Violncia, sociabilidades juvenis e gnero em contexto de
pacificao. Um retrato (duvidoso) a partir da mdia.
RESUMO
ABSTRACTINTRODUOA juvenilizao da violncia um fenmeno de ampla
discusso no Brasil e em outros pases. Os jovens, geralmente de sexo
masculino, so as principais vitimas da violncia como tambm os que
as perpetram, segundo lgicas de engajamento em condutas de risco ou
segundo outro fenmeno ligado violncia: a juvenilizao da
criminalidade (Peralva, 1996). Assim, diversas perspectivas indagam
as sociabilidades juvenis a partir de lgicas sociais levando ao
desenvolvimento de condutas de risco. Est proposio ancora-se na
crena de que diante de um contexto de dificuldades encontradas
pelos jovens, sobretudo em relao insero no mercado de trabalho, ao
acesso a bens de consumo e imerso deles em um contexto de risco de
morte onipresente, ou seja, num contexto marcado pela violncia
resultante tanto da instituio policial como da comercializao ilegal
de drogas, h certa familiaridade com o risco:No seio da juventude,
e mais particularmente da juventude pobre, o sentimento de que as
condutas de risco talvez constitussem, elas prprias, uma modalidade
eficaz de resposta ao risco. Tratar-se-ia de antecipar o risco, de
se apropriar dele, para melhor subjug-lo. (Peralva, 2000: 127). A
socializao violncia (Fachinetto, 2010) nos jovens apresenta um
ntido recorte de gnero, tal como mostra o Mapa da violncia de 2013.
A violncia em mulheres jovens ocorre, em sua maioria, no mbito
domestico. A taxa de homicdio feminino representa
aproximadamente
8% do total de homicdios. Observa-se, no somente uma taxa maior
para o gnero masculino por homicdios, mas diferenas referentes ao
local de ocorrncia. Os homicdios masculinos, por exemplo,
prevalecem no espao pblico e esto, hoje, fortemente relacionados
criminalidade; j os homicdios femininos acontecem em geral no espao
privado, e esto mais relacionados s inter-relaes familiares e
privadas (Schraiber, Gomes, Couto, 2005). Assim, a casa seria o
espao tpico da violncia contra a mulher, diferenciando-se da rua,
espao de sociabilidade e por consequncia, de relaes que se
objetivam na violncia, nos rapazes. Porm, esses polos da violncia
segundo o sexo das pessoas, podem ser relativizados, pois novas
modalidades de violncia urbana comeam a serem associadas s mulheres
jovens. Como demonstra o trabalho precursor de Tatiana Moura (2007)
sobre mulheres e violncia armada no Rio de Janeiro. A autora
reverbera que o argumento, amplamente difundido, de que os homens
so as principais vitimas e algoz da violncia urbana legitima a
ausncia de mulheres e meninas nas pesquisas e aes sobre violncia
urbana, e especificamente sobre a violncia armada. Segundo a
autora:
Reconhecer que mulheres e meninas tm a ver com violncia armada
pressupe olhar para alm de frmulas estabelecidas (criadas
precisamente para categorizar ou dar nome ao que mais visvel, e
nada mais alm disso), bem como tentar entender as caractersticas e
dinmicas dessas outras formas de participao, vitimizao e respostas.
(Moura, 2007: 14-15)A pesquisa de Paula Damasceno em territrios
pacificados no Rio de Janeiro mostra.......De acordo com o Mapa da
violncia de 2013: Homicdios e juventude no Brasil, a taxa de
homicdios em jovens de entre 15 a 24 anos vem crescendo desde a
primeira edio do Mapa, em 1996, passando de 42,4 por 100 mil
jovens, para 53,4, em 2011. O homicdio hoje a principal causa de
morte no natural de jovens brasileiros. No que concerne juventude
carioca, o relatrio produzido pela UNICEF intitulado Meninos do
Rio: Jovens, violncia armada e polcia nas favelas cariocas (2009)
coloca em evidncia ndices alarmantes de mortalidade. A taxa de
homicdios de jovens do sexo masculino do Rio de Janeiro 4 a 5 vezes
maior que a taxa mdia do Estado, que uma das mais altas do Brasil,
sendo o pas um recordista regional, e portanto mundial, em
assassinatos. O documento salienta que as maiores vtimas de
homicdios entre os jovens da cidade so aqueles identificados como
negros e pardos. Ademais, quando olhamos os homicdios segundo os
dados da polcia pelas reas Integradas de Segurana Pblica do Rio de
Janeiro, temos taxas de 5 a 12 homicdios por 100 mil habitantes em
bairros da Zona Sul da cidade e de 40 a 60 por 100 mil em bairros
da Zona Norte e Zona Oeste. Isto , nas zonas perifricas da metrpole
os homicdios tendem a ser at cinco vezes mais frequentes que nas
reas com maior renda per capita. Nesse sentido, a ordem social e a
violncia incorporada nos corpos e traduz problemticas especificas
de sade individual e coletiva (Fassin, 2000). Ao longo de dcadas, a
privao em distintos nveis de direitos de cidadania como parte de um
processo de desqualificao moral e poltica da populao favelada,
colocou esses grupos em uma posio de vulnerabilidade social e
intensa sujeio diante dos agentes do Estado. Vrios pesquisadores j
demonstraram que certas formas de gesto pelo Estado desses
territrios marginalizados implicaram tolerncia e naturalizao de
prticas que em outros territrios da cidade seriam altamente
condenveis e, at mesmo, inconcebveis (Machado, 2004; Leite, 2007;
Ribeiro, Dias e Carvalho, 2008; Leeds, 2009). Ao analisar as
estratgias de visibilidade e atuao poltica de moradores de favelas
cariocas contra a violncia policial, Farias (2007), por exemplo,
prope pensar a representao dos favelados como "populao matvel
(sobretudo desde a dcada de 1990). A proposta terica da
Antropologia das Margens (Das e Poole, 2004) argumenta que as
populaes que se configuram como marginalizadas em diferentes
contextos constituem-se dessa forma por meio de um envolvimento com
o Estado caracterizado pela transformao de excees em regras. Farias
(2007) aponta que essas configuraes especficas podem envolver a
percepo das margens como espaos ocupados por populaes
insuficientemente socializadas; como espaos em que dinmicas
variadas de interao entre os indivduos e o Estado (seja por
documentos, prticas e/ou discursos) os tornam espaos de tolerncia a
violaes de direitos; ou ainda, como um territrio localizado entre
corpos, leis e disciplinas (2007:61). Essas representaes sobre os
moradores de favelas parece cristalizar-se sobretudo nos homens
jovens.
Alba Zaluar (1994, 1999 e 2001), alerta sobre as associaes
deterministas entre desigualdades sociais, pobreza e violncia
recusando as explicaes reducionistas dacarncia. Segundo Zaluar,
(2004), o aumento da violncia nos ltimos anos no pode ser
devidamente analisado caso se ignore os mecanismos institucionais e
do crime organizado postos em marcha no perodo, sobretudo em
grandes cidades como o Rio de Janeiro. As novas modalidades de
violncia que emergiram no Rio de Janeiro nas ltimas dcadas foram
diretamente associadas expanso do trfico de drogas e a seus modos
de atuao, o que conferiu s favelas o rtulo de focos irradiadores da
violncia e da criminalidade (Leite, 2007). Essa percepo acerca do
problema da violncia urbana implicou a noo de ser preciso construir
polticas de segurana pblica mais eficientes. Segundo a autora, de
um lado, surgiram propostas que defendiam uma combinao de polticas
de promoo de cidadania como alternativas mais eficazes de atuao em
segurana pblica; de outro, havia defensores da ideia de
excepcionalidade e radicalidade da situao da violncia na cidade
enquanto uma situao de guerra, excluindo da agenda a problemtica
dos direitos humanos e civis dos favelados. Com o apoio ostensivo
da grande mdia a metfora da guerra teria prevalecido, tal qual
definida por Leite (2007).
Na configurao de atores sociais do tema que lidam com a violncia
juvenil no cenrio brasileiro, encontra-se uma pea fundamental: a
mdia. As informaes veiculadas pela mdia (escrita ou televisionada)
redundam em imagens que estampam os jovens negros e pobres como
altamente violentos e principais autores dos diversos tipos de
violncias (moral, sexual, simblica, fsica, etc..); tais imagens
produzem efeitos sociais considerveis. Elas reiteram a imagem de
uma favela controlada pelo trafico, e portanto anula outras
perspectivas possveis no debate poltico (Peralva, 2000).
Legitimam-se aes violentas da policia nesses locais a partir
justamente dessa metfora da guerra. Apesar de o jornalismo recorrer
ao discurso de ser um retrato da realidade, quarto poder que
publiciza a realidade que de outro modo seria de conhecimento
restrito para o pblico, ele veicula interesses e valores
relacionados aos detentores dos meios de comunicao (Barros, Marques
e Santos, 2010). O jornalismo funciona como um filtro para a
exposio da realidade e, dessa maneira, a mdia no informa sobre os
fatos de maneira completa: h um recorte sobre o que dito. Esse
recorte pode ser observado na escolha das questes veiculadas, que
constata a ateno dada a alguns temas em razo de outros. Essa ateno,
naturalizada ou proposital, aponta para que partes do cotidiano se
deva enxergar. Esse tipo de ao desmonta a clssica ideia de que o
jornalismo objetivo e serve apenas ao papel de relatar os fatos,
sem nenhuma qualquer interveno do sujeito que redige a matria ou a
edita.
A mdia simplifica os acontecimentos ao retrat-los, eliminando a
complexidade dos fatos e criando uma imagem dividida em categorias
polarizadas. Tal simplificao no considera os diversos fatores que
compe os acontecimentos, nem as diversas leituras que so feitas
destes. As categorizaes polarizadas dos acontecimentos e atores
divididos em bem e mal, heri e bandido, guerra e paz - legitimam um
discurso em detrimento de todos os outros, no s os tornando
desconsiderveis como no abrindo espao para que esses sejam
postos.
Ao analisar a cobertura da mdia preciso considerar que a mesma
relata os eventos ocorridos a partir de uma determinada posio. As
informaes e opinies formuladas nesse meio muitas vezes no esto em
consonncia com as opinies e informaes passadas por outros atores
sociais. Embora a mdia construa para si a imagem de informar sobre
os acontecimentos em sua totalidade sendo essa construo
legitimadora de seu discurso ela os retrata a partir de seu prprio
ponto de vista, tal qual outros atores como os moradores de
favelas, os policiais, os governantes tambm o fazem.
Dado o carter recente do modelo das Unidades de Polcia
Pacificadora no Rio de Janeiro, os impactos das UPPs nas realidades
sociais das favelas cariocas passaram por pouqussimas avaliaes
acadmicas parciais e preliminares at o momento. A poltica das UPPs
se divide em duas formas de atuao: as UPPs militares (que so seu
carro-chefe) e as UPPs Sociais. As UPPs Sociais correspondem a um
pacote de polticas sociais coordenadas pelo governo do Estado com
vistas promoo do desenvolvimento social das reas ocupadas pelas
UPPs militares, com o objetivo de atenuar a precariedade de servios
pblicos essenciais nestas localidades. O fenmeno da pacificao de
reas antes dominadas por faces criminosas, atravs de uma
reconfigurao de suas relaes com o Estado e de uma tentativa de
resignificao de seu lugar na cidade, colocam questes acerca de
possveis transformaes nas formas de sociabilidade juvenil, as
dinmicas de violncia, bem como nos modos de ser jovem nesses
espaos. Tendo em vista esse cenrio, o processo recente de pacificao
que vivem os habitantes desses territrios pacificados oferece uma
rica oportunidade para refletirmos sobre as relaes entre violncia e
juventude, assim como formas de sociabilidade, relaes de gnero,
construo de si e polticas sociais no mbito do processo de pacificao
daquela localidade. Neste artigo, a partir de uma analise cruzada
das representaes veiculadas pela mdia confrontando-as com as
observaes de uma pesquisa etnogrfica no Complexo do Alemo,
aprofundaremos a questo da violncia em sua relao com as
sociabilidades dos jovens e a partir das transformaes impulsionadas
pela poltica de segurana.Ademais, analisaremos, depois de uma breve
nota metodolgica, as representaes veiculadas na mdia do momento
chave da ocupao - a entrada das foras da ordem no territrio como
momento cristalizado na memria dos moradores do qual emergem
diversas questes que ainda hoje esto presentes nas falas e prticas
dos habitantes. Em seguida, trazemos para o bojo da discusso as
representaes dos jovens na mdia, onde se encontra um eco nas relaes
da Upp com os moradores dessa faixa etria e as novas violncias que
emergiram. Por fim, discutiremos mudanas importantes que a instalao
das Upps produz nos territrios e nas sociabilidades de seus
moradores mais jovens.Um recorte pela analise da mdia, dentro de
uma pesquisa etnogrfica.
Ao longo de 12 meses de investigao, entre junho 2012 e junho
2013, nossa equipe de pesquisa desenvolveu um trabalho de campo
etnogrfico que foi realizado em uma rea do Complexo do Alemo
composta por trs comunidades: Canitar, Casinhas e Grota. Nossos
interesses de investigao e a viabilidade metodolgica da pesquisa
conduziram a delimitao dessas reas como lcus de pesquisa.
Constatamos haver um nmero reduzido de estudos sobre as comunidades
que compem o Complexo do Alemo e a grande visibilidade e valor
simblico que lhe tem sido atribudo nos discursos das mdias sobre os
processos de pacificao das zonas mais empobrecidas da cidade.
Nesse sentido, tratava-se para ns de investigar essa rea em
pacificao de grande visibilidade nacional e internacional seja pela
violncia descrita nas mdias, ou pelo desenvolvimento de
infraestruturas tursticas em algumas de suas favelas. A ns,
interessava, sobretudo, nos afastar de pontos de vista maniquestas
acerca dos novos e complexos fenmenos em curso nas comunidades do
Alemo (UPP, turismo na favela, etc.) para compreender a perspectiva
dos jovens moradores sobre eles. Com esse objetivo, foram
realizadas observaes sistemticas em diversos espaos de
sociabilidade dos jovens ( ONGs, praas frequentadas, sadas
noturnas, ao redores de escolas e clubes, etc.) durante o perodo.
Foram entrevistados 15 jovens, entre 15 e 24 anos, recrutados em
diversos espaos pelos quais os pesquisadores circularam. De acordo
com as exigncias do Comit de tica em pesquisa do IMS/UERJ, foi
apresentado para todos participantes da pesquisa um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, explicando os objetivos gerais
da investigao e garantindo o sigilo dos dados coletados e anonimato
dos informantes.
Porm a insero da anlise miditica dentro da pesquisa fez-se
necessria devido s diferenas observadas no campo entre o discurso
emitido pelos moradores e os meios de comunicao, relatando
diferentes recortes dos fatos ocorridos na localidade. O objetivo
analisar os diversos discursos e enfoques construdos e propagados a
partir da mdia durante a entrada das foras de segurana no Complexo
do Alemo e no perodo posterior, durante a realizao da pesquisa,
buscando compreender quais as vises inseridas na abordagem da
imprensa sobre os temas escolhidos e qual a relao com a viso dos
moradores sobre esta abordagem.
Dada a visibilidade dada pela mdia ao processo de pacificao do
Complexo do Alemo, decidimos pela realizao paralela ao campo de um
clipping de matrias veiculadas em grandes portais de comunicao. Os
157 artigos coletados e analisados foram publicados entre Junho de
2012 a Fevereiro de 2013. Nos primeiros meses, 20 portais foram
acompanhados por dois pesquisadores da equipe; mas, a partir da
constatao do maior alcance de leitores de alguns sites, fizemos um
recorte selecionando os 5 portais de notcias mais populares: R7,
Jornal do Brasil, O Globo, O Dia e G1. Um dado bastante relevante
que esses portais apresentam pontos de vista diferentes acerca dos
eventos noticiados.
A partir do ms de agosto de 2012, as reportagens foram divididas
em categorias que contemplavam diferentes aspectos do modo como a
comunidade retratada nos meios de comunicao, com foco nos discursos
sobre os jovens. Isso nos permitiu contrastar algumas representaes
e discursos construdos pela mdia com as de nossos informantes em
campo.
O momento da pacificao ocupao. Diversas maneiras de dizer a
violncia
Durante o ms de novembro de 2010, a mdia deu enfoque a uma onda
de crimes orquestrados por uma organizao criminosa que culminou na
ocupao dos complexos do Alemo e da Penha pelas foras de segurana do
Estado. Segundo as mdias analisadas durante a pesquisa, a partir do
dia 20/11/2010 diversos crimes aconteceram na cidade do Rio de
Janeiro e na regio metropolitana em reao a implantao de Unidades de
Polcia Pacificadora em comunidades da cidade. O portal R7, em
matria publicada em 24/11, retrata cronologicamente os crimes
acontecidos naquela semana como parte de uma guerra do Rio contra o
Trfico. Segundo a reportagem,Em resposta implantao das UPPS
(Unidades de Polcia Pacificadora), a onda de violncia no Rio comeou
no fim da noite de sbado (20), com ataque na rodovia Rio-Mag
(BR-116), na altura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Desde ento, os moradores do Rio de Janeiro no tiveram mais paz. O
terror continuou no domingo e se intensificou nos dias seguintes.
Na quarta-feira (24), os bandidos passaram o dia espalhando medo
pela cidade. Veculos foram queimados e cabines da polcia
metralhadas.
A partir do dia 25 de novembro de 2010, os meios de comunicao
intensificaram a justificativa da ocupao de comunidades devido aos
ataques ocorridos. No UOL, uma matria aponta que especialistas
afirmam a necessidade da implantao de UPPs nos subrbios da cidade,
como nas favelas do Complexo do Alemo, Mar, Juramento, Manguinhos,
entre outras.Decorridas das notcias sobre os crimes da cidade,
seguiram vrias outras sobre o porqu da onda de violncia, matrias
com breves entrevistas com autoridades da segurana pblica no Rio,
contendo falas do Secretrio de Segurana do Rio e de comandantes da
PM. Os mesmos alegavam que a onda de violncia foi uma ao planejada
por vrios chefes de faces de grandes comunidades do Rio para que o
projeto de pacificao de comunidades dominadas por faces do trfico
de drogas no avanasse. Essas matrias foram datadas do dia 24/11 a
26/11 de 2010. As matrias que se seguiram relatavam as aes da fora
de segurana pblica contra as aes criminosas, e as da entrada
efetiva das foras de segurana pblicas no Alemo. As notcias que
seguem dos dias 26/11 at as primeiras semanas de dezembro,
acompanham passo-a-passo as aes da secretaria de segurana
pblica.
O discurso da onda de violncia legitimou a ocupao dos Complexos
do Alemo e da Penha, transformando o ocorrido numa disputa entre
lados polarizados. Como analisado por Pechux (1997), as palavras e
expresses assumem diferentes sentidos segundo as posies sustentadas
por aqueles que as utilizam. Nesse sentido, ao analisar as
reportagens publicadas na revista Veja antes e durante a ocupao das
comunidades, Affonso (2012) expe os discursos blicos relacionados
UPP na mdia. Devido a este discurso, no contexto da pacificao,
expresses como cidade libertada, batalha do bem contra o mal e
guerra contra o crime denotam o sentido que a revista busca dar,
legitimando a violncia policial para combater a violncia do crime
organizado. Segundo a autora, essas notcias promovem o
silenciamento das resistncias, conflitos e contradies existentes
nos discursos destacados.
Das 157 reportagens recolhidas durante a pesquisa, 51% delas
fazem referncia a crimes e conflitos armados, alm da interveno dos
policiais da UPP no dia-a-dia da comunidade. Essa porcentagem
denota o grande interesse miditico nas relaes de poder dentro do
Complexo do Alemo. Porm, essas relaes so simplistas e implicam a
luta de policias e traficantes, sem indagar as relaes entre
policiais e diversos fragmentos das pessoas que ali moram, nem as
mudanas de iterao entre os prprios moradores nesses momentos de
reorganizao da vida quotidiana no territrio. Durante a anlise
possvel observar a repetio de termos chave que podem ser percebidos
como indicadores da posio dos veculos de mdia sobre os temas
abordados.
Uma reviso das matrias publicadas os dias anteriores entrada das
foras de ordem no Complexo do Alemo, em 2010, permitem observar uma
lgica de simplificao dos processos urbanos e de segurana. H uma
utilizao de descries dicotmicas entre o bem e o mal, a guerra e a
paz, como supracitado, que aparece no momento forte anterior
pacificao como legitimao do discurso que promove a poltica publica
das UPP. Essa polarizao pode ser observada durante a anlise do
material recolhido sobre a ocupao do Complexo do Alemo pelas foras
do Estado. A palavra violncia repete-se 18 vezes a cada 10 matrias.
Nessas notcias, a fora que o vocbulo violncia passa ao leitor
quando usado para caracterizar as situaes que ocorrem antes e
durante o processo de ocupao do Complexo do Alemo de medo do crime
da violncia que a populao sofre decorrente das aes criminosas e de
esperana da ao violenta de represso do crime, por parte do Estado,
que a populao sofre. Assim, um dos jornalistas da Globo dizia:
Naquela hora, eu s ficava pensando nos moradores: antes ali no
era o Rio de Janeiro, era uma cidade paralela, com as suas leis,
com as suas ordens impondo todo tipo de terror queles moradores. No
somente o discurso sobre a violncia na favela legitima a entrada da
poltica publica de segurana, mas, sobretudo ela cria um tipo de
poltica baseada na utilizao da represso e da fora, pois produz um
consenso na medida em que os moradores so vitimizados e eles devem
ser libertados. Assim, como a fala do jornalista supracitada, a ao
policial aparece como uma ao integradora das populaes. A imagem da
favela como uma cidade paralela e como uma populao morando no
terror reificam as representaes de um outro dentro da cidade, um
outro que pode tambm se tornar contra a cidade (Peralva, 2000).
Neste sentido, ora o outro vitima, ora tratado como algoz. A partir
da vitimizao legitimam-se as estratgias polticas e militares de
interveno, como algoz justificam-se a represso e a invaso do
territrio.
Durante o trabalho de campo com os moradores, encontramos posies
diversas em quanto ao domnio do territrio pelo trafico e, se vrias
pessoas valorizavam o fato de se sentir mais tranquilos desde a
pacificao, eles geralmente desconstroem o paralelo entre pacificao
e liberao.
Uma moradora diz: todo mundo l fora pensa que aqui dentro
morvamos dominados pelo crime, que tnhamos que dar dinheiro para
eles (...) aqui ningum era dominado por ningum, aqui sempre fomos
livres (5/10/12).Dessa maneira, a mdia participa na construo da
figura da vtima nos moradores das favelas, e o fazendo extirpa-lhe
os direitos humanos e de ao, pois eles so confinados a um nico
papel e identidade de vtima. Assim, o poder de ao e de interveno
recai em outro ator - a policia militar -, que possu direito
absoluto, pois est baseado em razes humanitrias (Fassin, 2010).
Ao relatar os procedimentos da polcia no Complexo do Alemo, os
meios de comunicao optam por utilizar a palavra pacificao. Esse
termo, oriundo da poltica de Policiamento Comunitrio, faz oposio ao
perodo anterior ao da entrada das foras de segurana na comunidade,
que retratado como um momento de total ausncia do Estado, dominado
pela violncia e o terror. Ao utilizar o termo pacificao em oposio
violncia, a mdia considera que a entrada dos policiais instaura
certa harmonia na localidade. No entanto, os relatos de
entrevistados durante a pesquisa mostram outro ponto de vista sobre
a atuao dos sujeitos locais:
A UPP pra mim no pacificao, uma ocupao. (...) com esses dois
anos que vem ocorrendo de ocupao na Vila Cruzeiro, a segurana do
Estado, ela vem chegando com uma fora grande dentro da comunidade.
Sendo que no a segurana que a comunidade quer, porque o que
acontece, dentro da comunidade o morador abordado de formas
agressivas, de formas absurdas. (Elton, 20 anos)
As prprias notcias publicadas referentes a confrontos entre
policiais e traficantes dentro do Complexo do Alemo tambm
contradizem a ideia de pacificao empregada pela mdia e denotam
novos problemas de insegurana e de violncias, como veremos aqui em
baixo. Dentre as reportagens recolhidas, 42 falam sobre conflitos
armados ocorridos na comunidade. O caso mais divulgado foi o da
morte da policial Fabiana Aparecida de Souza, em julho de 2012, um
ms aps a instalao da primeira UPP no Alemo. Na matria publicada
pelo Jornal do Brasil sobre o ocorrido, moradores relataram o clima
de insegurana.Moradora na Nova Braslia desde que nasceu, a dona de
casa Mariana Vaz de Sousa, de 28 anos, lembrou dos momentos de
pnico que viveu ao lado do filho, de 3 anos, durante o tiroteio.
Faz muito tempo no ouvia tantos tiros aqui na favela, foi uma coisa
horrvel. Me joguei no cho e deitei sobre meu menino, recordou. Mas
pior do que os tiros a volta desse monte de policial armados at os
dentes, revistando todo mundo, e nem sempre da forma mais educada.
(Jornal do Brasil, 24/07/2012)
Esses fatos demonstram uma viso alternativa ao termo utilizado
pela imprensa e a percepo de parte dos moradores do Complexo do
Alemo, sobretudo nos jovens, sobre as Unidades de Polcia
Pacificadora. A atuao dos agentes de segurana indicada como
violenta e abusiva e o processo de pacificao identificado como um
processo de ocupao. Os moradores fazem essa distino entre os dois
termos por acreditar que apesar da reconfigurao do territrio
ocorrida aps a entrada da polcia, certas nuances do antigo momento
ainda so percebidas. Elas se referem na maneira em que a polcia se
colocou na localidade, mantendo a estrutura de verticalizao do
poder imposta pelo trfico, reprimindo e contendo os habitantes, e
na persistncia de prticas que deveriam ser abolidas com a
pacificao, como o trfico de drogas e os constantes conflitos
armados.
Em um dos meios selecionados, o Jornal do Brasil, possvel
observar uma diferente postura na abordagem dos acontecimentos e da
atuao da UPP. Denominado como veculo formador de opinio, possui um
histrico de cobertura e anlises crticas, utilizando-se mais
comumente de dados estatsticos do que os jornais tidos como
populares, como o O Dia. (RAMOS; PAIVA, 2005). Alm disso, o jornal
o meio pesquisado que menos noticiou acontecimentos ocorridos na
comunidade. Essa escolha de pautas que privilegia reportagens mais
crticas se deve ao fato do pblico do jornal ser notadamente mais
elitizado e distante dos fatos (RAMOS; PAIVA, 2007). Essa postura
observada em reportagens como a publicada no dia 21/08/2012, com o
ttulo Novo ataque na UPP da Nova Braslia mostra trfico de drogas
enraizado. A reportagem chama ateno para os casos de violncia
ocorridos no Complexo do Alemo aps a implantao das Unidades de
Polcia Pacificadora e conta com a entrevista de um policial militar
da regio, que afirma que:"O prprio Beltrame [Secretrio de Segurana
Pblica do Rio de Janeiro] sabe, e diz isso, que o trfico no acabou.
Quem somos ns para contrari-lo?", questionou ele, que depois
comentou a implementao das Unidades de Polcia Pacificadora.
"Tiraram os empregos de traficantes, mas no ofereceram nada em
troca. Ficamos ns expostos raiva dos jovens sem perspectiva,
esperana ou oportunidades. O tiro quase um alerta, e a tendncia
piorar". (Jornal do Brasil, 21/08/2012).
Na mesma reportagem, um morador da comunidade afirma que os
mesmos traficantes que faziam o trfico de drogas antes da entrada
das foras de segurana continuam agindo, mantendo o clima de
insegurana e a instabilidade no local. a mesma rapaziada, s que com
armas menores. Eles traficam nos mesmos lugares. Esse PM baleado ou
no sabia onde pisava, ou passou l na hora que no deveria ter
passado (...) Nunca tive medo do trfico, e nem terei hoje. Mas eles
tm de sair daqui o quanto antes. Digo isso para quem quiser ver
eouvir. Ningum mais suporta viver sob os olhares ameaadores.
(Jornal do Brasil, 28/08/2012).Segundo outra reportagem publicada
pelo jornal em 21/09/2012, dois policiais acusados de saquear uma
casa no Complexo do Alemo foram expulsos da corporao. Os abusos
cometidos por policiais foram denunciados desde a ocupao da
comunidade, como exposto em matria da Carta Capital em dezembro de
2010. Na ocasio, o secretrio de Segurana Pblica do Rio de Janeiro
se posicionou sobre as denncias afirmando que (...) mais importante
a libertao dessas pessoas. Tem de combater o policial que desviou,
mas o ganho para as quase 4 mil pessoas existe e muito grande. A
gente no pode comear a valorizar outras coisas e deixar para trs a
conquista que a populao teve". O discurso do secretrio alinha-se
com o discurso miditico de que a pacificao seria um bem maior,
minimizando as ilegalidades possivelmente ocorridas no processo.
Assim, o monoplio da violncia pela polcia legitimado pela mdia,
invisibilizando a ilegitimidade de algumas aes da mesma, inclusive
a letalidade delas (Cano, 1997). Dificultando a consolidao de um
debate publico e de uma agenda poltica sobre a questo (Bueno,
2012). A letalidade das aes policiais alarmante em relao aos
jovens. O nmero de mortos desse grupo em confrontos com a polcia
pode ser considerado uma cifra trgica (Cecchetto et al, 2012).
Farias (2007:67) aponta que, em distintas escalas (municipal,
estadual e federal), o Estado e seus agentes se fazem presentes de
modos diferenciados nas reas marginalizadas do Rio de Janeiro e que
sua atuao nesses territrios difere da atuao nos demais espaos da
cidade. Pode-se tomar como exemplo, das lgicas distintas que pautam
a ao estatal no asfalto e nos morros, os chamados mandados de busca
coletivos e os autos de resistncia. |Eles se apresentam como
prticas cujo objetivo privilegiado a gesto das populaes e
territrios marginalizados. Embora comum, o mandado de busca
coletivo um instrumento ilegal que as polcias civil e militar
frequentemente utilizam para entrar em qualquer casa nas favelas
cariocas, sem que seja necessria a autorizao ou presena dos que
nelas habitam. Em geral, a prtica pode implicar danos ao patrimnio
dos moradores, saques, agresses fsicas e humilhaes. Esse tipo de ao
to rotinizada que, muitas vezes, a polcia nem se quer, de fato,
requeria o mandado de busca coletivo, simplesmente invadia as
casas; como se naquele territrio no se fossem vigentes as leis que
regulam a vida nos demais espaos da cidade. como se morar em favela
conferisse aos indivduos um estatuto de no cidados ou de cidados
precrios (Leite, 2007), o que seria legitimado pelo conjunto de
esteretipos e representaes acerca desses espaos e de seus
habitantes enquanto graves ameaas segurana da cidade e principais
responsveis por suas mazelas. Como veremos, essas representaes
recaem geralmente nos jovens.Representaes da juventude: Crime e
diferenciao por estrato social. A juvenilizao da criminalidade
aparece, desde finais dos anos 80 no Rio de Janeiro, ligada ao
comercio varejista de drogas ilcitas por jovens e adolescentes e ao
acesso cada vez mais fcil s armas de fogo. Segundo vrios autores
(Zaluar, 1993, Peralva, 2000, Adorno, 1995) a entrada dos jovens na
criminalidade estaria tambm relacionada com a democratizao da
cultura de massas e a valorizao de smbolos e padres de consumo
prprios da juventude.
O crime um tema privilegiado da mdia e esta tem um papel
importante na construo da criminalidade, como conjunto de
representaes sociais ao redor do que constitui o marginal e o
crime. Adorno (1995) salienta o fato de uma espetacularizao do
crime pela mdia ao ponto que se comparado com o crescimento
populacional nas ltimas dcadas no Brasil, o aumento da
criminalidade estaria superdimensionado. Existiria assim, por parte
da mdia, a alimentao de um panico social ao redor de uma juventude
criminosa.Baseadas em sondagens de opinio e sobretudo em observao
de notcias veiculadas na mdia cotidiana, muitas anlises tenderam a
acentuar o predomnio de representaes sociais que fortaleciam
verdadeiro pnico social. (Adorno et al. 1999:65).
Ao descrever a juventude, a mdia aciona diferentes adjetivos
para a caracterizao dos jovens pobres moradores de favela em relao
aos de classe mdia. Tal diferenciao fica evidente quando o tpico em
pauta versa sobre juventude, violncia e ilegalidades. Cabe dizer
que essas representaes no so nicas da mdia e que as cincias sociais
participaram tambm dessa concatenao da violncia juvenil s camadas
populares. Como explica Misse (2006) a maioria dos trabalhos
realizados na dcada dos anos 80 no Brasil desenvolveram argumentos
que associavam pobreza e criminalidade. Contudo, a mdia se fez a
herdeira desses trabalhos, mas no tanto procurando explicaes ao
crime como fizeram os trabalhos acadmicos, mas identificando
diferentemente os atos criminosos de jovens segundo a origem
social, e caracterizando diferencialmente os jovens envolvidos
neles.
Uma maneira simples de desconstruir essa correlao entre pobreza
e crime a constatao de que a maioria dos pobres no opta pela
carreira criminal. Segundo Misse (2006) trata-se de uma maior
visibilidade social, aonde a mdia tem papel fundamental, das aes
criminais nas camadas populares que nas camadas medias e altas.
Porm, necessrio compreender como se produz essa invisibilizao na
mdia, quais so os instrumentos discursivos e simblicos de tal
tratamento diferencial da informao.
Observando duas matrias que relatam crimes cometidos por jovens
no Complexo do Alemo, podemos compreender melhor esse discurso. Na
primeira, jovens de classe mdia foram apreendidos por praticarem
assaltos na comunidade, j na segunda um jovem foi preso por suposto
envolvimento na morte de uma policial da UPP. Ao tratar dos jovens
de classe mdia a mdia os caracteriza como adolescentes, no-adultos,
caracterizados a partir da diferenciao queles que no o so
(adolescente x homens). Na segunda notcia o foco da abordagem
distinto, antes a adolescncia estava em destaque como fator
principal da notcia, agora o destaque dado ao crime. Os jovens so
tratados como menores e a relao no se estabelece, como antes, pela
fase da vida na qual eles se encontram. Nesse exemplo, a
caracterizao como menor parece indicar muito mais que o individuo
no atingiu a maioridade, no sendo considerado pela lei plenamente
capaz.
Como Silvia Ramos e Anabela Paiva (2007) revelam, h certo
consenso na mdia no que concerne a representao dos jovens da
periferia e das favelas, tendendo a estigmatiz-los. Geralmente
aparecem os aspectos mais desviantes e espetaculares dos jovens das
favelas (Correa Maia, 2007), contribuindo para representaes que no
retratam a realidade das juventudes - e aqui o plural programtico e
analtico que moram nesses territrios. Porm, o que no
suficientemente dito, que os discursos mediticos tendem a
invisibilizar o fato de que trata-se de jovens ou adolescentes, e
prefere a utilizao de termos pejorativos como o de bandidos, ou os
termos policiais e jurdicos de menor. Esta distino, no vocabulrio,
no um mero problema discursivo, ele acarreta significaes e
interpretaes diferenciadas para um mesmo ato, segundo o segmento
social do ator que o produz. Se para Bourdieu (1983) a juventude s
uma palavra, quer dizer, uma construo ideolgica, ela deve ser
desconstruda, pois ela no est isolada do qual ela se distingue, a
juventude aparece mais como uma esfera contendo mltiplas delimitaes
e classificaes sociais. Ao mesmo tempo, essas definies tem um
impacto nas praticas sociais e nas identificaes dos atores. Vemos
que nas categorizaes sociais, os jovens pobres aparecem como
menores, realando a lgica de punio, e nos casos de jovens de classe
meia ou alta, so tratados pela mdia como adolescentes, apelando
compreenso dos leitores.
Assim, o apelo a adolescncia parece significar uma demanda de
compreenso ao leitor- auditor, da no responsabilidade completa do
autor, pois ele estaria numa fase da vida definida pela imaturidade
e a perturbao, assim como apela-se circunstancialidade do ato e no
a uma identificao substancial do autor. O discurso miditico cria
uma relao de familiaridade com esses adolescentes. O registro
discursivo a partir da categoria de adolescente implica certa
patologizao que justifica as medidas de ordem mdica, psicolgica e
pedaggica.
Em casos de bandidos - onde a idade pode ser verificada como
dentro dos 15-24 anos o sujeito substancialmente identificado com o
ato acometido. Ele um outro que no precisa ser reeducado, mas
punido (Foucault, 1978). Os registros discursivos so da esfera
penal e sustenta medidas corretivas ou repressivas.
Neste sentido, h um deslocamento evidente segundo a nfase no
estrato social. Como observamos, na primeira matria essa
caracterstica parece realada pela atitude do jovem - encarada como
um desvio de sua classe. J na segunda no h meno alguma a esse fato,
mas fica subentendido que se trata de jovens pobres e moradores de
favela. O pressuposto que permite essa abordagem o de que o jovem
pobre est mais sujeito criminalidade. Na anlise percebe-se outro
vis quando a mdia trata de jovens moradores do Complexo do Alemo e
demais comunidades pacificadas. Como apontado por Silva (2008), a
juventude, sobretudo a juventude negra, pobre e moradora de
periferia, estigmatizada pela mdia e tratada como um problema que
precisa ser resolvido pela interveno do Estado. Assim, grande parte
das reportagens que tratam do tema juventude fala de uma juventude
problemtica e violenta, que necessita de respostas violentas do
Estado.
Os jovens que tivemos contato durante a pesquisa relataram os
efeitos dessa estigmatizao. Dentre os relatos, destacam-se dois
aspectos: os controles de seus itinerrios quotidianos no bairro e o
controle de suas atividades de lazer, especialmente a proibio dos
bailes funks dentro da comunidade. A proibio, em comunidades onde
operam as Upps, ancora-se na normativa de fiscalizao segundo a lei
estadual 5.265. So os jovens que pertencem a famlias mais pobres do
bairro que lamentam com mais nfases a proibio dos bailes funk, pois
eles eram prticas de lazer democratizadas, pois, era gratuito e de
livre acesso:Estefanie (18 anos) conversa com uma das
pesquisadoras: Ela me responde que no tem mais baile funk, que
muito ruim isso. Que antes era muito bom, pois tinha um bem perto
da casa dela. Na quadra da Canitar, era s sair da casa dela e j
estava no funk. Agora tem que ir bem longe para danar. A
Manguinhos, Jacaresinho, etc. Ento o pessoal no vai mais. Ela
repete muitas vezes vai fazer o que? e logo se diz muito
descontente com a pacificao. Ela corrige vrias vezes a pesquisadora
e diz de maneira enftica que uma ocupao. Ao mesmo tempo no para de
repetir vai fazer o que?. Ela diz que tem mais medo agora que
antes. Que se sente mais insegura agora. E que depois do inicio da
ocupao no melhorou nada, e que tambm no se acalmou no. uma guerra,
mesmo. (21/08/12).
Cabe salientar que atravs do funk que os jovens encontram
estratgias de reivindicao, tal como observado por Facina (2009).
Segundo a autora, no funk h um apelo contra a criminalizao e o
desvendamento dos mecanismos de represso. Dentro desses mecanismos
de criminalizao: Um dos atores mais ativos a a mdia, colocada ao
lado de autoridades que exercem seu poder atravs da violncia fsica
(pai e polcia). Isso aponta para a percepo da ligao estreita entre
violncia simblica e violncia fsica: o apanhar da mdia abre espao
para que se possa apanhar da polcia. (Facina, 2009). Novas
oportunidades versus novas violncias nos espaos de sociabilidade.As
matrias relacionadas a incentivos a bens culturais tiveram grande
destaque na mdia depois do momento da pacificao e sobretudo durante
os meses de agosto a outubro de 2012, perodo onde as notcias sobre
crimes e ilegalidades tiveram pouca exposio em relao ao perodo
posterior. Esse momento se inclui na poca que ocorreram as eleies
municipais no Rio de Janeiro. De acordo com reportagem do Jornal do
Brasil, essa foi a primeira eleio realizada no Complexo do Alemo
livre da influncia do trfico de drogas. Esse destaque demonstra a
existncia de uma agenda miditica, que busca evidenciar certos
aspectos em detrimento a outros em ocasies que isso se faa
necessrio. A inaugurao do telefrico como meio de transporte
integrador das diversas comunidades que compem o Complexo, a
inaugurao da praa do Conhecimento e de um cinema, Cine Carioca 3-D,
na favela Nova Braslia , ou ainda o deslocamento de eventos
esportivos e culturais da cidade para aqueles territrios demostram
de uma certa vontade politica de visibilidade da pacificao posta em
marcha. Tal como Mendona (2011) afirma, a mdia colabora com o
processo de construo de imagens que materializam, de maneira
representativa, a "pacificao" dos territrios. Nesse sentido, se
pode aventar que a abordagem miditica do processo de ocupao do
Complexo do Alemo e seus desdobramentos apontam para uma legitimao
do discurso oficial emitido pelo Estado. Ao reproduzir esse
discurso sem promover questionamentos acerca dele, os meios de
comunicao reduzem a discusso e reafirmam os preconceitos e
esteretipos comuns na cobertura de favelas e periferias. Observa-se
uma dicotomia no discurso miditico. De um lado salientado o
processo de mudana pelos quais as comunidades pacificadas esto
passando e a abertura para que novas relaes se estabeleam naqueles
locais, porm, mesmo aps esse processo os meios de comunicao
prosseguem dando enfoque aos mesmos temas e reforando os
esteretipos vitimizantes e criminalizantes. Essa constatao
concatena com a tese de Ramos e Paiva (2007), onde afirmam que o
jornalismo historicamente relaciona esses locais apenas a aes
policiais e a misria, excluindo todas as outras relaes construdas
neles.Essa excluso das relaes construdas nesses espaos esta ligada
negao do que j existia ali e se torna visvel pela produo de novos
espaos e bens culturais sem articulaes com os espaos e bens
culturais j existentes. As consequncias disso so por um lado, a no
adeso dos jovens s propostas institucionais e, por outro, a maior
distancia entre os jovens e as organizaes institucionais. Foram
observados durante o trabalho de campo vrios eventos promovidos
pelas Ongs atuantes no bairro, pelo telefrico, ou por outros
agentes culturais exteriores e o que chamou nossa ateno foi a fraca
adeso dos jovens da comunidade. Dentro das mudanas positivas
descritas pela mdia, destacado o maior investimento em projetos
sociais de Ongs e associaes no Complexo do Alemo desde a entrada
das Upps. Porm, as trajetrias dos jovens e a inscrio em programas e
polticas sociais permite ver a fragmentao das experincias que os
jovens fazem do Estado e da sociedade civil. Mas essa fragmentao no
relacionada com uma suposta experincia anmala ou fragmentada deles,
mas com a prpria organizao e configurao fragmentada de uma rede de
polticas e programas os quais tm relativa descontinuidade e esto
geralmente desconexos entre si.
Durante o trabalho de campo conhecemos em profundidade trs
instancias levando a cabo projetos culturais e sociais com jovens
do bairro. Mesmo tendo surgido em momentos diferentes e tendo
gestes e organizaes diversas, assim como tambm linhas de
financiamento de instancias diferentes, uma das caractersticas
comuns observadas foi a no perenidade dos projetos, os quais
dependem de financiamentos aleatrios e no durveis. Observar, como
uma ONG do bairro, cujas atividades acompanhamos durante o trabalho
de pesquisa, teve que parar com diversas atividades por problemas
de fundos. O que deve ser ressaltado o fato de os jovens
transformaram o espao em um lugar privilegiado de sociabilidade:Uma
coordenadora de uma ONG nos diz que tem muitas crianas que vo mesmo
sem atividades, para se encontrar l. Sobretudo aqueles da turma de
msica, vo l, pegam o violo e falam entre eles. Ela diz que
aproveitam que ali est menos quente que nas casas deles. Ela diz
tambm que, sobretudo so os mais jovens que vo mesmo sem atividades.
interessante ver como alguns se apropriaram o lugar e de que
maneira. (Caderno de campo, 05/10/12)
Muitos programas sociais de ONGs esto determinados pelos
financiamentos que no permitem uma perenidade das atividades, para
pagar professores, aluguel, etc. Essa deriva dos programas sociais
foi posta em evidencia por vrios trabalhos, mas o que no foi
suficientemente sublinhado e que esses programas fecham as portas,
muitas vezes quando j se criou uma forte demanda, que eles mesmos
criaram. Essa dinmica de demanda criada e oferta cortada se traduz
no campo em situaes emotivas onde os jovens, por identificar os
pesquisadores com alguma das ONG, pediam informaes sobre cursos ou
para eles mesmos proporcionarem os cursos fechados. O modo de atuao
entre as diversas instancia parece bastante desintegrado. Cada ONG,
associao ou projeto atuando de maneira restrita e isolada. Muitas
vezes deparvamo-nos com o desconhecimento da existncia entre elas,
mesmo quando atuavam em espaos geograficamente prximos ou em
atividades da mesma rea. As parcerias estabelecidas entre elas so
ainda escassas. A esse panorama de disperso dos projetos e
programas scios ou culturais agregou-se um novo ator institucional
que so as Upps Sociais. Estas aparecem ainda, em 2012, dois anos
depois da pacificao como uma instancia fantasmtica, a qual ningum
sabe bem como, onde e com quem vai atuar.
No referente s praticas de sociabilidade dos jovens
entrevistados, novas violncias se desenvolveram em torno dos
relacionamentos com a polcia das Upps. A presena continua dos
agentes da ordem nos espaos de sociabilidade e de circulao
quotidianos dos jovens so vivenciadas como novas modalidades da
violncia policial dentro da favela.
Os jovens retratam essas dinmicas do relacionamento violento
entre os policias e os jovens do bairro, os quais se baseiam em uma
desconfiana mutua e no controle exacerbado e abuso da autoridade
por parte de policiais: () Tem pessoas que esto sendo mais
revoltadas com a UPP aqui dentro, entendeu? Que proibiu muita
coisa, no pode ver ningum fumando um cigarro de maconha que j d
tapa na cara, entendeu? No assim que se age com as pessoas. A se
liga o som alto j quer gritar: porra, desliga esse caralho....
Desculpa [risos]. E no sei o que, xingando todo mundo. A qualquer
dedinho que faz assim: Po, policial..., j quer entortar a mo, jogar
spray de pimenta... assim. No tem nenhum exagero no que eu to
falando. assim, tendeu? E eles so muito assim, so grossos. Eles
passam aqui, se ficar olhando eles para, quer te revistar.Adanilton
me diz que mudou muito a sua vida desde que est l. Ele tem medo, no
sai de noite se eles vm algum caminhando na madrugada eles matam
sem querer saber quem (Caderno de campo, 21/08/12).
Cabe ressaltar que as mesmas imagens produzidas na mdia, sobre
os jovens favelados, se desdobram em prticas cotidianas pelos
policiais ali presentes. Porm, foi observado que os jovens
moradores tm uma viso crtica dessas prticas, pois eles so as
principais vitimas e mostram o desdobramento das representaes de
gnero que sustentam tais praticas. Como diz uma jovem: Eles acham
que todos os homens so traficantes, n, e eles acham que tambm na
favela, qualquer mulher dentro da favela pra eles no presta,
tendeu? Passa, eles mexe mesmo, chama de gostosa, e se voc falar
ih, que foi?, eles ainda quer falar besteira. Ih, eu passo serinha.
Eu no vou falar pra tu que eles no mexe comigo, mexe, eu no gosto,
no gosto mesmo, mas fazer o que(...)Cabe salientar, em relao ao
recorte de gnero, que essas relaes de violncia com a polcia so
experimentadas tanto pelos homens, quanto pelas mulheres jovens.
Nesse sentido, mesmo se as representaes sobre os meninas e as
meninas do bairro que sustentam as prticas dos policiais podem ser
diferenciadas segundo esteretipos de gnero o jovem como traficante
e a jovem que no presta h uma certa simetria nas maneiras como as
relaes entre eles e os policiais se desenvolvem. Uma jovem conta
como foi revistada: Entrevistador: Voc j foi revistada?Helena: J.
No revistada de passar a mo. De abrir minha bolsa, vasculhar
tudo... Uma vez tava tendo uma confuso ali embaixo, tava um monte
de policial, e eu to toda descendo com a minha carteira, eu sempre
ando com uma carteira na mo com meus documentos, uma abbora que eu
tenho, assim, grande... A to eu descendo assim e com o telefone que
no sei que l, amor, to indo pra, falando com meu namorado, a o cara
pegou no meu brao: Espera aqui. A eu: Que que foi?. A eu fui
desliguei o telefone e botei no bolso. A o cara falou, o policial:
Que no sei o que, abre essa carteira a.... No, ele nem falava abre
carteira, falava ta indo pra onde?, gritando. A eu: To saindo.. A
ele: T saindo da favela por qu?. A eu, assim mesmo, caraca... E
segurando no meu brao, falando com gente ali assim, gritando, e
todo mundo gritando, e segurando no meu brao... Eu ai, meu Deus,
vou ficar aqui agora, esperando. A o cara foi, segurando no meu
brao, eu: T machucando, moo. T me machucando.. A ele: Abre essa
carteira a.. A eu abri a carteira, a fui, mostrei meus documentos.
Ele olhou, tal, tava com a minha certido, xrox da minha certido, a
original da minha identidade e, se eu no me engano, e meu
comprovante de residncia. Eu tava com os documentos mesmo. A sendo
que tava dentro da carteira, a ele: Ta saindo da favela com todos
os teus documentos?. A eu: Tem algum problema?. No reponde a
autoridade!. A eu: T bom.. () foi o policial que foi preso outro
dia por dar tapa na cara dos outros a. Deu tapa na cara da mulher
ali embaixo e foi preso. Sem jeito. Foi o mesmo policial, um
carequinha. A ele gritando comigo, a a polcia falou: Libera ela,
libera ela, libera ela.. A ele foi, me liberou, pegou a carteira de
novo, abriu, no sei o que, vasculhou, deixou tudo embolado na minha
carteira... T bom, obrigado. A eu peguei, sa andando assim, a
fechei. A sa olhando pra trs, a fui, e ele olhando pra minha cara,
maior confuso. E todo mundo que passava eles parava.Para os jovens,
algumas prticas e gestos cotidianos se vm modificados com a presena
policial e os conflitos que ela desperta. Os espaos mudam, so
ocupados por outras pessoas. Fica ento a memria de outros agentes e
atividades que ocupavam os territrios. Alguns espaos do bairro se
transformam em smbolos, motins de guerra, ocupados antigamente pelo
inimigo. Como a quadra do Canitar.
Na quadra, onde antes tinha as baladas funk, h agora algumas
crianas jogando futebol e uma mulher policial que sorri quando nos
v e continua olhando para as crianas. Ela est armada e vigia o
espao para ele no ser ocupado para outro fim. (caderno de campo,
31/09/12)
Essa violncia simblica no sentida apenas em espaos pblicos do
bairro, mas em espaos considerados privados. Uma jovem nos diz:
Uma vez eu tava na casa de uma amiga ali no beco, ali na..., era
beco, n, a eu tava l, tava at de top, a gente tava de biquni, tava
tomando banho de mangueira, ali mesmo na porta da casa dela. A eles
chegaram, a eu fiquei at o fim, a gente de biquni, a eles pegaram,
jogaram um monte de lenol pro cho, abriram armrio, fizeram isso pra
procurar as coisas, quebraram tijolo, pra ver se tinha alguma
coisa(...).De um lado, a mdia tende a maximizar os avanos em termos
de oferta em projetos sociais, bens culturais e espaos de
sociabilidade para os jovens do Complexo do Alemo. Do outro lado,
os jovens se sentem constrangidos em utilizar os antigos espaos do
bairro, hoje transfigurados pela presena policial. Essa presena,
tal como vimos, problemtica, e em ltima instncia geradora de novas
violncias no bairro. Podemos ento nos perguntar como esse controle
cotidiano, nas circulaes e as novas violncias emergentes das
interaes do dia a dia no bairro, modificaram as relaes sociais dos
jovens. Uma analise rpida das aes dos programas sociais implantados
no bairro permite ver que fora criada uma demanda muito forte, por
parte dos jovens, em relao ao acesso cultura e a outros modelos
culturais. Tal demanda est relacionada com a possibilidade de
circular em diversos mundos. Acreditamos que limitar esses jovens
aos limites da favela torna-se um decrscimo em relao ao capital
relacional e intensifica ainda mais a territorializao das relaes e
o trincheiramento em pontos e buracos do bairro (Misse, 1999,
2008). Consideraes finais.... Apesar dessa baixa proporo, vale
salientar que no ano de 2012 acima de 4,5 mil mulheres foram vtimas
de homicdio. Nos ltimos 32 anos de 1980 a 2011, morreram
assassinadas 96.612 mulheres. Nos ltimos dez anos, morreram
praticamente a metade desse total.
Desde a construo do telefrico, o Complexo do Alemo se tornou um
ponto turstico da cidade, como sinalam vrias notas em jornais de
grande circulao (ver, por exemplo, o artigo Favelas com UPP so
pontos tursticos da vez do dia 3/12/11 (em HYPERLINK
"http://oglobo.globo.com/rio/favelas-com-upp-sao-pontos-turisticos-da-vez-3378301"
\l
"ixzz2Ws51r1tV"http://oglobo.globo.com/rio/favelas-com-upp-sao-pontos-turisticos-da-vez-3378301#ixzz2Ws51r1tV).
Esse dado foi constatado por nossa pesquisa. As visitas tursticas
parecem, contudo, concentrarem-se no prprio telefrico, reforando
uma viso de fora e de longe sobre o quotidiano do bairro.
HYPERLINK
"http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/veja-a-cobertura-completa-da-onda-de-crimes-no-rio-20101124.html"http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/veja-a-cobertura-completa-da-onda-de-crimes-no-rio-20101124.html
HYPERLINK
"http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2010/11/25/armas-e-soldados-do-trafico-estao-no-suburbio-e-upps-precisam-ir-para-la-diz-especialista.htm"http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2010/11/25/armas-e-soldados-do-trafico-estao-no-suburbio-e-upps-precisam-ir-para-la-diz-especialista.htm
Esse termo, como observado por Orlandi (2008), utilizado desde o
incio do sculo XX. quela poca, foi utilizado pelo Servio de Proteo
aos ndios (SPI), rgo responsvel por conter a resistncia dos ndios
tomada de suas terras. O discurso paternalista que exclua os
indgenas buscava apagar a memria da resistncia e pacific-los.
HYPERLINK
"http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/07/24/morte-de-pm-em-upp-devolve-medo-e-tensao-ao-complexo-do-alemao/"http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/07/24/morte-de-pm-em-upp-devolve-medo-e-tensao-ao-complexo-do-alemao/
HYPERLINK
"http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/08/21/novo-ataque-na-upp-da-nova-brasilia-mostra-trafico-de-drogas-enraizado/"
http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/08/21/novo-ataque-na-upp-da-nova-brasilia-mostra-trafico-de-drogas-enraizado/
HYPERLINK
"http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/09/21/pm-expulsa-dois-policiais-por-saque-no-complexo-do-alemao/"http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/09/21/pm-expulsa-dois-policiais-por-saque-no-complexo-do-alemao/
HYPERLINK
"http://www.cartacapital.com.br/sociedade/moradores-acusam-policiais-de-abuso-no-alemao/"http://www.cartacapital.com.br/sociedade/moradores-acusam-policiais-de-abuso-no-alemao/
Mesmo se desde h alguns anos apareceu na mdia o problema da
criminalidade em jovens de classe media e alta, o que abunda so os
questionamentos procurando compreender esse fenmeno (os ttulos de
matrias abundam em interrogaes do tipo: como pode ser? num
movimento inesperado, jovens de classe media entram no trfico, como
entra um jovem de classe media no crime?. Essa inteno de compreenso
por parte da mdia se distingue de quando trata-se de jovens de
camadas populares.
HYPERLINK
"http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/rj-jovens-de-classe-media-sao-apreendidos-por-assaltos-no-alemao,fbe1ac68281da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html"http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/rj-jovens-de-classe-media-sao-apreendidos-por-assaltos-no-alemao,fbe1ac68281da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
HYPERLINK
"http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/07/24/morte-de-pm-em-upp-devolve-medo-e-tensao-ao-complexo-do-alemao/"http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/07/24/morte-de-pm-em-upp-devolve-medo-e-tensao-ao-complexo-do-alemao/
Com a promulgao do Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) em
1990, o termo menor foi substitudo pelos termos criana ou
adolescente. Considera-se que o termo menor discriminatrio e
estigmatizante, reproduzindo o conceito de incapacidade na infncia.
O termo adolescente seria mais apropriado para caracterizar uma
fase de desenvolvimento do ser humano que possui caractersticas e
especificidades prprias.
De acordo com uma reportagem do JB no dia 30/08, o Cine Carioca
registrou em julho de 2012 a maior frequncia de um cinema
brasileiro. A sala de projeo da Prefeitura do Rio mantm o preo do
ingresso inteiro a R$8.
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