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.txt Ano III - Nmero 11 Outubro de 2010Mudanas vistaPlo de
Silveira Martins precisa de reestruturao ao completar 500 dias
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Problemas de resgate hospitalar na UFSM
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Como renovadoo acervo da Biblioteca
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Cultura e tradio unem os universitrios
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Revista Laboratrio do 4 semestre de Jornalismo da UFSM
Edio: Viviane BorelliSub-edio: Kamila BaidekDiagramao: Anelise
Dias, Gabriela Moraes, Guilherme Porto, Luiz Valrio Seles, Manuela
Ilha e Mathias RodriguesCoordenao de diagramao: Maiara Alvarez (8
sem.)Reviso: Brbara Barbosa, Camila Marchesan, Fernanda Arispe,
Gabriel Bortulini, Gregrio Mascarenhas, Greice Marin, Janine Appel,
Julia do Carmo, Olvia Scarpari e Renata Mller. Colaborao: Paula
Ptter (8 sem.)Fotografia: Gabriela Moraes, Iuri Mller, Maurcio Brum
e Yuri Medeiros Divulgao: Dbora Dalla Pozza e Eduarda ToscaniEdio
online: Giuliana Matiuzzi, Marlon Dias e Nadia GarletCapa: Maiara
AlvarezFoto da capa: Iuri MllerProfessora responsvel: Viviane
Borelli Mtb/RS 8992Endereo: Campus da UFSM, prdio 21, sala
5234Telefone: (55) 3220 8487Impresso: Imprensa UniversitriaData de
fechamento: 01 de outubro de 2010Tiragem: 500 exemplares
www.ufsm.br/revistatxttxt.revista@gmail.com
sumrio
.txt Outubro de 20102
expediente
Produtos UNI retornam ao mercado da regio
UFSM vai ter ciclovia em 2011
Msicos da UFSM alm-fronteiras
Son-rise: qualidade de vida para autistas
Problemas da UDESSM aps a implantao
Teatro independente em Santa Maria
Aquisio de livros pela Biblioteca Central
20 cultura
22 cultura
Estratgias para alcanar um sonho24 perfil
8 geral
6 geral
17 de fora para dentro
16 de dentro para fora
18 categorias
11 paralelo
4 entrevista
10 geral
Questes de Educao Fsica no Vestibular?
Recordaes do Colgio Politcnico
Atendimento pr-hospitalar no campus
19 o arco da velha
Rotina dos vigilantes da UFSM
LULA INAUGURA OBRAS NA UFSMPrimeiro presidente democraticamente
elei-
to a pisar na UFSM, Luiz Incio Lula da Silva, esteve na
instituio no dia 3 de setembro para inaugurar obras do REUNI os
campi da Uni-versidade em Frederico Westphalen, Palmeira das Misses
e Silveira Martins. Outras inaugu-raes ocorreram simultaneamente na
UFRGS, Unipampa e FURG.
No Largo do Planetrio, a estrutura mon-tada especialmente para o
evento recebeu cerca de trs mil pessoas em uma sexta-feira que
amanheceu chuvosa. Com Lula, estiveram presentes o prefeito
municipal Cezar Schirmer, o ministro da Educao Fernando Haddad, e o
ex-ministro das Cidades e ex-governador do Rio Grande do Sul Olvio
Dutra (foto ao lado).
O presidente permaneceu na UFSM por pouco mais de duas horas,
tempo necessrio para que autoridades das quatro instituies que
participavam da cerimnia se comunicas-sem por teleconferncia. O ato
foi aberto com fala do prefeito Schirmer. Tambm discursa-ram o
Reitor da UFSM, Felipe Mller, o repre-sentante do Diretrio Central
dos Estudantes (DCE), o aluno Pedro Silveira, o ministro Haddad e,
por fim, o presidente Lula.
NovidadeS Na Jai A 25 Jornada Acadmica Integrada da
UFSM, a JAI, acontece de 9 a 12 de novem-bro e refora a unio
entre ensino, pesquisa e extenso na Universidade. Paralelamente
JAI, ocorrem o Festival de Cultura e Folclo-re da UFSM e o 1
Congresso Internacional de Cincias pela Vida, com o tema Huma-nizao
e Inovao.
A inscrio para alunos ouvintes na jornada vai at dia 16 de
outubro, ao custo de R$ 5,00. A JAI 2010 visa trocar conheci-mentos
e experincias entre alunos e profes-sores, divulgar novas
metodologias, discutir temas atuais e congregar os docentes e
discentes da UFSM e de outras instituies do pas. Mais informaes da
JAI podem ser encontradas em www.ufsm.br/jai.
Conhecimento e tradio unidos por um ideal
12 capa
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Nos seus 50 anos de existncia, a UFSM marcou sua trajetria com
ideias de expanso para alm dos limites mu-nicipais. Em 1969, antes
mesmo de completar a sua primeira dcada, a Uni-versidade ergueu, no
ainda inspito e distante estado de Roraima, um campus avanado da
instituio. Mesmo tantos anos depois, com a UFSM consolidada em
Santa Maria e respeitada em todo o pas, os ideais de antigamente so
man-tidos.
Em julho de 2005, propondo inte-riorizar o Ensino Superior no
Rio Gran-de do Sul, a UFSM inaugurou o Cen-tro de Educao Superior
Norte/RS (CESNORS) hoje com unidades em Palmeira das Misses e
Frederico Wes-tphalen. Em 2007, com os recursos do Reuni (Programa
de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais) nascia a
Unidade Descentralizada de Ensino Superior de Silveira Martins, a
UDESSM.
Entretanto, cada passo para alm dos muros da Cidade Universitria
precisa de alguns cuidados: infraestrutura em cada unidade,
currculo adequado s necessidades da regio e recursos huma-nos
suficientes para atender a essas de-mandas. Como reconhece a
Reitoria da UFSM, o caso de Silveira Martins um dos que, quase 500
dias aps a implanta-o, carece de mudanas. A reportagem de Capa faz
um retrato da situao atual da UDESSM: problemas, perspectivas de
transformaes e o futuro da UFSM em Silveira Martins.
Iuri Mller e Viviane Borelli
.txt Outubro de 2010
carta ao leitor
3
txt
eM diSCUSSo a CoMUNiCao PoPULaR Em sua 35 edio, a Semana
Acadmica da Comunica-
o coloca em pauta o popular e o alternativo com o mote Comunicao
feita mo. Dentro dessa discusso, emer-gem tambm a literatura, a
cultura pop e a poltica.
A semana organizada pelo Diretrio Acadmico dos Cursos de
Comunicao Social Mrio Quintana, e acon-tece entre os dias 19 e 22
de outubro no campus da UFSM com uma programao de palestras e
oficinas diversificadas.
Estaro presentes nomes como Aldyr Garcia Schlee, jornalista e
escritor, Marcelo Canellas, reprter especial da Rede Globo e
egresso da UFSM, e Patrcia Saldanha, profes-sora da UFF
(Universidade Federal Fluminense) para falar de publicidade
comunitria.
Na semana, acontecem tambm as avaliaes do PANC, o Prmio Anual de
Comunicao. Com objetivo de valorizar os melhores trabalhos
produzidos no ano pelos alunos, o prmio abrange trs grandes reas:
Jornalismo, Publicidade e Propaganda, e Relaes Pblicas. Acompanhe a
programa-o completa em www.35secom.net.
Foto
: Iur
i Ml
ler
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.txt Outubro de 20104
entrevista
O mesmo saborsob nova direo
Produtos da marca UNI voltam ao mercadoDbora Dalla Pozza,
Eduarda Toscani e Renata Mller
Durante 15 anos, a Cooperativa dos Produto-res de Leite de Santa
Maria, a COOPROL, e a Usina Escola de Laticnios, produziram em
parceria iogurtes, sorvetes e outros derivados lcteos que eram
comercializados na regio sob a marca UNI. Este convnio foi rompido
em 2008 devido a problemas financeiros sofridos pela COOPROL. Em
maro deste ano, os produtos UNI voltaram ao mercado. Dessa vez,
produzidos em parceria com a Cooperativa Regional da Reforma Agrria
Me da Terra (COPERTERRA), de Tupanciret, que investiu cerca de R$
250 mil na re-forma das instalaes da usina e na compra de novos
equipamentos. Entretanto, recentemente, a produo foi paralisada
devido a problemas com a vigilncia sa-nitria. Para saber mais sobre
a volta dos produtos UNI ao mercado e os problemas pelos quais a
Usina Escola de Laticnios passou, a .txt entrevistou Adilson
Pereira, gerente da filial da Cooperterra, que coordena a produ-o
dos produtos UNI.
.txt: O retorno dos produtos UNI aos mercados de Santa Maria e
regio foi bem aceito pelos consu-midores?
Adilson: A aceitao foi boa, tanto na cidade de Santa Maria,
quanto em outros municpios da regio. A gente conseguiu retornar a
produo de todos os pro-dutos que eram feitos anteriormente.
.txt Quais produtos UNI so produzidos nessa
nova fase?Adilson: Produzimos leite integral, uma linha de
iogurtes que tem vrios sabores, queijos de trs tipos, nata,
ricota, doce de leite e tambm vrios sabores de sorvetes. O
beneficiamento , em mdia, de trs mil li-tros dirios nesses diversos
derivados do leite.
.txt Para reativar a fabricao dos produtos UNI na Usina Escola
de Laticnios, quais foram as principais mudanas estruturais que
vocs tiveram de fazer?
Adilson: Como ficamos muito tempo parados, houve vrias questes
que tiveram de ser mudadas obrigatoriamente. Tivemos de fazer toda
uma reforma na parte eltrica, alm de manuteno em praticamen-te
todos os equipamentos. Isso porque, medida que comevamos a usar,
eles davam problemas. Ento, fo-mos adequando conforme as
necessidades, at porque equipamentos desse tipo tm um desgaste
maior quan-do esto parados do que quando esto funcionando. Tambm
fizemos uma adequao na parte de estrutura civil para nos enquadrar
s novas regras da vigilncia sanitria.
.txt: Ento o convnio com a COPERTERRA su-priu as necessidades da
Usina?
Adilson: Na verdade, a Usina foi disponibilizada de forma
licitatria, ou seja, atravs de uma licitao para entidades e
cooperativas interessadas. J que lidamos
Foto
: Gui
lher
me
Port
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.txt Outubro de 2010 5
.txt
o gerente da filial da CoPeRTeRRa, adilson Pereira, coordena a
fabricao dos produtos UNi
com o recolhimento de leite h 10 anos, sentimos a necessidade de
fazer o beneficiamento. Quando surgiu essa oportunidade, ns
participamos do processo legal de licitao e apresentamos a
documentao para ento comear a explorar o espao fsico da Usina.
.txt: Existiu uma troca no pessoal que trabalhava h dois
anos?
Adilson: Exatamente. So duas entidades diferen-tes. Uma era a
COOPROL, que tinha a sua estrutura, e outra a COPERTERRA, que tem
outro sistema, ou-tro pessoal e outra forma de trabalho. Ento
tivemos de readequar os recursos humanos, enfim, todo o espao para
trabalho conforme o que a COPERTERRA tem no seu planejamento.
.txt: Esses funcionrios so exclusivos da usina?Adilson: Tem dois
sistemas. Como trata-se de um
contrato com a COPERTERRA, ela quem disponibi-liza os
funcionrios. A Universidade disponibiliza uma pessoa que trabalha
internamente que tem a responsa-bilidade de acompanhar os trabalhos
e as atividades, mas fica mais como apoio e orientao.
.txt: Adilson, sabemos que a Usina Escola de La-ticnios foi
interditada recentemente pela Vigilncia Sanitria. Qual foi o motivo
para isso?
Adilson: Bom, a estrutura da Usina, para quem conhece, foi
construda h muito tempo. No caso, para reativar a prpria Usina,
tivemos que fazer vrias altera-es bem prticas para adequar as
exigncias atuais da vigilncia sanitria. Fizemos alteraes na parte
inter-na, j que no pode ter nenhuma estrutura de madeira na rea de
produo, como portas e janelas. Tem de ser tudo de metal. Tambm
fizemos vrias adequaes em toda a parte de registro de produtos, o
que no era feito de forma correta anteriormente e era necessrio.
Alm de toda a parte de registro, tambm fizemos o layout de rtulos,
e ainda temos toda uma estrutura pra adequar ao CISPOA
(Coordenadoria de Inspeo Sanitria de Produtos de Origem Animal),
que o rgo que nos fiscaliza.
.txt: Qual a perspectiva para solucionar esses problemas e como
vocs esto lidando com eles?
Adilson: Se eu for listar todas essas questes pr-ticas, d uma
lista enorme, desde portas, investimento em cmara fria, janelas da
parte externa, enfim, vrias mudanas. At vestirio feminino, que ns
no tnha-mos, tivemos de fazer. Hoje j estamos num processo de
concluso de todas essas adequaes, que so ques-tes que no temos como
ficar jogando para frente. In-clusive tivemos que fazer essas
adequaes para sermos liberados pra trabalhar. Estivemos paralisados
durante 30, 40 dias para fazer essas adequaes. Quando fica-ram
prontas, fomos liberados para voltar s atividades.
.txt: E para fazer essas reformas, vocs encontra-ram algum
empecilho burocrtico ou financeiro?
Adilson: Com certeza. Ns tnhamos um plane-jamento anterior com o
que julgvamos necessrio e, como tivemos de fazer vrias alteraes,
passamos por vrias dificuldades. Tambm enfrentamos alguns
em-pecilhos para colocar os documentos 100% em dia. An-tes no
tnhamos registro, nem vrias outras questes nesse sentido. Hoje, ns
temos toda essa parte, tanto de ordem de fiscalizao quanto na parte
da FEPAM
(Federao Estadual de Educao Ambiental), alm de vrios outros
registros que no so obrigatrios, mas que so importantes no nosso
trabalho do dia-a-dia.
.txt: Como esto os esforos para voltar com po-tncia ao mercado
consumidor?
Adilson: Ns temos muita dificuldade para entrar no mercado.
Temos conhecimento, por relatos das pes-soas que trabalhavam aqui
anteriormente, que na cida-de existiam dois, trs, tipos de leite
diferentes h um tempo. J hoje, no nosso levantamento, existem sete
ou oito tipos diferentes, e isso faz com que a concor-rncia acabe
colocando os mesmos produtos venda. Isso dificulta bastante a
disponibilizao dos produtos no mercado, de forma geral. Ns temos um
custo alto na parte de produo e tivemos que fazer vrios
inves-timentos, alm de termos um cronograma para obter esse
retorno. Tudo isso dificultou e est dificultando a disponibilizao
desses produtos no mercado santa-mariense.
.txt: E qual a expectativa para o futuro?Adilson: otimista. Ns
temos sempre esse prin-
cpio de ser otimista e de acreditar no potencial desse trabalho
de beneficiamento. Buscamos vrios projetos da CONAB (Companhia
Nacional de Abastecimento) e de escolas que possam viabilizar o
trabalho na prpria Usina. Esses projetos nas escolas comearam com
uma lei, do ano passado, que exige que as escolas usem 30% do
recursos da Unio para comprar produtos derivados de agricultura
familiar. Como somos uma cooperativa, nossa base a agricultura
familiar. A surge, ento, a possiblidade de disponibilizar os
produtos produzidos aqui para merenda escolar, de maneira formal.
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Foto: Renata Mller
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geral
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O relgio marcava quatro horas da tarde de quinta-feira, dia 19
de agosto de 2010. As aulas do segundo semestre transcorriam
normal-mente. Enquanto isso, o aluno do Colgio Politcnico,
Francisco Oliveira de Souza, bolsista de um projeto de energias
renov-veis, equilibrava-se na viga do telhado do galpo onde se
guardam colheitadeiras e tratores utilizados pelo colgio.
Desempenhando o trabalho que lhe ca-bia em troca da remunerao de
R$180,00 mensais, ele tentava passar um cabo de um lado do telhado
a outro. Tal ao seria cha-ve para o xito do funcionamento de um
catalisador destinado a transformar raios de sol em energia.
Concentrado em realizar a tarefa qual foi designado,
desequilibrou-se e pisou nas telhas irregulares que davam forma ao
telhado. Forou com o p a telha, que rompeu-se e o fez cair de uma
altura de aproximadamente oito metros. Aps 45 minutos de espera,
uma ambulncia chega-va para socorr-lo.
Quando o aluno caiu, ligamos pronta-mente para o HUSM. Disseram
que havia uma ambulncia para socorr-lo, mas que no dispunham de
mdicos para atender aquela ocorrncia - relata Valmir Aita,
vice-diretor do Colgio Politcnico da UFSM. Orientaram-no, ento, a
chamar o Corpo de Bombeiros, pois disseram que eles tinham pessoal
treinado para fazer o resgate e que poderiam utilizar ambulncia
do HUSM para a remoo. Por segurana, o resgate da Unimed tambm
foi contata-do.
O caso de Francisco no era grave. Mesmo assim revelador de uma
deficin-cia que existe no campus da Universidade. Alerta para uma
fratura na estrutura do atendimento e mostra que quando uma real
emergncia ocorrer, o socorro, infe-lizmente, pode no chegar a
tempo. Meu caso acabou no sendo grave, mas fico ima-ginando quem
corta e mexe com carnes aqui no Politcnico. Se por acaso algum
decepa a mo e precisa de resgate urgente no tem como contar com
isso aqui pela prpria UFSM lembra Francisco.
Os ponteiros do relgio marcavam nove horas da noite. O movimento
na Universi-dade rareava e Francisco tratava de retor-nar a sua
casa, em companhia da me, que o auxiliava. Recebeu um atestado
mdico de uma semana, porm faltou a mais aulas, devido s fortes
dores nas costas ocasiona-das pela queda. Hoje, Francisco trabalha
em terra firme, em um outro projeto que faz marcaes que fornecero
dados para alimentar o Sistema de Posicionamento Global (GPS).
TRANSPORTE - O Hospital Universi-trio de Santa Maria (HUSM)
possui uma ambulncia prpria e outra est a caminho ainda em fase de
licitao. Para dirigi-las, h quatro motoristas servidores da
univer-sidade e mais um terceirizado. Eles respon-
dem pelo planto durante as 24 horas do dia. Segundo a
encarregada pelo transporte do hospital, Nadir Lopes, os
funcionrios tm como trabalho apenas o transporte de pacientes
internos do HUSM.
Ns fazemos o servio de transporte dos pacientes do hospital para
outras cida-des, caso haja necessidade de certa cirur-gia que no
possa ser realizada aqui, ou de consulta com algum outro mdico diz
Nadir. A funcionria tambm ressalta que o paciente sempre
acompanhado de um tcnico de enfermagem ou de um mdico. J o
atendimento pr-hospitalar de emer-gncia ou resgate, no tarefa dos
motoris-tas do HUSM: ns s temos uma ambuln-cia aqui, que
normalmente est viajando. E mesmo se o carro estiver aqui, ainda h
a necessidade de que uma equipe mdica nos acompanhe para realizar o
resgate. Mas ob-viamente que, por uma questo de humani-dade,
ajudamos sempre que podemos.
O motorista Roberto dos Santos este-ve presente em um desses
casos de ajuda. Ele dirigiu a ambulncia que participou do resgate
de Francisco. Ns ajudamos em tudo que podemos, mas apenas dirijo,
no tenho como auxiliar na parte mdica. Nos ligaram, o carro estava
pronto para sair, mas o PA [Pronto-Atendimento do HUSM] no liberou
nenhum enfermeiro para me acom-panhar. Tivemos que chamar os
Bombeiros e demoramos muito para fazer o resgate lembra o
motorista.
Olvia Scarpari e Mathias Rodrigues
.txt Outubro de 2010
Foto
: Olv
ia S
carp
ari
Francisco oliveira de Souza esperou 45 minutos para ser
atendido
Emergncia 192Como (no) funciona o resgate no campus da UFSM
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.txt
7
O Pronto Atendimento (PA) do HUSM conta com apenas uma equipe
mdica por turno. L so recebidos pacientes com os mais diversos
problemas, sem contar as emergncias provenientes de toda a regio
central do Rio Grande do Sul. Naura Cou-tinho, enfermeira, afirma
que no h como o Hospital fazer atendimentos de emer-gncia
pr-hospitalar: S h uma equipe aqui dentro, para atender muita
gente. No HUSM no existe uma equipe de remo-o especializada. Ns
apenas fazemos o atendimento hospitalar, que o realizado quando o
paciente chega ao PA. No h funcionrios suficientes para atendermos
fora do Hospital, nem funo do HUSM fazer isso.
O que se pode fazer chamar os Bom-beiros ou alguma empresa
privada alega Arnaldo Teixeira Rodrigues, vice-diretor geral e
diretor clnico do HUSM. O m-dico afirma que no h nenhum esquema de
atendimento pr-hospitalar montado dentro do campus pela UFSM, e que
a co-munidade acadmica est sujeita ao mes-mo tratamento, e aos
mesmos problemas, de qualquer morador do bairro Camobi - apesar de
estarem dentro da universidade que administra o maior hospital da
regio. O HUSM no realiza atendimentos pr-hospitalares, nem dentro,
nem fora da uni-
versidade. Isso papel do sistema pblico de sade, no do hospital,
nem da UFSM diz o vice-diretor do HUSM.
As empresas privadas, como a Uni-med, a Protege e a Cauzzo,
fazem remoes gratuitas em casos graves, mas os nicos atendimentos
realmente pblicos e gratui-tos da cidade so o dos Bombeiros e o do
PA do Patronato lembra Arnaldo. Isso remete a um problema que no
atinge ape-nas a comunidade acadmica, mas todos os
da comunidade acadmica, tem quase 50 mil habitantes e est a mais
de 30 minutos de carro do Patronato sugere Rodri-gues.
O secretrio de sade de Santa Maria, e tambm vice-prefeito da
cidade, Jos Haidar Farret, rebate duramente os ques-tionamentos
quanto aos problemas de atendimentos pr-hospitalares na UFSM e em
Camobi: Lamentavelmente o HUSM s atende emergncias, e no urgncias.
Se eles voltassem a atender urgncias, no ha-veria esse problema.
Quanto sugesto do diretor clnico do HUSM, Farret tambm enftico: Se
colocssemos um PA em Ca-mobi, a todo bairro iria querer um. O que
ns temos que fazer terminar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
que fica ao lado da Casa de Sade. A UPA capaz de atender a toda a
cidade, sem que seja neces-sria a criao de um PA em cada
bairro.
A deficincia nos resgates emergenciais no apenas da UFSM.
Trata-se de uma ca-rncia maior, proveniente da falta de estru-tura
do prprio municpio. Mesmo assim, a impresso de um HUSM to perto e,
ao mesmo tempo, to longe, abre precedentes para torcermos que, se
acaso haja alguma complicao de sade dentro do campus, se prescinda
de resgate urgente. Afinal, a solu-o ser discar 192 e esperar...
.txt
.txt Outubro de 2010
Fotos: Mathias Rodrigues
o HUSM no faz atendimento pr-hospitalar, como informa o
vice-diretor geral arnaldo Teixeira Rodrigues (detalhe)
O que se pode fazer chamar
os Bombeiros ou alguma empresa
privada
HUSM no dispe de estrutura para resgate
habitantes da cidade. Em uma cidade do porte de Santa Maria, com
bairros e vilas geograficamente dispersos, h apenas um local capaz
de realizar atendimentos pr-hospitalares emergenciais. Eu acho que,
caso houvesse demanda, a Universidade contrataria alguma empresa
para fazer o atendimento dentro do campus, mas o n-mero de
ocorrncias mnimo. O que se poderia sugerir a criao de um Pronto
Atendimento no bairro Camobi que, alm
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geral
.txt Outubro o de 20108
A impresso que se pode ter ao en-trar em uma biblioteca a de que
aqueles livros esto ali desde sem-pre no caso da Biblioteca Central
da UFSM, a eternidade dataria de 1972, ano da inaugurao do prdio
atual. Mas para manter o acervo de mais de 180 mil volumes
atualizado, h um processo quase invisvel de sugestes de compra de
livros. As aquisies definem o que as estantes ganham de novo a cada
ano letivo.
Dentro da sistemtica de compras da Biblioteca Central (BC), para
ganhar preciso pedir. Ou, em poucas palavras, preciso que o
administrador desses re-cursos saiba do que voc precisa. Alguns
cursos, no entanto, parecem alheios Bi-blioteca e no mantm um hbito
vital para o aumento do acervo: enviar uma lis-ta de livros para
serem adquiridos.
As compras de livros so programadas a partir dos pedidos que os
professores
enviam para a administrao por meio de um formulrio especfico
(ver quadro). O Setor de Aquisio apenas tem autonomia para repetir
uma compra quando uma obra tem muitas reservas ao longo do ano. Por
isso, mesmo que de fato o acadmico no
consiga retirar o livro, efetuar a reserva importante para que
as carncias sejam conhe-cidas.
Para todo o ano de 2010, o recurso global para com-pra de livros
de R$ 400 mil, sem diviso por reas do co-nhecimento. A bibliotecria
responsvel pela aquisio na BC, Marisa Severo, afirma
que no momento da compra cabe o bom senso: de um modo geral, os
livros de re-as humanas so mais baratos do que os de Cincias da
Sade e Engenharias. Assim, necessrio encaminhar as compras
equili-brando essa disparidade.
Os cursos que foram criados nos lti-mos anos com recursos do
Reuni (Progra-
ma de Apoio ao Plano de Reestruturao e Expanso das Universidades
Federais), por sua vez, contam com uma verba pr-pria de R$ 300 mil,
destinados formao de bibliografia bsica. Esses valores so
repassados pela Pr-Reitoria de Planeja-mento (Proplan) da
Universidade.
Desde 2006, quando as compras pas-saram a ser centralizadas pelo
Setor de Aquisio da BC, todos os pedidos devem ser encaminhados
para l. Hoje, cabe s Bibliotecas Setoriais apenas a misso de
orientar os professores e estudantes so-bre a maneira de fazer as
sugestes. Ainda assim, essa procura costuma ser pequena. Ana
Claudia Flores bibliotecria do Cen-tro de Educao (CE) desde maro
deste ano e relata que ainda no foi questionada sobre a
aquisio.
Para que o assunto ganhe repercusso, a prpria direo da
Biblioteca Central organiza uma campanha publicitria por meio de
cartazes que incentivam e ensi-nam a maneira correta de fazer a
encomen-da. Para a diretora da BC, Maria Ins Figas,
Dentro da sistemtica de compras
da Biblioteca Central (BC), para ganhar preciso pedir
Desinformao sobre os processos de pedidos de livros diminui o
nmero de novidades no acervo das bibliotecas da UFSM
Como os corredores se enchem de livros
Giuliana Matiuzzi, Iuri Mller e Maurcio Brum
-
.txt
.txt Outubro de 2010 9
embora haja oportunidade de efetuar pedi-dos durante todo o ano,
o ideal que eles sejam encaminhados o mais cedo possvel, j que o
processo burocrtico tende a atra-sar a viagem dos ttulos desde as
livrarias conveniadas at as prateleiras da UFSM.
A mulher que encomendava livros
Embora a prioridade para a encomenda de livros seja a indicao
docente, alunos tambm podem deixar suas sugestes, seja para os de
uso em sala de aula, seja para os literrios. Para esses ltimos, a
bibliote-cria Marisa Severo administra as compras de acordo com os
livros que tiveram uma grande taxa de emprstimo no ano ante-rior
segundo estatsticas do sistema de bibliotecas adotado pela UFSM,
que pode fornecer dados bastante precisos, como, por exemplo, o
histrico de emprstimo de um usurio.
Entre a lista dos mais emprestados constam os best-sellers da
estao, disputa-dos reserva a reserva pelos alunos. Segun-do ela, o
fato de um livro figurar por meses na lista dos mais vendidos das
principais revistas do pas serve como justificativa
As compras de 2010*
UNidade ToTaL de adMiNiSTRaTiva TTULoSBiblioteca Central
100Centro de Artes e Letras 264Centro de Cincias Naturais e Exatas
107Centro de Cincias Rurais 130Centro de Cincias da Sade 220Centro
de Cincias Sociais e Humanas 1.098Centro de Educao 108Centro de
Educao Fsica e Desportos 73Centro de Tecnologia 238Colgio Tcnico
Industrial de Santa Maria 150CESNORS FW/PM 538UDESSM Silveira
Martins 91
*O Setor de Aquisio solicitou 3.117 livros at o dia
22/09/2010
para incluir ttulos como Harry Potter, Lua Nova e A Menina Que
Roubava Livros nas encomendas de literatura. No entanto, ela
esclarece que tambm efetua
compras de obras consideradas mais pro-fundas, partindo de
sugestes enviadas pelo site da Biblioteca..txt
Para solicitar livros pelo site da Biblioteca
(www.ufsm.br/biblioteca): No menu esquerda, localize a seo
Servios/Setores e clique em Aquisio. A seguir, v em Processo de
Compra 2010 e clique no link ali
disponvel. Por ltimo, preciso fazer o download da Planilha de
Sugesto e enviar, j preenchida, para o email
livrosbc@gmail.com.
Foto: Iuri Mller
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.txt Outubro de 201010
geralFo
to: I
uri M
lle
r
UFSM ganha cicloviaProjeto vai revitalizar tambm a avenida
Roraima em 2011
Brbara Barbosa e Greice Marin
Os ciclistas que transitam todos os dias pela Avenida Roraima,
entre o trevo da faixa nova e o arco da Universidade, encontraro um
novo cami-nho em 2011. A construo de uma ciclovia dever tornar o
trajeto mais seguro e o ce-nrio mais agradvel.
O projeto que autoriza a implantao da ciclovia faz parte da
revitalizao da Avenida Roraima, principal via de acesso
Universidade Federal de Santa Maria. Segundo o pr-reitor de
infraestrutura da UFSM, professor Valmir Brondani, o De-partamento
Nacional de Infraestrutura de transportes (DNIT) aprovou o projeto
no incio de setembro.
A licitao do projeto para a reforma da Avenida Roraima, que ser
realizada pelo DNIT, deve acontecer at dezembro. A obra ter incio
cerca de 30 dias aps a assinatura do contrato. Conforme o professor
Bron-dani, as obras provavelmente comeam no incio de janeiro de
2011 e sero concludas em meados de maio, j que o tempo estima-do
para sua realizao de 120 dias.
A ciclovia vai ter 680 metros de ex-tenso e 2,5 metros de
largura e deve su-prir a demanda, especialmente de alunos e
funcionrios que trafegam diariamente
pelo local. A via iniciar ao lado do posto do Corpo de Bombeiros
de Camobi (RST 287), na Avenida Roraima e se estender at o arco da
UFSM. A instituio recebeu verba e autorizao para viabilizar as
obras apenas neste trecho. No entanto, a inteno de, no futuro,
ampliar a rea da ciclovia para toda a UFSM.
O professor do Centro de Cincias Ru-rais (CCR), Eno Darci
Saatkamp, utiliza a bicicleta como seu principal meio de
trans-porte e destaca a relevncia de uma via ni-ca para os
ciclistas. H cinco anos e meio convivo com essa realidade e o maior
em-pecilho encontrado a falta de segurana, pois temos de dividir
espao com os outros veculos, explica.
Alm da ciclovia, o projeto inclui a re-cuperao total do
pavimento das duas pis-tas da Avenida Roraima, a construo de quatro
recuos para paradas de nibus com abrigos (duas na entrada e duas na
sada do campus), a canalizao de uma vala de es-goto direita da
entrada (desde o trevo at o Colgio Politcnico), a construo de um
calado de trs metros de largura sobre a canalizao, e a implantao de
iluminao adequada. O custo total da obra de, apro-ximadamente, 2,5
milhes de reais. .txt
Rede de esgotoAs valas localizadas nas late-rais da Avenida
Roraima apre-sentam problemas de sanea-mento bsico que devem ser
resolvidos pelo projeto de revi-talizao. A gua no tratada afeta
diretamente a vida dos moradores das redondezas, j que oferece
riscos por favore-cer a proliferao de doenas, como a dengue e a
leptospiro-se. Leda Lima, moradora dos arredores da Avenida Roraima
alega sentir-se prejudicada com o descaso em relao canalizao. Entre
as princi-pais reclamaes da aposen-tada, destaca-se o mau cheiro
exalado pelo esgoto e a alta quantidade de insetos no ve-ro. Em
funo da presena de roedores, ela conta que de-detiza a casa
anualmente.
dNiT aprovou projeto para construo da ciclovia em outubro
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.txt
.txt Outubro de 2010 11
paralelo
seridas no vestibular, as escolas se sentiriam na obrigao de
mudar a maneira como
a disciplina ensinada. Tra-dicionalmente tomada como uma matria
prtica, os professores das escolas tero de se adaptar a essa
mudana, pois a carga de contedos tericos a serem trabalhados
aumentar.
Conforme a professora do CEFD, Maria Eliza Gama, o processo
seletivo da UFSM, apesar de adotar o Enem como 20% de seu peso
final, vai de encontro a ele em relao abordagem das questes. Antes
tido como uma prova interdisciplinar, as reformulaes do Enem
tor-naram a prova mais clssica, j que privilegia contedos
especficos tradicionais. A avaliao deixa de lado disci-plinas como
Educao Fsica, Artes, Sociologia e Filosofia, o que, para a
professora, um retrocesso.
Uma das primeiras uni-versidades a incluir questes de Educao
Fsica em seu vestibular foi a Universidade Estadual Paulista UNESP.
Segundo a Diretoria Acadmica da Vunesp a funda-o organizadora de
Concursos Pblicos e Vestibulares da UNESP , conhecimentos de Lngua
Portuguesa, Lngua Estrangei-ra Moderna, Educao Fsica, Arte e
In-formtica, pertencem a uma mesma rea, denominada Linguagens,
Cdigos e suas Tecnologias. Por essa razo, assim como a orientao do
ensino mdio no Brasil fun-damenta-se nos Parmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), os exames vestibulares da UNESP tratam a Educao
Fsica que faz parte desses parmetros como uma disciplina apta a ser
abordada em questes tericas especficas.
Segundo a estudante do ensino m-dio do Instituto Anglicano Baro
do Rio Branco de Erechim, Caroline Jioucoski, os alunos no esto
preparados para uma prova terica de Educao Fsica: ns
principalmente as gurias praticamente nem temos aulas prticas e
nem se fala em aulas tericas. Tivemos apenas um trabalho durante o
ano todo, que era sobre regras de futebol e basquete.
Em contrapartida, na Escola Estadual de Ensino Mdio Maria Rocha,
em Santa Maria, as mudanas no ensino da disciplina j vm ocorrendo.
Segundo o professor de Educao Fsica Rogerson Ruiz Gonalves, o a
escola possui na proposta pedaggica da Educao Fsica questes como a
com-preenso do funcionamento do organismo humano de forma a
reconhecer e modifi-car as atitudes corporais e a valorizao da
qualidade de vida. So pro-postas que no se limitam apenas teoria
e prtica esportiva, mas que abor-dam outro vis da rea, passvel de
ser questo de vestibular. Eu tenho aqui alunos que arrumam uma
forma de no frequentar a Educao Fsica para po-der ter outras aulas
no cur-sinho pr-vestibular. Com a disciplina no vestibular,
isso pode mudar, afirma o professor Ro-gerson.
A incluso da Educao Fsica no ves-tibular obriga as escolas de
ensino mdio a mudarem a forma de tratar a disciplina e aponta uma
deficincia do ensino brasilei-ro. Os estudantes e tambm as escolas
de ensino fundamental e mdio alimentam uma preocupao exagerada com
o concur-so. Assim, tornam-se aptos a prest-lo, mas no aprendem os
contedos especficos da disciplina. A professora Maria Eliza
acre-dita que atualmente a busca pelo conheci-mento gira em torno
apenas do vestibular e no da real aprendizagem, precarizando a
educao.
Espera-se que, aos poucos, com as mo-dificaes, o ensino se
comprometa com a formao de um aluno e no apenas se pre-ocupe com um
futuro prximo que finda no vestibular. .txt
Debate sobre incluso de disciplinas objetiva mais qualidade no
ensino
Gabriel Eduardo Bortulini e Luiz Valrio Seles
no Vestibular
A seleo para o ingresso ao ensino superior nas instituies
pblicas brasileiras vem sofrendo inmeras mudanas nos ltimos anos. O
Exame Na-cional do Ensino Mdio (Enem) ganhou peso e faz parte do
processo seletivo. Em alguns casos, o Enem substitui a prova
ha-bitual de ingresso em Instituio de Ensino Superior (IES). O
vestibular na Universi-dade Federal de Santa Maria (UFSM) no fugiu
tendncia nacional: reduziu o n-mero de questes e o tempo do
concurso; acrescentou uma forma de ingresso seriada com Programa de
Ingresso ao Ensino Su-perior (Peies) e incluiu tambm uma nova
disciplina nas provas a Filosofia.
Entre todas as mudanas, a incluso da disciplina no vestibular
influi mais dire-tamente no perfil dos estudantes. Nas es-colas de
ensino mdio, a Filosofia passou a ser to valorizada quanto as
disciplinas tradicionais. A UFSM, pioneira no Brasil em implementar
a Filosofia no processo seletivo, constatou que os acadmicos que
enfrentaram as novas questes estavam mais preparados para encarar a
faculdade. A administrao superior da Universidade Federal de
Uberlndia uma das institui-es que adota a disciplina avalia que a
incluso da Filosofia como contedo a ser estudado pelo candidato ao
curso superior teve um impacto positivo nas outras provas do
processo seletivo. Depois da Filosofia, na UFSM outras disciplinas
ganham vez na mesa das discusses. Entre elas, est a Edu-cao
Fsica.
A iniciativa de inserir questes da disci-plina no processo
seletivo, porm, tem ge-rado uma discusso parte. A forma como a
matria tratada e ensinada hoje nas es-colas, faz com que surjam
questionamentos sobre qual ser a abordagem tomada pela Copervers
(Comisso Permanente do Ves-tibular) para a escolha e a produo
dessas questes.
Segundo o vice-diretor do Centro de Educao Fsica e Desportos da
UFSM (CEFD), Rosalvo Luis Sawitzki, uma vez que questes de Educao
Fsica forem in-
A incluso da Educao Fsica no vestibular obriga as escolas de
ensino mdio a mudarem a forma de tratar a disciplina e aponta uma
deficincia do
ensino brasileiro
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.txt Outubro de 201012
Foto
: Iur
i Ml
ler
capa
Silveira Martins, cidade bero da Quarta Colnia de Imigrao, tem
pouco mais de dois mil habitantes, mas simboliza os principais
problemas enfrentados pela Regio Central do Rio Grande do Sul:
recesso econmica, en-velhecimento da populao, baixos nveis de
escolaridade, evaso dos jovens para as grandes cidades e dependncia
da agricul-tura. O IDH (ndice de Desenvolvimento Humano) do
municpio, por exemplo, de 0.796 numa escala que vai de zero a um. O
nmero est abaixo da maioria das cidades do estado.
Na tentativa de reverter o quadro de desvitalizao territorial,
decidiu-se im-
plantar um plo de ensino que atendesse s demandas da regio.
Assim, foi criada pela UFSM a Unidade de Ensino Superior de
Silveira Martins (UDESSM) no primei-ro semestre de 2009, atravs do
programa de Expanso e Reestruturao das Univer-sidades Federais
(Reuni).
O quadro de abandono que se estacio-nou sobre os pequenos
municpios do cen-tro do estado proporcional ao desafio que nasceu
junto com o surgimento da Unida-de. A justificativa de criao de um
plo de ensino distante de Santa Maria trazia consigo a necessidade
de uma abordagem de ensino diferenciada, que privilegias-se o
desenvolvimento daquela regio. Em
entrevista .txt, em maio do ano passado, Jos Lannes de Mello
coordenador do projeto de criao da UDESSM explica-va quais eram os
objetivos do ento recm criado plo: Silveira Martins , hoje, da
forma como a gente pensou, uma universi-dade com um vis muito forte
para a ques-to da revitalizao do espao rural.
Quinhentos dias depois da inaugu-rao da UDESSM, a equipe da .txt
sobe a serra novamente em busca de algumas respostas: qual a situao
da Unidade? Os objetivos que justificavam a fundao vm sendo
alcanados? E mais: quais as perspectivas para o futuro da Unidade
de Silveira Martins?
UFSM: 500 dias em Silveira
Martins.txt volta UdeSSM para mapear os problemas enfrentados um
ano e meio aps a implantao
Anelise Dias e Gregrio Mascarenhas
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.txt Outubro de 2010 13
.txt
A UDESSM est instalada no prdio do extinto Colgio Bom Conselho,
constru-do em 1908 e mantido pelas irms do Ima-culado Corao de
Maria durante 80 anos. O local, patrimnio histrico de Silveira
Martins, foi inicialmente emprestado pelo municpio para a instalao
da Unidade. Em 27 de agosto deste ano, o edifcio foi cedido
UDESSM.
Apesar do prdio no estar em ms condies, h marcas evidentes da ao
do tempo. Por ser patrimnio histrico, a UDESSM no pde fazer
alteraes na estrutura arquitetnica do antigo colgio.
Assim, foram reformados apenas os am-bientes que seriam
utilizados pelos alu-nos imediatamente. Os espaos reparados
correspondem a quatro salas de aula, um laboratrio de informtica,
uma biblioteca e uma sala de vdeo, que utilizada tam-bm como
auditrio. Ainda que equipadas, as salas so insuficientes para
atender mais alunos no caso de um novo vestibular.
Falta ainda alojamento para quem mora fora da cidade e
restaurante universitrio. O vice-reitor da UFSM, Dalvan Jos
Rei-nert explica que essas so aquisies que vm com o tempo: Santa
Maria demorou 14 anos para ter um Restaurante Universi-trio (RU); o
plo do CESNORS de Pal-
meira das Misses demorou quatro. Cer-tamente est se pensando em
alternativas para implantar um RU em Silveira Martins, mas isso
leva tempo.
Com o objetivo de estruturar mais sa-las de aula e de melhorar
as condies de instalao, a Unidade passar por reformas no ano que
vem. O diretor da UDESSM, Jos Cardoso Sobrinho, informa que h dois
milhes de reais para a reforma j li-berados pela Unio: A obra vai
ser licitada at o final de setembro e os valores j foram liberados.
Alm disso, conta que est pre-visto para o oramento de 2011 um
repasse de dois milhes para construo de novos prdios.
Falta de professores e funcionrios
A UDESSM no enfrenta apenas problemas com a falta de estrutura
fsica. Faltam tambm pessoas capa-citadas para atender s demandas
dos alunos. Segun-do dados da Pr-Reitoria de Recursos Humanos da
UFSM, a Unidade possui 12 professores e dois funcio-nrios
tcnico-administrativos, alm de funcionrios de limpeza e segurana de
uma empresa terceirizada. Os dois tcnico-administrativos se
desdobram entre a secretaria, a biblioteca e tambm o setor de
projetos de pesquisa e extenso, j que na UDESSM no h Ga-binete de
Projetos.
A falta de pessoal capacitado para atender a cada setor faz com
que a Unidade no possua registros de dados bsicos, como cadastro de
professores e alunos, nem de projetos e aes desenvolvidas. No h
tam-bm um sistema que contabilize o nmero de alunos que desistem ou
trancam a vaga dados que apenas a UFSM dispe.
Frente e fundos do Colgio Bom Conselho, no qual est instalada o
plo da UFSM de Silveira Martins
Jos Sobrinho Cardoso - diretor da UdeSSM
Necessidade de ampliao
Fotos: Anelise Mascarenhas
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.txt Outubro de 201014
capa
Sala de aula do Colgio Bom Conselho, que foi reestruturado e
hoje abriga os alunos da UdeSSM
No seu primeiro ano de existncia, a UDESSM realizou dois
processos seleti-vos vinculados ao vestibular da UFSM: o
Extraordinrio 2009 e o de Vero 2010. Foram ofertadas 200 vagas em
2009 e 160 em 2010, divididas entre os quatros cursos superiores da
Instituio: Tecnologia em Gesto de Turismo, Tecnologia em Gesto em
Agronegcios, Tecnologia em Proces-sos Gerenciais e Tecnologia em
Gesto Ambiental.
Das 360 vagas oferecidas nos dois con-cursos, apenas 199 esto
ocupadas, o que corresponde a aproximadamente 55,27% do total de
aproveitamento. No bastasse a procura ser menor do que oferta (ver
grfi-co), a UDESSM enfrenta outro problema: o progressivo
trancamento e abandono de curso.
Inajara Mello, acadmica do curso su-perior de Tecnologia em
Gesto Ambiental e membro do Diretrio Central dos Estu-dantes (DCE)
da UFSM, conta que muitas pessoas abandonaram ou trancaram a vaga
por que o custo para se manter estudando na UDESSM alto. Alguns
colegas meus no cursam todas as disciplinas porque no tm dinheiro
para ir e voltar todos os dias. Alm de ser caro, so poucos horrios
de nibus, ento fica difcil ir todos os dias,
detalha a estudante.Para chegar a tempo da aula do per-
odo da manh, que comea s 7h45, um estudante da UDESSM que mora
em San-ta Maria e utiliza o nibus intermunicipal como meio de
transporte precisa sair da cidade s 6h35. Ele gasta R$ 4,25 com a
passagem. Da parada de nibus da Aveni-da Rio Branco, em Santa
Maria, at Silveira Martins, a distncia de 25 quilmetros. A
discrepncia que existem algumas linhas internas em Santa Maria que
percorrem ex-tenses semelhantes. Da Cohab Tancredo Neves ao campus
de Camobi, por exemplo, a distncia de 17 quilmetros. A diferen-a
que um aluno da UFSM que reside na Tancredo paga, de ida e volta R$
2,00 por dia enquanto um estudante da UDESSM gasta R$ 8,50.
Segundo dados do Departamento de Registro e Controle Acadmico da
UFSM (Derca), 18 alunos trancaram a matrcula e 23 abandonaram o
curso que freqen-tavam, desde a criao da Unidade. Boa parte dos
alunos ingressou na Instituio como segunda opo de curso, um sistema
que permite que aqueles que no obtive-ram pontuao suficiente para
ingressar no curso desejado ocupem vagas remanes-centes na UFSM ou
em um de seus plos,
como o caso de Silveira Martins.Devido ao grande nmero de
vagas
ociosas e aos ndices de desistncia e tran-camento, a UDESSM
ficar de fora do Ves-tibular de Vero 2011, que ser realizado na
UFSM e em seus respectivos plos. Du-rante o ano que vem, a
Instituio passar por uma reforma curricular na tentativa de sanar
alguns problemas. Vamos replanejar a Unidade atravs de uma comisso
de 11 pessoas. Montamos essa comisso para fa-zer um rearranjo
pedaggico e nisto vamos colocar uma nova idia de cursos, explica o
diretor da Unidade.
De acordo com uma das coordenado-ras do projeto de criao da
UDESSM, professora Maril Marin, existe uma pre-ocupao por parte da
Reitoria da UFSM com a baixa procura pelos cursos ofereci-dos em
Silveira Martins, que justifica a ne-cessidade de revisar o plano
pedaggico da Unidade. Outro problema encontrado pela professora o
fato dos cursos serem para formao de tecnlogos ao invs de
bacha-ris. A atual gesto da UDESSM tem um compromisso de, frente a
um prazo maior que foi dado pela Reitoria, elaborar um novo
vestibular. O que se prope que a Unidade oferea a possibilidade de
bacha-relado.
Muitas vagas para pouca procura
Foto
: Gre
grio
Mas
care
nhas
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.txt Outubro de 2010 15
.txt
Projetava-se, dentro do programa de expanso das universidades
pblicas no Brasil, o Reuni, criar uma unidade que contemplasse as
necessidades de cres-cimento no s da Quarta Colnia, mas tambm de
todos os municpios da Regio Central do Rio Grande do Sul os quais
se assemelham pelos baixos ndices de de-senvolvimento
scio-econmico.
A criao da Unidade de Silveira Mar-tins tinha por propsito abrir
um novo espao de ao da UFSM, voltado s ne-cessidades particulares
de seu local de atu-ao. Foram criados, ento, cursos de Edu-cao
Profissional de Nvel Tecnolgico que considerassem as
potencialidades da regio: o turismo, a produo agrcola e a manuteno
dos recursos ambientais.
Se a Unidade foi instalada no ncleo de uma regio carente de
acesso educao, por que, ento, enfrenta o impedimento central, que a
falta de procura por suas vagas? Conforme o vice-reitor Dalvan Jos
Reinert, a justificativa na poca da cria-o era que a Unidade teria
um projeto pe-daggico diferenciado e que atenderia aos arranjos
produtivos locais e regionais. E o que est demorando a
acontecer.
Para o diretor da UDESSM, Jos Car-doso Sobrinho, os problemas
enfrentados so normais, pois uma implantao uma
ascenso. A UFSM levou 50 anos para es-tar como hoje, a UDESSM
tem pouco mais de um ano. So necessrios mais trs anos, no mnimo,
para a implantao co-mear a surtir efeito.
J a professora Maril Marin acredita que a Universidade no faz
uma divul-gao ampla de seus cursos. E essa uma postura que, frente
ao processo de expan-so, a Universidade ter que assumir. O governo
nos cobra nmero maior de alu-nos por professor e tambm carga horria
maior do professor. Esse um problema do contexto do quadro gerado
pela expan-so, que positiva. Mas ns precisamos aprender a lidar com
essa nova realidade.
Ao final desse retrato da UDESSM, o que se constata que
priorizou-se o au-mento dos ndices de acesso ao ensino superior.
Entretanto, no houve demanda suficiente para preencher o total das
vagas ofertadas, segundo dados do Derca. Um dos motivos a falta de
condies neces-srias para manuteno e permanncia dos estudantes nas
instituies pblicas recm criadas, j que no h alojamento, um
restaurante universitrio ou bolsas au-xlio carncia. A transposio de
etapas na expanso do ensino superior federal obri-ga, hoje, a
UDESSM a mudar na tentativa de manter-se viva. .txt
Retrato de uma implantao
estado atual das vagas da UdeSSM
Fotos: Anelise Mascarenhas
-
de dentro para foraFo
to: D
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ga
oFoto: G
uilherme Porto
.txt Outubro de 201016
Extenso da Almaa msica que saiu da UFSM e ganhou os palcos do
mundo
Guilherme Porto e Yuri Medeiros
A principal funo de uma universi-dade pblica atender s deman-das
da sociedade a qual pertence. Porm, sua contribuio no se restringe
s inovaes cientficas. Por vezes ela acon-tece de uma forma um tanto
mais subjeti-va, como acontece no curso de Msica da UFSM.
A trajetria de alguns msicos que aqui passaram deixa evidente a
influncia da academia na vida cotidiana, e como o sen-timento
liberado por uma criao artstica pode fazer a diferena para
todos.
Luiz Carlos Borges nasceu em 1953, em So Lus Gonzaga, onde
cresceu tanto com a famlia quanto com a msica. Desde quando tinha
tamanho suficiente, j passa-va o tempo com a gaita e o violo no
colo. Em janeiro de 1976, tomou a deciso que, como ele mesmo
ressalta, mudou seu con-ceito sobre msica: veio para Santa Maria,
passou no vestibular e daqui saiu um dos maiores acordeonistas do
Brasil.
Conhecido na msica popular desde tempos, ele reitera a
importncia que a passagem pela UFSM teve em sua evoluo musical. O
convvio com gente da mais alta qualidade na arte me fez entender
melhor o
que era ser msico; antes eu era apenas ber-o, apenas inspirao,
ressalta. Somando a inspirao nata e o embasamento terico, Borges
fez seu passaporte para ganhar o mundo e hoje carrega em suas
credenciais parcerias com cones da msica mundial do quilate de
Dominguinhos, Ral Barbosa, Antonito Tarrag Ros e Mercedes Sosa.
Na poca que Luiz Carlos Borges in-gressou no curso de msica, a
vertente po-pular no tinha espao no campo terico da academia. Tanto
Borges quanto a UFSM mudaram a partir de ento: O que no era
permitido eu fiz: tocar nos corredores, to-car no RU [Restaurante
Universitrio]. Eu sempre busquei liberdade pra tentar coisas novas.
A nica ponderao de Borges que o curso preparava o aluno
conceitualmente, enquanto as vertentes menos eruditas eram deixadas
de lado.
Mas no s pela msica regional que a cultura desenvolvida na UFSM
chega s pessoas. Influenciado pela msica popular e pelo jazz, desde
os acordes clssicos en-saiados nos corredores do Centro de Artes e
Letras (CAL), o msico Gustavo Assis Brasil vem rompendo fronteiras
com sua guitarra.
Cria de Santa Maria, Gustavo j dava aulas de violo desde os 14
anos de idade. A deciso de estudar msica na UFSM quase foi
atrapalhada, no momento do vestibular, por uma idia de seguir a
carreia de dentis-ta. Para o bem da msica mundial, ele fez a
escolha certa.
Hoje, Gustavo leciona na Cambridge School of Weston, nos Estados
Unidos, e acumula inmeras parcerias com virtuosos msicos do jazz, o
que refora seu respal-do em terras estrangeiras. Trilhas sonoras de
filmes e clnicas de guitarra por toda a Amrica incrementam seu
currculo. De quebra, ele tem dois livros de teoria musi-cal,
editados em mais de 20 pases. Mesmo com todo esse destaque, o msico
ressalta com humildade que o aprendizado e a vi-vncia que teve na
UFSM, durante os anos 90, ainda se refletem na sua produo.
Ao contrrio das cincias exatas, o de-senvolvimento acadmico das
Belas Artes se revela atravs do contato humano e das expresses que
embalam alma. Fazendo-se valer das sete notas musicais, os msicos
formados na UFSM preocupam-se em le-var cultura e teoria musical de
Santa Maria mundo afora. .txt
A qualidade do ensino da UFSM excepcional. Qualquer estudante,
vindo de todas as partes do mun-do, chega em Santa Maria e pode ter
um estudo de primeira linha.Gustavo Assis Brasil
"Na universidade, vo se abrindo caminhos e luzes que sozinho eu
no teria
nem como tomar iniciativa."Luiz Carlos Borges
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de fora para dentro .txt
17.txt Outubro de 2010
Mudanas sempre foram comuns na vida da famlia Silva Costa. O
trabalho de Daniel Silva Costa, 36 anos, sargento da Base Area de
Santa Maria, fez com que morassem em diferen-tes lugares do pas.
Foi em uma dessas mu-danas, em 2008, que Arthur, o filho mais novo
do casal Daniel e Ana Paula Silva Costa, 30, comeou a evidenciar
compor-tamentos totalmente inesperados. Crises de choro, apego
inadequado a objetos e uma forte tendncia ao isolamento passa-ram a
fazer parte do dia a dia de Arthur, ento com dois anos.
Diante dessas atitudes do menino, a famlia voltou para sua
cidade de origem, Santa Maria, para procurar ajuda mdica
especializada e ficar prxima dos demais familiares. Eles j
desconfiavam do diag-nstico. E a confirmao veio em junho de 2008.
Arthur tem Autismo e o desafio, en-to, era descobrir como lidar com
isso. O Autismo um transtorno global do desen-volvimento e ainda no
tem cura. uma patologia caracterizada pelo comprometi-mento grave
em diversas reas do desen-volvimento humano, como a comunicao, a
socializao e a imaginao.
O sentimento que prevaleceu na famlia Silva Costa foi o empenho
em buscar trata-mentos que pudessem oferecer ao menino uma
possibilidade de melhora. A famlia saiu em busca de mais informaes
sobre o autismo e, durante sua pesquisa, conheceu um tratamento
alternativo do distrbio: o programa Son-rise. Depois de participar
de workshops sobre o assunto e conhecer as possibilidades de
melhoras experenciadas pelas outras famlias participantes, o casal
tomou uma importante deciso: a implan-tao do programa Son-rise
dentro de sua casa.
O Son-rise consiste em um programa familiar baseado em metas que
buscam es-timular as capacidades da criana atravs do ldico, sem o
uso de medicao. Uma
profissional, chamada de facilitadora, apli-ca o mtodo num
playroom. Esse espao um quarto branco ou de cores neutras, com
equipamentos especficos para a realizao das atividades, como
brinquedos, espelho, prateleiras e um piso especial para evitar
fortes impactos.
No ano passado, Daniel inscreveu-se no vestibular para o Curso
de Educao Especial da UFSM, com o objetivo de aprender um pouco
mais sobre a situao que enfrentava e buscar apoio para o pro-grama
que j desenvolvia dentro de casa. Foi ento que conheceu o professor
dou-tor, Carlos Schimidt, especialista em Autis-mo. Juntos viram a
possibilidade de utilizar a experincia do tratamento de Arthur para
trabalhar o Autismo dentro do Centro de Educao (CE) e, com isso,
estender os be-nefcios do tratamento a outras famlias.
Este ano, o programa Son-rise transfor-mou-se em um projeto
vinculado Univer-sidade. Desde maro, todas as manhs, uma
facilitadora, aluna do Curso de Educao Especial, desenvolve
atividades com Arthur
n o p l a y r o o m
enquanto tudo monitorado pelos pais atra-
vs de cmeras. As imagens servem, ao mesmo tempo, para o
treinamento das alunas de Educao Especial, para o con-trole dos
progressos de Arthur e para o embasamento terico da pesquisa
acad-mica.
O PRESEENTE DE ARTHUR - Ar-thur hoje tem quatro anos. Desde que
iniciou o tratamento com o Son-rise, ele vem apresentando melhoras
significati-vas. Cada pequeno progresso , ento, comemorado com
muito entusiasmo por seus pais e por sua irm Caroline, 11 anos.
Eles sabem que cada evoluo do menino representa uma grande vitria
para toda a famlia. Mais do que isso, representa uma esperana para
as outras famlias e crian-as que enfrentam a mesma situao de
Arthur. .txt
Estimular para desenvolverCamila Marchesan, Fernanda Arispe e
Julia do Carmo
Em parceria com a UFSM, famlia faz tratamento alternativo para
Autismo
Famlia de arthur comemora avanos no tratamento do autismo
Foto: Arquivo Pessoal
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categorias .txt
18 .txt Outubro de 2010
Foto
: Jul
ia d
o Ca
rmo
Soldati, 47, que integram a equipe dos vi-gilantes terceirizados
h cerca de um ano, no tm toda a experincia de Moreira, mas tm em
comum um perceptvel senti-mento de responsabilidade pela
integrida-de e segurana dos estudantes.
Dos quase 200 profissionais respons-veis por zelar pelos
estudantes em todos os campi da UFSM apenas quatro so mu-
lheres. Maria, que uma delas, trabalhou durante um ano na recepo
do Centro de Cincias Naturais e Exatas (CCNE) at re-ceber a
oportunidade de fazer parte desta seleta equipe. E diz adorar seu
trabalho. O sonho de ser policial foi levado pelo passar dos anos e
a vontade de policiar transfor-mou-se na misso que cumpre agora com
prazer: primar pela qualidade de vida dos estudantes que enfrentam
os desafios da academia e da distncia de suas casas e famlias.
Maria e Valente trabalham, atualmen-te, no posto de vigilncia
criado na Casa do Estudante, a CEU II, e dizem que o trabalho exige
pacincia e boa vontade. Pacincia para lidar com as dificuldades que
os jovens recm-sados de suas casas tm em aceitar que mesmo longe de
seus pais existem regras, e mais ainda: algum sempre vai os vigiar
para que essas regras sejam cumpridas. Boa vontade para enten-der
que muitas das discrdias entre segu-ranas e alunos so fruto de uma
rebeldia tpica dos jovens. Mas que muitas delas vm, sim, questionar
um sistema viciado que impe regras desconsiderando, mui-tas vezes,
as necessidades e as caractersti-cas de cada gerao de alunos.
Ao dizer sabemos que nosso traba-lho importante e tambm que sem
os estudantes a Universidade no existiria, Moreira demonstrou a
conscincia que os vigilantes tm de que seu trabalho fun-damental
para a manuteno da ordem e que sem funcionrios, visitantes ou
alunos a UFSM no existiria.
Alm disso, independentemente das dificuldades encontradas para
realizar suas funes a paixo pela profisso e a seriedade com que os
vigilantes tratam seu trabalho salta aos olhos de quem deles
necessita..txt
Em meados dos anos 70, o convi-te para entrar em um opala preto
assustava qualquer pessoa. Se ele fosse dirigido a um jornalista
por um fun-cionrio do governo ento, significava que o passeio no
deveria ser nada agradvel. Mas foi nessa situao que Romeu Lemes
Osrio (foto), chefe do setor de vigilncia da Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM) levou nossa equipe at Renato Moreira, 44
anos, 17 deles trabalhados como vigilante concursado da UFSM. Em
seu posto de trabalho, na entrada da zona rural da Universidade,
Moreira, como chamado pelos colegas, contou sua roti-na de trabalho
e os desafios daqueles que optam por ter como objetivo profissional
o zelo pelos dois grandes patrimnios da UFSM: o espao fsico e os
estudantes.
Na Universidade, cerca de 200 pessoas compem a equipe responsvel
pela segu-rana dos alunos e do patrimnio. Menos de um quarto desta
equipe composta por funcionrios concursados, pois cerca de 150 so
contratados por uma empresa ter-ceirizada. Moreira que j passou por
todos os postos de vigilncia existentes na Uni-versidade cumpria
suas 12 horas dirias de trabalho no tranqilo posto da horta no dia
em que o entrevistamos.
J verton Valente, 31 anos, e Maria
O dia-a-dia dos profissionais que prezam pela ordem e segurana
no campus
Vida de vigia
Camila Marchesan, Fernanda Arispe e Julia do Carmo
Cerca de 200 pessoas compem a equipe responsvel
pela segurana dos alunos e do
patrimnio
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.txt Outubro de 2010 19
o arco da velha
Camila MarchesanFernanda ArispeJulia do Carmo
Dando continuidade seo em homenagem aos 50 anos da Universidade,
o arco da velha desta edio traz fotos histricas do Colgio
Politcnico da UFSM.
Incio da dcada de 1970
rea Nova da Universidade Federal de Santa Maria. A rea
Nova localiza-se na poro oeste do campus e dividida entre o
Curso de Zootecnia e o Colgio Politcnico da UFSM. A rea
utilizada para criao de animais, pastagens e plantaes.
Meados da dcada de 1980
Aula prtica de Silvicultura. Setor de Silvicultura do Colgio
Politcnico da UFSM. A disciplina faz parte do currculo do
curso
tcnico em Agropecuria, criado em 1963.
Incio da dcada de 1970
rea Nova da UFSM. Aula prtica de Topografia, do curso tcnico em
Agropecuria. Na poca da foto, o Colgio Politcnico chamava-se Escola
Agrotcnica e s oferecia o curso de Agropecuria. Os outros cursos
surgiram na dcada de 1990.
Fotos: Arquivo histrico do Colgio Politcnico
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20 .txt Outubro de 2010
culturaParceiros de lida
DTG Noel Guarany aproxima o tradicionalismo gacho da rotina
universitria
Gabriela Moraes e Janine Appel
Para a UFSM, o DTG Noel Guarany um projeto de extenso do Centro
de Cincias Rurais (CCR), mas, para o Movimento Tradicionalista
Gacho (MTG), uma entidade estudantil plena. J para quem participa
do grupo, ele muito mais que o espao ocupado numa das salas do CCR:
o resultado do esforo coletivo para fazer com que conhecimento e
tradio gacha dem as mos.
No incio, era para ser um lugar onde a gurizada das Cincias
Rurais pudesse matar a saudade da vida na cidade pequena de onde
tantos tinham sado para vir estudar na Universidade Federal de
Santa Maria. Era para ser um lugarzito no campus acadmico que
tivesse jeito de campo gacho, onde os guris pudessem se arranchar
entre uma aula e outra e tomar uns mates, contar uns causos, tocar
um violo e cantar umas modas missioneiras. Era para ser um
pouquinho do CTG que ficara num pago distante desta querncia
adotiva, onde muitos tinham aprendido desde cedo a amar a tradio do
Rio Grande. Em 2005, era para ser um DTG pequenininho, coisa pouca,
como diria o gacho. Em 2010, o Noel Guarany o DTG da UFSM. o
tradicionalismo gacho consolidando seu espao no universo formal da
universidade. a academia participando da mesma roda de mate que a
comunidade tradicionalista muito alm dos limites do arco. E isso no
pouca coisa.
Desde seu nascimento at hoje, vspera de completar o quinto
aniversrio em novembro, o departamento ainda no possui sede prpria
que lembre uma estncia de campanha ou se compare s estruturas
fsicas dos CTGs freqentados nos tempos de pi. A gurizada, volta e
meia, se rene numa sala perto da biblioteca do CCR. Por l se
encontra o mate, smbolo da hospitalidade gacha, desde a porta. que
o smbolo no Noel, esculpido em madeira e pendurado na porta, o
desenho de um livro aberto que faz o contorno do topete do
chimarro. Alis, ele representa muito bem o significado da presena
de um DTG no ambiente estudantil, como sugere o lema da entidade:
Conhecimento e Tradio unidos pelo mesmo ideal.
Foto
: Gab
riela
Mor
aes
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21.txt Outubro de 2010
.txtFoto: D
ivulgao
Conhecimento e tradio
Te aprochega,vivente!
Conhea mais sobrea tradio gacha!
MTG: federao das entidades tradicionalistas do Rio Grande do
Sul. Possui mais de 1500 filiados, entre CTGs, DTGs e afins.
Centro de Tradies Gachas (CTG): entidade tradicionalista por
excelncia cujo objetivo preservar a tradio gacha.
Departamento de Tradies Gachas (DTG): entidade tradicionalista
vinculada a outras instituies como escolas, clubes ou
universidades.
Regio Tradicionalista (RT): rgo do MTG que rene entidades e
municpios geograficamente prximos. O Rio Grande do Sul est dividido
em 30 RTs. Santa Maria pertence 13 RT.
Encontro de Arte e Tradio Gacha (ENART): festival amador
promovido pelo MTG. So 23 modalidades artsticas disputadas em
classificatrias regionais e interregionais at a etapa final.
Como a entidade tradicionalista uma estncia simblica, a
nomenclatura dos cargos da diretoria, chamada de Patronagem,
inspirada na linguagem campeira.
Patro: equivale ao Presidente do clube.
Capataz: equivale ao vice-presidente.
Causos: relatos fantasiosos que exploram aspectos do cotidiano
gacho.
Pago: terra-natal.
Querncia: lugar onde se mora.
Topete: elevao de erva-mate que repousa sobre uma lateral da
cuia.
DTG Noel Guarany classificado para a fase final do ENART
2010
Fomos busca dos integrantes do DTG em plena Semana Farroupilha.
Chegamos ao prdio 44, onde fica a tal salinha, e encontramos apenas
uma moa, que embora no estivesse usando vestido de rendas e flor no
cabelo, era uma das prendas do Noel.
Perguntamos pelos responsveis e a resposta revelou como
funcionavam as coisas por ali: estavam todos trabalhando muito,
patronagem e grupo de danas, pois tinham que preparar o almoo
campeiro servido no Centro de Eventos no outro dia.
Ainda havia os demais compromissos assumidos para a semana, como
palestras culturais e apresentaes artsticas em escolas da cidade.
Somava-se agenda a guarda da Chama Crioula na Casa do Gacho, sede
da 13 Regio Tradicionalista do MTG, qual o DTG filiado. Alm, claro,
do desfile do dia 20, em que eles tinham de fazer bonito, pois ano
passado foram um dos premiados. Tudo isso acontecia entre as
atividades de mais uma semana normal no calendrio universitrio.
Conversamos com a patronagem do DTG, composta apenas de
estudantes, durante o almoo do dia 17 de setembro. Enquanto o
patro, auxiliado por um grupo de prendas, trabalhava no preparo do
arroz-de-carreteiro, prato tpico da culinria gacha, estendeu-se a
nossa prosa com o seu brao direito. Segundo Tain Valenzuela,
acadmica de Histria e capataz do departamento, a entidade uma
alternativa mais barata e vivel em termos de tempo e deslocamento
em Santa Maria,
sobretudo porque no fcil conciliar compromissos acadmicos com
atividades tradicionalistas. Por isso, o DTG precisa da colaborao
de muitos para funcionar: As mos que assinam as atas so as mesmas
que preparam o almoo e servem, afirma orgulhosa a estudante que
conheceu o Noel por meio de um panfleto entregue durante a
confirmao da vaga e que ajuda a tomar as rdeas da entidade.
O grupo de trabalho composto por, no mximo, 30 pessoas. Elas
desenvolvem projetos culturais em escolas, alm de atividades
campeiras e artsticas. Sobre essas, alis, a expectativa grande: o
grupo de Danas Tradicionais foi classificado para a final do ENART
2010. O evento, promovido pelo MTG, a mais importante vitrine da
arte amadora tradicionalista no Rio Grande do Sul. O DTG tambm est
participando com declamadores, cantores e bailarinos de danas de
salo.
Em pouco tempo, o DTG que era inicialmente desacreditado por ser
uma entidade gerida por estudantes to jovens, conquistou o respeito
da comunidade da UFSM e a admirao dos tradicionalistas por a afora.
O que essa eles tm feito para merecer cada vez mais espao e
reconhecimento? A frase que eles postaram na pgina do DTG no Orkut
onde tambm fincaram bandeira responde: A diferena que a gente sonha
e luta. SEMPRE. O valor do trabalho em equipe, eles provavelmente
aprenderam desde pis, como manda a tradio. E agora reforam a lio
com o conhecimento adquirido na sede do saber, onde o
tradicionalismo tambm faz morada pelas suas mos. .txt
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.txt Outubro de 201022
culturaFo
tos:
Div
ulga
o
Cau maquia-se no banheiro. Juliet passa o texto. Aline
concentra-se. Luiza tenta relaxar. Deivid est atrasado. Felipe
confere os ltimos deta-lhes. Giro, Dilma, Clia, Leninha e Oswal-do
preparam-se para entrar em cena.
Sambas antigos embalavam aquelas trs moas que desfilavam bomias
entre as mesas do Bar Macondo Lugar naque-la noite. Com um cigarro
na mo e cheias de ms intenes, o trio aproveitava-se do colo dos
cavalheiros e causava burburinho entre as mulheres. De longe, um
homem de sobrancelhas arqueadas e olhar atento as observava,
juntamente com seu capanga. O ar comeava a ficar denso. O Abajur
Lils entrava em cena.
Trs prostitutas - Dilma, Clia e Le-ninha so submetidas opresso,
hu-milhao e tortura do homossexual Giro, o inescrupuloso e
explorador dono do prostbulo, e de seu violento e enigmtico
servial, Oswaldo. a vida valendo menos que um abajur lils. O Abajur
Lils, apesar de ter sido escrita h mais de 40 anos pelo dramaturgo
Plnio Marcos, uma pea impressionantemente atual. Alis, foi esse
espetculo que deu forma ao grupo Teatro Por Que No? e garantiu que
ele ganhasse os palcos.
Entrelaando interesses, conversas, tra-balhos e experincias,
Aline Ribeiro, Andr Galara, Cau Kubaski, Deivid Gomes, Fe-lipe
Martinez, Juliet Castaldello, Luiza de Rossi e Rafaela Costa, todos
acadmicos do Curso de Artes Cnicas da Universida-de Federal de
Santa Maria (UFSM), uni-ram-se para comungar com o pblico um
sentimento comum: a paixo pelo teatro.
O Teatro Por Que No? formou-se nos corredores do Centro de Artes
e Letras (CAL) da UFSM, ganhou corpo no incio desse ano e conquista
cada vez mais espao na cena cultural santa-mariense. Quan-do o
grupo se formou, eu vi que era mui-to slido o trabalho. Trabalhamos
muito duro pelo que queremos. Somos um grupo unido, porque um grupo
de uma pessoa s no um grupo, conta Andr Galara. A unio entre os
integrantes, combinada com o profissionalismo, fez com que o grupo
de jovens artistas alasse vos mais altos e colhesse os frutos de
sua incansvel dedi-cao ao teatro.
Mesmo assim, o caminho para manter um grupo de teatro
independente no fcil. Foi preciso suar muito a camiseta e correr
atrs das oportunidades. Junto com outros grupos de teatro
independente de Santa Maria e com o Macondo Coletivo,
Teatro, por que no?
A cena cultural independente de Santa Maria ganha vida atravs do
sonho de oito jovens estudantes da UFSM
Kamila Baidek e Marlon Dias
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.txt Outubro de 2010 23
formaram o Palco Fora do Eixo, uma ini-ciativa que promove,
incentiva e difunde a cultura teatral em mbito nacional. Gra-as a
essas parcerias, o grupo conseguiu fazer apresentaes em locais
alternativos da cidade, como na Praa Saldanha Mari-nho, na Gare da
Estao Frrea e nos ba-res So Francisco e Macondo Lugar. Outra
iniciativa foi participar do Teatro Fora do Eixo, projeto orientado
pelo professor e coordenador do Curso de Artes Cnicas da UFSM,
Pablo Canalles, com o intuito de levar os espetculos produzidos
dentro da sala de aula para outros espaos, a fim de que eles no
ficassem restritos apenas ao Caixa Preta. As cortinas j estavam se
abrindo.
Em maro, a trupe fez sua primeira en-cenao fora de palcos
santa-marienses. Em Vale do Sol, o grupo participou de 27 horas
ininterruptas de teatro e apresentou as peas Fim de Partida e O
Abajur Lils. No incio de julho, fizeram as malas e par-tiram para
Rosrio do Sul, onde apresen-taram O Abajur Lils na Sesso Maldita do
Rosrio em Cena. No dia seguinte, j es-tavam na estrada rumo ao
estado de Santa Catarina. L, participaram do 23 Festival
Internacional de Teatro Universitrio de Blumenau com a mesma pea
que foi su-cesso de crtica. Na bagagem, vieram dois prmios: melhor
atriz para Aline Ribeiro e melhor direo para Felipe Martinez. Mas,
mais do que os dois prmios, o intercm-bio com os outros grupos e a
experincia adquirida amadureceu e fortaleceu o grupo para galgar
passos mais largos. Em outubro,
o Teatro Por Que No? mostrar toda sua competncia em terras
paulistas com uma temporada de sete dias de apresentaes pelo
projeto VEM (Valor, tica e Moral), no Teatro Paulo Autran da
Faculdade talo-Brasileira.
So grupos de teatro universitrio como esse que fazem com que se
enxergue o teatro de outra forma. Eles mostram que no basta apenas
assistir a um espetculo. preciso senti-lo. Sentir com todos os
poros. Identificar-se. Ser um pouco Dilma, Clia
e Leninha e ter uma vida que vale menos que um abajur lils.
preciso viver cada pea, sorvendo cada mnimo detalhe quase
imperceptvel. urgente valorizar o traba-lho desses meros mortais
que transbordam arte e reconhecer que sem cultura no exis-te
progresso. necessrio enxergar os ta-lentos pelos corredores das
nossas univer-sidades, em nossas cidades, em nosso pas. Vamos abrir
as cortinas para grupos de te-atro universitrio. hora de se
perguntar: teatro, por que no? .txt
Foto: Lucas BaischFoto: G
abriela Moraes
-
.txt Outubro de 201024
Foto
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Rep
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perfil .txt
O sorriso insiste em aparecer. Sol-to e cativante, tenta
concorrer com as piscadas rpidas e ritma-das dos olhos que brilham.
To brilhantes como a ideia que motivou mudanas sig-nificativas na
vida de um menino de So Pedro do Sul. As dificuldades que viriam e
no seriam poucas foram motivaes para seguir em frente e alcanar, um
por um, os sonhos. Estudar e alcanar o ensi-no superior eram os
objetivos iniciais do jovem que deixou sua cidade e a casa de seus
pais para tentar mudar seu destino. Na insistncia, conseguiu no s
graduar-se como tambm retornar Universidade Fe-deral de Santa Maria
como docente. Mas esse o final desta histria...
O ano era 1973, e Jorge Abel Flores, hoje professor do curso de
Odontologia da UFSM, aprovado em Engenharia Flores-tal. Contudo,
com um ano de curso, ele viu seus planos como engenheiro tombarem
como rvores. No era aquele o curso de-sejado, no era assim que ele
queria ver-se no futuro. Ento, em 1974, fez novamen-te o
vestibular, e a aprovao veio. Jorge Abel tornou-se o mais novo
acadmico de Odontologia da UFSM. Quando passei para a Odonto, meu
pai ficou apavorado, pois havia um parente nosso que havia
co-mentado que o curso era muito caro, mas eu sempre respondia que
daria um jeito, relembra Flores.
Foram vrias as maneiras para con-tornar os elevados custos dos
materiais, a falta de dinheiro e outras dificuldades que surgiam.
Para participar das aulas prticas, ele conseguia os instrumentos
empresta-dos com um colega. Eu passava na casa do meu colega,
pegava o instrumental, vinha para a Universidade, usava e
esterilizava tudo, devolvia e ento ia para casa, conta
Jorge Abel. A casa citada era de seu tio, que morava prximo ao
Km 2, zona norte de Santa Maria. De l, ele ia para o campus e
retornava sempre para almoar, pois no tinha como pagar o almoo no
Restauran-te Universitrio (RU). Das festas da turma, Jorge Abel
nunca deixou de participar. Ele era responsvel por reunir todo o
dinhei-ro e, por isso, a turma rateava a parte dele. At no lbum de
formatura eu apareo co-brando do pessoal, lembra contando que
apenas conseguiu comprar o lbum aps um ano de formado.
Com a formatura, em 1978, veio o de-safio da colocao
profissional. Durante a graduao, conta que um professor sempre
prometia ajud-lo. E assim o fez. Um irmo desse professor era
dentista no Paran e precisava de ajuda. Jorge Abel foi para l.
Iniciou como funcionrio e conquistou aos poucos seu espao. Atravs
de um financia-mento, comprou seu primeiro consultrio e instalou-se
na cidade. Casou, teve filhos, mas acalentava um novo sonho: ser
profes-sor universitrio.
Aps dez anos da graduao, Jorge Abel entra na ps-graduao da
Univer-sidade Federal de Pelotas (UFPel) e vive nos primeiros meses
com as parcelas do consultrio vendido no Paran. Depois, veio a
aprovao para docente na UFPel, e no incio da dcada de 1990, a
aprovao em Santa Maria. Aps um ano de docncia na UFSM, veio o
Doutorado, na Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul
(PUC-RS). O orgulho mistura-se com a humildade caracterstica de
Jorge Abel. Para ele, ter superado todos os obstculos que surgiram
em sua formao acadmica parece, s vezes, um sonho. Eu sou
apai-xonado pelo que eu fao, dou aula por vo-cao e adoro estar com
os alunos, afirma. Aquele jovem que ousou sonhar grande, chegou alm
de suas maiores expectativas. Coordenou o curso de Odontologia por
cinco anos, e hoje professor na rea que escolheu desde o segundo
ano de curso a Cirurgia Bucomaxilofacial.
O sonho, quase teimosia, quebrou a regra que o pai costumava
acreditar. No me envergonho em dizer que meu pai fa-lava que filho
de pobre no precisava es-tudar, e eu dizia que iria fazer
faculdade, mesmo que morasse embaixo da ponte, finaliza. .txt
Exceo regra
Manuela Ilha e Nadia Garlet