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14 Eliana Murta Lemos PROPOSTA DE ESTÍMULO À LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL DO INSTITUTO EDUCACIONAL CONHECER, CONSTRUIR E VIVER
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PROPOSTA DE ESTÍMULO À LEITURA NO ENSINO … · CONHECER, CONSTRUIR E VIVER . 15 JOAÍMA / MG UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Setembro / 2009 Eliana Murta Lemos ... aprendizagem não

Nov 09, 2018

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Eliana Murta Lemos

PROPOSTA DE ESTÍMULO À LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL DO INSTITUTO EDUCACIONAL

CONHECER, CONSTRUIR E VIVER

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JOAÍMA / MG

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Setembro / 2009

Eliana Murta Lemos

PROPOSTA DE ESTÍMULO À LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL DO INSTITUTO EDUCACIONAL

CONHECER, CONSTRUIR E VIVER

Elaboração do trabalho monográfico apresentado ao curso de Supervisão Escolar da Universidade Cândido Mendes. Orientador: Coordenador Antônio Fernando Vieira Ney.

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JOAÍMA / MG

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Setembro / 2009

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Dedico este trabalho a meu pai que tanto

colaborou para formação e a quem devo

minha paixão pelos livros- “uma menina

que “roubava” livros e revistas, lendo às

escondidas

Com amor, para meu pai.

Eliana Murta Lemos

AGRADECIMENTOS

Á todos os autores, aos professores da Universidade Cândido

Mendes, em especial à professora/orientadora Kely Cristina e ao

professor/orientador Gilberto Santos Crespo pela paciência, dedicação, carinho

e ainda pela enorme contribuição na revisão final deste trabalho.

À minha amiga e diretora Maria Josefina Murta Luz pelo

companheirismo, exemplo profissional e experiências compartilhadas.

À minha primeira e inesquecível diretora Haydéia Kangussu Gomes,

pelo incentivo no início do magistério, apontando caminhos, compreendendo e

dando exemplo.

À minha mãe, (em memória), inesquecível incentivadora, apoiadora e

amiga em todos os sentidos da minha vida.

Sem eles, seria escuro o caminho e o percurso, adverso.

Obrigada!

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“Ler é ler escritos orais, que vão desde um nome de rua numa placa até um livro, passando por um cartaz, uma embalagem, um jornal,

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um panfleto, etc....é lendo de verdade, desde o início, que alguém se torna leitor e não aprendendo primeiro a ler...” (JOSETTE JOLIBERT).

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RESUMO

A presente pesquisa contempla a leitura como forma de prazer, que auxilia no crescimento emocional e aponta caminhos diversificados para a formação de bons leitores e ainda oferece subsídios teóricos ao profissional da educação que podem ajudá-lo a melhorar sua prática docente. Nesse processo de envolvimento emocional, a leitura é considerado como algo agradável, que desperta o sentimento de prazer no leitor. Essa relação entre leitura, emoção e prazer é de grande importância para o incentivo ao hábito de ler. A autora defende a tese de que a leitura deve ser ou deve se tornar para o aluno um momento de prazer, reflexão e descoberta. É importante integrar o indivíduo em uma sociedade mais justa, criativa e crítica, onde todos lutam por ideal comum e inserindo o mesmo, num contexto social envolvendo-o com disposições atitudinais e capacidades necessárias ao processo da leitura até que o habilite a uma participação ativa nas práticas sociais letradas, ou seja, o seu letramento. O objetivo de trabalhar com a leitura na escola deve ser o de formar leitores competentes. A leitura deve ser orientada pelo professor com a utilização de diferentes estratégias.

Palavras-chave: Leitura, Prazer. Leitor

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METODOLOGIA

“Ler não para contradizer e refutar, nem para crer e pressupor, nem para achar assuntos e conversa, mas para pensar e considerar.” (BACON,p.193).

O presente estudo constituir-se-á através de uma pesquisa

bibliográfica, onde as informações serão coletadas através de livros, revistas,

periódicos e artigos da Internet. A pesquisa enveredar-se-á no âmbito

bibliográfico, visando coletar informações sistematizadas sobre estratégias que

levem os alunos a desenvolverem o gosto pela leitura. Montar representações

literárias e teatrais na escola onde atua como docente e durante o período de

um mês, relatará as reações e a aceitação dos alunos a tais eventos. Ao final

da pesquisa, será feita a análise dos dados coletados para comprovação ou

contestação das hipóteses levantadas e elaboração do trabalho monográfico. A

presente pesquisa terá como fundamentação teórico-metododológico um

estudo de um caso específico: a contribuição do Supervisor escolar para

incentivar o hábito da leitura nos alunos do Fundamental II no Instituto

Educacional Conhecer, Construir e Viver. A palavra tem cor, sabor,

sentimento, emoção, paixão. A palavra deve despertar prazer. Tal reflexão

encontra respaldo no texto poético “Liberdade”, de Fernando Pessoa(1935,p.6):

Ai que prazer/ não cumprir meu dever./Ter um livro para ler/ e não o fazer!/ Ler é maçada / estudar é nada. / O sol doira sem literatura./ O rio corre bem ou mal, / sem edição original. /E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal /como tem tempo, não tem presa.../Livros são papéis pintados com tinta. / Estudar é uma coisa que está indistinta. / A distinção entre nada e coisa nenhuma. /Quando melhor é quando há bruma./ Espero por D. Sebastião. /Quer venha ou não!/ Grande é a poesia, a bondade e as danças.../ Mas o melhor do mundo são as crianças. /Flores, música, o luar, e o sol que peca/ só quando, em vez de criar, seca. / E mais do que isto/ É Jesus Cristo, / Que não sabia nada de finanças, / Nem consta que tivesse biblioteca... (FERNANDO PESSOA, 1935,p.6).

Jesus Cristo foi o maior contador de histórias de todos os tempos. E

contava as parábolas com satisfação, com prazer e todos gostavam de ouvi-lo.

Sem prazer, é impossível despertar interesse. O dicionário Aurélio traz a

seguinte definição do vocábulo prazer (Do lat. Placere.) Causar prazer ou

satisfação; agradar, aprazer, comprazer. Sensação ou sentimento agradável,

harmonioso, que atende a uma inclinação vital; alegria, contentamento,

satisfação, deleite. E é exatamente isso que a leitura deve desencadear nas

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crianças, tornando-as mais sensíveis, humanas, transbordando afeto. Em

poucas palavras, Geraldi (1996, p.32) apresenta um perfil que caracterizava a

conquista humana da técnica da escrita: “[...] o trabalho de escrever era menos

nobre do que o trabalho de ‘falar no conselho’, de ‘aplacar a multidão’. Os

escribas se encarregavam dos hieróglifos, da técnica.” Trata-se de produzir o

invariável, o idêntico, ou muito semelhante para a manutenção de uma

mensagem.

Ao divulgar que o sujeito se constitui como tal à medida que interage com os outros, sua consciência e seu conhecimento do mundo resultam como ‘produto sempre inacabado’ deste mesmo processo no qual o sujeito internaliza a linguagem e constitui-se como ser social, pois a linguagem não é o trabalho de um artesão, mas trabalho social e histórico seu e dos outros e para os outros e com os outros que ela se constitui, (GERALDI 1996, p.19)

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, focado, principalmente em

instrumentos que viabilizem o objetivo central. Um desses instrumentos é a

entrevista que possibilita correções, adaptações, esclarecimentos; sendo um

elemento eficaz na obtenção das informações que se pretende. A entrevista

estabelece um clima de interação entre entrevistado e entrevistador, criando

uma atmosfera de uma influência recíproca. Daí a escolha dessa modalidade

para o desenvolvimento deste trabalho. Sabe-se que as perguntas podem ser

fechadas ou abertas e nesse caso, a entrevista deu-se nessa modalidade, o

que contribuiu sobremaneira para que as respostas fluíssem em plenitude, sem

nenhum tipo de cerceamento. O objetivo da entrevista foi analisar, perceber,

pontuar as dificuldades dos professores e alunos no quesito “formar leitores” no

instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver e as intervenções feitas pela

profissional Supervisor. As entrevistas foram registradas através de anotações

rascunhadas. Como se trata de uma escola particular, com poucos alunos em

sua totalidade, apenas dois professores foram entrevistados; ambos com nível

superior, Pedagogia e Letras, respectivamente. A definição para o ensino da

escrita não se limita à mera reprodução de tipologias, de idéias, de sentidos

que, compartilhados em determinados números de linhas, tornam-se “textos”

direcionados à avaliação do professor. Evidentemente esta visão apresenta-se

demasiadamente vaga ao sustentar o peso inerentemente ilógico de um ensino

tradicional, no tocante àquilo que se refere ao significado. Nessa perspectiva,

para aprender a produzir texto, é necessário levar em consideração aspectos

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que vão além da aprendizagem com as letras, sílabas, palavras e frases; tais

unidades podem ser assimiladas, se o texto for trabalhado como um todo.

Assim, para que o escrever tenha existência de fato, é preciso que haja uma

necessidade comunicativa real, (BRASIL,2001,p.33).

Enquanto as crianças oriundas de famílias que fazem uso sistemático da escrita e da leitura passam a primeira infância aprendendo coisas desse tipo, em suas casas, com seus pais, tios e avós, as crianças privadas destas experiências estão aprendendo o que seria impensável a uma criança pequena de classe média alta: cozinhar para os irmãos menores, dar banho sem derrubá-los, acordar de madrugada para ir trabalhar na roça, ou na rua, vendendo objetos nos sinais de trânsito... As primeiras ocupam seu tempo desenvolvendo procedimentos que as farão se alfabetizar muito cedo; as últimas, por sua vez, estão desenvolvendo outros procedimentos relativos a suas experiências cotidianas: portanto o repertório de saberes é outro, é outra a bagagem de vida, como se dizia há algum tempo. Em outras palavras, algumas crianças não aprendem a ler e escrever aos seis ou sete anos pela mesma razão que as outras não aprendem a cozinhar, lavar, passar, cuidar da casa, carpir o roçado e desviar-se dos carros na rua. Quando a escola não valoriza esta diversidade de saberes, fruto das experiências anteriores faz com que estas crianças se sintam entrando em um novo mundo, estranho e hostil. Nessas condições, é de se esperar que eles percebam que não podem corresponder ao que os professores esperam delas e acabam desenvolvendo a crença de que são incapazes. Reconhecer as diferenças de repertório sobre a escrita implica um comprometimento efetivo com a aprendizagem dos alunos que não têm quase nenhum contato com textos e seus usos, pois são exatamente estes que mais dependem da escola para ter acesso ao conhecimento letrado. Respeitar e, de fato, considerar as diferenças, valorizar os saberes que os alunos possuem e criar um contexto escolar favorável à aprendizagem não são apenas valores de natureza ética: são a base de um trabalho pedagógico comprometido com o sucesso das aprendizagens de todos (BRASIL, 2001.b, p. 14-15).

A educação dos indivíduos precisa enfatizar a leitura como via de

inclusão social e de melhoria na sua formação e é justamente esse o trabalho

do Supervisor neste estabelecimento de ensino. O trabalho do Supervisor não

se estende às paredes do estabelecimento de ensino. Ao contrário. Deve-se

intensificar na sociedade, promovendo o resgate da cidadania, devolvendo a

auto-estima ao promover a integração social, desenvolvendo um olhar crítico

que possibilita formar uma sociedade consciente. Os professores entrevistados

manifestaram prazer na leitura, sendo eles mesmos, “viciados” na leitura, não

havendo demonstrando em nenhum momento algum problema em desenvolver

nas crianças o prazer, o gosto, o “vício” pela leitura. Ainda assim, várias

atividades correlatas foram propostas a fim de que os alunos aprendessem a

aprender na leitura, descobrissem os mistérios e os encantos da vida através

dos livros. Assim, se estabelece, pois, a relação dessas facetas do fenômeno

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lingüístico, não sendo possível considerar uma isolada de outra. O trabalho

com a gramática, numa perspectiva textual, implica essa interação, em que se

tem,(TRAVAGLIA,1996,p.235).

a) na leitura, a busca de compreensão, de “levantamento de efeitos de sentido possíveis” em face dos elementos que fazem parte, ou que constituem as seqüências lingüísticas que formam o texto. Essa busca de sentido deverá ser feita explorando o uso do léxico, das categorias gramaticais, das estruturas frasais, das flexões, de tantos outros aspetos e recursos formadores do texto; b) na produção de textos, oral ou escrita, a relação sobre a escolha dos elementos lingüísticos funcionam como recursos formadores do texto; c) no estudo da gramática deverá haver sempre a busca de análises sobre o funcionamento dos elementos da língua, procurando entender como se configuram no texto para possibilitar a produção de sentido. São marcas, pistas, que servem para fornecer instruções interpretativas; d) a exploração vocabular, a reflexão sobre os significados que as palavras possuem nos textos. Sua função de produtores de sentido em determinados contextos e co-textos. (TRAVAGLIA,1996, p.236).

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SUMÁRIO

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO I – LEITURA – O QUE É? O PRAZER EMOCIONAL DA

LEITURA 14

1.1 A LEITURA NA PERSPECTIVA DE UMA NOVA APRENDIZAGEM 20

1.2 A LEITURA E OS PARÂMETROS CURRICULARES (PCNS) 22

1.3 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA 26

1.4 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DO ALUNO-LEITOR 29 1.5 O PROFESSOR/LEITOR 34

1.6 QUANDO MATAM O LEITOR 38

CAPÍTULO II – LITERATURA – FUNÇÃO LITERÁRIA E FUNÇÃO

PEDAGÓGICA 41

CAPÍTULO III – INTERVENÇÃO DO SUPERVISOR PEDAGÓGICO NA FORMAÇÃO DO ALUNO-LEITOR 46 CONCLUSÃO 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62 ANEXOS 66

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INTRODUÇÃO “Viver é ler, ou mais bem, realizar sempre e de novo aquela

incapacidade de ler que é o destino do homem”.

(J.Hillis Miller, A ética da leitura)

Este trabalho tem como objeto de estudo “As contribuições do

Supervisor Escolar para a formação de leitores”, analisando a possibilidade de

que o hábito da leitura no Ensino Fundamental seja desenvolvido de forma

prazerosa e eficaz no Instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver. Ler é

interagir com o autor, procurar e produzir sentidos, vivenciar experiências. É

ser competente para compreender e decifrar a realidade. O texto não é único,

não está fechado em si. Seu espaço de interlocução, processado pela

interação discursiva leitor/autor, remete-nos à consideração de que há uma

incompletude, há uma relação com outros textos (a intertextualidade), com a

experiência do leitor e sua vivência de mundo. Embora a contribuição de Emília

Ferreiro e Teberosky (1985,p.283), tenha sido imensa ao mostrar a evolução

da aquisição da linguagem escrita nas crianças, investigar, isoladamente,

apenas este aspecto, não garante que a alfabetização vá acontecer de forma

diferenciada. Esta investigação deve acontecer juntamente, e deve ser

realizada como um balisador do trabalho do professor e não como uma

metodologia de trabalho de alfabetização, nem de avaliação tradicional.

Muito antes de ler de forma convencional, a criança já lê o seu mundo, ou seja, já observa e interpreta objetos, seres e situações de seu cotidiano. A escrita, por sua vez, não é algo desvinculado da leitura, é preciso que haja integração nos dois processos. Essa questão precisa ser levada em conta pelo profissional e ser devidamente valorizada durante as atividades escolares. (FERREIRO e TEBEROSKY 1985, p.284).

Ler compreende saber interpretar símbolos, imagens, gestos,

marcas textuais características, desenhos, etc., promovendo predições,

inferências e a comunicação das várias formas de textos entre si (dimensão da

intertextualidade). O presente trabalho busca apresentar as diretrizes que

seguirá na busca de táticas que levem os alunos a tomarem gosto pela leitura

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no Ensino Fundamental e que sejam inebriados pela paixão de ler, e sentir-se

parte das histórias, dos contos, poemas e diversos textos com os quais tenham

contato. A ênfase que se está dando ao conhecimento sobre as características

discursivas da linguagem- que, hoje, sabe-se, essencial para a participação no

mundo letrado - não significa que a aquisição da escrita alfabética deixe de ser

importante. A capacidade de decifrar o escrito é não só condição para a leitura

independente como verdadeiro rito de passagem - um saber de grande valor

social. (PCN Língua Portuguesa, MEC, 1997, p. 34).

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que se sabe sobre a língua: característica do gênero, do sistema de escrita, etc, (PCN Língua Portuguesa, MEC, 1997, p. 53).

O objetivo do trabalho com a leitura na escola deve ser o de formar

leitores competentes, analisando as ações propostas pelos profissionais da

educação em relação às dificuldades encontradas para o êxito do trabalho,

desenvolvendo no aluno a capacidade de interpretar as mensagens do autor,

extrair informações, estabelecer relação entre a realidade e a fantasia,

transformando o leitor apático em leitor ativo, crítico e analítico.

Entende-se por leitor alguém que saiba selecionar, dentre o texto de circulação social, aquilo que atenda às suas necessidades: que consiga ler não aquilo que está explicitamente escrito, mas também aquilo que está implícito. Além disso, o leitor deve conseguir estabelecer relações entre o texto que lê e os outros textos lidos. (PCN Língua Portuguesa, MEC, 1997,p.54).

Nesse sentido busca-se através de um estudo científico investigar

formas que levem os alunos a tomarem gosto pela leitura não de forma

impositiva, mas de forma prazerosa e completamente voluntária. Assim, o

objetivo deste trabalho de pesquisa é que seja criado na escola um espaço de

reflexão, onde o professor e o supervisor pedagógico possam construir

caminhos para ampliar o universo da leitura, incentivando a criança e o

adolescente, favorecendo e dinamizando o ambiente para tal iniciativa. É

responsabilidade do Supervisor Educacional a orientação dos educandos,

interagindo com os professores, sempre buscando detectar ou sanar as

dificuldades na aquisição do hábito de ler por prazer na escola.

Este trabalho enfoca “As contribuições do Supervisor escolar na

formação de leitores a partir do Ensino Fundamental no Instituto Educacional

Conhecer, Construir e Viver. O estudo se constitui das seguintes etapas: No

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capítulo I busca-se pesquisar a leitura, a literatura, o leitor, o trabalho dos

profissionais da área, a função da escola, os Parâmetros Curriculares (PCNs) e

ainda, a leitura na percepção de Paulo Freire. Realiza-se também neste

capítulo um estudo sobre a importância da família e do professor na formação

do aluno/leitor, bem como fatores que devem ser considerados, como

afetividade, emoção e prazer. Pretende-se estudar ainda a questão dos fatores

que contribuem para “matar” o leitor. O Capítulo II pretende descrever sobre a

literatura (função pedagógica e função literária). Nessa perspectiva, não se

deve abandonar jamais a função poética, deve-se, ao contrário, associá-la à

função referencial da linguagem. O capítulo III aborda a questão de como o

Supervisor Pedagógico pode contribuir para a formação de leitores,

incentivando a prática de leitura com prazer e alegria. Aborda também o caráter

lúdico, aquele que desperta o imaginário da criança. Concluindo o estudo,

alguns aspectos são apontados como contribuição do Supervisor Educacional

e do Professor na formação de leitores críticos e competentes no Instituto

Educacional Conhecer, Construir e Viver a partir do Ensino Fundamental I e II,

na cidade de Joaíma, em Minas Gerais. Para Cox e Silva (1999, p.12), o

debate educacional acerca do que significa ler, assim como do que significa

aprender a ler, está em pauta nos setores acadêmicos, projetando um novo

paradigma de leitura para o século XXI. A língua não é uma mera forma para o

pensamento ou um mero código para a comunicação. A começar pela

alfabetização, a leitura na escola deve ultrapassar o mero domínio da técnica,

destacam em sua análise que é preciso exigir mais da escola: não apenas

alfabetizar mas também leiturizar. O trabalho pedagógico com a leitura deve

ser pensado como um meio de tornar leitores produtores de sentido e não

receptadores de textos.

O debate educacional acerca do que significa ler, assim como do que significa aprender a ler, está em pauta nos setores acadêmicos, projetando um novo paradigma de leitura para o século XXI. A língua não é uma mera forma para o pensamento ou um mero código para a comunicação,(COX e SILVA.1999, p.13).

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CAPÍTULO I

LEITURA – O QUE É? O PRAZER EMOCIONAL DA LEITURA

Os prazeres da leitura são múltiplos. Lemos para saber, para compreender, para refletir. Lemos também pela beleza da linguagem, para nossa emoção, para nossa perturbação. Lemos para compartilhar. Lemos para sonhar e para aprender a sonhar (há várias maneiras de sonhar...) A melhor maneira de começar a sonhar é por meio dos livros, (MORAES.1992,p.72).

Saber decifrar códigos não significa saber ler. Ler é ser provocado

pelo mundo, pelas pessoas e buscar respostas, pensar, questionar, interagir,

construir pensamentos observando o que se leu nos livros, levantando

hipóteses, buscando respostas sobre questionamentos, interrogando a escrita,

não reduzindo ou extrapolando significados do que se leu.Ler é adquirir a

capacidade de explorar, entender o que foi lido, interpretar, desenvolver o

raciocínio, desenvolvendo também o lado crítico. “A boa leitura é uma

confrontação crítica com o texto e as idéias do autor”. (BAMBERGER, 1999, p.

10). Afinal, o que é a leitura para a sociedade? O que representa a leitura para

a nossa sociedade? E para a escola? Seria a leitura tão fundamental e tão

necessária? Por quê?

O verbo ler está na sua origem, na etimologia da palavra leitura,

proveniente do latim legere. Na sua primeira acepção, e pouca gente tem

conhecimento disso, pertencia ao vocabulário agrícola, com o significado de

ajuntar, armazenar, colher. Para a sociedade daquela época, legere era um ato

extremamente sagrado: a sobrevivência do grupo dele dependia. Por isso

mesmo, a atitude de colher vestia-se de uma sacralidade, festejada em rituais

como representação de fertilidade.

Incentivar o pleno uso das potencialidades do indivíduo em sua leitura, de modo a influir ao máximo no seu bem estar e levá-lo a auto-realização; o emprego eficiente da leitura como um instrumento de aprendizado e crítica e também de relaxamento e diversão; ampliação constante dos interesses de leitura dos estudantes; estimular atitudes que levem a um interesse permanente pela leitura de muitos gêneros e para inúmeros fins. BAMBERGER, 1999, p. 23).

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Para Pennac (1998, p.145), o verbo LER não admite, não suporta

imposição, o uso do imperativo é insuportável, é impossível “mandar” ler. E

ainda faz analogia: “Como é que a gente obriga alguém a amar, a gostar?”

Assim, ancorados em Pennac (1993, p.139), os leitores têm direitos e modos

diferenciados de ler, em casa, na escola. Somente assim, tornam-se capazes

de entender e perceber as múltiplas riquezas da cultura escrita. Para Chartier,

“saber ler é outra coisa, não somente poder decifrar um livro único, mas

mobilizar, para a utilidade ou o prazer, as múltiplas riquezas da cultura escrita”.

(Chartier. 2004. p.247).

Eni Orlandi (2000.p.7) lembra que a palavra leitura é polissêmica,

isto é, tem mais de um significado: atribuição de sentido, quando empregada

tanto para a linguagem escrita quanto para a linguagem oral; e ainda,

concepção de sentido, quando se refere à leitura de mundo. Essa polissemia

da palavra remete à ideia de que sendo cada pessoa única em experiências, a

leitura, realmente cria condições igualmente ímpares em aprendizagem,

compreensão e aproveitamento.

É necessário liberdade inclusive para a escolha do que se deseja lê, pois será ela que garantirá a eficácia na produção de textos. Em outras palavras, a liberdade de escrever não saberia se acomodar com o dever de lê,(PENNAC.1998,p.145.).

Para Rubem Alves,(2001,p.2) a leitura é algo essencial na vida das

pessoas. Através da leitura, repensa-se os próprios valores e experiências,

possibilitando-se identificar com os outros. A leitura não somente enriquece as

pessoas como também contribui para torná-las melhores, mais humanas,

habilitando-as a ler melhor também o mundo. Ler é estimulante, é mágico, é

intrigante. A leitura é capaz de transportar os leitores para um mundo de

fantasia, de mistério, de melancolia, de ternura, de prazer, tristeza e alegria,

para outros tempos, outros lugares, outras culturas, novos universos; enfim, ler

faz sonhar, apura o pensamento, torna a linguagem mais elaborada e ainda é

divertido.

O interesse da criança pela leitura começa quando esta fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a estória. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança escuta com prazer. (ALVES, 2001, p.2).

Os livros são simples ou complexos e é justamente essa

diversidade que torna a literatura uma atividade que recompensa e que seja

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estimulante.. Muitas vezes, a cada releitura de um mesmo texto, há

abordagens diferenciadas. Cada leitor tem a sua abordagem individual, (que

lhe é peculiar, característica), mas o melhor método, com certeza, sem

nenhuma margem de dúvida, é ler o livro várias vezes, extraindo sabores

diversos, entendimentos distintos.

A leitura acrescenta uma melhora significativa para o

desenvolvimento cognitivo, social e intelectual do ser humano. As emoções

influenciam muito as atitudes das acrianças e isso é desconsiderado a partir do

no momento em que a esfera cognitiva do cérebro é estudada. Por isso mesmo

é que a parte cognitiva não pode ser vista separada completamente da afetiva.

No comportamento humano sempre está presente, em maior ou menor escala,

o racional e o emocional. E muitas vezes, é o lado emocional que impulsiona o

pensamento da criança. Quando o professor aproveita o emocional pra iniciar

um processo de aprendizagem,, a cena fica “gravada” e a aprendizagem

acontece de forma espontânea, natural. Pra sempre, voltada para a inteligência

cognitiva, a psicologia acabou deixando de reconhecer o quanto as emoções

agem no pensamento humano. Essa tendência, felizmente e, gradativamente,

está mudando. O ponto de vista das competências intelectuais humanas de

Howard Gardner em Estruturas da mente – A teoria das inteligências múltiplas

Gardner,(1983,p.61) e a proposta de educação das emoções em Inteligência

emocional fizeram com que fosse despertado enorme interesse pela mente

emocional e novos espaços foram abertos para o estudo nessa direção.

Compreende-se daí que a leitura é um ato emocional e racional. Através dela

abrem-se novos horizontes, aprofundam-se conhecimentos, alarga-se a mente

numa dimensão inimaginável, (intelectual, emocional, afetiva). Mas é mister o

uso de estratégias intervenção de profissionais como professores e

especialistas pedagógicos que tenham descoberto o prazer de ler, levando-se

em consideração que educação de qualidade se faz com leituras e com

leitores.

Cabe a tais profissionais a tarefa de transformar a escola numa

comunidade de leitores, formando praticantes de leitura e não sujeitos que

sejam competentes apenas para “decifrar” códigos. A leitura forma seres

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humanos críticos, capazes de ler nas “entrelinhas”, perceber o explícito e o

implícito.

Ressalta que “o poeta pode servir como um guia confiável, ou como uma apresentação conveniente, para o domínio da inteligência lingüística”. (GARDNER 1983, p. 61)

Freire,(1985,p.23),o ato de ler é um processo complexo,

abrangente, em conexão permanente com o mundo onde se vive. Ler significa

entender o mundo através de uma característica singular ao homem: sua

capacidade de interação com o outro através da verbalização. Isso pressupõe

também um contexto. Assim, a recepção de um texto jamais será entendida

como algo passivo, pois quem o escreve o faz pressupondo um outro. Não

existe leitor/texto sem essa interação. Ler, então, é entender o mundo através

da percepção de um contexto recebendo influências de um determinado

momento nesse mesmo contexto. Não por outra razão.

Diz que a “leitura do mundo” precede a leitura da palavra, isto é, a interpretação do texto se dá a partir de uma leitura crítica, estabelecendo-se uma relação estreita entre texto e contexto, (FREIRE.1985, p.23).

Um leitor crítico, quando lê, não está apenas decifrando sinais,

está se posicionando como co-enunciador, dialogando com o escritor,

conversando, sendo sujeito ativo, compreendendo e estabelecendo conexões.

Quando a leitura é feita de maneira crítica, cria-se um texto dentro de um outro

texto, gerando expressividade, compreendendo o mundo e nele atuando como

cidadão, no mais pleno sentido da palavra. Nessa perspectiva, o leitor se

envolve com o texto nos mais diversos aspectos: sensoriais, emocionais,

intelectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos e

políticos.

A leitura é sempre uma coisa espantosa. Muito simples. Muito

complexa. Um paradoxo. Não há muito o que se falar. Há bastante do que se

falar. E ler sempre vai fazer a diferença. Em qualquer lugar do mundo. Em

qualquer coração. Ler humaniza, diverte, anima, toca a alma.

Hoje, fala-se muito em leitura, o assunto leitura está na moda nos

últimos anos tanto na área da educação quanto na área da Cultura.

Entretanto, não houve avanço que merecesse destaque na

formação do gosto e do prazer de se ler. Caminhou-se muito pouco em relação

ao muito que se deve caminhar para que se atinja a excelência em leitura.

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Na escola, a meta dos supervisores e professores é que se crie

uma sociedade leitora e crítica, na qual todos lêem. O fundamental seria que

fosse criado um mutirão, uma corrente, um investimento maciço no Homem,

em seu potencial e em sua força.

Consta que cabe ao supervisor pedagógico e ao professor buscar

alternativas que viabilizem a prática da leitura na escola.

No momento atual, a tônica no ensino de Português está no texto.

Não se sabe ainda, com muita clareza é como colocar boas idéias em prática

nas salas de aula. O trabalho dos profissionais nesta área consiste em reunir

questões teóricas sobre leitura que dêem consistência a essa prática

pedagógica.

Na verdade, não existem receitas prontas, não há uma excelência

de como formar leitores competentes. Vale estimular a sensibilidade, a

criatividade e a criticidade a fim de que se forme uma cidadania plena. Essa

motivação deve acontecer ainda na pré-escola, sabendo-se, através de

pesquisas científicas que a capacidade plena de pensar acontece nos seis

primeiros anos de vida da criança. Carlos Drummond de Andrade, (1980,p.19),

poeticamente, reflete sobre o fato que a poesia venha a fenecer justamente no

recinto responsável pelo desenvolvimento da pessoa em todas as suas

dimensões.

“Se é triste vivermos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados, enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem”. (DRUMMOND.1980, p.19).

Para Rubem Alves,(2001,p.5), o professor, deve-se ensinar a ler

pelo prazer, pela fascinação. Para ele, tudo começa quando a “criança fica

fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro dos livros”. Começa-

se a ler antes de conhecer as letras. É o encantamento que a história desperta

na alma das crianças que faz a leitura acontecer, de forma prazerosa,

erotizada, erotizante, pelas delícias da leitura ouvida, a criança se volta para

aqueles sinais maravilhosos, misteriosos, chamados letras. Daí, elas tentam

decifrar esses enigmas, compreendê-los; afinal, as letras são as chaves com

as quais se abre o mundo encantado, o mundo delicioso que mora dentro do

livro. O professor liga o aluno ao prazer do texto. As aulas de literatura devem

ser como um “concerto”. O professor lendo e interpretando e os alunos,

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extasiados, ouvindo. Para Rubem Alves, todo texto literário é uma partitura

musical. As palavras são as notas. E acontece uma harmonização entre texto e

interpretação.

Acredita que toda aprendizagem começa com um pedido. Um “pedido para ler, para entender”. Diz que se não houver o pedido, a aprendizagem não acontecerá. (ALVES 2001, p.5).

A leitura, então, é uma droga perigosa: vicia... Pois “ler é fazer amor

com as palavras”. E essa “transa” literária começa antes que as crianças

saibam o nome das letras. Desconhecendo a leitura, elas já são sensíveis à

beleza do som das palavras. “Já disse que analfabeta não é a pessoa que não

sabe ler. É a pessoa que, sabendo ler, não gosta de ler”,

(QUINTANA.1978,p.13). O mundo lúdico da infância é sério e, por isso, os

adultos que trabalham com as crianças não podem arrancá-las dessa

brincadeira, que é coisa séria. É por viver neste mundo em que uma lata de

sardinha além de lata pode ser trem, que a criança cresce e explora o mundo,

conhecendo se, descobrindo-se e entendendo-se naturalmente. O brinquedo é

um meio, um suporte material que facilita o ato de brincar, mas a ausência dele

não impede a vivência do lúdico porque ela usa a imaginação. Sem

brinquedos, a criança precisa de espaço físico e de tempo para imaginar. Há

diferentes formas de brincar. Logo que nascemos, nossas atividades lúdicas

são de exploração do corpo, dos movimentos, dos sons, do espaço, da

comunicação. O processo de construção do conhecimento se dá basicamente

pela experimentação e manipulação de si e do mundo ao redor, pelo prazer de

descobrir e, satisfazendo a curiosidade, conhecer.

No auge da confusão, levaram Lili para a cama, à força. E o trem ficou tristemente derrubado no chão, fazendo de conta que era mesmo uma lata de sardinha (QUINTANA, 2005, p. 10).

É função primordial da escola ensinar a ler, ampliar os domínios dos

níveis de leitura. Levar a leitura como prazer na escola é tarefa de todos os

envolvidos na educação e ao supervisor escolar, em especial, cabe-lhe garantir

a participação da sociedade letrada, conduzindo a leitura como uma prática

alternativa, uma proposta renovadora e inovadora. É através do ato de ler que

a criança se comunica com o mundo, vive situações e estimula emoções.

Leitura é, pois, fonte de prazer e de realização pessoal. O ato de ler

desperta emoções, desperta os sentidos e desperta também a razão É o prazer

emocional que, inicialmente, dará o sentido que a criança busca no texto. Uma

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vez descoberto esse prazer, haverá uma conseqüente evolução nos diversos

níveis de leitura, na sua compreensão e no seu entendimento. “É interessante

observar que enquanto a criança lê, seu estado emocional pode ser alterado”

(MORGAN. 1977, p.23).

O prazer implica a satisfação da realização de algum objetivo. Esses objetivos variam segundo a maturação de capacidades, que aparecem no nascimento e serão desenvolvidas ao longo da vida. (MORGAN 1977,p.36).

1.1 A LEITURA NA PERSPECTIVA DE UMA NOVA APRENDIZAGEM

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto, alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... (Mário Quintana)

Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar o

mundo, o que não se faz sem abertura ao risco e á aventura do espírito. (

FREIRE.1997.p.77). Com certeza, é unânime entre estudiosos da leitura que o

indivíduo deve compreender o funcionamento do processo de construção da

escrita e da leitura, encontrando sentido no que está fazendo e, como sujeito

ativo, também no aspecto da linguagem, depara-se com a realidade,

construindo conhecimento, criando teorias e hipóteses, comparando-as entre

si, modificando-as, buscando alternativas, eliminando o supérfluo e,

principalmente, extraindo a sua essência. E é buscando significados ao

aprender a ler e escrever que seus conhecimentos são ampliados e seus

horizontes multiplicados, sempre interagindo com grupos sociais diversos,

desafiando dessa forma seu potencial em preencher cada vez mais as lacunas

do saber.

O domínio da leitura, também como fonte de informação, é

condição essencial para enfrentar as experiências do mundo contemporâneo

com êxito, com sucesso; isso possibilita tomada de decisões mais conscientes

e, conseqüentemente, com maior percentual de acerto.

A leitura representa também, sem sombra de dúvida, a inserção do

indivíduo na sociedade. O educador Paulo Freire assegura a importância de

que sejam oferecidos ao educando textos de seu interesse, com estilos e

funções distintas, mas que façam parte de sua realidade, que traduzam seus

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interesses e que acolham suas necessidades. Comungando o mesmo

pensamento, Emília Ferreiro, Ana Teberosky, Rubem Alves, Paulo Freire

destaca a importância de que a leitura seja feita em voz alta como maneira de

ampliar a idéia de quem está aprendendo sobre o processo de construção da

escrita. A entonação de voz, as pausas, pontuação, ritmo, são aspectos que

devem ser considerados em conta pelo professor/especialista ao ler um texto,

já que a audição deve ser um exercício constante, pois auxilia os alunos a

compreender melhor a relação entre o som e a língua escrita/ imagem.

A importância do ato de ler evidencia a necessidade de desenvolver a compreensão crítica da leitura que não se esgota na decodificação das palavras, mas “se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. Nesse sentido, texto e contexto não podem ser entendidos de maneira distinta, isolada, uma vez que o sentido e o significado de cada um se esvaziam e perdem seu valor, (FREIRE, 1978.p.65).

Segundo Paulo Freire(1997,p.94),a leitura do mundo precede a

leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da

continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem

dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica

implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. Nesse aspecto, a

intervenção do supervisor pedagógico é interessante, pertinente e faz a

diferença. A leitura deve ser contextualizada, fazendo sentido para o dia-a-dia

do aluno. Conclui-se que quando os conceitos matemáticos são extraídos de

situações reais, a língua Portuguesa e a matemática aparecem tão

naturalmente, tão espontaneamente que é até prazeroso descobrir tais “objetos

de estudo”. A aprendizagem, então, acontece de maneira bastante satisfatória

e natural, pois gera uma discussão em torno do tema e uma crescente

necessidade em aprender. São trabalhos feitos a partir de temas geradores

que garantem uma aprendizagem significativa para os alunos que ficam mais

atentos, menos dispersos, mais concentrados, ouvindo coisas do seu interesse,

que fazem parte de seu mundo. A intervenção do profissional pedagógico

nesse momento é identificar o que os alunos já sabem sobre o tema, como

essas opiniões foram formadas e criar situações para que as mesmas sejam

ampliadas, confrontadas e com a ajuda do professor, possam ainda ser

reconstruídas e ou reformuladas.

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O aluno precisa de espaço, precisa posicionar-se, ser sujeito, não

aceitar o discurso autoritário dos profissionais. Assim agindo, há reflexões,

associações, comparações, inferências. É o ato de ler para se libertar, para ser

independente e flexível na formação de idéias e opiniões. Uma leitura

verdadeiramente plena, libertadora.

A leitura não acontece de forma mecânica, decifrando códigos

apenas. A leitura é muito mais do que isso. É entender o que foi lido, perceber

o que está implícito, não extrapolar, não deduzir contradizendo. Precisa-se

compreender o ato de ler com a consciência de que essa leitura comunica

alguma coisa, oferece hipóteses e que é possível estabelecer relações do que

está escrito com as experiências de quem está lendo; fazem-se, daí, diversas

conexões, “viajando”, sempre buscando o que se conhece do mundo.

Conscientes de seu papel, o supervisor pedagógico intervém no

processo ensino/aprendizagem da leitura e usa ferramentas de comunicação

como som, imagem, dinâmicas, que facilitam o melhor entendimento dos

conceitos aqui vistos. E com o auxílio destas ferramentas comunicacionais,

explicam ao professor a importância de um planejamento.

É interessante que o aluno perceba que a relação entre a fala e a

escrita não é exata e que a língua portuguesa é constituída de diversas

irregularidades e, portanto, existe diferença entre a língua escrita e a língua

falada. Isso diminui o medo, aumenta a auto-estima do aluno e sua criatividade

vem á tona. O aluno percebe que a escrita e a leitura são habilidades que

podem ser aperfeiçoadas ao longo do tempo. Ganha confiança e o letramento

é conseqüência.

Educação é o “alicerce do desenvolvimento sócio-cultural e que o letramento é o passaporte para um novo e melhor patamar dos alunos na nossa sociedade. È a chave para a tão falada inclusão social.O aluno percebe seu papel na sociedade com a consciência do que essa “descoberta” representa na sua vida,(FREIRE.1997,p.96).

1.2 A LEITURA E OS PARÂMETROS CURRICULARES (PCNS)

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para descobrir o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai, enfim alcaçaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando

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finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - Me ajuda a olhar! (Eduardo Galeano- Pescadores de vida)

Distante da tradicional pedagogia, cujo centro era o professor, e

“cuja função se define como a de vigiar e aconselhar os alunos, corrigir e

ensinar a matéria” (PCN, vol. 1., 2000, p. 13), a expressão cidadania ganhou

reforço, passando a ser referência do princípio norteador de valorizar o

indivíduo (aluno) como um ser ativo, social e livre. Repousa aí a capacidade de

inclusão social como meta para o exercício da cidadania, adequando os

conteúdos curriculares a essas várias vivências, respeitando o universo cultural

dos indivíduos e ainda registra o desenvolvimento de capacidades “que lhes

permitam produzir e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos” (PCN,

vol.1, 2000, p.44).

E a Língua Portuguesa sofreu alternações, visando a transformar o

perfil social do aluno, através de um projeto que também oferecesse acesso

aos “saberes lingüísticos necessários para o exercício da cidadania, direito

inalienável de todos” (PCN, vol. 1, p. 15). A nova LDB, no seu Art. 36, passou a

considerar a Língua Portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao

conhecimento e exercício pleno da cidadania, deixando de lado os privilégios

de um determinado grupo social. Nascia uma nova exigência da sociedade. E o

PCN-Língua Portuguesa finaliza: “Assim, um projeto educativo comprometido

com a democratização social e cultural atribui à escola a função e a

responsabilidade de garantir a todos os alunos o acesso aos saberes

lingüísticos necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de

todos” (PCNs-1, 2000, p.23). Nascia também a partir daí a ênfase ao papel do

aluno, cidadão e leitor.

Compreender os texto orais e escritos com os quis se defrontam em diferentes situações de participação social, interpretando-os corretamente e inferindo as intenções de quem os produz; Valorizar a leitura como fonte de informação, via de acesso aos mundos criados pela literatura e possibilidade de fruição estética, sendo capazes de recorrer aos materiais escritos em função de diferentes objetivos; Utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem, sabendo como proceder para ter acesso, compreender e fazer uso de informações contidas no texto: identificar aspectos relevantes; organizar notas; elaborar roteiros; compor textos coerentes a partir de trechos oriundos de diferentes fontes; fazer resumo, índice, esquemas, etc (PCN, vol. 2, p. 41).

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Com certeza, esses objetivos tão claros pressupõem um leitor bem ativo,

evidenciado no item específico “Língua escrita: usos e formas”, (PCN, vol. 2,

p.52), referindo-se à linguagem escrita, mas estabelecendo ou acentuando a

complementaridade entre uma e outra; relação essa capaz de modificar ou

mesmo construir o conhecimento de gêneros textuais diferentes. Portanto, a

formação de leitores competentes ou mesmo escritores é um dos objetivos do

PCN, (PCN, vol. 2, p. 53). Competente é o leitor que compreende o texto;

compreende o que está escrito e também o que não está escrito. Lê “pistas” e

interpreta, estabelecendo relações intertextuais, atribuindo os vários sentidos

de um texto e ainda consegue “justificar e validar a sua leitura a partir da

localização de elementos discursivos” (PCN, vol. 2, p. 54).

De acordo com o PCN, o leitor é percebido como aquele que sabe

construir o sentido do texto de maneira eficiente.

Para tornar os alunos bons leitores – para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura – a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a “aprender fazendo”. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente (PCNs, vol. 2, p. 58).

Assim é que a dominação da leitura tornou-se parte fundamental na

possibilidade de uma participação social plena: acesso à informação,

construção de mundo ou partilha de visões de mundo ou mesmo produção de

conhecimento (PCN, vol 1, 2000). As propostas de trabalho constantes nos

Parâmetro Curriculares Nacionais (PCNs. 1997,p.49), valorizam a participação

crítica do aluno diante da sua língua, pois mostra a pluralidade e as variedades

inerentes a qualquer idioma.

Com a Língua Portuguesa não poderia ser diferente. A aprendizagem da

língua reflete no ensino como um todo, contribuindo para a formação de

cidadãos críticos e conscientes. O aluno deveria considerar a língua em uma

perspectiva mais ampla. Hoje, com esse novo olhar, porque foram isolados os

excessos de regras e tradicionalismo típicos das escolas tradicionais

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objetivando um questionamento de regras e comportamentos lingüísticos. Já

não se permite mais uma teoria gramatical inconsistente, irreal, distante da vida

do aluno. Ao contrário, nessa perspectiva de ensino de língua, apresenta a

leitura e a produção de textos como a base para a formação do aluno,

provando que a língua não é homogênea, mas sim, um somatório de

possibilidades condicionadas pelo uso e pela situação discursiva. E é

justamente a partir dessas situações discursivas que o aluno poderá se

constituir como cidadão e exercer seus direitos como usuário da língua. A

grande novidade dos PCN é a inclusão de textos orais no ensino da língua.

Segundo os PCN, é a pluralidade de textos, escritos ou orais, literários ou não,

que fará o aluno perceber como se constrói ou como se estrutura sua língua.

Através da leitura dos textos produzidos pelos próprios alunos e

analisados simultaneamente na sua estrutura gramatical, sintática e

morfológica, provando que a gramática não é algo tão abstrato, tão fora de sua

realidade.

A conversa entre professor e alunos é, também, uma importante estratégia didática em se tratando da prática de produção de textos: ela permite, por exemplo, a explicitação das dificuldades e a discussão de certas fantasias criadas pelas aparências. Uma delas é a da facilidade que os bons escritores (de livros) teriam para redigir. Quando está acabado, o texto praticamente não deixa traços de sua produção. Este, muito mais que mostra, esconde o processo pelo qual foi produzido. Sendo assim, é fundamental que os alunos saibam que escrever, ainda que gratificante para muitos, não é fácil para ninguém, (PCN, Língua Portuguesa. 1997, p.50).

Muitas vezes nem o professor conhece os PCNs; ou, conhecendo-

os, não se sinta apto a colocá-los em prática. O supervisor escolar deve

oportunizar tal conhecimento e ainda colaborar na sua aplicabilidade. Ainda

que não se consiga colocar em prática tudo o que sugerem os PCNs, muitas

sugestões são possíveis e necessárias, pois a leitura na escola é fator

indispensável a uma aprendizagem plena. Os erros e os equívocos provocados

pela falta de leitura, pela incompetência em escrever e ler textos não podem

mais continuar. Havendo adequação na metodologia, dificilmente haverá

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desastre na aquisição da leitura como “prazer” e “hábito”. Isolados, sozinhos,

os (PCNs.1997,p.61), nada dizem, contudo indicam caminhos, apontam

diretrizes, alternativas. Dessa forma, o supervisor pedagógico, consciente de

sua função social, cabe a missão de complementar vazios percebidos no

material pedagógico utilizado na escola.

É necessário uma reflexão com os alunos sobre as diferentes modalidades de leitura e os procedimentos que elas requerem do leitor. São coisas distintas, diferentes como ler para se divertir, ler para estudar, ler para descobrir o que deve ser feito, ler para escrever, ler tentando descobrir a intencionalidade do autor/escritor ou ler apenas para uma revisão. É diferente de ler, em busca de significado – a leitura, de um modo geral – e ler em busca de inadequação e erros – a leitura para revisar. Esse é um procedimento bastante especializado que precisa ser ensinado em todas as séries (em todos os anos, deixando variar apenas o grau, o nível de aprofundamento em função da capacidade dos aluno. (PCN Língua portuguesa1997, p.61).

1.3 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

“Oh! Bendito o que semeia livros/ Livros à mão cheia/ e manda o povo pensar/ o livro caindo n’alma/ é gérmen - que faz a palma/ é chuva – que enche o mar!” (Castro Alves)

A leitura nos fala de maneira mais precisa o que queremos dizer ao

mundo, “assim como nos dizer a nós mesmos”, (COSSON, 2006, p. 17). A

sede de saber é impaciente, porque ler é uma necessidade da alma, é uma

necessidade do espírito. O livro na mão é realmente bendito; exige que o povo

pense. Quando o livro cai na alma, é chuva de verdade, chuva forte que faz o

mar. E quanto mais lemos mais nossa alma fica insaciável. É nesse momento

que se passa a compreender melhor o mundo.

A leitura é companheira constante e assídua, pontual. Lê-se de

tudo, pintura, textos, propagandas, expressões faciais, gestos, placas, sinais,

enfim, vive-se interpretando o sentido das pessoas e das coisas. A leitura é

algo tão importante e tão natural que se lê e nem se dá conta dessa leitura.

A atividade de leitura, na verdade, não é uma simples

decodificação de símbolos. Vai além. Lê quem interpreta, quem compreende o

que se lê.

A compreensão semântica é fundamental. A leitura exige alguns

conhecimentos prévios do leitor: os lingüísticos, responsáveis pelas normas

gramaticais, pelo vocabulário e pelo seu uso; os textuais, que são as noções e

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os conceitos que se tem sobre os textos; e o de mundo que representa aquilo

que o leitor armazenou ao longo da sua vida, englobando o seu conhecimento

de mundo, sua bagagem cultural. Para que uma leitura seja feita efetivamente,

é necessário a interação de todos esses conhecimentos. Por isso mesmo é que

dizem ser a leitura um processo completamente interativo.

Confirma essa idéia da solidariedade na leitura: “ao ler, estou abrindo uma porta entre meu mundo e o mundo do outro. O sentido do texto só se completa quando esse trânsito se efetiva, quando se faz a passagem de sentidos entre um e outro”. E acrescenta que abrir-se ao outro para compreendê-lo, ainda que isso não implique aceitá-lo, é o gesto essencialmente solidário exigido pela leitura. (COSSON 2006, p. 27).

A inferência subjetiva que assume a atividade da leitura: cada um

faz a leitura com os olhos que têm. Igualmente, interpretam onde pisam os pés.

Todo ponto de vista é à vista de um ponto. E para entender o que alguém lê é

necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isso faz

da leitura uma releitura. Concluindo, cada leitor é também um co-autor. Daí

dizer que ler é compreender, refletir, posicionar-se. E para que isso aconteça,

deve-se observar todos os processamentos cognitivos da leitura e ainda

comprometer-se com a leitura. O leitor não pode ser passivo; ao contrário; deve

ser um leitor crítico, ativo. É também preciso que o leitor se projete no texto,

considerando sua vivência, suas emoções, expectativas, preconceitos,

buscando sempre um sentido maior.

Assim, em busca de um sentido, o autor se mergulha no texto. A

amplitude do texto tem como limite único a imaginação do leitor. O leitor

constrói imagens, fantasia, imagina, cria situações sobre o que está sendo lido.

Trata-se de uma atividade prazerosa, cheia de frutos, emocionante e intrigante,

além de muito importante.

A leitura é útil porque através dela, nós adquirimos conhecimentos

e cultura. E isso, sem dúvida, prepara o cidadão para enfrentar mais estudo e

ainda o duro mercado de trabalho. Se a leitura amplia seu horizonte intelectual

e provoca sentimentos, através de reflexões, permite também ao aluno que as

portas de sua percepção sejam abertas. Motivado pela curiosidade e pelo

desejo de crescer cada vez mais o leitor torna-se competente para ler nas

entrelinhas e sua visão de mundo é ampliada, assim como suas expectativas e

seus sonhos. O autor oferece a casa estruturada, através do livro. O leitor, uma

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vez dentro da casa, coloca nela tudo o que quiser tudo o que julgar necessário:

porta, janela, telhado, jardim, chaminé, enfim, coloca a casa do seu jeito. Nessa

perspectiva, a leitura se apresenta como um poderoso e essencial instrumento

de libertação e também instrumento de sobrevivência.

Para que a leitura, realmente, tenha uma característica prazerosa,

válida e cheia de sentido é necessária a vontade do leitor. Ler pode ser tão

prazeroso que transporta o leitor para as nuvens, numa completa relação de

amor com as letras. O autor é parte importante nessa interação. Seu texto deve

ter um estilo agradável, com um vocabulário acessível e que provoque no leitor

uma vontade de que a leitura nunca acabe que o leitor fique curtindo cada

pedacinho. Após a leitura de cada livro, o leitor fica enriquecido, com novas

idéias, novas abordagens, novos conhecimentos. Ler também é estimulante,

pois, como as pessoas, são intrigantes, melancólicos, assustadores,

complicados, simples, misteriosos. Os livros transportam o leitor a outros

tempos, a outros lugares, a outras culturas. Os livros também provocam

conflitos, apontam soluções, fazem sonhar, fazem pensar, fazem repensar. Só

lendo é que se consegue descobrir o quanto a leitura é importante para o

desenvolvimento cognitivo, social e intelectual do ser humano. Ler é essencial.

Através da leitura testa-se a experiência, novos valores são percebidos, são

postos à prova. É preciso também que seja criado um fortíssimo vínculo entre

leitor e livro, que a leitura funcione como um imã, atraindo e prendendo o leitor

estabelecendo-se um vínculo tão forte que seja indissolúvel, para sempre. Uma

verdadeira relação de amor, da qual não se deseje nunca a separação.

Além de tudo, a leitura precisa ser enfatizada como uma via de

inclusão social e de melhoria para a formação do ser humano pleno. Ler e ler,

sempre. Enfim, o poema, abaixo, de Carlos Drummond de Andrade diz,

poeticamente, o que é o amor pelos livros.

Papai, me compra a Biblioteca Internacional de Obras Célebres. São só 24 volumes encadernados em percalina verde. Meu filho, é livro demais para uma criança. Compra assim mesmo, pai, eu cresço logo. Quando crescer eu compro. Agora não. Papai, me compra agora. É em percalina verde, só 24 volumes. Compra, compra, compra. Fica quieto, menino, eu vou comprar. Rio de Janeiro? Aqui é o Coronel. Me mande urgente sua Biblioteca bem acondicionada, não quero defeito. Se vier com um arranhão recuso, já sabe: quero devolução de meu dinheiro. Está bem, Coronel, ordens são ordens. Segue a Biblioteca pelo trem-de-ferro, fino caixote de alumínio e pinho. Termina o ramal, o burro de carga vai levando tamanho universo.

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Chega cheirando a papel novo, mata de pinheiros toda verde. Sou o mais rico menino destas redondezas. (Orgulho, não; inveja de mim mesmo) Ninguém mais aqui possui a coleção das Obras Célebres. Tenho de ler tudo. Antes de ler, que bom passa a mão no som da percalina, esse cristal de fluida transparência: verde, verde. Amanhã começo a ler. Agora não. Agora quero ver figuras. Todas. Templo de Tebas. Osíris, Medusa, Apolo nu, Vênus nua... Nossa Senhora, tem disso nos livros? Depressa, as letras. Careço ler tudo. A mãe se queixa: Não dorme este menino. O irmão reclama: Apaga a luz, cretino! Esparmacete cai na cama, queima a perna, o sono. Olha que eu tomo e rasgo essa Biblioteca antes que pegue fogo na casa. Vai dormir, menino, antes que eu perca a paciência e te dê uma sova. Dorme, filhinho meu, tão doido, tão fraquinho. Mas leio, leio. Em filosofias tropeço e caio, cavalgo de novo meu verde livro, em cavalarias me perco, medievo; em contos, poemas me vejo viver. Como te devoro, verde pastagem. Ou antes carruagem de fugir de mim e me trazer de volta à casa a qualquer hora num fechar de páginas? Tudo que sei é ela que me ensina. O que saberei, o que não saberei nunca, está na Biblioteca em verde murmúrio de flauta-percalina eternamente, (Drummond. 1980, p.67-68).

1.4 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DO ALUNO-LEITOR

A palavra alfabetizar vem de “alfabeto“. “Alfabeto“ é o conjunto das letras de uma língua, colocadas numa certa ordem. É a mesma coisa que “abecedário“. A palavra “alfabeto“ é formada com as duas primeiras letras do alfabeto grego: “alfa“ e “beta“. E “abecedário“, com a junção das quatro primeiras letras do nosso alfabeto: “a“, “b“, “c“ e “d“. “Alfabetizar“ contém uma teoria de como se aprende a ler. Aprende se a ler aprendendo-se as letras do alfabeto. Primeiro as letras. Depois, juntando-se as letras, as sílabas. Depois, juntando-se as sílabas, aparecem as palavras. (ALVES, 2001, p. 2)

A instituição responsável pela alfabetização dos indivíduos, sem sombra

de dúvida, é a escola, é a ela que “ a sociedade delega a responsabilidade de

prover as novas gerações das habilidades, conhecimentos, crenças, valores e

atitudes considerados essenciais à formação de todo e qualquer cidadão”

(SOARES, 2001, p. 84). Dentre essas habilidades, atitudes e valores, tem

relevância aquela dedicada à formação de leitores.

Na formação de leitores não é o bastante saber ler, é preciso que se

faça uso dessa habilidade. A preocupação com tal habilidade resultou no

aparecimento da palavra letramento. Segundo Magda Soares, letramento é a

versão para o português da palavras da língua inglesa literacy, que significa o

estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e escrever (2001, p.

16-17). Portanto, ser alfabetizado não significa, necessariamente, ser letrado

(quanto ao significado de letramento). Magda Soares estabelece bem a

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diferença, sendo que “alfabetizado nomeia aquele que apensas aprendeu a ler

e a escrever, não aquele que adquiriu o estado ou a condição de quem se

apropriou da leitura e da escrita, incorporando as práticas sociais que as

demandam” (2001, p. 19). É complexo o conceito de letramento. O letramento

abraça dois fenômenos distintos, apesar de complementares: a leitura e a

escrita. Exemplificando, uma pessoa é capaz de ler um bilhete, mas não é

capaz de ler um romance; pode ser até capaz de escrever o próprio nome e

não ser capaz de escrever uma carta e assim sucessivamente. “Há diferentes

tipos de níveis de letramento, dependendo das necessidades, das demandas

do indivíduo e de seu meio, do contexto social e cultural” (SOARES, 2001, p.

48-49). A autora enfatiza duas categorias bem amplas para a definição de

letramento: uma social e outra individual. Se o professor e a família não

dominarem o letramento (seja social ou individualmente), a formação do leitor

está, definitivamente, comprometida.

Família, escola, grupo social – a sua maneira e a seu tempo – têm

influência sobre a criança e também sobre o jovem na sua formação como

leitor. Essa interferência no que diz respeito à escola é histórica e é motivo de

discussões e polêmicas. E está associada ao início da produção do livro para

crianças. E já que se trata de algo bem moderno, segundo Regina Zilberman, “

a literatura infantil transformou-se num instrumento que, aliado à pedagogia

nascente, procurou converter cada menino no ente modelar e útil ao

funcionamento da engrenagem social”. Segundo ela, a escola acabou se

convertendo no “intermediário entre a criança e a cultura, usando como ponte

entre os dois a leitura”. (1986, p. 18).

Vista como espaço especial na formação de leitores, coube à escola

inventar pedagogias, normas e regras para a leitura. O prazer das narrativas

passou para a família, nas conversas informais durante almoço, jantar,

recreação.

Somente na década de 70, com a reforma do ensino é que houve o

incentivo do texto literário na sala de aula. Por isso mesmo é que não se pode

falar de leitura sem falar de escola. (Infelizmente, o mesmo não ocorre quanto

à família).

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Uma das principais tarefas do educador que trabalha no Ensino

Fundamental é ampliar, aperfeiçoar, solidificar a capacidade lingüística do

aluno, pois este aspecto é decisivo para o seu bom desempenho em todas as

áreas do conhecimento. Por isso mesmo é que, respeitando-se o caráter

artístico do gênero literário, na escola, pode ser apontado como um auxílio em

excelência para o professor.

A alfabetização é algo que faz parte do início da vida de todo aquele que

quer ou que sente necessidade de comunicar-se em sua língua materna.

Melhor, ainda, dizemos que alfabetizar é o primeiro contato do indivíduo com a

linguagem oral e escrita. Algo importante para a comunicação, desde os

primeiros anos de vida.(ALVES.2001,p.12). É verdade que “brasileiro lê sem

entender”. É também verdade “que os alunos brasileiros não lêem”. Isso está

provado. Não se trata de especulação. É fato. Os alunos brasileiros, na faixa

etária de 15 anos, são analfabetos funcionais, identificam letras, símbolos,

palavras e períodos, mas são incapazes de compreender o sentido do que

lêem. Respondem pelo que acham e não pelo que está escrito. Houve até quem

dissesse tratar-se de uma tal síndrome do “achismo”.

É, sem dúvida, a falta de leitura que compromete todo o processo

ensino/aprendizagem. Escolas, educadores, especialistas, pais, pedagogos,

estudiosos, cronistas, em sua maioria, concordam que é preciso e com

urgência, buscar alternativas que promovam o hábito de leitura. No entanto,

não existe “fórmula” do ensinar a ler. Aprende-se a ler, lendo. Aprende-se a

escrever, lendo e escrevendo. Mas como se aprende a gostar de ler? Várias

teorias tentam explicar esse fenômeno, essa magia chamada leitura.

Para Barbosa,(1999,p.47), no primeiro ciclo do Ensino Fundamental

o ensino/aprendizagem da linguagem deve partir da vivência dos alunos, do

repertório lingüístico que possuem, da cultura que carregam em sua

experiência de vida e das várias utilidades que podem fazer deste instrumento,

para que se apropriem paulatinamente do mesmo, aprendendo a formular

hipóteses constantemente, testá-las, confirmá-las, rejeitá-las e aperfeiçoá-las.

É na infância que o professor/leitor é formado. No seio da família, ouvindo

histórias, “lendo livros”, folheando revistas e periódicos, pegando, segurando,

familiarizando-se com esse mundo fantástico da leitura. A criança entra na

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escola, “lendo”. Ela é competente para pensar, observar, analisar, refletir,

buscar, ver, interpretar, buscar respostas, resolver problemas, debater. A

criança sente-se muito à vontade em debates orais. Pesquisas científicas

demonstram que a capacidade de aprendizagem está em seu nível mais alto

entre zero e seis anos de idade. A partir daí, torna-se mais difícil ensinar a

pensar. Educadores e pais desinformados, despreparados, que não lêem, vão

ensinar alguém a pensar? Não é impossível, mas, com certeza, o caminho é

mais árduo. Professor que não gosta de ler não transmite credibilidade alguma

no que faz e a criança é observadora e interpreta essa incapacidade. Na

verdade, o professor precisa mesmo é saber “contaminar”, “contagiar” seus

alunos fazendo leituras, contando histórias, criando ambientes favoráveis,

estimulando. Mesmo porque a leitura é uma atividade de várias facetas. Não é

tão simples. E envolve desde a afetividade, sensibilidade, prazer, alegria e,

claro, também o neurofisiológico, o cognitivo, argumentativo e simbólico.

Fez três observações: A primeira: o método antepõe uma aprendizagem considerada prioritária ao ato de ler, antes de colocar a criança em contato com o texto a ser lido; antes de ler, era preciso um trabalho ou uma ação sobre o alfabeto: alfabetização; A segunda: em decorrência dessa formulação, estabelecia-se uma confusão entre análise da língua e o ato de ler: para ler, a criança devia realizar uma análise da língua escrita, utilizando como referencial de base a língua oral. Essa é uma das confusões que prevalece até os dias atuais; A terceira: toda a estruturação da matéria a ser ensinada correspondia a uma lógica adulta e não a uma lógica da criança. Por exemplo: propunha-se partir do simples para o complexo, sem pensar se, para a criança, o simples é a letra ou a palavra, (BARBOSA .1994, p.47).

Ler, portanto, exige competências, um saber mínimo. Isso, a

criança traz de casa. Algumas, mais privilegiadas, “bem-nascidas”, cujos lares

propiciam atitudes nessa direção e abstraem as coisas com maior facilidade.

Outras, oriundas de lares triste, pobres, miseráveis, a “leitura” é diferente e

requer mais cuidado e atenção. É fundamental que o professor aproveite a

latência e intensifique, ainda na pré-escola, todo o prazer da leitura. Nesse

estágio, a relação professor/aluno é muito forte. A criança confia no seu

professor. O professor é modelo, referência. E as histórias que ele conta

provocam emoções e encantam. A criança interessa-se pelos personagens:

chora, ri, emociona-se, acompanha as desilusões, as vitórias. Nesse contexto,

razões sociais e psicológicas entram em jogo. É o seu mundo no mundo das

personagens, interagindo. Silva (1997, p.21) “Não se forma um leitor com uma

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ou duas cirandas e nem com uma ou duas sacolas de livros, se as condições

sociais e escolares, subjacentes à leitura, não forem consideradas e

transformadas”.

Ler é em ultima instância, não só uma ponte para tomada de consciência, mas também um modo de existir no qual o individuo compreende e interpreta a expressão registrada pela escrita e passa a compreende-se no mundo, (SILVA. 2000, p..45).

A criança tem uma história. É dona de um saber. Manifesta

vontade. Faz valer alguns desejos. É a “hora” de formar o leitor. E o leitor adora

soltar sua imaginação, sua curiosidade. Ele quer se divertir, quer tão somente

entreter-se. Quer descobrir outro mundo, descobrir coisas sobre as quais

ninguém pensaria. É o pensamento em liberdade de movimentos intelectuais.

Sem censura. Oliveira, (2003,p.141),o leitor precisa ser conquistado, cativado.

Abrem-se aqui parênteses para que a autora deste trabalho confirme através

de sua história todo o seu aprendizado de leitura em tenra idade. Morando

numa fazendo, distante da cidade, toda noite, um pai, exímio na arte de contar

histórias, reunia os filhos e, no centro das atenções, iniciava um horário

recreativo e fazia inúmeras representações e imitações, contando maravilhosas

histórias. Boquiabertas, as crianças ficavam maravilhadas, já vislumbrando um

outro mundo mais distante, porém encantado, com animais falantes, bruxas,

fadas e príncipes. Havia algo que intrigava aquela menina bobinha: naquela

casa era proibido ler. E havia livros, livros. Muitos livros. Revistas. Uma

biblioteca. Apenas o pai podia ler. E a curiosidade foi maior e a criança ousou

desobedecer ao pai e, às escondidas, “roubava” o que podia: livros, revistas,

cadernos... As letras representavam o ouro de sua infância. Ela “roubava” os

livros, lia apressadamente, colocava-os na mesma posição para fugir do

castigo, caso fosse descoberta sua façanha. Felizmente, o pai nunca

“descobriu”. Nascia ali uma devoradora de livros. Enquanto brincava com as

obras, descobria um mundo novo ao seu redor.

Hoje, ela tenta contagiar seus alunos. É difícil, sim. Mas não é

impossível. E essa criança foi alfabetizada assim, pela curiosidade com as

letras, os sons e um pai presente, ensinado, com direito a palmatória e castigos

“brabos”.

Se, como defende Oliveira (2003), a essência da alfabetização

como processo de aprender a ler reside no processo de decodificação, um dos

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fundamentos sobre os quais repousa a decodificação é o desenvolvimento da

consciência fonológica, aspecto que se discute a seguir.

Esclarece que “decodificar significa usar o princípio alfabético empregando conhecimentos sobre as relações entre letras e sons para transformar sons em letras (escrever) e letras em sons (ler)”. Nessa direção, o termo decodificar refere-se à capacidade de decifrar, “desmontar” o código alfabético para aprender a usar os conhecimentos sobre as relações entre letras e sons para identificar palavras conhecidas de maneira precisa e automática, e também para decodificar palavras novas e desconhecidas. É dessa forma que podemos nos tornar leitores independentes e autônomos, objetivo tão divulgado pelas escolas em seus planejamentos, (OLIVEIRA 2003, p. 141).

A sala de aula tem, pois, todas as condições para se tornar, como

destaca Regina Zilberman (2203, p.16) “um espaço privilegiado para o

desenvolvimento do gosto pela leitura, assim como um importante setor para

intercâmbio da cultura literária”.

1.5 O PROFESSOR/LEITOR

“Queremos que as nossas escolas nos ensinem logo a voar. Chega de ficar só aprendendo quem descobriu Caturama, por que minhoca não tem osso, que é proibido ciscar na grama ou que todo gavião é um colosso! (Chico Alencar, no livro didático Português através de textos, de Magda Soares)

Se para pessoas comuns a leitura é imprescindível, indispensável,

o que dizer, então, da leitura em relação ao professor? São eles, os

professores, os responsáveis diretos pela formação dos futuros leitores, dos

futuros cidadãos. Mas há o peso, e peso grande, enorme, que a competência

para a leitura tenha sido desenvolvida ainda na infância. Desenvolver o hábito

de formar leitores é a missão do Instituto Educacional Conhecer, Construir e

Viver. Entende-se que isso é possível e o Instituto assim procedendo, está

contribuindo na internalização de habilidades e atitudes que, pouco a pouco,

gradativamente, convertem-se no que denomina de habitus frente à leitura. O

IECCV desenvolve projetos nessa direção, despertando e mantendo sempre o

gosto e o prazer pela leitura, criando oportunidades para envolver sempre a

família A leitura do professor, é claro, deve estar sempre atualizada. Não que o

conhecimento ocorra única e exclusivamente através dos livros ou seus

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similares - vendo, ouvindo, falando, fazendo, etc, também se é capaz de

compreender e conhecer os fenômenos. Por vezes, se reconhece, não

simplesmente "ajudar" nesse processo, mas colocar-se como imprescindível ou

vital no processo de construção do conhecimentos sobre esse assunto.

(CHARMEUX, 1994,p.89.).

Podemos (...) dizer que, sem situações "verdadeiras" de leitura, (nenhuma aprendizagem durável e adaptável pode ocorrer. Ora, numa situação efetiva, é necessário que reflitamos para construir o sentido, e para isso não podemos confiar em nenhum outro mecanismo. É preciso ter um projeto de leitura e saber relacionar esse projeto ao objeto portador de texto, à sua função social e às informações que ele contém. Em resumo, é preciso ter uma atitude de pesquisa inteligente. É uma atitude desse tipo que importa adquirir de início, como uma "primeira higiene" de toda conduta de leitura. (CHARMEUX, 1994, p. 89).

Através da leitura é possível o acesso a novas idéias e a

conhecimentos essenciais para o desenvolvimento do ser humano. Conta-se

que houve uma época em que os únicos textos disponíveis eram os “Salmos” e

que a Bíblia era uma leitura proibida, além de ser também o único livro

existente. Naquele tempo, praticava-se a leitura em voz alta e em ambiente

privado. O acesso à leitura constituía um privilégio de poucos. Nos séculos XVI

e XVII, na Espanha, as pessoas se reuniam em salões e exercitavam em voz

alta a leitura para que todos os presentes ouvissem. Com o objetivo de não

incomodar os monges, a leitura silenciosa nasceu nos mosteiros. Os gestos

eram inibidos e os sentidos, idem. Naquela época, a prática da leitura era

totalmente voltada para o lado espiritual das pessoas, como uma penitência,

substituindo atividades sexuais, sono, alimentação e coisas do gênero. Mas

fora dos mosteiros, nascia um outro tipo de leitura: o entretenimento. Logo em

seguida, nascia outro tipo de leitura que despertava as emoções do corpo,

associada diretamente ao desejo. Foucambert (1997, p. 78): A leitura não é em

principio uma atividade de transcodificação de um sistema para outro para ter

acesso à significação, mas um trabalho direto sobre o código escrito, uma

abordagem da informação visual para interpretá-la, dar-lhe um sentido, um

valor. Ler não é traduzir, mas sim compreender. Aprender a ler é, portanto,

desenvolver os recursos para essa relação direta da escrita com o significado.

Ter controle sobre a leitura é assegurar-se de que o texto seja percebido em

suas intenções e em suas possibilidades e em relação com outros numa rede,

é assegurar-se de que ele seja interpretado e não simplesmente pronunciado.

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Aprender a ler lendo coisas de ler, e não coisas criadas para aprender a ler é um dos principais objetivos do ensino da linguagem escrita, (FOUCAMBERT. 1997, p.46).

Avançando ainda mais na prática da leitura, surgiu uma outra

modalidade: uma leitura que provocava a fuga ao real, valorizando o

imaginário, a fantasia, estabelecendo um tipo de relação de dualidade com o

livro. Mais tarde, nascia o texto científico, de domínio público. A partir daí a

leitura passou a ser entendida como uma atitude de produção dos sentidos.

Algumas leituras já objetivavam exclusivamente a assimilação dos sentidos.

Essa prática permaneceu no âmbito escolar por muitos anos. Então, a leitura e

a escrita passaram a ser estimuladas no aspecto de aprendizagem. Hoje, a

leitura inclui o exercício da prática de outros saberes, além da prática

pedagógica. Assim é que ler ganha um sentido mais amplo e mais complexo:

decodificar letras, palavras e sentidos. O domínio da leitura e da escrita está

diretamente relacionado à progressão da escolaridade, que, por sua vez, está

diretamente ligada à cidadania, (WEISZ, 2002,p.44.).

Destaca que antigamente se imaginava que para ler era preciso primeiro aprender o sistema de escrita e, então, começar a interpretar textos. Hoje sabemos que a capacidade de leitura não depende do conhecimento do valor sonoro de cada letra ou de saber juntar uma letra a outra, (WEISS. 2002, p.44).

A vida é um eterno aprendizado, como diz o verso de uma música

de Geraldo Vandré: “ensinando e aprendendo uma nova lição, caminhando e

cantando e seguindo a canção”. Ninguém detém plenamente o conhecimento.

Este é adquirido, é construído pelo outro, através do outro, professor/aluno,

aluno/professor, uma troca dinâmica. E o professor precisa ensinar bem e para

que ele possa ensinar bem, deve estar sempre por dentro das coisas do

mundo, aberto a aprender e a ler continuamente ao longo de toda a sua vida. O

desafio consiste em que o professor saiba ler criticamente o mundo para que

possa formar leitores com a mesma competência, oportunizando a criatividade

e a imaginação através de programas pedagógicos que possibilitem uma

interação e um diálogo permanentes; Nos últimos anos presencia-se uma

crescente ênfase nos estudos sobre a leitura, enfocando especialmente o leitor

em seu movimento de ler. A psicologia cognitiva fez progressos importantes no

conhecimento dos processos de leitura no leitor hábil. Em particular, ela

mostrou que a leitura põe em ação processos específicos complexos e que sua

aprendizagem passa pela descoberta e a utilização do princípio alfabético de

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correspondência entre sons e fonemas. (MORAIS, 1996, p. 162) Nesse

sentido, a consciência fonológica mostra-se como uma importante aliada rumo

à decodificação e conseqüente leitura compreensiva/significativa.

Em “A arte de ler”: Os prazeres da leitura são múltiplos. Lemos para saber, para compreender, para refletir. Lemos também pela beleza da linguagem, para nossa emoção, para nossa perturbação. Lemos para compartilhar. Lemos para sonhar e para aprender a sonhar “Há várias maneiras de sonhar...A melhor maneira de começar a sonhar é por meio dos livros...Aprender a dedicar-se totalmente à leitura, a viver inteiramente com os personagens de um romance-eis o primeiro passo. ( MORAIS 1996,p.13).

Discutem-se várias estratégias para a prática da leitura e de uma

eficiente iniciação literária. É necessário que essa busca seja profunda, não

somente em metodologias, mas em mudança profunda de mentalidade. O

papel do professor nesse processo é de facilitador, mediador, que esse aluno

adquira o hábito de leitura para sempre, em toda a sua vida A leitura não

esgota seu poder de sedução nos estreitos limites da escola. Do mundo da

leitura para a leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se,

inclusive por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e

infinita, conforme Lajolo (2005). Nesse sentido, Paulo Freire (1996, p. 11) diz

que o ato de ler “não se esgota na descodificação pura da palavra escrita ou da

linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo”.

Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos e acima de tudo exige ainda, saber escutar, pois, não é falando aos outros de cima para baixo, sobretudo como se fôssemos os portadores da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a escutar, mas escutando que aprendemos a falar com eles, (FREIRE, 1996, p.127).

Antes de entrar na escola, a criança vive um intenso período marcado

pela aquisição da linguagem oral. Trata-se de uma riquíssima fase em

vivências e descobertas de si mesma. Nessa fase, a leitura adquire um aspecto

apenas lúdico, descompromissado, com inúmeros jogos estreitamente afetivos

que mexem com a fantasia e o emocional da criança. Ainda segundo a autora,

nessa fase, os pais são o centro da vida das crianças, influenciando

diretamente sobre atitudes e aprendizagem, contando histórias, dando nome ás

coisas, brincando, rindo. Entre beijos, abraços, troca de afetos e carinhos a

criança vai crescendo, aprendendo, vivendo e adquirindo suas primeiras

experiências de vida em família. O primeiro deles é considerar o processo de

letramento como natural. Pelo que se nota, as crianças só adquirem essa

experiência em função da instrução adequada e da exposição à escrita no meio

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em que vivem. Isso tudo é ensinado pelo exemplo, pela convivência, pela

disponibilidade de recursos. Não se deve apenas à passagem do tempo. O

segundo ponto para o qual Oliveira atenta, e que traduz um equívoco de parte

de professores, é considerar a linguagem auto-evidente. Na verdade, a

linguagem não se mostra claramente, podendo gerar dúvidas. “Para aprender a

ler e escrever é preciso, portanto, desenvolver consciência da linguagem,

desenvolver um vocabulário próprio para tratar a linguagem como objeto de

pensamento. A linguagem convida e requer introspecção e reflexão – ou seja,

competências de metalinguagem” (OLIVEIRA, 2003, p. 63).

O terceiro equívoco é achar que as palavras são como ilustrações. Na verdade, as palavras são feitas com letras que, por sua vez, estão relacionadas com fonemas, representam sons específicos e característicos de determinada língua. Toda essa experiência com material impresso por si só nem sempre produz esse insight – que é fundamental para a alfabetização, de acordo com (OLIVEIRA. 2003,p.63).

Para que os alunos sejam bons leitores é preciso que o professor

dê o exemplo. Concluindo, vale uma reflexão sobre o que diz Daniel Pennac

sobre “O direito de não ler” – de acordo com ele, é um dos direitos

imprescindíveis do leitor. O que não se pode admitir daí é o preconceito de que

aquele que não lê é um imbecil, um cretino em potencial. Ler no sentido de

adquirir “moral” é ser cretino. Leitura é libertação, faculta a criatividade. Aquele

que lê não é, intrinsecamente, nenhum detentor de moralidade. O professor só

ensina a ler quando envolve seu aluno nesse mundo encantado, nesse mundo

fantástico, nesse mundo fascinante da leitura.,(PENNAC. 1997, p.46).

A idéia de que a leitura “humaniza o homem” é justa no seu todo, mesmo se ela padece de algumas deprimentes exceções. Tornamo-nos um pouco mais “humanos”, compreende-se aí por um pouco mais solidário com a espécie humana (um pouco menos “animais”), (PENNAC. 1997, p.47).

1.6 QUANDO MATAM O LEITOR

O tempo para ler é sempre tempo roubado (como o tempo para escrever, por outro lado, ou o tempo para amar)”. (Daniel Pennac, Como um romance)

Segundo Daniel Pennac,(1997,p.84) nenhuma leitura deve ser

obrigatória. Leitura obrigatória não cria leitores. Incluídos aí os livros dos

famigerados vestibulares, cujas leituras são obrigatórias pra responder

questões que ele julga, na maioria das vezes, sem sentido. Por ser uma leitura

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obrigatória, não é caminho pra formar leitores. Não desperta nenhum prazer.

Muito pelo contrário. A obrigatoriedade afasta a possibilidade de se formar um

leitor.Trata-se de uma leitura monótona, sem dicotomia, dissociada do prazer e

da magia. O autor cita uma trindade perfeita: os pais, a criança e o livro. Todas

as crianças aguardam com ansiedade aquele momento em que os pais sentam

com eles na cama, ou no chão da casa ou mesmo, deitam com eles e iniciam

histórias. Para a criança, é um momento mágico. As crianças viajam nas

palavras, ficam extasiadas, maravilhadas, sempre querendo mais e mais

histórias, reais ou inventadas, não importa. Naquele momento, a criança é o

centro do universo e ao redor delas, as personagens, criando pernas,

adquirindo asas. E então, exaustas, adormecem. Infelizmente, os anos passam

e é tempo de escola. E na escola, a trindade se desfaz. A emoção da

descoberta das letras já não provoca tanto prazer. A relação da criança com o

livro vai se enfraquecendo, virando fumaça e de repente a alegria de ler se

transforma em algo cansativo. A alegria de aprender desaparece.

Ler é carregar um fardo, um peso. Os filhos são jogados na escola. Os pais se libertam da “obrigação” do momento mágico. O encanto toma outro rumo. E o enfado habita o coração da criança. A leitura toma o rumo da cobrança, do preenchimento de fichas literárias e desta vez é o professor que, pouco a pouco, “mata” o ex-futuro-leitor.( PENNAC,1997,p.84).

A leitura deve ser gratuita. Não deve ser cobrada. Pelo menos, na

fase da conquista. Até que a criança tome consciência da importância do ato

de ler e ela mesma, espontaneamente. Comece a “pegar” livros pra ler. Para

não matar o ex-futuro-leitor, professores, especialistas e pais devem incentivar

o hábito da leitura, motivar o aluno a procurar o livro que agrade, entusiasme,

traga alegria e prazer. Deve ainda fazer do momento da leitura, um momento

especial, agradável, esperado com ansiedade e preparado com muito cuidado.

A leitura deve ser sempre libertadora. E é preciso que se leia. Mais e mais. Ler

com alegria, satisfação, prazer. Ler pra voar alto, dando asas à imaginação.

Jamais ler por imposição. O gosto pela leitura depende muito e muito do

professor, que precisa ser apaixonado por livros. E assim, pela paixão,

convencerem seus alunos de que ler é muito bom.O ato de ler é também um

ato de amor, um ato de prazer. Jamais um ato de obrigação. Prazer e alegria

não são comandados. São sentidos. Na alma. Assim, sem obrigatoriedade, pro

puro prazer, não haverá a morte do ex-futuro-leitor. Lembra

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(PERROTTI.1990,p.71-72), que colaboram com o desinteresse da criança pelo

livro “o autoritarismo explícito das práticas escolares” que fornecem “modelos

pedagógicos baseados na obediência do aluno a regras definidas pelo

professor”.

A crença generalizada na possibilidade de escola e biblioteca desempenharem um papel redentor para vencer a ‘crise da leitura, pois pelo seu caráter especializado, escola e biblioteca poderiam viabilizar o processo de leitura e da formação do leitor, bem como disponibilizar o acesso aos textos literários e incentivar o uso do livro. (PERROTTI ,1990,p. 65).

Assim, os aspectos lúdicos que deveriam conduzir ao desenvolvimento

através da literatura, acabam dando espaço ao caráter educativo e pedagógico,

associando a arte a mecanismos essencialmente controladores. Isso

compromete a formação do leitor, que acaba deixando de encarar o livro como

fonte de entretenimento e prazer. O resultado é justamente afastar o aluno da

leitura. A escola deve, pois, respeitar o papel da literatura como arte, sempre e

bastante atrelada à questão libertadora do homem.

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CAPÍTULO II LITERATURA – FUNÇÃO LITERÁRIA E FUNÇÃO PEDAGÓGICA

Quando rezamos, falamos com Deus; mas quando lemos, é Deus que fala conosco. (SANTO AGOSTINHO. 1957, p.354 - 430 *).

Tanto o literário quanto o pedagógico estão entrelaçados na

literatura infantil há muitos e muitos século, desde os primórdios. Se a escola

privilegia o didático em prejuízo do lúdico, para o público infantil, transforma a

leitura em função pedagógica. A verdade é que são parceiros, andam juntos

numa fruição literária, a partir do momento em que a escola colabora com as

crianças, estimulando atividades adequadas à leitura. Todavia, o ser humano

possui a capacidade de observar atentamente a linguagem de forma

consciente, refletindo criticamente sobre o código lingüístico, assumindo-o

como objeto de reflexão. Assim, o usuário da linguagem pode prestar mais

atenção na maneira como os morfemas se organizam dentro de uma palavra,

ou no modo como as palavras se organizam em sintagmas, ou ainda, no modo

como as palavras são constituídas pela cadeia de sons, dentre outras

possibilidades. (ALVES, 2001,p.48).

Pelo poder da palavra, ela pode navegar nas nuvens, visitar as estrelas, entrar no corpo de animais, fluir com a seiva das plantas, investigar a imaginação da matéria, mergulhar no fundo de rios e de mares, andar por mundo que há muito deixaram de existir, assentar-se dentro das pirâmides e de catedrais góticas, ouvir corais gregorianos, ver os homens trabalhando e amando, ler as canções que escreveram, aprender das loucuras do poder, passear pelos espaços da literatura, da arte, da filosofia, dos números, lugares onde seu corpo nunca poderia ir sozinho... corpo espelho do universo! Tudo cabe dentro dele!(ALVES. 2001, p.48).

Essa questão, desde o século XVII, tem sido objeto de estudo,

objeto de polêmica: a literatura infantil pertence mesmo à arte literária ou à

área pedagógica? Há quase uma unanimidade que considera que os textos

infantis pertencem tanto à literatura quanto à pedagógica, considerando-se que

eles incitam emoções e são úteis como instrumentos educativos. É também

incontestável que a arte literária é uma das vias para que se aprenda a

aprender, descobrir os enigmas da vida, seus encantos, seus mistérios, o que

se permitir deduzir que a função pedagógica não está afastada da literatura

infantil sob nenhuma hipótese. Muitos estudiosos até dizem que as ilustrações

presentes nos livros infantis impedem uma leitura ampla, polissêmica, pois

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compromete a imaginação. Forma-se no lugar em que a linguagem tem de ser

referida necessariamente à sua exterioridade, para que aprenda seu

funcionamento, enquanto processo significativo trabalha no entremeio, fazendo

uma ligação, mostrando que não há separação estanque entre a linguagem e

sua exterioridade constitutiva.(ORLANDI, 1996, p.24-25).

Afirma que a leitura é, realmente, uma questão pedagógica, admite que a escola, ao perceber a leitura como um instrumento extremamente útil na aprendizagem, coloca de lado sua função lúdica. E vai mais longe ao afirmar que impondo uma leitura igual, procura privilegiar a classe dominante em detrimento da classe de baixa renda, não respeitando leituras diferentes, polissêmicas, priva o aluno de uma leitura rica, em conexão com o mundo em que ela vive, (ORLANDI. 1966, p.32).

Encarada apenas como função pedagógica, a leitura fica

comprometida, amarrada ao sistema, prejudicando o lúdico, o imaginário, a

brincadeira, o sonho. O supervisor pedagógico deve ponderar nesse sentido,

fazendo intervenção para que seja evitado o didatismo nos livros infantis na

escola. A literatura infantil foi criada com o objetivo pedagógico. Objetivo este

de formar tanto o intelecto quanto a moral das crianças, esses seres indefesos,

frágeis, inocentes e, excessivamente ou totalmente à mercê do adulto. Vale

lembrar aqui o modelo narrativo revestido de uma pedagogia do terror, do

medo como um sentimento forte. Prova disso é que nessas narrativas a

personagem má, antagonista é castigada com muita severidade, punida,

literalmente. Configura-se como ordem o bonito e o bom; ao contrário, o feio e

o mal são configurados como desordem. A criança de hoje não é mais

considerada ingênua, indefesa ou completamente dependente como a criança

de antigamente. Hoje, ela é questionadora, reflexiva, curiosa e tem plena

consciência de sua sexualidade. Assim, ela não aceita passivamente imposição

do adulto, seja professor, pai ou mãe. Essa transformação por que passou e

passa o mundo reflete profundamente na literatura, e muito particularmente, na

literatura infantil.

Não por outro motivo a estudiosa Nelly Novaes Coelho (1987,p.47),

Conclui o quanto a literatura infantil sofre ao sabor das mudanças. Há aí uma intencionalidade pedagógica. Tudo vai depender do sabor dos ventos: ora, literatura informativa, ora literatura arte, ora literatura pedagógica. (COELHO 1987, p.47).

Inicialmente, na Grécia, no século V a.C. usava-se apenas a

linguagem verbal e a linguagem corporal, enfatizando sempre a formação

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intelectual, focalizando os nobres guerreiros – era a denominada educação

integral. Era um incentivo à batalha. E por isso mesmo, eram narrados os

poemas épicos de Homero de forma oralizada. Nessa época, aos escribas

pertencia o uso exclusivo da escrita. Nascia a escola, coincidentemente, com o

desenvolvimento da filosofia, da medicina, da história, da retórica, da poesia,

do teatro e com a expansão da escrita. Até Platão, que condenava

veementemente a escrita, considerando-a como veneno da memória, passa

também a utilizá-la pretendendo eternizar sua obra, fazer sua história. E junto

com a escrita, nascia a leitura.

No período da dominação do chamado império romano o livro ficou

restrito aos mosteiros e também aos noviços que alfabetizavam. Eles se

tornaram copistas. Trata-se aqui mais de uma questão cultural. Na Baixa idade

Média, o primeiro livro foi a Bíblia e sua leitura também ficou proibida durante

muito tempo Com a entrada dos alunos leigos, o livro ganhou mais espaço,

circulando nas escolas monásticas. Já no século XII, com as universidades, o

livro passou a ser instrumento de trabalho. Os professores revisavam os textos

e mais textos que eram copiados sempre em número cada vez mais crescente.

Nessa época, o feudalismo entra em queda, burguesia entra em ascensão e o

livro se expande. Deixa de ser privilégio de poucos. Trata-se aqui mais de uma

questão cultural.

Na Baixa idade Média, o primeiro livro foi a Bíblia e sua leitura

também ficou proibida durante muito tempo A escola abre suas portas para

todos, o ensino é institucionalizado e as crianças das camadas mais pobres

têm acesso à educação. É a democratização da escola. Deixa de ser elitista.

Recebe uma população operária e propicia o desenvolvimento lingüístico do

aluno através da leitura e uma compreensão maior do mundo. A criança, na

escola, ganha o texto escrito, tem acesso maior à cultura, ao conhecimento.

Mas a literatura continua presa a uma ideologia dominante. Transmitindo os

valores convenientes, ela se perpetua. A literatura infantil passa a ser

considerada como suporte pedagógico institucionalizada. Nessa problemática,

a formação do leitor/cidadão crítico é, ao mesmo tempo, compromisso e

necessidade da escola pública em função de seu papel enquanto instância

transformadora das relações sociais e, local de passagem obrigatória para

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todos aqueles que almejam a superação de sua condição de dominados.

Todavia, o desafio que se impõe aos educadores é a construção de práticas

pedagógicas que efetivamente contribuam para a efetivação dessa

transformação e, conseqüentemente revertam o famigerado quadro de crise da

leitura escolar.Paraná,(2006,p.28).

Durante muito tempo, o ensino de Língua Portuguesa foi ministrado por meio de conteúdos legitimados no âmbito de uma classe social influente e pela tradição acadêmica/escolar. Estas Diretrizes propõem que o Conteúdo Estruturante em Língua Portuguesa esteja sob o pilar dos processos discursivos, numa dimensão histórica e social. [...] Assumindo-se a concepção de língua como prática que se efetiva nas diferentes instâncias sociais, o objeto de estudo da disciplina é a Língua e o Conteúdo Estruturante, portanto, é o discurso como prática social. (PARANÁ, 2006, p.28).

A escola tem cometido um grande e grave erro: a leitura é

ensinada como um ato mecânico. Quando a criança adquire a competência

para a leitura, jamais esquecerá o código, mas perde a assiduidade por falta de

estímulo, de recursos e de informações sobre a importância da obra literária.

Ela lê anúncios, outdoors, placas, mas fica distanciada da literatura. A escola

falha quando opera, basicamente, com a função referencial da linguagem,

centrada, normalmente, sobre os referentes textuais, despreza, deixa de lado,

a função poética como capaz de colaborar ao desenvolvimento lingüístico.

Hoje, neste início do século XXI, o livro corre solto, livre, livros de todos os

gêneros, para atender a todos os gostos e estilos; estão presentes em

bibliotecas públicas, casas, escolas, bancas de revistas e podem ser lidos ao

sabor de cada leitor. E a criança de hoje não é mais ingênua e simples como a

de antigamente. Ela tem acesso a computador, internet, televisão, celular e

tantos recursos tecnológicos que é impossível ser tão indefesa e dependente.

É questionadora e crítica, não se submetendo passivamente à autoridade e

não aceita leitura dirigida e dogmática.

A mudança dos tempos e a conseqüente mudança de paradigmas

refletem profundamente na literatura. Com o objetivo pedagógico é que foi

criada a literatura infantil, formadora por excelência do intelecto e da moral da

criança, considerada inocente, frágil e totalmente dependente do adulto. A

criança identificava-se com o herói e rejeitava o vilão. Até as cantigas infantis

eram carregadas de símbolos do terror, do mal. Desejavam educar pelo medo.

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E as cantigas, os livros seguiam essa linha, que, hoje, graças a Deus, estão

sendo corrigidas.

A leitura é um instrumento útil ao aprendizado, mas tem função

lúdica. A leitura polissêmica não pode ser ignorada, o leitor deve participar do

texto. A arte literária é um dos caminhos para se aprender a aprender, para

descobrir os mistérios e os encantos da vida. Literária ou pedagógica, a função

da literatura na escola é importante. Não se pode priorizar o didático em

detrimento do lúdico. Entende-se que ambos, arte e pedagógico, andam juntos,

desde que fornecendo à criança estímulos adequados á leitura. A pesquisadora

propõe uma leitura de entretenimento, mas que jamais seja abandonada a

qualidade literária. Os clássicos devem ser lidos, conhecidos. São ícones.

Imprescindíveis e necessários.

O desprezo da especificidade do processo de alfabetização implica

na precariedade do domínio da leitura e da escrita pelos alunos. Portanto, é

necessário trabalhar a especificidade da alfabetização e este trabalho consiste

em trabalhar as complexas relações entre letra e som que existe no nosso

sistema de escrita, ou seja, na orientação sistemática do aluno para se

apropriar do sistema de escrita e isso é feito junto com o letramento,

(SOARES.2003,p.23.).

É preciso fazer escolhas de leituras que possam proporcionar prazer, mas que não menosprezem a qualidade literária. Em tese, os que escrevem, editam e formam esses jovens deveriam oferecer livros com o poder de conquistá-los, entretê-los e propiciar experiência literária.( SOARES.2003,p.23).

A literatura pode aproximar o aluno da escola, pode fazê-lo

mudar, transformar, ser cidadão sem deixar de ser poeta.

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CAPÍTULO III INTERVENÇÃO DO SUPERVISOR PEDAGÓGICO NA

FORMAÇÃO DO ALUNO-LEITOR

Feliz aquele que transfere o que sabe e que aprende o que ensina. (CORALINA. 2007, p.163-164).

A leitura é importante em todas as áreas de conhecimento e a

participação do supervisor pedagógico nesse processo é fundamental, e,

inegavelmente significativa, seja apontando sugestões, auxiliando professores,

modificando ou acrescentando metodologias. Sob esse ponto de vista, a

postura do supervisor pedagógico deve ser responsável, comprometida, um

sujeito reflexivo, que seja capaz de perceber a realidade, e, de acordo com ela,

otimizar todos os projetos educacionais de forma clara e bem definida na

escola onde atua; tendo sempre autonomia para fazer intervenções

necessárias e oportunas. Os professores almejam por mudança e tais

mudanças acontecem nas instituições de ensino através do supervisor

pedagógico, em permanente interação com professores, trocando experiências

que enriquecem a todos, privilegiando o educando, que é, sem dúvida alguma,

o centro do processo ensino/aprendizagem. A mais significativa tarefa do

supervisor pedagógico é coordenar todos os projetos e, acima de tudo,

dinamizá-los, traçando o perfil de cada turma e assim, vai elaborando sua

intervenção, visando à melhoria do trabalho do professor e uma conseqüente

melhoria do ensino na escola. Esta “porção da cultura” a ser escolarizada é

sempre uma seleção de saberes a serem socializados que num arranjo

curricular pretende “formar” um determinado tipo de sujeito/indivíduo. Daí a

importância de refletir sobre quais questões uma proposta curricular dispõe se

a responder. Então, essa seleção de saberes que compõem um currículo nos

impõe reflexões,(VEIGA ,1994,p.60).

A formação continuada dos profissionais, da escola compromissada com a construção do projeto político/pedagógico, não deve limitar-se aos conteúdos curriculares, mas se estender à discussão da escola como um todo em suas relações com a sociedade (VEIGA. 1994 p.20).

A instituição de ensino, considerando esta citação, desenvolve

sempre projetos direcionados à formação continuada dos seus professores,

pois acredita que assim contribui consideravelmente para a melhoria do ensino.

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Assim é que o supervisor incrementa alguns recursos, objetivando a formação

de leitores competentes, reflexivos e críticos, considerando que a criança deve

ser estimulada neste sentido desde a mais tenra idade. O trabalho

desenvolvido engloba todas as disciplinas. Compete ao supervisor pedagógico

a conscientização dos professores no sentido de melhorar cada vez mais a

qualidade de ensino, interagindo sempre professor e supervisor. É nesse

sentido que Rangel,(2002,p.12) afirma que:

A supervisão passa de escolar, como é freqüentemente designada, a pedagógica e caracteriza-se por “um trabalho de assistência ao professor, em forma de planejamento, acompanhamento, coordenação, controle, avaliação e atualização do desenvolvimento de processo ensino/aprendizagem. (RANGEL. 2002. p.12)

O que diz o autor reforça, enfatiza a idéia da necessidade

constante de aperfeiçoamento dos professores. O supervisor é o principal

articulador dos projetos direcionados à leitura e tantos outros visando a uma

educação de melhor qualidade. Entende-se que a leitura é necessária,

fundamental e é instrumento essencial no processo ensino/aprendizagem e

essa conscientização é feita pelo supervisor pedagógico, buscando um

trabalho na área de leitura e levando aos professores autores que tenham a

mesma linha de pensamento, isto é, autores que defendem a leitura como via

de transformação. No entanto, sem conteúdo não há ensino, qualquer projeto

educativo acaba se concretizando na aspiração de conseguir alguns efeitos

nos sujeitos que se educam. Referindo-se ao tratamento científico do ensino,

pode-se dizer que sem formalizar os problemas relativos aos conteúdos, não

existe discurso rigoroso nem científico sobre o ensino, porque estaria falando

de uma atividade vazia ou com significado à margem do ‘para que serve’

(SACRISTÁN.2000,p.120). Assim é que os alunos do Instituto Educacional

Conhecer, Construir e Viver, através dos professores e supervisor pedagógico

têm acesso a trabalhos diversificados envolvendo leitura: saraus literários, chá

de letras, seminários, mesas-redondas, teatros, curtas, feira de livros, noite de

autógrafos, etc. Estes trabalhos literários colaboram na transformação de

indivíduos e também na construção de cidadãos reflexivos e críticos.

Descrevendo como se pode ler o mundo e ler os livros resgatando-se com eles

e neles os valores verdadeiros e significativos do homem:

A reflexão sobre a justificativa dos conteúdos é para os professores um motivo exemplar para entender o papel que a escolaridade em

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geral cumpre num determinado momento e, mais especificamente, a função do nível ou especialidade escolar na qual trabalham. O que se ensina, se sugere ou se obriga a aprender, expressa valores e funções que a escola difunde num contexto social e histórico concreto (SACRISTÁN. 2000,p.150).

No instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver, a sala de

aula é transformada, quando necessário, numa sala de leitura para que os

alunos percebam o quanto ler é importante; um clima diferente é construído, os

alunos também se movimentam na organização de um cantinho aconchegante,

especial, mais importante quanto qualquer outra atividade rotineira escolar. Sob

a orientação da supervisora e da professora, os alunos visitam a biblioteca

municipal, escolhem livros nas prateleiras, fazem a ficha e os livros escolhidos

são levados pra casa. Marca-se uma data pra devolução e um dia especial é

criado pra que as experiências sejam compartilhadas. Assim, vai nascendo o

leitor. Os profissionais da educação disponibilizam aos alunos uma

diversificação de textos, desde gêneros literários, técnicos, informativos,

exemplares de jornais e revistas, proporcionando ao aluno várias

possibilidades, inclusive de decidir o que se vai ler o que será objeto de

discussão. Zilbermann Arivui,(1998,p.24), ao profissional da educação um

papel de destaque no processo de troca cognitivo estabelecida entre leitor e

texto, sendo muito relevante à captação de sentidos, à compreensão do leitor

em relação ao mesmo e esclarece.

O professor que se utiliza do livro em sala e aula não pode ser igualmente um redutor, transformando o sentido do texto num número limitado de observações tidas como corretas. Ao professor cabe o detonar das múltiplas visões que cada criação literária sugere, enfatizando as variadas interpretações pessoais, porque estas decorrem da compreensão que o leitor alcançou do objeto artístico, em razão de sua percepção singular do universo representado, (ZILBERMANN 1998, p. 24).

Ferreiro, (2001,p.15); A partir do momento em que a criança

compreende o texto, este é relacionado ao seu mundo, propiciando a formação

de um leitor crítico, pois o aluno exterioriza diversos significados. Assim, o texto

permite assumir uma função mais formadora do que, essencialmente,

pedagógica, atingindo, assim, o objetivo maior: sujeito-leitor-cidadão-crítico.

Também o professor precisa ser conscientizado da importância de ser leitor,

assunto já destaque em subtítulo anterior. O professor precisa mesmo gostar

de ler. Este professor terá mais facilidade para despertar no seu aluno o prazer,

o interesse pela leitura. O aluno percebe se há sintonia entre o que se faz e o

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que se sente. É uma coisa da alma. Criança tem mais sensibilidade e capta se

seu professor cultiva a leitura e se interessa realmente pelos livros. O

supervisor, com sua visão transformadora, colabora no sentido de estar sempre

atualizado, oportunizando aos professores metodologias eficientes, um trabalho

com acompanhamento, sob sua coordenação, assistência, controle e ainda,

avaliando toda a etapa do projeto, sempre atualizado e disponível. Sua postura

de um educador compromissado contribuirá com uma educação

transformadora e libertadora, para que o processo ensino-aprendizagem

através da leitura seja desenvolvido de forma plena e eficaz, focando um

indivíduo que pensa, reflete, critica, que irá atuar como agente de mudança na

sociedade. As atitudes do supervisor e do professor devem estar em perfeita

sintonia, motivando, estimulando e aguçando a curiosidade do seu aluno.

Emília Ferreiro, através de publicações, revolucionou o conceito do ensino da

leitura e escrita no Brasil.

A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa, (FERREIRO. 2001, p.15).

De acordo com a educadora, o alcance do “prazer da leitura”,

como é definido nos planos e programas oficiais, na prática é bem

contraditória, considerando-se as proposições e exercícios para a

aprendizagem. Na verdade, o que existe de fato é uma repetição de fórmulas

estereotipadas; e isso não é nenhuma garantia de sucesso, pois a função não

é comunicar ou tampouco preservar informações. Sabe-se que o resultado é

pobre, precário, o que se pode comprovar nos textos exigidos no vestibular,

cujos resultados são verdadeiras “pérolas”. A conclusão é que os jovens, com

medo de errar na grafia, não gostam – (ou não sabem) - de escrever o que são

capazes de dizer oralmente. Na opinião da educadora, o “prazer da leitura” ,

quando induzida, ao privilegiar um único tipo de texto, acaba deixando de lado

a obtenção de informações a partir de textos escritos. Assim, os estudantes

são incompetentes pra resumir um texto, incompetentes pra reconhecer as

idéias principais e, o que é lastimável, são incompetentes também na

seqüência de uma linha argumentativa, escrevendo textos incoerentes, sem

coesão, “perdidos” ao concluí-los. A escola acaba não formando leitores

competentes, isto é, cidadãos críticos, reflexivos, capazes de seguir o ponto de

vista do autor ou mesmo capazes de formar seu próprio conhecimento acerca

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de um determinado assunto. Nas séries iniciais, a escrita aparece para a

criança apenas para ser copiada, não compreendido, como algo alheio,

abstrato, dissociado de sua vida e de sua capacidade interpretação. Por isso

que nas classes “privilegiadas”, a compreensão da leitura é diferenciada. A

criança é capaz de compreender uma lista de supermercado, uma bula de

remédio, uma lista telefônica ou mesmo algum manual de algum aparelho

eletrodoméstico. Seu vocabulário, sem nenhuma dúvida, é rico. Portanto, o

cotidiano dessa criança favorece o seu crescimento intelectual. O mesmo não

ocorrendo com as crianças oriundas de lares com baixos níveis de

alfabetização. Os que mais necessitam dessa compreensão, desse

entendimento, desconhecem a serventia da língua.

O raciocínio da criança deve ser estimulado e em conseqüência

disso, sua criatividade vem à tona. O ensino, de alguma forma, continua

tradicional, apegado às práticas envelhecidas, retrógradas, como se a

aprendizagem só acontecesse mediante repetição, memorização, cópia de

modelos, uma verdadeira mecanização.

Mas existe saída, objetivando um trabalho mais consistente,

baseado em experiências inovadoras, visando a uma alfabetização de melhor

qualidade que alcance a função social da escrita e da leitura. Um trabalho que

aguce a curiosidade da criança respeite sua língua, aproveite seu potencial,

enfim, que a criança tenha uma atitude de coragem diante da língua escrita,

sem trauma, medo ou quaisquer dificuldades. A autora enfatiza a enorme

disparidade existente entre o discurso e a prática da alfabetização no meio

educacional, apontando o que se deve atingir num verdadeiro processo de

alfabetização significativa, ou seja, alfabetização e letramento. A alfabetização

é plena quando a criança adquire a compreensão de que a escrita interage

com o objeto do seu conhecimento.

Queria indagar que tipo de pressuposição o professor tinha em relação à competência lingüísticas das crianças e como isso podia intervir na aprendizagem. Nessa tarefa prévia de sondagem para elaborar hipóteses mais pertinentes, comecei a perceber que uma enorme quantidade de intercâmbios lingüísticos tinham a ver com a escrita. Eram intercâmbios lingüísticos sobre a aprendizagem da língua escrita, (FERREIRO, 2001, p.17).

No decorrer da sua pesquisa, Emília Ferreiro não encontrou em

nenhuma delas a “criança piagetiana”. Para ela, a aquisição da escrita estava

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dividida em dois grupos: a) a bibliografia psicológica com as habilidades

necessárias para a aprendizagem da leitura; b) a bibliografia psicológica

pedagógica, aliada à antiga discussão sobre o melhor método para se ensinar

a ler e escrever. Daí nasceu uma vaga interrogação. “Será que no uso da

língua escrita essa “criança piagetiana” não existe?”

Segundo a autora, a “criança piagetiana” é a criança que tenta compreender o mundo que a rodeia, que formula teorias experimentais acerca desse mundo; uma criança para quem, praticamente, nada é estranho. (FERREIRO, 2001,p.14)

Na época, ninguém poderia supor que as crianças soubessem algo

importante sobre a escrita antes de entrar na escola. Ferreiro e colaboradores

foram os pioneiros a vincular esse “saber lingüístico” da criança com a

aprendizagem da leitura e da escrita na escola.

Dificilmente, a escola teria podido assumir esse “saber lingüístico” da criança antes que a psicolingüística o tivesse colocado em evidência; mas podemos agora ignorar esses fatos? Podemos continuar atuando como se a criança nada soubesse a respeito da sua própria língua? Podemos continuar atuando de tal maneira que a obriguemos a ignorar tudo que ela sabe sobre sua língua para ensinar-lhe, precisamente, a transcrever esta mesma língua em código gráfico? [...] Nossa originalidade reside em sermos, provavelmente, os primeiros a fazê-lo em língua espanhola e, principalmente, os primeiros a vincular essa perspectiva com o desenvolvimento cognitivo, tal como é visto na teoria da inteligência de Piaget (FERREIRO, 1985, p.25).

A autora, seguindo sua linha de raciocínio resolveu continuar seus

estudos trabalhando com alguém que tivesse feito doutorado com Jean Piaget;

nessa situação, era ela a única latino-americana. Houve aí, uma dificuldade

política e o grupo, embora distante, começou a se comunicar por cartas e

descobriu que assim poderia fazer estudos comparativos e ainda se multiplicar.

As idéias foram publicadas em diversos livros. Um livro, inclusive, prefaciado

por Jean Piaget, reconhecendo a notável contribuição de Emília Ferreiro para o

estudo do desenvolvimento lingüístico da criança e das relações desse

desenvolvimento com o das operações ou pré-operações da inteligência. Em

matéria de alfabetização (considerando leitura/escrita/letramento), o resultado

da pesquisa de Ferreiro materializou-se em seus textos, apresentando-se como

uma verdadeira “revolução conceitual” toda criança é capaz de aprender, em

interação com o objeto de conhecimento. Esse saber é adquirido antes de seu

ingresso na escola e deve ser respeitado, levado em consideração. Muitos dos

sonhos infantis nasceram através dos príncipes, princesas, bruxas e fadas dos

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antigos clássicos infantis. Foram essas histórias que contribuíram para a

compreensão do bem e do mal, dos mistérios da morte, aqueles sentimentos

de inveja, ciúme, ambição, amor, ódio, do sonho realizado ou da justiça

praticada. Sem dúvida, são valores que prevalecem/prevaleceram sobre a vida

de muitas pessoas. Precisa-se, sim, buscar uma maior aproximação com a

sensibilidade, com o ato de sedução,, isto é, procurando descobrir os gostos,

as preferências, os assuntos, os tipos de leitura que mais atraem os nossos

alunos. Só assim, ele será “fisgado”. É por isso que o afeto é importante e

necessário. A utilização da literatura como recurso pedagógico pode, sim, e

deve ser enriquecida e potencializada pela qualidade das intervenções do

professor e/ou supervisor pedagógico. Ferreiro e Teberosky (1996,p.12),

estudando a psicogênese da língua escrita, consideraram a escrita um objeto

de conhecimento que vai sendo construído de modo evolutivo pela criança.

Elas ressaltam que a criança, em suas relações com a escrita, elabora ativa e

espontaneamente hipótese a respeito de como se escreve e testa suas

hipóteses cotidianamente. Analisando produções das crianças, as

pesquisadoras descrevem um processo que vai da ausência da relação entre a

fala e a escrita (período pré-silábico) à fonetização da escrita (período silábico,

silábico-alfabético e alfabético). Esses estudos apresentam proposições

importantes para os alfabetizadores, podendo contribuir para o

desenvolvimento das práticas pedagógicas, assim como obrigam a rever as

concepções de ensino e aprendizagem da língua escrita até então dominantes

na escola e colocam desafios aos educadores no campo da alfabetização.

As crianças elaboram conhecimentos sobre a leitura e escrita, passando por diferentes hipóteses – espontâneas e provisórias – até se apropriar de toda a complexidade da língua escrita. Tais hipóteses, baseadas em conhecimentos prévios, assimilações e generalizações, dependem das interações delas com seus pares e com os materiais escritos que circulam socialmente.,( FERREIRO e TEBEROSKY 1996,p.12).

Leva-se em consideração, sem sombra de dúvida, toda a

bagagem cultural do receptor que influencia na interpretação da mensagem. O

texto é interpretado sob a influência de todas as experiências com o mundo;

sua memória cultural é que vai direcionar as decodificações futuras. A figura do

supervisor pedagógico, nesse exato momento, aparece como estímulo

essencial e contínuo entre o aluno e o trabalho que se desenvolve. O jovem

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precisa ser seduzido pela leitura. Pode ser estimulado a ler placas nas ruas,

outdoors, anúncios, gibis, romances, revistas semanais, mensais, periódicos.

Não importa tanto. O importante é que se crie um vínculo forte entre texto/leitor

por puro prazer, como gostar de cozinhar, de pintar, de tocar algum

instrumento, criar-se um vício. E é justamente na escola que a criança aprende

a ler. A escola é o único contato com a literatura que algumas crianças têm,

infelizmente. É, com certeza, um lugar privilegiado, no aspecto formativo da

criança. Em outra perspectiva, a leitura tem também um caráter lúdico, capaz

de suscitar o imaginário, a fantasia, de responder interrogações acerca de

diversos assuntos, encontrar idéias, solucionar equações, instigar a

curiosidade. Enfim, ler envolve, efetivamente, a construção de uma linguagem

mais elaborada, desenvolve o intelecto, aumenta a capacidade de pensar, de

raciocinar, deduzir, concluir, estabelecer conexões, fazer inferências, poder de

argumentar, formular hipóteses, etc. Há vários estudos e pesquisas

direcionadas aos supervisores escolares, professores e diretores, preocupados

em formar leitores críticos, preocupados com o desempenho escolar dos

alunos, conferindo à literatura uma importância por excelência, utilizando-a

como recurso pedagógico, demonstrando o muito que ela pode enriquecer e

potencializar através das intervenções dos educadores. Assim, os educadores

(professores e supervisores) devem reservar, na escola, espaços, em que

proponham atividades novas sem o compromisso de impor leituras e avaliar o

educando, antes, porém permitindo que a leitura possa fluir no prazer e na

alegria. Várias atividades inovadoras podem ser propostas através de um

conto: o pintar, o desenhar no contexto da história, discutir partes que mais

gostaram, analisar espaços, caracterizar personagens, imitar personagens,

imaginar outro final, trocar experiências, fazendo suposições; e ainda, colar,

usar massa de modelar, usar bexiga; barbante, construir objetos com sucata,

elaborar textos, recontar, encenar uma peça teatral, utilizar papéis diversos;

confeccionar novos materiais, trabalhar em grupo, etc. Tudo isso pode

contribuir para a formação de um cidadão crítico, criativo, imaginativo,

companheiro, e, com certeza, um leitor voraz. O supervisor pedagógico, como

se vê, exerce um papel fundamental neste processo. Acredita-se que propostas

inovadoras e variadas possam ser indispensáveis na construção da autonomia

e desenvolvimento da criança em formação. Assim, Altet, (2000,p.129.), revela

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que existe, pois uma dependência funcional entre os atos pedagógicos e os

atos de aprendizagem dos alunos, o que os professores fazem determina o que

os alunos fazem e como aprendem.

Em determinadas situações a ação do professor dependem de juízo instantâneos e de decisões rápidas baseada na compreensão imediata da situação.são decisões imediatas, intuitivas e rápidas. Durante a aula, o professor defronta com diversas situações inesperadas, a aula se desenrola como o previsto, os alunos apresentam dificuldades que não foram consideradas, as atividades da turma são interrompidas por inesperados acontecimentos exteriores, etc. Tais situações exigem respostas imediatas e apropriadas de forma minimizar a desorganização da turma e os problemas encontrados, (ALTET,2000,p.116.).

Entende-se que a leitura é uma chave, um caminho para a

inserção da criança no mundo. Entende-se também que é através da leitura

que a pessoa humana se satisfaz nas suas necessidades de ser humano. Não

se concebe imaginar que leitores sejam decifradores mecânicos de códigos. O

professor não pode permitir tal desatino. Ao contrário, deve estimular a leitura e

criar situações de conflito para que a criança possa pensar, desenvolvendo seu

potencial e descobrindo sua criatividade. A literatura é um processo

permanente de prazer, que contribui na formação de um ser pensante, um ser

sensível e crítico, que se delicia com histórias e textos, mexendo e remexendo

com o imaginário infantil. Quando o trabalho da literatura é realizado com

sucesso no âmbito escolar, verifica-se, dentre todos os benefícios citados,

ainda a eficácia na escrita, através do que se pode afirmar que é amplo o leque

de benefícios suscitados pela literatura. É da competência da supervisora

escolar evitar que os textos sejam estudados mecanicamente, para imitar o

autor, com perguntas e respostas condicionadas que não se reportam a uma

reflexão existencial, espiritual subjacente ao que se lê tematiza ou banaliza a

riqueza que representa a exploração de um texto.

Aprende-se a ler na escola, lê-se na escola com a finalidade estrita

de continuar a se ler fora dela. E, nesse sentido, a leitura extrapola sua

finalidade estritamente pedagógica. A escola representa apenas um dos muitos

espaços, onde se pode ler, na família, na igreja, no trabalho, nos grupos e

reuniões de amigos, no quarto antes de dormir, nas viagens longas, em vôos

internacionais, nos parques, salas de espera, em restaurantes e até no

banheiro. O desempenho do professor e do supervisor pedagógico é de

fundamental importância e sugere que ambos sejam o “texto”, os parceiros, os

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mediadores, os articuladores de muitas e diferentes leituras de vários e

diferentes textos. A leitura deve ser desprovida de preconceitos, de amarras,

dos entraves mornos das escolas. Deve-se fazer da leitura um ato

criador/questionador/inspirador/reflexivo. Geraldi (1997,p.42), acredita que o

aluno, na produção de discursos, não faz só a reprodução, mas passa seu

ponto de vista sobre os fatos que o cercam. O indivíduo, com sua palavra, bem

como com a sua articulação individual, não desconsidera a velha forma. As

estratégias e metodologias utilizadas em sala de aula pelos professores

conduzem os alunos ao reconhecimento de conteúdos valorizados pela

instituição e a reprodução daquilo que considera certo e/ou errado.

Diz que conforme a relação que se deseja estabelecer com o texto, terá: leitura-busca-de-informações; leitura-atividade; leitura-fruição e leitura-pretexto. Compete ao especialista pedagógico interferir na atividade escolar permitindo que ela seja exeqüível, relevante e dotada de sentido, numa cadeia ininterrupta, (GERALDI. 1997, p.42).

Como já foi dito anteriormente, a leitura amplia o repertório

lingüístico e, mais uma vez, salienta-se a importância do professor/supervisor

na escola, pois ninguém aprende a lidar com a língua e o uso da língua de

modo automático e espontâneo. O aluno não caminha sozinho. É mister que

alguém colabore na sua formação, com um olhar apurado, prepara um novo

sujeito que questiona, indaga, investiga, descobre, inventa, compara,

transforma, aprende, ensina. Por isso mesmo é tão fecundo o estudo

comparativo de textos. Por exemplo, no Instituto educacional Conhecer,

Construir e Viver, diversas obras literárias clássicas já foram analisadas, dentre

elas: Dom casmurro e o Alienista, de Machado de Assis. Os textos foram

confrontados em dois momentos, permitindo um diálogo do presente com o

passado, num diálogo de visões de mundo, um diálogo de modos de operar

com a linguagem, trabalhando ainda com conceitos literários, gêneros literários,

estilos, níveis de linguagem, imagens, metáforas, símbolos e sugestões,

universalidade do texto literário, especificidades da obra, o lúdico, a fantasia, a

loucura, o ciúme, o adultério, a personalidade, o caráter, os valores, as

mazelas da sociedade e muito mais. Ao final da análise, cada aluno manifestou

as considerações gerais sobre as obras lidas. Algumas considerações foram

surpreendentes, positivas; um aluno, negativamente, manifestou repúdio à

literatura brasileira e a qualquer obra nacional como algo entediante e sem

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valor. A leitura crítica conduz sempre à construção de um novo texto: o texto do

próprio leitor, isto é, a leitura sempre gera expressão, sentido.

“Para mim, o livro de Machado de Assis “Dom Casmurro” é de difícil

entendimento; no momento da minha apresentação, passei

dificuldade. Apesar disso, gostei da história”. Antônio Pedro

Fagundes)

“O livro, por ser um clássico, é bom e é até interessante, pois no final

fica uma dúvida em relação ao adultério de Capitu. Por isso, dentre

outras coisas, a obra é interessante”. (Diêgo Feitosa)

“Literatura brasileira, principalmente as obras clássicas, são horríveis.

“Dom Casmurro é um livro complicado, entediante e eu não o

recomendo para ninguém. Os livros considerados Best-sellers são

Best-sellers por uma razão e os clássicos, não são”. (João Pedro)

É mais do que a apropriação de significado, é um estudo, uma

proposta pensada, analisada, dirigida ao outro. Na criança, tal leitura revela um

prazer singular, conduz à redescoberta do próprio trabalho, motivando o ato de

ler e ler. A utilização da literatura como recurso pedagógico pode ser

enriquecedora e potencializada pela qualidade das intervenções dos

educadores/supervisores. A criança entra em contato com o mundo letrado não

somente ampliando seu vocabulário e proporcionando maior conhecimento da

formação de textos, mas também exercitando o poder de sua imaginação. No

entanto, nem sempre se atribui à literatura a importância merecida. Muitas

vezes ela é utilizada como pretexto educativo para o ensino da Língua

Portuguesa e de suas normas. Ou, muito ao contrário, muitas vezes não se

explora a literatura enquanto produto letrado, dando-lhe apenas o brilho do

lúdico e da brincadeira. O indivíduo, através de palavras e gestos, é resultado

de suas relações com o outro, ou seja, o que ele é e o que produz constituem

um produto do meio sócio-cultural em que vive. Num conjunto de trocas

realizadas por interlocutores, resulta um trabalho empreendido de significados

que remetem simultaneamente à abordagem subjetiva manifestada de acordo

com a maneira de proceder socialmente (ROCHA & GURGEL, 2002, p.225).

Com relação aos atores da cena didática, verifica-se, de um lado, o professor – espécie de diretor da fala do aprendiz, cabendo-lhe interrogar, sancionar, felicitar, lançar/ensinar uma atividade e avaliar de outro, os aprendizes – a quem compete responder às questões propostas, aceitando as atividades pedagógicas e contribuindo no sentido de produzir um texto em conformidade com o que espera o professor. (ROCHA & GURGEL 2002, p. 225)

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Aprende-se a ler, lendo; aprende-se a escrever, escrevendo. É na

simplicidade dessa assertiva que a importância da leitura deve ser

compreendida na escola e além dos muros dela. Os educadores

(especialistas/professores, principalmente) devem ver a escola como um local

agradável, alegre e prazeroso e a leitura deve ser oferecida como instrumento

para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e

interesse de se analisar o mundo. Assim, antes mesmo de a criança aprender a

ler, deve-se incitá-la a ouvir histórias e manusear livros. O professor, sob a

orientação do supervisor, deve ler. E deve ler muito. Deve ler e comentar os

livros, dando-lhes um colorido especial, de tal forma e com tal ênfase que a

criança queria ler também. Deve-se falar e falar muito sobre personagens do

livro sobra a capa, as ilustrações, a linguagem, o estilo, sempre com o mesmo

objetivo: criar no aluno o desejo de ler. E ao contar as histórias para as

crianças, deve-se ter o cuidado de comentar sobre fatos que envolvam

enganos, mentiras e adaptá-los à realidade da criança, permitindo que ela

estabeleça relações com os enganos e inverdades da vida real, da sua vida.

De acordo com Ana Teberosky,(1994,p.190) o estímulo à leitura e a

conseqüente produção de texto deve ter início em torno dos dois ou três anos

de idade. O quanto antes, melhor em todos os sentidos. Compete também ao

professor além de ler, comentar, mostrar que a escrita não existe sem a leitura

e a leitura não existe sem a escrita. Elas caminham junto. Aluno vai acabar

entendendo que ele deve fazer um texto para alguma coisa em função sempre

de alguma coisa. Finalmente, a leitura não pode estar distanciada da

afetividade. As histórias são inesquecíveis quando relatadas com uma dose de

alegria, prazer e satisfação. É importante ter em mente que o que está escrito

não muda; nós, sim, é que enxergamos novos aspectos, pertinentes á

atualidade. Essa é a mágica da literatura que inquieta, instiga, envolve,

encanta. Daí a importância do supervisor pedagógico, interferindo, dialogando,

trazendo idéias, enriquecendo o trabalho, atuando como idealizador de projetos

envolvendo leitura com interdisciplinaridade, não apenas dentro da Língua

Portuguesa, mas em todas as disciplinas

Apresenta argumentos que o educador utiliza para dar início ao processo de diálogo: Para ajudar o aluno, o professor pode falar, explicando o que pensa que o aluno precisa, ou que pode perguntar,

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ou apresentar-se como modelo a ser imitado; em suma, um método composto por instruções, perguntas e demonstrações. (TEBEROSKY.1994, p.191).

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CONCLUSÃO A leitura é de fundamental importância para o indivíduo. “O ‘direito de ler’ significa igualmente o direito de desenvolver as capacidades intelectuais e espirituais da pessoa, o direito de aprender e progredir” (BAMBERGER, 1977, p. 11).

Após a realização da pesquisa, chegou-se à conclusão de que a

leitura é essencial e imprescindível para a formação do aluno e que o hábito de

leitura deve contar com a orientação do supervisor pedagógico e ainda que o

professor também deverá ser leitor. Constatou-se que há uma diferença entre a

leitura mecanizada, aquela que é controlada pelo professor, e a leitura solta,

independente, livre, estritamente pessoal, em que haja interação do aluno com

o texto, respeitada sua vivência e sua realidade. A alfabetização letrada deve

estar presente na prática diária dos professores e especialistas em educação.

Não somente nas séries iniciais como também nas demais séries do Ensino

Fundamental, pois ela é um processo da construção contínua do conhecimento

em que a criança é o seu próprio autor. Concluiu-se também que a oralidade

deve ser valorizada a partir da educação infantil, representando isso fator

primordial para o desenvolvimento do educando e que o professor passe a

exercer a função de agente instigador do saber.

Pode-se dizer, sem medo de errar, que, por parte do professor do

Instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver, não há um discurso

autoritário, com característica de dominação, ao contrário, o aluno está sempre

convidado à reflexão, ao debate, à análise e até ao discurso polêmico. A

professora e a supervisora desse estabelecimento de ensino assumiram uma

postura bem atualizada, com aulas dinâmicas e interessantes, permitindo

sempre que o aluno seja o sujeito do conhecimento, assumindo dúvidas,

possibilitando a discussão em torno do texto em estudo.

Dessa forma, de acordo com as atividades analisadas, a hipótese

inicial deste trabalho é confirmada, não há entraves significativos no trabalho

do supervisor pedagógico. O aluno aprendiz fez uma leitura pessoal,

interpretou seu texto sem a indução do professor, posicionou-se enquanto

sujeito-leitor-crítico.

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Foi possível a percepção de que o profissional da educação não

privilegia o ensino da gramática de forma tradicional, muito ao contrário, dentro

do texto, os alunos analisam a morfologia e a sintaxe.

É mister ressaltar que a escolha dos livros acontece com a

participação dos alunos, que recebem uma lista de títulos, com sinopses e em

seguida faz-se uma votação. Outras vezes, a professora entrega a lista e cada

aluno pesquisa o resumo, que é lido, apreciado e discutido. Daí faz-se a opção

da leitura sugerida pela maioria.

Portanto, esta pesquisa levou a uma constatação: a atuação do

professor/supervisor pedagógico com seus alunos, no que se refere ao hábito

da leitura é feita satisfatoriamente, os objetivos são alcançados, na maioria dos

casos.

Assim, concluindo, é possível transformar alunos em sujeitos-

leitores-críticos, contaminados pelo vírus da leitura, sempre lembrando que em

educação, nada pode ser considerado pronto, acabado, tudo está em

constante movimentação, em constante dinâmica. O professor e o supervisor

devem trabalhar juntos, pesquisando novas práticas que favoreçam essa

transformação, dentro dessa perspectiva de inovação, estudo e pesquisa.

Deduz-se que, após contagiado pelo “vírus” da leitura, é

impossível imaginar um mundo sem livros. Curou-se o “vírus” com livros.

O trabalho realizado consistiu em entrevista, investigação,

diálogo, análise do discurso, permitindo uma reflexão crítica sobre o teórico e o

exercício prático da leitura. De modo geral, pode-se perceber que a leitura no

Instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver acontece conforme os

projetos executados e as crianças, em sua quase totalidade, adquiriram o

hábito da leitura, com prazer, alegria e encantamento.

Dessa forma, com a intervenção do supervisor pedagógico e com

o compromisso dos seus profissionais, a escola conta, hoje, com alunos-

leitores, capazes de ler o mundo, refutando, contradizendo, aceitando ou

questionando, ponderando, considerando, enfim, posicionando-se, sempre

participativos, sujeitos ativos e cidadãos críticos.

A atividade de leitura faz com que o homem seja completo,

escrevendo de forma correta, com uma linguagem elaborada, um vocabulário

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exato, enxuto. Seu pensamento é mais sagaz, sua memória, mais rápida e seu

raciocínio, cada vez mais perspicaz e eficiente, sua interpretação é correta. Ao

contrário, se pouco lê, é lento mesmo na percepção do que não sabe.

Se os alunos adquirem tal competência, dificilmente são induzidos

a uma resposta almejada, desejada pelo professor. Sua leitura nunca é vista

como algo acabado, finalizado. Há constantes jogos dos sentidos, as

informações são transparentes e seu pensamento é livre, jamais fechado. Nos

livros, os alunos percebem portas, janelas, arestas e através delas, sua

imaginação corre solta, buscando respostas cada vez mais seguras e

justificadas pela leitura de mundo que cada um traz como bagagem.

Enfim, o trabalho com leitura no Instituto Educacional Conhecer,

Construir e Viver é considerado de qualidade, um trabalho rico, profícuo, de

excelente resultado; os professores possibilitam sempre momentos de reflexão,

debate e questionamentos. De acordo com as atividades analisadas, confirma-

se a hipótese inicial desse trabalho de que, é possível formar leitores,

permitindo que o aprendiz faça um leitura própria, nunca induzida a uma leitura

pretendida, respeitando seu espaço de se posicionar como sujeito-leitor-crítico.

Percebe-se ainda que o ensino de gramática é contextualizado, o

professor utiliza os textos lidos para experiências, cujas atividades privilegiam

também a prática normativa. Assim, o texto exerce seu papel fundamental que

é o de produzir sentidos, mediante completa interação com o leitor e o mundo.

Ressalta-se ainda que a escolha dos livros para leitura agradam aos

professores e alunos, pois são cuidadosamente analisados pela idade e gosto

do leitor, são temáticas ricas, curiosas, que, uma vez bem trabalhadas, o

resultado é sempre positivo, com reflexões profundas, suscitando grandes

questionamentos. O projeto de leitura nunca atinge um ponto final. É

importante que a escola seja insistente nessa prática ainda que os alunos

gostem de ler. Cultivar o hábito é tarefa difícil, árdua, uma vez que a televisão,

a internet e tantos atrativos eletrônicos cheguem aos nossos jovens com tal

velocidade que até assustam. No Instituto, o hábito de leitura é diariamente

cultivado, novos livros são adquiridos e todos os esforços são feitos no sentido

de tornar a leitura sempre uma atividade lúdica, encantadora, fascinante,

gostosa e mágica.

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ZILBERMAN,R. A literatura Infantil na Escola. 10ª edição.Ed. Global. São Paulo, 1998,p.24.

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ANEXO

PROJETO DE LEITURA NO INSTITUTO EDUCACIONAL CONHECER, CONSTRUIR E VIVER

Iniciou-se, há três anos, no Instituto Educacional Conhecer,

Construir e Viver um projeto de leitura, envolvendo alunos do Ensino

Fundamental I e II.

O projeto tem como objetivo principal a formação de

alunos/leitores. Alunos “viciados” em leitura. Para a escola, amar a leitura “é

trocar horas de fastio por inefável e deliciosa companhia”. E ainda “é preciso

fazer compreender à criança que a leitura é o mais movimentado, o mais

variado, o mais engraçados dos mundos”. A leitura nutre a inteligência. “Um

livro é como uma janela. Quem não o lê, é como alguém que ficou distante da

janela e só pode ver uma pequena parte da paisagem”. “Não há melhor fragata

que um livro para nos levar a terras distantes”. “ler é sonhar pela mão de

outrem”. Por assim pensar é que o Instituto Educacional Conhecer, Construir e

Viver tem como missão formar leitores inteligentes, críticos, reflexivos, ativos,

cidadãos.

Num primeiro momento, aconteceu uma reunião com todos os

professores para a escolha dos autores, uma vez que faz parte dos eventos

anuais, constando no calendário, as datas para apresentação dos trabalhos.

Cada professor escolhe um autor e em seguida, os professores e os alunos

escolhem os livros que serão lidos, analisados e trabalhados.

Antes, porém, direção, coordenadora pedagógica e professores

iniciam o trabalho de motivação, criando situações que despertem a

curiosidade e o interesse de todos os alunos.

Cartazes são colocados em toda a escola.

Cada sala recebe o nome do autor, cuja leitura será objeto de

estudo.

A curiosidade em torno dos cartazes e dos nomes dos escritores

favorecem, criando um clima de grande expectativa.

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A professora coordenadora, então, visita as salas e, através de

movimentos teatrais, após fechar, cuidadosamente, a porta da sala, diz aos

alunos que traz um vírus que contaminará toda a turma. Trata-se de um vírus

que convive com ela há mais de cinqüenta anos. É perigoso, mas não mata. .

Seu contágio é rápido. E não há vacina. Não há cura. Traz conseqüências para

o bolso. As crianças, ouvindo essa história um pouco louca, ficam espantadas,

os olhos, ora fixam na coordenadora, ora fixam na professora “tia”. E a

encenação continua, num diálogo que só termina quando alguém consegue

“descobrir” do que se trata. É o momento mágico. Questionados se já sabem

do que se trata, vem o mistério que só vai aumentando o suspense em torno da

descoberta do tal vírus. Após muita conversa, são direcionadas algumas pistas

e a conversa flui espontaneamente, cada um tentando “adivinhar”:

Um aluno levanta a mãozinha e diz: “tia, já sei. É o vírus da

vaidade. Ela, a coordenadora é chique e usa roupas muito bonitas. Outra: “É o

vírus do riqueza. A tia é rica, ela só usa roupa bonita”. E por aí, todos se

manifestam. A interação é perfeita. “É o “vírus” do estudo”. E, aproveitando a

brincadeira do está “frio”, está” morno”, está “quente”, a coordenadora vai

conduzindo a sala. Até que finalmente, ouve-se uma “vozinha” tímida que diz:

“tia, já sei, tenho certeza, É o “vírus” da leitura e eu já sou “doente”, Minha mãe

já me contaminou”. Mais mágico impossível. E a coordenadora deixa a sala,

prometendo voltar e levar livros maravilhosos, com histórias lindíssimas e

interessantes e todos querem saber o dia. Mas há um suspense. A

coordenadora não diz quando e eles ficam “frustrados”, “angustiados” com a

expectativa do que será trazido. Mas, antes a coordenadora diz que, por tratar-

se de um momento especial, cada aluno deverá providenciar uma almofada e

deixar “pronta” para o dia “encantado”. Há uma cobrança enorme em torno da

data. E, claro, acaba acontecendo. A coordenadora entra... todos se

acomodam nas almofadas, em cima de um tapete. A coordenadora e

professora também se acomodam como as crianças e o clima fica “perfeito”.

Mas o livro ainda não fora apresentado. Encontra-se nas mãos da

coordenadora, mas “fechado”. E começa, então, a apresentação do livro.

Primeiro, eles observam a ilustração da capa e fazem a leitura. Depois,

imaginam, após ler o título da obra, de como seria a história. A coordenadora

fecha o livro e “finge” que está saindo. Há outras obrigações e as crianças se

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revoltam. “Queremos ver mais... mais e mais... Ela volta e diz: “vamos ler

apenas uma página. Existem afazeres urgentes e outro dia, a leitura

prossegue... Eles se “conformam”. Inicia-se a leitura da primeira página. É

nesse instante que cresce o interesse. A coordenadora lê como se estivesse

“sentindo”, “enxergando” cada personagem e todas as suas nuances. A leitura

é interrompida pra que os alunos tentem imaginar como seria a personagem,

seu aspecto físico e psicológico. E pergunta: “O que vocês acham que vai

acontecer agora? Eles vibram e os olhos traduzem todo o encantamento

daquele momento. A coordenadora quase que “interpreta” a leitura. O tom de

voz ora fraco, ora elevado, forte, intenso, ora triste, ora alegre e a meninada se

delicia. Mas a coordenadora, de repente, fecha o livro, levanta-se e interrompe

o momento. A meninada, mais uma vez, revolta-se e pede mais. Não é o

momento. E, como nas novelas, ela diz: “Aguardem o próximo capítulo”. Tudo

fora planejada exatamente para esse desfecho inusitado e inesperado. Outro

dia ela volta. O encanto deve continuar. A curiosidade, idem. E assim, até o

desfecho.

E, após, o desfecho, vem a pergunta: “Quando vamos ler outro

livro?” Traga mais... queremos mais... queremos mais!

É tudo o que se pretendia.

A meninada “pegou” o “vírus”. Todos estão “contaminados”. E a

proposta é que se contamine toda a instituição de ensino.

O processo é feito em todas as salas.

Os primeiros livros lidos em março de 2007, foram:

No segundo ano do Ensino Fundamental I- O sofá estampado – de

Lygia Bojunga Nunes.

No terceiro ano- Alice no país da mentira – Pedro Bandeira

No quarto ano – O jardim secreto – Frances Hodgson Bumet

No quinto ano – As pimentas atômicas – Isabel Vieira

No sexto ano – Gente de estimação – Pedro Bandeira

No sétimo ano – Gente de estimação – Pedro Bandeira

No oitavo ano – Jorge, um brasileiro – Oswaldo França Júnior

No nono ano – Dom Casmurro – Machado de Assis

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Prosseguindo no projeto, após a leitura, o estudo e a análise, é

feita uma apresentação para toda a escola. Cada sala escolhe o “como” e se

prepara.

O segundo ano fez uma mesa-redonda, encenou uma parte do livro

e cada criança contou uma parte da história.

Em seguida, alunos convidados direcionam algumas perguntas às

crianças e eles respondem ou passam a pergunta pra outro que queira

responder. Nada impede que as respostas sejam completadas por outro

colega.

Finalmente, cada criança tem a oportunidade de se manifestar

sobre todo o trabalho, tecendo considerações sobre estilo, personagem, enfim,

criticando o final, sugerindo outro desfecho e ainda, recomendando a leitura da

obra a alguém, justificando o porquê da escolha.

Para este trabalho específico, o livro escolhido para apresentar aos

alunos foi “Luas e Luas”, de. James Thumber.

A obra foi escolhida pela coordenadora por ser instigante, curiosa,

cheia de suspense, com um vocabulário simples e personagens interessantes.

Os alunos manifestaram-se à respeito da leitura.

Fez-se o registro da opinião de todos os alunos, pois sendo uma

escola muito pequena, 87 alunos, entre Educação infantil, Fundamental I e

Fundamental II.

Há salas com um mínimo de quatro alunos. Nas outras salas, o

número varia, nunca, porém, ultrapassando dez.

A clientela, em sua maioria, é formada por alunos, cujos pais têm

formação de nível superior: médicos, professores, engenheiros, advogados e,

ainda pequenos empresários.

Os pais participam de todos os eventos da instituição, inclusive

comparecendo aos saraus e/ou cafés/chás/literários.

Após cada evento alguns presentes pedem a palavra e manifestam

seu apreço e sua simpatia pelos trabalhos ali desenvolvidos.

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Abaixo, algumas respostas dadas pelas crianças sobre leitura,

livros lidos e apreciados e ainda relato de experiência com livros e a

contribuição da leitura para a sua vida.

Observação: A coordenadora manteve os comentários exatamente

como foram escritos, com todos os “erros” cometidos, inclusive a grafia

incorreta, erros na pontuação e desrespeito ás normas gramaticais.

Na apresentação final, o livro foi dividido em partes. Cada aluno

contou a sua parte resumidamente, usando suas próprias palavras.

LIVROS APLICADOS

Segundo ano:

Sobre o livro: “O sofá estampado”:

“Eu não tive muita “dificuidade” “mais” fiquei muito nervosa na hora eu aprendi

que não devemos discriminar as pessoas e nem os animais; eu estudei muito

porque eu sabia que ia ser alguma coisa nesse livro e na hora eu “mim”

“esforsei” muito, e quero fazer isso “dinovo” porque eu sei que vou ser “auguma”

coisa. Gosto muito de ler livros.

(Mariana Trindade – 7 anos – 2º ano)

Meu primeiro livro lido.

Eu gostei “por que” esse livro é muito bom. Porque ensina “nigem” deve

descriminarninguém nem os bicos mesmo não gostando deles, assim mesmo não

podemos “mata-los” e “defender eles”.

Não podemos matar “nem um” bicho.

(Pedro Murta Barreto- 06 anos – 2º ano)

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“O primeiro livro que li e fiz o reconto foi “O sofá estampado”. Eu achei “difciciu”

mas em um tempo nós melhoramos se não fosse em grupo estava “dificiu” em

grupo não fica “dificiu” nós ficamos com vergonha de falar mas falamos bonito. Eu

gostei de ler e quero ler mais livros”.

João Lucas Quaresma – 07 anos – 2º ano

Depoimento da professora da turma do segundo ano, Flávia Botelho Leal

“O primeiro livro que essa turma leu foi “O sofá Estampado”, de Lygia Bojunga

Nunes. No primeiro momento eles ficaram um pouco assustados. Fizemos uma

mesa-redonda; eles ficaram um pouco envergonhados, mas conseguiram fazer a

apresentação. Naquele momento, eles se sentiram o máximo estarem na frente

falando. Já pediram outro livro pra ler. No momento, estão lendo “Como nasceu a

alegria”. A apresentação será feita em sala mesmo. Percebi que o interesse em ler

aumentou um pouco. Adorei essa experiência”.

“O primeiro eu gostei e é muito bom trabalhar em equipe quando você fala

“auguma” coisa você fica nervoso não é verdade. O livro é bom. Eu gostei de lê”.

Antônio Felipe- 2º ano – 07 anos

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“Eu gostei muito do livro tem histórias incríveis e muito engraçadas no dia da

apresentação eu fiquei apavorada porque eu não queria falar feio e sem vergonha

olhei para a frente e falei sem vergonha eu sei que foi difícil saber aquilo mas cada

dia eu ia melhorando e foi muito bom aprender aquilo”.

Te amo, tia.

Lourdes Maria – 07 anos – 2º ano

“Eu “aprede” reconhece o livro foi muito legal “aprede” muitas coisas “queu” não

sabia mais eu “e saie” muito para mim vala a minha palavras “queu” não sabia.

Depois eu “respodi” “pergutão” muito bonitas”.

Jonas – 07 anos – 2º ano

Considerações feitas pela professora de Língua Portuguesa (Ensino Fundamental

II), Maraíza dos Santos Ribeiro.

“O Projeto de Literatura desenvolvido no Instituto Educacional Conhecer,

Construir e Viver vem, há anos mediando junto ao seu corpo discente a

oportunidade de conhecer um pouco de Literatura brasileira e estrangeira.

O prazer da leitura é disseminado como um “vírus” pela instituição. Todo

mundo acaba sendo contaminado , e com a turma do sexto ano não foi diferente.

Eles já saíram das séries iniciais intrinsicamente “ligados” à leitura.

No início do ano letivo foi proposto o livro: “Uma história de amor”, de

Carlos Heitor Cony. O trabalho foi feita com muita reciprocidade pelos alunos. Foi

dado um tempo para que a turma lesse o livro. Logo após, com apoio total da

escola (incluindo a coordenadora pedagógica) foram levantadas questões sobre o

livro, por exemplo, pesquisa bibliográfica sobre o autor, busca na internet pelo

contexto histórico para que os alunos tivessem uma melhor compreensão do

enredo da história. Enfim, faz-se um trabalho contextualizando a história com as

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demais disciplinas, observando-se as várias possibilidades pedagógicas de

abordagens.

O desenvolvimento do trabalho foi possível porque houve leitura prazerosa,

formando leitores sujeitos, capazes de argumentar sobre o que foi lido e

respectivamente continuarem com o hábito da leitura dentro e fora da escola.

A culminância da leitura (trabalho realizado com o livro) foi de suma

importância para que outros alunos interagissem com a turma e surgisse a

vontade dos outros de lerem também. Foi realizado um “CHÁ DE LETRAS”, na

própria escola, onde os alunos puderam apresentar a todos a história lida.

Particularmente, o projeto tem sido muito importante para o

desenvolvimento cognitivo dos alunos. São inúmeros os benefícios que a leitura

traz, não só na disciplina Língua Portuguesa, mas em todas as outras.

Uma criança que lê desenvolve seu intelecto e compreende melhor tudo a

sua volta, sendo assim, incentivo, apoio a iniciativa da escola e recomendo que

tal projeto seja colocado em prática em todas as instituições educacionais”.

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Considerações feitas pela professora Adriana Otília Borges e Araújo, do 3º ano do

Instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver

“Os alunos do terceiro ano apresentavam um pouco de dificuldade na

interpretação das leituras. Inicialmente, os livros escolhidos eram mais “grossos”;

os alunos assustam um pouco e reclamam. Mas com um pouco de incentivo,

entusiasmam-se, lêem e gostam.

Os comentários sobre as histórias lidas dão feitos semanalmente. Já sinto

que a interpretação melhorou. Estão interpretando bem as histórias e contam com

a ajuda dos pais e os comentários feitos na sala acabam ajudando a todos.

Quando a leitura é finalizada, sinto que certas crianças ficam ansiosas para

fazerem o reconto.

Eu, professora, surpreendo-me a cada livro lido.

Incentivo a leitura e me emociono quando vejo o interesse de cada um

pelos livros.”

Professora: Deliane A. Matins

Sobre sua experiência com a leitura em sala de aula – 4º ano do Ensino

Fundamental I

“Meu trabalho com a leitura em sala de aula é de grande importância para o

desenvolvimento dos meus alunos. A leitura proporciona uma gama enorme de

conhecimentos e ainda amplia a nossa visão de mundo, fazendo com que nossos

alunos sejam mais autônomos, mais livres, refletindo com mais argumentação,

concordando ou discordando dos fatos, vivendo mais plenamente sua realidade

de vida.Durante o trabalho com a leitura em sala de aula, pude perceber o

interesse e o comprometimento dos meus alunos a cada discussão feita sobre o

livro ficava fascinada com a participação ativa dos alunos, demonstrando interesse

e prazer na leitura”.

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PERGUNTAS AOS ALUNOS:

- Você gosta de ler?

- Qual a importância da leitura?

- O que você sente quando lê um livro?

- Qual o livro de que você mais gostou? Por quê?

Respostas:

“Sim. Eu gosto muito de ler. Eu já li muitos e muitos livros. Dois deles, “Sozinha no

mundo” e “Laura”. Mas eu já li muito mais. De todos, o mais interessante, foi um de

Ruth Rocha, “O Mistério do caderninho preto”. Acho que ele foi o melhor de todos.

A importância da leitura para mim é que eu posso aprender palavras novas

com os livros. E aí eu procuro o significado delas no dicionário.

No primeiro capítulo, eu me senti muito triste porque a mãe de Pimpa, Dona

Aurora, morreu. Mas quando eu descobri que Leonel, o que ela considerava tio,

tentou matar ela, para ficar com a herança. Mas o final foi feliz e eu não fiquei mais

triste, porque ela ficou com Dona Berenice.”

Mariana Lucena –09 anos – 4º ano

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“Eu gosto muito de ler, porque minha mãe fala que quem lê fica mais

inteligente. Eu já li um livro de 127 páginas em uma semana apenas. Mas

quando o livro fica interessante demais, a gente não consegue mais parar.

A importância da leitura para mim é que quanto mais a gente lê, mais

coisas a gente aprende.

Quando eu comecei a lei o livro “Sozinha no Mundo”, eu pensei que a

história fosse ruim, mas já no terceiro capítulo, eu não conseguia mais parar de

ler.”

Isabel Laurita Chaves Costa – 09 anos – 4º ano

“Sim, eu gosto muito de ler. A gente aprende muitas coisas.

A leitura é importante porque a gente aprende um monte de coisas.

Com a leitura, aprendemos muitas coisas, conhecer histórias, novos poemas e

muitas outras coisas.

O livro, “Sozinha no mundo” nos ensinou que devemos amar muito os nossos

pais e não conversar com estranhos. Eu senti que existem pessoas que ficam

sozinhas e ficam muito tristes.” (Rafaela Gonçalves Batista – 09 anos – 4º ano)

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“Sim.Eu gosto muito de ler. Ler é muito importante e eu até estou começando a

ler muitos livros agora. A leitura é importante porque é bom e divertido ler.

Eu li o livro “Sozinha no Mundo” e gostei tanto que não queria mais parar de ler.

Agora, já estou pensando no próximo livro. Sei que quando lei, fico mais

inteligente e mais esperta.”

Gabriella Araújo – 12 anos- 4º ano

“A leitura é muito boa. Eu gosto de ler e gosto também de escrever. É lendo que

você aprende que gosta de aprender, que gosta de entender. A leitura é muito

importante! É muito interessante, temos que ler bastante, para ficar bem brilhante.

A leitura é bem legal! É muito genial. E quem lê se torna uma pessoa muito

especial

Mariana Oliveira Luz – 09 anos- 4º ano

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Considerações sobre o livro: “Uma História de Amor” _ Carlos Heitor Cony

“Eu não gostei do livro; não gosto de romances, pois o final é sempre perfeito e na

vida não é bem assim. Gosto mais de livros de aventura. Exemplos: “As aventuras

de Robinson Crusoé”; “O jardim secreto”; “As pimentas Atômicas”.

Mas eu adoro ler. Já li muitos livros. Tenho o “vírus” da leitura.

Luís Educardo Cerceau Pinto Coelho – 10 anos – 6º ano

“Sim. Eu adoro ler. Eu viajo na minha imaginação, quando eu leio. Quanto mais eu

leio, mais coisas novas eu aprendo.

Quando li o livro “Sozinha no Mundo”, senti tristeza porque Pimpa perdeu a sua

mãe, e ao mesmo tempo, senti muita alegria, porque tudo acabou bem.

Ler é crescer, é saber, é imaginar, é criar, é sonhar, é viver, é conhecer, é

aprender.

Lei é imaginar, é sonhar com aquela história, com as personagens, sonhar em um

lugar, sonhar com o vilão, com o príncipe encantado. Ler é se sentir bem.

Coma história “Sozinha no Mundo”, eu imaginei Pimpa, Noel, Dona Berenice, a

assistente social, o juizado, Leonel, Dona Regina e muitos outros. Imaginei o

lugar, até o ônibus. Adorei a história.

Quem lê, torna-se uma pessoa muito especial, legal, divertida e principalmente,

inteligente.

Ler é pegar um livro, sentar em um jardim onde tem só você e começar a ler,

solta sua imaginação, cria sua história e seus personagens.

Por isso que eu gosto de ler. Eu me divirto, lendo. E lendo, eu aprendo.”

Giovanna Ribeiro de Carvalho – 09 anos- 4º ano

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“Gostei do livro, mas não muito. Gosto mais de livro de suspense. Quando li “O

jardim secreto” foi ótimo, parecia que tinha saído de mim e entrado na história”.

Luana Soares – 10 anos – 6º ano

“Quando leio uma história com a qual me identifico, gosto muito. Adoro romances e

me acho romântico. Aprendi com o livro que não devemos julgar as pessoas pela

aparência ou pela condição social”.

João Vítor – 10 anos – 6º ano

“Gostei muito do livro porque ele mostra que quem estuda alcança seus objetivos

na vida. Gosto de livros de aventuras também”.

Heitor Lemos – 10 anos- 6º ano

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“Não gostei muito do livro, pois há muitas partes tristes. Gosto mais de livros

deaventura, mistério, suspense. Sinto prazer ao ler, pois viajo nas histórias”.

(Marcelo Fernandes -10 anos – 6º ano)

“Eu gostei muito do livro. Eu gosto de ler romances, pois têm sempre um final

feliz.”.

Bruna Costa – 10 anos- 6º ano

“Eu gostei, pois o livro aborda preconceito e tem um final feliz. Adoro livros que

terminam com tudo dando certo”.

(João Teodoro – 11 anos – 6º ano)

Sobre o gosto pela leitura e livros mais interessantes e inesquecíveis, os

alunos se posicionaram:

“Eu adoro ler, principalmente histórias de: aventura e comédia. Estou

contaminado pelo “vírus” da leitura. Eu já li mais de cinco livros. O livro de que

mais gostei foi “O jardim secreto”. É um livro de aventura e tem muita superação

e alegria. O livro melhora nosso vocabulário e nos ajuda a entender melhor as

palavras que são difíceis”.

João Vítor – 10 anos- sexto ano

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“Quando eu não estou fazendo nada, gosto muito de ler um livrinho. O vírus pela

leitura só pega quando uma pessoa tem o vício de ler. Então, eu acho que estou,

sim, com o vírus da leitura. Na minha casa, devo ter lido uns dez livros e na

escola, devo ter lido uns sete. Na escola, já li diversos livros bons,, como: “O

Jardim Secreto”, “O Menino do Dedo Verde”, mas o que mais gostei foi “Uma

História de amor”. Gostei dele porque fala de um menino e uma menina que se

apaixonaram.

Acho que a leitura não contribuiu para melhorar o meu vocabulário no dia-a-dia”.

(João Marcus Chaves Costa – 10 anos- 6º ano

“Eu adoro ler. Bom, com o livro, eu navego na imaginação. Eu também estou

contaminada, sim, porque essa é das boas.

Não me lembro da quantidade, mas já li muitos e muitos livros. O livro de que

mais gostei foi “Uma História de Amor”. O livro é muito bom; conta a história de

duas pessoas apaixonadas.”

Claro que o livro contribui para o conhecimento das pessoas. Melhora muito a

mente da s pessoas.

(Fernanda Breder Silva – 11 anos – 6º ano

“Eu sou Raielly, tenho 12 anos e hoje vou falar algumas coisinhas sobre leitura.

Eu gosto muito de ler. Eu confesso que sou contaminada pelo vírus da leitura

desde quando li o livro “Jardim secreto”. Eu já li uns seis livros, mas não gostei

de todos. O livro que eu mais gostei foi “O jardim secreto”. É muito bom.

A leitura ajuda no meu vocabulário porque a gente aprende a pronúncia certa

das palavras”.

Raielly Oliveira Franco- 12 anos. Sexto ano

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“Eu gosto muito de ler. Mas ainda não peguei o vírus conhecido como vírus da

leitura. Da escola, já li uns sete livros.

Eu gostei de todos, mas o melhor foi “Gente de estimação”.Eu gosto de livros de

aventura.

Marcelo Fernandes Viana- 10 anos – 6º ano

“Eu gosto muito de ler, pois é um dos nossos meios de viajar, pois já estou

contaminada pelo vírus da leitura e na minha vida já perdi a conta de quantos

livros que li, mas o que eu mais gostei foi “O jardim secreto”, porque mostra a

história de jovens que se curam por conta de um jardim.

O livro também é um meio de aprendizagem tanto com leitura e tanto com

as palavras, também contribui no nosso vocabulário”.

Bruna Costa Grapiúna – 12 anos – 6º ano

“Eu, João Teodoro, adoro ler livros. Os livros me fazem ter um entendimento

melhor o meu futuro. Sou um menino que às vezes sinto muita vontade de ler livros.

Isso eu falo porque é a verdade, mas estou quase sendo contaminado pelo vírus da

leitura. Eu, na minha vida toda, já li uns quinze livros; pelo menos, só os que eu me

lembro. Esses livros todos que eu já li, o que mais me agradou foi “O jardim

secreto”, porque achei um livro muito importante na minha convivência com meus

colegas de aula. Quanto mais a gente lê, mais a gente aprende sobre a vida. Por

isso que eu gosto muito de ler”. (João Teodoro)

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“Eu adoro ler. Eu me contaminei pelo vírus da leitura lendo o livro “O menino do dedo

verde”. Depois dele, já li vários, mais ou menos uns quinze a vinte, Gostei mais do livro

“O jardim secreto”; é uma aventura e tanto. O livro me ajudou no meu vocabulário. Eu

falava muito errado algumas palavras. Hoje, eu falo elas corretamente.”

Luana – 11 anos – sexto ano

“Sim, eu gosto muito de ler e já estou contaminado pelo vírus da leitura. Eu acho que a

leitura contribui para a minha formação, porque fico mais atualizado, mas gosto mais

de ler sobre ecologia.

Acho que a leitura é fundamental para melhorar a escrita, como também para melhorar

o modo de falar.

Eu já li muitos livros, como: “O menino do dedo verde”, “Robinson Crusoé”, “Um dia

com as pimentas atômicas” e muitos outros.

De todos os que eu li, o que mais me chamou a atenção foi “Robinson Crusoé”, pois

gosto de aventuras.

Eu lei livros por curiosidade, pois é uma maneira de conhecer o mundo e os seres que

vivem nele cada vez mais”. (Ernesto Fernandes – 12 anos – 7º ano

“A leitura é muito importante para todas as pessoas. Antes, eu gostava

muito de ler, mas eu fui perdendo o interesse ao longo do tempo com as novas

descobertas como computadores, televisão, pois eu acho muito melhor que

leituras. Como já disse, gostava muito de ler, então, eu tinha o vírus da leitura

e agora acho que tomei um xarope para curar. Eu já li vários livros, todos

legais, mas o melhor mesmo foi “O jardim secreto” que mostra uma história de

mistério e aventura que são os tipos de livros que eu acho melhor. Com a

leitura, as pessoas ficam mais auxiliadas, pois conhecem palavras e ficam

preparadas para qualquer desafio”.

Luís Educardo Cerceau Pinto Coleho – 11 anos

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“Meu nome é João Vítor Quaresma Santos, tenho 12 anos e moro em Joaíma,

Minas Gerais. Eu sou aluno do Instituto Educacional Conhecer, Construir e Viver.

Foi aqui que eu aprendi a ler e também descobri um novo mundo com a leitura. Eu

adoro Le e já sou um transmissor da leitura, porque eu já peguei o vírus da leitura.

A leitura é importante para a vida de qualquer pessoa. A leitura contribui para a

minha formação da seguinte forma: as livros me informam sobre diversas coisas.

Com a leitura, a minha escrita e produções de texto melhoram bastante. E também

ajudanm em meu conhecimento e várias coisas.

A leitura é fundamental na vida de uma pessoa, porque com ela você melhora seu

conhecimento e também ajuda a ser alguém na vida.

Eu já li muitos livros, dentre eles: “Os três Porquinhos”, “Chapeuzinho Vermelho”,

“Cinderela”, “As tranças de Rapunzel”, “As formigas”, “O Jardim secreto”, “ O

Menino do dedo verde”, “Um dia com as Pimentas Atômicas”, “As aventuras de

Robinson Crusoé”, “Nunca diga adeus” e vários outros.

È muito difícil escolher um que seja considerado o melhor; gostei de todos. Penso

que o melhor foi “Um dia com as Pimentas Atômicas”, porque foi com ele que

aprendi mais.

Eu leio por prazer. Com a leitura eu viajo no tempo sem me mover do lugar e ainda

me informo sobre muitas coisas”.

João Victor Quaresma Santos – 12 anos– 7º ano

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“Eu gosto de ler e até já fui contaminado pelo vírus da leitura. Acho que ler é muito

importante, contribui para a minha formação, melhora minha educação, meu

caráter, e consequentemente pode me transformar num melhor cidadão.

Penso que a leitura é fundamental porque ela me ajuda na minha educação, no

meu conhecimento e a leitura me dá prazer. Eu lei bastante. Alguns livros que já li:

“Bilhoquê”, “O menino do dedo verde”, “Quem mexeu em meu queijo?”, “Um dia

com as Pimentas Atômicas”, “As aventuras de Robinson Crusoé”, “Nunca diga

adeus” e ainda alguns clássicos. O livro de que mais gostei foi “Nunca diga adeus”.

Eu leio mais por prazer porque, para mim, ler é um prazer.

Mauro Barreto Melo Neto – 11 anos – 7º ano

“Eu gosto de ler porque ler é algo que mexe com meus sentimentos e com meu

coração. Eu penso que já fui contaminado pelo vírus da leitura, pois eu gosto de ler

todos os livros. Ler é algo que me enche de prazer e alegria.

A leitura contribui para a minha formação, pois sem leitura o que serei? – Um

analfabeto, claro.

A leitura é fundamental para Gustavo Quaresma Medina ser alguém na vida, ser

respeitado e lembrado.

Eu não me considero como um grande leitor, pois só leio livros que me ensinam

algo da vida, o que para mim, que moro no interior, é difícil esse tipo de livro, pois

os recursos são poucos. Eu já li: “O soldadinho de chumbo”, “Os três

mosqueteiros”, “ O jardim secreto”, Alice no pais das maravilhas”, “Peter Pan”, “O

menino do dedo verde”, “Um dia com as Pimentas Atômicas”, “As aventuras de

Robinson Crusoé”, “Nunca diga adeus”. O livro que li e que mais gostei foi “As

aventuras de Robinson Crusoé”.

Leia por prazer, pois Ler com prazer é nem melhor.”

Gustavo Quresma Menina – 13 anos – 7º ano

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“Eu gosto muito de ler. Sempre, quando leio um livro, fico contaminada pelo vírus

da leitura. A leitura contribui muito, pois quanto mais eu leio, mais conheço

palavras novas e elas são adicionadas no meu vocabulário.

A leitura é fundamental para mim e para todos os que amam ler. A leitura nos

ensina muitas coisas e a gente fica também informado sobre o mundo. Já li vários

livros: “O Jardim secreto”, “O menino do dedo Verde”, “Um dia com as Pimentas

Atômicas”, “A aventuras de Robinson Crusoé”, “Nunca diga adeus”. Já li também

muitos livros de contos de fadas. Um livro que me foi inesquecível “As aventuras de

Robinson Crusoé”. Trata-se de uma excelente aventura. E eu adoro ventura.

Leio por prazer, pois quando leio sinto uma sensação muito gostosa”.

Francielly Figueiredo Sena Silva – 12 anos. - 7º ano

“Eu gosto de ler, mas só livros de suspense, ação e aventura. Não estou

completamente contaminado pelo vírus da leitura, mas ainda vou fazer de tudo pra

me contaminar. Pois esse é um vírus benéfico. Não é como o vírus da gripe suína.

Já devo ter lido uns vinte livros e de todos eles o que mais gostei foi “Um história de

amor”, porque fala das dificuldades da vida.

O livro nos ensina a escrever melhor e até a leitura em voz alta fica mais eficiente”.

Ernesto – 11 anos – 7º ano

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“Eu gosto de ler, porém não me considero uma boa leitora. Na minha opinião,

a leitura contribui para que nós nos tornemos bons cidadãos. Já li muito livros,

dentre eles: “Uma história de amor”, “Dom Casmurro”, “Um dia com as

Pimentas Atômicas”, “ Jorge, um brasileiro”, “ “A família treme-treme”, “O

médico e o monstro”, etc. O que eu mais gostei foi “Uma história de amor”.

Acho que é uma linda história e fala de amor entre adolescentes. Ler é

fundamental, pois é lendo que se aprender. Ler é sempre prazeroso, pois

lendo nós “viajamos” sem sair do lugar.

Meu nome é Vanessa Lima, tenho 12 anos e estou no 8º ano”.

“Eu não sou uma pessoa aquelas que gostam de pegar um livro na biblioteca

para ler. Mas quando começo a ler, não sinto vontade mais de parar. Não sei

quais os sintomas do vírus da leitura e acho também que não fui contaminada.

Mas eu acho que a leitura me faz tornar uma melhor cidadã.

Eu não leio muitos livros, apenas alguns, como: “Uma história de amor”, “Um

dia com as Pimentas Atômicas”, “Crescer é perigoso”, “A volta ao mundo em

80 dias”.

Ler é fundamental para que nós nos tornemos pessoas cultas.

Eu leio por imposição da escola, mas quando começo a ler, não sinto mais

vontade de parar. Acho que ler é prazeroso, pois imagino tudo o que acontece

nos livros e eu “viajo” dentro deles”.

(Karolina Gonçalves Luz – 12 anos - 7º ano)

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“Eu gosto de ler livros e sinto que estou com o vírus da leitura. Quando leio, vôo.

Gosto mais de livros de aventura.

A leitura transforma pessoas em grandes cidadãos e digo que já estou no meio do

caminho, pois leio e gosto muito.

Já li vários livros: “A volta ao mundo em 60 dias”, “Um dia com as Pimentas Atômicas”,

“Capitães do Brasil”, Jorge, um brasileiro”, “Uma história de amor”, dentre outros. O que

eu mais gostei foi “A volta ao mundo em 80 dias que conta a história de u senhor inglês

que faz uma aposta de dar a volta ao mundo em 80 dias. É um livro clássico, escrito por

Júlio Verne.

Na minha opinião ler é fundamental porque a leitura transforma as pessoas e acho que ler

é um prazer, mas não é assim para todas as pessoas”.

Ciro Souza Lopes – 13 anos – 8º ano

“Eu adoro ler. Acho que quando eu era mais novo, fui contaminado pelo vírus da leitura,

mas já estou bem.

A leitura é importante e contribui muito. Existem pessoas que não sabem ler. E eu fico

aqui imaginando como é que elas vão conseguir um emprego decente.

Eu já li muitos livros: “As aventuras de Robinson Crusoé”, “Um dia com as Pimentas

Atômicas”, “A volta ao mundo em 80 dias”. O livro de que mais gostei foi “As aventuras de

Robinson Crusoé”.

Para mim, ler é fundamental, pois as pessoas sempre podem aprender novas palavras e

assim, o vocabulário fica mais rico.

Leio por prazer. Sei que a leitura me fará bem no meu futuro”.

Frederico Murta Grapiuna – 13 anos – 8º ano

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“Eu gosto muito de ler, apesar de não ter o hábito de ler ainda. Antigamente, eu era

louca por leitura, não vivia sem ela.Ia à biblioteca quase todos os dias, pois não

conseguiu ficar longe dos livros. Acho até que fui contaminada pelo vírus da leitura.

Na minha opinião, ler é fundamental para o ser humano. Foi através dos conhecimentos

adquiridos nos livros que eu passei a conhecer melhor os meus direitos e os meus

deveres.

Já li vários livros e já até me surpreendi com muitos, pois alguns falavam exatamente

como sou, do meu cotidiano, do meu jeito de ser. Mas houve um que me surpreendeu

ainda mais: “Um amor pra recordar”, que retrata um amor entre dois adolescentes que

parecia impossível, mas não era.

Ler é um prazer, pois quando se começa a ler, você começa também a imaginar, a

viajar dentro da leitura.

Ler é muito bom”.

Yandra Lorena Trindade Ribeiro – 13 anos- 8º ano

“Eu adoro ler. Já fui contaminado pelo vírus da leitura, pois tive prazer em todos os

livros que li. A leitura contribui, sim, para se formar um cidadão, pois a leitura ensina

muitas coisas às pessoas. Eu já li muitos livros e o que eu mais gostei foi “As

aventuras de Robinson Crusoé”.Ler é fundamental porque a leitura envolve as

pessoas e ensina também a lidar com o mundo, ficando por dentro de tudo o que

acontece. Para mim, ler é prazer. Leio por vontade própria, porque lendo eu me sinto

mais ligado ao mundo”.

Lincoln Murta Almeida – 12 anos – 7º ano

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“Eu tenho o hábito de ler revistas, preferencialmente de tecnologia. De livros, eu não

gosto muito, acho cansativo e dá sono. Já li poucos livros, como “A droga da

obediência”, “As aventuras de Robinson Crusoé”, “Férias de arrepiar” e muitos outros

dos quais não me lembro agora. Gostei mais de “A droga da obediência”, pois há

aventura mistério. Não acho que ler livros de literatura seja algo fundamental na minha

vida de estudante, não ajuda a aumentar meus conhecimentos. Já revistas e livros

escolares podem sim, ser fundamentais.

Como já disse, não gosto de ler livros, portanto, só leio por imposição da escola ou da

família”. (João Pedro Fagundes Melo – 14 anos – 9º ano

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“Eu não tenho o hábito de ler, não gosto de ler; não porque eu não ache importante, pelo

contrário, é muito importante. O problema é que ler me dá sono, preguiça, e é por isso

que não tenho esse hábito.

Já li muitos livros, porém não me lembro de todos, mas o que eu mais gostei foi “As

aventuras de Robinson Crusoé”, pelo fato de ser um livro de aventura, desafios, aspectos

que me chamam a atenção e que me fazem amar um livro.

Para a minha vida de estudante, ler é fundamental, porque através dela aumenta o meu

vocabulário, minha fala melhora consideravelmente e isso me ajuda na escola, com

certeza.

Sem dúvida, a leitura contribuiu e muita na minha formação intelectual e vai contribuir

ainda mais. Hoje, eu me interesso pelas coisas que acontecem no mundo e analisando o

contexto histórico em que o livro foi escrito fica ainda mais interessante a leitura e os

meus conhecimentos vão me ajudando em todos os aspectos. Alguns fatos as pessoas

só não sabem porque não lêem e se lêem algum livro, acabam não dando importância ao

período e ficam até sem entender direito a história lida.

Infelizmente, eu leio mesmo por imposição, porque como já disse anteriormente, eu não

gosto de ler: dá sono, cansaço, preguiça. Então, sou obrigado a fazer uma coisa de que

não gosto. Mas tenho consciência de que um dia ainda vou gostar de ler porque sentirei

necessidade”.

Antônio Pedro Cunha – 14 anos – 9º ano

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“Eu adoro ler, inclusive foi através de um projeto de leitura na minha antiga escola que

eu realizei um trabalho maravilhoso, que foi escrever um livro. Eu gosto de ler mais

pelo fato de que através da leitura eu vou poder adquirir mais conhecimentos e ficar

bem informada sobre notícias do mundo.

Eu não sei bem quantos livros já li, mas sei que foram vários, mas o que eu mais

gostei foi meu livro “Minha vida, meus amigos” porque foi fruto do meu conhecimento.

Eu olho para aquele livro e penso: “ Essa é a minha liberdade”.

Há um tempo atrás, eu não achava que a leitura fosse fundamental para minha vida

de estudante, mas depois que escrevi um livro e mudei de escola, eu tenho absoluta

certeza da importância da leitura. Acho que foi pela influência dos colegas e da minha

professora de Português que tanto fala de conhecimentos de mundo e tal.

A leitura, com certeza, contribui para a minha formação intelectual, até os meus

assuntos para conversas sérias, mudaram, acho que a partir do momento que o jovem

lê, ele amadurece. Na maioria das vezes, leio por prazer, embora existam livros na

escola que eu não gosto de ler. Mas quando eu não estou a fim de ler um livro e que

não rolou a química... Pode crer!...”

Isabela Lemos – 14 anos – 9º ano

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“Eu tenho o hábito de ler, pois sei que é importante. Gosto de ler alguns gêneros, não

todos. Gosto de ler sobre países e personalidade históricas, livros de aventura

também me atraem e gosto também de ler notícias do Brasil e do mundo. E isso

porque acredito e tenho a convicção de que a leitura me beneficiará em todos os

sentidos.

Eu não sei exatamente quantos livros já li, mas sei o nome daquele de que mais

gostei, “A volta ao mundo em 80 dias”. É um livro de aventura e conta coisas

interessantes sobre vários países.

Tenho certeza de que a leitura me ajuda e me ajudará em diversos sentidos. Um

deles é que vou ter conhecimentos suficientes para que eu possa ter êxito no

vestibular. E além de tudo, facilita a minha vida de estudante, nas minhas tarefas,

produções de texto, etc. Dificilmente, vou ficar “boiando” em algum assunto discutido

em sala de aula. O único problema em relação à leitura é o cansaço, pois depois que

você inicia a leitura, você fica condicionado a ela, não a larga facilmente.

Leio por vontade própria. A escola não obriga ninguém a fazer nada. Ela aponta

caminhos, oferece-lhe oportunidades. Você segue o caminho e aproveita as

oportunidades se quiser. Eu sempre aproveito, sei que estou fazendo a escolha certa;

sinto a utilidade da leitura.

Vou buscar meu sonho, pois sei que não sou apenas mais um no mundo. Farei a

diferença através da leitura.

Diêgo Alves Feitosa – 14 anos – 9º ano

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No terceiro ano, fez-se a seguinte pergunta:

Comente sobre o livro “O jardim secreto”

Você recomendaria o livro a alguém? Porquê?

Você gostou do livro?

Sobre o livro “O jardim secreto”:

“Eu gostei do livro que ele passa coisa boa para as pessoas que deve abrir a janela do

coração eu achei muito bom. Eu entendi que Mary achou o jardim secreto eu achei

muito bonito, vocês podem ler, ele passa mensagem ele é muito interessante.”

Isabella – 8 anos – 3º ano

‘O autor escreve de ma forma muito simples boa de ler e é muito legal e fala de

uma menina chamada Mary e um jardim que ela cuidou e cuidou e cuidou até que o

jardim ficou bonito e o livro me deu uma mensagem para abrir a porta do meu coração.

Abelino Botelho –8 anos – 3º ano

“O livro me passou uma mensagem muito boa; que devemos abrir a janela do

nosso coração para a vida a natureza e o amor. Tinha palavras “difíceis” mas eu

procurava no dicionário. E eu recomendo para as pessoas de coração de pedra

para abrir o coração. Eu adorei o livro. Quero ler ele de novo.”

Maria Laura – 8 anos – 3º ano

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“O livro me passou uma mensagem muito boa que todos devem abrir a janela do

nosso coração para tudo.

O autor escreve neste livro várias palavras complicadas, “mais” interessantes,

procurei no dicionário e entendi.

Os pais de Mary morreram e Mary foi morar na casa de Dickon aí depois Mary

achou a chave do jardim secreto, durante o inverno, ela só brincava e durante a

primavera ela via as flores crescer.”

Jannare – 8 anos- 3º ano

Alunos do quinto ano –

Perguntas:

Faça um comentário sobre o último livro lido neste trimestre.

Livro – As pimentas Atômicas

“O texto conta a vida de uma garota que assistiu uma propaganda de

minisalgadinhos que se chamava “Pimentas Atômicas”; esta garota se

encantou com a propaganda de salgadinhos.

De repente, gastou seu único dinheiro com muitos e muitos pacotes de

salgadinhos pra adquirir prêmios.

Depois ela viu que os salgadinhos faziam com que eles passassem mal.

Ela se arrependeu de ter comprado esses minisalgadinhos.

O texto está falando sobre o consumo de dinheiro que não nos leva a

lugar algum; comprando inúmeras coisas que não são úteis para o nosso dia-

a-dia, ainda nos causando mal.

A parte que eu mais gostei da história foi quando a garota se

arrependeu de ter comprado aquele tanto de salgadinhos.

Eu recomendo esta história para minha mãe Joelice. Porque ela compra

uma coisa e se arrepende de ter comprado.”

Rayne Neves Chaves – 09 anos- 5º ano

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“O texto fala de uma menina que, após ver uma propaganda de

salgadinhos, vicia em comprar todos para adquirir os prêmios; depois de consumir

tanto salgadinho percebe que não valeu a pena, pois lhe fazia mal.

Eu aprendi a consumir menos besteira após ler este texto.

Recomendo ele para uma pessoa muito consumidora porque esse livro

ensina a não ser uma pessoa consumidora.”

João Murta Barreto – 09 anos – 5º ano

“O texto fala de uma menina que gostava de gastar em promoções de

salgadinhos. Ela viu que não valeu a pena.

Eu aprendi a não gastar dinheiro com besteiras.

Eu recomendo este texto para quem gosta de gastar dinheiro com

besteiras.”

João Gabriel Murta – 09 anos- 5º ano

Participação das mães

Três mães, espontaneamente, procuraram a escola contando o que disseram

os filhos após a primeira conversa com a professora e a coordenadora

pedagógica sobre o projeto da leitura como missão da escola.

Transcrição da fala dos filhos sobre a aula:

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Maria Enildes - pequena empresária- (mãe de Lourdes Maria)

“Minha filha chegou em casa dizendo que pegou um vírus. Eu fiquei muito

assustada e perguntei que vírus era e ela me disse que pegou o vírus da leitura e

eu amei”.

Rita de Cássia – dentista – (mãe de Mariana Trindade)

“Mariana me falou que D. Eliana passou um vírus para a turma. E eu perguntei

que vírus que era. Então ela respondeu que era o vírus da leitura” . Mas ela disse

que já tinha o vírus.

Luciana Timo Barreto - psicóloga

“Meu filho chegou a casa falando, com entusiasmo, sobre um vírus que teria

adquirido na escola durante a aula. Suas palavras: “Mãe, peguei um vírus muito

perigoso”. Ao meu espanto, ele foi logo dizendo: “Não se assuste, mãe, fui

“picado” pelo vírus da leitura. Não há vacina. É doença para sempre. Vou querer

livros pra me curar”.

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