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  • .txt Ano III - Nmero 11 Outubro de 2010Mudanas vistaPlo de Silveira Martins precisa de reestruturao ao completar 500 dias

    pgina 12

    Problemas de resgate hospitalar na UFSM

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    Como renovadoo acervo da Biblioteca

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    Cultura e tradio unem os universitrios

    pgina 20

  • Revista Laboratrio do 4 semestre de Jornalismo da UFSM

    Edio: Viviane BorelliSub-edio: Kamila BaidekDiagramao: Anelise Dias, Gabriela Moraes, Guilherme Porto, Luiz Valrio Seles, Manuela Ilha e Mathias RodriguesCoordenao de diagramao: Maiara Alvarez (8 sem.)Reviso: Brbara Barbosa, Camila Marchesan, Fernanda Arispe, Gabriel Bortulini, Gregrio Mascarenhas, Greice Marin, Janine Appel, Julia do Carmo, Olvia Scarpari e Renata Mller. Colaborao: Paula Ptter (8 sem.)Fotografia: Gabriela Moraes, Iuri Mller, Maurcio Brum e Yuri Medeiros Divulgao: Dbora Dalla Pozza e Eduarda ToscaniEdio online: Giuliana Matiuzzi, Marlon Dias e Nadia GarletCapa: Maiara AlvarezFoto da capa: Iuri MllerProfessora responsvel: Viviane Borelli Mtb/RS 8992Endereo: Campus da UFSM, prdio 21, sala 5234Telefone: (55) 3220 8487Impresso: Imprensa UniversitriaData de fechamento: 01 de outubro de 2010Tiragem: 500 exemplares

    www.ufsm.br/revistatxttxt.revista@gmail.com

    sumrio

    .txt Outubro de 20102

    expediente

    Produtos UNI retornam ao mercado da regio

    UFSM vai ter ciclovia em 2011

    Msicos da UFSM alm-fronteiras

    Son-rise: qualidade de vida para autistas

    Problemas da UDESSM aps a implantao

    Teatro independente em Santa Maria

    Aquisio de livros pela Biblioteca Central

    20 cultura

    22 cultura

    Estratgias para alcanar um sonho24 perfil

    8 geral

    6 geral

    17 de fora para dentro

    16 de dentro para fora

    18 categorias

    11 paralelo

    4 entrevista

    10 geral

    Questes de Educao Fsica no Vestibular?

    Recordaes do Colgio Politcnico

    Atendimento pr-hospitalar no campus

    19 o arco da velha

    Rotina dos vigilantes da UFSM

    LULA INAUGURA OBRAS NA UFSMPrimeiro presidente democraticamente elei-

    to a pisar na UFSM, Luiz Incio Lula da Silva, esteve na instituio no dia 3 de setembro para inaugurar obras do REUNI os campi da Uni-versidade em Frederico Westphalen, Palmeira das Misses e Silveira Martins. Outras inaugu-raes ocorreram simultaneamente na UFRGS, Unipampa e FURG.

    No Largo do Planetrio, a estrutura mon-tada especialmente para o evento recebeu cerca de trs mil pessoas em uma sexta-feira que amanheceu chuvosa. Com Lula, estiveram presentes o prefeito municipal Cezar Schirmer, o ministro da Educao Fernando Haddad, e o ex-ministro das Cidades e ex-governador do Rio Grande do Sul Olvio Dutra (foto ao lado).

    O presidente permaneceu na UFSM por pouco mais de duas horas, tempo necessrio para que autoridades das quatro instituies que participavam da cerimnia se comunicas-sem por teleconferncia. O ato foi aberto com fala do prefeito Schirmer. Tambm discursa-ram o Reitor da UFSM, Felipe Mller, o repre-sentante do Diretrio Central dos Estudantes (DCE), o aluno Pedro Silveira, o ministro Haddad e, por fim, o presidente Lula.

    NovidadeS Na Jai A 25 Jornada Acadmica Integrada da

    UFSM, a JAI, acontece de 9 a 12 de novem-bro e refora a unio entre ensino, pesquisa e extenso na Universidade. Paralelamente JAI, ocorrem o Festival de Cultura e Folclo-re da UFSM e o 1 Congresso Internacional de Cincias pela Vida, com o tema Huma-nizao e Inovao.

    A inscrio para alunos ouvintes na jornada vai at dia 16 de outubro, ao custo de R$ 5,00. A JAI 2010 visa trocar conheci-mentos e experincias entre alunos e profes-sores, divulgar novas metodologias, discutir temas atuais e congregar os docentes e discentes da UFSM e de outras instituies do pas. Mais informaes da JAI podem ser encontradas em www.ufsm.br/jai.

    Conhecimento e tradio unidos por um ideal

    12 capa

  • Nos seus 50 anos de existncia, a UFSM marcou sua trajetria com ideias de expanso para alm dos limites mu-nicipais. Em 1969, antes mesmo de completar a sua primeira dcada, a Uni-versidade ergueu, no ainda inspito e distante estado de Roraima, um campus avanado da instituio. Mesmo tantos anos depois, com a UFSM consolidada em Santa Maria e respeitada em todo o pas, os ideais de antigamente so man-tidos.

    Em julho de 2005, propondo inte-riorizar o Ensino Superior no Rio Gran-de do Sul, a UFSM inaugurou o Cen-tro de Educao Superior Norte/RS (CESNORS) hoje com unidades em Palmeira das Misses e Frederico Wes-tphalen. Em 2007, com os recursos do Reuni (Programa de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais) nascia a Unidade Descentralizada de Ensino Superior de Silveira Martins, a UDESSM.

    Entretanto, cada passo para alm dos muros da Cidade Universitria precisa de alguns cuidados: infraestrutura em cada unidade, currculo adequado s necessidades da regio e recursos huma-nos suficientes para atender a essas de-mandas. Como reconhece a Reitoria da UFSM, o caso de Silveira Martins um dos que, quase 500 dias aps a implanta-o, carece de mudanas. A reportagem de Capa faz um retrato da situao atual da UDESSM: problemas, perspectivas de transformaes e o futuro da UFSM em Silveira Martins.

    Iuri Mller e Viviane Borelli

    .txt Outubro de 2010

    carta ao leitor

    3

    txt

    eM diSCUSSo a CoMUNiCao PoPULaR Em sua 35 edio, a Semana Acadmica da Comunica-

    o coloca em pauta o popular e o alternativo com o mote Comunicao feita mo. Dentro dessa discusso, emer-gem tambm a literatura, a cultura pop e a poltica.

    A semana organizada pelo Diretrio Acadmico dos Cursos de Comunicao Social Mrio Quintana, e acon-tece entre os dias 19 e 22 de outubro no campus da UFSM com uma programao de palestras e oficinas diversificadas.

    Estaro presentes nomes como Aldyr Garcia Schlee, jornalista e escritor, Marcelo Canellas, reprter especial da Rede Globo e egresso da UFSM, e Patrcia Saldanha, profes-sora da UFF (Universidade Federal Fluminense) para falar de publicidade comunitria.

    Na semana, acontecem tambm as avaliaes do PANC, o Prmio Anual de Comunicao. Com objetivo de valorizar os melhores trabalhos produzidos no ano pelos alunos, o prmio abrange trs grandes reas: Jornalismo, Publicidade e Propaganda, e Relaes Pblicas. Acompanhe a programa-o completa em www.35secom.net.

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  • .txt Outubro de 20104

    entrevista

    O mesmo saborsob nova direo

    Produtos da marca UNI voltam ao mercadoDbora Dalla Pozza, Eduarda Toscani e Renata Mller

    Durante 15 anos, a Cooperativa dos Produto-res de Leite de Santa Maria, a COOPROL, e a Usina Escola de Laticnios, produziram em parceria iogurtes, sorvetes e outros derivados lcteos que eram comercializados na regio sob a marca UNI. Este convnio foi rompido em 2008 devido a problemas financeiros sofridos pela COOPROL. Em maro deste ano, os produtos UNI voltaram ao mercado. Dessa vez, produzidos em parceria com a Cooperativa Regional da Reforma Agrria Me da Terra (COPERTERRA), de Tupanciret, que investiu cerca de R$ 250 mil na re-forma das instalaes da usina e na compra de novos equipamentos. Entretanto, recentemente, a produo foi paralisada devido a problemas com a vigilncia sa-nitria. Para saber mais sobre a volta dos produtos UNI ao mercado e os problemas pelos quais a Usina Escola de Laticnios passou, a .txt entrevistou Adilson Pereira, gerente da filial da Cooperterra, que coordena a produ-o dos produtos UNI.

    .txt: O retorno dos produtos UNI aos mercados de Santa Maria e regio foi bem aceito pelos consu-midores?

    Adilson: A aceitao foi boa, tanto na cidade de Santa Maria, quanto em outros municpios da regio. A gente conseguiu retornar a produo de todos os pro-dutos que eram feitos anteriormente.

    .txt Quais produtos UNI so produzidos nessa

    nova fase?Adilson: Produzimos leite integral, uma linha de

    iogurtes que tem vrios sabores, queijos de trs tipos, nata, ricota, doce de leite e tambm vrios sabores de sorvetes. O beneficiamento , em mdia, de trs mil li-tros dirios nesses diversos derivados do leite.

    .txt Para reativar a fabricao dos produtos UNI na Usina Escola de Laticnios, quais foram as principais mudanas estruturais que vocs tiveram de fazer?

    Adilson: Como ficamos muito tempo parados, houve vrias questes que tiveram de ser mudadas obrigatoriamente. Tivemos de fazer toda uma reforma na parte eltrica, alm de manuteno em praticamen-te todos os equipamentos. Isso porque, medida que comevamos a usar, eles davam problemas. Ento, fo-mos adequando conforme as necessidades, at porque equipamentos desse tipo tm um desgaste maior quan-do esto parados do que quando esto funcionando. Tambm fizemos uma adequao na parte de estrutura civil para nos enquadrar s novas regras da vigilncia sanitria.

    .txt: Ento o convnio com a COPERTERRA su-priu as necessidades da Usina?

    Adilson: Na verdade, a Usina foi disponibilizada de forma licitatria, ou seja, atravs de uma licitao para entidades e cooperativas interessadas. J que lidamos

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  • .txt Outubro de 2010 5

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    o gerente da filial da CoPeRTeRRa, adilson Pereira, coordena a fabricao dos produtos UNi

    com o recolhimento de leite h 10 anos, sentimos a necessidade de fazer o beneficiamento. Quando surgiu essa oportunidade, ns participamos do processo legal de licitao e apresentamos a documentao para ento comear a explorar o espao fsico da Usina.

    .txt: Existiu uma troca no pessoal que trabalhava h dois anos?

    Adilson: Exatamente. So duas entidades diferen-tes. Uma era a COOPROL, que tinha a sua estrutura, e outra a COPERTERRA, que tem outro sistema, ou-tro pessoal e outra forma de trabalho. Ento tivemos de readequar os recursos humanos, enfim, todo o espao para trabalho conforme o que a COPERTERRA tem no seu planejamento.

    .txt: Esses funcionrios so exclusivos da usina?Adilson: Tem dois sistemas. Como trata-se de um

    contrato com a COPERTERRA, ela quem disponibi-liza os funcionrios. A Universidade disponibiliza uma pessoa que trabalha internamente que tem a responsa-bilidade de acompanhar os trabalhos e as atividades, mas fica mais como apoio e orientao.

    .txt: Adilson, sabemos que a Usina Escola de La-ticnios foi interditada recentemente pela Vigilncia Sanitria. Qual foi o motivo para isso?

    Adilson: Bom, a estrutura da Usina, para quem conhece, foi construda h muito tempo. No caso, para reativar a prpria Usina, tivemos que fazer vrias altera-es bem prticas para adequar as exigncias atuais da vigilncia sanitria. Fizemos alteraes na parte inter-na, j que no pode ter nenhuma estrutura de madeira na rea de produo, como portas e janelas. Tem de ser tudo de metal. Tambm fizemos vrias adequaes em toda a parte de registro de produtos, o que no era feito de forma correta anteriormente e era necessrio. Alm de toda a parte de registro, tambm fizemos o layout de rtulos, e ainda temos toda uma estrutura pra adequar ao CISPOA (Coordenadoria de Inspeo Sanitria de Produtos de Origem Animal), que o rgo que nos fiscaliza.

    .txt: Qual a perspectiva para solucionar esses problemas e como vocs esto lidando com eles?

    Adilson: Se eu for listar todas essas questes pr-ticas, d uma lista enorme, desde portas, investimento em cmara fria, janelas da parte externa, enfim, vrias mudanas. At vestirio feminino, que ns no tnha-mos, tivemos de fazer. Hoje j estamos num processo de concluso de todas essas adequaes, que so ques-tes que no temos como ficar jogando para frente. In-clusive tivemos que fazer essas adequaes para sermos liberados pra trabalhar. Estivemos paralisados durante 30, 40 dias para fazer essas adequaes. Quando fica-ram prontas, fomos liberados para voltar s atividades.

    .txt: E para fazer essas reformas, vocs encontra-ram algum empecilho burocrtico ou financeiro?

    Adilson: Com certeza. Ns tnhamos um plane-jamento anterior com o que julgvamos necessrio e, como tivemos de fazer vrias alteraes, passamos por vrias dificuldades. Tambm enfrentamos alguns em-pecilhos para colocar os documentos 100% em dia. An-tes no tnhamos registro, nem vrias outras questes nesse sentido. Hoje, ns temos toda essa parte, tanto de ordem de fiscalizao quanto na parte da FEPAM

    (Federao Estadual de Educao Ambiental), alm de vrios outros registros que no so obrigatrios, mas que so importantes no nosso trabalho do dia-a-dia.

    .txt: Como esto os esforos para voltar com po-tncia ao mercado consumidor?

    Adilson: Ns temos muita dificuldade para entrar no mercado. Temos conhecimento, por relatos das pes-soas que trabalhavam aqui anteriormente, que na cida-de existiam dois, trs, tipos de leite diferentes h um tempo. J hoje, no nosso levantamento, existem sete ou oito tipos diferentes, e isso faz com que a concor-rncia acabe colocando os mesmos produtos venda. Isso dificulta bastante a disponibilizao dos produtos no mercado, de forma geral. Ns temos um custo alto na parte de produo e tivemos que fazer vrios inves-timentos, alm de termos um cronograma para obter esse retorno. Tudo isso dificultou e est dificultando a disponibilizao desses produtos no mercado santa-mariense.

    .txt: E qual a expectativa para o futuro?Adilson: otimista. Ns temos sempre esse prin-

    cpio de ser otimista e de acreditar no potencial desse trabalho de beneficiamento. Buscamos vrios projetos da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) e de escolas que possam viabilizar o trabalho na prpria Usina. Esses projetos nas escolas comearam com uma lei, do ano passado, que exige que as escolas usem 30% do recursos da Unio para comprar produtos derivados de agricultura familiar. Como somos uma cooperativa, nossa base a agricultura familiar. A surge, ento, a possiblidade de disponibilizar os produtos produzidos aqui para merenda escolar, de maneira formal. .txt

    Foto: Renata Mller

  • geral

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    O relgio marcava quatro horas da tarde de quinta-feira, dia 19 de agosto de 2010. As aulas do segundo semestre transcorriam normal-mente. Enquanto isso, o aluno do Colgio Politcnico, Francisco Oliveira de Souza, bolsista de um projeto de energias renov-veis, equilibrava-se na viga do telhado do galpo onde se guardam colheitadeiras e tratores utilizados pelo colgio.

    Desempenhando o trabalho que lhe ca-bia em troca da remunerao de R$180,00 mensais, ele tentava passar um cabo de um lado do telhado a outro. Tal ao seria cha-ve para o xito do funcionamento de um catalisador destinado a transformar raios de sol em energia. Concentrado em realizar a tarefa qual foi designado, desequilibrou-se e pisou nas telhas irregulares que davam forma ao telhado. Forou com o p a telha, que rompeu-se e o fez cair de uma altura de aproximadamente oito metros. Aps 45 minutos de espera, uma ambulncia chega-va para socorr-lo.

    Quando o aluno caiu, ligamos pronta-mente para o HUSM. Disseram que havia uma ambulncia para socorr-lo, mas que no dispunham de mdicos para atender aquela ocorrncia - relata Valmir Aita, vice-diretor do Colgio Politcnico da UFSM. Orientaram-no, ento, a chamar o Corpo de Bombeiros, pois disseram que eles tinham pessoal treinado para fazer o resgate e que poderiam utilizar ambulncia

    do HUSM para a remoo. Por segurana, o resgate da Unimed tambm foi contata-do.

    O caso de Francisco no era grave. Mesmo assim revelador de uma deficin-cia que existe no campus da Universidade. Alerta para uma fratura na estrutura do atendimento e mostra que quando uma real emergncia ocorrer, o socorro, infe-lizmente, pode no chegar a tempo. Meu caso acabou no sendo grave, mas fico ima-ginando quem corta e mexe com carnes aqui no Politcnico. Se por acaso algum decepa a mo e precisa de resgate urgente no tem como contar com isso aqui pela prpria UFSM lembra Francisco.

    Os ponteiros do relgio marcavam nove horas da noite. O movimento na Universi-dade rareava e Francisco tratava de retor-nar a sua casa, em companhia da me, que o auxiliava. Recebeu um atestado mdico de uma semana, porm faltou a mais aulas, devido s fortes dores nas costas ocasiona-das pela queda. Hoje, Francisco trabalha em terra firme, em um outro projeto que faz marcaes que fornecero dados para alimentar o Sistema de Posicionamento Global (GPS).

    TRANSPORTE - O Hospital Universi-trio de Santa Maria (HUSM) possui uma ambulncia prpria e outra est a caminho ainda em fase de licitao. Para dirigi-las, h quatro motoristas servidores da univer-sidade e mais um terceirizado. Eles respon-

    dem pelo planto durante as 24 horas do dia. Segundo a encarregada pelo transporte do hospital, Nadir Lopes, os funcionrios tm como trabalho apenas o transporte de pacientes internos do HUSM.

    Ns fazemos o servio de transporte dos pacientes do hospital para outras cida-des, caso haja necessidade de certa cirur-gia que no possa ser realizada aqui, ou de consulta com algum outro mdico diz Nadir. A funcionria tambm ressalta que o paciente sempre acompanhado de um tcnico de enfermagem ou de um mdico. J o atendimento pr-hospitalar de emer-gncia ou resgate, no tarefa dos motoris-tas do HUSM: ns s temos uma ambuln-cia aqui, que normalmente est viajando. E mesmo se o carro estiver aqui, ainda h a necessidade de que uma equipe mdica nos acompanhe para realizar o resgate. Mas ob-viamente que, por uma questo de humani-dade, ajudamos sempre que podemos.

    O motorista Roberto dos Santos este-ve presente em um desses casos de ajuda. Ele dirigiu a ambulncia que participou do resgate de Francisco. Ns ajudamos em tudo que podemos, mas apenas dirijo, no tenho como auxiliar na parte mdica. Nos ligaram, o carro estava pronto para sair, mas o PA [Pronto-Atendimento do HUSM] no liberou nenhum enfermeiro para me acom-panhar. Tivemos que chamar os Bombeiros e demoramos muito para fazer o resgate lembra o motorista.

    Olvia Scarpari e Mathias Rodrigues

    .txt Outubro de 2010

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    Francisco oliveira de Souza esperou 45 minutos para ser atendido

    Emergncia 192Como (no) funciona o resgate no campus da UFSM

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    O Pronto Atendimento (PA) do HUSM conta com apenas uma equipe mdica por turno. L so recebidos pacientes com os mais diversos problemas, sem contar as emergncias provenientes de toda a regio central do Rio Grande do Sul. Naura Cou-tinho, enfermeira, afirma que no h como o Hospital fazer atendimentos de emer-gncia pr-hospitalar: S h uma equipe aqui dentro, para atender muita gente. No HUSM no existe uma equipe de remo-o especializada. Ns apenas fazemos o atendimento hospitalar, que o realizado quando o paciente chega ao PA. No h funcionrios suficientes para atendermos fora do Hospital, nem funo do HUSM fazer isso.

    O que se pode fazer chamar os Bom-beiros ou alguma empresa privada alega Arnaldo Teixeira Rodrigues, vice-diretor geral e diretor clnico do HUSM. O m-dico afirma que no h nenhum esquema de atendimento pr-hospitalar montado dentro do campus pela UFSM, e que a co-munidade acadmica est sujeita ao mes-mo tratamento, e aos mesmos problemas, de qualquer morador do bairro Camobi - apesar de estarem dentro da universidade que administra o maior hospital da regio. O HUSM no realiza atendimentos pr-hospitalares, nem dentro, nem fora da uni-

    versidade. Isso papel do sistema pblico de sade, no do hospital, nem da UFSM diz o vice-diretor do HUSM.

    As empresas privadas, como a Uni-med, a Protege e a Cauzzo, fazem remoes gratuitas em casos graves, mas os nicos atendimentos realmente pblicos e gratui-tos da cidade so o dos Bombeiros e o do PA do Patronato lembra Arnaldo. Isso remete a um problema que no atinge ape-nas a comunidade acadmica, mas todos os

    da comunidade acadmica, tem quase 50 mil habitantes e est a mais de 30 minutos de carro do Patronato sugere Rodri-gues.

    O secretrio de sade de Santa Maria, e tambm vice-prefeito da cidade, Jos Haidar Farret, rebate duramente os ques-tionamentos quanto aos problemas de atendimentos pr-hospitalares na UFSM e em Camobi: Lamentavelmente o HUSM s atende emergncias, e no urgncias. Se eles voltassem a atender urgncias, no ha-veria esse problema. Quanto sugesto do diretor clnico do HUSM, Farret tambm enftico: Se colocssemos um PA em Ca-mobi, a todo bairro iria querer um. O que ns temos que fazer terminar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que fica ao lado da Casa de Sade. A UPA capaz de atender a toda a cidade, sem que seja neces-sria a criao de um PA em cada bairro.

    A deficincia nos resgates emergenciais no apenas da UFSM. Trata-se de uma ca-rncia maior, proveniente da falta de estru-tura do prprio municpio. Mesmo assim, a impresso de um HUSM to perto e, ao mesmo tempo, to longe, abre precedentes para torcermos que, se acaso haja alguma complicao de sade dentro do campus, se prescinda de resgate urgente. Afinal, a solu-o ser discar 192 e esperar... .txt

    .txt Outubro de 2010

    Fotos: Mathias Rodrigues

    o HUSM no faz atendimento pr-hospitalar, como informa o vice-diretor geral arnaldo Teixeira Rodrigues (detalhe)

    O que se pode fazer chamar

    os Bombeiros ou alguma empresa

    privada

    HUSM no dispe de estrutura para resgate

    habitantes da cidade. Em uma cidade do porte de Santa Maria, com bairros e vilas geograficamente dispersos, h apenas um local capaz de realizar atendimentos pr-hospitalares emergenciais. Eu acho que, caso houvesse demanda, a Universidade contrataria alguma empresa para fazer o atendimento dentro do campus, mas o n-mero de ocorrncias mnimo. O que se poderia sugerir a criao de um Pronto Atendimento no bairro Camobi que, alm

  • geral

    .txt Outubro o de 20108

    A impresso que se pode ter ao en-trar em uma biblioteca a de que aqueles livros esto ali desde sem-pre no caso da Biblioteca Central da UFSM, a eternidade dataria de 1972, ano da inaugurao do prdio atual. Mas para manter o acervo de mais de 180 mil volumes atualizado, h um processo quase invisvel de sugestes de compra de livros. As aquisies definem o que as estantes ganham de novo a cada ano letivo.

    Dentro da sistemtica de compras da Biblioteca Central (BC), para ganhar preciso pedir. Ou, em poucas palavras, preciso que o administrador desses re-cursos saiba do que voc precisa. Alguns cursos, no entanto, parecem alheios Bi-blioteca e no mantm um hbito vital para o aumento do acervo: enviar uma lis-ta de livros para serem adquiridos.

    As compras de livros so programadas a partir dos pedidos que os professores

    enviam para a administrao por meio de um formulrio especfico (ver quadro). O Setor de Aquisio apenas tem autonomia para repetir uma compra quando uma obra tem muitas reservas ao longo do ano. Por isso, mesmo que de fato o acadmico no

    consiga retirar o livro, efetuar a reserva importante para que as carncias sejam conhe-cidas.

    Para todo o ano de 2010, o recurso global para com-pra de livros de R$ 400 mil, sem diviso por reas do co-nhecimento. A bibliotecria responsvel pela aquisio na BC, Marisa Severo, afirma

    que no momento da compra cabe o bom senso: de um modo geral, os livros de re-as humanas so mais baratos do que os de Cincias da Sade e Engenharias. Assim, necessrio encaminhar as compras equili-brando essa disparidade.

    Os cursos que foram criados nos lti-mos anos com recursos do Reuni (Progra-

    ma de Apoio ao Plano de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais), por sua vez, contam com uma verba pr-pria de R$ 300 mil, destinados formao de bibliografia bsica. Esses valores so repassados pela Pr-Reitoria de Planeja-mento (Proplan) da Universidade.

    Desde 2006, quando as compras pas-saram a ser centralizadas pelo Setor de Aquisio da BC, todos os pedidos devem ser encaminhados para l. Hoje, cabe s Bibliotecas Setoriais apenas a misso de orientar os professores e estudantes so-bre a maneira de fazer as sugestes. Ainda assim, essa procura costuma ser pequena. Ana Claudia Flores bibliotecria do Cen-tro de Educao (CE) desde maro deste ano e relata que ainda no foi questionada sobre a aquisio.

    Para que o assunto ganhe repercusso, a prpria direo da Biblioteca Central organiza uma campanha publicitria por meio de cartazes que incentivam e ensi-nam a maneira correta de fazer a encomen-da. Para a diretora da BC, Maria Ins Figas,

    Dentro da sistemtica de compras

    da Biblioteca Central (BC), para ganhar preciso pedir

    Desinformao sobre os processos de pedidos de livros diminui o nmero de novidades no acervo das bibliotecas da UFSM

    Como os corredores se enchem de livros

    Giuliana Matiuzzi, Iuri Mller e Maurcio Brum

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    .txt Outubro de 2010 9

    embora haja oportunidade de efetuar pedi-dos durante todo o ano, o ideal que eles sejam encaminhados o mais cedo possvel, j que o processo burocrtico tende a atra-sar a viagem dos ttulos desde as livrarias conveniadas at as prateleiras da UFSM.

    A mulher que encomendava livros

    Embora a prioridade para a encomenda de livros seja a indicao docente, alunos tambm podem deixar suas sugestes, seja para os de uso em sala de aula, seja para os literrios. Para esses ltimos, a bibliote-cria Marisa Severo administra as compras de acordo com os livros que tiveram uma grande taxa de emprstimo no ano ante-rior segundo estatsticas do sistema de bibliotecas adotado pela UFSM, que pode fornecer dados bastante precisos, como, por exemplo, o histrico de emprstimo de um usurio.

    Entre a lista dos mais emprestados constam os best-sellers da estao, disputa-dos reserva a reserva pelos alunos. Segun-do ela, o fato de um livro figurar por meses na lista dos mais vendidos das principais revistas do pas serve como justificativa

    As compras de 2010*

    UNidade ToTaL de adMiNiSTRaTiva TTULoSBiblioteca Central 100Centro de Artes e Letras 264Centro de Cincias Naturais e Exatas 107Centro de Cincias Rurais 130Centro de Cincias da Sade 220Centro de Cincias Sociais e Humanas 1.098Centro de Educao 108Centro de Educao Fsica e Desportos 73Centro de Tecnologia 238Colgio Tcnico Industrial de Santa Maria 150CESNORS FW/PM 538UDESSM Silveira Martins 91

    *O Setor de Aquisio solicitou 3.117 livros at o dia 22/09/2010

    para incluir ttulos como Harry Potter, Lua Nova e A Menina Que Roubava Livros nas encomendas de literatura. No entanto, ela esclarece que tambm efetua

    compras de obras consideradas mais pro-fundas, partindo de sugestes enviadas pelo site da Biblioteca..txt

    Para solicitar livros pelo site da Biblioteca (www.ufsm.br/biblioteca): No menu esquerda, localize a seo Servios/Setores e clique em Aquisio. A seguir, v em Processo de Compra 2010 e clique no link ali

    disponvel. Por ltimo, preciso fazer o download da Planilha de Sugesto e enviar, j preenchida, para o email livrosbc@gmail.com.

    Foto: Iuri Mller

  • .txt Outubro de 201010

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    UFSM ganha cicloviaProjeto vai revitalizar tambm a avenida Roraima em 2011

    Brbara Barbosa e Greice Marin

    Os ciclistas que transitam todos os dias pela Avenida Roraima, entre o trevo da faixa nova e o arco da Universidade, encontraro um novo cami-nho em 2011. A construo de uma ciclovia dever tornar o trajeto mais seguro e o ce-nrio mais agradvel.

    O projeto que autoriza a implantao da ciclovia faz parte da revitalizao da Avenida Roraima, principal via de acesso Universidade Federal de Santa Maria. Segundo o pr-reitor de infraestrutura da UFSM, professor Valmir Brondani, o De-partamento Nacional de Infraestrutura de transportes (DNIT) aprovou o projeto no incio de setembro.

    A licitao do projeto para a reforma da Avenida Roraima, que ser realizada pelo DNIT, deve acontecer at dezembro. A obra ter incio cerca de 30 dias aps a assinatura do contrato. Conforme o professor Bron-dani, as obras provavelmente comeam no incio de janeiro de 2011 e sero concludas em meados de maio, j que o tempo estima-do para sua realizao de 120 dias.

    A ciclovia vai ter 680 metros de ex-tenso e 2,5 metros de largura e deve su-prir a demanda, especialmente de alunos e funcionrios que trafegam diariamente

    pelo local. A via iniciar ao lado do posto do Corpo de Bombeiros de Camobi (RST 287), na Avenida Roraima e se estender at o arco da UFSM. A instituio recebeu verba e autorizao para viabilizar as obras apenas neste trecho. No entanto, a inteno de, no futuro, ampliar a rea da ciclovia para toda a UFSM.

    O professor do Centro de Cincias Ru-rais (CCR), Eno Darci Saatkamp, utiliza a bicicleta como seu principal meio de trans-porte e destaca a relevncia de uma via ni-ca para os ciclistas. H cinco anos e meio convivo com essa realidade e o maior em-pecilho encontrado a falta de segurana, pois temos de dividir espao com os outros veculos, explica.

    Alm da ciclovia, o projeto inclui a re-cuperao total do pavimento das duas pis-tas da Avenida Roraima, a construo de quatro recuos para paradas de nibus com abrigos (duas na entrada e duas na sada do campus), a canalizao de uma vala de es-goto direita da entrada (desde o trevo at o Colgio Politcnico), a construo de um calado de trs metros de largura sobre a canalizao, e a implantao de iluminao adequada. O custo total da obra de, apro-ximadamente, 2,5 milhes de reais. .txt

    Rede de esgotoAs valas localizadas nas late-rais da Avenida Roraima apre-sentam problemas de sanea-mento bsico que devem ser resolvidos pelo projeto de revi-talizao. A gua no tratada afeta diretamente a vida dos moradores das redondezas, j que oferece riscos por favore-cer a proliferao de doenas, como a dengue e a leptospiro-se. Leda Lima, moradora dos arredores da Avenida Roraima alega sentir-se prejudicada com o descaso em relao canalizao. Entre as princi-pais reclamaes da aposen-tada, destaca-se o mau cheiro exalado pelo esgoto e a alta quantidade de insetos no ve-ro. Em funo da presena de roedores, ela conta que de-detiza a casa anualmente.

    dNiT aprovou projeto para construo da ciclovia em outubro

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    .txt Outubro de 2010 11

    paralelo

    seridas no vestibular, as escolas se sentiriam na obrigao de mudar a maneira como

    a disciplina ensinada. Tra-dicionalmente tomada como uma matria prtica, os professores das escolas tero de se adaptar a essa mudana, pois a carga de contedos tericos a serem trabalhados aumentar.

    Conforme a professora do CEFD, Maria Eliza Gama, o processo seletivo da UFSM, apesar de adotar o Enem como 20% de seu peso final, vai de encontro a ele em relao abordagem das questes. Antes tido como uma prova interdisciplinar, as reformulaes do Enem tor-naram a prova mais clssica, j que privilegia contedos especficos tradicionais. A avaliao deixa de lado disci-plinas como Educao Fsica, Artes, Sociologia e Filosofia, o que, para a professora, um retrocesso.

    Uma das primeiras uni-versidades a incluir questes de Educao Fsica em seu vestibular foi a Universidade Estadual Paulista UNESP. Segundo a Diretoria Acadmica da Vunesp a funda-o organizadora de Concursos Pblicos e Vestibulares da UNESP , conhecimentos de Lngua Portuguesa, Lngua Estrangei-ra Moderna, Educao Fsica, Arte e In-formtica, pertencem a uma mesma rea, denominada Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias. Por essa razo, assim como a orientao do ensino mdio no Brasil fun-damenta-se nos Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os exames vestibulares da UNESP tratam a Educao Fsica que faz parte desses parmetros como uma disciplina apta a ser abordada em questes tericas especficas.

    Segundo a estudante do ensino m-dio do Instituto Anglicano Baro do Rio Branco de Erechim, Caroline Jioucoski, os alunos no esto preparados para uma prova terica de Educao Fsica: ns

    principalmente as gurias praticamente nem temos aulas prticas e nem se fala em aulas tericas. Tivemos apenas um trabalho durante o ano todo, que era sobre regras de futebol e basquete.

    Em contrapartida, na Escola Estadual de Ensino Mdio Maria Rocha, em Santa Maria, as mudanas no ensino da disciplina j vm ocorrendo. Segundo o professor de Educao Fsica Rogerson Ruiz Gonalves, o a escola possui na proposta pedaggica da Educao Fsica questes como a com-preenso do funcionamento do organismo humano de forma a reconhecer e modifi-car as atitudes corporais e a valorizao da

    qualidade de vida. So pro-postas que no se limitam apenas teoria e prtica esportiva, mas que abor-dam outro vis da rea, passvel de ser questo de vestibular. Eu tenho aqui alunos que arrumam uma forma de no frequentar a Educao Fsica para po-der ter outras aulas no cur-sinho pr-vestibular. Com a disciplina no vestibular,

    isso pode mudar, afirma o professor Ro-gerson.

    A incluso da Educao Fsica no ves-tibular obriga as escolas de ensino mdio a mudarem a forma de tratar a disciplina e aponta uma deficincia do ensino brasilei-ro. Os estudantes e tambm as escolas de ensino fundamental e mdio alimentam uma preocupao exagerada com o concur-so. Assim, tornam-se aptos a prest-lo, mas no aprendem os contedos especficos da disciplina. A professora Maria Eliza acre-dita que atualmente a busca pelo conheci-mento gira em torno apenas do vestibular e no da real aprendizagem, precarizando a educao.

    Espera-se que, aos poucos, com as mo-dificaes, o ensino se comprometa com a formao de um aluno e no apenas se pre-ocupe com um futuro prximo que finda no vestibular. .txt

    Debate sobre incluso de disciplinas objetiva mais qualidade no ensino

    Gabriel Eduardo Bortulini e Luiz Valrio Seles

    no Vestibular

    A seleo para o ingresso ao ensino superior nas instituies pblicas brasileiras vem sofrendo inmeras mudanas nos ltimos anos. O Exame Na-cional do Ensino Mdio (Enem) ganhou peso e faz parte do processo seletivo. Em alguns casos, o Enem substitui a prova ha-bitual de ingresso em Instituio de Ensino Superior (IES). O vestibular na Universi-dade Federal de Santa Maria (UFSM) no fugiu tendncia nacional: reduziu o n-mero de questes e o tempo do concurso; acrescentou uma forma de ingresso seriada com Programa de Ingresso ao Ensino Su-perior (Peies) e incluiu tambm uma nova disciplina nas provas a Filosofia.

    Entre todas as mudanas, a incluso da disciplina no vestibular influi mais dire-tamente no perfil dos estudantes. Nas es-colas de ensino mdio, a Filosofia passou a ser to valorizada quanto as disciplinas tradicionais. A UFSM, pioneira no Brasil em implementar a Filosofia no processo seletivo, constatou que os acadmicos que enfrentaram as novas questes estavam mais preparados para encarar a faculdade. A administrao superior da Universidade Federal de Uberlndia uma das institui-es que adota a disciplina avalia que a incluso da Filosofia como contedo a ser estudado pelo candidato ao curso superior teve um impacto positivo nas outras provas do processo seletivo. Depois da Filosofia, na UFSM outras disciplinas ganham vez na mesa das discusses. Entre elas, est a Edu-cao Fsica.

    A iniciativa de inserir questes da disci-plina no processo seletivo, porm, tem ge-rado uma discusso parte. A forma como a matria tratada e ensinada hoje nas es-colas, faz com que surjam questionamentos sobre qual ser a abordagem tomada pela Copervers (Comisso Permanente do Ves-tibular) para a escolha e a produo dessas questes.

    Segundo o vice-diretor do Centro de Educao Fsica e Desportos da UFSM (CEFD), Rosalvo Luis Sawitzki, uma vez que questes de Educao Fsica forem in-

    A incluso da Educao Fsica no vestibular obriga as escolas de ensino mdio a mudarem a forma de tratar a disciplina e aponta uma deficincia do

    ensino brasileiro

  • .txt Outubro de 201012

    Foto

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    capa

    Silveira Martins, cidade bero da Quarta Colnia de Imigrao, tem pouco mais de dois mil habitantes, mas simboliza os principais problemas enfrentados pela Regio Central do Rio Grande do Sul: recesso econmica, en-velhecimento da populao, baixos nveis de escolaridade, evaso dos jovens para as grandes cidades e dependncia da agricul-tura. O IDH (ndice de Desenvolvimento Humano) do municpio, por exemplo, de 0.796 numa escala que vai de zero a um. O nmero est abaixo da maioria das cidades do estado.

    Na tentativa de reverter o quadro de desvitalizao territorial, decidiu-se im-

    plantar um plo de ensino que atendesse s demandas da regio. Assim, foi criada pela UFSM a Unidade de Ensino Superior de Silveira Martins (UDESSM) no primei-ro semestre de 2009, atravs do programa de Expanso e Reestruturao das Univer-sidades Federais (Reuni).

    O quadro de abandono que se estacio-nou sobre os pequenos municpios do cen-tro do estado proporcional ao desafio que nasceu junto com o surgimento da Unida-de. A justificativa de criao de um plo de ensino distante de Santa Maria trazia consigo a necessidade de uma abordagem de ensino diferenciada, que privilegias-se o desenvolvimento daquela regio. Em

    entrevista .txt, em maio do ano passado, Jos Lannes de Mello coordenador do projeto de criao da UDESSM explica-va quais eram os objetivos do ento recm criado plo: Silveira Martins , hoje, da forma como a gente pensou, uma universi-dade com um vis muito forte para a ques-to da revitalizao do espao rural.

    Quinhentos dias depois da inaugu-rao da UDESSM, a equipe da .txt sobe a serra novamente em busca de algumas respostas: qual a situao da Unidade? Os objetivos que justificavam a fundao vm sendo alcanados? E mais: quais as perspectivas para o futuro da Unidade de Silveira Martins?

    UFSM: 500 dias em Silveira

    Martins.txt volta UdeSSM para mapear os problemas enfrentados um ano e meio aps a implantao

    Anelise Dias e Gregrio Mascarenhas

  • .txt Outubro de 2010 13

    .txt

    A UDESSM est instalada no prdio do extinto Colgio Bom Conselho, constru-do em 1908 e mantido pelas irms do Ima-culado Corao de Maria durante 80 anos. O local, patrimnio histrico de Silveira Martins, foi inicialmente emprestado pelo municpio para a instalao da Unidade. Em 27 de agosto deste ano, o edifcio foi cedido UDESSM.

    Apesar do prdio no estar em ms condies, h marcas evidentes da ao do tempo. Por ser patrimnio histrico, a UDESSM no pde fazer alteraes na estrutura arquitetnica do antigo colgio.

    Assim, foram reformados apenas os am-bientes que seriam utilizados pelos alu-nos imediatamente. Os espaos reparados correspondem a quatro salas de aula, um laboratrio de informtica, uma biblioteca e uma sala de vdeo, que utilizada tam-bm como auditrio. Ainda que equipadas, as salas so insuficientes para atender mais alunos no caso de um novo vestibular.

    Falta ainda alojamento para quem mora fora da cidade e restaurante universitrio. O vice-reitor da UFSM, Dalvan Jos Rei-nert explica que essas so aquisies que vm com o tempo: Santa Maria demorou 14 anos para ter um Restaurante Universi-trio (RU); o plo do CESNORS de Pal-

    meira das Misses demorou quatro. Cer-tamente est se pensando em alternativas para implantar um RU em Silveira Martins, mas isso leva tempo.

    Com o objetivo de estruturar mais sa-las de aula e de melhorar as condies de instalao, a Unidade passar por reformas no ano que vem. O diretor da UDESSM, Jos Cardoso Sobrinho, informa que h dois milhes de reais para a reforma j li-berados pela Unio: A obra vai ser licitada at o final de setembro e os valores j foram liberados. Alm disso, conta que est pre-visto para o oramento de 2011 um repasse de dois milhes para construo de novos prdios.

    Falta de professores e funcionrios

    A UDESSM no enfrenta apenas problemas com a falta de estrutura fsica. Faltam tambm pessoas capa-citadas para atender s demandas dos alunos. Segun-do dados da Pr-Reitoria de Recursos Humanos da UFSM, a Unidade possui 12 professores e dois funcio-nrios tcnico-administrativos, alm de funcionrios de limpeza e segurana de uma empresa terceirizada. Os dois tcnico-administrativos se desdobram entre a secretaria, a biblioteca e tambm o setor de projetos de pesquisa e extenso, j que na UDESSM no h Ga-binete de Projetos.

    A falta de pessoal capacitado para atender a cada setor faz com que a Unidade no possua registros de dados bsicos, como cadastro de professores e alunos, nem de projetos e aes desenvolvidas. No h tam-bm um sistema que contabilize o nmero de alunos que desistem ou trancam a vaga dados que apenas a UFSM dispe.

    Frente e fundos do Colgio Bom Conselho, no qual est instalada o plo da UFSM de Silveira Martins

    Jos Sobrinho Cardoso - diretor da UdeSSM

    Necessidade de ampliao

    Fotos: Anelise Mascarenhas

  • .txt Outubro de 201014

    capa

    Sala de aula do Colgio Bom Conselho, que foi reestruturado e hoje abriga os alunos da UdeSSM

    No seu primeiro ano de existncia, a UDESSM realizou dois processos seleti-vos vinculados ao vestibular da UFSM: o Extraordinrio 2009 e o de Vero 2010. Foram ofertadas 200 vagas em 2009 e 160 em 2010, divididas entre os quatros cursos superiores da Instituio: Tecnologia em Gesto de Turismo, Tecnologia em Gesto em Agronegcios, Tecnologia em Proces-sos Gerenciais e Tecnologia em Gesto Ambiental.

    Das 360 vagas oferecidas nos dois con-cursos, apenas 199 esto ocupadas, o que corresponde a aproximadamente 55,27% do total de aproveitamento. No bastasse a procura ser menor do que oferta (ver grfi-co), a UDESSM enfrenta outro problema: o progressivo trancamento e abandono de curso.

    Inajara Mello, acadmica do curso su-perior de Tecnologia em Gesto Ambiental e membro do Diretrio Central dos Estu-dantes (DCE) da UFSM, conta que muitas pessoas abandonaram ou trancaram a vaga por que o custo para se manter estudando na UDESSM alto. Alguns colegas meus no cursam todas as disciplinas porque no tm dinheiro para ir e voltar todos os dias. Alm de ser caro, so poucos horrios de nibus, ento fica difcil ir todos os dias,

    detalha a estudante.Para chegar a tempo da aula do per-

    odo da manh, que comea s 7h45, um estudante da UDESSM que mora em San-ta Maria e utiliza o nibus intermunicipal como meio de transporte precisa sair da cidade s 6h35. Ele gasta R$ 4,25 com a passagem. Da parada de nibus da Aveni-da Rio Branco, em Santa Maria, at Silveira Martins, a distncia de 25 quilmetros. A discrepncia que existem algumas linhas internas em Santa Maria que percorrem ex-tenses semelhantes. Da Cohab Tancredo Neves ao campus de Camobi, por exemplo, a distncia de 17 quilmetros. A diferen-a que um aluno da UFSM que reside na Tancredo paga, de ida e volta R$ 2,00 por dia enquanto um estudante da UDESSM gasta R$ 8,50.

    Segundo dados do Departamento de Registro e Controle Acadmico da UFSM (Derca), 18 alunos trancaram a matrcula e 23 abandonaram o curso que freqen-tavam, desde a criao da Unidade. Boa parte dos alunos ingressou na Instituio como segunda opo de curso, um sistema que permite que aqueles que no obtive-ram pontuao suficiente para ingressar no curso desejado ocupem vagas remanes-centes na UFSM ou em um de seus plos,

    como o caso de Silveira Martins.Devido ao grande nmero de vagas

    ociosas e aos ndices de desistncia e tran-camento, a UDESSM ficar de fora do Ves-tibular de Vero 2011, que ser realizado na UFSM e em seus respectivos plos. Du-rante o ano que vem, a Instituio passar por uma reforma curricular na tentativa de sanar alguns problemas. Vamos replanejar a Unidade atravs de uma comisso de 11 pessoas. Montamos essa comisso para fa-zer um rearranjo pedaggico e nisto vamos colocar uma nova idia de cursos, explica o diretor da Unidade.

    De acordo com uma das coordenado-ras do projeto de criao da UDESSM, professora Maril Marin, existe uma pre-ocupao por parte da Reitoria da UFSM com a baixa procura pelos cursos ofereci-dos em Silveira Martins, que justifica a ne-cessidade de revisar o plano pedaggico da Unidade. Outro problema encontrado pela professora o fato dos cursos serem para formao de tecnlogos ao invs de bacha-ris. A atual gesto da UDESSM tem um compromisso de, frente a um prazo maior que foi dado pela Reitoria, elaborar um novo vestibular. O que se prope que a Unidade oferea a possibilidade de bacha-relado.

    Muitas vagas para pouca procura

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  • .txt Outubro de 2010 15

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    Projetava-se, dentro do programa de expanso das universidades pblicas no Brasil, o Reuni, criar uma unidade que contemplasse as necessidades de cres-cimento no s da Quarta Colnia, mas tambm de todos os municpios da Regio Central do Rio Grande do Sul os quais se assemelham pelos baixos ndices de de-senvolvimento scio-econmico.

    A criao da Unidade de Silveira Mar-tins tinha por propsito abrir um novo espao de ao da UFSM, voltado s ne-cessidades particulares de seu local de atu-ao. Foram criados, ento, cursos de Edu-cao Profissional de Nvel Tecnolgico que considerassem as potencialidades da regio: o turismo, a produo agrcola e a manuteno dos recursos ambientais.

    Se a Unidade foi instalada no ncleo de uma regio carente de acesso educao, por que, ento, enfrenta o impedimento central, que a falta de procura por suas vagas? Conforme o vice-reitor Dalvan Jos Reinert, a justificativa na poca da cria-o era que a Unidade teria um projeto pe-daggico diferenciado e que atenderia aos arranjos produtivos locais e regionais. E o que est demorando a acontecer.

    Para o diretor da UDESSM, Jos Car-doso Sobrinho, os problemas enfrentados so normais, pois uma implantao uma

    ascenso. A UFSM levou 50 anos para es-tar como hoje, a UDESSM tem pouco mais de um ano. So necessrios mais trs anos, no mnimo, para a implantao co-mear a surtir efeito.

    J a professora Maril Marin acredita que a Universidade no faz uma divul-gao ampla de seus cursos. E essa uma postura que, frente ao processo de expan-so, a Universidade ter que assumir. O governo nos cobra nmero maior de alu-nos por professor e tambm carga horria maior do professor. Esse um problema do contexto do quadro gerado pela expan-so, que positiva. Mas ns precisamos aprender a lidar com essa nova realidade.

    Ao final desse retrato da UDESSM, o que se constata que priorizou-se o au-mento dos ndices de acesso ao ensino superior. Entretanto, no houve demanda suficiente para preencher o total das vagas ofertadas, segundo dados do Derca. Um dos motivos a falta de condies neces-srias para manuteno e permanncia dos estudantes nas instituies pblicas recm criadas, j que no h alojamento, um restaurante universitrio ou bolsas au-xlio carncia. A transposio de etapas na expanso do ensino superior federal obri-ga, hoje, a UDESSM a mudar na tentativa de manter-se viva. .txt

    Retrato de uma implantao

    estado atual das vagas da UdeSSM

    Fotos: Anelise Mascarenhas

  • de dentro para foraFo

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    uilherme Porto

    .txt Outubro de 201016

    Extenso da Almaa msica que saiu da UFSM e ganhou os palcos do mundo

    Guilherme Porto e Yuri Medeiros

    A principal funo de uma universi-dade pblica atender s deman-das da sociedade a qual pertence. Porm, sua contribuio no se restringe s inovaes cientficas. Por vezes ela acon-tece de uma forma um tanto mais subjeti-va, como acontece no curso de Msica da UFSM.

    A trajetria de alguns msicos que aqui passaram deixa evidente a influncia da academia na vida cotidiana, e como o sen-timento liberado por uma criao artstica pode fazer a diferena para todos.

    Luiz Carlos Borges nasceu em 1953, em So Lus Gonzaga, onde cresceu tanto com a famlia quanto com a msica. Desde quando tinha tamanho suficiente, j passa-va o tempo com a gaita e o violo no colo. Em janeiro de 1976, tomou a deciso que, como ele mesmo ressalta, mudou seu con-ceito sobre msica: veio para Santa Maria, passou no vestibular e daqui saiu um dos maiores acordeonistas do Brasil.

    Conhecido na msica popular desde tempos, ele reitera a importncia que a passagem pela UFSM teve em sua evoluo musical. O convvio com gente da mais alta qualidade na arte me fez entender melhor o

    que era ser msico; antes eu era apenas ber-o, apenas inspirao, ressalta. Somando a inspirao nata e o embasamento terico, Borges fez seu passaporte para ganhar o mundo e hoje carrega em suas credenciais parcerias com cones da msica mundial do quilate de Dominguinhos, Ral Barbosa, Antonito Tarrag Ros e Mercedes Sosa.

    Na poca que Luiz Carlos Borges in-gressou no curso de msica, a vertente po-pular no tinha espao no campo terico da academia. Tanto Borges quanto a UFSM mudaram a partir de ento: O que no era permitido eu fiz: tocar nos corredores, to-car no RU [Restaurante Universitrio]. Eu sempre busquei liberdade pra tentar coisas novas. A nica ponderao de Borges que o curso preparava o aluno conceitualmente, enquanto as vertentes menos eruditas eram deixadas de lado.

    Mas no s pela msica regional que a cultura desenvolvida na UFSM chega s pessoas. Influenciado pela msica popular e pelo jazz, desde os acordes clssicos en-saiados nos corredores do Centro de Artes e Letras (CAL), o msico Gustavo Assis Brasil vem rompendo fronteiras com sua guitarra.

    Cria de Santa Maria, Gustavo j dava aulas de violo desde os 14 anos de idade. A deciso de estudar msica na UFSM quase foi atrapalhada, no momento do vestibular, por uma idia de seguir a carreia de dentis-ta. Para o bem da msica mundial, ele fez a escolha certa.

    Hoje, Gustavo leciona na Cambridge School of Weston, nos Estados Unidos, e acumula inmeras parcerias com virtuosos msicos do jazz, o que refora seu respal-do em terras estrangeiras. Trilhas sonoras de filmes e clnicas de guitarra por toda a Amrica incrementam seu currculo. De quebra, ele tem dois livros de teoria musi-cal, editados em mais de 20 pases. Mesmo com todo esse destaque, o msico ressalta com humildade que o aprendizado e a vi-vncia que teve na UFSM, durante os anos 90, ainda se refletem na sua produo.

    Ao contrrio das cincias exatas, o de-senvolvimento acadmico das Belas Artes se revela atravs do contato humano e das expresses que embalam alma. Fazendo-se valer das sete notas musicais, os msicos formados na UFSM preocupam-se em le-var cultura e teoria musical de Santa Maria mundo afora. .txt

    A qualidade do ensino da UFSM excepcional. Qualquer estudante, vindo de todas as partes do mun-do, chega em Santa Maria e pode ter um estudo de primeira linha.Gustavo Assis Brasil

    "Na universidade, vo se abrindo caminhos e luzes que sozinho eu no teria

    nem como tomar iniciativa."Luiz Carlos Borges

  • de fora para dentro .txt

    17.txt Outubro de 2010

    Mudanas sempre foram comuns na vida da famlia Silva Costa. O trabalho de Daniel Silva Costa, 36 anos, sargento da Base Area de Santa Maria, fez com que morassem em diferen-tes lugares do pas. Foi em uma dessas mu-danas, em 2008, que Arthur, o filho mais novo do casal Daniel e Ana Paula Silva Costa, 30, comeou a evidenciar compor-tamentos totalmente inesperados. Crises de choro, apego inadequado a objetos e uma forte tendncia ao isolamento passa-ram a fazer parte do dia a dia de Arthur, ento com dois anos.

    Diante dessas atitudes do menino, a famlia voltou para sua cidade de origem, Santa Maria, para procurar ajuda mdica especializada e ficar prxima dos demais familiares. Eles j desconfiavam do diag-nstico. E a confirmao veio em junho de 2008. Arthur tem Autismo e o desafio, en-to, era descobrir como lidar com isso. O Autismo um transtorno global do desen-volvimento e ainda no tem cura. uma patologia caracterizada pelo comprometi-mento grave em diversas reas do desen-volvimento humano, como a comunicao, a socializao e a imaginao.

    O sentimento que prevaleceu na famlia Silva Costa foi o empenho em buscar trata-mentos que pudessem oferecer ao menino uma possibilidade de melhora. A famlia saiu em busca de mais informaes sobre o autismo e, durante sua pesquisa, conheceu um tratamento alternativo do distrbio: o programa Son-rise. Depois de participar de workshops sobre o assunto e conhecer as possibilidades de melhoras experenciadas pelas outras famlias participantes, o casal tomou uma importante deciso: a implan-tao do programa Son-rise dentro de sua casa.

    O Son-rise consiste em um programa familiar baseado em metas que buscam es-timular as capacidades da criana atravs do ldico, sem o uso de medicao. Uma

    profissional, chamada de facilitadora, apli-ca o mtodo num playroom. Esse espao um quarto branco ou de cores neutras, com equipamentos especficos para a realizao das atividades, como brinquedos, espelho, prateleiras e um piso especial para evitar fortes impactos.

    No ano passado, Daniel inscreveu-se no vestibular para o Curso de Educao Especial da UFSM, com o objetivo de aprender um pouco mais sobre a situao que enfrentava e buscar apoio para o pro-grama que j desenvolvia dentro de casa. Foi ento que conheceu o professor dou-tor, Carlos Schimidt, especialista em Autis-mo. Juntos viram a possibilidade de utilizar a experincia do tratamento de Arthur para trabalhar o Autismo dentro do Centro de Educao (CE) e, com isso, estender os be-nefcios do tratamento a outras famlias.

    Este ano, o programa Son-rise transfor-mou-se em um projeto vinculado Univer-sidade. Desde maro, todas as manhs, uma facilitadora, aluna do Curso de Educao Especial, desenvolve atividades com Arthur

    n o p l a y r o o m

    enquanto tudo monitorado pelos pais atra-

    vs de cmeras. As imagens servem, ao mesmo tempo, para o treinamento das alunas de Educao Especial, para o con-trole dos progressos de Arthur e para o embasamento terico da pesquisa acad-mica.

    O PRESEENTE DE ARTHUR - Ar-thur hoje tem quatro anos. Desde que iniciou o tratamento com o Son-rise, ele vem apresentando melhoras significati-vas. Cada pequeno progresso , ento, comemorado com muito entusiasmo por seus pais e por sua irm Caroline, 11 anos. Eles sabem que cada evoluo do menino representa uma grande vitria para toda a famlia. Mais do que isso, representa uma esperana para as outras famlias e crian-as que enfrentam a mesma situao de Arthur. .txt

    Estimular para desenvolverCamila Marchesan, Fernanda Arispe e Julia do Carmo

    Em parceria com a UFSM, famlia faz tratamento alternativo para Autismo

    Famlia de arthur comemora avanos no tratamento do autismo

    Foto: Arquivo Pessoal

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    18 .txt Outubro de 2010

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    Soldati, 47, que integram a equipe dos vi-gilantes terceirizados h cerca de um ano, no tm toda a experincia de Moreira, mas tm em comum um perceptvel senti-mento de responsabilidade pela integrida-de e segurana dos estudantes.

    Dos quase 200 profissionais respons-veis por zelar pelos estudantes em todos os campi da UFSM apenas quatro so mu-

    lheres. Maria, que uma delas, trabalhou durante um ano na recepo do Centro de Cincias Naturais e Exatas (CCNE) at re-ceber a oportunidade de fazer parte desta seleta equipe. E diz adorar seu trabalho. O sonho de ser policial foi levado pelo passar dos anos e a vontade de policiar transfor-mou-se na misso que cumpre agora com prazer: primar pela qualidade de vida dos estudantes que enfrentam os desafios da academia e da distncia de suas casas e famlias.

    Maria e Valente trabalham, atualmen-te, no posto de vigilncia criado na Casa do Estudante, a CEU II, e dizem que o trabalho exige pacincia e boa vontade. Pacincia para lidar com as dificuldades que os jovens recm-sados de suas casas tm em aceitar que mesmo longe de seus pais existem regras, e mais ainda: algum sempre vai os vigiar para que essas regras sejam cumpridas. Boa vontade para enten-der que muitas das discrdias entre segu-ranas e alunos so fruto de uma rebeldia tpica dos jovens. Mas que muitas delas vm, sim, questionar um sistema viciado que impe regras desconsiderando, mui-tas vezes, as necessidades e as caractersti-cas de cada gerao de alunos.

    Ao dizer sabemos que nosso traba-lho importante e tambm que sem os estudantes a Universidade no existiria, Moreira demonstrou a conscincia que os vigilantes tm de que seu trabalho fun-damental para a manuteno da ordem e que sem funcionrios, visitantes ou alunos a UFSM no existiria.

    Alm disso, independentemente das dificuldades encontradas para realizar suas funes a paixo pela profisso e a seriedade com que os vigilantes tratam seu trabalho salta aos olhos de quem deles necessita..txt

    Em meados dos anos 70, o convi-te para entrar em um opala preto assustava qualquer pessoa. Se ele fosse dirigido a um jornalista por um fun-cionrio do governo ento, significava que o passeio no deveria ser nada agradvel. Mas foi nessa situao que Romeu Lemes Osrio (foto), chefe do setor de vigilncia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) levou nossa equipe at Renato Moreira, 44 anos, 17 deles trabalhados como vigilante concursado da UFSM. Em seu posto de trabalho, na entrada da zona rural da Universidade, Moreira, como chamado pelos colegas, contou sua roti-na de trabalho e os desafios daqueles que optam por ter como objetivo profissional o zelo pelos dois grandes patrimnios da UFSM: o espao fsico e os estudantes.

    Na Universidade, cerca de 200 pessoas compem a equipe responsvel pela segu-rana dos alunos e do patrimnio. Menos de um quarto desta equipe composta por funcionrios concursados, pois cerca de 150 so contratados por uma empresa ter-ceirizada. Moreira que j passou por todos os postos de vigilncia existentes na Uni-versidade cumpria suas 12 horas dirias de trabalho no tranqilo posto da horta no dia em que o entrevistamos.

    J verton Valente, 31 anos, e Maria

    O dia-a-dia dos profissionais que prezam pela ordem e segurana no campus

    Vida de vigia

    Camila Marchesan, Fernanda Arispe e Julia do Carmo

    Cerca de 200 pessoas compem a equipe responsvel

    pela segurana dos alunos e do

    patrimnio

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    .txt Outubro de 2010 19

    o arco da velha

    Camila MarchesanFernanda ArispeJulia do Carmo

    Dando continuidade seo em homenagem aos 50 anos da Universidade, o arco da velha desta edio traz fotos histricas do Colgio Politcnico da UFSM.

    Incio da dcada de 1970

    rea Nova da Universidade Federal de Santa Maria. A rea

    Nova localiza-se na poro oeste do campus e dividida entre o

    Curso de Zootecnia e o Colgio Politcnico da UFSM. A rea

    utilizada para criao de animais, pastagens e plantaes.

    Meados da dcada de 1980

    Aula prtica de Silvicultura. Setor de Silvicultura do Colgio

    Politcnico da UFSM. A disciplina faz parte do currculo do curso

    tcnico em Agropecuria, criado em 1963.

    Incio da dcada de 1970

    rea Nova da UFSM. Aula prtica de Topografia, do curso tcnico em Agropecuria. Na poca da foto, o Colgio Politcnico chamava-se Escola Agrotcnica e s oferecia o curso de Agropecuria. Os outros cursos surgiram na dcada de 1990.

    Fotos: Arquivo histrico do Colgio Politcnico

  • 20 .txt Outubro de 2010

    culturaParceiros de lida

    DTG Noel Guarany aproxima o tradicionalismo gacho da rotina universitria

    Gabriela Moraes e Janine Appel

    Para a UFSM, o DTG Noel Guarany um projeto de extenso do Centro de Cincias Rurais (CCR), mas, para o Movimento Tradicionalista Gacho (MTG), uma entidade estudantil plena. J para quem participa do grupo, ele muito mais que o espao ocupado numa das salas do CCR: o resultado do esforo coletivo para fazer com que conhecimento e tradio gacha dem as mos.

    No incio, era para ser um lugar onde a gurizada das Cincias Rurais pudesse matar a saudade da vida na cidade pequena de onde tantos tinham sado para vir estudar na Universidade Federal de Santa Maria. Era para ser um lugarzito no campus acadmico que tivesse jeito de campo gacho, onde os guris pudessem se arranchar entre uma aula e outra e tomar uns mates, contar uns causos, tocar um violo e cantar umas modas missioneiras. Era para ser um pouquinho do CTG que ficara num pago distante desta querncia adotiva, onde muitos tinham aprendido desde cedo a amar a tradio do Rio Grande. Em 2005, era para ser um DTG pequenininho, coisa pouca, como diria o gacho. Em 2010, o Noel Guarany o DTG da UFSM. o tradicionalismo gacho consolidando seu espao no universo formal da universidade. a academia participando da mesma roda de mate que a comunidade tradicionalista muito alm dos limites do arco. E isso no pouca coisa.

    Desde seu nascimento at hoje, vspera de completar o quinto aniversrio em novembro, o departamento ainda no possui sede prpria que lembre uma estncia de campanha ou se compare s estruturas fsicas dos CTGs freqentados nos tempos de pi. A gurizada, volta e meia, se rene numa sala perto da biblioteca do CCR. Por l se encontra o mate, smbolo da hospitalidade gacha, desde a porta. que o smbolo no Noel, esculpido em madeira e pendurado na porta, o desenho de um livro aberto que faz o contorno do topete do chimarro. Alis, ele representa muito bem o significado da presena de um DTG no ambiente estudantil, como sugere o lema da entidade: Conhecimento e Tradio unidos pelo mesmo ideal.

    Foto

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    riela

    Mor

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  • 21.txt Outubro de 2010

    .txtFoto: D

    ivulgao

    Conhecimento e tradio

    Te aprochega,vivente!

    Conhea mais sobrea tradio gacha!

    MTG: federao das entidades tradicionalistas do Rio Grande do Sul. Possui mais de 1500 filiados, entre CTGs, DTGs e afins.

    Centro de Tradies Gachas (CTG): entidade tradicionalista por excelncia cujo objetivo preservar a tradio gacha.

    Departamento de Tradies Gachas (DTG): entidade tradicionalista vinculada a outras instituies como escolas, clubes ou universidades.

    Regio Tradicionalista (RT): rgo do MTG que rene entidades e municpios geograficamente prximos. O Rio Grande do Sul est dividido em 30 RTs. Santa Maria pertence 13 RT.

    Encontro de Arte e Tradio Gacha (ENART): festival amador promovido pelo MTG. So 23 modalidades artsticas disputadas em classificatrias regionais e interregionais at a etapa final.

    Como a entidade tradicionalista uma estncia simblica, a nomenclatura dos cargos da diretoria, chamada de Patronagem, inspirada na linguagem campeira.

    Patro: equivale ao Presidente do clube.

    Capataz: equivale ao vice-presidente.

    Causos: relatos fantasiosos que exploram aspectos do cotidiano gacho.

    Pago: terra-natal.

    Querncia: lugar onde se mora.

    Topete: elevao de erva-mate que repousa sobre uma lateral da cuia.

    DTG Noel Guarany classificado para a fase final do ENART 2010

    Fomos busca dos integrantes do DTG em plena Semana Farroupilha. Chegamos ao prdio 44, onde fica a tal salinha, e encontramos apenas uma moa, que embora no estivesse usando vestido de rendas e flor no cabelo, era uma das prendas do Noel.

    Perguntamos pelos responsveis e a resposta revelou como funcionavam as coisas por ali: estavam todos trabalhando muito, patronagem e grupo de danas, pois tinham que preparar o almoo campeiro servido no Centro de Eventos no outro dia.

    Ainda havia os demais compromissos assumidos para a semana, como palestras culturais e apresentaes artsticas em escolas da cidade. Somava-se agenda a guarda da Chama Crioula na Casa do Gacho, sede da 13 Regio Tradicionalista do MTG, qual o DTG filiado. Alm, claro, do desfile do dia 20, em que eles tinham de fazer bonito, pois ano passado foram um dos premiados. Tudo isso acontecia entre as atividades de mais uma semana normal no calendrio universitrio.

    Conversamos com a patronagem do DTG, composta apenas de estudantes, durante o almoo do dia 17 de setembro. Enquanto o patro, auxiliado por um grupo de prendas, trabalhava no preparo do arroz-de-carreteiro, prato tpico da culinria gacha, estendeu-se a nossa prosa com o seu brao direito. Segundo Tain Valenzuela, acadmica de Histria e capataz do departamento, a entidade uma alternativa mais barata e vivel em termos de tempo e deslocamento em Santa Maria,

    sobretudo porque no fcil conciliar compromissos acadmicos com atividades tradicionalistas. Por isso, o DTG precisa da colaborao de muitos para funcionar: As mos que assinam as atas so as mesmas que preparam o almoo e servem, afirma orgulhosa a estudante que conheceu o Noel por meio de um panfleto entregue durante a confirmao da vaga e que ajuda a tomar as rdeas da entidade.

    O grupo de trabalho composto por, no mximo, 30 pessoas. Elas desenvolvem projetos culturais em escolas, alm de atividades campeiras e artsticas. Sobre essas, alis, a expectativa grande: o grupo de Danas Tradicionais foi classificado para a final do ENART 2010. O evento, promovido pelo MTG, a mais importante vitrine da arte amadora tradicionalista no Rio Grande do Sul. O DTG tambm est participando com declamadores, cantores e bailarinos de danas de salo.

    Em pouco tempo, o DTG que era inicialmente desacreditado por ser uma entidade gerida por estudantes to jovens, conquistou o respeito da comunidade da UFSM e a admirao dos tradicionalistas por a afora. O que essa eles tm feito para merecer cada vez mais espao e reconhecimento? A frase que eles postaram na pgina do DTG no Orkut onde tambm fincaram bandeira responde: A diferena que a gente sonha e luta. SEMPRE. O valor do trabalho em equipe, eles provavelmente aprenderam desde pis, como manda a tradio. E agora reforam a lio com o conhecimento adquirido na sede do saber, onde o tradicionalismo tambm faz morada pelas suas mos. .txt

  • .txt Outubro de 201022

    culturaFo

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    Cau maquia-se no banheiro. Juliet passa o texto. Aline concentra-se. Luiza tenta relaxar. Deivid est atrasado. Felipe confere os ltimos deta-lhes. Giro, Dilma, Clia, Leninha e Oswal-do preparam-se para entrar em cena.

    Sambas antigos embalavam aquelas trs moas que desfilavam bomias entre as mesas do Bar Macondo Lugar naque-la noite. Com um cigarro na mo e cheias de ms intenes, o trio aproveitava-se do colo dos cavalheiros e causava burburinho entre as mulheres. De longe, um homem de sobrancelhas arqueadas e olhar atento as observava, juntamente com seu capanga. O ar comeava a ficar denso. O Abajur Lils entrava em cena.

    Trs prostitutas - Dilma, Clia e Le-ninha so submetidas opresso, hu-milhao e tortura do homossexual Giro, o inescrupuloso e explorador dono do prostbulo, e de seu violento e enigmtico servial, Oswaldo. a vida valendo menos que um abajur lils. O Abajur Lils, apesar de ter sido escrita h mais de 40 anos pelo dramaturgo Plnio Marcos, uma pea impressionantemente atual. Alis, foi esse espetculo que deu forma ao grupo Teatro Por Que No? e garantiu que ele ganhasse os palcos.

    Entrelaando interesses, conversas, tra-balhos e experincias, Aline Ribeiro, Andr Galara, Cau Kubaski, Deivid Gomes, Fe-lipe Martinez, Juliet Castaldello, Luiza de Rossi e Rafaela Costa, todos acadmicos do Curso de Artes Cnicas da Universida-de Federal de Santa Maria (UFSM), uni-ram-se para comungar com o pblico um sentimento comum: a paixo pelo teatro.

    O Teatro Por Que No? formou-se nos corredores do Centro de Artes e Letras (CAL) da UFSM, ganhou corpo no incio desse ano e conquista cada vez mais espao na cena cultural santa-mariense. Quan-do o grupo se formou, eu vi que era mui-to slido o trabalho. Trabalhamos muito duro pelo que queremos. Somos um grupo unido, porque um grupo de uma pessoa s no um grupo, conta Andr Galara. A unio entre os integrantes, combinada com o profissionalismo, fez com que o grupo de jovens artistas alasse vos mais altos e colhesse os frutos de sua incansvel dedi-cao ao teatro.

    Mesmo assim, o caminho para manter um grupo de teatro independente no fcil. Foi preciso suar muito a camiseta e correr atrs das oportunidades. Junto com outros grupos de teatro independente de Santa Maria e com o Macondo Coletivo,

    Teatro, por que no?

    A cena cultural independente de Santa Maria ganha vida atravs do sonho de oito jovens estudantes da UFSM

    Kamila Baidek e Marlon Dias

  • .txt

    .txt Outubro de 2010 23

    formaram o Palco Fora do Eixo, uma ini-ciativa que promove, incentiva e difunde a cultura teatral em mbito nacional. Gra-as a essas parcerias, o grupo conseguiu fazer apresentaes em locais alternativos da cidade, como na Praa Saldanha Mari-nho, na Gare da Estao Frrea e nos ba-res So Francisco e Macondo Lugar. Outra iniciativa foi participar do Teatro Fora do Eixo, projeto orientado pelo professor e coordenador do Curso de Artes Cnicas da UFSM, Pablo Canalles, com o intuito de levar os espetculos produzidos dentro da sala de aula para outros espaos, a fim de que eles no ficassem restritos apenas ao Caixa Preta. As cortinas j estavam se abrindo.

    Em maro, a trupe fez sua primeira en-cenao fora de palcos santa-marienses. Em Vale do Sol, o grupo participou de 27 horas ininterruptas de teatro e apresentou as peas Fim de Partida e O Abajur Lils. No incio de julho, fizeram as malas e par-tiram para Rosrio do Sul, onde apresen-taram O Abajur Lils na Sesso Maldita do Rosrio em Cena. No dia seguinte, j es-tavam na estrada rumo ao estado de Santa Catarina. L, participaram do 23 Festival Internacional de Teatro Universitrio de Blumenau com a mesma pea que foi su-cesso de crtica. Na bagagem, vieram dois prmios: melhor atriz para Aline Ribeiro e melhor direo para Felipe Martinez. Mas, mais do que os dois prmios, o intercm-bio com os outros grupos e a experincia adquirida amadureceu e fortaleceu o grupo para galgar passos mais largos. Em outubro,

    o Teatro Por Que No? mostrar toda sua competncia em terras paulistas com uma temporada de sete dias de apresentaes pelo projeto VEM (Valor, tica e Moral), no Teatro Paulo Autran da Faculdade talo-Brasileira.

    So grupos de teatro universitrio como esse que fazem com que se enxergue o teatro de outra forma. Eles mostram que no basta apenas assistir a um espetculo. preciso senti-lo. Sentir com todos os poros. Identificar-se. Ser um pouco Dilma, Clia

    e Leninha e ter uma vida que vale menos que um abajur lils. preciso viver cada pea, sorvendo cada mnimo detalhe quase imperceptvel. urgente valorizar o traba-lho desses meros mortais que transbordam arte e reconhecer que sem cultura no exis-te progresso. necessrio enxergar os ta-lentos pelos corredores das nossas univer-sidades, em nossas cidades, em nosso pas. Vamos abrir as cortinas para grupos de te-atro universitrio. hora de se perguntar: teatro, por que no? .txt

    Foto: Lucas BaischFoto: G

    abriela Moraes

  • .txt Outubro de 201024

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    O sorriso insiste em aparecer. Sol-to e cativante, tenta concorrer com as piscadas rpidas e ritma-das dos olhos que brilham. To brilhantes como a ideia que motivou mudanas sig-nificativas na vida de um menino de So Pedro do Sul. As dificuldades que viriam e no seriam poucas foram motivaes para seguir em frente e alcanar, um por um, os sonhos. Estudar e alcanar o ensi-no superior eram os objetivos iniciais do jovem que deixou sua cidade e a casa de seus pais para tentar mudar seu destino. Na insistncia, conseguiu no s graduar-se como tambm retornar Universidade Fe-deral de Santa Maria como docente. Mas esse o final desta histria...

    O ano era 1973, e Jorge Abel Flores, hoje professor do curso de Odontologia da UFSM, aprovado em Engenharia Flores-tal. Contudo, com um ano de curso, ele viu seus planos como engenheiro tombarem como rvores. No era aquele o curso de-sejado, no era assim que ele queria ver-se no futuro. Ento, em 1974, fez novamen-te o vestibular, e a aprovao veio. Jorge Abel tornou-se o mais novo acadmico de Odontologia da UFSM. Quando passei para a Odonto, meu pai ficou apavorado, pois havia um parente nosso que havia co-mentado que o curso era muito caro, mas eu sempre respondia que daria um jeito, relembra Flores.

    Foram vrias as maneiras para con-tornar os elevados custos dos materiais, a falta de dinheiro e outras dificuldades que surgiam. Para participar das aulas prticas, ele conseguia os instrumentos empresta-dos com um colega. Eu passava na casa do meu colega, pegava o instrumental, vinha para a Universidade, usava e esterilizava tudo, devolvia e ento ia para casa, conta

    Jorge Abel. A casa citada era de seu tio, que morava prximo ao Km 2, zona norte de Santa Maria. De l, ele ia para o campus e retornava sempre para almoar, pois no tinha como pagar o almoo no Restauran-te Universitrio (RU). Das festas da turma, Jorge Abel nunca deixou de participar. Ele era responsvel por reunir todo o dinhei-ro e, por isso, a turma rateava a parte dele. At no lbum de formatura eu apareo co-brando do pessoal, lembra contando que apenas conseguiu comprar o lbum aps um ano de formado.

    Com a formatura, em 1978, veio o de-safio da colocao profissional. Durante a graduao, conta que um professor sempre prometia ajud-lo. E assim o fez. Um irmo desse professor era dentista no Paran e precisava de ajuda. Jorge Abel foi para l. Iniciou como funcionrio e conquistou aos poucos seu espao. Atravs de um financia-mento, comprou seu primeiro consultrio e instalou-se na cidade. Casou, teve filhos, mas acalentava um novo sonho: ser profes-sor universitrio.

    Aps dez anos da graduao, Jorge Abel entra na ps-graduao da Univer-sidade Federal de Pelotas (UFPel) e vive nos primeiros meses com as parcelas do consultrio vendido no Paran. Depois, veio a aprovao para docente na UFPel, e no incio da dcada de 1990, a aprovao em Santa Maria. Aps um ano de docncia na UFSM, veio o Doutorado, na Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). O orgulho mistura-se com a humildade caracterstica de Jorge Abel. Para ele, ter superado todos os obstculos que surgiram em sua formao acadmica parece, s vezes, um sonho. Eu sou apai-xonado pelo que eu fao, dou aula por vo-cao e adoro estar com os alunos, afirma. Aquele jovem que ousou sonhar grande, chegou alm de suas maiores expectativas. Coordenou o curso de Odontologia por cinco anos, e hoje professor na rea que escolheu desde o segundo ano de curso a Cirurgia Bucomaxilofacial.

    O sonho, quase teimosia, quebrou a regra que o pai costumava acreditar. No me envergonho em dizer que meu pai fa-lava que filho de pobre no precisava es-tudar, e eu dizia que iria fazer faculdade, mesmo que morasse embaixo da ponte, finaliza. .txt

    Exceo regra

    Manuela Ilha e Nadia Garlet