PORTUGAL Do autoritarismo à democracia Do segundo após guerra aos anos 80
PORTUGAL
Do autoritarismo à democracia
Do segundo após guerra aos anos 80
2. Conhecer e compreender os efeitos da nova “ordem mundial” do após guerra em Portugal
• Relacionar a derrota dos fascismos na 2.ª Guerra Mundial com a aparente abertura do Estado Novo no imediato após guerra, destacando as eleições legislativas de 1945.
• 2. Relacionar a perpetuação dos regimes fascistas peninsulares com a consolidação da Guerra Fria.
• 3. Reconhecer na entrada de Portugal na OTAN (como membro fundador) e na ONU reflexos da aceitação ocidental do regime salazarista.
• 4. Descrever as principais correntes de oposição perante a permanência da ditadura portuguesa, salientando as eleições presidenciais de 1949 e 1958.
• 5. Caracterizar o novo modelo de crescimento económico adotado progressivamente pelo Estado Novo a partir da década de 50.
A aparente democratização do Estado NovoDepois da 2ª Guerra Mundial-
expectativa de democratização do país
Em outubro de 1945, a Assembleia Nacional foi dissolvida e foram marcadas eleições legislativas para18 de novembro do mesmo ano.
• Oposição Democrática
Oposição sem liberdade de ação.
Resultados eleitorais fraudulentos
(eleições legislativas de 1945,
eleições presidenciais de 1949 e
1958)
General Norton de Matos - candidato à presidência da
República em 1949
General Humberto Delgado – candidato à presidência da República em 1958
A aparente democratização do Estado NovoApós a II Guerra Mundial, Portugal e Espanha foram os únicos países a manterem as
ditaduras. Estas foram mesmo aceites pelas grandes potências ocidentais que, em 1949, apoiaram a entrada de Portugal na NATO e, em 1955, na ONU.
O anticomunismo destas ditaduras agradava às grandes potências ocidentais. Como tal pode afirmar-se que a Guerra Fria possibilitou a prolongamento dos regimes peninsulares.
José Caeiro da Matta, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, assina o Tratado da Nato em 4 de Abril de 1949, em Washington.
Portugal a partir de 1950
Portugal não acompanhou o desenvolvimento económico verificado em outros países europeus, depois da 2ª Guerra Mundial:
•Agricultura, com baixa produção, mantinha-se a principal atividade. •A população portuguesa era predominantemente rural.•Existia um elevado índice de analfabetismo.
Portugal a partir de 1950
A partir dos anos de 1950, os Planos de Fomento de Salazar promoveram o desenvolvimento do país (planos de 5 anos com o objetivo de tornar o país mais industrializado). (analisar docs1 e 2, p.148)
Salazar concretizou, sobretudo, nos anos de 1960, um programa de obras públicas.A adesão de Portugal à EFTA (Associação Europeia de Comércio Livre) em 1960,
contribuiu para aumentar as exportações. Apesar de se conseguir reduzir o deficit, a balança comercial mantinha-se desfavorável. (ver doc.5, p.148)
Estagnação do país, apesar de algum desenvolvimento industrial, do turismo e das remessas dos emigrantes.
4. Conhecer e compreender as consequências da política do Estado Novo perante o processo de descolonização do
após guerra
• 1. Identificar as alterações introduzidas na política colonial do Estado Novo face ao processo de descolonização do após guerra e ao aumento da pressão internacional.
• 2. Relacionar a recusa da descolonização dos territórios não autónomos com o surgimento de movimentos de libertação, com a invasão do “Estado Português da Índia” e com o eclodir das três frentes da Guerra Colonial.
• 3. Explicar o relativo isolamento internacional de Portugal nas décadas de 60 e 70.
• 4. Avaliar os efeitos humanos e económicos da Guerra Colonial na metrópole e nas colónias.
Anticolonialismo no pós-guerra
Com o fim da II Guerra Mundial, intensificou-se o processo de descolonização:• As superpotências apoiavam os movimentos de libertação nacional como forma de
alargarem a sua área de influência.• Enfraquecimento das potências coloniais.• Participação dos povos colonizados na guerra, promoveu no seu seio a
reivindicação do direito à independência e a luta pela libertação nacional.• Aparecimento de minorias intelectuais informadas e interventivas.• Determinações da Conferência de Bandung (Indonésia), 1955 - condenação do
colonialismo, da discriminação racial, da corrida às armas nucleares e defesa do direito de todos os povos à autodeterminação.
Criação do Movimento dos Não Alinhados(reafirmado na Conferência de Belgrado, em 1961)
Conferência de Bandung
Anticolonialismo no pós-guerra
Nas décadas de 50 e 60, muitos países alcançam a independência.Apesar de terem conseguido a independência política, as ex-colónias ficaram,
normalmente, na dependência das antigas metrópoles em termos económicos. É o neocolonialismo.
Duas formas de luta de libertação nacional
Pacífica Violenta Exemplo: Índia Exemplos: Indochina,
Indonésia, Argélia
Guerra de independência da Argélia(1954-1962)Mahatma Gandhi
A política colonial do Estado NovoSalazar recusa a independência das colónias, que considera províncias .
•1961- Goa, Damão e Diu são anexados pela União Indiana;
•Aparecimento de movimentos independentistas: MPLA – Movimento Popular de
Libertação de Angola (1956); FNLA - Frente Nacional de Libertação de
Angola ((1962); UNITA - União Nacional para a Independência Total de Angola
(1966); PAIGC - Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (1960);
FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique (1960).
•1961 – início da Guerra Colonial em Angola;
•1963 - início da Guerra Colonial na Guiné-Bissau;
•1964 - início da Guerra Colonial em Moçambique.
Províncias ultramarinas portuguesas em África no período da Guerra do Ultramar.
Soldados portugueses nas matas de Angola
Consequências:•Perda de vidas;•Grande número de deficientes e traumatizados de guerra;•Grandes gastos.
7. Conhecer e compreender a desagregação do Estado Novo
• 1. Relacionar o atraso do mundo rural português com o intenso movimento migratório para as grandes áreas urbanas nas décadas de 50 e 60.
• 2. Identificar os motivos da intensa emigração verificada nas décadas de 60 e inícios de 70.
• 3. Indicar os efeitos dos movimentos migratórios na realidade portuguesa.
• 4. Caracterizar o Marcelismo enquanto projeto político que recusou a democratização e a descolonização mas que, ao mesmo tempo, concretizou políticas de modernização económico-social e educativa.
A desagregação do Estado Novo1960 - Portugal continuava a ser um dos países
mais atrasados da Europa. (doc1, p.172
As más condições de vida nos campos provocou a migração de para as cidades e o surto emigratório que fez deslocar muita população para outros países da Europa, onde esperava encontrar melhores condições de vida.
O crescimento económico europeu e as tarefas de reconstrução do pós-guerra, aliadas a um crescimento demográfico resultante do Baby Boom constituíram um enorme poder atrativo 8 doc.5, p.172), potenciado por razões internas:
•o fraco nível de vida das populações,
•as situações de desemprego e subemprego,
•desequilíbrio estrutural da atividade produtiva (em vastas regiões do país imperava uma agricultura de subsistência),
•a guerra colonial .
Filhos de emigrantes portugueses num "bidonville" de Paris (Anos 70)
Consequências
• Em Portugal: envelhecimento da população e falta de mão de obra. (doc. 4, p.172)
• Nos países de imigração (sobretudo em França), formaram-se bairros de lata para acolher os imigrantes.
Primavera Marcelista1968: Salazar sofreu um acidente e foi substituído por Marcelo Caetano. Muitos acreditavam ser ele o
elemento capaz de proceder à liberalização do regime e à resolução do problema colonial; no entanto, Marcelo
Caetano optou por uma “evolução na continuidade”.• A censura e a repressão diminuem.• Regressam alguns exilados políticos.• A Censura passa a chamar-se Exame Prévio.• A P.I.D.E. passou a designar-se D.G.S.
Nas eleições de 1969, a oposição voltou a não ter qualquer hipótese de vitória e os lugares da Assembleia
Nacional foram ocupados pelos deputados da União Nacional, então com a designação de Ação Nacional
Popular. Os oposicionistas foram obrigados a exilarem-se, como aconteceu a Mário Soares.• A ação dos deputados da chamada “Ala liberal”. • Cria-se a escolaridade mínima obrigatória.• Alargou-se a Previdência aos trabalhadores rurais.• Abriu-se a economia portuguesa ao investimento estrangeiro.
A manutenção da Guerra Colonial provocou uma onda crescente de contestação
e o aumento do custo de vida
Aumenta o descontentamento popular e a contestação dos movimentos estudantis
Descontentamento nas Forças Armadas cresce
Marcelo Caetano
Deputados da Ala Liberal
8. Conhecer e compreender a Revolução democrática portuguesa
• 1. Explicar as motivações do Golpe Militar do 25 de Abril de 1974.• 2. Mencionar os principais acontecimentos do 25 de Abril de 1974.• 3. Descrever sucintamente o processo revolucionário, salientando
as divergências dos projetos políticos em confronto.• 4. Identificar as consequências do processo de descolonização dos
antigos territórios não autónomos.• 5. Caracterizar a organização da sociedade democrática a partir da
Constituição de 1976.• 6. Identificar as principais transformações e problemas económicos
e sociais até 1986.
25 de Abril de 1974
Na noite de 24 para 25 desencadeou-se uma
golpe militar por iniciativa do Movimento das
Forças Armadas (M.F.A.), também conhecido
por “movimento dos capitães” que pôs fim ao
regime.
A transmissão pela rádio de 2 canções serviu
de senha para os militares revoltosos. Às
22h55m do dia 24 de abril era transmitida a
canção “E Depois do Adeus” de Paulo de
Carvalho, que marcava o início das operações.
Às 0h25m do dia 25 era a canção “Grândola
Vila Morena”, de José Afonso, indicando que a
Revolução estava em marcha e era
irreversível.
Conseguindo controlar pontos-chave da capital (RTP,
Rádio Clube Português, Emissora Nacional, Quartel-
general da Região Militar de Lisboa, aeroporto, etc), o
MFA apenas encontrou resistência dos homens da
PIDE/DGS. O Quartel do Carmo, onde se tinham
refugiado Marcelo Caetano e alguns membros do
governo, foi cercado pelas tropas do capitão
Salgueiro Maia. A rendição de Marcelo Caetano é
apresentada ao general Spínola.
Rapidamente o golpe militar se transformou numa
revolução com forte apoio da população.
Constituiu-se uma Junta de Salvação Nacional que
passou a governar o país até à formação de um
governo provisório.
O apoio popular foi simbolizado pela deposição de cravos
vermelhos nas espingardas dos soldados.
Capitão Salgueiro Maia e major Otelo Saraiva de Carvalho
Junta de Salvação Nacional
25 de Abril de 1974
O Programa do M.F.A. era desenvolvido em torno de três objetivos: democratizar, descolonizar e desenvolver.
A democratização do país iniciou-se com as seguintes medidas:
• Extinção da Polícia Política, da Legião Portuguesa e da Mocidade Portuguesa;
• Abolição da censura e reconhecimento da liberdade de expressão e pensamento;
• Libertação dos presos políticos• Lançamento de uma política ultramarina que
conduzisse à paz;• Legalização dos partidos políticos e dos
sindicatos livres.
Regresso de Mário Soares e Álvaro Cunhal
Libertação dos presos políticos da prisão de Caxias
25 de Abril de 1974
O difícil caminho da democracia
Maio de 1974 - formou-se um Governo Provisório liderado por Palma Carlos.
No entanto, devido a divergências entre os seus membros, não
conseguiram levar a cabo a democratização pretendida.
28 de setembro - Spínola foi substituído no cargo de Presidente da República
por Costa Gomes.
11 de março de 1975 - os apoiantes de Spínola tentaram uma revolta que,
contudo, fracassou.
RADICALIZAÇÃO DA REVOLUÇÃO
Formou-se um novo governo provisório, apoiado pelo Partido Comunista, que
tomou, então, as seguintes medidas:
Nacionalização dos bancos,
de companhias de seguro e de grandes empresas;
Inicio da Reforma Agrária.
No verão de 1975, a situação política complicou-se. Ocorreram atos terroristas,
greves e manifestações e as sedes de partidos (principalmente do CDS e
do PCP), foram assaltadas.
• Setembro de 1974 - Independência da Guiné-Bissau;
• Dezembro de 1974 – Portugal reconhece a soberania da União Indiana sobre o “Estado Português da Índia”;
• Junho de 1975 - Independência de Moçambique;• Julho de 1975 - Independência de Cabo Verde e
São Tomé e Príncipe;• Novembro de 1975 - Independência de Angola;• Dezembro de 1975 – Após o eclodir de uma guerra
civil, a Indonésia invadiu o território de Timor.
A descolonização precipitada não acautelou os diferentes interesses em jogo: rebentaram guerras civis em países como Angola e Moçambique; os portugueses que viviam nas colónias foram obrigados a regressar a Portugal em condições dramáticas – os retornados
Gente, Nº86, Julho 1975 - 36
Descolonização
25 de novembro de 1975 - um grupo de oficiais moderados deteve um golpe para tomar o poder da esquerda radical.
Aprova-se a Constituição de 1976 que consagrou as liberdades fundamentais e institucionaliza os órgãos de soberania.
Liberdades fundamentais consagradas: • Igualdade de todos perante a lei;• Liberdade de expressão, reunião e
imprensa;• Liberdade de associação e direito ao voto;• Liberdade sindical e direito à greve;• Direito ao trabalho, à Segurança Social e à
proteção na saúde;• Direito à educação.
A Constituição consagrou uma das características mais importantes das sociedades democráticas – a descentralização ( transferência de competências do poder central para as regiões autónomas e para as autarquias, com o objetivo de melhor servir os interesses da população).
A Assembleia Constituinte, reunida em 2 de Abril de 1976, aprovou a Constituição da República Portuguesa.
Democratização
Órgãos de Soberania Descentralização
Poder Central
Presidência da República (Presidente da República)
Assembleia da República (Deputados)
Governo (1º Ministro, Ministros e Secretários de Estado)
Tribunais (Juízes)
Autarquias:Assembleia MunicipalCâmara MunicipalAssembleia de FreguesiaJunta de Freguesia
Regiões Autónomas:Assembleia RegionalGoverno Regional
Cidadãos eleitores elegem
Poder Local
Constituição de 1976: as novas instituições democráticas
( docs. 2,3 e 4 p. 180)
Abril de 1974 – Portugal atravessava uma grave crise económica, provocada pelo atraso da nossa agricultura e indústria, pelos avultados gastos com a guerra colonial e devido ao choque petrolífero de 1973. Esta situação agrava-se com a instabilidade social e política que se seguiu ao 25 de Abril.
Estes problemas mantiveram-se durante toda década de 70 e obrigaram mesmo à intervenção do FMI.
Nos anos 80 iniciou-se o processo de estabilização económica do país, que culminou com a adesão à CEE, em 1 de janeiro de 1986. Para esta estabilização económica contribuiu também a estabilidade política deste período.
Em 1992, o Tratado de Maastrich criou a União Europeia e definiu as condições para entrada em circulação do Euro, que teve lugar em Janeiro de 2002.
Assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à CEE, a 12 de junho de 1085
Desenvolvimento
FIM
Teresa Maia