Relatório Final de Estágio Mestrado Integrado em Medicina Veterinária CLÍNICA DE RECUPERAÇÃO DE ANIMAIS SELVAGENS – IMPORTÂNCIA NO ÂMBITO DA MEDICINA DA CONSERVAÇÃO Carla Patrícia Lopes Ferreira Orientador Augusto Manuel Rodrigues Faustino Co-Orientador Ricardo Manuel Lemos Brandão Porto 2009
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CLÍNICA DE RECUPERAÇÃO DE ANIMAIS SELVAGENS … · conhecimentos sobre identificação, maneio e clínica de animais selvagens, também a obtenção ... nível dos animais domésticos,
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Relatório Final de Estágio
Mestrado Integrado em Medicina Veterinária
CLÍNICA DE RECUPERAÇÃO DE ANIMAIS SELVAGENS –
IMPORTÂNCIA NO ÂMBITO DA MEDICINA DA CONSERVAÇÃO
Carla Patrícia Lopes Ferreira
Orientador
Augusto Manuel Rodrigues Faustino
Co-Orientador
Ricardo Manuel Lemos Brandão
Porto 2009
Relatório Final de Estágio
Mestrado Integrado em Medicina Veterinária
CLÍNICA DE RECUPERAÇÃO DE ANIMAIS SELVAGENS –
IMPORTÂNCIA NO ÂMBITO DA MEDICINA DA CONSERVAÇÃO
Carla Patrícia Lopes Ferreira
Orientador
Augusto Manuel Rodrigues Faustino
Co-Orientador
Ricardo Manuel Lemos Brandão
Porto 2009
i
Resumo
O presente estágio desenvolveu-se no Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de
Animais Selvagens (CERVAS), em Gouveia, e teve como objectivo permitir o contacto com a
clínica e medicina de recuperação de espécies selvagens autóctones, assim como a formação
e sensibilização para a conservação de espécies protegidas. Durante o período de contacto, foi
possível observar uma considerável variedade de animais, sobretudo aves, das quais uma
grande proporção eram aves de rapina. Os principais procedimentos efectuados foram a
recepção e estabilização dos pacientes, seguida de exame geral, diagnóstico e instituição de
terapêutica, seguimento clínico e necrópsias. Durante a permanência no centro de
recuperação, foi possível colaborar na monitorização da presença de hemoparasitas em aves
selvagens ingressadas, tendo sido possível concluir que a presença deste tipo de parasitas é
frequente nestes animais, sobretudo em aves de rapina, não se fazendo acompanhar de sinais
clínicos característicos. Como complemento ao trabalho efectuado no CERVAS, também foi
possível participar num projecto de investigação no Laboratório de Tecnologia Alimentar do
Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no qual se pesquisou a prevalência de
bactérias comensais (Escherichia coli e Enterococcus spp.) resistentes aos antimicrobianos em
dejectos de animais selvagens. As amostras foram colhidas entre Março e Dezembro de 2008
e provieram de aves que deram entrada em dois centros de recuperação de fauna selvagem
portugueses e também de exemplares de Lobo-ibérico (Canis lupus signatus) de duas
populações distintas e geograficamente separadas. Deste trabalho foi possível concluir que
muitas resistências já estão instaladas nos habitats selvagens, provavelmente em
consequência da contaminação ambiental de origem humana.
ii
Agradecimento
Este trabalho não teria sido possível sem a colaboração dos seguintes, a quem dirijo a
minha sincera gratidão:
O meu orientador, Dr. Augusto Faustino, pela disponibilidade para me atender sempre
que encontrei dificuldades e pelos esclarecimentos técnicos e científicos;
O Dr. Ricardo Brandão, o co-orientador deste trabalho, pelos conhecimentos
transmitidos, pela confiança demonstrada, por oportunidades únicas, pela boa disposição e
pela hospitalidade;
O Dr. Paulo Martins da Costa, pela oportunidade de integrar uma componente
laboratorial neste trabalho e pelos esclarecimentos técnicos e científicos;
O Dr. Francisco Álvares, Dr.ª Sara Roque, Dr. Duarte Cadete, Dr.ª Sara Pinto,
Dr.ª Helena Rio Maior, Dr.ª Mónia Nakamura e Dr. Nuno Santos pelo interesse, empenho e
colaboração no projecto de pesquisa de antibiorresistências no Lobo-ibérico;
Os colegas com quem trabalhei dia-a-dia no CERVAS (André, Andreia, Fátima,
Helena, Zé, Liliana, Lúcia, Pedro, Samuel e Vítor), pela amizade e pelos inúmeros
esclarecimentos – porque, já dizia Abel Salazar, "o médico que só sabe Medicina, nem
Medicina sabe";
Os meus amigos, que sempre manifestaram apoio e curiosidade por este trabalho,
dando-me ânimo para continuar e fazer melhor;
Os meus pais, Francisco e Gracinda, pela coragem de me apoiarem mesmo quando
discordaram das minhas opções – um Obrigado muito especial pela confiança…
Por fim, o Dr. Valter Teixeira, pela amizade incondicional e permanente
acompanhamento deste trabalho, com sugestões construtivas e esclarecimentos científicos.
As placas foram colocadas em estufa a 37 ºC e lidas no dia seguinte. Os diâmetros dos halos
de inibição foram registados numa base de dados onde constavam a data de colheita da
amostra, o local de proveniência, a dieta habitual dos animais, assim como a data de ingresso
do animal, espécie, causa de ingresso, dieta em cativeiro e tratamentos com antmicrobianos
(no caso de aves).
O tratamento estatístico dos dados foi feito recorrendo ao software SPSS®. Para o
estudo da correlação entre as variáveis estudadas, foi usado o método Kendall tau b (two-
tailed). A selecção deste teste baseou-se no facto de as variáveis em estudo serem do tipo
nominal. Também se recorreu ao teste Qui-quadrado de Pearson, quando adequado,
considerando estatisticamente significativos os resultados com p<0,05.
Resultados. No caso das aves, num total de 175 amostras foi possível obter 308
isolados fenotipicamente compatíveis com E. coli. Destes, apenas 37,7% (n = 116) eram
sensíveis à totalidade dos antimicrobianos testados, apresentando os restantes 192 isolados
resistência a pelo menos um dos fármacos. As comparações efectuadas tomaram como
variáveis cada antimicrobiano testado e: a causa de entrada (neste caso, simplificou-se
dividindo entre os originários de cativeiro ilegal e os restantes, tendo em conta que este é o
maior factor de risco, uma vez que há maior contacto com humanos e os animais são
alimentados com carne de animais domésticos e por vezes medicados pelos proprietários); e a
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existência ou não de tratamento com antimicrobianos. A origem das aves (CERVAS ou Centro
de Recuperação do PNPG) não foi tida em conta, dado que as aves possuem uma grande
mobilidade e podem ser encontrados em vários pontos diferentes do país antes de serem
transferidos para um centro de recuperação.
Quando analisamos a relação entre a causa de ingresso – cativeiro ilegal ou outra –
apenas se encontram diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) no caso da tetraciclina,
cuja taxa global de resistência foi de 41,9% (n = 129), contudo atingiu 57,1% (n = 64) nos
animais provenientes de cativeiro, contra 33,2% (n = 65) nos restantes. No caso da relação
entre a presença de resistências e os tratamentos com antimicrobianos, dois antibióticos
apresentaram diferenças com relevância estatística (p<0,05): tetraciclina, com 46,8% (n = 116)
resistentes nos animais não sujeitos a tratamento contra 21,7% (n = 13) nos animais tratados; e
cloranfenicol, com 10,5% (n = 26) resistentes nos animais não sujeitos a tratamento contra
1,7% (n = 1) nos animais tratados.
Além deste resultado, há ainda que sublinhar o facto de todos os isolados serem
sensíveis ao imipenem e à amicacina e que 17,2% (n = 53) apresentaram características
compatíveis com a produção de BLLE no antibiograma. Os resultados globais estão resumidos
no Anexo III, tabela 8.
No total das 159 amostras foi possível obter 229 isolados fenotipicamente compatíveis
com Enterococcus spp. Destes, apenas 31,4% (n = 72) eram sensíveis à totalidade dos
antimicrobianos testados, apresentando os restantes 157 isolados resistência a pelo menos um
dos fármacos. As comparações efectuadas tomaram como variáveis os mesmos parâmetros
usados para E. coli, contudo, apenas se encontraram diferenças estatisticamente significativas
(p<0,05) quando se comparou a taxa de resistência ao cloranfenicol com a causa de entrada,
com 2,6% resistentes (n = 6) nos animais provenientes de cativeiro ilegal contra 0,9% (n = 2)
nos animais com outras causas de entrada. Os resultados globais estão resumidos no Anexo
III, tabela 9.
Figura 7. Características morfolóficas de colónias de E. coli em meio TBX (à esquerda) e Enterococcus spp. em meios SB (ao centro) e KAA (à direita) quando observados à lupa (Martins da Costa, 2008).
26
No caso dos lobos, do total de 21 amostras processadas, foi possível isolar 34 colónias
fenotipicamente compatíveis com E. coli. Destas, 29,4% (n = 10) eram sensíveis a todos os
antimicrobianos testados, sendo as restantes 24 resistentes a pelo menos um dos compostos.
A origem dos animais foi usada como variável, dado que se procurou saber se a localização
geográfica (e os hábitos alimentares distintos) teriam influência na emergência de
determinados perfis de resistência. Sendo assim, foram detectadas diferenças estatisticamente
significativas (p<0,05) para a ampicilina, com 44,1% (n = 15) do total de isolados a apresentar
resistência a este fármaco, contudo apenas 25% (n = 4) dos isolados da subpopulação do norte
eram resistentes, contra 61,1% (n = 11) a sul do rio Douro. Da mesma forma, a cefoxitina
apresentou valores com relevância estatística, tendo uma taxa global de resistência de 14,7%
(n = 5), com a totalidade destes isolados a pertencer à subpopulação do sul do Douro (27,8%
dos isolados provenientes desta região). É ainda de assinalar o resultado obtido para a
cefotaxima (p=0,054), por ser um valor-limite. Neste caso, a taxa global de resistência é de
8,8% (n = 3), sendo a totalidade dos isolados resistentes provenientes da população a norte do
Douro (18,8% dos isolados provenientes desta localização).
Não se isolaram quaisquer estirpes resistentes ao imipenem, nitrofurantoína, amicacina
e canamicina. Há ainda a assinalar que 23,5% dos isolados (n = 8) apresentaram
características compatíveis com a produção de BLLE no antibiograma. Os resultados gerais
encontram-se sintetizados no Anexo III, tabela 10.
Das 21 amostras colhidas, apenas foi possível isolar 9 colónias fenotipicamente
compatíveis com Enterococcus spp., não se tendo feito a distinção entre as diferentes espécies
para efeitos deste trabalho. Todos os isolados apresentavam resistência a pelo menos um dos
antimicrobianos testados. Tendo mais uma vez em conta a origem dos animais como variável,
foram encontradas diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) na resistência aos
seguintes fármacos: tetraciclina, com uma taxa global de resistência de 88,9% (n = 8),
abrangendo 100% (n = 7) dos isolados do sul e 50% (n = 1) dos isolados do norte do Douro;
azitromicina, com 66,7% (n = 6) do total de isolados a manifestar resistência, todos estes
pertencentes à subpopulação do sul do Douro (85,7% dos isolados desta região); e
vancomicina, com uma taxa global de resistência de 33,3% (n = 3), dos quais 1 isolado
pertencia à subpopulação da zona Centro (14,3% destes isolados) e 2 à zona Norte de
Portugal (100% dos isolados desta região). De notar que, destes isolados resistentes à
vancomicina, aquele proveniente da região sul do Douro era simultaneamente resistente è
teicoplanina, enquanto os isolados provenientes do norte do mesmo rio eram ambos sensíveis
a esse fármaco.
27
Todos os isolados foram sensíveis à gentamicina. Os resultados globais estão
representados no Anexo III, tabela 11.
Discussão. A elevada prevalência de bactérias resistentes à tetraciclina é uma
observação recorrente nos vários ensaios realizados, tanto em E. coli como Enterococcus spp.
Este dado parece estar relacionado com o uso alargado deste fármaco, há várias décadas,
simultaneamente em Medicina e Medicina Veterinária, tendo-se generalizado a resistência
(Barbosa & Levy 2000).
No caso particular dos enterococos, observa-se uma elevada taxa de resistência à
quinupristina e dalfopristina, o que leva a suspeitar que apenas uma pequena proporção dos
isolados testados correspondia a Enterococcus faecium, dado que as restantes espécies
possuem resistência intrínseca a estes fármacos (van der Bogaard 2002). Esta observação
realça uma das limitações enfrentadas neste trabalho, tendo a identificação das espécies sido
baseada somente nas características morfológicas das colónias e em testes bioquímicos
simples, como o comportamento em meios como TSI (E. coli) ou KAA (Enterococcus spp.).
Técnicas mais fidedignas de identificação das espécies em estudo – sistema API® (Analytical
Profile Index), por exemplo – seriam uma mais-valia em estudos deste género.
A sensibilidade de todos os isolados de E. coli ao imipenem e a baixa taxa de
resistência à gentamicina, amicacina e cefoxitina já haviam sido documentadas em outros
trabalhos (Edelstein 2003, Costa et al. 2008, Sjölund et al. 2008).
O facto de a resistência à tetraciclina (E. coli) e ao cloranfenicol (Enterococcus spp.) em
aves estar positivamente relacionada com a permanência em cativeiro ilegal antes da
admissão no Centro de Recuperação pode estar relacionado com a administração de fármacos
aos animais pelos proprietários.
Ao contrário do que se esperava inicialmente, a prevalência de E. coli resistente aos
antimicrobianos (nomedamente tetraciclina e cloranfenicol) foi menor nas aves que receberam
tratamento com antibióticos (sobretudo enrofloxacina). Esta observação pode estar relacionada
com o facto de que o tratamento com antibiótico implica uma profunda perturbação nos
fenótipos residentes no intestino, eliminando os sensíveis, enriquecendo os resistentes e
favorecendo novas colonizações, pelo que os seus efeitos são muito variáveis.
Nas amostras de lobo, mantém-se o padrão de sensibilidade ao imipenem, amicacina
(E. coli) e gentamicina (Enterococcus spp.), sendo também possível concluir que ainda existe
uma elevada sensibilidade à nitrofurantoína e canamicina.
Existe uma relação estatisticamente significativa entre a subpopulação a sul do Douro e
a prevalência de E. coli resistente à ampicilina e cefoxitina e, por outro lado, a população a
norte do mesmo rio e a resistência à cefotaxima. Estas observações podem levar-nos a uma
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conclusão preliminar acerca dos determinantes envolvidos na expressão da resistência aos
antimicrobianos β-lactâmicos, nomeadamente às cefalosporinas de amplo espectro. Para isso,
há que ter em conta que as Enterobacteriaceae portadoras do gene que codifica para a
expressão de β-lactamases da família CTX-M são geralmente resistentes à cefotaxima e
sensíveis a outras cefalosporinas e as que expressam β-lactamases da família AmpC são
geralmente resistentes à cefoxitina e à ampicilina (Crowley & Ratcliffe 2003, Edelstein et al.
2003, Pitout et al. 2003, Bonnet 2004, Livermore et al. 2007, Galas et al. 2008, Mulvey et al.
2005). Assim, poder-se-á concluir que existe um predomínio de E. coli produtoras de CTX-M na
subpopulação a norte do Douro e, por outro lado, de E. coli produtoras de β-lactamases do tipo
AmpC a sul do mesmo rio. A análise pela técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction) das
estirpes isoladas no laboratório teria permitido confirmar esta hipótese, porém não foi possível
recorrer a esta tecnologia no decurso do presente estágio.
No que diz respeito às estirpes de Enterococcus spp. isoladas em lobos, é preciso ter
presente que apenas se recuperaram 9 – 7 a sul do Douro e somente 2 a norte – pelo que é
arriscado tentar tirar conclusões com base estatística.
A observação mais importante nestes isolados foi a elevada taxa de resistência à
vancomicina, sendo de notar que os isolados obtidos a partir da subpopulação do norte de
Portugal eram sensíveis à teicoplanina, outro glicopéptido. Já no caso do isolado proveniente
da subpopulação fixada a sul do Douro, observou-se resistência à teicoplanina. A resistência
simultânea a estes dois fármacos é uma característica em Enterococcus spp. portadores do
determinante de resistência vanA, enquanto que a resistência somente à vancomicina
geralmente está associada com determinantes vanB ou vanC (van der Bogaard et al. 2002).
Desta forma, poder-se-á concluir que a população lupina a norte do rio Douro alberga
Enterococcus spp. portadores de vanB ou vanC, quando que os congéneres do sul adquiriram
determinantes do tipo vanA, cuja relevância epidemiológica é claramente superior. Mais uma
vez, a aplicação da técnica PCR poderia levar à identificação dos genes em causa.
Há ainda que assinalar, sobretudo neste contexto do surgimento de resistências com
clara associação a actividades humanas, que os resultados da genética (confirmação da
origem dos dejectos como provenientes de animais da espécie Canis lupus) estão ainda
pendentes. Desta forma, não pode ser de todo descartada a hipótese de alguma das amostras
ser proveniente de um canídeo doméstico, o que facilitaria o contacto deste com fontes de
contaminação antropogénica.
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4. Conclusão
O presente estágio permitiu contactar com a realidade de um Centro de Recuperação
de Fauna Selvagem, com todas as suas valências e limitações. Durante as 16 semanas de
contacto, foi possível conhecer melhor as espécies mais comuns que ingressam, sobretudo
aves, e as principais causas desses ingressos. No trabalho diário com estes animais, foram
sendo aplicados os conhecimentos obtidos ao longo do curso de Medicina Veterinária, com as
devidas adaptações, e foram adquiridas novas competências e saberes, nomeadamente ao
nível do maneio e biologia das espécies.
Todavia, conforme foi possível perceber durante o presente estágio, o âmbito da
recuperação de animais selvagens vai muito além da simples recepção de animais debilitados
ou feridos, do seu tratamento e posterior devolução ao habitat natural. É verdade que
compreende uma parte importante do trabalho de um Centro de Recuperação enquanto
espaço físico, contudo é apenas uma parcela das actividades desenvolvidas no sentido de
conservar a fauna selvagem e os seus habitats. Fazem ainda parte das competências de um
Centro de Recuperação e Vigilância de animais selvagens a monitorização das populações
selvagens – detectando precocemente patologias emergentes ou problemas de conservação –,
a formação das populações através de acções de educação ambiental e o apoio a projectos de
investigação na área da conservação.
A monitorização das populações selvagens passa pela colheita de amostras cujo
processamento resulte em informações acerca do estado sanitário das mesmas, permitindo
assim aferir a viabilidade destas e os seus possíveis problemas de conservação. A colheita das
amostras deve ser da forma menos invasiva possível, evitando qualquer perturbação nos
habitats. Assim, os Centros de recuperação constituem estruturas fundamentais, onde
ingressam animais de espécies e origens variadas, sendo possível valorizar as mesmas como
sentinelas das suas populações de origem. Além da colheita de amostras nos centros, é
possível colher amostras no campo, complementando assim o espectro de animais estudados.
Os projectos de monitorização em que houve oportunidade de participar abarcaram duas
vertentes distintas, uma no âmbito da parasitologia e outra no campo da microbiologia.
A pesquisa de hemoparasitas no sangue periférico de aves selvagens tomou como
amostra animais que deram entrada no CERVAS, abrangendo uma grande variedade de
espécies, com diferentes hábitos alimentares e que ocupam habitats distintos. Foi possível
concluir que os parasitas mais comuns são Leucocytozoon spp. e Haemoproteus spp. e que a
sua prevalência nas espécies estava relacionada sobretudo com os habitats explorados, sendo
as aves de floresta e de regiões húmidas geralmente mais parasitadas. Esta observação pode
ser, por sua vez, explicada à luz dos ciclos de vida dos parasitas estudados – tratando-se de
30
agentes transmitidos por vectores artrópodes, estes habitats oferecem maior oportunidade à
sua sobrevivência. A presença de elevados níveis de parasitémia não pôde, contudo, ser
associada conclusivamente com o aparecimento de sinais clínicos característicos. Desta forma,
permanece ainda a alguma incerteza acerca do papel destes agentes potencialmente
patogénicos na sobrevivência das espécies selvagens.
O segundo projecto de monitorização de populações selvagens visou a caracterização
da prevalência de antibiorresistências na flora entérica de aves selvagens (ingressadas em
Centros de Recuperação) e lobo-ibérico (Canis lupus signatus). As aves foram subdivididas em
grupos consoante o contacto prévio com humanos (provenientes de cativeiro ilegal ou de
habitats selvagens) ou administração de antibióticos, tendo sido possível estabelecer relações
de causalidade entre estes factores e a emergência de resistências a alguns antimicrobianos.
No caso dos lobos, tomaram-se amostras de duas subpopulações nacionais geograficamente
separadas entre si e com diferentes graus de contacto com áreas humanizadas. Os hábitos
alimentares apresentavam também diferenças com potencial para originar perfis de
antibiorresistência distintos – uma subpopulação a norte do rio Douro, com recurso frequente a
ungulados domésticos criados em regime extensivo; e uma pequena subpopulação a sul do
mesmo rio, cuja alimentação compreende gado criado em regime mais intensivo e resíduos de
aviculturas. Sendo espectável uma maior pressão selectiva com antibióticos nas presas dos
animais a sul do Douro, tentou-se encontrar uma relação entre a dieta e a presença de
bactérias comensais resistentes. Ao contrário do que se esperava inicialmente, a subpopulação
do norte não apresentava menor taxa de resistência, contudo os padrões da mesma eram
distintos, sendo possível perscrutar a expressão de distintos determinantes de resistência nas
duas localizações geográficas consideradas. Este trabalho não visou a compreensão das
consequências da resistência para os animais estudados, tendo antes como objectivo
proporcionar uma ideia da magnitude da acção humana nos ecossistemas. A contaminação
destes com resíduos de fármacos com acção antimicrobiana e bactérias resistentes tem
consequências que vão para além da Saúde Animal ou Pública, degradando os ecossistemas e
perturbando o equilíbrio físico-químico e biológico de todos os organismos vivos.
No contexto actual, o Médico Veterinário alcança uma nova relevância na abordagem à
Saúde na perspectiva da Medicina da Conservação, deixando de ser um técnico que intervém
apenas no indivíduo ou em patologias emergentes com elevada mortalidade. Tendo em conta a
sua extensa formação nas áreas da Saúde Animal, Saúde Pública, Epidemiologia, Toxicologia
e Ecologia, o veterinário passa a fazer parte do núcleo vital de qualquer equipa de trabalho no
âmbito da conservação. Apenas alguém com estas competências tem a capacidade de
compreender na globalidade a dinâmica das patologias entre animais selvagens, animais
domésticos e o Homem, e assim propor planos de acção e estratégias de controlo realistas.
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Tabela 7. Antimicrobianos testados, respectivas famílias, mecanismos de acção e principais mecanismos de resistência. (Fluit et al. 2001)
Classes de antimicrobianos
Antimicrobianos testados
Mecanismos de acção Mecanismos de resistência
Aminoglicosideos (Gram positivas e negativas)
Gentamicina (CN) Tobramicina (TOB) Amicacina (AK) Estreptomicina (S) Canamicina (K)
Ligação aos ribossomas, interferindo com a síntese proteica.
Sobretudo Gram negativas; degradação enzimática do composto; alguns sistemas de efluxo e mutações no RNA alvo.
Anfenicóis (Gram positivas e negativas)
Cloranfenicol (C) Ligação à unidade 50S dos ribossomas, inibindo a síntese proteica.
Inactivação enzimática do composto; em bactérias Gram negativas também se observam diminuição da permeabilidade membranar e efluxo activo do antimicrobiano.
Ligação às proteínas de ligação à penicilina (PBP), envolvidas na síntese da parece celular.
Degradação enzimática do anel β-lactâmico (por acção de β-lactamases); também se observam mutações nas PBP e, mais raramente, diminuição da permeabilidade celular ou efluxo. Enterobacteriaceae podem produzir β-lactamases de largo especto (ESBL).
Quinolonas (Gram positivas e negativas)
Ciprofloxacina (CIP) Ácido nalidíxico (NA)
Inibição de topoisomerases bacterianas (ADN girase e Topoisomerase IV).
Alteração das enzimas-alvo e diminuição da permeabilidade. Também se pode observar diminuição da afinidade do alvo para a ligação e efluxo.
Macrólidos e Estreptograminas (Gram positivas e negativas)
Azitromicina (AZM) Eritromicina (E) Quinupristina e Dalfopristina (QD)
Inibição da síntese proteica através da ligação a unidades do ribossoma.
Diminuição da permeabilidade (Gram negativas) e alteração do alvo de ligação (Gram positivas).
Nitrofuranos (Gram positivas e negativas)
Nitrofurantoína (F) Danificação do ADN bacteriano através de uma reacção de oxidação.
Inibição da nitrofurano reductase, impedindo a reacção redox.
Sulfamidas e Trimetoprim (Gram positivas e negativas)
Sulfametoxazole e Trimetoprim (SXT)
Ligação às enzimas dihidropteroato sintetase e dihidrofolato reductase, impedindo a síntese de aminoácidos e nucleótidos.
Sobreprodução das enzimas-alvo, mutações nos genes estruturais e produção de enzimas resistentes à inactivação.
Tetraciclinas (Gram positivas e negativas)
Tetraciclina (TE) Ligação à subunidade 30S do ribossoma, inibindo a síntese proteica.
Efluxo ou protecção ribossomal; também destruição do composto por oxidação.
Glicopéptidos (Gram positivas)
Vancomicina (V) Teicoplanina (TEC)
Ligação às cadeias laterais do peptidoglicano, impedindo a síntese da parede celular.
Alteração das moléculas-alvo, utilizando outras cuja afinidade para o antibiótico é menor. VanA é o fenótipo mais comum e que se manifesta por um elevado nível de resistência.
Rifamicinas (sobretudo Gram positivas)
Rifampicina (RD) Inibição da síntese proteica através da ligação à RNA polimerase.
Alteração da enzima-alvo.
*O antimicrobiano Amoxicilina foi testado em associação com Ácido Clavulânico.
39
Anexo III
Tabela 8. Taxas e número de isolados resistentes a cada um dos antimicrobianos testados para isolados de E. coli em aves.
Antimicrobiano Taxa de isolados resistentes (%) Número de isolados resistentes (n)
AMP 50,6 156
FOX 0,6 2
IPM 0 0
CIP 21,4 66
CN 3,2 10
F 1,6 5
TE 41,9 129
CTX 14,9 46
ATM 3,2 10
CAZ 1 3
AMC 1,6 5
KF 39 120
AK 0 0
S 37 114
NA 43,8 135
C 8,8 27
TOB 1,9 6
SXT 43,2 133
K 6,2 19
Tabela 9. Taxas e número de isolados resistentes a cada um dos antimicrobianos testados para isolados de Enterococcus spp. em aves.
Antimicrobiano Taxa de isolados resistentes (%) Número de isolados resistentes (n)
AMP 0,4 1
QD 34,5 79
TE 47,2 108
RD 26,6 61
E 23,6 54
CN 0,9 2
V 2,6 6
AZM 26,2 60
TEC 2,2 5
CN 3,5 8
F 1,7 4
CIP 6,1 14
40
Tabela 10. Taxas e número de isolados resistentes a cada um dos antimicrobianos testados para isolados de E. coli em lobos.
Antimicrobiano Taxa de isolados resistentes (%) Número de isolados resistentes (n)
AMP 44,1 15
FOX 14,7 5
IPM 0 0
CIP 17,6 6
CN 5,9 2
F 0 0
TE 20,6 7
CTX 8,8 3
ATM 2,9 1
CAZ 5,9 2
AMC 23,5 8
KF 52,9 18
AK 0 0
S 47,1 16
NA 17,6 6
C 11,8 4
TOB 2,9 1
SXT 14,7 5
K 0 0
Tabela 11. Taxas e número de isolados resistentes a cada um dos antimicrobianos testados para isolados de Enterococcus spp. em lobos.
Antimicrobiano Taxa de isolados resistentes (%) Número de isolados resistentes (n)