveis.

Na área da linguagem, os disléxicos confundem as letras, sílabas ou palavras com

diferenças sutis de grafia como, por exemplo, “a-o”, e-d”, “h-n”. Apresentam uma caligrafia

muito defeituosa, com irregularidade do desenho das letras, também mostram confusão com

letras com grafia similar, com diferente orientação espacial como “d-p”, “d-b” “d-q” “n-u” e

“a-e” e invertem sílabas ou palavras como “sol-los”, bem como adição ou omissão de sons

como “casa-casaco” (MARTINS, 2001 p. 01).

“Há um último indicativo de dislexia em crianças: o fato de que eles dizem sentir

dor. A dislexia lhes inflige dor. Representa uma grande agressão à autoestima” (SHAYWITZ,

2006. p. 98). Nas crianças em idade escolar isso pode se expressar em se opor em ir à escola,

mau-humor ou ainda na expressão como “sou burro”.

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22

Frank (2003) diz que a criança disléxica vive sob pressão, sente vergonha do seu

problema, tem medo que descubram e por isso evita situações em que possam descobrir suas

dificuldades.

Esses indícios que aparecem ao longo da vida são um retrato da dislexia. Como

vimos, existem sinais que indicam deficiências e outros que indicam habilidades. Shaywitz

(2006) afirma que não é necessário preocupar-se com sinais isolados ou que aparecem muito

raramente. Para se preocupar, os sinais têm de ser persistentes; qualquer pessoa pode,

ocasionalmente, pronunciar mal uma palavra aqui ou ali.

Quanto mais cedo se fizer um diagnóstico, mais rápido pode-se e deve-se buscar

ajuda e mais provavelmente se conseguirá evitar problemas decorrentes, que atingem a auto-

estima. Se não houver um acompanhamento adequado, os sintomas existentes na criança

permanecerão no adulto.

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23

2. IMPORTÂNCIA DA ESCOLA NO DIAGNÓSTICO E NO TRATAMENTO DA

DISLEXIA

A dislexia de fato aparece na escola; Há disléxicos que revelam suas dificuldades

em outros ambientes e situações, porém a escola é o local em que a leitura e a escrita são

permanentemente utilizadas e, sobretudo valorizadas.

É muito importante que o diagnóstico da dislexia seja o mais precoce possível, e

que pais e educadores se preocupem em encontrar indícios de dislexia nas crianças já nos

primeiros anos de educação infantil.

Segundo Shaywitz (2006, p.109) “dezenas de milhares de crianças que sofrem

muito para conseguir ler não passam por nenhum diagnóstico”. A falta do diagnóstico da

dislexia traz diversas consequências para a vida da criança, desde o baixo rendimento escolar

à baixa autoestima e o desinteresse pelos estudos.

O diagnóstico deve ser obtido mediante avaliação ministrada por uma equipe

multidisciplinar, em razão de esse distúrbio ser um conjunto de dificuldades e

sintomas combinados, não tendo, portanto, uma característica padrão para todos os

disléxicos; cada caso de dislexia é um caso à parte. Além do que, embora a dislexia

seja um distúrbio de leitura e escrita, nem todo distúrbio de leitura e escrita é

dislexia (IANHEZ & NICO, 2002 p.30).

A equipe multidisciplinar pesquisará todas as possibilidades com o objetivo de

estabelecer um diagnóstico preciso, identificando as dificuldades e necessidades específicas.

A avaliação da dislexia concentra-se no fato de a criança ler bem as palavras e do

quanto as compreende. Fundamental para o diagnóstico da dislexia é o modo como a criança

lê palavras que não têm sentido, palavras que ela nunca viu e que não poderia tê-las

memorizado. A função dessas palavras estranhas, mas pronunciáveis, é que elas testam a

capacidade da criança de pronunciá-las em voz alta, isto é, conectar letras e sons.

Quando a dislexia é identificada e tratada desde cedo, é possível dar condições ao

disléxico de criar estratégias para lidar com esta dificuldade, superando alguns

obstáculos e minimizando suas consequências. Com a dislexia vêm as dificuldades

escolares que acarretam uma série de outros problemas, como o sentimento de

fracasso, a frustração, o isolamento, a depressão, a agressividade, o desinteresse, a

desatenção. É importante identificar quando existe uma dificuldade de linguagem

e/ou leitura/escrita para que o sujeito receba o tratamento adequado, independente de

ser ou não uma dislexia. Sendo uma desordem de origem neurológica, não existe

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cura para a dislexia, mas seus efeitos podem ser trabalhados e minimizados

(PAVÃO, 2004, p.01).

Uma criança disléxica encontra dificuldades para ler e as frustrações acumuladas

podem levar a comportamentos antissociais e a agressividade.

De acordo com Martins (2004), o diagnóstico precoce é imprescindível para o

desenvolvimento contínuo das crianças disléxicas. Reconhecer as características é o primeiro

passo para que se possa evitar anos de dificuldades e sofrimentos induzindo esta criança,

fatalmente ao desinteresse pela escola e a tudo o que está em torno dela e gerando às vezes

quadros "quase-fóbicos" desta criança em relação às tarefas que exijam a leitura e a escrita.

É importante salientar que o professor não deve diagnosticar a dislexia, mas

desconfiar se há o problema conhecendo sobre o distúrbio e comunicando a escola e aos pais

da criança para que o diagnóstico seja feito por uma equipe multidisciplinar, incluindo

fonoaudiólogo, psicólogo e psicopedagogo clínico, que inicia uma investigação e verifica se

há necessidade do parecer de outros profissionais, como neurologista, oftalmologista e outros

conforme o caso.

O diagnóstico da dislexia tem sido orientado por sinais e sintomas e de certa

forma é feito por exclusão. Quando a criança é levada ao consultório com queixa que vai mal

na escola, antes de afirmar que ela é disléxica, é preciso descartar uma série de distúrbios que

ela não tem, como por exemplo: deficiências auditivas e visuais que interferem negativamente

na aprendizagem (RORATO, 2007 p.17).

De acordo com Oliveira (2007), entre as avaliações mais solicitadas encontram-se

os testes de cognição, inteligência, memória auditiva e visual, discriminação auditiva e visual,

orientação, fluência verbal e testes com novas tecnologias.

Segundo Ianhez e Nico (2002) para iniciar a avaliação, o psicólogo faz um

entrevista com os pais da criança e colhe dados importantes sobre o histórico e evolução do

paciente. Nos casos em que a criança freqüenta a escola, é enviado um questionário para que

o professor possa contribuir com sua experiência e observação do aluno em sala de aula. O

psicólogo aplica uma bateria de testes com o paciente, que envolve: o nível de inteligência,

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para determinar as habilidades globais de aprendizagem do indivíduo; testes visuomotores,

neuropsicológicos e de personalidade.

Esses testes têm o objetivo de revelar comprometimentos na inteligência, indícios

de lesões neurológicas ou de comprometimentos emocionais.

Logo após, o fonoaudiólogo e psicopedagogo aplicam testes de lateralidade e

avaliação das habilidades básicas para um bom processo de aprendizagem, que incluem testes

de: organização espacial e temporal, discriminação e percepção visual e auditiva, memórias

tátil e sinestésica, memória imediata e de longo prazo, organização de figuras. São aplicados

também testes de leitura, avalia o vocabulário, a leitura oral e silenciosa, com compreensão,

testes de linguagem escrita (ditado, cópia, escrita espontânea) e as aquisições lingüísticas,

incluindo soletração, rima e aliteração, análise e síntese de palavras (IANHEZ & NICO, 2002

p.32).

São pedidos, ainda, teste oftalmológico e audiométrico, pois alterações profundas

nessas áreas também causam problemas com o aprendizado. Os resultados da avaliação são

discutidos em equipe para se chegar ao diagnóstico final.

Na maioria das vezes quando a criança recebe o diagnóstico de dislexia, ela e os

pais se sentem aliviados porque o problema será “nomeado” e consequentemente indicará o

caminho a percorrer, proporcionando confiança e entendimento do seu problema que muitas

vezes era confundido com preguiça e falta de desinteresse pelos estudos.

Os tratamentos convencionais para a dislexia são psicopedagógico e

fonoaudiológico, ou seja, com aqueles profissionais habilitados e especializados em dislexia.

Em princípio o disléxico precisa ser reabilitado nas áreas que foram apontadas na avaliação

como prejudiciais ao desenvolvimento de sua aprendizagem. O psicopedagogo é o

profissional habilitado para alfabetizá-lo (utilizando métodos e estratégias adequadas ao seu

caso específico, resgatando as ineficiências instrumentais que o impedem de adquirir

eficientemente a leitura e a escrita), bem como desenvolver com o disléxico organização e

disciplina para os estudos. O fonoaudiólogo vai atender as questões mais relativas à

linguagem oral e às alterações do processamento auditivo, auxiliando o psicopedagogo e

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interagindo com ele na aquisição e desenvolvimento da leitura e da escrita do portador

(FREITAS, 2011).

Por vezes são necessários outros atendimentos para associação de transtornos que

porventura houver, por exemplo: psicoterapia, caso o disléxico apresente problemas afetivo-

emocionais (psicólogo ou psicanalista), tratamento psiquiátrico e/ou neurológico, se

apresentar problemas mentais e/ou neurológicos associados (sendo estes dois últimos tanto o

diagnóstico quanto o tratamento da responsabilidade da área médica).

A participação da escola, na figura do professor, no tratamento do disléxico tem

muito valor. É importante que o professor esteja preparado e sensibilizado com as

dificuldades dos alunos com dislexia.

Para contribuir com o tratamento do disléxico Ianhez & Nico (2002) dizem que a

escola deve manter uma relação de troca de experiências e evolução com os pais e, se for o

caso, com os profissionais que acompanham a criança; estar informada para amparar a criança

em sua dificuldade; atender e respeitar as capacidades e os limites da criança; desenvolver um

clima de paciência, para que as crianças possam ter tempo suficiente para cumprir suas tarefas

e até mesmo repeti-las várias vezes para retê-las.

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3. CONHECIMENTO DO PROFESSOR SOBRE A DISLEXIA

O professor tem um papel fundamental na trajetória escolar do aluno com

dislexia, pois será ele que ajudará no diagnóstico eficaz que será realizado por profissionais

habilitados.

A dislexia é um fato que favorece a evasão escolar, desta forma, é de suma

importância o conhecimento sobre o assunto no âmbito escolar para que o diagnóstico precoce

seja possível, fazendo com que a escola cumpra sua função que é o desenvolvimento do

aluno, sua permanência e a superação dos seus limites.

Buscando informações sobre como o professor lida com o aluno que possui

distúrbio de aprendizagem de leitura em sala de aula para o seu desenvolvimento e superação

de suas dificuldades, aplicamos um questionário com três professoras do ensino fundamental

e venho apresentar a partir do olhar das mesmas os relatos a respeito de sua formação para

trabalhar com a dislexia, as sugestões de estratégias pedagógicas que podem ser utilizadas

pelos professores em sala de aula com o aluno disléxico e como elas avaliam a aprendizagem

desse aluno.

3.1. O que os professores relatam a respeito de sua formação para trabalhar com a

dislexia.

Seria muito importante que todos os professores soubessem o que é dislexia, pois

assim o aluno poderá ser orientado e bem sucedido em classe. Para Drouet (2006, p. 28) "o

professor de primeiro grau não tem a formação necessária para diagnosticar graves distúrbios

de aprendizagem. Através da observação, ele poderá detectar diferenças ou falhas nos

desempenhos de seus alunos".

Como podemos observar, a maioria dos cursos de graduação em pedagogia não

contempla em sua formação o estudo sobre o distúrbio de aprendizagem. Os relatos das

professoras confirmam essa questão.

na faculdade muito pouco é trabalhado acerca desse tema e quando é acontece

sempre de forma fragmentada e muito pontual (Prof. Bruna).

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É comum os professores no exercício cotidiano da prática considerar que os

saberes de formação inicial não contemplaram todos os aspectos considerados importantes

para a atuação profissional docente. Apesar de a dislexia fazer parte da educação especial,

essa está mais voltado para as deficiências físicas e mentais como a síndrome de down e

quando é discutido é de maneira muito rápida, juntamente com todas as dificuldades de

aprendizagem, na maioria das vezes em forma de seminários apresentados pelos alunos.

Nota-se que ao deparar-se com alunos disléxicos os professores se vêem

desafiados a pesquisar sobre o assunto, buscando informações básicas sobre a dislexia.

é um transtorno que só comecei a pesquisar quando me deparei com um aluno

diagnosticado (Prof. Aline).

Muitas vezes o professor recebe o aluno com dislexia sem ao menos saber o

básico sobre a dificuldade e a partir desse momento é que ele se sente instigado a ler sobre o

assunto. Nesse contexto, os cursos de capacitação são ótimas opções de busca por

conhecimento específico na área desejada e é uma ótima ferramenta para o profissional estar

sempre se atualizando.

Chegamos, por dedução ou exegese jurídica, à conclusão de que a dislexia é uma

necessidade especial (MARTINS, 2001). O aluno disléxico se enquadra como um aluno com

necessidade especial por apresentar uma série de dificuldades em algumas áreas, necessitando

de estratégias pedagógicas diferenciadas pelos professores para a melhoria do seu

aprendizado.

Desta forma, concordamos com Fitzgibbon (apud MAZZOTA, 1993, p.49),

quando afirma que:

em quatro anos os professores não são totalmente preparados. Somente a preparação

básica pode ser obtida em tão pouco tempo (...) A eficácia para se trabalhar com

alunos com deficiência pode estar mais relacionada a cursos de capacitação

específicos e as características pessoais, flexibilidade e criatividade do professor (p.

49).

Sobre cursos de capacitação percebe-se que as docentes acham importante a

participação do professor nos cursos na área da educação especial.

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Já fiz, acredito que no exercício da docência é muito importante, ainda mais, por

trabalharmos com inúmeras crianças onde cada uma possui as suas dificuldades,

não somente aquelas que são diagnosticadas (Prof. Aline).

As dificuldades de aprendizagem são comuns em sala de aula devido ao grande

universo e números de alunos e aos diversos tipos de dificuldades de aprendizagem, como a

disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia, o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade) e a dislexia. Dessa forma os cursos de capacitação é uma forma de o

professor da escola regular adquirir conhecimentos para exercer um trabalho produtivo com

esses alunos que possuem algum tipo de deficiência ou transtorno de aprendizagem. A

professora Aline em relação à dislexia especificamente buscou informações em livros e

internet, mas também participou de cursos no Instituto de Educação do Ceará (Libras e

outros).

A professora Fernanda também demonstra a necessidade do docente ir em busca

de mais informações em cursos de formação, como expressa na fala seguinte:

Sim, com certeza (Faz cursos de capacitação para ajudar no ensino de alunos com

necessidades especiais). Pois a formação contínua é de fundamental importância,

funcionando como um recurso a mais no processo de aquisição da busca pelo objeto

de desejo do conhecimento (Prof. Fernanda).

Concordamos com a professora Fernanda que a formação contínua é de suma

importância, pois possibilita ao docente a aquisição de conhecimentos próprios da profissão,

tornando-se assim profissionais mais capacitados a atender as necessidades educacionais de

seus alunos.

Libânio, Oliveira & Toschi (2003) argumenta que:

A formação continuada é a garantia do desenvolvimento profissional permanente.

Ela se faz por meio de estudo, da reflexão, da discussão e da confrontação das

experiências dos professores. É responsabilidade da instituição, mas também do

próprio professor. O desenvolvimento pessoal requer que o professor tome para si a

responsabilidade com a própria formação, no contexto da instituição escolar (p.

389).

Mesmo com os professores tendo consciência da necessidade e participando de

cursos de capacitação na área, percebemos que ainda assim o professor sente-se limitado e

não totalmente seguro para lidar com as dificuldades dos alunos com dislexia, conforme

revela a professora Bruna:

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Como todo professor, independente de sua formação, sinto-me capacitada em

receber alunos disléxicos, porém ao mesmo tempo, sinto-me limitada em lidar com

os mesmos, haja vista a falta de preparação prática que o docente encontra para lidar

com tais dificuldades (Prof. Bruna).

É bem verdade que existe uma diferença entre a teoria e a prática. A teoria é

importante para conduzir a prática, porém só participar de encontros e cursos de capacitação

não resulta em transformação prática, visto que para proporcionar tal mudança não basta

desenvolver uma atividade teórica, é preciso atuar praticamente.

Temos que juntar teoria e prática, pois como diz Rodrigues (2007) deve-se

proporcionar ao professor um conjunto de experiências que lhes revelem novas perspectivas

sobre o conhecimento, mas que também impliquem em situações empíricas que lhe permitam

aplicar estes conhecimentos num contexto real. Ao atuar na prática o professor tem a

oportunidade de conhecer e definir o que é fundamental e essencial para o processo de ensinar

e aprender dos seus alunos.

3.2. Estratégias pedagógicas utilizadas pelos professores em sala de aula.

Não existem fórmulas elaboradas para trabalhar com alunos disléxicos. Assim, é

preciso mais tempo e mais ocasiões para a troca de informações sobre os alunos,

planejamento de atividades e elaboração de instrumentos de avaliação específicos.

Dessa forma podemos observar no questionário que cada professor tem uma

maneira de trabalhar com alunos disléxicos em sala de aula. A professora Bruna diz que as

intervenções/práticas que ajudariam superar as dificuldades dos alunos com dificuldade de

leitura e escrita poderiam ser:

Propiciar aos mesmos variados recursos visuais, auditivos e sinestésicos já seja um

início, aliado a valorização das habilidades dos mesmos. Além disso, podemos

estimular o prazer da leitura, tendo cuidado com a escolha do que apresentaremos

para eles, tendo em vista que já despertem para o interesse em ir adentrando com

mais segurança nesse universo. Estimular a criatividade deles. Estimular a

ampliação de seus vocabulários com palavras novas e respeitar o desenvolvimento

deles, estando sempre acompanhando-os de modo respeitoso e atencioso (Prof.

Bruna).

Diversificar a maneira de apresentar a matéria é muito interessante, pois

proporciona à criança a necessária informação para seu estímulo intelectual. Dentro da sala de

aula o professor pode utilizar recursos estimulantes para que o aluno possa ver, sentir, ouvir e

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manusear como jogos, cartazes, vídeos, músicas e etc. Caldeira & Cumiotto (2004) dizem que

o disléxico:

pode apresentar problemas para ler ou escrever, mas pode, porém, ter grandes

habilidades em outras áreas como matemática, música, teatro, desenho, pintura,

enfim, diversos campos do saber, não esquecendo ainda dos computadores e da

internet como grandes aliados nestes casos, já que possuem seus próprios corretores

ortográficos (p. 132-133).

A valorização das habilidades é um requisito indispensável para que o disléxico

seja bem sucedido na vida. Estimular seus interesses pela música, matemática, artes, ciências

ou outras atividades pode ajudar a criança disléxica a satisfazer suas necessidades intelectuais

dando-lhe a oportunidade de descobrir e ter sucesso em diferentes áreas.

O respeito às capacidades e limites da criança e suas diferenças de aprendizagem é

fundamental para que a criança se sinta acolhida e confortável em solicitar ajuda ou tirar

dúvidas, o interesse do professor pelo aluno como pessoa pode elevar sua autoestima fazendo

com que ele acredite mais nele mesmo. Frank (2003, p.13) nos esclarece que “à medida que

vamos descobrindo mais coisas sobre a dislexia, nossos métodos para lidar com ela vão

continuar melhorando”.

A professora Fernanda diz que as práticas pedagógicas que utiliza em sala de aula

com alunos disléxicos são:

Motivações, valorizando os acertos, linguagem clara e objetiva, observar como ele

faz anotações do quadro e ajudá-lo a se organizar. Atividades práticas (trabalhos

variados), experiências realizadas individualmente e em grupo.

Valorizar os acertos é sem dúvida uma ótima maneira de motivar o aluno

disléxico a lutar pelo seu sucesso escolar. Ele precisa perceber na prática que é capaz e

inteligente como os demais. Dessa forma, nunca se deve criticar quando um disléxico cometer

um erro, deve-se sempre motivá-lo a acertar. Se criticado ele vai ter vergonha e não vai ter

coragem para tentar novamente.

Kauss (2007) diz que valorizar o que o disléxico gosta de fazer e faz bem feito, dá

importância ao interesse e esforço do aluno atribuindo-lhe tarefas que possam fazê-lo sentir-se

útil, irão motivá-lo a ter confiança em si próprio.

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O papel do educador é provocar no aluno o interesse por aprender. Se isso não

acontece o aluno não se sentirá motivado a desenvolver suas capacidades para vencer suas

dificuldades específicas.

Ianhez & Nico (2002) expõem sugestões de como o professor pode ajudar a

criança disléxica em sala de aula: não espere que uma criança com dificuldades de leitura

obtenha toda informação por meio de textos, por isso use vários materiais de apoio para

apresentar a lição à classe, como: lousa, projetores de slides, retro projetores, filmes

educativos, demonstrações práticas e outros recursos multimídia; evite confusões, isto é,

dando instruções orais e escritas ao mesmo tempo.

Antunes (2009) diz que o professor tem que criar formas divertidas de a criança

descobrir o mundo da leitura. Os professores podem apoiar o aluno disléxico usando as

seguintes estratégias: o material de leitura deve estar ao nível real da criança, não ao nível que

“deveria” estar; mostrar a criança que há coisas legais nos livros que esperam por ser lidos,

leia para os alunos; os enunciados das atividades devem ser claros, curtos, com letras bem

legíveis e espaços adequados entre as palavras. Se necessário deverá ser feito instruções com

informações orais.

Outras sugestões podem ser seguidas como, por exemplo, o trabalho em grupo

possibilita ao aluno com dificuldade obter ajuda dos seus colegas de equipe; proporcionar

alternativas fora da sala de aula para tarefas de leitura, como dramatização, entrevistas e

trabalho em campo, assim muda a rotina e torna a atividade mais atraente; realizar aulas de

revisão que permitam o tempo adequado para perguntas e respostas, oferecer o aluno outra

oportunidade para tirar dúvidas.

A melhor maneira para um aluno com dislexia aprender é sem dúvida em uma

sala de aula do ensino regular com professores sensibilizados as suas dificuldades, Ianhez &

Nico ressalta:

O melhor ensino possível para uma criança dislexia é na sala de aula normal,

juntamente com outras crianças e com um professor que compreenda seus

problemas e organize suas aulas de tal maneira que a ajuda/orientação externa

(dentro da sala de aula) possa ser dada quando for preciso (2002, p.87).

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A Lei 9.394/96, a de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece que: “o

dever do estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de

atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais,

preferencialmente na rede regular de ensino" (Art. 4º, LDB).

Freitas (2011) diz que uma classe regular e heterogênea pode favorecer um meio

de estimular o aluno disléxico, e qualquer outro aluno, a desenvolver seu potencial através da

variedade de informações que a escola comum pode lhe oferecer.

O aluno disléxico deve ser inserido no ensino regular, para que este se sinta uma

criança normal, apesar de necessitar de um apoio especial por parte do professor.

3.3. A avaliação do disléxico em sala de aula

A avaliação é um processo que faz parte da nossa vida, e na escola a avaliação se

faz presente e necessário. E nesse processo o professor deve usar de estratégias pedagógicas

diferenciadas para avaliar o aluno com dislexia. Neste sentido a professora Fernanda afirma

que:

É muito importante que se faça com os alunos disléxicos uma avaliação contínua

(maior número de avaliações e menor número de conteúdos). Quanto as atividades

escritas, retomar a leitura oralmente e verificar o que o disléxico escreveu (Prof.

Fernanda).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) diz no seu artigo 24,

inciso V que:

V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos

aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período

sobre os de eventuais provas finais.

A avaliação contínua é uma ótima forma de se avaliar o desempenho dos alunos

disléxicos e não disléxicos, dar importância aos aspectos qualitativos sobre os quantitativos,

ter como ponto central a aprendizagem e não as notas que classificam os alunos em “bons ou

maus”.

Defendemos aqui uma prática de avaliação diversificada e contínua, pois cada

aluno se diferencia em seus caminhos para a aprendizagem, portanto se faz necessário o

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respeito à individualidade de cada um. Lembramos que “diversificar não é simplesmente

adotar vários instrumentos aleatoriamente, a avaliação é um campo teórico e prático que

possui um caráter metódico e pedagógico que atende a sua especialidade e intencionalidade”

(SILVA, 2006 p.15)

Quando a professora Fernanda fala em maior número de avaliações e menor número

de conteúdos no contexto de uma avaliação contínua, ela quer dizer que não se deve acumular

conteúdos para aplicar avaliações, ao contrário, avaliar continuamente é estar avaliando de acordo com

a progressão dos estudos, dando mais oportunidades aos alunos e evitando o acúmulo de conteúdos a

serem estudados.

A Associação Nacional de Dislexia (2002) dá dicas de como ajudar o aluno

disléxico nas avaliações em sala de aula: não devem ser aplicadas avaliações que contenham

exclusivamente textos, sobretudo textos longos; leia a prova em voz alta e, antes de iniciá-la

verifique se os alunos entenderam o que foi perguntado e se compreenderam o que se espera

que seja feito; destaque claramente os textos de suas respectivas questões; recorra a símbolos,

sinais, gráficos, desenhos que possam fazer referência aos conteúdos trabalhados; dê

preferência às avaliações orais, através das quais, em tom de conversa para que o aluno tenha

a oportunidade de dizer o que sabe sobre o assunto em questão; dê mais tempo para realizar a

prova.

A professora Bruna expõe sua opinião sobre a avaliação dos alunos com dislexia:

Há de se ter certos cuidados na avaliação especialmente para não “separar” os

alunos, mas respeitar os limites de cada um. Entre eles é necessário personalizar

sempre que possível a avaliação dos mesmos, com desenhos, figuras, formas que

substituam algumas palavras, mas que levem aos mesmos objetivos. Em caso de

questões semelhantes aos demais colegas, procurar ler em voz alta, garantindo que o

aluno entendeu o que é solicitado. Possibilitar ao mesmo que possa explicar

oralmente o que não ficou claro para ele e respeitar o seu ritmo de compreensão.

Concordamos com a professora Bruna que se deve ter o cuidado para não

“separar” os alunos, pois, segundo Freitas (2011), segregar o aluno disléxico o limita a tal

ponto que o aprisiona dentro do seu próprio contexto. Quando ela fala em personalizar

sempre que possível a avaliação encara-se o desafio de criar metodologias eficientes para

acolher cada aluno, respeitando e entendendo sua individualidade.

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Como podemos perceber, as professoras deixam claro que tem que se utilizar

estratégias pedagógicas diferenciadas com alunos disléxicos. A professora Bruna deixa

explícita a importância das avaliações orais como uma forma de ajudar o aluno disléxico a

revelar seu conhecimento adquirido durante as aulas.

O professor deve entender que as respostas orais dos alunos disléxicos indicam

melhor suas habilidades do que seus trabalhos escritos. “Nem sempre é compreendido que a

criança disléxica se esforça excessivamente na realização de um trabalho, mas o resultado não

reflete necessariamente seu empenho” (IANHEZ & NICO, p. 75, 2002).

Luca3 (2012) ressalta que às vezes a dificuldade que o disléxico tem para se

expressar por escrito é tão grande que a realização da prova oral é a melhor opção tanto para o

aluno como para o professor. Desta forma o disléxico se sai melhor e consegue passar mais

detalhes sobre a pergunta realizada. Domiense (2011, p. 40) esclarece que:

No momento das correções, busque valorizar o máximo a sua produção, e se

possível converse com ele confirmando algumas respostas a respeito do que ele

quer dizer. Seja paciente e compreensivo, pois é normal que ele leve mais tempo

para concluir suas atividades.

Concordamos com Ianhez & Nico (2002, p. 75) quando dizem que “a nota da

criança disléxica deve ser dada de acordo com seu conhecimento, e não de acordo com suas

dificuldades e seus erros de ortografia”.

O reconhecimento das dificuldades da criança e um acompanhamento adequando

permitirão que a criança acompanhe a classe, sem prejuízo do seu rendimento e evitarão

prejudicar seu desenvolvimento emocional.

Enfim, o disléxico tem uma dificuldade, não uma impossibilidade e ao receber um

tratamento adequado pode não apenas superar essa dificuldade, mas até utilizá-la como

melhoramento para se destacar pessoal, social e profissionalmente. (MARTINS, 2001).

3 Maria Inez Ocanã De Luca, Psicóloga - Membro do CAE e CTAS - ABD (Centro de Avaliação e

Encaminhamento e Centro de Triagem de Atendimento Social da Associação Brasileira de Dislexia.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

É muito importante que a dislexia seja conhecida por alunos, pais e

principalmente por educadores que poderão identificá-la em seus alunos em sala de aula, pois

quanto mais cedo se identifica e inicia-se a intervenção educacional, maior será a eficácia no

tratamento no decorrer dos anos, produzindo efeitos mais profundos sobre o desenvolvimento

das crianças.

O papel da família e da escola é de suma importância tanto na identificação

precoce das dificuldades da criança quanto no tratamento.

Em relação à intervenção nos casos de dificuldades de leitura, faz-se também

necessário, como no diagnóstico, um acompanhamento multidisciplinar que desenvolva um

trabalho específico a cada problemática, podendo incluir psicólogo, fonoaudiólogo e

pedagogo.

É parte imprescindível do programa de intervenção a orientação aos pais e

professores. Um conhecimento mais aprofundado sobre as necessidades da criança resulta em

programas de ensino mais condizentes com suas peculiaridades. Escola, profissionais

envolvidos no caso e família devem estar integrados para favorecer o processo de

aprendizagem da criança e minimizar seus déficits (SALLES, PARENTE & MACHADO,

2004).

Como vimos a dislexia não tem cura. Não se trata de um problema que é superado

com o tempo, porém com o acompanhamento adequado algumas dificuldades podem ser

superadas satisfatoriamente, outras podem permanecer, mas também pode-se ajudar as

pessoas disléxicas a conviver com isso. A colaboração e compreensão dos pais e professores

reduzirão a ansiedade e a frustração da criança e a tornará mais capaz de ter sucesso.

A partir do que foi pesquisado, foi possível percebermos que o professor não se

sente totalmente capacitado para trabalhar com o aluno disléxico. Compreendemos, no

entanto, os receios e inseguranças diante de tantas dúvidas que cercam o trabalho docente uma

vez que os professores se encontram no compromisso de tomar para si responsabilidades pela

educação de crianças, cujas necessidades educacionais não lhe são totalmente conhecidas.

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37

A formação em Psicopedagogia da professora Fernanda é um ponto muito

positivo, pois lhe proporciona conhecimentos na área que possibilita desenvolver métodos e

estratégias de ensino/educação mais adaptados ao sujeito individual e tem como função

procurar as causas e tratar determinadas dificuldades de aprendizagem específicas. Desta

forma a professora possui preparação específica que pode contribuir para a superação das

dificuldades dos alunos com dislexia.

Com pouca experiência, a professora Aline ainda se sente um pouco insegura para

lidar com as dificuldades do aluno com dislexia, porém ela sabe a importância do seu papel

como educadora e está sempre procurando superar as dificuldades buscando conhecimento na

área com leituras, ajuda de outros professores e quando possível realizando cursos na área da

educação em geral.

Apesar da professora Bruna nunca ter ensinado alunos com dislexia o seu tempo

de formação e experiência como professora lhe permite ter um bom conhecimento sobre o

assunto, porém não domina a prática para lidar com tais dificuldades.

Não existem fórmulas prontas para vencermos as dificuldades de aprendizagem

dos nossos alunos, porém é indispensável que o educador planeje e avalie continuamente seu

trabalho, mas acima de tudo ele deve ter consciência do seu papel, da sua importância como

educador. Assim ele estará no caminho certo para descobrir suas próprias estratégias para

vencer as dificuldades de aprendizagem de seus alunos.

Certamente esse estudo não está terminado, abre caminho para futuras

investigações que pode expandir o alcance deste trabalho e dar continuidade ás conclusões das

análises dos dados obtidos, as pesquisas podem continuar através de novas amostras

envolvendo outros professores e até mesmo observações em sala de aula; investigar o que o

disléxico pensa e tem a dizer sobre a educação que recebe na escola e a atuação do

Psicopedagogo escolar junto ao aluno disléxico são questões que pretendo investigar em um

futuro próximo.

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38

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APÊNDICE

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APÊNDICE

Questionário

Nome:

Série que ensina:

1. Qual sua formação acadêmica?

2. Quanto tempo de docência?

3. Faz cursos de capacitação para ajudar no ensino de alunos com Necessidade Especiais?

4. O que é a dislexia?

5. Sente-se capacitado para receber alunos disléxicos?

6. Como se sente ao receber alunos com dislexia em sua sala de aula?

7. Consegue identificar a dislexia no aluno? Como?

8. Quais são as principais dificuldades que o aluno disléxico apresenta na leitura e na escrita?

9. Quais intervenções/práticas pedagógicas que utiliza para a melhoria das dificuldades dos

alunos com dificuldade de leitura e escrita?

10. Como se dá a avaliação do disléxico? Existe alguma diferença entre a avaliação do aluno

disléxico para o aluno não disléxico? Quais?

11. Teve contanto com o tema Dislexia em sua formação acadêmica de graduação? Em qual

profundidade?