DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO PRÁTICAS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PROFISSIONAIS DE ÁREAS TÉCNICAS EM OPERADORAS DE PETRÓLEO PEDRO ALBERTO ABADE ROSA ORIENTADORA: Prof.ª Dr.ª LUCIA BARBOSA DE OLIVEIRA Rio de Janeiro, novembro de 2013
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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO
PRÁTICAS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PROFISSIONAIS DE ÁREAS TÉCNICAS EM
OPERADORAS DE PETRÓLEO
PEDRO ALBERTO ABADE ROSA
ORIENTADORA: Prof.ª Dr.ª LUCIA BARBOSA DE OLIVEIRA
Rio de Janeiro, novembro de 2013
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PRÁTICAS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PROFISSIONAIS DE ÁREAS TÉCNICAS EM OPERADORAS DE PETRÓLEO
PEDRO ALBERTO ABADE ROSA
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Gestão de Recursos Humanos
ORIENTADORA: Prof.ª Dr.ª LUCIA BARBOSA DE OLIVEIRA
Rio de Janeiro, novembro de 2013
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PRÁTICAS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PROFISSIONAIS DE ÁREAS TÉCNICAS EM OPERADORAS DE PETRÓLEO
PEDRO ALBERTO ABADE ROSA
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Gestão de Recursos Humanos
BANCA EXAMINADORA: _____________________________________________________ Professora Dra. LUCIA BARBOSA DE OLIVEIRA (Orientadora) Instituição: IBMEC-RJ _____________________________________________________ Professor Dr. EDUARDO ESPINDOLA HALPERN Instituição: IBMEC-RJ _____________________________________________________ Professor Dr. MARIO COUTO SOARES PINTO Instituição: EBAPE-FGV
Rio de Janeiro, novembro de 2013
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R788 Rosa, Pedro Alberto Abade.
Práticas de recrutamento e seleção de profissionais de áreas técnicas em operadoras de petróleo / Pedro Alberto Abade Rosa. - Rio de Janeiro: [s.n.], 2013. 74 f. : il.
Dissertação de Mestrado profissionalizante em Administração do IBMEC.
À Professora Lúcia, pelos comentários simples que faziam toda a diferença e pela incrível
paciência para lidar com um orientando que não era um exemplo de disciplina acadêmica.
À Pat, minha grande companheira, que me apoiou incondicionalmente durante toda essa
jornada e, como excelente psiquiatra, aturou todos os meus surtos nesses dois anos de
mestrado.
Aos meus avôs (Abade, Antônia e Irene) e meus irmãos (Catonha e Lipe), pois constituem
parte fundamental e essencial da minha vida, mesmo quando não estão presentes.
À dona Sandra, minha mãe, pelo grande apoio para ver seu filho mestre.
Ao meu pai por sempre torcer por mim, independente de em que ou pra quê.
A Fabio Pinaud, colega, amigo e conselheiro que conquistei durante o curso no IBMEC.
A Dario e Janicélio por ajudarem a tornar algumas aulas bem monótonas em momentos
descontraídos.
Aos colegas de trabalho da BG, da Brookfield e meus sócios por me ajudarem e darem o
apoio necessário para a conclusão desse trabalho.
Aos amigos Carlos, Fred, Olavo e Rod pelo simples fato de serem grandes amigos (e irmãos)
e merecerem meus agradecimentos em qualquer coisa que eu faça na minha vida.
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RESUMO
Em 1997, a chamada Lei do Petróleo implicou na quebra do monopólio da exploração e
produção do petróleo no Brasil. Essa mudança atraiu um grande número de empresas e
imprimiu uma nova dinâmica à indústria de óleo e gás (O&G), especialmente no Rio de
Janeiro. Frente a este contexto, o presente estudo teve como objetivo investigar em
profundidade o processo de recrutamento e seleção de profissionais de áreas técnicas da
cadeia de óleo e gás, como foco nas técnicas aplicadas e percepções acerca de sua efetividade.
Foram realizadas 11 entrevistas em profundidade com profissionais de RH e consultores de
empresas de recrutamento e seleção especializados nessa indústria. Os resultados mostraram
que, a despeito a recente desaceleração observada no mercado, ainda existe escassez de
profissionais qualificados. As indicações de profissionais de mercado e o uso do LinkedIn têm
sido os principais métodos de recrutamento utilizados. Observou-se, ainda, que não são
adotados indicadores e processos claros de avaliação da efetividade das diferentes técnicas de
R&S, tanto das empresas como nas consultorias. Tal avaliação mostrou estar baseada,
predominantemente, apenas na percepção dos participantes.
PALAVRAS-CHAVE: recrutamento, seleção, técnicas de recrutamento, técnicas de seleção,
mercado de óleo e gás.
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ABSTRACT
In 1997, the Petroleum Act resulted in breaking the monopoly of oil exploration and
production in Brazil. This change attracted a large number of companies and gave a new
dynamic into the oil and gas (O&G) industry, especially in Rio de Janeiro. Given this reality,
this qualitative study was developed with the purpose to investigate the recruitment and
selection processes of technical professionals of this industry, focusing on techniques adopted
and the perceptions regarding their effectiveness. Eleven interviews were conducted with HR
professionals and specialized consultants in the recruitment industry. The results showed that,
despite the recent deceleration in this area, there is still a shortage of qualified professionals.
The two main methods of recruitment used are referrals and the LinkedIn. It was also
observed that the professionals and consultants interviewed do not adopt any clear indicators
and procedures for assessing the effectiveness of different R&S techniques. The assessment
proved to be predominantly based on their own perceptions.
KEYWORDS: recruitment, selection, recruiting techniques, selection techniques, oil & gas
industry.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Processos de Recrutamento e Seleção....................................................................... 6 Figura 2 – Reforço mútuo da marca do produto e empregadora .............................................. 10 Figura 3 – Processo de recrutamento & seleção das consultorias ............................................ 34 Figura 4 – Processos das Operadoras ....................................................................................... 37
LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Uso de Procedimentos de Seleção de Pessoal ........................................................ 19 Tabela 2 – Perfil dos Participantes ........................................................................................... 22
4. ANALISE DOS RESULTADOS _________________________________________ 24
4.1 Análise do cenário atual ______________________________________________ 24
4.2 Desenvolvimento da marca empregadora _______________________________ 30
4.3 Processo de recrutamento & seleção ____________________________________ 33 4.3.1 Processo das consultorias ______________________________________________ 33 4.3.2 Processos das operadoras ______________________________________________ 36
4.4 Técnicas de recrutamento e seleção utilizadas ____________________________ 39 4.4.1 Técnicas de recrutamento ______________________________________________ 40 4.4.2 Técnicas de seleção __________________________________________________ 45
4.5 Efetividade das técnicas utilizadas _____________________________________ 47
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ____________________________________________ 50
anúncios podem ser feitos de forma aberta ou fechada, ou seja, divulgando o nome da
empresa contratante ou mantendo a confidencialidade dessa informação (LACOMBE, 2011).
Quando se trata de profissionais com alto nível de especialização, as revistas técnicas são os
meios mais apropriados para atingir o profissional foco do recrutamento (FAISSAL, 2005). A
escolha pelo meio de divulgação do anúncio é importante, pois para seleção de profissional
mais qualificado alguns meios específicos devem ser considerados (MILKOVICH, 2006).
Nesse contexto, o tipo de jornal ou revista técnica especializada, valor do anúncio e público
que deseja atingir são questões consideradas pelos recrutadores na montagem de sua
estratégia. No Reino Unido e no Estados Unidos, por exemplo, o anúncio em meios impressos
é bastante utilizado, muito embora através de anúncios fechados publicados por consultoria de
recrutamento (LACOMBE, 2011). Em suma, nessa etapa a definição de qual público será
atingido é fundamental para a o sucesso do processo (ROTHMANN, 2009).
Considerando a propaganda da empresa como uma forma de atração e a classificando dentro
de anúncio, Collins e Han (2004) destacam que as propagandas corporativas tem o maior e
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mais consistente efeito estatístico sobre a quantidade e a qualidade do candidatos a uma
determinada vaga.
2.2.2.3 Redes Sociais
As redes sociais vêm sendo usadas como forma de recrutamento por parte das empresas e
como busca de oportunidades por candidatos. No LinkedIn, por exemplo, recrutadores têm
acesso ao perfil profissional dos usuários e podem refinar essa busca, através de critérios
como empresa atual, tempo de experiência, nome do candidato, cargo etc. Nesse mesmo
espaço, onde os usuários, cerca 225 milhões, compartilham informações, ideias e
oportunidades, o recrutador pode realizar a busca por profissionais que podem não estar
procurando uma oportunidade, naquele momento, mas que podem se interessar por uma
proposta bem direcionada (COHEN, 2013). Outro exemplo de site utilizado para recrutamento
é o Facebook que oferece, dentre outros serviços, a possibilidade de anúncio por parte das
empresas. Segundo Chauhan (2013), em estudo recente, 84% do candidatos abordados
possuem perfil nesse site, o que faz com que este se torne um importante instrumento de
comunicação entre recrutadores e potenciais candidatos.
2.2.2.4 Indicação de Funcionários
Essa prática é estimulada em algumas empresas, pois entende-se que ao apresentar um
candidato o funcionário assume uma responsabilidade diante da sua empresa. Existem
empresas que chegam a premiar os funcionários que indicam um candidato, que resulta em
uma contratação por um tempo mínimo pré-determinado (RÉ; RÉ, 2010). Segundo
Bohlander, Snell e Sherman (2003), os gerentes verificaram que a qualificação dos
funcionários indicados, geralmente, é alta, uma vez que os funcionários que os indicam
hesitam em indicar pessoas que não tenham um bom desempenho. Além disso, algumas
pesquisas sugerem que os candidatos recrutados por meio de indicação tem menor
probabilidade de sair da empresa no primeiro ano de trabalho, a menos que haja alguma
situação adversa, como péssimas condições de trabalho (MILKOVICH, 2006). Em um estudo
realizado com 201 executivos de RH, que avaliou nove técnicas de recrutamento, a indicação
aparece como a mais bem avaliada seguida por recrutamento nas universidades, empresas de
consultoria, associações profissionais, anúncios, solicitações diretas, agência de empregos
privadas, agências públicas e sindicatos (TERPSTRA, 1996 apud BOHLANDER; SNELL;
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SHERMAN, 2003). Breaugh (2008) também traz essa técnica como a mais efetiva, através da
análise de três estudos realizados acerca dos métodos de recrutamento. (BREAUGH, 2008)
Nesse processo, vale ressaltar que a condução correta da técnica implica em uma posterior
seleção sem favorecimento do indicado para evitar qualquer tipo de viés ao processo, sem a
concessão de privilégio de qualquer espécie (FAISSAL, 2005).
2.2.2.5 Feiras e Palestras
Palestras sobre a empresa realizadas em universidades também são consideradas uma forma
de recrutamento externo, principalmente para programas de trainees (RÉ; RÉ, 2010). Cabe
ressaltar que planejar um recrutamento na universidade requer uma análise criteriosa que
contemple a escolha da faculdade e a forma de atração dos estudantes. Ainda é válido lembrar
que a estratégia de ida às universidades é utilizada como forma de criar e manter uma visão da
empresa frente aos futuros clientes (MILKOVICH, 2006).
No mercado de O&G a Rio Oil and Gas, por exemplo, oferece às empresas e profissionais da
indústria um espaço para troca de dados sobre perfis profissionais e áreas de interesse (IBP,
2012). Em sua última edição, em 2012, essa feira contou com a participação de consultorias
de recrutamento especializado como expositores.
2.2.2.6 Empresas de Consultoria Especializadas em Recrutamento
A contratação de empresas terceirizadas para dar apoio ao processo de recrutamento é uma
prática habitual no mercado e a forma de contratação desse serviço variam de acordo com o
tipo de contrato estabelecido entre empresa requisitante e a consultoria. Nesse processo, os
candidatos geralmente são abordados de forma mais direta dando um foco maior no público
que se pretende atrair. Geralmente é cobrado da empresa contratante um percentual do salário
a ser oferecido ao candidato (FAISSAL, 2005). Segundo Lacombe (2011), no Brasil os
valores podem variar entre 15% e 35% do salário anual, além de bônus e gratificações que o
profissional possa vir a receber. O trabalho dessas empresas começa a partir de uma demanda
do cliente e sua busca no mercado abrange profissionais específicos para determinada
posição. Nesse processo cabe ao recrutador conhecer a empresa, a posição a ser preenchida e
a equipe onde esse profissional vai atuar (LACOMBE, 2011).
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2.2.2.7 Outros Métodos
A troca de informações entre os profissionais que atuam em determinado segmento do
mercado através da troca de bons contatos, consiste num meio de atração de profissionais
(LACOMBE, 2011). Existem ainda outros métodos encontrados no material pesquisado, mas
que não serão aprofundados ao público de profissionais foco desse estudo, tais como:
agencias de emprego privadas e públicas, sindicatos, empresas de recolocação de executivos,
mala direta, agencias de serviços de empregos temporários, atendimento na empresa, dentre
outras (FAISSAL, 2005; MARRAS, 2010; ROTHMANN, 2009; MILKOVICH, 2006)
A forma e composição das técnicas a serem adotadas são pensadas considerando o público de
profissionais que serão atraídos para posição, visando um número suficiente de candidatos
qualificados por um custo razoável (MILKOVICH, 2006).
2.3 Seleção
Não existe uma clara divisão entre os processos de recrutamento e de seleção, evidenciando
uma clara interdependência entre eles. Para Marras (2010), a seleção inicia-se com a triagem
de currículos e consiste na adoção de técnicas que visam refinar o processo de escolha. Já para
Milkovich (2006), o processo só começa após a etapa de triagem de currículos, na qual são
excluídos os candidatos que não reúnem as qualificações requeridas para o cargo.
O processo de seleção envolve a busca pelo profissional com as melhores qualificações para
preencher a vaga (MILKOVICH, 2006) e o candidato mais adequado é aquele que tem
melhores condições de se adaptar à empresa e ao cargo, de apresentar um bom desempenho
na função (LACOMBE, 2011) e que possua as qualificações necessárias para que a
organização atinja suas metas (BOHLANDER, SNELL; SHERMAN, 2003). Antes mesmo de
se iniciar o processo de recrutamento, é de fundamental importância que se definam, revejam
e/ou reavaliem esses parâmetros, de forma a aumentar a probabilidade sucesso da seleção
(MARRAS, 2010).
No processo seletivo, além dos requisitos iniciais, é necessário averiguar se a cultura, valores
e crenças dos candidatos são de fácil ajuste aos da empresa. Tal preocupação surge, pois um
engano comum nas contratações é a seleção de profissionais com experiência e
conhecimentos adequados, mas com características individuais incompatíveis com os valores
da empresa, por se acreditar numa possível mudança do indivíduo após a admissão. Nesse
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sentido, uma gama de candidatos maior aumenta a probabilidade de se contratar o candidato
que melhor atende aos requisitos solicitados pela organização (LACOMBE, 2011).
A seleção consiste em um processo decisório onde os candidatos são comparados com as
competências exigidas pelo cargo e com os outros candidatos (FAISSAL, 2005), com o
objetivo final de escolher o candidato que for mais ajustável ao cargo e à organização
requisitante (Cooper apud ROTHMANN, 2009). Quando essa sinergia entre características do
candidato e os requisitos do trabalho não é bem alinhada tanto o desempenho como a
satisfação do profissional serão afetados (ROBBINS, 2005).
Cabe ressaltar que existe discordância entre autores quanto a quem cabe a decisão final do
candidato escolhido, que pode ser uma opção da requisitante ou um consenso entre os futuros
gestores e os selecionadores (BOHLANDER, SNELL; SHERMAN, 2003; LACOMBE,
2011). As variáveis envolvidas nessa tomada de decisão, tais como: poder de influência,
papel, estrutura do RH dentre outros.
Torna-se evidente a preocupação dos autores pesquisados em verificar a validade das técnicas
consagradas, as formas de uso (GIRARDI e ROSSA, 2011; RYAN et al., 1999; SCHMIDT e
HUNTER, 1998), a relação entre candidato e conhecimento sobre a vaga (BREAUGH, 2008)
e os conceitos de seleção (FAISSAL, 2005; LACOMBE, 2011; ROBBINS, 2005), não sendo
priorizada a percepção dos selecionados acerca da eficiência da técnicas adotadas.
2.3.1 Técnicas de Seleção
Nesta seção as técnicas de seleção mais relevantes na bibliografia pesquisada são detalhadas.
2.3.1.1 Triagem Preliminar de Currículos
Nessa etapa as informações sobre experiência, empregadores anteriores e formação são
analisadas para compará-las aos requisitos mínimos exigidos para a vaga. Nessa etapa,
geralmente, mais da metade dos currículos são descartados do processo (LACOMBE, 2011).
Os requisitos necessários serão, previamente, relacionados no detalhamento do perfil do cargo
realizado em fase anterior que determina formação, experiências requeridas e conhecimentos
específicos (RÉ; RÉ, 2010).
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2.3.1.2 Testes
Os testes são métodos de avaliar os candidatos através de instrumentos que possuem algum
tipo de validade estatística e que aumenta o grau de objetividade na avaliação. Para definir os
testes a serem utilizados é necessário se certificar se o teste é adequado, possui validade e é
adequado ao ambiente corporativo (RÉ; RÉ, 2010). Os principais testes citados na literatura
pesquisada são testes psicológicos, provas de conhecimentos, teste de uso de drogas, teste de
honestidade e integridade e os exames médicos que são discutidos a seguir.
Os testes psicológicos, ou avaliações psicológicas, visam avaliar aptidões individuais e a
personalidade dos candidatos (FAISSAL, 2005) e só podem ser conduzidos por psicólogos
registrados (RÉ; RÉ, 2010). Segundo Bartman (2004), a validade desses testes não é tão
elevada como a dos testes de habilidades cognitivas, mas evidências mostram que sua
aplicação pode contribuir na identificação de profissionais mais adequados. Por outro lado,
Murphy (2005) afirma que a escolha dos testes de personalidade a serem utilizados na seleção
de pessoal tem sido feita de forma errônea, tendo em vista que as teorias que associam
personalidade e desempenho são pouco específicas.
Os testes ou provas de conhecimento, com questões objetivas ou de múltipla escolha,
permitem que o candidato seja classificado dentro de um determinado padrão como uma nota
ou escala de avaliação (FAISSAL, 2005). Ou seja, servem para medir o nível de
conhecimento do candidato sobre determinado assunto (RÉ; RÉ, 2010). Para medir esse nível
desejável, um padrão deve ser estabelecido com o auxílio do gestor responsável pela seleção
(MILKOVICH, 2006).
Os testes situacionais (ou teste de exemplo de trabalho ou simulação de desempenho) são
atividades estruturadas que colocam os candidatos dentro de situações simuladas que refletem
a realidade do trabalho a qual estão sendo avaliadas (FAISSAL, 2005). Para isso, simulações
reais do futuro trabalho são utilizadas para avaliar os candidatos (ROTHMANN, 2009).
Apesar do desenvolvimento desses testes serem mais complexos, em termos de preparação do
material, sua popularidade aumentou nas últimas décadas, pois avaliam diretamente os
requisitos técnicos relacionados à posição (ROBBINS, 2005).
Algumas empresas também usam teste de uso de drogas, com o intuito de oferecer um
ambiente mais seguro para seus funcionários. Esses testes se baseiam em biotestes que
consistem na coleta de materiais como sangue, cabelo, urina ou saliva (MILKOVICH, 2006).
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Segundo estudo da American Management Association (AMA), o número de empresas
americanas que usam esse tipo de testagem vem aumentando significativamente
(BOHLANDER, SNELL; SHERMAN, 2003).
Segundo Bohlander, Snell e Sherman (2003), os testes de honestidade e de integridade são
utilizados, e tidos como válidos, para predizer a ocorrência de comportamentos perturbadores
como o furto, problemas disciplinares e absenteísmo.
Os exames médicos são, geralmente, uma das últimas etapas do processo seletivo
(BOHLANDER, SNELL; SHERMAN, 2003) e, no Brasil, são regidos pelo Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional que é uma obrigatoriedade legal para empresa com
um quadro de funcionários superior a 10 funcionários, dependendo do tipo de risco que a
empresa está sujeito (MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO, 1996).
2.3.1.3 Centros de Avaliações e Dinâmica de Grupos
Os centros de avaliação são utilizados para avaliar o potencial administrativo e/ou gerencial.
Durante vários dias, avaliadores observam candidatos em atividades individuais ou coletivas
que simulam problemas reais que poderiam ser enfrentados no dia a dia do trabalho
(ROBBINS, 2005; THORNTON; GIBBONS, 2009). Podem ser incluídos diferentes métodos
– entrevistas, exemplos de trabalho, simulações, testes escritos – que, em seu conjunto,
auxiliam na tomada de decisão, uma vez que os indivíduos são avaliados em diferentes
dimensões, tais como capacidade de julgamento, habilidade analítica, capacidade de decisão,
flexibilidade e resistência ao estresse (BOHLANDER, SNELL; SHERMAN, 2003).
As dinâmicas de grupos também são bastante utilizadas nos centros de avaliação. Seu
principal objetivo é avaliar os candidatos em situações de interação e trabalho em pequenos
grupos (FAISSAL, 2005). Nesse momento, é importante identificar como os candidatos se
comportam em grupo e quais características pessoais se destacam nesse processo, incluindo
iniciativa, capacidade de argumentação e estilo de liderança (RÉ; RÉ, 2010).
2.3.1.4 Grafologia
A grafologia consiste na análise da letra dos candidatos (BOHLANDER, SNELL;
SHERMAN, 2003). Faissal (2002) define esse procedimento como “a representação das
atividades mentais por meio da escrita”. Os defensores desse método de avaliação acreditam
que, através de traços característicos da escrita do indivíduo, seja possível inferir
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características de personalidade do sujeito. Faissal (2002), que encontrou resultados positivos
na aplicação da grafologia no Brasil, defende que, mesmo acreditando na efetividade do
método, são ainda necessários maiores esforços na formação dos profissionais que atuam
nessa área e uma melhor padronização das análises que são realizadas.
No tocante à eficiência desse método, Schmidt e Hunter (1998) concluíram, a partir da meta-
análise de 85 anos de estudos que avaliou 19 práticas de seleção, que a grafologia é uma das
técnicas com mais baixa eficiência. Em outro estudo acerca da validade dessa prática, foi
identificado que a grafologia apresenta a mesma validade preditiva que a astrologia, ambas
com o resultado igual a zero (REES; FRENCH, 2010). Quanto à percepção dos candidatos,
observou-se que o uso da grafologia tende a reduzir o sentimento de justiça na seleção e a
validade atribuída ao processo, relativamente a outros métodos tais como entrevistas, análise
curricular e testes de personalidade (ANDERSON; WITVLIET, 2008).
2.3.1.5 Referências
Os potenciais candidatos a um processo seletivo podem ser avaliados por referências passadas
do mesmo. Esse indicador de seleção tem como base o pressuposto de que o comportamento
anterior do profissional é um bom preditor de seu comportamento no futuro (ROTHMANN,
2009). Para tal, referências de empregadores anteriores, bem como testemunhos de colegas de
trabalhos e clientes são fontes utilizadas pelas empresas para investigação no momento da
seleção de seus profissionais.
Apesar de serem utilizadas no processo de seleção, as referências não mostraram sucesso no
tocante ao desempenho dos futuros profissionais. Dos métodos utilizados para levantamento
das referências, o contato telefônico é preferível pelos selecionados, pois economizam tempo
e por possibilitarem maior sinceridade (BOHLANDER, SNELL; SHERMAN, 2003).
2.3.1.6 Entrevista
Faissal (2005) afirma que a entrevista é o instrumento mais usado para embasar a seleção de
funcionários. Pesquisa sobre técnicas de seleção realizada com 47 empresas em nove estados
mostrou que a entrevista é utilizada por 100% das empresas pesquisadas – ver Tabela 1
(FAISSAL, 2002).
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Tabela 1 – Uso de Procedimentos de Seleção de Pessoal
Procedimentos %
Entrevista 100% Teste teórico de conhecimento 70% Teste prático ou situacional 70% Dinâmica de Grupo 78% Psicodrama 5% Redação 82% Teste Projetivo 83% Teste Psicotécnico 45%
Fonte: Faissal (2002).
A ampla utilização da entrevista como ferramenta de seleção também foi constatada em outra
pesquisa, realizada com 959 empresas de 20 países (RYAN et al., 1999).
Em pesquisa da década de 90, 56% das empresas declaram que a entrevista consiste na etapa
mais importante em seu processo de seleção de profissionais e 90% afirmam ter mais
confiança nesse método do que em qualquer outro (MITCHELL apud MILKOVICH, 2006).
Robbins (2005) destaca que no Japão, Coréia e outros países da Ásia a entrevista praticamente
não é utilizada em processos seletivos. Segundo o autor, nesses países, a pontuação de
exames, conquistas acadêmicas e cartas de recomendação são os instrumentos priorizados
para escolha do profissional.
Rothmann (2009) defende que a entrevista é, provavelmente, o método mais usual de seleção
que visa colher informações, verificar equidade do candidato com a vaga, fornecer
informações ao candidato e ter um primeiro contato positivo com a organização.
A entrevista tem ainda um alto grau de aceitação entre os candidatos. Uma comparação entre
dez métodos de seleção, realizada em cinco países diferentes, mostrou que a entrevista é um
instrumento tido como justo e válido para os candidatos que participam de processos seletivos
nesses países (ANDERSON; WITVLIET, 2008). Também foi observado que, quando
utilizada em processos seletivos, a entrevista tem um peso relativamente alto na tomada de
decisão (ROBBINS, 2005).
Na literatura, é possível encontrar diversos tipos de entrevistas, incluindo:
Entrevistas técnicas que visam entender o conhecimento que o candidato possui sobre
determinado assunto da sua área de atuação (FAISSAL, 2005).
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Entrevista psicológica onde questões sobre a personalidade, vida pessoal, relações
interpessoal e história de vida são a abordadas. Segundo Faissal (2005), trata-se de um
modelo alinhado com a psicologia clínica e que busca o alinhamento entre o perfil
psicológico do candidato e o perfil da posição a ser preenchida. Essas entrevistas
também são utilizadas como um complemento aos testes psicológicos, quando estes
são aplicados.
Entrevista situacional constituída por perguntas abertas que tem como cenário
simulações que enfocam as características da posição em aberto. Ou seja, uma situação
comum à posição é colocada para o candidato e é pedido ao mesmo que fale sobre
qual seria sua atitude (FAISSAL, 2005). Tal técnica busca prever comportamentos
futuros, através da construção de provas onde os candidatos precisam tomar decisões
em episódios de incidentes críticos relatados de forma hipotética (BOHLANDER,
SNELL; SHERMAN, 2003; MILKOVICH, 2006).
Entrevista estruturada é a técnica através da qual são criadas perguntas padronizadas,
definidas a partir das exigências para o cargo a ser preenchido. Essas questões são
usadas como base para investigação que será realizada com todos os candidatos (RÉ;
RÉ, 2010). Com isso, é importante que o conteúdo, o formato e a avalição da
entrevista sejam preparados previamente pelo entrevistador (ROTHMANN, 2009).
Esse tipo de entrevista permite que avaliadores foquem em informações importantes e
faz com que diferentes entrevistadores sigam uma estrutura de fatores relevantes que
foram identificados na análise da função (MILKOVICH, 2006).
Entrevista não estruturada, ou não dirigida, onde o pesquisador evitar ao máximo
interferir na resposta do entrevistado para não influenciar ou dar o seu
encaminhamento às respostas (BOHLANDER, SNELL; SHERMAN, 2003).
Entrevista por competências, prática que será detalhada a seguir.
2.3.2 Seleção por Competência
O professor de Harvard, David McClelland, é considerado um dos pioneiros na aplicação do
conceito de competência nos Estados Unidos. McClelland (1973) propôs uma maneira de
avaliar estudantes por suas atitudes e não por testes de inteligência.
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No meio empresarial, competências são as habilidades, conhecimentos e atitudes que um
indivíduo mobiliza para realizar determinada atividade. Brandão e Bahry (2005, p. 185)
definem competência como: (BRANDÃO; BAHRY, 2005)
A aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes no trabalho gera um
desempenho profissional, o qual, por sua vez, é expresso pelos
comportamentos que a pessoa manifesta e pelas consequências desses
comportamentos, em termos de realizações e resultados. O desempenho da
pessoa representa, então, uma expressão de suas competências.
Para utilização desta técnica, é necessário entender quais são as competências exigidas em
cada cargo e a esse trabalho se dá o nome de mapeamento de competências. Tal levantamento
visa identificar conhecimentos e comportamentos esperados dos funcionários, tendo em vista
o posicionamento da empresa no mercado e seus objetivos estratégicos. Após essa etapa, é
feito um perfil de competências que deve ser avaliado no momento da seleção (FAISSAL,
2005).
É com esse material que o avaliador busca na entrevista fatos e dados que comprovem as
competências que está procurando, através de perguntas que permitam ao candidato trazer
situações passadas que exemplifiquem as competências indicadas no perfil da vaga.
2.3.3 Validade e Confiabilidade dos Métodos de Seleção
Entende-se por validade ao grau de que um método de seleção mensura os atributos de um
candidato (BOHLANDER, SNELL; SHERMAN, 2003). Ou seja, um teste é considerado
válido quando mede com êxito o quesito que se propõe avaliar. Faissal (2005) resume o
conceito de validade colocando que esta consiste em avaliar se uma determinada técnica
mensura o que se propõe a medir e até que ponto a faz.
Já a confiabilidade diz respeito ao grau com que diferentes métodos, tais como entrevistas e
testes, fornecem dados comparáveis de forma atemporal e com medidas alternativas
(BOHLANDER, SNELL; SHERMAN, 2003). Busca-se com a confiabilidade consistência de
desempenho de um mesmo candidato em momentos diferentes, ou seja, o coeficiente de
confiabilidade mede o quão similar é a medida de duas ou mais aplicações do mesmo
instrumento de avaliação (ROTHMANN, 2009).
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3. MÉTODO
Por se tratar de um estudo que busca captar de forma detalhada a percepção de profissionais
acerca dos processos de recrutamento e de seleção que conduzem, optou-se pela pesquisa
qualitativa. A abordagem qualitativa possibilita o entendimento de como atores sociais
percebem e fazem sentido de sua realidade (CRESWELL, 2010) e, nesse sentido, buscou-se o
entendimento de como esses profissionais definem suas estratégias de atração e seleção de
pessoas e também como percebem e avaliam a efetividade das mesmas.
Os sujeitos da pesquisa foram selecionados entre operadoras de petróleo e empresas de
consultoria em recrutamento e seleção para o segmento de O&G, localizadas na cidade do Rio
de Janeiro. Inicialmente, dez profissionais de operadoras e cinco consultores especializados,
identificados a partir da rede de relacionamentos do autor, foram contatados por telefone, e-
mail ou via LinkedIn e convidados a participar da pesquisa. Desses, onze aceitaram participar,
sendo quatro consultores e sete profissionais de RH que atuam diretamente com os processos
de recrutamento e seleção em suas empresas – ver Tabela 2.
Tabela 2 – Perfil dos Participantes
Participante Sexo Profissão Tempo de Experiência em
RH
E1 Feminino Profissional de RH De 6 a 10 anos
E2 Masculino Profissional de RH De 6 a 10 anos
E3 Masculino Profissional de RH De 6 a 10 anos
E4 Feminino Profissional de RH De 6 a 10 anos
E5 Feminino Profissional de RH De 3 a 5 anos
E6 Masculino Consultor de R&S De 6 a 10 anos
E7 Feminino Consultor de R&S De 3 a 5 anos
E8 Masculino Consultor de R&S De 3 a 5 anos
E9 Feminino Profissional de RH De 6 a 10 anos
E10 Feminino Consultor de R&S De 3 a 5 anos
E11 Masculino Profissional de RH Mais de 10 anos
A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas em profundidade, conduzidas com
base num roteiro elaborado a partir dos objetivos da pesquisa – ver Apêndice. O roteiro
continha perguntas abertas que buscavam captar informações e percepções sobre todo o
processo de recrutamento e seleção e suas interligações com o mercado atual de óleo e gás.
Cabe ressaltar que candidatos oriundos de recrutamento interno não foram considerados para
23
levantamento dessas percepções. Além disso, foram colhidas informações e percepções a
respeito de processos que envolvam, exclusivamente, profissionais das áreas técnicas.
Todas as entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas, com a devida autorização
dos participantes. A análise do discurso foi o método escolhido para análise dos dados
obtidos. Nesse processo, as informações transcritas são agrupadas em categorias criadas a
partir da literatura ou que emergem da própria fala dos entrevistados (BAUER, 2002).
Baseadas nas questões de pesquisa, as categorias criadas foram: cenário atual, cenário atual e
busca de profissionais, técnicas de recrutamento, técnicas de seleção, efetividade percebida,
indicadores de efetividade e atributos de atração. No decorrer da análise, as categorias hunting
e LinkedIn foram criadas devido ao discurso dos participantes e à relevância atribuída às
mesmas.
24
4. ANALISE DOS RESULTADOS
4.1 Análise do cenário atual
A percepção de que ocorreram importantes mudanças no mercado de óleo e gás ao longo do
ano de 2013 foi unânime no discurso dos participantes. No entanto, é interessante notar
semelhanças e diferenças nas avaliações a respeito dessas mudanças. De forma geral, o
“aquecimento do mercado”, a escassez de mão de obra e os recentes acontecimentos com
empresas que atuam nessa indústria foram aspectos centrais dos depoimentos.
A remuneração elevada dos profissionais foi um dos pontos de consenso. Foi comum nos
discursos a opinião de que os salários oferecidos atualmente estão em patamares elevados,
principalmente quando se considera a experiência do técnico que será contratado. Esse
cenário implica em dificuldade de retenção e atração por parte das empresas, bem como a
necessidade de se contratar profissionais com menor experiência para ocupar posições
consideradas sêniores.
Os salários do mercado de óleo e gás estão muito inflacionados (...) o
mercado não tem oferta de profissionais sobrando, gente qualificada com a
determinada expertise que você precisa. (...) As empresas estavam falando
que até pouco tempo atrás, um engenheiro sênior ou um analista sênior
eram pessoas que tinham cinco anos de experiência, pelo menos. Hoje em
dia, às vezes, pra trazer a pessoa você tem que contratar com salário de
sênior, um cara com dois anos, três anos de experiência. Então, assim, até o
nível de senioridade tem mudado. (PROFISSIONAL DE RH)
O que tem elevado os salários e os benefícios para eles, eu acho que é um
momento como nunca se viveu no Brasil. Principalmente para os sêniores,
(...) o mercado está muito aquecido. Principalmente dos geólogos, dos
geofísicos e dos engenheiros. (...) Para as empresas já é outra história, para
gente conseguir atrair essas pessoas e manter com a volatilidade no
mercado atual está sendo complicado. (PROFISSIONAL DE RH)
Outro aspecto observado foi a instabilidade de algumas empresas que atuam neste mercado,
verificada no período em que as entrevistas foram conduzidas – entre junho de 2013 e
novembro de 2013. O principal acontecimento foi o pedido de recuperação judicial da OGX,
25
uma das maiores promessas de produção do mercado nacional. Em outubro, essa operadora
demitiu cerca de 20% de seus funcionários, aproximadamente 300 profissionais (REUTERS,
2013a), aumentando, assim, o número de profissionais técnicos disponíveis. A HRT, outra
operadora nacional, também foi citada nos relatos dos entrevistados. Essa companhia chegou
a oferecer R$ 60 milhões em bônus aos seus executivos em 2012, mesmo sem ter descoberto
petróleo em seus ativos (JARDIM, 2013). No terceiro trimestre de 2013, a HRT reportou um
prejuízo de R$ 724,2 milhões, contra prejuízo de R$ 140,2 milhões no mesmo período de
2012 (REUTERS, 2013b).
Alguns entrevistados comentaram as consequências do movimento de mão de obra criado
pelas novas operadoras nos últimos anos. Ressaltaram que a busca por profissionais
qualificados foi dificultada pela concorrência dessas entrantes que ofereciam um pacote de
remuneração bastante atraente para formar seu quadro de funcionários. Também foi destacado
o pouco foco que os profissionais deram a suas carreiras e ao planejamento de longo prazo,
em troca de alavancarem sua remuneração.
Então, se estava faltando profissional ano passado, hoje a gente jogou um
monte de profissional no mercado de área técnica de operadora. É que eles
fizeram o favor de tirar da Petrobras e, hoje, colocá-los no mercado privado
(PROFISSIONAL DE RH)
(...) Eu vejo que os profissionais não sabem desenvolver suas próprias
carreiras e ficam pulando de um lugar para o outro sem muito foco.
Simplesmente por questão salarial, e não avaliam o risco. Então, por
exemplo, saem daqui e vão pra uma OGX sem avaliar o risco (...).
Simplesmente vão pelo dinheiro (...) Tá bom, oferecer salario é uma coisa,
agora manter... Aconteceu com HRT e com a OGX. (PROFISSIONAL DE
RH)
Independentemente dos movimentos mais recentes, os entrevistados convergiram em sua
opinião a respeito do chamado aquecimento do mercado. Embora as perspectivas sobre o
mercado de O&G no Rio de Janeiro mostre-se promissor, conforme discutido na introdução
desse trabalho, os relatos falam sobre um momento de estagnação. Alguns chegam a falar em
facilidade na busca por mão de obra no segundo semestre de 2013.
26
Para nossa empresa o mercado está muito [aquecido], mas, em geral, para
mim não está aquecido, está meio parado, meio esquisito, as coisas estão
começando a se movimentar após os leilões. Enfim, está todo mundo se
preparando para de fato começar as primeiras fases de sísmicas
(PROFISSIONAL DE RH)
O óleo e gás, de fato, era visto externamente, na minha opinião, com um
volume, um potencial muito maior do que de fato tinha (...). Não que não
seja um mercado bom, um mercado que não tenha um potencial, tem sim,
mas eu acho que é um mercado que conta com uma expectativa muito maior
do que é verdade. (...) A gente viu um crescimento maior do Brasil em
relação à maioria dos outros países, em 2012, 2013. O que eu senti era um
mercado andando meio de lado, (...) então o mercado deu uma acalmada em
termos dessa movimentação de salário, aumento, coisas que a gente estava
vendo num passado recente. (CONSULTOR DE R&S)
Acho que o mercado deu uma desaquecida nos últimos meses. A gente tinha
muito mais dificuldade em atrair profissionais. (...) Hoje está mais fácil, os
profissionais estão mais disponíveis, até a questão de remuneração está
mais flexível. (PROFISSIONAL DE RH)
É engraçado isso também porque mudou né, a gente falando daquele
mercado que estava superaquecido, os profissionais não estavam nem aí,
eles só queriam um salário maior, hoje não, hoje o mercado deu essa
desacelerada. (CONSULTOR DE R&S)
Algumas peculiaridades do mercado de mão de obra para a indústria de O&G foram
comentadas por todos os entrevistados. A maioria concorda que há escassez de profissionais
qualificados e enfatizam as dificuldades de alinhar a expectativa salarial dos candidatos com
os anos de experiência exigidos para as posições em aberto. Outro fator salientado é a falta de
formação de novos profissionais por um longo período de tempo. Essa lacuna, segundo
relatos, deve-se ao longo período em que a preparação de mão de obra para as operações no
setor era realizada pela Petrobras e ao pouco incentivo de carreira para o setor de óleo e gás.
O que a gente tem de potencial para a área de óleo e gás em termos de
produção não é equivalente ao número de profissionais formados que a
gente tem. (PROFISSIONAL DE RH)
27
De 2002 pra cá, a coisa teve um boom muito grande e, mesmo assim, dez
anos só de, digamos, de um mercado muito aquecido, não dá tempo pra
formar novos profissionais no quesito experiência e até mesmo em situações
diferentes. (...) Ainda existe uma falta de mão de obra não só em relação a
quantidade mais também em relação a qualidade (...) (CONSULTOR DE
R&S)
Das operadoras em si, a gente falando de drilling e completion, é mais
difícil por não ter a quantidade de profissional. Então, por mais que o
mercado esteja um pouco mais devagar você continua sem ter esses
profissionais, principalmente brasileiros, a gente tem muito gringo. (...)
Logo, se você for buscar um profissional entre 35 e 45 com experiência para
um driller (...), por exemplo, esse cara não existe, antes a gente só tinha a
Petrobras que formava esses profissionais e teve um período em que a
Petrobrás não fez concurso. Então, a gente ficou realmente com uma
escassez desse profissional no mercado. (CONSULTOR DE R&S)
Um dos participantes, diferentemente dos demais, acredita que o problema de escassez não
está no mercado e sim na forma e nos requisitos que as empresas estão usando para selecionar
seus candidatos, associada a um distanciamento entre a construção da descrição de cargo, com
todas as exigências feitas pelos gestores, e a remuneração que as operadoras estão dispostas a
pagar.
Eu acho que o bom profissional existe no mercado. Você só tem que saber
procurar. Acho que existe uma distância muito grande entre você querer ter
um bom profissional e estar disposto a pagar por ele. (...) Você acaba
pegando bons profissionais que às vezes estão com uma formação de uma
faculdade que não é dessa “primeira linha”, mas são pessoas extremamente
engajadas, com mobilidade, com vontade de fazer e que vão se adaptar
muito mais facilmente à sua cultura. (...) Eu acho que tem que ter um pouco
de boa vontade das empresas também, tem essa torre de marfim que às vezes
“ah eu quero esse aqui, eu quero aquele lá”. (PROFISSIONAL DE RH)
Com relação a esse ponto, alguns profissionais que atuam como consultores ressaltam a
importância de se alinhar o perfil e mostrar ao cliente e/ou gestor quais são as possibilidades,
considerando o que o mercado oferece e a descrição montada por ele.
28
Eu acho que a tarefa maior do recrutador é conduzir um processo alinhando
a expectativa daquilo que realmente é buscado com aquilo que o mercado
realmente tem. (CONSULTOR DE R&S)
Ainda considerando o mercado das operadoras, a competição é vista como global, uma vez
que os profissionais selecionados podem ser brasileiros ou estrangeiros. Essas empresas,
muitas vezes, têm operações ao redor do mundo e aceitam contratar estrangeiros para as
posições no Brasil, além de convidar brasileiros para trabalhar no exterior. Com isso, a
migração dos profissionais entre operadoras ocorre mundialmente.
A princípio, a estratégia funciona em pegar empresas similares ou
concorrentes do mercado brasileiro. Não tendo essa opção, a gente pode ver
no cenário mundial. (CONSULTOR DE R&S)
Existe, ainda, a visão de que as empesas de serviços são fornecedoras de profissionais
qualificados para operadoras. Essas empresas, geralmente, cuidam de operações de produção
das operadoras e, por isso, contam um enorme contingente de profissionais em seu quadro
técnico.
(...) Boa parte dos profissionais das operadoras pode ter vindo do segmento
de serviços. (CONSULTOR DE R&S)
A operadora, ela é a cereja do bolo da indústria. (...) Quem conhece o
mercado de óleo e gás sabe que o desejo final é a operadora.
(PROFISSIONAL DE RH)
Um dos objetivos desse trabalho era o de identificar possíveis impactos das características do
mercado de O&G sobre a escolha da estratégia de recrutamento e seleção. Com relação ao
recrutamento, observa-se que os consultores não relatam uma forma diferente de trabalhar.
Em outras palavras, a escassez de mão de obra e as características do mercado não parecem
impactar as técnicas utilizadas pelos consultores. Quanto às operadoras, porém, há relatos de
mudanças na forma de atuação, especialmente frente a um mercado mais aquecido. A maioria
destaca a opção por trabalhar a posição através de consultoria especializada em paralelo
Mas eu também já vou, em paralelo, [trabalhando] a posição com o
headhunter porque eu não vou conseguir achar esse profissional muito fácil
no mercado. (PROFISSIONAL DE RH)
29
Apenas um dos entrevistados relatou trabalhar exclusivamente com consultoria, sem buscar
por conta própria potenciais candidatos. Essa forma de trabalho foi defendida pelo
entrevistado pelo fato do mesmo ter uma demanda de contratação que exigiria muito de sua
equipe. Nesse caso, a responsabilidade da montagem da estratégia de recrutamento está com a
consultoria.
Tudo com consultoria porque a nossa demanda é uma demanda de volume.
(PROFISSIONAL DE RH)
As operadoras, em sua maioria, têm uma estratégia de atração montada para mostrar aos
candidatos seus principais atributos. O uso desses atributos como ferramenta de recrutamento
será detalhado mais à frente, mas é importante notar que essa estratégia tem por objetivo
primordial aumentar atratividade da empresa frente à concorrência.
Se o mercado está aquecido, claro que você vai ter que se mostrar (...) ser
atrativo em termos de remuneração e também de marca. (...) Acho que a
busca acaba não sendo tão passiva, por exemplo, anunciei vou ter que
esperar. Vou ter que arranjar alguma forma de ir atrás desse cara.
(PROFISSIONAL DE RH)
Com relação ao processo seletivo, a maioria dos entrevistados ressaltou que,
independentemente da parte técnica e da dificuldade de encontrar profissionais, se os critérios
comportamentais estabelecidos não forem atendidos o candidato é eliminado. Apenas um
consultor relatou ser um pouco mais flexível com a questão comportamental, justamente em
função da escassez de profissionais com a qualificações técnicas requeridas.
Esses processos seletivos para áreas técnicas são muito diferentes do que a
gente faz pra outras vagas, porque a gente não tem disponibilidade de
candidatos. Na verdade a gente tem algumas opções, na verdade a gente
checa se ele tem o mínimo das competências comportamentais.
(CONSULTOR DE R&S)
O peso dado ao aspecto não técnico pode, por vezes, aumentar o grau de dificuldade do
processo, pelo fato dos candidatos terem que apresentar capacidade técnica, traços de
personalidade e outras competências não técnicas que estejam de acordo com as premissas da
empresa. Nesse ponto, os entrevistados ressaltam dificuldades.
30
O mercado é muito despreparado, as pessoas da área técnica não têm visão
de negócio e a avaliação comportamental é medida por visão de negócio,
visando pessoas para serem preparadas para futura liderança, então o que
acontece é que você entrevista pessoas ótimas (...), com mil anos de
experiência e que não têm visão de gerenciamento de custo, gerenciamento
de stakeholders, gerenciamento de um monte de coisas assim e eles vão lá
embaixo na entrevista comportamental e a gente não pode seguir.
(PROFISSIONAL DE RH)
É ai, até acrescentando, é tecnicamente difícil você achar alguém hoje no
mercado que atenda 100% aos requisitos das posições, a gente não teve
tempo de maturação dos profissionais, ainda mais comportamentalmente
(CONSULTOR DE R&S)
Um dos consultores entrevistados, após o término da gravação, chegou a afirmar que a
importância atribuída ao perfil comportamental foi uma cobrança e conquista dos RHs após
muitos problemas de relacionamento que os gestores enfrentaram com seus funcionários. A
tomada de decisão através do consenso entre RH e gestor é uma atitude citada por
unanimidade entre os entrevistados.
Só pra comentar, [sobre os pesos do técnico e do comportamental na
tomada de decisão] a parte técnica eu acho que é 40% do processo, ela não
é mais, ela não chega a 50%. Porque a parte técnica, a competência técnica
é a que a gente mais facilmente desenvolve. (PROFISSIONAL DE RH)
O papel nessa reunião, [de consenso], é tanto do RH desafiando os gestores
quanto dos gestores desafiando o RH e isso faz com que a gente chegue a
um consenso de quem é o melhor candidato (PROFISSIONAL DE RH)
4.2 Desenvolvimento da marca empregadora
Um importante impacto da escassez de profissionais qualificados sobre a estratégia de
recrutamento é a preocupação com a promoção dos atributos da marca empregadora. Nos
relatos, nota-se que as operadoras pesquisadas fazem parte de um segmento que já possui
atratividade frente aos demais setores, tais como mineração e serviços em O&G.
31
Hoje, de forma geral, independente desse, vamos dizer, esfriamento da área
de óleo e gás, mas em virtude de tudo que já foi feito até hoje é um segmento
de fácil atração. (CONSULTOR DE R&S)
O momento de divulgação da vaga é encarado como uma oportunidade de exposição do nome
da empresa e dos atributos de sua marca empregadora. Nesse instante, os candidatos podem
formar suas impressões sobre a empresa e o que significa trabalhar nela.
A gente quer que o nome da [nome da empresa] esteja no mercado, quanto
mais a gente divulga a posição, mais as pessoas vão conhecer a [nome da
empresa]. (...) Porque a gente é bem low profile no Brasil, a gente não faz
nenhum anúncio em TV, jornal em nada, então o momento que a gente tem
de efetivamente mostrar: olha Brasil a [nome da empresa] está aqui é
quando a gente divulga a vaga, por exemplo. (PROFISSIONAL DE RH)
É uma empresa conhecida pelos desafios do pré-sal, pela qualidade dos
desafios que os profissionais técnicos têm aqui. Uma empresa que oferece
um pacote atrativo, que as pessoas têm equilíbrio entre trabalho e a vida
pessoal (PROFISSIONAL DE RH)
O trabalho com a assessoria de imprensa também foi citado como forma de manter a marca da
empresa na mídia e aumentar sua atratividade. Um dos entrevistados citou a criação de
releases jornalísticos com temas organizacionais diversos que podem ser usados por
jornalistas em diferentes matérias. Essa estratégia ajuda a tornar a empresa mais conhecida no
mercado. Outro participante trouxe a assessoria de imprensa com foco em matérias que falam
da empresa e do programa de atração de jovens talentos, que também conta com um contato
permanente com as universidades.
A gente também, eventualmente, solta alguns releases com algumas matérias
sobre nosso programa trainee e alguma notícia relacionada à empresa. (...)
A gente tem uma agenda anual de universidades com as quais a gente faz
engajamento, a gente patrocina eventos e oferece palestras técnicas com os
nossos funcionários pra ir construindo a marca e nos aproximar das
universidades, por exemplo. (PROFISSIONAL DE RH)
No tocante aos atributos da marca empregadora, os entrevistados relatam os principais pontos
que percebem em suas empresas e destacam: a cultura organizacional, os desafios técnicos, a
32
possibilidade de carreira internacional, a quantidade de barris referente a produção atual, o
equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional e a estabilidade da empresa no mercado.
Apesar de aparecer com uma frequência menor, a remuneração também é apontada em alguns
relatos como um atributo que a empresa oferece.
A [nome da empresa] está produzindo X mil barris, então acho que isso é
um ponto super positivo (PROFISSIONAL DE RH)
Na área técnica, eu acho que é o fato de ser uma empresa inovadora, uma
empresa com tecnologia reconhecida, de ponta, acho também que os
desafios técnicos que a gente tem no país são relevantes como atributos
(PROFISSIONAL DE RH)
Acho que a principal atração são os projetos desafiadores que estão
acontecendo hoje no Brasil. (CONSULTOR DE R&S)
A cultura da [nome da empresa], enfim os valores que a gente tem aqui. (...)
Os próprios funcionários falam da empresa no mercado. (PROFISSIONAL
DE RH)
Eu acho que o primeiro deles é a estabilidade da companhia, (...) ela preza
por uma estabilidade que hoje eu acho que até está morrendo no mercado.
(PROFISSIONAL DE RH)
Lógico, o salário continua sendo um fator impactante, mas hoje eles, muito
mais do que o salário, eles estão querendo entender quem são as empresas,
pois a gente teve alguns casos recentes no segmento de óleo e gás onde as
pessoas migraram para outras empresas e esses projetos não foram à frente.
(CONSULTOR DE R&S)
Entre os profissionais técnicos, é uma empresa conhecida pelos desafios
(...), pela qualidade dos desafios que os profissionais técnicos têm aqui. (...)
Uma empresa que oferece um pacote atrativo, que as pessoas têm equilíbrio
entre trabalho e vida pessoal. (PROFISSIONAL DE RH)
Essas declarações mostram que o pacote de remuneração é percebido como um fator de
atração das empresas. Porém, outros fatores identificados na literatura, tais como perspectiva
de carreira (LAB SSJ, 2012), desafio intelectual (MONTGOMERY, 2011) e profissional
(FAISSAL, 2005) puderam ser claramente observados nos discursos dos entrevistados. Além
33
destes atributos, a cultura da empresa foi outro elemento citado pelos entrevistados como um
diferencial de suas empresas.
Duas das operadoras pesquisadas já desenvolveram programas de Employee Value
Proposition, um já totalmente estruturado e outro em desenvolvimento. Na visão dos
entrevistados, o EVP ajuda a estabelecer os valores e a cultura da empresa frente aos
candidatos. Nessa proposição de valor, a empresa elege quais os atributos a empresa oferece
em troca das capacidades, habilidades e experiência de seus funcionários (MINCHINGTON
apud BROWNE, 2012).
Nós temos todas as razões, o que a gente tem de forte, o que os candidatos
esperam, baseado em pesquisas tanto do que os candidatos esperam, quanto
do que os funcionários encontram aqui, porque eles não saem e a gente tem
as dimensões que geram atração aqui dentro da [nome da empresa].
(PROFISSIONAL DE RH)
4.3 Processo de recrutamento & seleção
Nesta seção serão analisados, separadamente, os processos de R&S conduzidos por
consultoria e os conduzidos pelas operadoras. Sendo assim, a análise dos resultados busca um
melhor entendimento do trabalho dos consultores e dos profissionais de RH, tendo em vista a
ocorrência de etapas comuns e fases complementares.
Tipicamente, as consultorias de R&S são contratadas para conduzir processos de R&S das
empresas contratantes. O acordo estabelecido entre as partes pode se dar de diversas maneiras,
mas geralmente a consultoria cobra um percentual do salário do futuro funcionário, não
havendo nenhum custo para o candidato.
4.3.1 Processo das consultorias
As atividades de recrutamento e seleção desenvolvidas pelos consultores podem ser divididas
em quatro: alinhamento da posição, busca, entrevistas e envio ao cliente, conforme mostra a
Figura 3.
34
Figura 3 – Processo de recrutamento & seleção das consultorias
4.3.1.1 Alinhamento da posição
Nessa etapa, os consultores procuram entender o perfil da posição, a cultura da empresa e
estilo da gestão. Quanto ao perfil, é nessa fase que existe um efetivo alinhamento, em que o
gestor ou um profissional da área de RH passa os requisitos do cargo solicitado e o consultor
tem o papel de mostrar se existe viabilidade para o que é pedido. Esta análise de viabilidade
envolve uma comparação entre a remuneração a ser oferecida e especificidades técnicas da
vaga. Ainda nessa etapa, a compreensão técnica da posição e o cenário de trabalho são pontos
importantes a serem avaliados. Sendo assim, a conversa direta com o gestor é destacada como
um diferencial para o sucesso de processo, muito embora todos os consultores destaquem a
importância da parceria com o RH.
Dada a necessidade, a gente faz um alinhamento de perfil para tentar
entender ao máximo o perfil da empresa, que acho que é fundamental.
Segundo a gente tenta entender o perfil daquela posição, e aí eu acho que a
tarefa maior do recrutador é conduzir um processo alinhando a expectativa
daquilo que realmente é buscado com aquilo que o mercado realmente tem.
(CONSULTOR DE R&S)
Por isso, é sempre bom não só conversar com RH, mas também com a área
técnica, parece bobagem né? Você fala, ‘ah não tem aqui um job
description’, mas quando o gerente ou o diretor que está ali liderando
aquela área explica o que ele precisa e o perfil da equipe que ele vai
montar, fica muito mais fácil encontrar o profissional e fica muito mais
assertivo (CONSULTOR DE R&S)
35
4.3.1.2 Busca
Após o entendimento da posição, uma estratégia para a procura de profissionais é traçada e os
recursos disponíveis são mobilizados. Nesse momento, banco de currículos, divulgação em
meios eletrônicos, LinkedIn, hunting e contato com profissionais da área são utilizados para
se chegar a candidatos que atendam ao perfil especificado pelo cliente. O hunting e o
LinkedIn serão discutidos em maiores detalhes mais adiante, dado que foram técnicas
destacadas por todos os entrevistados.
A gente usa as redes sociais, usa muito indicação, muito hunting e acho que
é isso, né? Contato, se você está em contato com o mercado, as pessoas
acabam conhecendo, lógico, o nosso site. Então, as pessoas acabam se
aplicando, chegando na gente das formas mais diferentes possíveis, até pelo
Facebook. (CONSULTOR DE R&S)
Outra questão é entender quais são as principais empresas alvo que o cliente citou ou que o(a)
consultor(a) acha pertinente para busca de candidatos, no que diz respeito às capacidades
técnicas e à adaptação do profissional ao cliente.
Dentro dessa etapa que seriam definidos alguns alvos que seriam mais
alcançáveis e mais moldáveis aos candidatos no quesito adaptação. Então,
se a gente está comentando sobre operador é buscar mais operadores.
(CONSULTOR DE R&S)
4.3.1.3 Entrevistas iniciais
Os consultores destacam a papel da análise técnica e comportamental nesse primeiro
momento de contato pessoal com o candidato. Quanto aos conhecimentos específicos da área,
os consultores têm o entendimento de que se os candidatos não os possuem, não devem seguir
no processo, independentemente de suas habilidades interpessoais. Com isso, os avaliadores
buscam avaliar as características que aqueles profissionais possuem e que podem atender às
expectativas dos clientes.
Mercado de óleo e gás está muito ligado à questão técnica, então se a
pessoa não for tecnicamente capaz, ela tem uma dificuldade grande.
(CONSULTOR DE R&S)
36
Você entrevista os candidatos primeiro tentando checar os pontos técnicos,
(...) você consegue checar, digamos num check list daquele candidato, se ele
estaria apto tecnicamente para aquela posição. (...) A partir daí, então, você
começa a olhar um pouco mais para o lado humano do candidato, (...)
visualizando como seria a interação dele com o gestor principalmente.
(CONSULTOR DE R&S)
4.3.1.4 Envio ao cliente
Ao final dessas etapas, as consultorias enviam aos clientes pareceres contendo detalhes de
cada candidato e uma visão geral do grupo de profissionais que abordaram. Nesse momento,
alguns consultores citam o caráter consultivo visando auxiliar o cliente a entender o que do
perfil será atendido pelos candidatos enviados e o que não será, e busca uma flexibilização do
perfil, se necessário.
Enviar um parecer do que foi visto nessa entrevista, do que foi relatado,
fazer uma reunião ou um overview com o cliente destacando os principais
pontos. Feito isso, é mais um processo de ser consultivo, caso não esteja
100% dentro do perfil ou na fase de acompanhamento junto ao cliente nas
próximas etapas de entrevista com cliente, negociação salarial.
(CONSULTOR DE R&S)
4.3.2 Processos das operadoras
As operadoras analisadas nessa pesquisa adotam um processo bastante semelhante. Apesar de
pequenas diferenças na forma e na ordem como as etapas são distribuídas, de uma maneira
geral pode-se agrupá-las em anúncio ou divulgação, triagem de currículos e entrevistas – ver
Figura 4.
37
Figura 4 – Processos das Operadoras
4.3.2.1 Anúncio / Divulgação
A divulgação representa uma forma passiva de busca por profissionais onde os requisitos da
posição e suas exigências de formação, idioma, competências técnicas e comportamentais são
anunciadas em meios eletrônicos e impressos. A preocupação de quase todas as empresas em
divulgar as suas posições entre seus funcionários pôde ser observada no discurso dos
participantes. Sendo assim, os empregados ficam sabendo das vagas e existe um
compartilhamento dessa informação. Em apenas um dos casos pesquisados o entrevistado não
citou o dispositivo da intranet como forma de divulgação e seu site como forma de
recrutamento externo, nos demais todos comentam sobre esse dispositivo.
A gente divulga no site da empresa, no LinkedIn da empresa, no jornal (...),
e internamente também, todas as vagas são divulgadas internamente
também e aí a nível global. (PROFISSIONAL DE RH)
O recrutamento dentro da própria companhia a nível mundial, então quando
a gente abre uma posição, (...) a gente divide esse perfil. (PROFISSIONAL
DE RH)
Então, normalmente o processo padrão a gente tem uma posição nova a
gente faz um anuncio que vai pro nosso site e também vai pros nossos
funcionários. (PROFISSIONAL DE RH)
O LinkedIn foi citado como forma de divulgação passiva e como meio de recrutamento ativo
tanto pelos RHs como pelos consultores. Com isso, e devido ao seu crescimento no Brasil,
38
essa ferramenta será abordada em tópico específico mais à frente, quando são discutidas as
técnicas de R&S. Além dessa rede social, o vagas.com foi citado por dois dos participantes
como forma de captação passiva de currículos e busca em banco de dados do site.
4.3.2.2 Triagem de currículos
Após a captação, os profissionais de RH identificam os candidatos com perfis mais aderentes
à descrição. Nessa etapa, as exigências de formação, tempo de experiência e outras que
possam ser observadas no currículo são analisadas e há um filtro inicial. Foi observado que,
pelo caráter técnico das posições, todos os participantes citam que o gestor da área é chamado
para uma validação técnica dos profissionais que aplicaram para posição.
Finalizo a triagem dos currículos e passo para o gerente da área, o gerente
da área avalia e ele decide. Na verdade, a gente pede sempre para no
máximo serem três pessoas, mas que sejam os três melhores currículos
daquele pool ali que a gente recebeu pra gente entrevistar.
(PROFISSIONAL DE RH)
Como a forma de busca passiva permite que qualquer pessoa se candidate à posição, há
relatos que mostram como essa etapa reduz a quantidade de candidatos e reforça a questão da
validação técnica pelo gestor.
A gente tem um retorno muito legal, (...) claro que de vez em quando vem
coordenador de eventos para uma posição de reservatório, você fala
“caraca”. (...) E aí, uma vez que a gente já tem um shortlist, dependendo da
posição, em torno de cinco profissionais para aprovação pelos gestores.
(PROFISSIONAL DE RH)
4.3.2.3 Entrevistas
Os entrevistados relatam que sempre existe uma fase técnica e uma comportamental nos
processos que conduzem. No entanto, a forma como se dão essas análises variam. Ou seja, as
operadoras fazem as duas etapas simultaneamente ou separadamente e, quando optam por
fases distintas, não existe uma unanimidade quanto à ordem das etapas. Em alguns relatos, a
entrevista comportamental é realizada pelo RH antes da avaliação técnica dos gestores e
apenas um participante afirmou que o gestor avalia primeiro.
39
Com relação às entrevistas técnicas, os relatos ajudam a entender como se dá esse processo.
Através de perguntas e questionamentos sobre a atividade da área, o gestor consegue entender
o nível de qualificação daquele profissional. Essas impressões levantadas são validadas
através da checagem de referências, que é realizada com o finalista do processo.
[a entrevista com o gestor ocorre de forma] Totalmente técnica, é muito
difícil você ver um [gestor] que não [entreviste assim], a gente tem treinado
um pouco eles a respeito disso e vem melhorando cada vez mais, mas o foco
deles ainda é técnico, 70% da entrevista é focado nas questões técnicas.
(PROFISSIONAL DE RH)
A maioria dos pesquisados relata haver uma entrevista final de validação, na qual o gestor do
gestor ou um diretor avalia o candidato e valida esse finalista.
E se tiver uma terceira fase, por exemplo, é uma posição mais sênior, sei lá,
para o VP da área apertar a mão, mais pra endossar mesmo
(PROFISSIONAL DE RH)
4.4 Técnicas de recrutamento e seleção utilizadas
Nessa parte do trabalho, são exploradas as técnicas e ferramentas de recrutamento e seleção
mais utilizadas pelos participantes. No tocante a recrutamento, o hunting, o mapeamento, a
contratação de consultorias, as entrevistas proativas, o LinkedIn e as indicações receberam
destaque. Quanto à seleção, foram citados testes, entrevistas técnicas e entrevistas
comportamentais como principais formas de predição do desempenho futuro do candidato. Os
dados obtidos corroboram a pesquisa de Faissal (2002), na qual 100% das empresas
aplicavam a técnica de entrevista em seus processos seletivos.
Cabe ainda destacar que os participantes deram mais destaque ao processo de atração do que
ao de seleção, o que pode ser explicado pela relativa escassez de profissionais qualificados,
que acaba por exigir um esforço maior na etapa de recrutamento.
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4.4.1 Técnicas de recrutamento
4.4.1.1 Hunting
Essa maneira de buscar profissionais foi relatada por todos os entrevistados, porém os
profissionais que trabalham ou que já tiveram uma passagem profissional em consultorias
fornecem mais detalhes em relação à forma como se dá esse processo. Os entrevistados
definem hunting como uma forma de busca ativa de candidatos, onde o recrutador usa os
meios de que dispõe – inclusive situações que não retratam a realidade – para conseguir o
contato do profissional que pretende abordar para um processo seletivo. Essa procura pode se
dar através de rede de relacionamentos, contato telefônico através do telefone central da
empresa do profissional e busca em redes sociais. Esse método é utilizado para achar
profissionais que não estão buscando ativamente uma posição no mercado.
Quando você não tem nem o telefone direto da pessoa, ou contato, ou
também você não conseguiu chegar nessa pessoa de uma forma direta
através da sua própria rede. (CONSULTOR DE R&S)
Bem, hunting é realmente o que o nome diz né, caçar. (...) Às vezes você já
sabe o nome. Por exemplo, sei que na empresa Y o Zezinho trabalha lá,
então eu não tenho o contato do Zezinho e aí eu preciso ir para a empresa Y
que é onde o Zezinho trabalha e conseguir falar com ele (CONSULTOR DE
R&S)
O hunting é a maneira pela qual você canaliza energia para chegar a
candidatos passivos, seja através de telefonemas descobrindo onde eles
trabalham, seja através de contatos por e-mail. (...) O hunting é a busca
efetiva pelo profissional (CONSULTOR DE R&S)
Todos os profissionais e consultores ou RHs que trabalham ou já trabalharam com hunting
abordaram a questão ética do processo, seja durante a entrevista ou após o término da
gravação. São relatadas experiências em que, por exemplo, uma instituição fictícia é criada
para fazer propostas de cursos e seminários gratuitos para profissionais de uma área da
empresa, visando obter informação sobre atribuições dos empregados, estrutura da área,
remuneração, etc. Em alguns casos, até instituições existentes são usadas. Um dos
entrevistados relatou uma situação em que conseguiu informações (cargos, nomes e contato
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telefônico) de toda uma área de uma grande empresa nacional, através do uso de uma grande
instituição de ensino. Como essa técnica não é muito conhecida, nem mesmo pelos
profissionais que atuam em RH, a vulnerabilidade de recepcionistas e outros profissionais
abordados tende a ser grande.
Acaba passando, eu vejo muito até por aqui. (...) O próprio RH não tem
ideia do que é um hunting, de como é feito. Se de repente eu pegar o telefone
e ligar aqui, passo o hunting no próprio RH (PROFISSIONAL DE RH)
Todos os entrevistados que conhecem o hunting a fundo têm uma opinião formada sobre ele e
parecem estabelecer alguns limites éticos para usá-lo.
A gente tem uma política mundial, eu não posso usar qualquer tipo de
mentira para fazer o hunting, todas as nossas ligações são gravadas, eu
tenho todo um tipo de treinamento, então a gente tenta lógico ligar na mesa,
tenta achar a pessoa, tentar de alguma forma entrar em contato com essa
pessoa, né? (CONSULTOR DE R&S)
Tem consultoria onde você pode utilizar o nome de uma empresa que já
existe, por exemplo, a [nome da instituição de ensino] e tem consultoria que
pede que não utilize [uma instituição existente e crie uma fictícia].
(PROFISSIONAL DE RH).
Cabe ressaltar que a questão da ética no hunting não é foco desse trabalho e que, portanto, não
se fará nenhum julgamento de valor em relação ao discurso e à prática dos participantes.
4.4.1.2 Mapeamento
Trata-se de um instrumento feito, em geral, pelas consultorias e usado pelas empresas para a
tomada de decisão, tanto no processo seletivo, quanto na contratação. Nesse material, uma
determinada posição, que seja comum a mais de uma organização, tem sua remuneração,
estrutura na qual está inserida e potenciais profissionais detalhados. Um mapeamento pode ter
mais ou menos informações, dependendo do pedido da empresa cliente.
Com essas informações, a possível flexibilização de algum requisito do perfil inicial pode
ocorrer, uma vez que mostram um retrato atual do mercado. Pode-se, ainda, observar que o
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hunting e as entrevistas proativas são formas de levantar informações para construção do
mapeamento.
A utilização do hunting é, na verdade, a elaboração de um mapeamento de
mercado. Então, é muito difícil você conseguir comprovar que não existe
aquele profissional no mercado sem mapeamento de mercado e não existe
como você mapear o mercado apenas com candidatos ativos, ou seja,
aqueles que estão mandando currículo. (CONSULTOR DE R&S)
Os consultores também relatam que o mapeamento contribui para um maior conhecimento do
mercado, facilitando não apenas a tomada de decisão quanto a contratação do candidato,
como também o alinhamento inicial da posição e ajustes de expectativas junto aos clientes.
Visto que eu já tenho mapeado algumas das empresas target para essas
posições, então eu consigo tornar a própria reunião de alinhamento inicial
muito mais efetiva, porque eu já consigo dar alguns exemplos, já consigo
ver onde tem um problema ou não. (CONSULTOR DE R&S)
4.4.1.3 Consultorias
Entre as operadoras, a opção pela contratação de consultoria ou por trabalhar a vaga
internamente foi outro ponto levantado pelos participantes. A decisão de contratação da
consultoria, na maioria das vezes, está baseada na complexidade da vaga em questão e no
nível de dificuldade da busca.
A gente define a estratégia de alinhamento com o gerente, onde a gente
define se precisaremos acionar headhunter de cara. Se não precisa, ok,
então vai ser uma busca passiva de currículos. (...) Enfim, qual efetivamente
vai ser a minha estratégia de busca desse profissional. (PROFISSIONAL DE
RH).
Uma vez que a gente tem a vaga postada, ela fica duas semanas. (...) Se eu
não conseguir, contrato a consultoria. (PROFISSIONAL DE RH)
Um dos entrevistados foi enfático em dizer que todas as suas vagas são trabalhadas,
exclusivamente, via consultoria especializada, mas a maioria dos profissionais de RH relata
haver um momento de tomada de decisão para contratação ou não da consultoria.
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4.4.1.4 Entrevista proativa
Esse tipo de entrevistas consiste em conversar com potenciais candidatos, independentemente
da existência de uma posição em aberto. Foi interessante notar que algumas operadoras usam
essa estratégia para contatar profissionais com o objetivo de montar um banco de talentos,
antevendo futuras oportunidades na companhia.
A gente nunca trabalha para as vagas que eu tenho, mas sempre olhando
para as vagas à frente. Hoje, por exemplo, eu fiz entrevista de três pessoas
que são de operadoras, mais de dez anos de experiência, inglês fluente, não
sei o que, para vaga nenhuma. (PROFISSIONAL DE RH)
Tal estratégia também é comum em consultorias especializadas, como forma de criar um
banco de dados de potenciais candidatos, de buscar informações para um melhor
entendimento do mercado e de se antecipar às necessidades de seus clientes. Além disso, essa
prática permite que os consultores criem um relacionamento mais estreito com pessoas chave
do mercado.
Então, quando eu consigo já ir um passo além da minha estrutura. Hoje,
óleo e gás é antever e agilizar a resposta ao meu cliente. (CONSULTOR DE
R&S)
A adoção dessa prática é corroborada por Lacombe (2011), Bittencourt (2010) e Milkovich
(2006), segundo os quais o recrutamento deve ser encarado como um processo contínuo de
identificação de potenciais candidatos e de constante atualização de dados para posterior
triagem e seleção.
4.4.1.5 LinkedIn
O LinkedIn é uma rede social que apresenta o perfil profissional de seus membros. As pessoas
que participam desse sistema tipicamente têm diferentes interesses, incluindo a construção de
redes de relacionamentos, o estabelecimento de contatos comerciais e parcerias de negócios, a
busca de potenciais candidatos (no caso de profissionais de recrutamento & seleção), a
identificação de oportunidades profissionais (no caso de candidatos) e a troca de
conhecimento. Essa rede social já conta com 260 milhões de usuários no mundo e 15 milhões
no Brasil (GUIMARÃES, 2013).
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Os profissionais de RH que atuam em operadoras afirmam que, quando optam por trabalhar a
vaga internamente, o LinkedIn é uma das ferramentas utilizadas, servindo como meio de
divulgação de oportunidades e de busca e análise de perfis. Apenas um sinalizou que todos os
seus candidatos são oriundos de consultorias e que, por isso, não faz uso de outras formas de
recrutamento.
LinkedIn tem bons currículos, às vezes não vem tanto brasileiro, mas a gente
recebe boas opções. (...) Acho que é uma ferramenta que eu estou
acostumada a trabalhar, que eu sempre usei, que eu acho que consigo usar
bem. (...) O que eu não consigo, envio para a consultoria. (PROFISSIONAL
DE RH)
Em alguns casos, a divulgação no LinkedIn passou a fazer parte da rotina de início de
processo seletivo.
A gente viu que muitos profissionais estão no LinkedIn, estão
acompanhando as vagas. Na verdade o LinkedIn tem se desenvolvido
bastante no Brasil. Lá fora ele já é excelente, aqui no Brasil ele tem se
desenvolvido mais. Então, já faz parte da nossa estratégia de atração
colocar o LinkedIn pra todas as vagas (...)” (PROFISSIONAL DE RH)
Anunciar vagas no LinkedIn tem bastante efeito. (PROFISSIONAL DE RH)
A gente vai divulgar a vaga, a divulgação da vaga vai ser sempre no site da
empresa, sempre no LinkedIn da empresa e nas redes específicas.
(PROFISSIONAL DE RH)
Quanto aos consultores, todos declaram que usam o LinkedIn em algum momento do
recrutamento, seja como ferramenta para acessar candidatos de forma direta ou para munir
seus sistemas internos, uma vez que estes possuem uma interface com essa rede social. Esses
sistemas possibilitam a importação de dados dos candidatos e a inclusão de novas
informações.
Se a gente trabalhar internamente, vamos utilizar as ferramentas como o
nosso banco de dados ou outros bancos aos quais a gente tem acesso como,
por exemplo, vagas.com e LinkedIn.
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Cumpre destacar que todos os participantes que fazem uso do LinkedIn afirmaram estar
satisfeitos com sua eficácia.
4.4.1.6 Indicações
A indicação é um processo no qual as empresas convidam empregados a indicar conhecidos
para posições em aberto. Essa é uma ferramenta bastante utilizada em diferentes tipos de
função e, segundo pesquisas, tem sido bastante eficaz (BREAUGH, 2008). A literatura aponta
casos de empresas que oferecem, inclusive, prêmios em dinheiro para estimular seus
empregados.
No caso do profissional de áreas técnicas, é comum que ele/ela tenha uma rede de
relacionamento composta por pessoas que atuam em áreas similares à sua. Nesse sentido, a
maioria das operadoras pesquisadas afirma fazer algum tipo de comunicação para estimular a
indicação interna. Dessas, uma oferece recompensa em dinheiro para indicações bem-
sucedidas, outra estuda a implantação do método, e uma outra chegou a usar, mas desistiu
dessa abordagem pela dificuldade de controlar o fluxo de currículos e indicações.
Já tive no passado e hoje não tenho mais, (...) a gente não teve uma boa
experiência não. (PROFISSIONAL DE RH)
Então, a gente divulga aqui e a pessoa ganha X reais se recomendar alguém
que for contratado (PROFISSIONAL DE RH)
Esse mecanismo tem sido considerado um dos mais eficazes para a contratação de novos