This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
A Psicologia Social, contudo, define agressão como
―qualquer comportamento que tem a intenção de causar danos, físicos ou
psicológicos, em outro organismo ou objeto. Importante destacar nesta
definição a intencionalidade da ação por parte do agente da agressão:
só se caracteriza como agressivo o ato que deliberadamente se propõe a
infringir um dano a alguém." (Rodrigues, 2007)
Um dos objetivos que o Psicólogo Social se prepõe fazer é mudar comportamentos através
da influência exercida sobre as atitudes das pessoas e em grande medida, a maior parte dos
Psicólogos Sociais está de acordo em dizer que a agressão‖ é um comportamento efectuado
com a intenção de fazer mal a uma outra pessoa” (Leyens, p. 175, 2º §).
A agressão física ou psicológica, pode ser vista como um desejo ou como um meio para
atingir um fim:
- para satisfazer um desejo: Humilhar um colega porque sei que o fará
sofrer e é esse o meu desejo – agressão hostil.
- para atingir um fim: Humilhar um colega como forma de obter uma
posição por que ambos nos batemos – agressão instrumental.
Existem também distúrbios de personalidade, cujas avaliações psicológicas demonstram
um perfil específico que tende a ser impulsivo, com baixo nível de inteligência, com
hiperatividade e com défice de atenção.
Poderemos também auscultar o que nos diz a teoria de frustração-agressão (Frustration and
Aggression) que ainda hoje é tida a teoria mais invocada para explicar os comportamentos
agressivos. Porém esta teoria poderá ser redutora no sentido que pressupõe que perante um
sentimento de frustração esta desencadeará obrigatoriamente numa agressão mas, esta pode
não ser explícita! Poderá manifestar-se numa ação não observável no exterior, pode ser
diferida, deslocada ou voltada para si. Contudo, é consensual que estamos perante um
comportamento agressivo.
Para Bandura, a sequência estímulo desagradável – reacção emocional não produz
necessariamente uma agressão. Perante um insulto, existem pessoas que podem reagir com
submissão ou então com agressividade, outras ainda poderão se voltar contra elas próprias,
consumir drogas, entre outras.
Psicologia Social
Educação Social – 2º ano, 2º semestre Pós Laboral
6
Outros autores estudaram esta dialética (Frustração e Agressão), John Dollard, Leonard
Doob e seus colaboradores, sustentaram que ―a ocorrência de comportamento agressivo
pressupõe sempre a existência de frustração, e por outro lado, a existência de frustração
tem sempre alguma forma de agressão‖ (Dollard et al., 1939, p.1)
Segundo Bandura, ―a escolha que se fizer dependerá da experiência anterior, ou seja, da
aprendizagem social‖ (Leyens, p. 185, 1º§).
Um exemplo de aprendizagem social: Uma criança que cresce a ver o pai bater na mãe
constantemente, sem ser punido, pode interiorizar que esse acto provoca um reforço
positivo, logo, pode tender a replicar esse tipo de comportamento no futuro.
Contudo, os pais, não são os únicos modelos que afetam a formação de atitudes – Escola,
Igreja, mass-média, entre outros (Neto, 1998).
A violência cessa com a segurança de si mesmo, e esta segurança surge quando se tem
plena consciência do que se possui. O homem seguro de si mesmo não necessita de se
manifestar ou impor através da violência, pois não carece provar algo perante quem quer
que seja.
Contudo, nem sempre o sujeito reage assim, existe um regulador da agressão que nos fala
precisamente disso – Controlo cognitivo. Este regulador de agressão sustenta-se na teoria
da dissonância cognitiva, acontecendo por vezes sermos agressivos para alguém e por
outro lado darmo-nos bem com outras pessoas. Podemos reagir de várias formas perante
esta dissonância. Esta teoria, tal como David e Jones (1960) verificaram, assenta na
avaliação positiva ou negativa a dar a um parceiro. Estes chegaram à conclusão que, se
houver a possibilidade de uma interação posterior, não há dissonância (sabem que poderão
explicar o que aconteceu). Por outro lado, quando se sabe que não vão voltar a ver o
parceiro, depreciam-no (no fundo ele não era muito simpático, eu não fui totalmente
injusto ao fazer…), é a forma de reduzirem a dissonância. Como mostra Glass (1964), este
tipo de raciocínio assenta numa boa opinião sobre si próprio.
Em suma, os sujeitos que reduzem a sua dissonância através da depreciação do outro, são
sujeitos com elevada autoestima.
Geralmente existe uma mistura de aprendizagem direta e vicariante na apreensão de
práticas agressivas. Podemos dar como exemplo um sujeito que após maltratar o outro
consegue obter o que pretende, e, caso a vítima adopte uma postura submissa estará a
Psicologia Social
Educação Social – 2º ano, 2º semestre Pós Laboral
7
reforçar positivamente essa acção, logo, quando o agressor pretender voltar à prática
agressiva escolherá a mesma vítima.
Se por outro lado a vítima ripostar, é de esperar que o agressor mude de vítima ou de tática,
ou ambas ao mesmo tempo.
O que acontece infelizmente é que, cerca de 80% dos casos de ataque dão lugar a reforços
positivos: passividade, choro, sinais visíveis de sofrimento, posturas de autoproteção, entre
outros.
A violência, além de se tratar de uma questão social é uma questão intrínseca do indivíduo,
mas também é determinada pela complexa combinação entre fatores externos e
características inatas ao ser humano. Razões de ordem emocional, mental, psicológica e até
espiritual vêm antes do social e até o condicionam de certa forma. Como é sabido o
ambiente social depende de vários fatores, isto é, de vários determinantes. A classe social,
o emprego, ou a educação, influenciam a vida do indivíduo e envolvendo-se nela de tal
forma que, apesar de se tratar de fatores externos, condicionam o indivíduo, levando-o a
que subsequentemente a sua maneira de ser e de estar se altere, criando assim várias
perturbações do foro psíquico, mental, emocional…
Estas questões sociais são as que mais afetam física e psicologicamente o indivíduo e
consideradas as que mais levam à violência. Situações apoiadas pelo meio ambiente
envolvente, físico e económico, e, de uma maneira geral, se um indivíduo se achar desigual
perante outro no que toca ao ambiente físico, social e económico, esse mesmo indivíduo
torna-se num perfeito delinquente e, logo, promotor de violência.
Já a nível coletivo, as preocupações prendem-se com as relações intrafamiliares e inter-
sexos. Os fatores intrafamiliares percebidos como causas da violência incluem a
desigualdade entre os géneros, a droga e o álcool, o desemprego, o afeto, etc..
Como refere Brissos Lino2 ―uma das maiores dificuldades na tarefa de combater a
violência no mundo é interpretá-la mal, pelo menos no que toca às suas causas
profundas‖, logo não nos iludamos. As raízes da violência não se podem explicar
unicamente por causas de tipo acidental. A questão é muito mais profunda.
2 Brissos Lino - Doutor em Ciências da Religião, Faculdade de Teologia e Ciências Humanas da América Latina (São Paulo – Brasil),
Mestre em Psicologia, Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), Pós-Graduado em Gestão de Stress, Universidade Independente. Psicoterapeuta, e Docente universitário Universidade Sénior de Setúbal
Psicologia Social
Educação Social – 2º ano, 2º semestre Pós Laboral
8
A idade é constituída como um fator determinante, mas o sexo do indivíduo desempenha
também uma causalidade no meio da violência. Normalmente, é o sexo masculino que se
dedica com maior frequência à violência e desperta desde cedo práticas delinquentes,
surgindo através do facilitismo alargado que os pais dão aos rapazes e não às raparigas,
ainda atualmente. Genericamente e por norma, os homens tendem a ser mais violentos, do
que as mulheres, praticamente em todas as culturas.
2. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
A violência doméstica constitui um verdadeiro problema social, verificado em todos os
escalões sociais, mantendo-se ainda em certa medida abafada e na maior parte das vezes
não chega ao conhecimento público, ignorada e mantida no segredo da vida privada. A
violência doméstica tem sido definida como um padrão de comportamentos abusivos,
incluindo uma grande variedade de maus tratos, desde físicos sexuais e psicológicos.
Não se trata somente dos estilos de vida das pessoas, embora algo pertinentes, de falta de
emprego, de dificuldades financeiras ou de racismo, de incapacidade em satisfazer as
necessidades básicas, ou de falta de condições para um modo de vida minimamente digno.
As guerras e conflitos armados, a violência na família, nas escolas ou nas ruas, antes de se
poder interpretar como uma espécie de ―limpeza‖ do indivíduo face aos problemas da
sobrevivência e da luta pela dignidade humana, e à sensação de se ser alvo de injustiça, é
acima de tudo uma manifestação da pessoa desajustada, tanto do ponto de vista psicológico
como espiritual e emocional.
A violência doméstica, enquanto tema de discussão pública e objeto de atenção por parte
de instituições, Organizações Não Governamentais (ONG`s) e meios de comunicação
social, tem vindo a ganhar visibilidade ao longo das últimas décadas, e, lentamente, tem
vindo a ser ultrapassada a conceção de que este é um problema da esfera da intimidade e,
como tal, da responsabilidade exclusiva dos indivíduos e das famílias.
Segundo Johnson (2006), existem três modalidades basilares de violência entre parceiros
íntimos: terrorismo íntimo, resistência violenta e violência situacional.
Estas modalidades, propostas por Johnson e baseadas nas diferentes abordagens de
variados autores, resultam do paralelismo entre sexos, reconhecendo as influências do sexo
masculino como sendo mais propenso à prática deste fenómeno social, mas também como
resultado das tensões e conflitos ao nível familiar, sendo que neste último caso as mulheres
Psicologia Social
Educação Social – 2º ano, 2º semestre Pós Laboral
9
surgem com uma propensão simétrica em relação aos homens e que incorre na prática de
atos de violência doméstica. O terrorismo íntimo e a resistência à violência, abordadas
classicamente por teorias feministas, adequam-se essencialmente nas dinâmicas de
controlo e resistência e surge como resultado de um contexto de exercício de controlo
sobre o respetivo parceiro íntimo, controlo este exercido em permanência e a longo prazo,
cfr. diagrama abaixo:
Fig.1 - JOHNSON, M.P., Poder e Controlo (traduzido)
Já no tocante à violência conjugal situacional, esta enquadra-se contextualmente no seio de
inter-relacionamentos familiares, onde o autor explicita que a mesma sucede a maior parte
das vezes, a vítima de violência doméstica, comummente do sexo feminino, ao ser
agredida tende a que, instintivamente e de forma preterintencional, responda ao agressor de
modo também violento e numa atitude contra agressiva.
Já a perspectiva da investigadora Norte-Americana Amy Woltzworth-Munroe sugere um
modelo teórico de estudo sobre os tipos de agressores conjugais masculinos, propondo
equacionar três dimensões: ―severidade e frequência da violência marital; generalidade da
violência e psicopatologias ou distúrbios de personalidade apresentados pelos
agressores” (Holtzworth-Munroe & Stuart, 1994, citados em Holtzworth-Munroe, 2000).
A mesma autora, baseando a sua teoria numa perspectiva de previsibilidade, propõe ainda
três subtipos de agressores enquadrados nas dimensões acima referidas: 1) Agressores
Psicologia Social
Educação Social – 2º ano, 2º semestre Pós Laboral
10
estritamente familiares: aliados a um subgrupo menos violento e com menor incidência na
prática da violência conjugal (menos abusos físicos e psicológicos) e também menos
violentos fora do contexto familiar; 2) Agressores disfóricos Borderline: adequados aos
abusadores conjugais que tendem a apresentar sinais depressivos e de ansiedade e
confinam a violência de uma forma moderada e apenas no seu parceiro conjugal, mas
existindo algumas probabilidades de essa violência extravasar os muros domésticos
(violência extra-familiar), e logo mais afetados psicologicamente e com medo de serem
rejeitados (personalidade borderline), e, 3) Agressores geralmente violentos e anti-sociais:
ligados a agressores tendencialmente mais violentos e com elevados níveis de violência
conjugal e extraconjugal, adotando características desordeiras e de personalidade
antissocial (condutas criminosas, detenções, desobediência a normas sociais e propenso
abuso de substâncias ilícitas).
No contexto da violência doméstica, os maus tratos a mulheres (em média, uma em cada
três mulheres é vítima de violência; por ano 52%, das mulheres são vítimas de alguma
forma de violência), a jovens e a idosos constituem, pela sua transcendência, um dos
problemas mais importantes entre os que afetam a qualidade de vida.
Segundo estudo da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), no ano de 2010
foram mortas 43 mulheres, vítimas de violência doméstica, mais 14 do que no ano de 2009.
O relatório do Observatório das Mulheres Assassinadas (OMA) da UMAR revela que 67,4
% do total de vítimas foram assassinadas pelos seus parceiros conjugais, seguindo-se o
grupo de mulheres que já se haviam separado maritalmente, ou mesmo obtido o divórcio
(20,9%). O mesmo documento, refere que além das 43 mulheres vítimas mortais
registadas, foram também assinalados 11,6% de casos de homicídio de mulheres
resultantes de violência intrafamiliar, dos quais 7% praticados por descendentes diretos e
4,7% por outros familiares.
De acordo com a mesma fonte, a faixa etária mais atingida situa-se no patamar entre os 24
e 35 anos, com um total de 13 vítimas, o que contraria a tendência verificada em anos
anteriores, uma vez que as mulheres assassinadas eram mais velhas. Ainda assim, foram
mortas oito mulheres com idades compreendidas entre os 36 e os 50 anos e igual número
de mortes em mulheres com mais de 50 anos. Dos 18 aos 23 anos registaram-se três
homicídios, precisamente o mesmo número de mulheres cuja idade se desconhecia. Refira-
Psicologia Social
Educação Social – 2º ano, 2º semestre Pós Laboral
11
Fig.2 - Homicídios OMA/UMAR
se ainda que, associados a estes 35 homicídios, se registaram mais quatro mortes, homens,
que se encontravam nas imediações dos crimes.
Há ainda que ter em conta as tentativas de homicídio, em que parte das mulheres, não
contribuindo para a taxa de mortalidade contribuem para a taxa de morbilidade, pela
violência das agressões e pelos traumas psicológicos que as tornam incapazes de
desenvolver ou regressar à sua profissão ou até mesmo ter um tipo de vida normal do ponto
de vista social.
HOMICÍDIOS DE MULHERES
2.2 Características da violência contra a mulher
Segundo Carvalho (2008), a violência psicológica caracteriza-se por comportamentos
violentos exercidos de forma consecutiva, com o objetivo de conseguir ou manter controlo
sobre a vítima, sendo a maioria dos agressores homens e as vitimas mulheres.
Podemos referir algumas causas que levam a comportamentos agressivos, como o stress,
baixa auto estima, machismo, álcool, drogas, frustração, entre outras.
Em relação à vítima podemos referir características psicológicas, como Auto
culpabilização, depressão, ansiedade, falta de concentração, insónias, fadiga e
comportamentos autodestrutivos como álcool, drogas e até suicídio.
O agressor não tem um perfil único, embora a sociedade tenha criado uma imagem de
homem rude e de classe social inferior. Mesmo que um homem em sociedade pareça fora
de qualquer suspeita, na vida conjugal pode ser um agressor. A vítima de agressão
67,4% - Mulheres assassinadas pelos próprios parceiros