PÁGINA CRUZEIRO DO SUL, SOROCABA, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 = 16 - 20 5 = + 2 PÁGINA CRUZEIRO DO SUL, SOROCABA, 23 DE FEVEREIRO DE 2014 Telma Silvério [email protected] atarina, Alex, Hulk, Jimmy, Bruna, Bob, Jake e Leo. Es- ses são nomes de chimpan- zés, de um urso e um leão. Animais selvagens, mas que viveram a maior parte das suas vi- das com os humanos, cresceram longe de suas famílias, perderam a liberdade e até a saúde. Alguns ficaram famosos na tevê e em circos! Mas qual será o assunto deste Cru- zeirinho? Pois bem, vamos contar sobre um lugar que infelizmente precisa existir. Talvez você nunca tenha ouvido falar, ou só viu na tevê e em jornais porque o espaço não é aber- to para o público. Estamos falando do San- tuário de Sorocaba, que abriga os grandes primatas (chimpanzé, orangotango, bonobo e gorila), mas atende outros animais que também foram vítimas de maus-tratos. A ideia de criar um santuário foi de pes- soas que fazem parte de um movimento in- ternacional chamado Projeto dos Grandes Primatas, ou GAP. Esse grupo defende os di- reitos básicos à vida, à liberdade e à não tor- tura dos grandes primatas não humanos. Tratamos como não humanos porque as quatro espécies (chimpanzé, orangotango, bonobo e gorila) são os nossos parentes mais próximos no mundo animal. Em Sorocaba, o Santuário GAP foi criado há quinze anos. Seu primeiro hóspede foi o Guga: um chim- panzé órfão de apenas 3 meses de idade. Es- se “bebê’ foi adotado pela pessoa que criou o espaço, Pedro Ynterian. Hoje, o santuário abriga 300 animais (sel- vagens e silvestres): 50 chimpanzés, 8 leões, 2 tigres e 3 ursos, além de várias espécies de macacos e aves. A maioria dos bichos é víti- ma de tráfico, ou seja, foi retirada de seu ha- bitat natural para ser vendida, contou o dou- tor Pedro. Cada um que chega é recebido com carinho, ganha nova vida com espaço, alimentação e dormitório. Muitos foram feri- dos, acabaram perturbados e abandonados. Isso porque cresceram em circos e viviam em gaiolas pequenas. Também tinham dentes e garras arrancados para não oferecerem ris- cos. Quanta crueldade, não é mesmo?! Comparar o sorrisão Tem a história dos leões Simba, Mufasa e Sabrina. Os irmãos foram deixados na es- trada, por um circo. Viajaram cinco dias nu- ma gaiolinha, sobre um caminhão. A Sabri- na infelizmente morreu. Ainda bem que existem leis que proí- bem esse tipo de exploração. Mas o último animal selvagem que chegou veio mesmo de um zoo. É o Jimmy. Apesar de quietão por não ter convivido com outros da sua espécie, ele mostrou que pode ser um bom pai. Jimmy praticamente adotou quatro fi- lhotes: Sofia, Sara, Suzi e o César. A mãe é a Samantha, que não tem a mesma pa- ciência do pai adotivo. Quanto aos famosos que vivem ou vive- ram no santuário, o doutor Pedro citou os chimpanzés Hulk e Catarina. Ambos che- garam a participar de programas na tevê. O Xico da novela “Caras e Bocas’ (reprisan- do na tevê), na realidade é uma chimpan- zé, a Kate. Isso mesmo, é fêmea e tem até parentes em Sorocaba. É o seu irmão, o Emílio. Para perceber a semelhança basta comparar o sorrisão. Bob - Chimpanzé resgatado de um circo. Morava numa gaiola ins- talada em uma carreta com o urso Jake. Bob teve os dentes arrancados para não oferecer risco. Bruna - 21 anos. Era do circo Garcia, onde viveu numa pequena gaiola. Por isso, ela tem trauma de lugares fechados. Passa a maior par- te do tempo no alto do cesto e plataformas. É tranquila e calma, adora tomar sol enrolada em seu cobertor. Carolina Jr. - 6 anos. Tem um irmão, o Billy Jr.. Nasceu no zoo de Bauru, mas passou pelo zoo de Brasília. É hiper-ativa, carinhosa e de personalida- de forte. Gosta de vestir meias e brincar com cadar- ços e elásticos de cabelo. Vive no grupo de Guga. An- da com seu cobertor enrolado nas costas ou entre as pernas. Catarina - Trabalhava em circos no Brasil. Veio de um circo que es- tava em Minas Gerais, onde vivia há mais de 30 anos. Não era só usa- da no picadeiro, mas ia em festas e escolas. Ela deve ter mais de 40 anos. Aos poucos está se acostumando com outros chimpanzés. Cláudio - 10 anos. Chegou ainda bebê. É bastante ativo, inte- ligente e alegre. Adora brincar de correr e contar até 5. É do grupo de Guga e se dá bem com todos, principalmente com Emílio. Detes- ta câmeras fotográficas. Joga e cospe terra sem parar nas pessoas que não conhece. Emílio - 10 anos. Foi criado por humanos desde pequeno. É cha- mado de chimpanzé “sorriso’, pois quando vê humanos que o tratam bem exibe um belo sorriso. É muito carinhoso, inteligente e adora brincar com os humanos de cócegas. Vive no grupo de Guga. Jimmy - Morou só por mais de 10 anos, num recinto minúsculo do zoo de Niteroi, que estava superlotado. Havia denúncias de maus-tratos e demorou para ser res- gatado. Hoje ajuda a cuidar dos filhotes da Samantha, numa área de 10 mil metros quadrados. Jake - Urso Negro sem garras e poucos dentes. Vivia na mesma carreta com o chimpanzé Bob. É perturbado e fica horas balançando-se, com movimentos repetitivos. Não parece mais um urso. Leo - Leão jovem, chegou de Vitória da Conquista, Bahia. Viveu nu- ma gaiola de 2 x 3 metros por mais de 3 anos. Para saber mais: www.projetogap.org.br: Santuário abriga animais selvagens e silvestres que sofreram maus-tratos C GRANDES PRIMATAS ADIVAL B. PINTO/DIVULGAÇÃO As histórias de alguns hóspedes BRUNA EMÍLIO LEO Pedro e funcionária do GAP com César no colo