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PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ARTES
PROF ARTES MESTRADO PROFISSIONAL
TAISA NOGUEIRA SILVA
Professora do Centro Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza
(CEETEPS), desde
2006, atuante nas reas de Artes no Ensino Mdio (ETIM) e Tcnicas
de Comunicao
Visual, Design de Interiores e Desenho Bsico para Edificaes.
Formada em Artes Plsticas pela Universidade Jlio de Mesquita
Filho (UNESP) em 2004.
Arquiteta e Urbanista formada pela Universidade Mackenzie em
2008.
E-mail: [email protected] / [email protected]
So Paulo SP
2014
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1
RESUMO
Este estudo objetiva compreender como os procedimentos artsticos
podem favorecer e
colaborar para a apropriao de novos conhecimentos, tendo como
foco o papel do ensino da
arte na escola e na comunidade. O aprofundamento do conhecimento
docente nos estudos
relativos ao aprendizado em Artes na Educao Bsica pblica do
Ensino Mdio, favorecido
pelo Programa PROF-ARTES, possibilitando um estudo da percepo
artstica como
instrumento didtico-metodolgico visando favorecer e facilitar o
acesso ao conhecimento por
meio da educao. Este estudo pretende, por meio de uma abordagem
interdisciplinar, entre
educao e arte, refletir sobre estratgias e propostas didticas
que possibilitem uma melhoria
da qualidade do Ensino pblico por meio de linguagens artsticas.
O projeto parte de uma
anlise dos processos de produo artstica contempornea, tendo como
objetivo analisar um
recorte metodolgico e experimental das manifestaes artsticas em
sala de aula.
Palavras-chave: Educao. Arte. Cultura.
LINHA DE PESQUISA: Abordagens terico-metodolgicas das prticas
docentes
SUBREA: Artes Visuais
ATIVIDADES
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2
A atividade docente tm sido uma a tarefa que em minha vida
profissional,
proporciona o desafio de aprofundar as investigaes, seja por
meio das linguagens artsticas,
ora buscando novas formas de ensinar, seja por meio de pesquisas
ou formaes visando
aprimorar o currculo.
O processo de investigao da percepo artstica se iniciou em 2004,
com o Trabalho
de Concluso de Curso em Bacharelado em Artes Plsticas pela UNESP
(IA/SP) intitulado
Perceber o Espao Urbano, desenvolvido juntamente uma exposio
individual (do
mesmo ttulo), sob a orientao da Prof. Dra. Clice Mazzilli. O
trabalho relacionava os
estudos sobre teoria das cores, tendo como potica a percepo
artstica do espao urbano1.
A percepo artstica relacionada compreenso do espao urbano passou
a ser
escopo para o desenvolvimento de projetos posteriores, tais
como, uma Bolsa de Iniciao
Cientfica PIBIC/Mackenzie, intitulada Arquitetura
Multifuncional: estudos de casos do
modernismo paulistano em 20072 e o Trabalho Final de Graduao em
Arquitetura e
Urbanismo, intitulado Relaes Perceptivas do Espao: Requalificao
Urbana e
Multifuncionalidade, sob a orientao da Prof. Dra. Denise
Antonucci, apresentado na
FAU/Mackenzie (2008) e posteriormente, aprimorado na
Especializao em Artes Visuais
(Lato-Sensu) SENAC/RJ, com o trabalho intitulado Anlise,
propostas e intervenes
Artsticas no Espao Urbano (2012)3.
Desde 2006, leciono no Centro Estadual de Educao Tecnolgica
Paula Souza
(CEETEPS), atuante nas reas de Artes no Ensino Mdio (ETIM) e nas
reas Tcnicas de
Comunicao Visual4, Design de Interiores
5 e Desenho Bsico para Edificaes
6.
O trabalho docente promoveu, alm de pesquisas sobre os aspectos
artsticos,
pesquisas no mbito educacional. As pesquisas sobre o trabalho
docente iniciada por um
curso de Docncia para o Ensino Superior na FGV (2011)7,
aprimorada em um curso de ps-
graduao Lato sensu em Formao de Docentes Para o Ensino Superior,
com um artigo
1 Segue em anexo no portflio algumas imagens da instalao.
(Imagem1)
2 Iniciao Cientfica, sob a orientao do Prof. Dr. Luiz Gonzaga
Montans Ackel, foi apresentada na 62.
Reunio Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da
Cincia) na UNICAMP/ Campinas, 2008. 3 Trabalho de Concluso de Curso
sob a orientao do Prof. Ms. Bruno Melo Monteiro (SENAC/RJ) com
carga
horria de 360 horas (online). 4 J lecionei nas disciplinas de:
Meios de Impresso e Processos Grficos, Influncia dos Movimentos
Artsticos
na Comunicao Visual, Ilustrao, Fotografia, entre outras na Etec
Maria Augusta Saraiva (SP). (Imagem 2, 3 e
4 em anexo) 5 Lecionei disciplinas como: Evoluo das Artes
Visuais e Formas e Expresses Visuais Aplicadas na Etec
Getlio Vargas (SP).(Imagem 5 em anexo) 6 Atualmente na Etec do
Mandaqui (Imagem 6 e 7 em anexo)
7 Curso em nvel de Extenso, com 60 horas, realizado pelo
Programa FGV Online (2011).
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3
cientfico intitulado Propostas Didticas para o Ensino Superior
por Meios Artsticos na
UNINOVE (2014)8 e atualmente, participando de um Programa
Especial de Formao
Pedaggica para Professores da Educao Profissional.9
A proposta do Programa de Formao em Mestrado Profissional
(PROF-ARTES) cabe
nas expectativas do meu currculo, sendo fundamental para a
consolidao de projetos e novas
propostas de desenvolvimento intelectual que favorecero uma
melhoria qualitativa dos
procedimentos desenvolvidos em sala de aula.
OBJETIVOS
Frente aos desafios propostos na sala de aula, torna-se
indispensvel a formao de
profissional docente, o Programa PROF-ARTES, possibilitar por
meio de procedimentos
tericos e metodolgicos, fundamentar uma nova proposta pedaggica
em sala de aula. Este
aprofundamento possibilitar constituir novos sentidos, produzir
significados e construir
novas competncias, por meio de contextualizao e
interdisciplinaridade.
Para a realizao desta nova proposta pedaggica em sala de aula, o
comprometimento
pessoal com objetivos e metas fundamental para a consolidao dos
conhecimentos, bem
como a necessidade de uma mudana de mentalidade da comunidade
escolar, que deve ser
encarada com positividade e criatividade.
Este trabalho tem por objetivo analisar o uso dos conhecimentos
artsticos como
instrumento didtico na Educao Bsica pblica do Ensino Mdio. O
estudo parte das
linguagens artsticas e suas inter-relaes com a percepo do espao
e a Cultura em seus
diversos aspectos, por meio de uma prtica crtica e mediadora do
educador.
Deste modo, pretende analisar a possibilidade de se utilizar em
sala de aula estratgias
utilizadas nos meios artsticos como forma de auxiliar o processo
de construo do
conhecimento. O projeto pretende refletir sobre possibilidades
didticas por meio de
estratgias artsticas para a elaborao de projetos e aulas
interdisciplinares, visando assim,
auxiliar a relao aluno-professor, o processo ensino-aprendizagem
e a integrao das
diferentes reas do conhecimento.
8 Curso em nvel de Especializao na rea da Educao sob a orientao
da Prof. Dra. Denise Regina da Costa
Aguiar, com carga horria de 400 horas (semi-presencial),
ministrado em nvel de ps-graduao Lato sensu
(2014).
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4
FUNDAMENTAO TERICA
A arte como um reflexo de seu tempo nos permite pensar e
problematizar sobre
aspectos prprios, conexes, valores, paradoxos e desvios da poca
em que a obra foi criada.
O grande mrito da arte com nfase para a arte contempornea
consiste, em sua possibilidade
de pluralizar sentidos e leituras de mundo, constituindo, desta
forma, uma linguagem.
A fundamentao terica e metodolgica da percepo ambiental est
baseada nas
reas de antropologia, geografia e psicologia, que evidenciam a
importncia do conjunto de
estmulos sensoriais que permite ao ser humano apreender e
interagir com o ambiente.
1. O conceito da percepo ps-moderna
Na era Ps-Moderna, segundo HARVEY10
, a metrpole passa a ser entendida como
um sistema de circuitos de informao e comunicao. A arte
condicionada pela sociedade
conforme o seu contedo. Para BENJAMIN11
, a arte se encontra ligada s condies
econmicas e sociais do contexto em que surgiu e pode desempenhar
uma funo crtica e
inovadora, do mesmo modo que pode ser instrumentalizada.
O pluralismo ps-moderno da cidade incontrolvel, de situaes
abertas. Foulcault12
postula as teorias da catstrofe, do caos e geometria fractal,
sendo a descontinuidade a base
para a estrutura do pensamento ps-moderno, a proliferao,
justaposio e disjuno e a
pluralidade e as qualidades abertas do discurso.
A base filosfica do desconstrucionismo postulada principalmente
por Heidgger e
Derrida13
para quebra da continuidade e linearidade do discurso ideias
fragmentadas entre
economia, poltica e cultura. Foram importantes para a nova
concepo arquitetnica14
.
2. Percepo Artstica do Espao Urbano
O desenvolvimento de grandes projetos urbansticos e
arquitetnicos, alteraram
profundamente o modo de produo e exibio da arte. O projeto
Arte/Cidade15
enfrenta a
9 Curso on line para Professores do CEETEPS, desenvolvido pelo
Centro Paula Souza em parceria com o
Programa Brasil Profissionalizado com carga horria de 400 horas
(em andamento). 10
HARVEY, David. A Condio Ps-Moderna. Uma pesquisa sobre as
origens da mudana cultural. So Paulo: Edies Loyola, 1993. 11
BENJAMIN, W. A. Obra de Arte na era de sua reprodutibilidade
tcnica. (primeira verso) in: Magia e tcnica, arte e poltica. So
Paulo: Brasiliense, 1987. 12
Segundo HARVEY, David. A Condio Ps-Moderna. So Paulo: Edies
Loyola, 1993. 13
Idem. 14
Como embasamento da pesquisa, sero analisados os textos de
FLUSSER, Vilm. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura
filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumar, 2002;
PAREYSON, Luigi. Os Problemas da Esttica. Traduo Maria Helena Nery
Garcez. So Paulo: Martins Fontes, 1997.
-
5
recomposio das foras que operam no campo do urbanismo e da
cultura, o processo a
mecnica da internacionalizao da produo da arte e cidade no
Brasil.
A cidade de So Paulo, segundo FARIAS16
um mosaico colossal e fraturado,
aparentemente desconexo, pois sua lgica no se oferece aos
sentidos. As deterioraes do
espao urbano so a despreocupao com a qualidade de vida, a cidade
cresce
acumulativamente, sem pensar no conjunto.
Segundo PIGNATARI, em seu artigo intitulado Semioticidade17: A
cidade uma
mensagem que nem todos entendem, mas que todos so obrigados a
ler. Portanto, para
compreender a leitura perceptiva da cidade necessrio compreender
a relao dos usurios
com o espao construdo e analisar suas influncias nas interaes
sociais, visando entender
como so atribudos os valores qualitativos para os espaos
fsicos.
Kevin Lynch18
um dos precursores na compreenso da cidade como uma grande
representao da condio humana, no apenas como um lugar, mas parte
da estrutura urbana.
Para LYNCH (1960, p.6), As imagens ambientais so o resultado de
um processo bilateral
entre o observador e seu ambiente, ou seja, a imagem de uma
determinada realidade pode
variar entre observadores diferentes.
O autor prope o estudo das relaes entre o observador e as
imagens pblicas, ou
seja, imagens mentais comuns a vastos contingentes de habitantes
de uma cidade, reas
consensuais que possibilitam a interao de uma nica realidade
fsica.
3. Arte como instrumento pedaggico
Primeiramente, a sala de aula deve ser entendida como um
ambiente de explorao e
possibilidades mltiplas de aprendizagem. De acordo com os
estudos sobre a percepo e o
meio ambiente urbano, a sala de aula passa a ser compreendidas
de modo aberto e
colaborativo, onde o professor pode utilizar de diversas
metodologias e modos artsticos
visando estimular os sentidos e a criatividade.
Assim, a tarefa dos professores aceitar o desafio de aprofundar
suas investigaes
por meio das linguagens artsticas, buscando novas formas de
ensinar, seja por meio de
15
PEIXOTO, Nelson Brissac. A cidade e seus fluxos. In: Arte-Cidade
(catlogo). So Paulo: Ed. SENAC, 2004. 16
FARIAS, Agnaldo.25a Bienal de So Paulo.In: BRATKE, Carlos:
Catlogo da 25a. Bienal de So Paulo, 2002. 17
PIGNATARI, Dcio. Letras, Artes, Mdia. So Paulo: Editora Globo,
1995. (p. 205). 18
LYNCH, K. A Imagem da Cidade. (1960) Ed. Martins Fontes.
1980.
-
6
pesquisas ou formaes visando aprimorar o repertrio cultural e a
utilizao de meios
audiovisuais de modo didtico.19
Deste modo, pode-se entender o estudo em Artes como base
reflexo, pois procura,
atravs das tendncias individuais, encaminhar a formao do gosto,
estimula a inteligncia e
contribui para a formao da personalidade do indivduo, sem ter
como preocupao nica e
mais importante formao de artistas.
A Arte entendida como instrumento facilitador para o
entendimento educacional e
sua relao com o ambiente educacional. A arte-educao tem um
objetivo maior que a
formao de profissionais dedicados a esta rea de conhecimento, no
mbito da escola regular
busca oferecer aos indivduos condies para que compreenda o que
ocorre no plano da
expresso e no plano do significado ao interagir com as Artes,
permitindo sua insero social
de maneira mais ampla.
Assim, possvel observar que o objetivo de utilizar os meios
artsticos como um
instrumento didtico no tem como funo primordial em formar
artistas ou somente trabalhar
aptides, a proposta principal consiste em formar indivduos
conscientes para exercerem a
cidadania, desenvolvendo suas capacidades de reflexo e crtica.
Por isso, deve-se estimular a
criao, inveno, produo, reconstruo e reinveno como meio de um
processo, e no
como um produto final.
O desafio proposto pelo ensino por meios artsticos contribuir
para a construo do
conhecimento por meio de uma nova realidade interpessoal. Assim,
a arte, entendida como
um instrumento pedaggico prope novas leituras no meio em que as
diferenas culturais so
vistas como recursos que permitem ao indivduo desenvolver seu
prprio potencial criativo.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino de Arte: anos oitenta e
novos tempos. So Paulo:
Perspectiva, 2010. (edio revisada)
BENJAMIN, W. A Obra de Arte na era de sua reprodutibilidade
tcnica. (primeira verso)
in: Magia e tcnica, arte e poltica. So Paulo: Brasiliense,
1987.
19
Como embasamento da pesquisa, sero analisados os textos de
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino de
Arte: anos oitenta e novos tempos. So Paulo: Perspectiva, 2010.
(edio revisada) e DEWEY, J. Arte como
experincia. So Paulo: Martins Fontes, 2010.
-
7
COUQUELIN, Anne. Arte contempornea: uma introduo. So Paulo:
Martins Fontes,
2005.
DEWEY, J. Arte como experincia. So Paulo: Martins Fontes,
2010.
FARIAS, Agnaldo.25a Bienal de So Paulo.In: BRATKE, Carlos:
Catlogo da 25a. Bienal
de So Paulo, 2002.
GOMBRICH, E.H. A Histria da Arte. Traduo: lvaro Cabral; 16a.
edio,
Editora LTC, 1995.
HARVEY, David. A Condio Ps-Moderna. Uma pesquisa sobre as
origens da mudana
cultural. So Paulo: Edies Loyola, 1993.
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Lisboa: Edies 70, 1980.
PAREYSON, Luigi. Os Problemas da Esttica. Traduo Maria Helena
Nery
Garcez. So Paulo: Martins Fontes, 1997.
PEIXOTO, Nelson Brissac. A cidade e seus fluxos. In: Arte-Cidade
(catlogo). So Paulo:
Ed. SENAC, 2004.
PIGNATARI, Dcio. Letras, Artes, Mdia. So Paulo: Editora Globo,
1995. (p. 205).
ANEXOS
Imagem 1: Instalao Perceber o Espao Urbano (2004)
-
8
Projeo de Luzes em Peas de vidro Serigrafadas com imagens da
cidade de So Paulo
Imagem 2: Processos de Impresso e Processos Grficos
Imagem 3: Turma do curso Tcnico em Comunicao Visual da Etec
Maria Augusta
Saraiva
-
9
Imagem 4: Processo Fotogrficos
Imagem 5: Alunos da Escola Tcnica Estadual Getlio Vargas
Imagem 6: Procedimentos Artsticos e alunos da Escola Tcnica
Estadual do Mandaqui
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10
Em 2007 - 2008, participei de um projeto de pesquisa com uma
Bolsa de Iniciao
Cientfica PIBIC/Mackenzie, intitulada Arquitetura
Multifuncional: estudos de casos
do modernismo paulistano, sob orientao do Prof. Dr. Luiz Gonzaga
Montans Ackel,
apresentada na 62. Reunio Anual da SBPC (Sociedade Brasileira
para o Progresso da
Cincia) na UNICAMP/ Campinas.
Em 2008 - 2009, participei como aluna bolsista do projeto de
pesquisa intitulado
"Arquitetura e habitao de interesse social: A produo estatal da
moradia em So
Paulo". rgo de Fomento: Fundo Mackenzie de Pesquisa -
MACKPESQUISA.
Pesquisadora Lder: Prof. Dra. Denise Antonucci(e 10
integrantes). Disponvel em:
http://www.mackenzie.br/11382.98.html
2011 - 2012: Especializao em Artes Visuais (Lato-Sensu)
SENAC/RJ, com o trabalho
de concluso de curso intitulado Anlise, propostas e intervenes
Artsticas no Espao
Urbano (2012) sob a orientao do Prof. Ms. Bruno Melo Monteiro
(SENAC/RJ) com
carga horria de 360 horas (online).
2013 - 2014: Curso em nvel de Especializao na rea da Educao.
Ps-graduao
Lato sensu em Formao de Docentes Para o Ensino Superior, com um
artigo
cientfico intitulado Propostas Didticas para o Ensino Superior
por Meios Artsticos
na UNINOVE (2014) sob a orientao da Prof. Dra. Denise Regina da
Costa Aguiar,
com carga horria de 400 horas (semi-presencial).
Quais so seus objetivos com a realizao do Mestrado Profissional
em Ensino de
Artes?:
A formao de profissional docente, o Programa PROF-ARTES,
possibilitar por meio
de procedimentos tericos e metodolgicos, fundamentar uma nova
proposta pedaggica
em sala de aula. Este aprofundamento possibilitar constituir
novos sentidos, produzir
significados e construir novas competncias, por meio de
contextualizao e
interdisciplinaridade. Deste modo, pretende analisar a
possibilidade de se utilizar em
sala de aula estratgias utilizadas nos meios artsticos como
forma de auxiliar o processo
de construo do conhecimento. O projeto pretende refletir sobre
possibilidades
didticas por meio de estratgias artsticas para a elaborao de
projetos e aulas
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11
interdisciplinares, visando assim, auxiliar a relao
aluno-professor, o processo ensino-
aprendizagem e a integrao das diferentes reas do
conhecimento.
Mensagem
Seu cadastro foi realizado com sucesso.
Nmero de Inscrio: 1179
Fichamento: Barbosa, Ana Mae. A IMAGEM DO ENSINO DA ARTE: anos
80 e
novos tempos. Perspectiva, So Paulo, 1994.
A partir de 1986, o Conselho Federal de Educao condenou a arte
ao ostracismo
nas escolas. Em novembro daquele ano aprovaram a reformulao do
ncleo
comum para os currculos das escolas de 1 e 2 graus, determinando
como
matrias bsicas: portugus, estudos sociais, cincias e matemtica.
Eliminaram a
rea de comunicao e expresso. Que aconteceu com educao artstica
que
pertencia quela rea? Passou a constar de um pargrafo onde se diz
que tambm
se exige educao artstica no currculo.
Arte no bsico na educao mas exigida. Deste modo, uma grande
parcela de
escolas particulares eliminaram o ensino em artes. Estas escolas
estavam
protegidas pela ambiguidade do texto redigido e aprovado pelo
CFE, rgo
-
12
dominado pela empresa privada de ensino. No bsico mas se exige.
A
importncia da arte na escola foi dissolvida por esta
ambiguidade.
Alis, o ano de 1986 foi especialmente danoso para o ensino das
artes no Brasil.
Ainda em julho de 1986, em um Encontro de Secretrios de Educao
do Rio
Grande do Sul, o Secretrio de Educao de Rondnia props a extino
da
educao artstica do currculo, o que foi aprovado pela maioria dos
secretrios
presentes. Espanta-me o desconhecimento a respeito de educao e
da economia
do pas contido nesta deciso.
Desde o sculo XIX que desenho nas escolas apenas desenho
geomtrico,
destitudo de compreenso e aplicabilidade. A dimenso da criao em
arte, que
aliada tcnica gera tantos empregos e renda para o pas, tem
estado fora do
alcance das mentes tecnolgicas que vm dirigindo nossa
educao.
Profisses ligadas arte comercial como propaganda, broadcasting,
cinema, setor
de publicaes de livros e revistas, setor de gravao de vdeo e
som, setor de TV
com a sua carncia de bons desenhistas de ambiente, sonorizadores
e cmeras que
realmente conheam acerca de imagem.
Para tudo isso a educao artstica prepara ou devia preparar e os
poderosos da
educao eliminando educao artstica do currculo, apenas impediro
que muitas
crianas desenvolvam suas capacidades para ocupar estas profisses
em geral bem
remuneradas.
A arte na educao afeta a inveno, inovao e difuso de novas ideias
e
tecnologias, encorajando um ambiente institucional inovado e
inovador. Estaro
estes senhores e senhoras interessados em inovar suas
instituies? Estaro
interessados em educar o povo?
Poucos governantes o esto. Em geral a ideia que o povo educado
atrapalha
porque aprende a pensar, a analisar, a julgar. Fica mais difcil
manipular um povo
pensante.
O resultado da nossa poltica que temos excelentes escolas
particulares para onde
os senhores polticos e intelectuais enviam seus filhos(...). (p.
1 e 2)
Quanto s classes subalternas, para continuares subalternas,
preciso evitar que
exercitem a reflexo. Ser isto que estes senhores e senhoras
pensavam?
Ou
-
13
ser que pretendiam copiar o movimento `volta ao bsico da educao
americana
dos anos setenta? Cpia atrasada do modelo americano muito comum
em nossa
educao. Com tudo, aquele movimento tem a mesma raiz castradora e
classista de
que j falamos. (p. 3)
Para isso precisamos da apreciao, da histria e do fazer artstico
associados
desde os primeiros anos do 1 grau.
Arte no apenas bsico, mas fundamental na educao de um pas que
se
desenvolve. Arte no enfeite. Arte no cognio, profisso, uma
forma
diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o
imaginrio, e
contedo. Como contedo, arte representa o melhor trabalho do ser
humano.
Arte qualidade e exercita nossa habilidade de julgar e de
formular significados que
excedem nossa capacidade de dizer em palavras. E o limite da
nossa conscincia
excede o limite das palavras. (p. 4)
Sabemos que arte no apenas socialmente desejvel, mas
socialmente
necessria. (p. 5)
No possvel uma educao intelectual, formal ou informal, de elite
ou popular,
sem arte, porque impossvel o desenvolvimento integral da
inteligncia sem o
desenvolvimento do pensamento divergente, do pensamento visual e
do
conhecimento presentacional que caracterizam a arte.
Se pretendemos uma educao no apenas intelectual, mas
principalmente
humanizadora, a necessidade da arte ainda mais crucial para
desenvolver a
percepo e a imaginao, para captar a realidade circundante e
desenvolver a
capacidade criadora necessria modificao desta realidade. (p.
5)
Para Fayga Ostrower, nem na arte existiria criatividade se no
pudssemos
encarar o fazer artstico como trabalho, como um fazer
intencional produtivo e
necessrio, que amplia em ns a capacidade de viver... A criao se
desdobra no
trabalho porquanto traz em si a necessidade que gera as possveis
solues
criativas. (p. 6)
Artes tm sido uma matria obrigatria em escolas primrias e
secundrias (1 e 2
graus) no Brasil j h dezessete anos. Isto no foi uma conquista
de arte-
educadores brasileiros, mas uma criao ideolgica de educadores
norte-
americanos que, sob um acordo oficial (Acordo MEC-USAID),
reformulou a
educao brasileira, estabelecendo em 1971 os objetivos e o
currculo configurado
-
14
na Lei Federal n 5.692 de Diretrizes e Bases da Educao.
Esta lei estabeleceu uma educao tecnologicamente orientada que
comeou a
profissionalizar a criana na stima srie, sendo a escola
secundria completamente
profissionalizante. Esta foi uma maneira de proporcionar
mo-de-obra barata para as
companhias multinacionais que adquiriram grande poder econmico
no pas sob o
regime da ditadura militar (1964 a 1983). (p. 9).
Naquele perodo no tnhamos cursos de arte-educao nas
universidades, apenas
cursos para preparar professores de desenho, principalmente
desenho geomtico.
(p. 9)
De maro a julho de 1983, tive a oportunidade de entrevistar dois
mil e quinhentos
professores de educao artstica de escolas pblicas de So
Paulo.
Todos eles mencionaram o desenvolvimento da criatividade como
primeiro objetivo
de seu ensino. Para aqueles que enfatizaram as artes visuais, o
conceito de
criatividade era espontaneidade, autoliberao e originalidade e
eles praticavam
principalmente canto coral. Criatividade era definida como
autoliberao e
organizao. (p. 10 e 11)
Quanto identificao de criatividade com autoliberao, pode ser
explicada como
a resposta que os professores de arte foram levados a dar para a
situao social e
poltica do pas. Em 1983 ns estvamos sendo libertado de dezenove
anos de
ditadura militar que reprimiu a expresso individual atravs de
uma severa censura.
No totalmente incomum que aps regimes polticos repressores a
ansiedade da
autoliberao domine as artes, a arte-educao e seus conceitos. (p.
11)
Nas artes visuais ainda domina na sala de aula o ensino de
desenho geomtrico, o
laissez-faire, temas banais, as folhas para colorir, a variao de
tcnicas e o
desenho de observao, os mesmos mtodos, procedimentos e
princpios
ideolgicos encontrados em uma pesquisa feita em programas de
ensino de artes de
1971 a 1973. evoluo da prxis no tem lugar na sala de aula das
escolas pblicas.
O sistema educacional no exige notas em arte porque a educao
artstica
concebida como uma atividade, mas no como uma disciplina de
acordo com
interpretaes da lei educacional 5.692. algumas escolas exigem
notas a fim de
colocar artes no mesmo nvel de importncia de outras disciplinas;
nestes casos, o
professore deixa as crianas se auto-avaliarem ou as avalia a
partir do interesse, do
bom comportamento e da dedicao ao trabalho. (p. 12)
-
15
Eu no quero parecer apocalptica em afirmar que dezessete anos de
ensino de
arte obrigatrio no desenvolveu a qualidade esttica da
arte-educao nas escolas.
O problema de baixa qualidade afeta no somente a arte-educao mas
todas as
outras reas de ensino no Brasil. A atual situao da educao geral
no Brasil
dramtica. (p. 13)
A politizao dos arte-educadores comeou em 1980 na Semana de Arte
e Ensino
(setembro, 15 a 19), na Universidade de So Paulo, a qual reuniu
2.700 arte-
educadores de todo o pas. (p. 13)
Das discusses surgiu a necessidade de organizaes associativas
profissionais a
fim de abrir o dilogo com os polticos locais e regionalizar os
procedimentos com
respeito diversidade cultural do pas. At aquele momento tnhamos
apenas uma
associao de arte-educao, a SOBREARTE, de mbito nacional. (p. 13
e 14)
As associaes tm sido vitoriosas na preparao poltica dos
professores de arte,
mas poucas delas tiveram tempo de desenvolver programas de
pesquisa (exceto a
AESP) e de aperfeioamento conceitual para arte-educadores. (p.
14)
At os fins dos anos 80 no existia no Brasil programas de
mestrado e doutorado
em arte-educao. (p. 15)
A Bienal de So Paulo criou, em 1987, com recursos da Fundao
VITAE, um
programa de preparao de professores de arte em apreciao
artstica, culminando
em ateliers para os alunos destes professores na XIX Bienal. (p.
17)
Em 1987 comecei um programa de arte-educao no Museu de Arte
Contempornea, combinando trabalho prtico com histria da arte e
leitura de obras
de arte. A metodologia utilizada para leitura de uma obra de
arte varia de acordo
com o conhecimento anterior do professor, podendo ser esttica,
semiolgica,
iconolgica, princpio da gestalt, etc. (p. 19)
A Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa hoje a principal
referncia do ensino
da arte no Brasil. A educadora brasileira Ana Mae, foi pioneira
na sistematizao do
ensino de Arte em museus, quando foi diretora do MAC. Essa
abordagem a base
da maioria dos programas em Arte-educao no Brasil. A proposta
triangular surgiu
em e foi o primeiro programa educativo do gnero e consiste no
apoio do programa
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de ensino de Arte em trs abordagens para efetivamente construir
conhecimentos
em Arte: Contextualizao histrica (conhecer a sua contextualizao
histrica);
Fazer artstico (fazer arte); Apreciao artstica (saber ler uma
obra de arte).
Tratam-se ento da leitura da obra, leitura do contexto da obra e
fazer artstico...
Raramente as trs dimenses so abordadas juntas.
Ana Mae costuma usar a expresso "o reencantamento" para dizer
que a educao
perdeu o encanto... E sem ele fica tudo raso, um amontoado de
nmeros sem
sentido... Para ela arte cognio, uma cognio para a qual
colaboram os afetos e
os sentidos, pelo que o ensino da arte nas escolas deve
incentivar a criatividade,
facilitar o processo de aprendizagem e preparar melhor os alunos
para enfrentarem
o mundo. E como o nosso mundo?
O mundo dos nmeros, dos planos estratgicos, autocrticos ou
participativos.
Ambos so apenas planos. A partir de planilhas e simuladores
podemos trabalhar
com o previsvel e o seguro, mas o previsvel no existem mais.
apenas uma
iluso de estabilidade e controle, nada mais. Citando Ana Mae
Barbosa, "a flutuao
contextual torna qualquer definio ambgua e controversa. Logo, da
controversia
e tolerncia ambiguidade que trata o ps modernismo.
Por que falar de Ana Mae Barbosa hoje? Porque no territrio da
arte que a no
resposta a experincia virtureal que estamos vivenciando e no
compreendendo
ainda.
Para Ana Mae Barbosa, Arte/Educao todo e qualquer trabalho
consciente para
desenvolver a relao de pblicos (crianas, comunidades, idosos,
etc.) com a arte,
como em um dilogo em que um est dentro do outro.
Essa trade permite que o aluno compreenda uma obra de arte e em
que condies
ela foi feita, como era o mundo e as pessoas daquela poca e a
partir disso
possvel comparar com os dias atuais, os materiais usados, os
novos contextos, etc.
O processo da trade precisa ser interlaado, no pode separar cada
fase e
distanci-las. Ana acredita que o processo de estudar e fazer
arte devem ser
pensadas a fim de desenvolver a cognio e tambm uma forma de
aprendizagem.
O ps-modernismo caracteriza-se por um uso do sentido crtico para
que possamos
no apenas apreciar a arte, mas compreend-la. Mais que isso
preciso entender e
analisar criticamente esse mundo extremamente visual em que
vivemos, de
estmulos constantes que acabamos absorvendo sem tempo para
crticas. Segundo
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Ana em nossa vida diria, estamos rodeados por imagens impostas
pela mdia,
vendendo produtos, ideias, conceitos, comportamentos, slogans
polticos etc. Como
resultado de nossa incapacidade de ler essas imagens, ns
aprendemos por meio
delas inconscientemente. A educao deveria prestar ateno ao
discurso visual.
Ensinar a gramtica visual e sua sintaxe atravs da arte e tornar
as crianas
conscientes da produo humana de alta qualidade uma forma de
prepar-las
para compreender e avaliar todo tipo de imagem,
conscientizando-as de que esto
aprendendo com estas imagens.
O processo de contextualizar uma obra de arte no precisa
limitar-se s informaes
biogrficas e histricas, no entanto, elas complementam o
entendimento da imagem.
O importante aliar essa base terica com o fazer artstico, com a
experincia, com
a prtica, a vivncia. Esse o momento em que pode interagir com a
obra,
aplicando na prtica os conceitos estticos e poticos abordados
durante a leitura e
contextualizao.
Todo o processo do saber precisa do fazer e da poesia... da
arte. "A poesia,
atualmente, talvez tenha mais a nos ensinar do que as cincias
econmicas, as
cincias humanas e a psicanlise reunidas". Felix Guattari
Resenha do livro Arte contempornea: uma introduo de Anna
Cauquelin. Ed.
Martins, 1 Edio - 2005 - 170 pg.
Autor: Manoela dos Anjos Afonso - [email protected]
O que arte? uma pergunta que poucos se atreveram a responder.
Para alguns
ela temida, para outros, irrelevante. Em Arte contempornea: uma
introduo, de
Anne Cauquelin, possvel chegar perto de uma resposta a essa
questo
impossvel. A autora alicera sua construo terica na histria da
arte ocidental a
partir do final do sculo XIX, com o objetivo de caminhar em
direo a um
entendimento da arte contempornea j em meados da segunda metade
do sculo
XX.
Para organizar o seu pensamento Cauquelin dispe o assunto
didaticamente em
dois plos: o da arte moderna (ligado a um regime do consumo) e o
da arte
contempornea (ligado a um regime da comunicao). Para confrontar
tais plos e
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melhor analisar as caractersticas que definem cada um deles, a
autora utiliza o
Sistema da Arte como pano de fundo dessa discusso. A argumentao
terica
dividida em regimes da arte no s ajuda a visualizar possveis
caractersticas
determinantes da arte moderna e da arte contempornea, como tambm
revela
muito a respeito do funcionamento do Sistema da Arte. medida que
Cauquelin
relaciona arte e mercado, os lugares que cada um dos componentes
desse Sistema
ocupa ficam mais evidentes, so confrontados e revelam suas
adaptaes s
modificaes da estrutura econmica da sociedade. Quem o produtor
de arte?
Quem a comercializa? Quem a coleciona? Quem define o que ou no
arte?
Quem a consome? em meio a essas questes que Cauquelin procura
caracterizar
a arte contempornea e desvendar o meio em que ela circula.
Ao abordar o tema regime do consumo, Cauquelin associa ao termo
moderno o
gosto pela novidade, a recusa do passado, a posio ambivalente de
uma arte ao
mesmo tempo efmera e eterna. nesse perodo e devido a tais
caractersticas que
a Academia de arte se depara com o fim de sua hegemonia. Essa
decadncia
tambm um fator resultante, em parte, das mudanas econmicas
sofridas pela
sociedade no final do sculo XIX e da sua repercusso no campo da
arte. possvel
estabelecer dois grandes motivos para a recusa Academia: a
manuteno que ela
dava rigidez artstica tcnica e conceitual e a falta de adaptao
ao novo ritmo
econmico industrial. A Academia foi, portanto, renegada pela
modernidade, mas o
status que ela garantia aos artistas e s obras no era algo a ser
descartado.
Sucesso, reconhecimento e dinheiro em giro sempre foram fatores
de interesse e, se
a Academia no podia mais garanti-los, era preciso haver outra
instituio que o
fizesse e que soubesse lidar com esse novo regime do consumo.
Tanto o artista
quanto o consumidor pertencente s classes sociais em ascenso,
eram
dependentes do reconhecimento acadmico. A dependncia de um juzo
de valor
conferiu s novas instituies de arte um enorme poder de
legitimao: elas
passaram cada vez mais a definir o que deveria ser aceito e o
que deveria ser
refutado. Dessa forma, ento, instaurou-se o Sistema de Arte com
todos os seus
atores marchands, crticos, curadores, colecionadores,
conservadores, museus,
galerias os quais, a princpio, possuam tarefas distintas.
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Quando trata do regime da comunicao, Cauquelin estabelece um
esquema
tripartite: produo distribuio consumo: essa a frmula para se
compreender
o mercado de bens materiais e simblicos na modernidade. A virada
da era industrial
para a era tecnolgica resultou numa inevitvel mistura de papis:
produtor,
distribuidor e consumidor no mais possuem atividades especficas.
A lgica da
estrutura de consumo foi transformada aos poucos devido aos
incrementos
tecnolgicos que levaram era da comunicao, sendo que outros
profissionais
foram sendo agregados ao Sistema da Arte: os especialistas em
gerao,
apresentao e distribuio da informao. O regime da comunicao
proporcionar,
ento, mudanas significativas e irreversveis na relao
homem-espao-tempo-
consumo e, consequentemente, na relao disso tudo com a arte.
No mundo da comunicao o produto de interesse a informao. Dessa
maneira, a
lei que rege a arte passa a ser a mesma que atua na emisso e
distribuio da
informao. Aquele que dispe dos meios para pass-la adiante que
ser o
produtor dentro desse novo regime. Diferentemente do artista da
modernidade, o
atual produtor lida com os signos e com a especulao de seu valor
- dentro da
rede de informao. A rede com a conseqente interao por ela
proporcionada
um elemento de crucial importncia para o funcionamento do
Sistema da Arte
dentro desse novo regime: redes internacionais de artistas,
galerias e instituies
culturais, interao entre mercados, entre outras estruturas,
ligam-se mundialmente
graas s redes velozes de informao. Essas transformaes alcanam o
domnio
artstico em dois pontos: no registro da maneira como a arte
circula, ou seja, no
mercado (ou continente), e no registro intra-artstico (ou
contedos das obras)
(CAUQUELIN, 2005:65).
Nessa rede complexa de comunicao, os atores mais ativos so os
que possuem a
maior quantidade de informao e, de preferncia, adquiridas no
menor espao de
tempo possvel. Embora Cauquelin aponte alguns problemas como a
redundncia
e a saturao percebe-se que a rede tornou-se indispensvel ao
artista e sua
obra. condio fundamental que o artista contemporneo seja
projetado pela rede,
que ele esteja em vrios lugares do mundo ao mesmo tempo, que
aceite as regras
de renovao e individualizao permanente propostas por esse novo
sistema de
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circulao da informao. O artista tem de ser internacional, ou no
ser nada; ele
est preso na rede ou permanece de fora (CAUQUELIN, 2005:75). Mas
o artista e
sua obra precisam mais que apenas estar na rede; eles tm que,
atravs da
nominao, conseguir se sobressair e vencer a saturao provocada
pela inevitvel
circularidade da informao. O paradoxo encontra-se justamente
nesse aspecto: a
renovao constante tambm uma repetio, uma saturao da nominao
(uma
falncia, por repetio, da soluo de um problema) e, quando
explorada ao
extremo, leva a obra e o artista a uma banalizao, a uma
espetacularizao
praticamente sem volta.
Em meio transio de um regime ao outro, Cauquelin destaca o
embreante: uma
figura de ruptura entre regimes. Os embreantes escolhidos pela
autora so Marcel
Duchamp, Andy Warhol e Leo Castelli. Segundo a autora (2005:88),
esses trs
personagens tm em comum o exerccio de uma atividade que responde
aos
axiomas-chave do regime de consumo. Marcel Duchamp, com a sua
posio de
antiartista e com a criao dos ready-mades, esvaziou o contedo
emocional e
intencional do artista e da obra. Formas, cores, vises,
interpretaes da realidade,
estilo, no interessam mais. O fazer mo abandonado e d lugar a um
trabalho
com signos, ou seja, Duchamp no oferece novas imagens, mas sim
prope um
exerccio da arte num sistema de comunicao. Ao afirmar que
qualquer objeto pode
ser arte, desde que num determinado momento, Duchamp fortalece o
poder da
instituio de arte, pois a partir de ento o lugar de exposio
torna os objetos
obras de arte. ele que d o valor esttico de um objeto, por menos
esttico que
seja (CAUQUELIN, 2005:94). O valor no est mais na obra em si,
mas no espao-
palco onde mostrada. O artista no mais aquele que cria e
executa; apenas
quem mostra, escolhe e utiliza o material, dando-lhe, segundo
Cauquelin (2005:97)
um coeficiente de arte. Portanto, h um abandono da idia de
vanguarda e da
figura romntica do artista: o jogo da arte consiste em especular
a respeito do valor
da simples exposio de um objeto manufaturado (CAUQUELIN,
2005:100). Os
jogos de linguagem e de construo da realidade ganham importncia.
Expor um
objeto intitul-lo (CAUQUELIN, 2005:101). Sendo assim, a arte
deixa de ser
emoo para ser algo pensado.
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J Andy Warhol um exemplo de artista que tratou arte como negcio
(business-art)
e soube usar muito bem a rede para a viabilizao de sua
empreitada. De
desenhista de publicidade e artista pop reconhecido, Warhol
transformou-se num
empreendedor: via a arte articulada sociedade e ao mundo dos
negcios. Warhol
elegeu, enquanto proposta artstica, os objetos de consumo para
serem mostrados e
reproduzidos em larga escala. Sua fascinao por tais objetos era
to grande que
ele mesmo se transformou num deles: Warhol fabricou o espao era
o responsvel
por determinar o que era arte, Andy Warhol afirma que no mais
esse espao
fsico (museu, galeria) que define algo, mas sim, o espao da
comunicao: a rede.
O percurso desse artista, segundo a autora, ajuda a vislumbrar
uma definio de
arte contempornea: um sistema de signos circulando dentro de
redes
(CAUQUELIN, 2005:120).
O terceiro embreante, Leo Castelli, foi um galerista que, assim
como Andy Warhol,
usou a rede para viabilizar seu negcio internacionalmente.
Castelli se utilizou de
certos aspectos da rede de comunicao, dentre eles o domnio da
informao,
para se tornar um profissional bem sucedido. Ao invs de
estabelecer concorrncia,
firmou acordos com outras instituies globo afora, documentou
todos esses
procedimentos, criando uma imensa rede de relacionamento e de
informao. A sua
frmula foi garantir o sucesso global dos artistas representados
por sua galeria, pois,
dessa forma, estaria garantindo tambm o seu prprio sucesso, num
processo
cclico de investidas bem sucedidas dentro de uma concordncia
entre as principais
instituies artsticas do mundo.
Aps a anlise das principais aes e pensamentos desses embreantes,
Cauquelin
procura identificar o eco que deixaram na arte atual. A autora
constata que por
fragmentos que as proposies dos embreantes so utilizadas hoje na
arte. Valores
da arte moderna esto presentes na arte contempornea; a mistura
do tradicional
novidade e o olhar para o passado caracterizam esse momento.
Para exemplificar
essa relao entre valores da arte moderna na arte contempornea, a
autora cita
vrios estados da arte atual, separando-os em trs grupos. O
primeiro composto
pelos movimentos da arte conceitual, do minimalismo e da land
art, e tem influncias
de Marcel Duchamp. O segundo - figurao livre, action painting e
body art - reage
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s proposies duchampianas. O terceiro, composto basicamente pela
arte
tecnolgica, ocupa-se da arte relacionada s tecnologias da
comunicao e,
posteriormente, computacionais.
Arte como experincia
Dewey, John
(1859-1952), foi um notrio defensor da chamada Educao
progressista: dar s
crianas condies para que elas encontrem por si mesmas a soluo de
problemas,
em vez de conduzi-las segundo um mtodo rgido e predeterminado.
Um dos
caminhos nessa direo, segundo Dewey, estreitar ao mximo possvel
a relao
entre teoria e prtica. Outro garantir aos alunos iniciativa e
autonomia -
diferentemente da Educao tradicional, que valoriza justo o
oposto: passividade e
heteronomia.
Sobre o autor
John Dewey, (Estados Unidos, 18591952). Psiclogo, filsofo,
educador, cientista
poltico e social, doutorou-se em filosofa pela Johns Hopkins
University em 1884.
Lecionou nas universidades de Michigan, Minnesota, Chicago e
Columbia, onde
encerrou sua carreira docente. Ele prprio descreveria sua vida
como a busca de
uma ideia razoavelmente clara e distinta dos problemas
subjacentes s dificuldades
e aos males que experimentamos [...] na vida prtica. Essa ideia
tambm a
preocupao central do conceito filosfico de pragmatismo, que
Dewey viria a
desenvolver em diversas obras.
Sinopse
Arte como experincia, publicado pela primeira vez em 1934, o
resultado de uma
srie de palestras semanais ministradas por John Dewey na Harvard
University e,
desde ento, considerado o trabalho mais renomado de um filsofo
norte-
americano a respeito da estrutura formal das artes e de seu
impacto sobre o
espectador, leitor ou ouvinte. Segundo Dewey, a experincia, essa
negociao
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consciente entre o eu e o mundo, uma caracterstica irredutvel da
vida, e no h
experincia mais intensa do que a arte.
Publicado nos Estados Unidos em 1934, Arte Como Experincia o
resultado de
uma srie de palestras ministradas pelo pensador na Universidade
Harvard. Com
argumentos prprios ao pragmatismo, a escola filosfica que ele
ajudou a fundar,
Dewey enfatiza a importncia de valorizar situaes de aprendizagem
abertas
investigao permanente do aluno, baseadas em hipteses que o levam
a prticas
cuja problematizao consciente norteiam sua continuidade. Na viso
do autor, isso
abre novas possibilidades de experincia, em que realizar,
refletir e consumar so
atos perenes e coerentes. As atividades se concretizam em
finalizaes que podem
ser percebidas esteticamente pelo sujeito participante - afinal,
a ao intelectual est
associada prtica criativa.
Essa ideia remete-nos validao da aprendizagem por meio do que
Dewey chama
de experincia singular - aquela vivida de forma esttica, em
oposio a
experincias genricas da ordem da disperso e da distrao.
Trata-se, portanto, de
uma concepo avessa ao laissez-faire (deixar fazer) praticado por
muitas
instituies at a dcada de 1980. Para John Dewey, arte espontnea s
existe de
fato quando precedida por longos perodos de atividade - caso
contrrio, vazia
enquanto ato de expresso. O automatismo, nesse caso, est fora do
plano da
criao nas experincias de aprendizagem porque impede que se saiba
a que se
refere a atividade, arrefecendo o interesse e o discernimento do
sujeito participante
sobre o caminho da continuidade nas aes criativas. Por essa e
outras questes
discutidas no livro, pode-se dizer que Arte Como Experincia uma
leitura
fundamental para qualquer professor.
ROSA IAVELBERG, autora desta resenha, professora da Faculdade de
Educao
da Universidade de So Paulo (USP) e selecionadora do Prmio
Victor Civita -
Educador Nota 10.
Arte Como Experincia, 648 pgs., Ed. Martins Fontes, tel. (11)
2167-9900